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A partir dessa análise, é possível destacar que os temas abordados em relação ao livro,
é a imaginação, o incentivo à leitura, investigação, relações sociais, romance, incentivo à
escritura e até mesmo, o cotidiano adolescente. E, que com todo esse enredo incrível e
sensação maravilhosa de se envolver junto com a personagem nesse processo de escrever um
livro com base em uma investigação real, envolvendo aventuras e mistérios.
1.
Esse estudo em forma de dissertação de mestrado feita pelo autor Marcos Aparecido
Pereira publicado no ano de 2018 em conjunto com o Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu - Mestrado Acadêmico em Ensino do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia de Mato Grosso tem como objetivo e tema - O GÊNERO POLICIAL, O
MISTÉRIO NA FORMAÇÃO DE LEITORES E AS PISTAS PARA A ESCRITA CRIATIVA EM
SALA DE AULA – há um total de 240 paginas de estudos investigativos com capítulos
introdutórios sobre a escrita, o poder de criação do autor, a imensa imaginação do leitor e a
magia que pode ser encontrada na obra. Em desenvolvimento no segundo aspecto de sua
investigação trata-se do início da literatura infanto-juvenil no Brasil e o seu caráter
pedagogizante, na terceira investigação é falado sobre a origem do gênero policial no mundo e
também em nosso país, nessa investigação vemos mais detalhadamente a relação dos jovens
com a literatura investigativa e nos atentaremos para esses itens.
O romance inaugural não tinha a mesma cara dos primos publicados no exterior, ele
era leve, irônico e com criticas bem humoradas sobre a realidade brasileira, quando o leitor
estava à espera de horas cheias de tensão e ansiedade para resposta sobre o culpado, na
verdade se deparava com essas respostas nos primeiros capítulos enquanto algo mais obscuro
o esperava: infelizes surpresas cotidianas. O Mistério servia bem ao propósito de criticar
inúmeras parcelas da sociedade, como a policia corrupta, um julgamento fraudulento e a
justiça sempre falha.
Mas essa foi somente a inauguração, por conseguinte vieram inúmeros livros e
inúmeros detetives, todos moldados com o jeito brasileiro de ser, a única semelhança é que
todos conseguiam ser peculiares, diferente da escrita estrangeira a literatura policial no Brasil
se consagrou por protagonistas serem mais comuns e reais do que se esperava, nem tanta
logica ou dedução, as vezes somente a sorte ou a intuição.
Este gênero conseguiu vários leitores ao longo do tempo, inclusive dos jovens, na
literatura infanto-juvenil romances policiais tem grande aceitação, capazes de os “prender”
nessas leituras de mistério. Quando se lança ao publico infanto-juvenil uma narrativa rápida,
cativante, com heróis que os representem e com cenários cotidianos é possível a facilitação da
aceitação desses jovens a leitura pois a verossimilhança com eles mesmo e com as
dificuldades que possivelmente poderiam passar os trazem para mais perto da história.
Dos 12 aos 14 anos o leitor entra em uma etapa em que as leituras são apsicológicas
(ou seja, orientadas pelas sensações), uma fase em que o jovem toma consciência de si
mesmo, dos seus desejos e temores, uma fase também de seu desenvolvimento de
personalidade e de processos agressivos, a leitura entra nesse meio para suprir essas novas
necessidades através de enredos. Já ao chegar ao ensino médio, as narrativas favoritas são as
que trazem personagens mais cotidianos, mas também com um toque de medo e curiosidade.
Dessa maneira a literatura investigativa se faz uma excelente iniciação a leitura, nessa
fase em que os jovens despertam o amor pelo saber também pode se vincular a inquietação da
leitura pelo desejo do desenrolar dos fatos. Podemos dizer que começar a ler os livros juvenis
ou best-sellers é uma ótima maneira de se transformar leitores para uma vida toda.
Uma vez envoltos na literatura através dessas iniciações é possível que eles sigam seus
caminhos e que também incentivem os que estão a sua volta, é correto dizer que o gênero
policial se usado com sabedoria é uma excelente ferramenta para eternizar um leitor,
fortalecer sua memoria e atenção a longo prazo. ‘’Pois, a leitura os ajuda a se construir, a
imaginar outras possibilidades, sonhar [...]. E a pensar, nesses tempos em que o pensamento
se faz raro” (PETIT, 2013, p. 19).’’
O Autor ainda faz mais duas investigações sobre a aplicação metodológica do gênero
em sala de aula, finalizando a dissertação com suas referências bibliográficas e outros anexos
e contos extraídos de outra fonte.
2.
Somente em 1970 uma critica feminista teve visibilidade, trazendo à tona a tradição
feminina literária, a partir disso o mercado se abriu para publicações de autoria feminina e
foram reconhecida três fases desde o começo do mercado feminino: a Fase Feminina, que
imitava a escrita masculina e afirmava os padrões e valores vigente; a Fase Feminista, que
vinha como forma de protestos e a defesa dos direitos das minorias; e a Fase Fêmea, uma fase
de autodescoberta, maturação, a busca da identidade e a autorrealização. No Brasil alguns dos
títulos marcando essas fases foram Úrsula (1859), de Maria Firmina dos Reis, marcando a
Fase Feminina; Perto do coração selvagem (1943), de Clarice Lispector, marcando a Fase
Feminista; e A republica dos sonhos (1984), de Nélida Piñon, marcando a Fase Femea.
Rita é tratada de forma respeitosa, é admirada e tratada como verdadeira líder de seu
grupo, não há a menor preocupação dos meninos por serem liderados por uma menina, essa
escrita voltada ao publico infantojuvenil causando ao leitor jovem, principalmente o feminino
o sentimento de querer se emancipar, se espelhar, em uma personagem feminina tão forte,
uma leitura livre de preconceitos podendo formar leitores críticos sobre um tema tão
importante como o trabalho em conjunto e o desenvolvimento de habilidade individuais
podendo ser aproveitadas da melhor maneira.
A partir dos ponto abordados até aqui podemos notar semelhanças desses artigos com
a obra estudada, em O mistério do caderninho preto tanto a autora como a personagem
principal do livro são mulheres, Maria Emília uma estudante do ensino médio é uma
personagem com incrível poder de dedução e imensa criatividade, junto com seu amigo Pedro
formam uma dupla que explora todos os cantos dos colégios e das pessoas que frequentam o
local, em comparação com o segundo artigo Emília tem muito a ver com Rita, quebrando a
barreira sociocultural imposta pelo conceito de sexo-gênero que impõe as melhores o papel de
submissa nas histórias, ou até mesmo o papel de apaixonadas, em contra partida talvez Emília
não seja tão ‘’inteligente’’ em todos os aspectos, no livro nos é mostrado que ela tem uma
nota média na sua tarefa, mas isso não chega a ser um ponto negativo, entrando nos temas de
abordagens da formação do jovem leitor é possível que haja ainda mais a identificação
quando o aluno vê que não são necessária notas perfeitas para ser considerado alguém
criativo, alguém que possa escrever ou fazer qualquer outra coisa. A importância de
personagens fortes para a emancipação da leitora feminina também é um ponto muito
importante abordado nesse artigo, o trabalhar com livros que não ajam com preconceito
(mesmo que estruturalizado) pode influenciar o leitor a tratar o tema mais criticamente e
quem sabe até talvez formar uma opinião favorável a igualdade de gêneros.
No primeiro artigo pode ser visto desde onde o gênero policial começou no Brasil
(Medeiros e Albuquerque engatinhou para que Ruth Rocha pudesse correr) até onde agora ele
se encontra, influenciando jovens leitores, o autor fala sobre a adequação dos personagens
conforme a faixa-etária do público, ou seja, para quem esse livro vai servir? Para qual turma
eu posso o ler? Bem no caso da obra analisada diremos que como os personagens tem em
média 15 anos seria pertinente ser apresentado a uma idade semelhante, como autor cita, dos
12 aos 14 entra em uma etapa de leituras apsicológicas, leituras com emoções, ajudando a
suprir alguns desejos da puberdade, depois dessa idade no ensino médio já se é buscado
personagens cotidianos, que se assemelhem ao leitor e bem, O mistério do caderninho preto
tanto tem as emoções que uma investigação pode causar tanto os personagens cotidianos de
uma escola comum de ensino médio, a literatura investigativa é tratada como um excelente
estopim para leitura pois a inquietação por um desenrolar dos fatos faz com que o leitor seja
preso ao livro pelo desejo que se é causado (como vimos, principalmente nessa idade), a obra
analisada carrega todos esses recursos em sua bagagem e ainda se faz uma leitura leve e
prazerosa de se fazer, infelizmente não se há ainda um artigo próprio para essa obra (o que é o
verdadeiro mistério desse livro) mas nos fazemos valer por hora desses pontos abordados
sobre os componentes que a obra tem e relação com os artigos e como ela ajuda o jovem
leitor.
Os temas vistos são muito pertinentes no que se diz respeito a formação do jovem
leitor, todos os autores de artigos estudados se embasaram em outros autores muito
renomados, é possível dizer que em termos de eficácia a literatura investigativa possa sim
fazer tudo que foi proposto no decorrer das páginas, além de evidenciar fatos talvez
desconhecidos para alguns e visar recobrar a memoria para os que a tinham esquecido da
verdadeira origem da original literatura, podemos dizer também que o romance policial
infanto-juvenil abre as portas para um leitor critico, talvez seja um dos caminhos mais
interessantes de se fazer até a sua integral formação como leitor.
Referências Bibliográficas
ROCHA, Ruth. O Mistério do Caderninho Preto. 13. ed. ATICA. São Paulo. 2002.
96p.
PEREIRA, A. Marcos. O Gênero Policial, O Mistério na Formação de Leitores e as
Pistas Para a Escrita Criativa em Sala de Aula. Dissertação (Mestrado em Ensino).
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso. Universidade de
Cuiabá. Cuiabá, p. 240. 2018.
MODERNA. Ruth Rocha: Como Nasce Uma Escritora? Disponível em:
<https://www.moderna.com.br/autoresexclusivos/ruth-rocha/ruth-rocha-biografia.htm>
Acesso em: 21 nov. 2020.
Souza, Rosiane Cristina de. A PERSONAGEM FEMININA RITA EM EU,
DETETIVE: O ENIGMA DO QUADRO ROUBADO: EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE
POR MEIO DA LITERATURA INFANTOJUVENIL. Anais da semana de pedagogia –
UEM. 2018