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Agostinho Neto

António Agostinho Neto (Catete, Ícolo e Bengo, 17 de setembro de 1922 — Moscovo, 10 de


setembro de 1979) foi um médico, formado nas Universidades de Coimbra e de Lisboa. Foi
Presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola e em 1975 tornou-se no
primeiro Presidente de Angola até 1979. Em 1975-1976foi-lhe atribuído o Prémio Lenine da Paz.
Fez parte da geração de estudantes africanos que viria a desempenhar um papel decisivo na
independência dos seus países naquela que ficou designada como aGuerra Colonial Portuguesa. Foi
preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), a polícia política do
regime Salazarista então vigente em Portugal, e deportado para o Tarrafal, uma prisão política
em Cabo Verde, sendo-lhe depois fixada residência em Portugal, de onde fugiu para o exílio. Aí
assumiu a direcção doMovimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), do qual já era presidente
honorário desde 1962. Em paralelo, desenvolveu uma actividade literária, escrevendo nomeadamente
poemas.
No dia 17 de Setembro, Angola celebra o Dia do Herói Nacional, comemorando o dia que Agostinho
Neto nasceu.

Biografia
Nasceu a 17 de setembro de 1922, em Catete, Ícolo e Bengo.[3] Licenciou-se em Medicina em
Lisboa.[3]
Agostinho Neto dirigiu a partir de Argel e de Brazzaville as actividades políticas e de guerrilha do
MPLA durante a Guerra de Independência de Angola, entre 1961 e 1974, e durante o processo de
descolonização, 1974/75, que opôs o MPLA aos dois outros movimentos nacionalistas, a Frente
Nacional de Libertação de Angola e aUnião Nacional para a Independência Total de Angola tendo o
MPLA saído deste último processo como vencedor, declarou a independência do país em 11 de
novembro de 1975,[3] assumindo as funções de Presidente da República, mantendo as de Presidente
do MPLA, e estabelecendo um regime mono-partidário, inspirado no modelo então praticado nos
países do Leste europeu.
Durante este período, houve graves conflitos internos no MPLA que puseram em causa a liderança
de Agostinho Neto. Entre estes, o mais grave consistiu no surgimento, no início dos anos 1970, de
duas tendências opostas à direcção do movimento, a "Revolta Activa" constituída no essencial por
elementos intelectuais, e a "Revolta do Leste", formada pelas forças de guerrilha localizadas no Leste
de Angola; estas divisões foram superadas num intrincado processo de discussão e negociação que
terminou com a reafirmação da autoridade de Agostinho Neto. Já depois da independência, em 1977,
houve um levantamento, visando a sua liderança e a linha ideológica por ele defendida; este
movimento, oficialmente designado como Fraccionismo, foi reprimido de forma sangrenta, por suas
ordens.
Agostinho Neto, que era casado com a portuguesa Eugênia Neto, morreu num hospital em Moscovo
no decorrer de complicações ocorridas durante uma operação a um Cancro do fígado de que sofria,
poucos dias antes de fazer 57 anos de idade. Foi substituído na presidência de Angola e do MPLA
por José Eduardo dos Santos.
Ao falecer em Moscovo, a 10 de Setembro de 1979, Agostinho Neto deixou atrás de si um país em
chamas. Não era só Angola que vivia uma guerra civil. O MPLA também. Na cadeia de São Paulo,
em Luanda, e em campos de concentração espalhados por diversos pontos do território angolano,
antigos militantes e dirigentes do MPLA, que se haviam oposto à liderança de Agostinho Neto - dos
simpatizantes de Nito Alves aos intelectuais da Revolta Activa -, partilhavam celas e desditas com os
jovens da Organização Comunista de Angola (OCA) com mercenários portugueses, ingleses e
americanos, militares congoleses e sul-africanos, e gente da UNITA e da FNLA.[4]

Obra literária
Poesia [5]

 1957 - Quatro Poemas de Agostinho Neto, Póvoa do Varzim, e.a.


 1961 - Poemas, Lisboa, Casa dos Estudantes do Império
 1974 - Sagrada Esperança, Lisboa, Sá da Costa (inclui poemas dos dois primeiros
livros)
 1982 - A Renúncia Impossível, Luanda, INALD
Política

 1974 - Quem é o inimigo… qual é o nosso objectivo?


 1976 - Destruir o velho para construir o novo
 1980 - Ainda o meu sonho
 Caminho do mato [6]

António Jacinto

António Jacinto do Amaral Martins (Luanda, 28 de setembro de 1924 — Lisboa, 23 de Junho de 1991)
foi um poeta nacionalista angolano.

Biografia
António Jacinto nasceu a 28 de setembro de 1924, em Luanda, e morreu em 23 de junho de 1991, em
Lisboa. Usou também o pseudónimo de Orlando Távora, para assinar alguns contos. Fez o curso do
liceu em Luanda e trabalhou como empregado de escritório. Foi fundador, com Viriato da Cruz, do
muitíssimo efémero Partido Comunista Angolano (logo dissolvido no movimento nacionalista que
ajudaram a formar). Esteve preso, por actividades políticas anti-coloniais, de 1962 a 1972, a maior
parte do tempo no Campo de Concentração de Tarrafal, em Cabo Verde. Não contando com os anos
de prisão fora do seu país, viveu praticamente toda a sua vida em Luanda. Ainda antes da
independência de Angola, dirigiu o Centro de Instrução Revolucionária do MPLA. Depois, foi
Ministro da Cultura (1975-78) e membro do Comité Central do MPLA.[1]

Bibliografia
 António Jacinto, Poemas - 1961
 António Jacinto, Outra vez Vovô Bartolomeu - 1979.
Poemas (1982 edições aumentadas)

 em kiluanji do Golungo (1984)

 António Jacinto, Survivre dans Tarrafal de Santiago (em português, "Sobrevivendo em


Tarrafal de Santiago") (1985, 2ª edição 1999)

 Prometeu (1987)

 Fabula de sanji (1988).

Poemas célebres

 Poema da alienação
 Carta dum contratado
 Monangamba
 Canto interior de uma noite fantástica
 Era uma vez
 Bailarina negra
 Ah! Se pudésseis aqui ver poesia que não há!
 Vadiagem

Manuel Pedro Pacavira

Manuel Pedro Pacavira 1939-2016

Ingressado nas fileiras do MPLA no momento da sua fundação, em 1956, coordenou vários grupos
de patriotas dos mais diversos estratos sociais e integrou a primeira Comissão Directiva do
Movimento Popular de Libertação de Angola, então coordenada pelo Presidente Agostinho Neto, o
fundador da nação.
O Bureau Político do MPLA lamentou, em comunicado, a morte do destemido combatente pela
Independência de Angola e considera-o um nacionalista e africanista convicto que, por causa disso,
muito cedo conheceu as cadeias coloniais, tendo nelas permanecido de 1960 a 1974, depois da queda
do então regime colonial e fascista, em Portugal.
Fruto da confiança que lhe foi depositada, após a proclamação da Independência Nacional, em 11 de
Novembro de 1975, Manuel Pedro Pacavira desempenhou cargos de grande responsabilidade no
MPLA e no Governo, funções que desempenhou com muito brio e dedicação.
“Pelo infausto acontecimento, o Bureau Político do Comité Central do MPLA inclina-se perante a
memória deste ilustre combatente da Pátria angolana e, em nome dos militantes, simpatizantes e
amigos do partido, endereça à família enlutada e à Assembleia Nacional, as suas mais sentidas
condolências”, lê-se na mensagem.
O vice-presidente do MPLA também lamentou a morte de Manuel Pedro Pacavira, que considera um
exemplar e destacado militante do MPLA que, com brio e dedicação, exerceu as funções que lhe
foram acometidas, nas várias etapas da sua vida. Licenciado em Ciências Sociais, em Havana, pela
Escola Superior do Partido Comunista de Cuba, Manuel Pedro Pacavira exerceu vários cargos na
direcção central do MPLA e foi ministro dos Transportes e da Agricultura, além de embaixador
residente em Cuba e na Itália. Foi também embaixador não residente na Nicarágua, México e Guiana,
além de representante de Angola junto das Nações Unidas e junto de agências das Nações Unidas,
como a FAO, PAM e FIDA. Os amigos descrevem-no como um autodidacta, que adquiriu uma vasta
e sólida cultura nas cadeias portuguesas da PIDE-DGS, no campo do Missombo, sob orientação de
Jaime Madaleno da Costa Carneiro, e no Tarrafal, sob orientação de António Jacinto do Amaral
Martins, com o acompanhamento de Luandino Vieira.
Em declarações à Rádio Nacional de Angola, o secretário do Bureau Político do MPLA para as
Relações Internacionais, Julião Mateus Paulo “Dino Matross”, disse que a morte de Manuel Pedro
Pacavira apanhou de surpresa toda a direcção do seu partido. Dino Matross considera Manuel Pedro
Pacavira um dos ícones da revolução angolana que, por ser muito activo na luta anti-colonial, também
esteve preso no processo 50.

Escritor de referência

Nascido no Golungo Alto, Manuel Pedro Pacavira é autor de várias obras, como “Gentes do Mato”,
“Boneca”, “Nzinga Mbandi”, “Ndalatando em Chamas”, “4 de Fevereiro pelos Próprios” e “JES –
Uma Vida em prol da Pátria”, dedicado ao Presidente José Eduardo dos Santos. “Angola e o
Movimento Revolucionário dos Capitães de Abril em Portugal -Memórias (1974 – 1976)”, foi o seu
mais recente livro, considerado um contributo inestimável à compreensão do processo de
descolonização e os acontecimentos políticos na antiga colónia portuguesa, entre 25 de Abril de 1974
e Março de 1976, data em que se retiraram de Angola os invasores sul-africanos.
“’As Memórias’ de Manuel Pedro Pacavira sobre este período da história de Angola, escritas num
ritmo empolgante e sublinhado pela oralidade, que é matriz da moderna literatura angolana, revelam
factos, situações e protagonistas que ajudam a compreender o que estava em jogo num período em
que a ‘Guerra-Fria’ estava no auge em África”, escreve a editora.
O livro é considerado uma peça preciosa para melhor compreender o período conturbado entre a
queda do fascismo em Portugal e a proclamação da Independência de Angola, à meia-noite de 11 de
Novembro de 1975. Revela igualmente factos até agora desconhecidos e que vão ajudar a clarificar
algumas etapas do processo de descolonização e, sobretudo, a evolução do MPLA desde o momento
em que foi dilacerado pelas chamadas “revoltas” internas até à conquista do poder político.
Manuel Pedro Pacavira recebeu, por ocasião das comemorações do 30° aniversário da independência
nacional, celebrada a 11 de Novembro de 2005, um atestado e uma medalha de ouro como combatente
da liberdade de 1° grau. Foi co-fundador da UEA – União dos Escritores Angolanos e, depois, vice-
presidente da Assembleia Geral no período 1980-1985.
Manuel Rui Alves Monteiro (Huambo, 4 de novembro de 1941 - ), mais conhecido por Manuel Rui,
é um escritor angolano, autor de poesia, contos, romances e obras para o teatro.
Muitos dos seus trabalhos contêm ironia, comédia e humor sobre o que ocorreu após a independência
de Angola.

Biografia
Manuel Rui frequentou a Universidade de Coimbra, em Portugal e licenciou-se em Direito no ano
de 1969. Praticou direito em Coimbra e Viseu durante a guerra pela independência em Angola [1].
Em Coimbra, foi membro da redacção da revista Vértice, da direcção da Centelha Editora, onde
publicou A Onda, em 1973 [2], e colaborador do Centro de Estudos Literários da Associação
Académica [1].
Após a revolução de 25 de Abril de 1974, regressou a Angola, tornando-se Ministro da Informação
do MPLA no governo de transição estabelecido pelo Acordo do Alvor [3]. Foi também o primeiro
representante de Angola na Organização da Unidade Africana e nas Nações Unidas. Foi ainda
Director do Departamento de Orientação Revolucionária e do Departamento dos Assuntos
Estrangeiros do MPLA.
Manuel Rui foi membro fundador da União dos Artistas e Compositores Angolanos, da União dos
Escritores Angolanos e da Sociedade de Autores Angolanos.
É autor da letra do Hino Nacional de Angola, de outros hinos como o «Hino da Alfabetização» e o
«Hino da Agricultura», e da versão angolana da Internacional [1].
No plano académico, Manuel Rui foi director da Faculdade de Letras do Lubango e do Instituto
Superior de Ciências da Educação.

Obras
Poesia

 Manuel Rui (1967). Poesia Sem Notícias (Porto [s.n.]).


 Manuel Rui (1973). A Onda (Coimbra: Centelha).
 Manuel Rui (1976). 11 Poemas em Novembro: Ano Um. Primeiro livro
de poesia publicado em Angola após a independência (Luanda: UEA).
 Manuel Rui (1977). 11 Poemas em Novembro: Ano Dois (Luanda: UEA).
 Manuel Rui (1978). 11 Poemas em Novembro: Ano Três (Luanda: UEA).
 Manuel Rui (1978). Agricultura (Luanda: Instituto Angolano do Livro).
 Manuel Rui (1979). 11 Poemas em Novembro: Ano Quatro (Luanda: UEA).
 Manuel Rui (1980). 11 Poemas em Novembro: Ano Cinco (Luanda: UEA).
 Manuel Rui (1981). 11 Poemas em Novembro: Ano Seis (Luanda: UEA).
 Manuel Rui (1984). 11 Poemas em Novembro: Ano Sete (Luanda: UEA).
 Manuel Rui (1981). Assalto. Literatura infantil - Desenhos de Henrique Arede (Luanda:
Instituto Nacional do Livro e do Disco).
 Manuel Rui (2006). Ombela. Edição bilingue português-umbundu [7][8] (Luanda:
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 Manuel Rui (2009 [9][10]). O Semba da Nova Ortografia (Luanda: UEA). delete character
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Prosa

 Manuel Rui (1973). Regresso Adiado Lisboa. Inclui os contos: Mulato de Sangue Azul,
O Aquário, Com ou Sem Pensão, Em Tempo de Guerra não se Limpam Armas e O Churrasco [S.l.:
s.n.] [
 Manuel Rui (1977). Sim Camarada!. Primeiro livro de ficção angolana publicado após
a independência (Luanda: UEA).
Integra os contos O Conselho, O Relógio, O Último Bordel, Duas Rainhas e Cinco Dias depois da
Independência

 Manuel Rui (1977). A Caixa. Primeiro livro angolano de literatura infantil (Luanda:
Conselho Nacional de Cultura).
 Manuel Rui (1979). Cinco Dias depois da Independência. Publicado originalmente no
livro Sim Camarada!, foi editado separadamente, em formato de bolso, na colecção 2K da União dos
Escritores Angolanos (Luanda: UEA).
 Manuel Rui (1980). Memória de Mar (Luanda: UEA).
 Manuel Rui (1982 [14][15]). Quem me dera ser Onda (Lisboa: Edições Cotovia). delete
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 Manuel Rui (1989 [16]). Crónica de um Mujimbo (Luanda: UEA). delete character
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 Manuel Rui (1993). Um Morto & Os Vivos. Adaptado para a série O Comba da
Televisão Pública de Angola (Lisboa: Edições Cotovia).
 Manuel Rui (1997 [17]). Rio Seco (Lisboa: Edições Cotovia). delete character character
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 Manuel Rui (1998). Da Palma da Mão (Lisboa: Cotovia).
 Manuel Rui (2001). Saxofone e Metáfora: Estórias (Lisboa: Cotovia). ISBN 972-795-
012-4.
 Manuel Rui (2002 [18]). Um Anel na Areia (Luanda: Nzila). delete character character
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 Manuel Rui (2002 [19]). Nos Brilhos (Luanda: Instituto Nacional das Indústrias
Culturais). delete character character in |ano= at position 6 (Ajuda)
 Manuel Rui (2002 [20]). Maninha: Crónicas (Cartas Optimistas e
Sentimentais) (Luanda: Nzila). delete character character in |ano= at position 6 (Ajuda)
 Manuel Rui (2003). Conchas e Búzios. Literatura infantil - Ilustrado
por Malangatana (Luanda: Nzila).
 Manuel Rui (2005). O Manequim e o Piano (Luanda: UEA).
 Manuel Rui (2006). Estórias de Conversa. Reúne os contos: O Menino da Cachoeira,
Curto Relato de um Feiticeiro, Desculpe, Tia!, O Telefone Celular e Isidoro e o Cabrito (Luanda:
Nzila).
 Manuel Rui (2007 [21][22]). A Casa do Rio (Luanda: Nzila). delete character character
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 Manuel Rui (2009 [10]). Janela de Sónia (Luanda: UEA). delete character character
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Teatro

 Manuel Rui (1973). O Espantalho. Obra inspirada na tradição oral e representado por
trabalhadores da construção civil da cidade do Lubango [S.l.: s.n.]
 Manuel Rui (1985). Meninos de Huambo [S.l.: s.n.]

Uma citação

“ O que é preciso é que as contradições se agudizem e a aliança operário-camponesa tome


de assalto este Palácio o mais depressa possível para o salto qualitativo.

Chiça! Com salto e tudo? O camarada almoçou dicionário e se não é doutor herdou
biblioteca. Vamos com calma!
E o outro escapava-se no meio da multidão. ”

— «O Conselho» in Sim Camarada!.

Óscar Bento Ribas

Óscar Bento Ribas (Luanda, 17 de agosto de 1909 — 19 de junho de 2004) foi


um escritor e etnólogo angolano.[1][2]

Biografia
Óscar Bento Ribas nasceu a 17 de Agosto de 1909 em Luanda e morreu a 19 de Junho de 2004, filho
de pai português, Arnaldo Gonçalves Ribas, e de mãe angolana, Maria da Conceição Bento Faria,
viveu também em Novo Redondo, atual Sumbe, Benguela, Ndalantando e Bié.
Cedo nasceu-lhe o bicho da escrita criativa, ainda adolescente, - conforme ele conta ao investigador
francês Michel Laban: “Desde muito novo senti em mim o prurido de escrever, mas desde muito novo
mesmo, talvez pelos meus catorze anos e depois, comecei a escrever os meus primeiros trabalhos
literários considero-os como voos são uns ensaios, uns voos literários um livrinho o primeiro “Nuvens
que passam”, uma coisinha pequena, tinha talvez dezoito anos”.
Após ter concluído os estudos primários em Luanda, frequenta então o Seminário e conclui o quinto
ano no Liceu Salvador Correia de Luanda. Posteriormente a uma estadia em Portugal, onde
frequentou um curso comercial, foi funcionário público na Direção dos Serviços de Fazenda e
Contabilidade de Luanda.
“Quando fui para o Liceu Salvador Correia tinha já concluído o segundo ano das cadeiras de francês
e inglês, que eram do seminário, aí as lições eram diárias e eram duas horas por dia, fiquei com
grandes conhecimentos, eu com o segundo ano do Seminário de francês, sabia tanto como um aluno
do sétimo ano de Liceu”.
Em 1923, uma vez concluído o 5º ano, parte para terra natal do seu progenitor, guarda Portugal, em
companhia dos pais onde estuda aritmética comercial, de regresso a Angola ingressa para o
funcionalismo público, trabalhando na Fazenda, onde acaba por largar o emprego, em virtude do pai
ter sido colocado em Novo Redondo, actual Sumbe, província do Kwanza Sul. Em 1926, seu pai é
novamente transferido para Benguela. Óscar Ribas acompanha a família para as terras das “acácias
rubras”, integrando-se e participando no meio social benguelense, vivendo e aprendendo a realidade
(cultural) vivida e sentida por suas gentes e culturas.
Pelo agravamento de uma doença congénita, retinite pigmentaria, apenas trabalhou cinco anos, aos
13 anos foi a Portugal, em companhia do pai e lá consultou-se com um médico oftalmologista, aos
22 anos voltou a Portugal para consultar outro especialista e em consequência disso, acabou por
perder a visão aos 36 anos, passando o seu irmão a registar para o papel aquilo que ele ditava.
Do reviver da experiência benguelense, onde o convívio com os diversos extractos sociais,
particularmente gente menos favorecida nasce “Ecos da minha terra/dramas angolanos”, em 1952.
Da vivência no planalto de Benguela conta em entrevista a Michel Laban: “...Lavadeiras, cozinheiras,
criados... E lá estava eu a dançar com eles. Isto tudo fez-me bem porque contactei directamente, não
me afastei. Enfim gostava”. De resto, vivência com gente humilde, depositários fiéis dos “usos e
costumes” do seu povo que animavam o seu projecto estético- literário, o que só viria a ser vantajosa
para a sua actividade de escritor, de recolha etnográfica e de recriação do imaginário angolano,
particularmente da região Kimbundu, sua zona de origem. Além do título acima referenciado consta
da bibliografia do autor: “Nuvens que passam (novela), 1927, “Resgate duma falta”(novela), 1929,
“Flores e espinhos. Lirismo, ensaios e contos” (1948,esgotado), “Uanga” (romance,1951),
“Missosso- Literatura Tradicional Angolana”, 3 tomos, primeira edição 1961, “Sunguilando. Contos
tradicionais”, 1ª edição, 1967, “Alimentação regional angolana, 1ªed. 1974,Izomba, “Tudo isso
aconteceu. Romance autobiográfico” (1975), “Cultuando as musas(poesia), 1995, e “Dicionário de
regionalismos angolanos”, 1997.
O falecido professor Manuel Ferreuira, um dos mais destacados divulgadores das literaturas africanas
de língua portuguesa, na sua obra “Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa” (Ática, 1987)
teceu os seguintes comentários:
“A sua longa carreira de escritor veio a bipartir-se na investigação etnográfica ou etnológica, que é
das mais fecundas de Angola, e na ficção. Acontece, porém, que toda a sua obra romanesca é
repassada pela intervenção de etnógrafo, facto que, do ponto de vista das exigências da estrutura
literária, não favorece muitos dos seus textos ficcionais dada a marcada e persistente intenção de
explicar, antropologicamente, determinados tipos de comportamento social, de carácter profano ou
mítico. Seja como for, a sua obra literária, como Uanga, não deve ser ignorada. E bem destacada
deverá ser ainda a sua obra de etnólogo, exemplo, e bem rico, para o conhecimento do angolano que
sofreu a assimilação ou a aculturação”.
Ainda a propósito da sua obra de escritor e etnógrafo, o professor Pires Laranjeira escreve: “Óscar
Riba é um narrador que se apropriou das tradições orais em Kimbundu, e também da sociedade
crioulizante, sobretudo da região de Luanda, e as transformou em histórias (contos, romance) com
sabor etnográfico, permanecendo como um documentalista dos dramas angolanos da gente negra, ao
modo dos primeiros livros de Castro Soromenho”. Pires Larangeira sublinha ainda que “Cordeiro da
Mata”, Óscar Ribas, Geraldo Bessa Victor e Castro Soromenho dedicaram-se a estudar e recolher
elementos do saber africano das regiões que melhor conheceram. O Óscar Ribas permaneceu como
um documentador de tradições minguantes, optando por um estilo popular, bastante oralizado, como
que tocado pela imperfeição, na linha de António de Assis Júnior e, depois da independência, de
Uanhenga Xitu, que se opõe, de certo modo, ao conceito de literatura de tradição escrita ocidental. O
narrador é sempre um documentador que conhece bem o que relata, mas que se sente algo distanciado
das tradições residuais ou dos atavismos que observa e transmite.”

Obras
[3]
Considerado fundador da ficção literária , Óscar Ribas iniciou a sua atividade literária ainda
estudante do Liceu.

 Nuvens que ficam verdes, (1927),(novela)


 Resgate de uma falta de educação, (1929), (novela)
 Flores e espinhos Uanga, (1950)
 Ecos da minha terra natal, (1952)
Em toda a produção literária posterior, Óscar Ribas demonstra na verdade uma propensão pouco
comum entre os escritores da sua geração e mesmo em gerações posteriores. Revela-se
profundamente preocupado com os temas da literatura oral, filologia, religião tradicional e filosofia
dos povos de língua kimbundu.[1] Destas preocupações resultam a sua bibliografia dos anos 60:

 Uanga - Feitiço (Romance Folclórico)


 Ilundo - Espíritos e Ritos Angolanos (1958,1975)
 Missosso 3 volumes (1961,1962,1964)
 Alimentação regional angolana (1965)
 Izomba - Associativismo e recreio (1965)
 Sunguilando - Contos tradicionais angolanos (1967, 1989)
 Kilandukilu - Contos e instantâneos (1973)
 Tudo isto aconteceu - Romance autobiográfico (1975)
 Cultuando as musas - poesia (1992)
 Dicionário de Regionalismos angolanos

Prémios e títulos

 Prémio Margaret Wrong (1955)[4]


 Prémio de Etnografia do Instituto de Angola (1958)
 Prémio Monsenhor Alves da Cunha (1962)
Títulos

 Membro titular da Sociedade brasileira de Folk-lore (1954)


 Oficial da Ordem do Infante do governo português (1962)
 Medalha Gonçalves Dias pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (1968)
 Diploma de Mérito da Secretaria de Estado da Cultura (1989)
Pepetela

Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, conhecido pelo pseudónimo de Pepetela (Benguela, 29 de
Outubro de 1941), é um escritor angolano.
A sua obra reflete sobre a história contemporânea de Angola, e os problemas que a sociedade
angolana enfrenta. Durante a longa guerra, Pepetela, angolano de ascendência portuguesa, lutou
juntamente com o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) para a libertação da sua
terra natal. O seu romance, Mayombe, retrata as vidas e os pensamentos de um grupo de guerrilheiros
durante aquela guerra. Yaka segue a vida de uma família colonial na cidade de Benguela ao longo de
um século, e A Geração da Utopia mostra a desilusão existente em Angola depois da independência.
A história angolana antes do colonialismo também faz parte das obras de Pepetela, e pode ser lida
em A Gloriosa Família e Lueji. A sua obra nos anos 2000 critica a situação angolana, textos que
contam com um estilo satírico incluem a série de romances policiais denominada Jaime Bunda. As
suas obras recentes também incluem Predadores, uma crítica áspera das classes dominantes de
Angola, O Quase Fim do Mundo, uma alegoria pós-apocalíptica, e O Planalto e a Estepe, que
examina as ligações entre Angola e outros países ex-comunistas. Licenciado em Sociologia, Pepetela
é docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade Agostinho Neto em Luanda.

Vida
Pepetela é descendente de uma família de portugueses nascidos em Angola[1]. Pepetela concluiu o
ensino primário em sua cidade natal e depois partiu para o Lubango, uma cidade províncial de Angola,
onde foi possível prosseguir os estudos. Foi no Liceu Diogo Cão que Pepetela completou o ensino
secundário. O escritor cresceu num ambiente da classe média, mas frequentou uma escola primária
com crianças de várias raças e classes. Ele diz que a cidade de Benguela lhe deu mais oportunidades
para conhecer angolanos de todas as raças porque era a cidade angolana mais multiracial daquela
época. Durante a sua adolescência, um tio seu que era jornalista, introduziu-lhe a uma variedade de
pensadores da esquerda. Durante os seus anos no liceu em Lubango, Pepetela também foi
influenciado por um padre esquerdista chamado Noronha, que o informou sobre a revolução e outros
eventos contemporâneos.[2]
Lisboa, em 1958, foi o destino académico que se seguiu, no Instituto Superior Técnico que o autor
frequentou até 1960 quando ingressa no curso de engenharia. Uma vez mais a mudança, desta vez
para frequentar o curso de Letras apenas durante um ano, pois, ainda em 1961, Pepetela faz a opção
política que viria a mudar o rumo da sua vida e a marcar toda a sua obra, tornando-o um narrador de
uma história de Angola que conhece, porque a viveu. Pepetela tornou-se militante do MPLA em 1963.

Experiência na guerra e primeiras obras


Quando Pepetela se tornou militante, fugiu de Portugal para Paris, e posteriormente, se estabeleceu
em Argel. Foi ali que ele conheceu Henrique Abranches, com quem trabalhou no Centro de Estudos
Angolanos. Este Centro virou o ponto focal do trabalho do jovem Pepetela ao longo da próxima
década. Pepetela, Abranches, e outros trabalharam na documentação da cultura e sociedade
angolanas, e na propaganda das mensagens do MPLA ao exterior. Durante a sua época em Argel,
Pepetela escreveu o seu primeiro romance, Muana Puó, uma obra que examinou a situação angolana
através da metáfora das máscaras dosCôkwes, uma etnia de Angola. Pepetela não pretendia publicar
o romance, mas acabou por fazê-lo em 1978, durante o seu serviço no governo angolano.[3] Em 1969,
o Centro de Estudos Angolanos mudou de Argel para Brazzaville, na República do Congo. Depois
desta mudança Pepetela começou a participar na luta armada contra os portugueses.[4] A experiência
na luta serviu como a inspiração para uma das suas obras mais reconhecidas, uma narrativa da guerra
intitulada, Mayombe.
O primeiro romance do Pepetela foi publicado em 1972, com o título As Aventuras de Ngunga. Foi
uma obra literária que ele escreveu para um público pequeno de universitários.[5] Na obra, Pepetela
analisa o crescimento revolucionário de Ngunga, um jovem guerrilheiro do MPLA, usando um tom
épico e didático. O romance introduz o leitor aos costumes, à geografia e à psicologia de Angola.
Pepetela cria um diálogo entre a tradição angolana e ideologia revolucionária, debatendo quais
tradições devem ser alimentadas, e quais devem ser alteradas. As Aventuras… é um romance que
exemplifica a carreira iniciante de Pepetela, manifestando um amor profundo por Angola, um desejo
de examinar a história e a cultura do país, um espírito revolucionário, e um tom didático. O romance
também é interessante porque foi escrito e publicado enquanto o autor lutou contra os portugueses na
Frente Leste. Embora Pepetela escrevesse Muana Puó e Mayombe durante o seu serviço de
guerrilheiro, só depois da independência foram publicados.
Com a independência de Angola em 1975, Pepetela se tornou Vice Ministro da Educação no governo
do presidente Agostinho Neto. O autor exerceu o mandato por sete anos e se aposentou em 1982 para
se dedicar a sua escrita.[6] Durante esta época, Pepetela teve o apoio do presidente Neto para publicar
dois de seus romances, incluindo Mayombe.[7] A sua escrita se diversificou com a publicação de duas
peças de teatro que tratavam da história angolana e das políticas revolucionárias. Nos anos 70,
Pepetela foi membro da diretoria da União dos Escritores Angolanos.
As peças de Pepetela refletem os temas presentes nAs Aventuras de Ngunga. A primeira, A Corda foi
a primeira peça de longa duração publicada em Angola pós-independência. É uma peça que a crítica
Ana Mafalda Leite descreve como didática, ideológica, e de pouco interesse literário. [8] A peça tem
um ato, e apresenta dois grupos de pessoas jogando tug of war com Angola como o prêmio. Um grupo
representa os americanos e os seus clientes angolanos, e o outro representa os guerrilheiros do MPLA.
A outra peça, A Revolta na Casa dos Ídolos, explora o passado de Angola, criando um paralelo entre
o reino dos Kongosnos 1500, e a luta pela independência de Angola.
Obras publicadas nos anos 80 e a saída do governo
Como já mencionado, Pepetela publicou vários romances durante o seu serviço no governo de
Agostinho Neto. Destes romances, Mayombe é o mais conhecido. O romance retrata a vida
guerrilheira do autor nos anos 70, e funciona em dois níveis; um em que se exploram os pensamentos
e as dúvidas dos personagens, e um outro que se ilustram as ações dos guerrilheiros. Ana Mafalda
Leite considera o romance uma obra simultâneamente crítica e heroica, ambos tentando destacar a
diversidade étnica supostamente celebrada pelo MPLA e ilustrar as divisões tribais presentes na
sociedade angolana que eventualmente levariam à guerra civil. Leite também escreve que o romance
exibe um conflito que define a fundação da pátria.[9]
Depois da sua saída do governo ao fim de 1982, Pepetela dedicou-se exclusivamente à escrita,
começando a sua obra mais ambiciosa, Yaka. Yaka, publicada em 1984, é um romance histórico que
examina as vidas de uma família de colonistas portuguesas que vieram a Benguela no século XIX.
Um desejo para pesquisar as suas origens pode ser visto na escolha da temática do Pepetela, que é
descendente de portugueses de Benguela. Como Muana Puó, Yaka incorpora objetos espirituais
tradicionais de Angola na sua narrativa. Onde o primeiro romance enfoca nas
máscaras, Yaka emprega a metáfora de uma escultura de madeira utilizada pelos yakas, organizações
sociais dedicadas à prosecução da guerra. Ana Mafalda Leite escreve que a Yaka simboliza a
consciência de valores tradicionais e o espírito da nacionalidade. Em 1986, o livro ganhou o prêmio
nacional de literatura.[10]
Ele continuou escrevendo ao longo da década, publicando em 1985 O Cão e os Caluandas, um
romance que analisa os habitantes de Luanda e as mudanças que eles viveram desde a independência.
O romance é notável pelo seu uso de os vagamentos por Luanda de um pastor-alemão para estrutrar
a sua narrativa, e o seu emprego de várias vozes narrativas.[11] Em 1989, publicou Lueji, uma obra
que contem paralelos comA Revolta na Casa dos Ídolos, ambas as obras comparando a história
angolana e a situação contemporânea. O romance justapõe a princesa Lueji, uma figura importante
na história angolana, com uma bailarina que dança o papel de Lueji num balé contemporâneo. As
vidas das duas mulheres eventualmente se encaixam.[12] No romance, Pepetela recria a história de
Angola no século XVIII, um projeto que ele fazia de novo com o século XVII no seu romance de
1997, A Gloriosa Família.

Novas direções literárias e o Prêmio Camões


Nos anos 90, a escrita de Pepetela continuava a exibir interesse na história de Angola, mas também
começou a examinar a situação política do país com um maior sentido de ironia e criticismo. O seu
primeiro romance da década, A Geração da Utopia de 1992, confronta muitos problemas já
explorados em Mayombe, mas da perspectiva da realidade de Angola pós-independência. A guerra
civil angolana e corrupçãointensa no governo levou a um questionamento dos valores revolucionários
promulgados no romance mais velho. Ana Mafalda Leite descreve o romance como uma obra que é
muito distante dos valores heroicos deMayombe.[13] O enredo do livro, que se passa em três décadas,
é dividido em quatro partes, cada uma analisando um aspecto importante do séc XX em Angola,
incluindo a opressão colonial, a guerra de libertação, a guerra civil, e a pausa curta na guerra que
ocorreu no início dos anos 90. O interesse em história continua evidente no livro, mas o criticismo do
estabelecimento angolano foi algo novo que surgiria no futuro.
O seu próximo romance da década, O Desejo de Kianda, publicado em 1995, seguiu manifestando a
desilusão exibido nA Geração de Utopia. O romance utiliza o realismo-mágico, um estilo que
Pepetela ainda não utilizava muito, apresentando uma situação onde vários prédios em Luanda caem
na praça Kinaxixi, com todos os habitantes sobrevivendo. A heroina, uma personagem chamada
Carmina Cara de Cu, sai da sua carreira no governo e se torna um traficante de armas.[14] Num ensaio
comparando a caída dos prédios no romance aos atentados de 11 de setembro, 2001, Philip Rothwell
escreve que o livro continua "o retrato profundo e condenador de uma utopia traída."[15] No ano
seguinte o autor publicou um romance de um gênero diferente, A Gloriosa Família. Esta obra examina
a história da família Van Dúnem, uma família prominente de descendência holandesa. Pepetela
passou anos pesquisando a história dos flamengos em Angola para escrever o romance. Esta obra não
manifesta o tom cínico e desiludido dos seus outros livros na década. É um romance histórico com
um tom épico que também emprega realismo mágico. Embora o romance não caiba dentro da maioria
da obra do autor, a fascinação com história angolana se cristaliza melhor neste livro.
A situação política piorou em Angola ao longo dos 1990s, Pepetela passou mais e mais tempo em
Lisboa e no Brasil. Porém, ele virou muito mais reconhecido no mundo lusófono. Em 1997, foi
galardoado com oPrémio Camões pelo conjunto da sua obra. Pepetela foi o primeiro autor angolano
e segundo autor africano que ganhou este prêmio prestigioso. Foi o autor mais jovem a receber este
prémio. Quando abandonou a vida política, Pepetela optou pela carreira de docente na Faculdade de
Arquitectura, em Luanda, dando aulas de sociologia. Nunca abandona o ensino, embora se mantenha
como escritor a tempo inteiro.

Sátira e horizontes estrangeiros no milénio novo


Pepetela continua como um escritor prolífico na décadas dos 2000. A sua obra tem apropriada uma
voz satírica na série de romances denominada Jaime Bunda, livros policiais que satirizam a vida em
Luanda na década nova. Stephen Henighan escreve que o personagem de Jaime Bunda, um detetivo
vacilante com raízes em duas das famílias angolanas mais prominentes, representa as mudanças que
aconteceram na população dos crioulos em Luanda. Em vez de representar a vanguarda
revolucionária que criará uma nova identidade angolana, agora os crioulos de Luanda representam
uma oligarquia kleptocrata na série[16]Jaime Bunda, cujo nome provém das suas nádegas enormes, é
uma paródia de James Bond. O personagem é obcecado com os filmes James Bond e romances
policiais norte-americanos, um aspecto que Henighan descreve como ilustrativo de elementos do
subdesenvolvimento de Angola.[17] No primeiro dos dois romances, Jaime Bunda, Agente Secreto,
publicado em 2001, o protagonista investiga um assassinato e estupro que eventualmente segue a um
falsificador sul-africano chamado Karl Botha, uma referência a ex-primeiro-ministro sul-
africano P.W. Botha, quem autorizou a intervenção sul-africana em Angola em 1975. O segundo
romance, Jaime Bunda e a Morte do Americano, publicado em 2003, tem lugar em Benguela em vez
de Luanda, e se trata da influência norte-americana em Angola, em que Jaime Bunda investiga o
assassinato de um norte-americano e tenta seduzir uma agente do FBI. O romance apresenta a crítica
de Pepetela da política exterior dos Estados Unidos, com o comportamento pesado da polícia
angolana refletindo a maneira como os norte americanos trataram os suspeitos de terrorismo durante
o mesmo período.[18] Os romances foram publicados pela companhia Dom Quixote, e eram
extramamente populares em Portugal, também tendo êxito em outros países europeus como
Alemanha, onde Pepetela era desconhecido antes.[19]
Pepetela também publicou outros tipos de livro durante a década. O seu primeiro livro publicado nos
2000 foi A Montanha de Água Lilás, de 2000, um livro para crianças que comenta sobre as raízes de
injustiça social. Em 2005, depois do sucesso dos livros Jaime Bunda, publicou Predadores, a sua
crítica mais mordaz sobre as classes poderosas de Angola. O romance acontece em Angola pós-
independência, e segue a vida de Valdimiro Caposso, um funcionário público que se torna homem de
negócios. Igor Cusack descreve o protagonista como um mafioso assassino que "mora num mar de
tubarões semelhantes."[20] Portanto que começou a sua crítica dos novos ricos em Angola com A
Geração da Utopia, é evidente na série Jaime Bunda e no Predadores que a temática tem virado
dominante na obra do autor.
Os últimos anos da década dos 2000 exibem uma continuação da carreira prolífica do autor, com
romances estreando em 2007, 2008, e 2009. O romance de 2007, O Terrorista de Berkeley,
Califórnia, tem lugar nos Estados Unidos, e tem pouca ligação com Angola. O livro se trata das
atitudes atuais sobre terrorismo e também de aspectos da tecnologia presente na sociedade moderna.
Como vários outros romances dele, Pepetela disse numa entrevista recente que ele nunca pretendeu
publicar o romance.[21] O seu próximo romance, O Quase Fim do Mundo, também foi escrito como
um exercício pessoal. É uma obra que atinge o gênero de science fiction, retratando os desafios que
os sobreviventes de um desastre confrontam. Os personagens sobrevivem num pequeno pedaço da
África que Pepetela enfatize que é perto do suposto berço da humanidade. Eles precisam de criar um
novo tipo de mundo. O livro segue a tendência iniciada nO Terrorista...porque não tem lugar em
Angola, nem lida explícitamente com a realidade angolana. O seu último romance da década, O
Planalto e a Estepe, embora lide com Angola, continua refletir a internacionalização da temática do
autor na última década. O livro conta o namoro entre um angolano branco e uma mongolque se
conheceram enquanto estudavam em Moscou. O romance volta à temática presente nas obras antigas
de Pepetela, em particular, o descobrimento de Angola através da sua natureza. Este descobrimento
é mostrado na narração da infância do Júlio, um dos protagonistas, na província de Huíla.

Obras
Livros de Romances
1972 - As Aventuras de Ngunga
1978 - Muana Puó
1980 - Mayombe
1985 - O Cão e os Caluandas
1985 - Yaka
1990 - Lueji
1992 - Geração da Utopia
1995 - O Desejo de Kianda
1997 - Parábola do Cágado Velho
1997 - A Gloriosa Família
2000 - A Montanha da Água Lilás
2001 - Jaime Bunda, Agente Secreto
2003 - Jaime Bunda e a Morte do Americano
2005 - Predadores
2007 - O Terrorista de Berkeley, Califórnia
2008 - O Quase Fim do Mundo
2008 - Contos de Morte
2009 - O Planalto e a Estepe
2011 - A Sul. O Sombreiro
2011 - Crónicas com Fundo de Guerra
2013 - O Tímido e as Mulheres
2015 - Crónicas maldispostas
2016 - Se o Passado Não Tivesse Asas
Uanhenga Xitu
Uanhenga Xitu é o nome Kinbundu de Agostinho André Mendes de Carvalho (Ícolo e Bengo, Angola,
29 de agosto de 1924 - Luanda, Angola, 13 de fevereiro de 2014) foi um escritor angolano. Nos
últimos anos, tem sido objeto de estudos científicos e homenagens, e recebeu homenagens em
território angolano e outros países.

Biografia
Além da enfermagem, sua profissão formal, exerceu clandestinamente atividades políticas visando a
independência de Angola, vindo a ser preso pela PIDE em 1959 no seguimento da detenção no
aeroporto de Luanda. Tendo sido desterrado para o Campo de Concentração de Tarrafal em Cabo
Verde onde ficou de 1960 a 1972.
Foi julgado pelo Tribunal Militar e condenado a doze anos de prisão maior, medidas de segurança de
seis meses a três anos prorrogáveis e perda de direitos políticos por quinze anos. Na prisão começou
a escrever suas histórias. Em liberdade, manteve a sua actividade politica e depois de alcançada a
independência de Angola, exerceu as funções de Ministro da Saúde, Comissário provincial de Luanda
e Embaixador da República Popular de Angola na Polónia, foi deputado à Assembleia Nacional pelo
MPLA, posteriormente vindo a ser "reformado" por motivos de idade não mais compatível ao
exercício da função. Aos 89 anos Uaenhenga Xitu morre por motivo de doença.

Os Livros
Eminente contador de ‘estórias’ populares, a narrativa de Uanhenga Xitu, está despida do rigor
literário, pois a preocupação primária do autor é estabelecer uma ligação semiótica com o seu povo,
que o estimula a escrever. A sua vivência na senzala transformou-o num homem solidário e
interessado com as necessidades humanas. Numa entrevista, Uanhenga Xitu afirmou que "o que me
preocupa é a situação social do povo". Em 2006 recebe a distinção do Prêmio de Cultura e Artes na
categoria de literatura pela qualidade do conjunto da sua obra literária, causando-lhe uma enorme
surpresa. Sendo assim, o homenageado e culto escritor angolano entrou na lista dos melhores autores
da história literária Angolana.
Obras de Uanhenga Xitu

 Mestre Mestre Tamoda Tamoda (1974)


 Mestre Tamoda e Outros Contos (1977)
 Manana (1974)
 Maka na Sanzala (1979)
 Vozes na Sanzala (Kahitu) (1976)
 Os Sobreviventes da Máquina Colonial Depõem (1980)
 Os Discursos de "Mestre" Tamoda (1984)
 Bola com Feitiço (1974)
 O Ministro (1989)
 Cultos Especiais (1997)
 Meu Discurso (1974)
Categorias:

 Nascidos em 1924
 Mortos em 2014
 Escritores de Angola
Peças[editar | editar código-fonte]
1978 - A Corda
1980 - A Revolta da Casa dos Ídolos
Crónicas[editar | editar código-fonte]
2011 - Crónicas com Fundo de Guerra
2015 - Crónicas Maldispostas

Prémios[editar | editar código-fonte]

 Prémio Camões em 1997.[22]

Outros galardões
Grau de doutor honoris causa pela Universidade do Algarve, conferido em 28 de Abril de 2010.

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