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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS

HUMANAS E TECNOLOGIAS – DCHT – CAMPUS XXIII SEABRA


COLEGIADO DE JORNALISMO
METODOLOGIA DA CIÊNCIA E DO TRABALHO CIENTÍFICO
DOCENTE: PROF.ª RENATA LOURENÇO DOS SANTOS

YASMIM GONZAGA DE ARAUJO

DOZE LENDAS BRASILEIRAS: COMO NASCERAM AS


ESTRELAS

SEABRA-BA
2021
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS
HUMANAS E TECNOLOGIAS – DCHT – CAMPUS XXIII SEABRA
COLEGIADO DE JORNALISMO
METODOLOGIA DA CIÊNCIA E DO TRABALHO CIENTÍFICO
DOCENTE: PROF.ª RENATA LOURENÇO DOS SANTOS

YASMIM GONZAGA DE ARAUJO

DOZE LENDAS BRASILEIRAS: COMO NASCERAM AS


ESTRELAS

Trabalho solicitado pela professora


Renata Lourenço, como parte do requisito
avaliativo do componente curricular –
Metodologia da ciência e do trabalho
científico da turma 2021.2.

SEABRA-BA
2021
RESUMO

Trata-se de uma resenha crítica do livro “Doze lendas brasileiras-como


nasceram as estrelas’’ da renomada escritora Brasileira Clarice Lispector.
A obra é formado por 12 contos, cada um representando um mês do ano, ao
qual a autora traz aspectos identitários do Brasil, através da releitura de contos
do folclore, como: Saci pererê, Curupira e Yara. Ademas, é possível encontrar
uma variedade de animais da flora brasileira personificados nas tramas
desenvolvidas por Clarice. Ao longo da obra a autora descreve narrativas que
são repassadas de geração em geração de maneira recreativa. Com o objetivo
de manter viva as lendas históricas de diversos povos espalhados pelo Brasil, a
obra expõe em suas 60 páginas a importância e magnitude das lendas em
nossa sociedade.

PALAVRAS CHAVES: Doze lendas brasileiras-como nasceram as estrelas;


Clarice Lispector; Brasil; Contos; Folclore; Saci pererê; Yara; Curupira;
sociedade;.

Resenha do livro “Doze lendas brasileiras: como nasceram as estrelas”

Nesta resenha vamos falar sobre o livro “Doze lendas brasileiras: como
nasceram as estrelas” publicado em 1989 encomendado pela fábrica de
brinquedos “Estrela” para compor seu calendário.

Esta obra é de autoria de um dos maiores nomes vinculados a literatura


modernista brasileira do século XX. Conhecida por seus romances inovadores
e pela linguagem poética contida em suas obras, a escritora e jornalista Clarice
Lispector já ganhou alguns prêmios importantes, como o prêmio “Graça
aranha” por seu livro “Perto do coração Selvagem”.
Graças a sua escrita inovadora a autora foi ganhando cada vez mais espaço no
mercado literário, sendo considerada uma das maiores escritoras judias depois
de Fraz Kafka.

Clarice nasceu em 10 de dezembro de 1920, descendente de judeus,


posteriormente em 1922, a autora migrou para o Brasil junto com seus pais
devido á perseguição religiosa durante a guerra civil Russa. Apesar de ter
nascido nas terras da Ucrânia, a escritora afirma que seu país não teve grande
influência em sua formação e quando questionada se afirma pernambucana, já
que foi em Recife que sua família passou a residir.

O nome de batismo de Clarice era Haya Pinkhasovna Lispector, porém,


por iniciativa de seu pai ela e toda a sua família tiveram seus nomes trocados e
hoje ela é popularmente conhecida por Clarice Lispector. Em 1939 Clarice
passa a viver no Rio de janeiro, e aos 19 anos de idade ela ingressa na escola
de Direito da universidade do Brasil, onde começa a dedicar-se com afinco a
sua maior paixão: A literatura.

Sempre muito dedicada aos estudos, ela estava constantemente aberta


para as peculiaridades das diversas culturas ao redor do mundo principalmente
as do Brasil, não é por coincidência que ela estudou diversas línguas, como por
exemplo: português, francês e hebraico. Justamente por sua ampla bagagem
cultural, seu olhar delicado e atencioso quando atrelado a sua ousada escrita
sobre as realidades brasileiras, que ela consegue escrever com maestria, a
obra: “Doze lendas Brasileiras: como nasceram as estrelas”.

A autora conta brevemente na introdução do livro o que a motivou a


escrever a sua obra no ano de 1977: “Que narremos as nossas crianças as
nossas enovelastes lendas nossas neste 1977, ano-chave, por quer se o
número 7 dá poder, dois 7 acrescentam-no tanto mais em sorte boa: a década
dos 7 é toda perpassada pelo sussurro de uma secreta
inspiração.”( LISPECTOR 2015 Pg.07).

É Importante frisar que, o livro “Doze lendas brasileiras: como nasceram


as estrelas”, escrito em 1977, ilustrado pela artista goiana Suryara e publicado
dez anos depois, faz parte de cinco produções feitas pela autora, dedicadas ao
público infantil, sendo elas: O mistério do coelho pensante (1967), A mulher
que matou os peixes (1969), A vida íntima de Laura (1974), quase verdade
(1978) e Doze lendas brasileiras: como nasceram as estrelas (1987). Porém,
nem todas as escritas desse conjunto de produções da autora voltadas para o
público infantil fizeram sucesso, pois, ela não era conhecida por publicar livros
desse gênero.

O livro é composto por 12 contos, cada um representado um mês do


calendário, que retratam lendas do folclore Brasileiro e são narradas ao longo
das 60 páginas na edição da editora Rocco (2015), de maneira leve,
descontraída e original, nas palavras da própria autora essas lendas são
histórias ingênuas, passadas de pai para filho, por isso essas narrativas são
voltadas para o público infantojuvenil.

Logo nas primeiras páginas, a autora expõe suas perspectivas pessoais


sobre a função das lendas em nossa sociedade quando diz que “[...] As lendas
são uma potência, a função das lendas é de nos transmitir algo importante que
se passa na zona penumbrosa e criativa popular […]” (LISPECTOR 2015
Pg.06), essas e outras belas palavras da autora como “[...] Lendas infelizmente
se perdem, menosprezadas por uma civilização que luta pela vida real […]”
LISPECTOR 2015 Pg.06), explicam a importância de se preservar as lendas
como patrimônio cultural do Brasil.

A forma como Clarice descreve os cenários que compõem as histórias


de maneira detalhada e ao mesmo tempo lúdica, faz com que aquele que a ler
crie instantaneamente um laço sentimental com a obra, pois ao longo dos 12
contos ela nos traz uma gama de especificidades, como quando descreve o sol
amarelo, fazendo com que o leitor sinta-se ambientado nas histórias, como se
estivesse vendo o desenrolar das tramas de perto.

E possível notar o cuidado da autora em criar uma identificação com o


leitor quando em seus contos ela descreve com precisão a natureza, forma
física dos animais, personalidade, e até mesmo os pensamentos dos
personagens que se assemelham muito com os comportamentos humanos
vistos em nossas sociedades, como: a ganância, esperteza, persistência e a
curiosidade. Sempre trazendo uma moral ao final de cada fábula, ela prende o
leitor fazendo com que a leitura fique cada vez mais espontânea e fluida.
No primeiro texto do conjunto de lendas, “A força do sonho”, a escritora
provoca o leitor a pensar sobre as narrativas populares e a sua potência do
fazer devanear diante da realidade. Além disso, pontua que as lendas se
perdem devido uma sociedade que preza apenas por aquilo que é denominado
é real, mas, pontua que nada disso tem a capacidade de ofuscar a magnitude
da pureza do povo brasileiro ao contar histórias para ninar crianças e cativar os
adultos.

A primeira narrativa que é representada pelo primeiro mês do ano,


janeiro, com o título de: “Como nasceram as estrelas”, Clarice Lispector
discorre acerca da criação e origem cosmológica das estrelas. Valendo-se de
uma linguagem acessível, a autora consegue se aproximar estrategicamente
do público-alvo. Neste conto é retratado a história dos curumins (crianças
indígenas) que após desobedecerem a suas mães acabam por virarem estrelas
no céu. como meio de criar laços fortes com o leitor Clarice aparece sempre no
início e no fim de cada conto, trazendo uma introdução e uma conclusão.

A segunda narrativa correspondente ao mês de fevereiro, recebe o


conto titulado como: “Alvoroço de festa no céu”, que traz com um humor leve
um sapo que usou da sua perspicácia, para ir a uma festa, festa essa a qual
ele não havia sido convidado, pois, a comemoração organizada pela bicharada
era exclusiva para aqueles que possuíam assas e podiam chegar ao céu.
Inconformado e se sentindo excluído, o sapo rapidamente pensa em um plano,
e ao enganar um urubu entrando dentro de seu violão, ele acaba chegando ao
festejo e consegue ir e retornar da celebração são e salvo. Aqui, a autora reúne
como personagens de sua história, animais comuns da fauna brasileira, e
utiliza da personificação de bichos contendo a presença de diálogos entre os
animais.
Nos demais contos contidos na obra, é possível perceber a existência de
uma tática muito utilizada por outros contadores de história, que é a arte da
reviravolta, com o objetivo de pegar o leitor de surpresa, Clarice usa e abusa
dos sobressaltos emotivos em suas narrações, é possível fazer tal análise no
quarto conto, ligado ao mês de abril, nomeado “As aventuras de Malazarte”,
Onde é retratado a história de um menino que mesmo com poucos recursos,
consegue driblar as dificuldades e encontrar soluções para alcançar os seus
objetivos.

A importância do folclore brasileiro é indiscutível, pois é considerado um


dos mais ricos do mundo por sua diversidade, mescla de etnias e culturas, e
isso é algo que Clarice consegue trazer com excelência em seus textos, pois,
ao apresentar ao público os personagens variados como: Saci Pererê,
Currupira, e a sereia Yara, ela desperta o leitor para as identidades do Brasil,
fazendo com que a obra “Doze contos brasileiros-como nasceram as estrelas”
seja essencial nos acervos bibliográficos do país. É importante salientar, que
esse despertar, ocorre de forma espontânea, pois a narrativa é leve e
aconchegante. E de forma recreativa nos faz refletir em vários pontos de sua
composição, o que torna esses textos ideais para crianças, jovens e adultos
que desejam desenvolver o hábito da leitura, pois nesta obra é quase
impossível parar antes que se chegue a última página.
REFERÊNCIA

https://www.todamateria.com.br/vida-e-obra-de-clarice-lispector/

https://drive.google.com/file/d/1ERE4HHM42-
lRnk1pCOF73XPP1dcpxN6N/view?usp=drive_web&authuser=0

https://www.pensador.com/autor/clarice_lispector/biografia/

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