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A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA FANTÁSTICA NO ENSINO

FUNDAMENTAL

Aparecida Maria de Lima1


José Alexsandro da Silva2
Laryana Mayara de Lima Silva3
Nathália Celina Ferreira de Souza Gomes4
Vitória Charliane Silva de Arruda5

RESUMO:
Este trabalho objetiva apresentar a literatura fantástica como meio de incentivar a leitura e
desenvolver habilidades cognitivas e fundamentar a importância do gênero ser trabalhado na escola,
especificamente, com alunos do ensino fundamental. Tomou-se como base autores consagrados na
área como Todorov, J.R.R Tolkien, C.S Lewis, Bruno Bettelheim, dentre outros, além de serem
consultados livros, artigos, monografias, dissertações e teses a fim de uma melhor abordagem deste
universo imaginativo, tendo em vista a formação de um perfil resiliente, reflexivo,criativo e inovador do
aluno não apenas na escola, mas na vida.

Palavras-chave: Literatura; Fantástica; Desenvolvimento; Aluno; Criatividade.

ABSTRACT:
This objective work presents fantastic literature as a means of encouraging reading and developing
cognitive skills and fundamentally the importance of the genre being worked on at school, specifically,
with elementary school students. It was based on renowned authors in the area such as Todorov,
J.R.R Tolkien, C.S Lewis and Bruno Bettelheim, among others, in addition to consulting books,
articles, monographs, dissertations and theses in order to better approach this imaginative universe. ,
with a view to forming a resilient, reflective, creative and innovative student profile not only at school,
but in life.

Keywords: Literature; Fantastic; Training; Student; Creativity.

Introdução

Quando se fala sobre incentivo à leitura na escola, diversas são as estratégias


tomadas por parte dos professores, no entanto, pouco tem-se ouvido falar sobre a
importância da literatura fantástica no processo de aprendizagem do aluno. O fato é
que na era da informação, a atração pelas tecnologias têm substituído cada vez
mais o apreço pela leitura, e a escola, muitas vezes, tem trabalhado de forma
enfadonha e engessada não atingindo o objetivo que seria levar o aluno a ter prazer

1Graduanda do curso de letras, pela UFRPE, Campus Surubim. E-mail: aparecidamr590gmail.com


² Graduando do curso de letras, pela UFRPE, Campus Surubim. E-mail: softhardaware@hotmail.com
³Graduanda do curso de letras, pela UFRPE, Campus Surubim. E-mail: laryanalima@gmail.com
4
Graduanda do curso de letras, pela UFRPE, Campus Surubim. E-mail: nathalia.celina@gmail.com
5
Graduanda do curso de letras, pela UFRPE, Campus Surubim. E-mail: charlyspinely@gmail.com
2

pela leitura. Sobre o gênero, Todorov (1975, p.16) diz que “O fantástico se define
pois com relação ao real e imaginário”. Por isso, a literatura fantástica tem esse
poder de prender a atenção, gerando entusiasmo e encantamento, além de abrir um
leque para muitas outras habilidades. É fato que clássicos como “O senhor dos
Anéis”, “As crônicas de Nárnia” e a série “Harry Potter”, têm marcado uma geração
de jovens que encontram no gênero, um mundo paralelo da magia e seres
sobrenaturais capazes de despertar emoções e ampliar percepções da realidade.
Muitas são as discussões acerca do gênero fantástico, todavia, este trabalho não
se detém a esmiuçar nem fazer um apanhado histórico do tema, mas apresentar
argumentos para a utilização da literatura fantástica como elemento motivacional
para os estudantes do ensino fundamental. Para tal, foram analisados textos
referentes à temática literatura fantástica de autores consagrados na área, tais
como Tzvetan Todorov, C.S Lewis, J. R. R. Tolkien, e Bruno Bettelheim e outros
estudiosos que influenciaram para o embasamento desta pesquisa.

1. Explorando o mundo imaginativo

Segundo Todorov (1975, p. 50), o gênero fantástico produz um efeito


particular sobre o leitor que os outros gêneros ou formas literárias não podem
suscitar, despertar. E através da hesitação, momento em que acontece a dúvida em
relação aos fatos irreais quando postos em confronto com a realidade, este é o
momento no qual a literatura fantástica se apresenta tão atraente. É de suma
importância que sejam trabalhadas histórias fantásticas na escola com alunos do
ensino fundamental, pois a falta de interesse pela leitura é mais comum com esse
público mais jovem (LEONES, 2019). Além do que, a mente da criança funciona
diferente da mente de um adulto e ela consegue extrair muito mais aprendizados por
meio da imaginação, como enfatiza o renomado psicólogo infantil Bruno Bettelheim:

Histórias rigorosamente realistas se opõem às experiências interiores da


criança; ela as escutará e talvez extraia alguma coisa delas, mas não pode
extrair muito significado pessoal que transcenda o conteúdo óbvio. Essas
histórias informam sem enriquecer, como infelizmente é também o caso
com relação a muito do que se aprende na escola. (BETTELHEIM, 2012,
p.79).
3

Clives Staples Lewis, mais conhecido como C.S.Lewis (1898-1963), autor da


literatura fantástica “As crônicas de Nárnia”, enfatiza que “o imaginativo é algo
produzido pela mente humana em sua tentativa de responder a algo maior do que
ela mesma, lutando para descobrir imagens adequadas da realidade” (apud
MCGRATH, 2013, p.279). A introdução de elementos mágicos e ambientes surreais
alimenta a imaginação, desafiando os limites da realidade. A exemplo, a série "Harry
Potter" de J.K Rowling é amplamente usada em escolas ao redor do mundo para
incentivar a leitura, a criatividade e reflexão crítica entre adolescentes, devido a sua
narrativa envolvente e o sistemático universo mágico. Além disso, aborda temas
universais como o bem contra o mal e a busca pela identidade. Nesse sentido, as
emoções intensas evocadas pelas histórias fantásticas torna a leitura uma
experiência emocionalmente envolvente.

1.2. A leitura como instrumento de resiliência

Segundo Brenman (2023 ), “falar de literatura é falar sobre a vida, é falar


sobre o cotidiano, falar sobre o mundo interior, falar sobre o mundo exterior”. E para
falar de coisas subjetivas, invisível, é necessário uma boa imaginação, nesse
sentido:
A imaginação, na leitura, é a experiência de fuga do real, uma alienação
compartimentada, a qual permite o sentir em um método um tanto
descentralizador: colocar a atenção, a sensorialidade e os anseios do eu no
lugar dos personagens e, sobretudo, reavaliar as realidades e as narrativas
que o cercam, sem que isso interfira na vida real do leitor, a não ser que
esse o permita (SOUZA; REBELLO, 2022, p.5).

Essa descrição, configura-se em um conceito prático da literatura fantástica.


Tendo em vista que a imaginação da criançada é sem limites. E nesse universo
fictício, o imaginário dos alunos no ensino fundamental, torna-se mais fertil à
criatividade no mundo real, de modo que torna-os resilientes às adversidades da
vida contemporânea. Nesse sentido, posiciona-se C.S Lewis, ao proferir a seguinte
sentença: “o menino que lê o conto de fadas simplesmente deseja e sente-se feliz
no próprio ato de desejar”, (LEWIS, 2012, p. 724). Esse ato de desejar é satisfatório
semelhante à catarse aristotélica que provoca no espectador sentir as emoções dos
personagens nos teatros, filmes, séries e de modo especial na literatura fantástica
exorcizando, extirpando emoções, sentimentos negativos comuns à vida real desse
4

espectador. E um dos ícone da literatura fantástica conforme as palavras de Kyrmse


foi o Tolkien:
John Ronald Reuel Tolkien (1892-1973) é considerado o grande ícone da
literatura fantástica. Brilhante estudioso da língua anglo-saxã e da Inglaterra
medieval, com sua obra ficcional criou uma verdadeira mitologia em língua
inglesa. Com a trilogia O Senhor dos Anéis, além de praticamente inaugurar
um gênero, elevou-o a um impressionante nível de popularidade,
inscrevendo seu nome de forma definitiva entre os imortais da literatura
universal (KYRMSE, 2010, p. 4).

Ademais, a literatura fantástica consegue por meio de seus recursos literários


direcionar o aluno a uma prática de leitura espontânea e nesse sentido afirma
(TODOROV, 1981, p. 8) apud (FRYE, 2014, p. 97) ‘A literatura se cria a partir da
literatura, e não a partir da realidade, seja está material ou psíquica; toda obra
literária é convencional. “Só se podem fazer poemas a partir de outros poemas,
novelas, a partir de outras novelas.” Nessa perspectiva, é importante trazer esse tipo
de leitura no contexto da formação dos alunos do ensino fundamental como forma
de incentivar o hábito e prazer pela leitura e potencializar seu intelecto, através de
uma leitura criativa e atrativa, dando espaço para que eles também desenvolvam
melhor sua criatividade por meio da imaginação e das aventuras e que não
necessariamente precisem dos meios eletrônicos para vivenciar essa diversão como
forma de aprendizado.

2. Metodologia

Considerando o método adotado para desenvolvimento deste trabalho,


utilizou-se a literatura fantástica como objeto de estudo e através de pesquisas
qualitativas bibliográficas, buscou-se compreender as suas funções e de que modo
ela pode contribuir para o incentivo à leitura e o desenvolvimento dos alunos do
ensino fundamental. Estudou-se o conceito do teórico Todorov (1981), foi analisado
C.S Lewis (2012) e a obra de MCGRATH (2013) que é uma biografia de C.S.Lewis
para se entender as ideias do autor a respeito da literatura fantástica e os objetivos
das suas produções. Sobre a importância do elemento fantástico para as crianças,
estudou-se o Psicólogo Bettelheim (2012). Analisou-se ainda os teóricos Lourenço
(2009), Leones (2019), Souza e Rebello, (2022), Brenman (2023), Frye (2014) e
Kyrmse (2010) a fim de compreender a relação da literatura e fantasia. Por fim,
5

foram estudadas fontes secundárias, como artigos científicos e monografias


selecionadas para extrair ideias na construção deste trabalho.

3. Discussão dos Resultados

De acordo com a análise dos textos concluiu-se que a literatura fantástica


apresenta ao aluno do ensino fundamental uma forma de identificação e de
representatividade e reforça o potencial imaginário presente nesses alunos. A
literatura fantástica aproxima e contribui também para o desenvolvimento de
habilidades que levam o aluno a refletir melhor sobre as questões da realidade e
desperta maior interesse pela literatura e por esses motivos, contribui
significativamente no desenvolvimento desses alunos. Entre os autores
pesquisados, evidencia-se “A introdução à literatura fantástica” de Tzvetan Todorov
que tem a função de classificar como gênero literário a literatura fantástica tal como
Aristóteles classificou o gênero lírico, épico e dramático.

Considerações Finais

Diante do exposto, a literatura fantástica oferece uma variedade de elementos


cativantes que atraem os leitores e incentivam o hábito da leitura de maneira única e
que, através da imaginação, são aguçadas muitas outras habilidades como ter uma
reflexão crítica e questionadora da realidade. Por isso, é fundamental que as escolas
reconheçam a importância da literatura fantástica para o desenvolvimento dos
alunos do ensino fundamental.

REFERÊNCIAS

BETTELHEIM,Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Arlene Caetano. 27º ed.


São Paulo: Paz e terra,2012.

BRENMAM, Ilan. Mesa 6: Literatura brasileira para crianças e jovens - III ENLB&S.
Escrever para crianças: gênero literário menor?. Disponível em:
https://www.youtube.com/live/64JZb8aZ1iY?si=_BuzHMZOSdy56zWa. Acesso em:
10/11/2023 às 14h
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LEWIS, C. S. Três maneiras de escrever para crianças. In: C.S. Lewis. As crônicas
de Nárnia, volume único. Tradução de PAULO MENDES CAMPOS, Digital. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2012.

LEONES, Tomás Antônio Souza. A literatura fantástica no ensino fundamental:


um caminho para o literário em sala de aula. 2018. 5 f. Monografia
(Especialização) - Curso de Licenciatura em Letras e Respectivas Literatura,
Departamento de Teoria Literária e Literatura, Universidade de Brasília, Brasília,
2019. Cap. 1.

MCGRATH, Alister. A vida de c.s lewis: do ateísmo às terras de Nárnia. Tradução


de Almiro Pisetta. 1. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2013.

SILVA, Marília da Costa; ALVES, Adriano. A literatura fantástica como incentivo à


leitura. A Literatura Fantástica Como Incentivo à Leitura, Campina Grande, v. 1,
p. 1-5, 5 nov. 2010. Disponível em:
https://acrobat.adobe.com/id/urn:aaid:sc:VA6C2:d46dcdbe-f5b0-4b8f-bbd5-
467ff94f6a3b. Acesso em: 30 nov. 2023.

SOUZA, Alisson Preto. Rebello, Lúcia Sá. A fantasia na literatura de fantasia:


considerações sobre o gênero. Introduzindo a Fantasia. Conjecturas, ISSN: 1657-
5830, Vol. 22, Nº 16. Disponível
em:https://conjecturas.org/index.php/edicoes/article/view/2098.

TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura Fantástica, Os gêneros literários.


Tradução do francês p/ espanhol: Silvia Delpy. 4ª ed. Brasil: Perspectiva, 1975.

TOLKIEN, J.R.R. Sobre histórias de fadas. Tradução de Ronald Kyrmse. 2ª. ed.
São Paulo: Conrad, 2010.

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