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A LEITURA LITERÁRIA COMO

LUGAR DE ENCONTROS:
OS FAZERES POSSÍVEIS E NECESSÁRIOS EM
LITERATURAS NAS INFÂNCIAS

PROFESSOR(A):____________________________________________________________________

U.E.:_________________________________________________________________________________
SUBSECRETARIA DE ENSINO
Adriano Carneiro Giglio

COORDENADORIA DE EDUCAÇÃO INFANTIL E


PRIMEIRA INFÂNCIA
Marcelo Fernandes do Nascimento
Simone Souza
Renata Cunha
Rosângela Fialho

GERÊNCIA DE EDUCAÇÃO INFANTIL


Paula Martins
Wallace Benjamin
Flávia Mattoso
Jéssica Araújo
Josele Teixeira
Lilian Morgana

GERÊNCIA DE INTERSETORIALIDADE
Luciana Rocha
Hiago Viveiros
Érica Lobo
Gabriela Farias
Michelle Saramago
A LEITURA LITERÁRIA COMO LUGAR DE ENCONTROS:
OS FAZERES POSSÍVEIS E NECESSÁRIOS EM LITERATURAS NAS INFÂNCIAS

Será que já paramos para pensar o quanto é importante ler e contar histórias para as nossas crianças?

Essas experiências nos primeiros anos de vida influenciam diretamente o


desenvolvimento emocional, cognitivo e social de bebês, crianças bem
pequenas e crianças pequenas. Por esse motivo, se faz necessário possibilitar
espaços e experiências em que as crianças possam ter contato com as
diferentes literaturas desde os primeiros meses de vida.

Ler é dar sentido! As experiências cotidianas oferecem diferentes textos que


precisam ser lidos, sentidos e entendidos. O rosto, a fala, os gestos, a dança, um
monumento, uma pintura... tudo isso são experiências de leituras que o mundo
revela.

Pensando nessas diferentes experiências, trazemos para a nossa conversa o componente curricular da Pré-
escola Literaturas na Infância, que tem como base promover experiências literárias, ampliando o repertório,
e leituras de mundo, dialogando com a pluralidade de textos em seus diferentes suportes. As experiências
com as literaturas neste componente não estão apartadas dos eixos estruturantes da Educação Infantil,
sendo as interações e as brincadeiras sua espinha dorsal. É muito importante observar que embora o nome
do componente curricular seja Literaturas na Infância, aqui, assim como defendemos a pluralidade e
amplitude de fazeres, reconhecemos também a diversidade de INFÂNCIAS com que nos encontramos
cotidianamente nos nossos espaços escolares.

Mas é preciso fazer ainda outras considerações importantes. Para potencializar as vivências em Literaturas
nas Infâncias, o planejamento precisa levar em conta os campos de experiências e os direitos de
aprendizagem propostos na BNCC, a diversidade de espaços e as possibilidades que eles oferecem para
esses encontros. Esse mesmo planejamento pode abarcar arranjos diversos - seja de grupos, linguagens,
textos e gêneros, contextos, interações e tempos. Vale ressaltar que o trabalho com as literaturas nas
infâncias não deve ter como norte/finalidade a realização de culminâncias, nem mesmo ter a literatura
como pretexto para uma sequência de atividades fechadas. As intencionalidades do trabalho devem ser
sempre os processos, experiências estéticas que as crianças viverão no decorrer dos encontros. Busca-se
provocar com elas a elaboração de interpretações e olhares plurais sobre as questões do mundo e da vida,
tendo o texto literário como principal instrumento de trabalho e o professor como mediador dos processos de
conhecer e construir sentidos.
Desta forma, nosso desafio na oferta de Literaturas nas Infâncias é ir além: ampliar repertórios, anunciando a
diversidade humana/cultural, promovendo a integração entre as literaturas, as culturas das infâncias e uma
amplitude de linguagens e manifestações artísticas (dança, cinema, escultura, pintura, música…), sempre
na direção do encanto, do alargamento da imaginação, do “maravilhamento” e valorização das formas de
expressão e invenção das crianças nessas vivências. Vale ressaltar que o trabalho com as literaturas nas
infâncias não deve ter como norte/finalidade a realização de culminâncias. Também entendemos que a
literatura infantil não deve ser usada como ponto de partida para atividades fechadas, pois limita desta
forma a construção de sentidos distanciando o encontro com as literaturas da ideia de experiência - o uso da
literatura desta forma ainda é uma prática muito comum, mas que, do nosso ponto de vista, é preciso ser
superada.

Falar da relação das crianças e literaturas é tocar de algum modo na constituição da expressão delas,
crianças. Podemos seguramente dizer que seus corpos narram a todo momento o que apreendem do mundo,
seja verbalmente ou não. O imaginário na criança - essa caixa de ressonância das relações dela com o
mundo, mediado pelo seu corpo e seus sentidos - deságua no seu brincar e interagir, que são literários por si
só: através deles a criança elabora saberes por meio de narrativas espontâneas. Quando nos encontramos
com a sua forma de pensar, nos aproximamos de pensamentos que dialogam com fábulas, mitos e poesias:
as crianças pensam por imagens, emprestam vida, voz e humanidade a objetos da cultura e elementos
naturais e se expressam muitas vezes por meio de metáforas.

Nós, da Coordenadoria de Educação Infantil e Primeira Infância, com a intenção de orientar e ampliar os
olhares para esse trabalho fundamental com as Infâncias da nossa Rede, propomos aqui orientações para o
componente curricular Literaturas na Infância, dialogando as literaturas infantis com uma segunda
linguagem, considerando a escuta das crianças, o olhar sensível e a intencionalidade do(a) professor(a) em
seu planejamento.
Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil
e a Leitura e Escrita

Existe uma inter-relação entre leitura e escrita no trabalho com a Literatura na EI?

O trabalho da leitura e escrita precisa estar engajado com experiências literárias, pois, mesmo antes de
aprender a ler e a escrever, as crianças devem ter oportunidades de manipular diferentes materiais de leituras
e conhecer muitas histórias e textos literários, como narrativas, poesias, contos, fábulas, entre outros. Diante
do exposto, cabe a reflexão: Quais práticas de leitura e de escrita com a Literatura cabem na EI? Como as
crianças ampliam os seus conhecimentos sobre a leitura e a escrita na EI? O lugar da Literatura Infantil na
primeira infância precisa romper com o viés “escolarizante” e permitir que as crianças se deixem levar pelas
histórias sem que haja a preocupação dos adultos em "ensinar literatura” ou até mesmo “conteúdos” a partir
das histórias.

Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil


e a Literatura Não Verbal

Por que trabalhar com a literatura não verbal?

É na linguagem, na relação com o outro que os sentidos são produzidos. Seja através da linguagem verbal ou
não verbal. Você já ouviu falar em livros imagéticos? Os livros imagéticos possibilitam a construção de um
olhar sensível por meio da imagem como produtora de sentido. Cada criança vai dialogar com a imagem dos
livros a partir de suas vivências, pois as relações que estabelecemos com as imagens e as múltiplas
linguagens de um livro trazem o significado do que estamos vendo. É importante relembrarmos que até
mesmo nos livros com palavras existe uma infinidade de estruturas não verbais que permitem às crianças
experimentar novos sentidos. Os livros são objetos multimodais e muitas são as formas de experiências que
eles promovem.

Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil e os Jogos

Vamos jogar um jogo? Quais serão as regras? Quem começa? Quem será o último?

Ampliar o olhar para as relações com os jogos é possibilitar que as


crianças tenham acesso a mais uma forma de pensamento, tendo
respeitado o direito delas de se comunicar através das mais
variadas formas de expressão. Quando nos propomos a refletir
sobre as possibilidades infinitas da literatura infantil, podemos
reconhecer, por exemplo, o jogo simbólico, o jogo de palavras, um
jogo de trilha a partir dos textos e imagens de uma história, dentre
tantas outras ações que buscam ampliar os encontros entre a
literatura e outras experiências. Em comum, os jogos apresentam
características como as regras estabelecidas previamente, a
coletividade, as relações de pertencimento, entre outros.
Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil
e as Histórias em Quadrinhos

Ler histórias em quadrinhos tem a mesma relação que ler histórias presentes em livros?

Ler histórias em quadrinhos é uma experiência singular! As histórias em quadrinhos apresentam uma
linguagem que permite o encadeamento de ideias e a relação da continuidade textual. A sequência dos
quadrinhos possibilita a compreensão de que a história tem início, meio e fim, através da marcação dos
espaços no próprio texto e nas imagens, ampliando o repertório das linguagens verbal e não verbal. As
diferenças são encontradas na estrutura física, na formatação das imagens, na espessura e no tamanho do
papel. Outro destaque são os textos em “balões” próximos de cada personagem, indicando a fala e ou
reação durante a história, evidenciando a diferença entre texto e imagem.

Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil e a Música

Você sabia que a música compõe o repertório de linguagens que representam os aspectos
materiais, intelectuais e subjetivos que fazem parte do Patrimônio Cultural da Sociedade?

Reconhecer a potência da experiência musical na Educação Infantil nos permite


vivenciar diferentes expressões artísticas que possibilitam a apropriação, a
valorização e a reconfiguração da cultura, a partir da ampliação do repertório e do
exercício da autoria (de forma individual e coletiva). Por isso devemos ampliar os
produtos musicais que apresentamos às nossas crianças para além das músicas
infantis. Não esqueçamos que a Educação Infantil é um espaço privilegiado que
propicia a confluência de diferentes culturas e cabe a nós, professores, organizar
contextos de aprendizagens que ampliem as possibilidades de ser, estar e pertencer
à sociedade.

Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil


e a Brincadeira

Deixamos as crianças brincarem?

Temos consolidado, através das normativas na área da Educação, que a brincadeira é um dos princípios
orientadores dos fazeres pedagógicos na Educação Infantil e, como princípio, ela não pode ser reduzida a
um meio de aprendizagem. Brincadeira é linguagem e, como linguagem, está intrinsecamente ligada à
Literatura. Quando brincamos, ampliamos nosso repertório cultural e construímos novas relações,
descobrindo novas formas de leitura e escrita de mundo. As brincadeiras de roda e as cirandas, por
exemplo, são importantes vínculos com a história de nossos povos originários. Precisamos romper com a
visão de que “deixamos as crianças brincarem” e entender que são elas que nos convidam para brincar e
participar de suas histórias, vivências, experiências... nas suas produções de sentidos.
Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil
e as Artes Visuais

O que está além do “faça um desenho sobre a história”?

As obras literárias são produtos artísticos que carregam poesia, prosa, ritmo, musicalidade e visualidades por
meio da linguagem escrita para apresentação da narrativa. Quando essas histórias são contadas, as crianças
entram em contato com a imaginação e interagem com um rico vocabulário visual. As ilustrações são
veículos narrativos que carregam em si uma vasta gama de informações sobre a obra literária e uma
diversidade de elementos visuais proporcionados por técnicas artísticas variadas. Podemos então apresentar
essas histórias evidenciando a relação estabelecida do texto com as imagens, chamando a atenção para
pontos importantes da narrativa representados na ilustração, de forma que essa leitura, por parte das
crianças, seja estimulada quanto à percepção dos detalhes e informações que essas imagens trazem. São
muitos os exemplares que oferecem histórias contadas por imagens. Que tal contar uma dessas histórias?

Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil


e as Artes Cênicas

É possível que crianças se apropriem do teatro e, por meio da interlocução entre literatura e dramaticidade,
desenvolvam suas potencialidades expressivas?

Ao serem narradas, naturalmente as histórias mobilizam o imaginário infantil e o encantamento. No


cotidiano, as crianças interpretam diferentes papéis em suas brincadeiras, com uma distância muito curta
entre o real e o imaginário, explorando com facilidade a imitação do que lhes é externo. Se transformam em
personagens variados, em suas dramatizações espontâneas, e assim vão construindo aprendizados
importantes sobre os aspectos relacionais. As histórias nos oferecem personagens e contextos diferentes, que
são muito ricos para o exercício dessas práticas teatrais com as crianças. A partir do contato com diferentes
tipologias textuais, entre outros, as crianças podem e devem ser estimuladas a ocupar o papel de
personagens.

Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil


e o Corpo Expressivo/em Movimento

Por que trabalhar o corpo com as literaturas?

Não se trata de usar a literatura como pretexto para uma atividade com o corpo, mas é importante entender
que o corpo lê, fala e estabelece comunicação. Precisamos pensar que o conceito de corpo é muito mais que
uma forma fisiológica de estar no mundo. Corpo é território de aprendizagem, é também encantamento,
história, culturas. Corpo é prazer, é riso, é arte, corpo é literatura... corpo é currículo.
Possibilidades no encontro entre as Literaturas, a Educação Infantil e as Danças

Por que trabalhar as danças com as literaturas?

Entendendo que a dança é a possibilidade de uma escrita do movimento do corpo no espaço, tempo e
compasso, propiciarmos às crianças mais esta linguagem junto à literatura amplia suas expressões
corporais no entendimento do seu corpo como elemento discursivo e literário em um bailado constante do
eu e do coletivo.

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Ufa! Para o início da nossa conversa, apresentamos muitas ideias, não? E reforçamos:
estamos bem no início de uma conversa promissora. Para os próximos passos,
proporemos alguns combinados nas rotinas e vivências com nossas crianças,
objetivando, assim, ampliar, cada vez mais, seus horizontes e linguagens de/do
mundo.

Sendo assim, nosso diálogo sobre o tema não se encerra aqui.


Sigamos na reflexão sobre nossa prática! Em rede!

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