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Biografia
Nasceu a 17 de setembro de 1922, em Catete, Ícolo e Bengo.[3] Licenciou-se em Medicina em
Lisboa.[3]
Agostinho Neto dirigiu a partir de Argel e de Brazzaville as actividades políticas e de guerrilha do
MPLA durante a Guerra de Independência de Angola, entre 1961 e 1974, e durante o processo de
descolonização, 1974/75, que opôs o MPLA aos dois outros movimentos nacionalistas, a Frente
Nacional de Libertação de Angola e aUnião Nacional para a Independência Total de Angola tendo o
MPLA saído deste último processo como vencedor, declarou a independência do país em 11 de
novembro de 1975,[3] assumindo as funções de Presidente da República, mantendo as de Presidente
do MPLA, e estabelecendo um regime mono-partidário, inspirado no modelo então praticado nos
países do Leste europeu.
Durante este período, houve graves conflitos internos no MPLA que puseram em causa a liderança
de Agostinho Neto. Entre estes, o mais grave consistiu no surgimento, no início dos anos 1970, de
duas tendências opostas à direcção do movimento, a "Revolta Activa" constituída no essencial por
elementos intelectuais, e a "Revolta do Leste", formada pelas forças de guerrilha localizadas no Leste
de Angola; estas divisões foram superadas num intrincado processo de discussão e negociação que
terminou com a reafirmação da autoridade de Agostinho Neto. Já depois da independência, em 1977,
houve um levantamento, visando a sua liderança e a linha ideológica por ele defendida; este
movimento, oficialmente designado como Fraccionismo, foi reprimido de forma sangrenta, por suas
ordens.
Agostinho Neto, que era casado com a portuguesa Eugênia Neto, morreu num hospital em Moscovo
no decorrer de complicações ocorridas durante uma operação a um Cancro do fígado de que sofria,
poucos dias antes de fazer 57 anos de idade. Foi substituído na presidência de Angola e do MPLA
por José Eduardo dos Santos.
Ao falecer em Moscovo, a 10 de Setembro de 1979, Agostinho Neto deixou atrás de si um país em
chamas. Não era só Angola que vivia uma guerra civil. O MPLA também. Na cadeia de São Paulo,
em Luanda, e em campos de concentração espalhados por diversos pontos do território angolano,
antigos militantes e dirigentes do MPLA, que se haviam oposto à liderança de Agostinho Neto - dos
simpatizantes de Nito Alves aos intelectuais da Revolta Activa -, partilhavam celas e desditas com os
jovens da Organização Comunista de Angola (OCA) com mercenários portugueses, ingleses e
americanos, militares congoleses e sul-africanos, e gente da UNITA e da FNLA.[4]
Obra literária
Poesia [5]
António Jacinto
António Jacinto do Amaral Martins (Luanda, 28 de setembro de 1924 — Lisboa, 23 de Junho de 1991)
foi um poeta nacionalista angolano.
Biografia
António Jacinto nasceu a 28 de setembro de 1924, em Luanda, e morreu em 23 de junho de 1991, em
Lisboa. Usou também o pseudónimo de Orlando Távora, para assinar alguns contos. Fez o curso do
liceu em Luanda e trabalhou como empregado de escritório. Foi fundador, com Viriato da Cruz, do
muitíssimo efémero Partido Comunista Angolano (logo dissolvido no movimento nacionalista que
ajudaram a formar). Esteve preso, por actividades políticas anti-coloniais, de 1962 a 1972, a maior
parte do tempo no Campo de Concentração de Tarrafal, em Cabo Verde. Não contando com os anos
de prisão fora do seu país, viveu praticamente toda a sua vida em Luanda. Ainda antes da
independência de Angola, dirigiu o Centro de Instrução Revolucionária do MPLA. Depois, foi
Ministro da Cultura (1975-78) e membro do Comité Central do MPLA.[1]
Bibliografia
António Jacinto, Poemas - 1961
António Jacinto, Outra vez Vovô Bartolomeu - 1979.
Poemas (1982 edições aumentadas)
Prometeu (1987)
Poemas célebres
Poema da alienação
Carta dum contratado
Monangamba
Canto interior de uma noite fantástica
Era uma vez
Bailarina negra
Ah! Se pudésseis aqui ver poesia que não há!
Vadiagem
Ingressado nas fileiras do MPLA no momento da sua fundação, em 1956, coordenou vários grupos
de patriotas dos mais diversos estratos sociais e integrou a primeira Comissão Directiva do
Movimento Popular de Libertação de Angola, então coordenada pelo Presidente Agostinho Neto, o
fundador da nação.
O Bureau Político do MPLA lamentou, em comunicado, a morte do destemido combatente pela
Independência de Angola e considera-o um nacionalista e africanista convicto que, por causa disso,
muito cedo conheceu as cadeias coloniais, tendo nelas permanecido de 1960 a 1974, depois da queda
do então regime colonial e fascista, em Portugal.
Fruto da confiança que lhe foi depositada, após a proclamação da Independência Nacional, em 11 de
Novembro de 1975, Manuel Pedro Pacavira desempenhou cargos de grande responsabilidade no
MPLA e no Governo, funções que desempenhou com muito brio e dedicação.
“Pelo infausto acontecimento, o Bureau Político do Comité Central do MPLA inclina-se perante a
memória deste ilustre combatente da Pátria angolana e, em nome dos militantes, simpatizantes e
amigos do partido, endereça à família enlutada e à Assembleia Nacional, as suas mais sentidas
condolências”, lê-se na mensagem.
O vice-presidente do MPLA também lamentou a morte de Manuel Pedro Pacavira, que considera um
exemplar e destacado militante do MPLA que, com brio e dedicação, exerceu as funções que lhe
foram acometidas, nas várias etapas da sua vida. Licenciado em Ciências Sociais, em Havana, pela
Escola Superior do Partido Comunista de Cuba, Manuel Pedro Pacavira exerceu vários cargos na
direcção central do MPLA e foi ministro dos Transportes e da Agricultura, além de embaixador
residente em Cuba e na Itália. Foi também embaixador não residente na Nicarágua, México e Guiana,
além de representante de Angola junto das Nações Unidas e junto de agências das Nações Unidas,
como a FAO, PAM e FIDA. Os amigos descrevem-no como um autodidacta, que adquiriu uma vasta
e sólida cultura nas cadeias portuguesas da PIDE-DGS, no campo do Missombo, sob orientação de
Jaime Madaleno da Costa Carneiro, e no Tarrafal, sob orientação de António Jacinto do Amaral
Martins, com o acompanhamento de Luandino Vieira.
Em declarações à Rádio Nacional de Angola, o secretário do Bureau Político do MPLA para as
Relações Internacionais, Julião Mateus Paulo “Dino Matross”, disse que a morte de Manuel Pedro
Pacavira apanhou de surpresa toda a direcção do seu partido. Dino Matross considera Manuel Pedro
Pacavira um dos ícones da revolução angolana que, por ser muito activo na luta anti-colonial, também
esteve preso no processo 50.
Escritor de referência
Nascido no Golungo Alto, Manuel Pedro Pacavira é autor de várias obras, como “Gentes do Mato”,
“Boneca”, “Nzinga Mbandi”, “Ndalatando em Chamas”, “4 de Fevereiro pelos Próprios” e “JES –
Uma Vida em prol da Pátria”, dedicado ao Presidente José Eduardo dos Santos. “Angola e o
Movimento Revolucionário dos Capitães de Abril em Portugal -Memórias (1974 – 1976)”, foi o seu
mais recente livro, considerado um contributo inestimável à compreensão do processo de
descolonização e os acontecimentos políticos na antiga colónia portuguesa, entre 25 de Abril de 1974
e Março de 1976, data em que se retiraram de Angola os invasores sul-africanos.
“’As Memórias’ de Manuel Pedro Pacavira sobre este período da história de Angola, escritas num
ritmo empolgante e sublinhado pela oralidade, que é matriz da moderna literatura angolana, revelam
factos, situações e protagonistas que ajudam a compreender o que estava em jogo num período em
que a ‘Guerra-Fria’ estava no auge em África”, escreve a editora.
O livro é considerado uma peça preciosa para melhor compreender o período conturbado entre a
queda do fascismo em Portugal e a proclamação da Independência de Angola, à meia-noite de 11 de
Novembro de 1975. Revela igualmente factos até agora desconhecidos e que vão ajudar a clarificar
algumas etapas do processo de descolonização e, sobretudo, a evolução do MPLA desde o momento
em que foi dilacerado pelas chamadas “revoltas” internas até à conquista do poder político.
Manuel Pedro Pacavira recebeu, por ocasião das comemorações do 30° aniversário da independência
nacional, celebrada a 11 de Novembro de 2005, um atestado e uma medalha de ouro como combatente
da liberdade de 1° grau. Foi co-fundador da UEA – União dos Escritores Angolanos e, depois, vice-
presidente da Assembleia Geral no período 1980-1985.
Manuel Rui Alves Monteiro (Huambo, 4 de novembro de 1941 - ), mais conhecido por Manuel Rui,
é um escritor angolano, autor de poesia, contos, romances e obras para o teatro.
Muitos dos seus trabalhos contêm ironia, comédia e humor sobre o que ocorreu após a independência
de Angola.
Biografia
Manuel Rui frequentou a Universidade de Coimbra, em Portugal e licenciou-se em Direito no ano
de 1969. Praticou direito em Coimbra e Viseu durante a guerra pela independência em Angola [1].
Em Coimbra, foi membro da redacção da revista Vértice, da direcção da Centelha Editora, onde
publicou A Onda, em 1973 [2], e colaborador do Centro de Estudos Literários da Associação
Académica [1].
Após a revolução de 25 de Abril de 1974, regressou a Angola, tornando-se Ministro da Informação
do MPLA no governo de transição estabelecido pelo Acordo do Alvor [3]. Foi também o primeiro
representante de Angola na Organização da Unidade Africana e nas Nações Unidas. Foi ainda
Director do Departamento de Orientação Revolucionária e do Departamento dos Assuntos
Estrangeiros do MPLA.
Manuel Rui foi membro fundador da União dos Artistas e Compositores Angolanos, da União dos
Escritores Angolanos e da Sociedade de Autores Angolanos.
É autor da letra do Hino Nacional de Angola, de outros hinos como o «Hino da Alfabetização» e o
«Hino da Agricultura», e da versão angolana da Internacional [1].
No plano académico, Manuel Rui foi director da Faculdade de Letras do Lubango e do Instituto
Superior de Ciências da Educação.
Obras
Poesia
Manuel Rui (1973). Regresso Adiado Lisboa. Inclui os contos: Mulato de Sangue Azul,
O Aquário, Com ou Sem Pensão, Em Tempo de Guerra não se Limpam Armas e O Churrasco [S.l.:
s.n.] [
Manuel Rui (1977). Sim Camarada!. Primeiro livro de ficção angolana publicado após
a independência (Luanda: UEA).
Integra os contos O Conselho, O Relógio, O Último Bordel, Duas Rainhas e Cinco Dias depois da
Independência
Manuel Rui (1977). A Caixa. Primeiro livro angolano de literatura infantil (Luanda:
Conselho Nacional de Cultura).
Manuel Rui (1979). Cinco Dias depois da Independência. Publicado originalmente no
livro Sim Camarada!, foi editado separadamente, em formato de bolso, na colecção 2K da União dos
Escritores Angolanos (Luanda: UEA).
Manuel Rui (1980). Memória de Mar (Luanda: UEA).
Manuel Rui (1982 [14][15]). Quem me dera ser Onda (Lisboa: Edições Cotovia). delete
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Manuel Rui (1989 [16]). Crónica de um Mujimbo (Luanda: UEA). delete character
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Manuel Rui (1993). Um Morto & Os Vivos. Adaptado para a série O Comba da
Televisão Pública de Angola (Lisboa: Edições Cotovia).
Manuel Rui (1997 [17]). Rio Seco (Lisboa: Edições Cotovia). delete character character
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Manuel Rui (1998). Da Palma da Mão (Lisboa: Cotovia).
Manuel Rui (2001). Saxofone e Metáfora: Estórias (Lisboa: Cotovia). ISBN 972-795-
012-4.
Manuel Rui (2002 [18]). Um Anel na Areia (Luanda: Nzila). delete character character
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Manuel Rui (2002 [19]). Nos Brilhos (Luanda: Instituto Nacional das Indústrias
Culturais). delete character character in |ano= at position 6 (Ajuda)
Manuel Rui (2002 [20]). Maninha: Crónicas (Cartas Optimistas e
Sentimentais) (Luanda: Nzila). delete character character in |ano= at position 6 (Ajuda)
Manuel Rui (2003). Conchas e Búzios. Literatura infantil - Ilustrado
por Malangatana (Luanda: Nzila).
Manuel Rui (2005). O Manequim e o Piano (Luanda: UEA).
Manuel Rui (2006). Estórias de Conversa. Reúne os contos: O Menino da Cachoeira,
Curto Relato de um Feiticeiro, Desculpe, Tia!, O Telefone Celular e Isidoro e o Cabrito (Luanda:
Nzila).
Manuel Rui (2007 [21][22]). A Casa do Rio (Luanda: Nzila). delete character character
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Manuel Rui (2009 [10]). Janela de Sónia (Luanda: UEA). delete character character
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Teatro
Manuel Rui (1973). O Espantalho. Obra inspirada na tradição oral e representado por
trabalhadores da construção civil da cidade do Lubango [S.l.: s.n.]
Manuel Rui (1985). Meninos de Huambo [S.l.: s.n.]
Uma citação
Chiça! Com salto e tudo? O camarada almoçou dicionário e se não é doutor herdou
biblioteca. Vamos com calma!
E o outro escapava-se no meio da multidão. ”
Biografia
Óscar Bento Ribas nasceu a 17 de Agosto de 1909 em Luanda e morreu a 19 de Junho de 2004, filho
de pai português, Arnaldo Gonçalves Ribas, e de mãe angolana, Maria da Conceição Bento Faria,
viveu também em Novo Redondo, atual Sumbe, Benguela, Ndalantando e Bié.
Cedo nasceu-lhe o bicho da escrita criativa, ainda adolescente, - conforme ele conta ao investigador
francês Michel Laban: “Desde muito novo senti em mim o prurido de escrever, mas desde muito novo
mesmo, talvez pelos meus catorze anos e depois, comecei a escrever os meus primeiros trabalhos
literários considero-os como voos são uns ensaios, uns voos literários um livrinho o primeiro “Nuvens
que passam”, uma coisinha pequena, tinha talvez dezoito anos”.
Após ter concluído os estudos primários em Luanda, frequenta então o Seminário e conclui o quinto
ano no Liceu Salvador Correia de Luanda. Posteriormente a uma estadia em Portugal, onde
frequentou um curso comercial, foi funcionário público na Direção dos Serviços de Fazenda e
Contabilidade de Luanda.
“Quando fui para o Liceu Salvador Correia tinha já concluído o segundo ano das cadeiras de francês
e inglês, que eram do seminário, aí as lições eram diárias e eram duas horas por dia, fiquei com
grandes conhecimentos, eu com o segundo ano do Seminário de francês, sabia tanto como um aluno
do sétimo ano de Liceu”.
Em 1923, uma vez concluído o 5º ano, parte para terra natal do seu progenitor, guarda Portugal, em
companhia dos pais onde estuda aritmética comercial, de regresso a Angola ingressa para o
funcionalismo público, trabalhando na Fazenda, onde acaba por largar o emprego, em virtude do pai
ter sido colocado em Novo Redondo, actual Sumbe, província do Kwanza Sul. Em 1926, seu pai é
novamente transferido para Benguela. Óscar Ribas acompanha a família para as terras das “acácias
rubras”, integrando-se e participando no meio social benguelense, vivendo e aprendendo a realidade
(cultural) vivida e sentida por suas gentes e culturas.
Pelo agravamento de uma doença congénita, retinite pigmentaria, apenas trabalhou cinco anos, aos
13 anos foi a Portugal, em companhia do pai e lá consultou-se com um médico oftalmologista, aos
22 anos voltou a Portugal para consultar outro especialista e em consequência disso, acabou por
perder a visão aos 36 anos, passando o seu irmão a registar para o papel aquilo que ele ditava.
Do reviver da experiência benguelense, onde o convívio com os diversos extractos sociais,
particularmente gente menos favorecida nasce “Ecos da minha terra/dramas angolanos”, em 1952.
Da vivência no planalto de Benguela conta em entrevista a Michel Laban: “...Lavadeiras, cozinheiras,
criados... E lá estava eu a dançar com eles. Isto tudo fez-me bem porque contactei directamente, não
me afastei. Enfim gostava”. De resto, vivência com gente humilde, depositários fiéis dos “usos e
costumes” do seu povo que animavam o seu projecto estético- literário, o que só viria a ser vantajosa
para a sua actividade de escritor, de recolha etnográfica e de recriação do imaginário angolano,
particularmente da região Kimbundu, sua zona de origem. Além do título acima referenciado consta
da bibliografia do autor: “Nuvens que passam (novela), 1927, “Resgate duma falta”(novela), 1929,
“Flores e espinhos. Lirismo, ensaios e contos” (1948,esgotado), “Uanga” (romance,1951),
“Missosso- Literatura Tradicional Angolana”, 3 tomos, primeira edição 1961, “Sunguilando. Contos
tradicionais”, 1ª edição, 1967, “Alimentação regional angolana, 1ªed. 1974,Izomba, “Tudo isso
aconteceu. Romance autobiográfico” (1975), “Cultuando as musas(poesia), 1995, e “Dicionário de
regionalismos angolanos”, 1997.
O falecido professor Manuel Ferreuira, um dos mais destacados divulgadores das literaturas africanas
de língua portuguesa, na sua obra “Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa” (Ática, 1987)
teceu os seguintes comentários:
“A sua longa carreira de escritor veio a bipartir-se na investigação etnográfica ou etnológica, que é
das mais fecundas de Angola, e na ficção. Acontece, porém, que toda a sua obra romanesca é
repassada pela intervenção de etnógrafo, facto que, do ponto de vista das exigências da estrutura
literária, não favorece muitos dos seus textos ficcionais dada a marcada e persistente intenção de
explicar, antropologicamente, determinados tipos de comportamento social, de carácter profano ou
mítico. Seja como for, a sua obra literária, como Uanga, não deve ser ignorada. E bem destacada
deverá ser ainda a sua obra de etnólogo, exemplo, e bem rico, para o conhecimento do angolano que
sofreu a assimilação ou a aculturação”.
Ainda a propósito da sua obra de escritor e etnógrafo, o professor Pires Laranjeira escreve: “Óscar
Riba é um narrador que se apropriou das tradições orais em Kimbundu, e também da sociedade
crioulizante, sobretudo da região de Luanda, e as transformou em histórias (contos, romance) com
sabor etnográfico, permanecendo como um documentalista dos dramas angolanos da gente negra, ao
modo dos primeiros livros de Castro Soromenho”. Pires Larangeira sublinha ainda que “Cordeiro da
Mata”, Óscar Ribas, Geraldo Bessa Victor e Castro Soromenho dedicaram-se a estudar e recolher
elementos do saber africano das regiões que melhor conheceram. O Óscar Ribas permaneceu como
um documentador de tradições minguantes, optando por um estilo popular, bastante oralizado, como
que tocado pela imperfeição, na linha de António de Assis Júnior e, depois da independência, de
Uanhenga Xitu, que se opõe, de certo modo, ao conceito de literatura de tradição escrita ocidental. O
narrador é sempre um documentador que conhece bem o que relata, mas que se sente algo distanciado
das tradições residuais ou dos atavismos que observa e transmite.”
Obras
[3]
Considerado fundador da ficção literária , Óscar Ribas iniciou a sua atividade literária ainda
estudante do Liceu.
Prémios e títulos
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, conhecido pelo pseudónimo de Pepetela (Benguela, 29 de
Outubro de 1941), é um escritor angolano.
A sua obra reflete sobre a história contemporânea de Angola, e os problemas que a sociedade
angolana enfrenta. Durante a longa guerra, Pepetela, angolano de ascendência portuguesa, lutou
juntamente com o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) para a libertação da sua
terra natal. O seu romance, Mayombe, retrata as vidas e os pensamentos de um grupo de guerrilheiros
durante aquela guerra. Yaka segue a vida de uma família colonial na cidade de Benguela ao longo de
um século, e A Geração da Utopia mostra a desilusão existente em Angola depois da independência.
A história angolana antes do colonialismo também faz parte das obras de Pepetela, e pode ser lida
em A Gloriosa Família e Lueji. A sua obra nos anos 2000 critica a situação angolana, textos que
contam com um estilo satírico incluem a série de romances policiais denominada Jaime Bunda. As
suas obras recentes também incluem Predadores, uma crítica áspera das classes dominantes de
Angola, O Quase Fim do Mundo, uma alegoria pós-apocalíptica, e O Planalto e a Estepe, que
examina as ligações entre Angola e outros países ex-comunistas. Licenciado em Sociologia, Pepetela
é docente da Faculdade de Arquitectura da Universidade Agostinho Neto em Luanda.
Vida
Pepetela é descendente de uma família de portugueses nascidos em Angola[1]. Pepetela concluiu o
ensino primário em sua cidade natal e depois partiu para o Lubango, uma cidade províncial de Angola,
onde foi possível prosseguir os estudos. Foi no Liceu Diogo Cão que Pepetela completou o ensino
secundário. O escritor cresceu num ambiente da classe média, mas frequentou uma escola primária
com crianças de várias raças e classes. Ele diz que a cidade de Benguela lhe deu mais oportunidades
para conhecer angolanos de todas as raças porque era a cidade angolana mais multiracial daquela
época. Durante a sua adolescência, um tio seu que era jornalista, introduziu-lhe a uma variedade de
pensadores da esquerda. Durante os seus anos no liceu em Lubango, Pepetela também foi
influenciado por um padre esquerdista chamado Noronha, que o informou sobre a revolução e outros
eventos contemporâneos.[2]
Lisboa, em 1958, foi o destino académico que se seguiu, no Instituto Superior Técnico que o autor
frequentou até 1960 quando ingressa no curso de engenharia. Uma vez mais a mudança, desta vez
para frequentar o curso de Letras apenas durante um ano, pois, ainda em 1961, Pepetela faz a opção
política que viria a mudar o rumo da sua vida e a marcar toda a sua obra, tornando-o um narrador de
uma história de Angola que conhece, porque a viveu. Pepetela tornou-se militante do MPLA em 1963.
Obras
Livros de Romances
1972 - As Aventuras de Ngunga
1978 - Muana Puó
1980 - Mayombe
1985 - O Cão e os Caluandas
1985 - Yaka
1990 - Lueji
1992 - Geração da Utopia
1995 - O Desejo de Kianda
1997 - Parábola do Cágado Velho
1997 - A Gloriosa Família
2000 - A Montanha da Água Lilás
2001 - Jaime Bunda, Agente Secreto
2003 - Jaime Bunda e a Morte do Americano
2005 - Predadores
2007 - O Terrorista de Berkeley, Califórnia
2008 - O Quase Fim do Mundo
2008 - Contos de Morte
2009 - O Planalto e a Estepe
2011 - A Sul. O Sombreiro
2011 - Crónicas com Fundo de Guerra
2013 - O Tímido e as Mulheres
2015 - Crónicas maldispostas
2016 - Se o Passado Não Tivesse Asas
Uanhenga Xitu
Uanhenga Xitu é o nome Kinbundu de Agostinho André Mendes de Carvalho (Ícolo e Bengo, Angola,
29 de agosto de 1924 - Luanda, Angola, 13 de fevereiro de 2014) foi um escritor angolano. Nos
últimos anos, tem sido objeto de estudos científicos e homenagens, e recebeu homenagens em
território angolano e outros países.
Biografia
Além da enfermagem, sua profissão formal, exerceu clandestinamente atividades políticas visando a
independência de Angola, vindo a ser preso pela PIDE em 1959 no seguimento da detenção no
aeroporto de Luanda. Tendo sido desterrado para o Campo de Concentração de Tarrafal em Cabo
Verde onde ficou de 1960 a 1972.
Foi julgado pelo Tribunal Militar e condenado a doze anos de prisão maior, medidas de segurança de
seis meses a três anos prorrogáveis e perda de direitos políticos por quinze anos. Na prisão começou
a escrever suas histórias. Em liberdade, manteve a sua actividade politica e depois de alcançada a
independência de Angola, exerceu as funções de Ministro da Saúde, Comissário provincial de Luanda
e Embaixador da República Popular de Angola na Polónia, foi deputado à Assembleia Nacional pelo
MPLA, posteriormente vindo a ser "reformado" por motivos de idade não mais compatível ao
exercício da função. Aos 89 anos Uaenhenga Xitu morre por motivo de doença.
Os Livros
Eminente contador de ‘estórias’ populares, a narrativa de Uanhenga Xitu, está despida do rigor
literário, pois a preocupação primária do autor é estabelecer uma ligação semiótica com o seu povo,
que o estimula a escrever. A sua vivência na senzala transformou-o num homem solidário e
interessado com as necessidades humanas. Numa entrevista, Uanhenga Xitu afirmou que "o que me
preocupa é a situação social do povo". Em 2006 recebe a distinção do Prêmio de Cultura e Artes na
categoria de literatura pela qualidade do conjunto da sua obra literária, causando-lhe uma enorme
surpresa. Sendo assim, o homenageado e culto escritor angolano entrou na lista dos melhores autores
da história literária Angolana.
Obras de Uanhenga Xitu
Nascidos em 1924
Mortos em 2014
Escritores de Angola
Peças[editar | editar código-fonte]
1978 - A Corda
1980 - A Revolta da Casa dos Ídolos
Crónicas[editar | editar código-fonte]
2011 - Crónicas com Fundo de Guerra
2015 - Crónicas Maldispostas
Outros galardões
Grau de doutor honoris causa pela Universidade do Algarve, conferido em 28 de Abril de 2010.