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LUGAR DE ENCONTROS:
OS FAZERES POSSÍVEIS E NECESSÁRIOS EM
LITERATURAS NAS INFÂNCIAS
PROFESSOR(A):____________________________________________________________________
U.E.:_________________________________________________________________________________
SUBSECRETARIA DE ENSINO
Adriano Carneiro Giglio
GERÊNCIA DE INTERSETORIALIDADE
Luciana Rocha
Hiago Viveiros
Érica Lobo
Gabriela Farias
Michelle Saramago
A LEITURA LITERÁRIA COMO LUGAR DE ENCONTROS:
OS FAZERES POSSÍVEIS E NECESSÁRIOS EM LITERATURAS NAS INFÂNCIAS
Será que já paramos para pensar o quanto é importante ler e contar histórias para as nossas crianças?
Pensando nessas diferentes experiências, trazemos para a nossa conversa o componente curricular da Pré-
escola Literaturas na Infância, que tem como base promover experiências literárias, ampliando o repertório,
e leituras de mundo, dialogando com a pluralidade de textos em seus diferentes suportes. As experiências
com as literaturas neste componente não estão apartadas dos eixos estruturantes da Educação Infantil,
sendo as interações e as brincadeiras sua espinha dorsal. É muito importante observar que embora o nome
do componente curricular seja Literaturas na Infância, aqui, assim como defendemos a pluralidade e
amplitude de fazeres, reconhecemos também a diversidade de INFÂNCIAS com que nos encontramos
cotidianamente nos nossos espaços escolares.
Mas é preciso fazer ainda outras considerações importantes. Para potencializar as vivências em Literaturas
nas Infâncias, o planejamento precisa levar em conta os campos de experiências e os direitos de
aprendizagem propostos na BNCC, a diversidade de espaços e as possibilidades que eles oferecem para
esses encontros. Esse mesmo planejamento pode abarcar arranjos diversos - seja de grupos, linguagens,
textos e gêneros, contextos, interações e tempos. Vale ressaltar que o trabalho com as literaturas nas
infâncias não deve ter como norte/finalidade a realização de culminâncias, nem mesmo ter a literatura
como pretexto para uma sequência de atividades fechadas. As intencionalidades do trabalho devem ser
sempre os processos, experiências estéticas que as crianças viverão no decorrer dos encontros. Busca-se
provocar com elas a elaboração de interpretações e olhares plurais sobre as questões do mundo e da vida,
tendo o texto literário como principal instrumento de trabalho e o professor como mediador dos processos de
conhecer e construir sentidos.
Desta forma, nosso desafio na oferta de Literaturas nas Infâncias é ir além: ampliar repertórios, anunciando a
diversidade humana/cultural, promovendo a integração entre as literaturas, as culturas das infâncias e uma
amplitude de linguagens e manifestações artísticas (dança, cinema, escultura, pintura, música…), sempre
na direção do encanto, do alargamento da imaginação, do “maravilhamento” e valorização das formas de
expressão e invenção das crianças nessas vivências. Vale ressaltar que o trabalho com as literaturas nas
infâncias não deve ter como norte/finalidade a realização de culminâncias. Também entendemos que a
literatura infantil não deve ser usada como ponto de partida para atividades fechadas, pois limita desta
forma a construção de sentidos distanciando o encontro com as literaturas da ideia de experiência - o uso da
literatura desta forma ainda é uma prática muito comum, mas que, do nosso ponto de vista, é preciso ser
superada.
Falar da relação das crianças e literaturas é tocar de algum modo na constituição da expressão delas,
crianças. Podemos seguramente dizer que seus corpos narram a todo momento o que apreendem do mundo,
seja verbalmente ou não. O imaginário na criança - essa caixa de ressonância das relações dela com o
mundo, mediado pelo seu corpo e seus sentidos - deságua no seu brincar e interagir, que são literários por si
só: através deles a criança elabora saberes por meio de narrativas espontâneas. Quando nos encontramos
com a sua forma de pensar, nos aproximamos de pensamentos que dialogam com fábulas, mitos e poesias:
as crianças pensam por imagens, emprestam vida, voz e humanidade a objetos da cultura e elementos
naturais e se expressam muitas vezes por meio de metáforas.
Nós, da Coordenadoria de Educação Infantil e Primeira Infância, com a intenção de orientar e ampliar os
olhares para esse trabalho fundamental com as Infâncias da nossa Rede, propomos aqui orientações para o
componente curricular Literaturas na Infância, dialogando as literaturas infantis com uma segunda
linguagem, considerando a escuta das crianças, o olhar sensível e a intencionalidade do(a) professor(a) em
seu planejamento.
Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil
e a Leitura e Escrita
Existe uma inter-relação entre leitura e escrita no trabalho com a Literatura na EI?
O trabalho da leitura e escrita precisa estar engajado com experiências literárias, pois, mesmo antes de
aprender a ler e a escrever, as crianças devem ter oportunidades de manipular diferentes materiais de leituras
e conhecer muitas histórias e textos literários, como narrativas, poesias, contos, fábulas, entre outros. Diante
do exposto, cabe a reflexão: Quais práticas de leitura e de escrita com a Literatura cabem na EI? Como as
crianças ampliam os seus conhecimentos sobre a leitura e a escrita na EI? O lugar da Literatura Infantil na
primeira infância precisa romper com o viés “escolarizante” e permitir que as crianças se deixem levar pelas
histórias sem que haja a preocupação dos adultos em "ensinar literatura” ou até mesmo “conteúdos” a partir
das histórias.
É na linguagem, na relação com o outro que os sentidos são produzidos. Seja através da linguagem verbal ou
não verbal. Você já ouviu falar em livros imagéticos? Os livros imagéticos possibilitam a construção de um
olhar sensível por meio da imagem como produtora de sentido. Cada criança vai dialogar com a imagem dos
livros a partir de suas vivências, pois as relações que estabelecemos com as imagens e as múltiplas
linguagens de um livro trazem o significado do que estamos vendo. É importante relembrarmos que até
mesmo nos livros com palavras existe uma infinidade de estruturas não verbais que permitem às crianças
experimentar novos sentidos. Os livros são objetos multimodais e muitas são as formas de experiências que
eles promovem.
Vamos jogar um jogo? Quais serão as regras? Quem começa? Quem será o último?
Ler histórias em quadrinhos tem a mesma relação que ler histórias presentes em livros?
Ler histórias em quadrinhos é uma experiência singular! As histórias em quadrinhos apresentam uma
linguagem que permite o encadeamento de ideias e a relação da continuidade textual. A sequência dos
quadrinhos possibilita a compreensão de que a história tem início, meio e fim, através da marcação dos
espaços no próprio texto e nas imagens, ampliando o repertório das linguagens verbal e não verbal. As
diferenças são encontradas na estrutura física, na formatação das imagens, na espessura e no tamanho do
papel. Outro destaque são os textos em “balões” próximos de cada personagem, indicando a fala e ou
reação durante a história, evidenciando a diferença entre texto e imagem.
Você sabia que a música compõe o repertório de linguagens que representam os aspectos
materiais, intelectuais e subjetivos que fazem parte do Patrimônio Cultural da Sociedade?
Temos consolidado, através das normativas na área da Educação, que a brincadeira é um dos princípios
orientadores dos fazeres pedagógicos na Educação Infantil e, como princípio, ela não pode ser reduzida a
um meio de aprendizagem. Brincadeira é linguagem e, como linguagem, está intrinsecamente ligada à
Literatura. Quando brincamos, ampliamos nosso repertório cultural e construímos novas relações,
descobrindo novas formas de leitura e escrita de mundo. As brincadeiras de roda e as cirandas, por
exemplo, são importantes vínculos com a história de nossos povos originários. Precisamos romper com a
visão de que “deixamos as crianças brincarem” e entender que são elas que nos convidam para brincar e
participar de suas histórias, vivências, experiências... nas suas produções de sentidos.
Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil
e as Artes Visuais
As obras literárias são produtos artísticos que carregam poesia, prosa, ritmo, musicalidade e visualidades por
meio da linguagem escrita para apresentação da narrativa. Quando essas histórias são contadas, as crianças
entram em contato com a imaginação e interagem com um rico vocabulário visual. As ilustrações são
veículos narrativos que carregam em si uma vasta gama de informações sobre a obra literária e uma
diversidade de elementos visuais proporcionados por técnicas artísticas variadas. Podemos então apresentar
essas histórias evidenciando a relação estabelecida do texto com as imagens, chamando a atenção para
pontos importantes da narrativa representados na ilustração, de forma que essa leitura, por parte das
crianças, seja estimulada quanto à percepção dos detalhes e informações que essas imagens trazem. São
muitos os exemplares que oferecem histórias contadas por imagens. Que tal contar uma dessas histórias?
É possível que crianças se apropriem do teatro e, por meio da interlocução entre literatura e dramaticidade,
desenvolvam suas potencialidades expressivas?
Não se trata de usar a literatura como pretexto para uma atividade com o corpo, mas é importante entender
que o corpo lê, fala e estabelece comunicação. Precisamos pensar que o conceito de corpo é muito mais que
uma forma fisiológica de estar no mundo. Corpo é território de aprendizagem, é também encantamento,
história, culturas. Corpo é prazer, é riso, é arte, corpo é literatura... corpo é currículo.
Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil e as Danças
Entendendo que a dança é a possibilidade de uma escrita do movimento do corpo no espaço, tempo e
compasso, propiciarmos às crianças mais esta linguagem junto à literatura amplia suas expressões
corporais no entendimento do seu corpo como elemento discursivo e literário em um bailado constante do
eu e do coletivo.
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Ufa! Para o início da nossa conversa, apresentamos muitas ideias, não? E reforçamos:
estamos bem no início de uma conversa promissora. Para os próximos passos,
proporemos alguns combinados nas rotinas e vivências com nossas crianças,
objetivando, assim, ampliar, cada vez mais, seus horizontes e linguagens de/do
mundo.