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A proposta curricular, para o componente curricular de literatura dramatizada, no município de Concórdia é um documento originário da construção coletiva, no
sentido de orientar sua proposta pedagógica, tendo como objetivo fornecer subsídios para reflexão e ação, de modo a auxiliar o educador, possibilitando-lhe um
suporte teórico, metodológico e avaliativo para a sua prática.
A Literatura surgiu de forma sistematizada em livros de historia destinados a crianças no fim do século XVII e inicio do século XVIII. Antes deste período existiam
contos tradicionais que eram repassados através da oralidade, não havendo discriminação de faixa etária, sendo estas narrações compartilhadas entre crianças e
adultos.
Em Concórdia/SC, a literatura dramatizada surge como disciplina experimental nas Escolas Municipais do Campo – conhecidas como escolas Multisseriadas, no ano
de 2003. Evolutivamente, a literatura dramatizada efetiva-se como disciplina Curricular em 2011, sendo estendida para toda a Educação Infantil e Anos Iniciais do
Ensino Fundamental. O objetivo primordial da inserção desta disciplina nas Escolas do Campo foi de oportunizar aos educandos vivências de expressão corporal,
desinibição para se expressar, melhorar a leitura, além de experimentar diferentes linguagens teatrais, dentro e fora do seu contexto escolar.
A leitura é antes de tudo um ato social, haja vista que todo texto só se completa na interação com o leitor. Acredita-se que a leitura é um ato muito mais complexo
do que simplesmente a decodificação da língua, pois ela contribui na formação de leitores críticos, de modo que esta se faz presente no ambiente escolar.
Deste modo, o livro constitui-se em um instrumento de conhecimento, mas também em um veículo para fomentar o relacionamento entre a leitura e o
conhecimento, sendo considerado um objeto a ser explorado pela criança no ato de inventar e construir outras histórias, permitindo a criança, viver aventuras
emocionantes que constituem a chave de acesso ao mundo da imaginação. É necessário ver a literatura oferecida para as crianças algo além de ‘livrinhos infantis’,
mas, como “literatura múltipla, enriquecedora, geradora de sentidos” (VILLARDI, 1997, p. 03).
Nesse contexto, o trabalho pedagógico não é simplesmente o uso do livro para a produção de atividades didáticas, se constitui sim em possibilitar momentos lúdicos,
de leitura, de escrita, de encantamento, etc., pois ao ler um livro, muito pode ser explorado pelo professor e aluno, é necessário que o professor seja um leitor, pois
precisa estar preparado para subsidiar sujeitos leitores.
Nessa mesma perspectiva, a história contada auxilia no processo de aprendizagem, contribuindo desde o incentivo à escrita e leitura até a noção de valores e
sentimentos que estão
presentes no ser humano, ela é fundamentada tanto na formação educativa quanto na formação cultural da criança, já que quando a criança ouve uma história ela
se apropria de sua ou de outras culturas e enriquece seu conhecimento.
Considerando questões como as anteriormente mencionadas, a literatura dramatizada associa-se à área de conhecimento das linguagens e está atrelada aos
componentes curriculares de arte e língua portuguesa. Assim, objetiva-se a aproximação do texto literário ao contexto do leitor, pois ao ler, o educando sente-se
parte da história, dá voz, som e corpo aos personagens e cria nos leitores a percepção da participação efetiva no texto. É neste momento que, cabe ao educador
preencher as lacunas do texto, proporcionando direcionamentos, entonações e corporificações ao texto falado (texto literário), compreendendo que a literatura
permite além da ludicidade, a possibilidade de expressão, como: o contar, o ler, o dramatizar e obrincar.
A literatura é uma aprendizagem estética, em que as historias lidas ou contadas explicam o mundo de um jeito que o leitor possa se
situar em um universo que é dele. É um conhecimento ideal de mundos diferentes, culturas, pessoas ou situações diversas, que se
caracterizam nas descobertas das emoções e sentimentos, dos caminhos internos das relações pela busca do conhecer e de se
reconhecer (ABROMOVICH, 1997apud FREITAS, 2012, p. 245).
Para que o conhecimento literário se concretize na pratica é preciso que o ambiente seja propício e que leve os ouvintes, a leitura e que, os profissionais entendam o
verdadeiro significado da literatura, pois literatura não se aprende, se vivencia, se convive e permite a troca de subsídios no meio escolarizado.
A literatura é muito mais do que um entretenimento, ela é aventura espiritual e emocional, capaz de engajar o leitor em uma rica experiência de vida. Ela não pode
querer responder apenas as funções intelectuais do educando, mas deve ser capaz de promover o senso crítico e de superar os limites de experiências já adquiridas.
O ensino da literatura não visa formar escritores. Procura, no entanto, despertar em cada um o gosto pela leitura ou crítica literária.
[...] a literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem
literária, alfabetizar- se nela, tornar-se seu usuário competente, mesmo que nunca vá escrever um livro, mas porque precisa ler muito
(LAJOLO, 2008, p.106).
A Literatura é arte, ficção e imaginação. É uma forma de se conhecer a realidade, entretanto uma realidade recriada manifestada numa supra realidade.
Por intermédio da literatura, o educando desperta sua sensibilidade e criatividade, além
de ingressar em um mundo de fantasia a ser descoberto, ele terá a capacidade de buscar, refletir, pesquisar, questionar, duvidar e organizar as suas ideias.
A literatura proporciona ao leitor o acesso a mundos distantes e imaginários, traz ao aluno a capacidade de escrever criativamente, ela aprofunda a descoberta do
mundo concreto e do mundo da linguagem através das atividades lúdicas, da graça, do humor e de um clima de mistério. Os livros de repetição são bastante
favoráveis, e fazem a criança ficar mais atenta.
Assim, a literatura torna-se uma inesgotável fonte de informações culturais, as quais soma-se a sua vivência concreta. Essa soma se dará com a confrontação da sua
forma de pensar e agir, com o modo de ser do grupo social ao qual pertence.
Ainda nesta mesma perspectiva, dramatizar é envolver-se (de algum modo) com a literatura, é a manifestação de diversas expressões através do corpo, da fala, dos
gestos, que desenvolve a imaginação, a espontaneidade, criatividade, a sensibilidade e o envolvimento do educando com o texto literário e com o outro
possibilitando assim vivências diferentes.
Percebe-se assim, que a literatura e a dramatização devem estar integradas ao processo de ensino e aprendizagem, uma vez que a literatura dramatizada poderá
exercer influências positivas nos aspectos: cognitivo, linguísticos, afetivos e sociais, ao longo do desenvolvimento das crianças.
No jogo dramático, a criança consegue utilizar um conjunto de recursos e de práticas convergentes como as atividades de expressão corporal, expressão linguística,
expressão rítmico- musical, improvisação, jogo mímico, as quais se fundem num mesmo processo de descoberta e decriação.
De acordo com Villardi (1999, p. 6), o texto literário, em função do caráter específico de sua estrutura de linguagem, deve ocupar um lugar prioritário em relação ao
trabalho desenvolvido na escola. Inicialmente, a literatura, uma vez que não tem comprometimento com a realidade, mas com o real que ela mesma cria – é ficção e,
por natureza da ordem da fantasia.
A literatura dramatizada poderá fomentar no leitor a curiosidade e o interesse pela descoberta; permitindo que ele vivencie situações pelas quais jamais passou,
alargando seus horizontes e tornando-o mais capaz de enfrentar situações novas, ou seja, ao romper com as barreiras da realidade, possibilita ao leitor o acúmulo de
experiências só vividas no imaginário, o que o torna mais criativo e mais crítico, além de ensiná-lo a reagir a situações desagradáveis e de ajudá-lo a resolver seus
próprios conflitos.
Portanto, a literatura dramatizada deve servir para tornar os alunos mais sensíveis, mais críticos e, sobretudo mais feliz.
REFERÊNCIAS
FREITAS, Andreza Gonçalves de. A importância da literatura infantil no processo de alfabetização e letramento. Revista Práxis Educacional. Vitória da Conquista, v. 8,
nº 13, p. 233-251, jul./dez. 2012.
BRASIL, Base Nacional Comum Curricular – BNCC – Documento Preliminar, versões 1 e 2. Brasília, 2015/2016.
LAJOLO, Marisa. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. 6ª ed. 13ª impressão. São Paulo: Editora Ática,2008.
VILLARDI, Raquel. Ensinando a gostar de ler e formando leitores para a vida. Rio de Janeiro: Qualitymark, Ed. 1997.
SISTEMATIZAÇÃO CURRICULAR DA REDE MUNICIPAL DE ENSINO DE CONCÓRDIA
GRUPO I e II- Bebês (45 dias a 2 anos)
DIREITOS DE APRENDIZAGEM
LITERATURA DRAMATIZADA
GRUPO III e IV
CRIANÇAS DE 2 A 3 ANOS e 11 MESES
DIREITOS DE APRENDIZAGEM
LITERATURA DRAMATIZADA
LITERATURA DRAMATIZADA