Você está na página 1de 9

1/9

Disciplina: Pesquisa e Linguagem Científica


Professor: Me Fábio Leite

NOME: Ana Paula Evangelista da Costa RGM: 113.664

ATIVIDADE 03

Nesta atividade a entrega do projeto de pesquisa para correção e lançamento de nota.

Para a formulação das respostas, peço que assista os vídeos que estão disponíveis...

Essa atividade é para ser respondida de acordo com as normas da ABNT: fonte: Time New Roman,
tamanho 12, espaçamento 1,5cm, cor preta, margens: superior e esquerda 3m e inferior e direita 2cm.
2/9

Disciplina: Pesquisa e Linguagem Científica


Professor: Me Fábio Leite

NOME: Ana Paula Evangelista da Costa RGM: 113.664

A INTROSPECÇÃO EM CLARICE LISPECTOR: RECURSO LITERÁRIO POUCO


UTILIZADO DEVIDO AO ALTO GRAU DE COMPLEXIDADE EM SUA CRIAÇÃO E
COMPREENSÃO

ANA PAULA EVANGELISTA DA COSTA

CAMPOS BELOS - GOIÁS


2022
3/9

A INTROSPECÇÃO EM CLARICE LISPECTOR: RECURSO LITERÁRIO POUCO


UTILIZADO DEVIDO AO ALTO GRAU DE COMPLEXIDADE EM SUA CRIAÇÃO E
COMPREENSÃO

Ana Paula Evangelista da Costa*

RESUMO

Este pré-projeto propõem identificar o valor introspectivo e intimista da escritora brasileira


Clarice Lispector, visto que, essa é a peculiaridade, o perfil que a denomina. Na sociedade em que
vivemos, particularmente dentro do ambiente escolar, não tem como desagregar as áreas de educação e
psicologia. Assim, unificar essas duas áreas adentramos ao universo literário não é muito fácil, mas o
anseio dos pesquisadores são leituras aprofundadas que exigem muita concentração e enrodilhar nos
desafios a começar pela minha proposta de pesquisa, como por exemplo, analisando algumas obras da
autora Clarice Lispector é viável, por meio de alguns monólogos escritos pela autora percebe a
introspecção psicológica dos seus principais personagens. Com base nesta constatação anterior, o
presente pré-projeto faz uma análise do mundo introspectivo de Clarice Lispector. Sua literatura
surpreendeu por definir-se pela busca de uma compreensão da consciência individual, marcada sempre
pela grande introspecção dos personagens. Tendo como objetivo a análise das características que
instituem a individualidade, o momento em que o personagem declina a sua identidade e vai em busca
do descobrimento do eu.

INTRODUÇÃO

Clarice Lispector foi sem dúvida alguma, uma grande escritora, capaz de suscitar reflexões, de
ao mesmo tempo ganhar adeptos e críticos ferrenhos de suas produções, pois Lispector tinha uma
forma ousada e um tanto quanto particular de escrita. Dona de uma escrita simples, mas ao mesmo
tempo complexa, profunda e suscitadora das mais diversas sensações no seu leitor. Onde irei abordar
sobre a obra “A hora da estrela” (1977), e a obra “Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres” (1969).
Na escritura de Lispector existe uma marca que são as epifanias pelas quais passam suas
personagens. É do cotidiano e mantido sob direção de organização e regras, que vemos homens,
crianças e principalmente, mulheres serem retiradas por um espaço de tempo, refletirem acerca de sua
condição e encontrarem-se com algo maior, inabarcável pelas regras sociais e normas de conduta. O
texto da escritora parece ser a tentativa de preocupação do momento em que a personagem se perde
dentro de si própria “É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo
4/9

de me achar...” (LISPECTOR, 2009, P.10). Essas tomadas de consciência pelas quais passam a
personagem da obra de Clarice, ao mesmo tempo que revelam uma insatisfação de poder dá uma forma
para contar o que lhe aconteceu, também denotam a procura de uma transcendência.

JUSTIFICATIVA

A escolha do campo de estudo emergiu do incentivo magno que o Curso de Letras semeia: a
leitura consciente e analítica, mas ainda assim, deleitosa. Quanto, a escritora, nós ouçamos afirmar que
ela nos escolheu, ao nos intrigar com o seu processo de escrita desarticulado do padrão linear dos
demais escritores brasileiros. Conseguindo, articular, tudo que já possuímos de conhecimento sobre o
processo de criação dos autores e sobre literatura, e acrescentar a subjetividade e a introspecção de
modo criativo e sem danos a estrutura literária de suas obras. Alfinetando a consciência social e
individual, sem se quer ser tachada de literatura de auto-ajuda. Estimular a reflexão e o encontro com o
eu ou conhecidos sem sair de casa e preservar a ficção e o teor literário e ser acima de tudo, uma
escritora fascinante.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Clarice Lispector destaca-se por apresentar a subjetividade poética e a introspecção psicológica


nas tuas obras. Que implica em introduzir em meios aos objetos, sentimentos, emoções, situações e
personagens ficcionais o eu (social). A primeira relação do autor é com a obra. Na qual exprime uma
parte ou versão do seu mundo. No entanto, sempre se precavendo de representar na sua obra uma
situação vivida ou presenciada que represente a massa, destacando que sua obra somente se concretiza
ou mesmo se realiza enquanto obra literária no leitor. Porque todo livro é escrito para ser lido. O autor
atua como um porta-voz de outros. No trecho a seguir da obra “A hora da estrela” (1977), nas palavras
do pseudoautor compreendemos com clareza com se constitui este momento da criação literária: “Vai
ser difícil escrever esta história. Apesar de eu não ter nada a ver com a moça, terei que me escrever
todo através dela por entre espasmos meus.” A nossa escritora em estudo se posiciona como uma
porta-voz dos indivíduos da sociedade que não possuem voz. Um exemplo é a obra “A hora da estrela”
(1977), em que a protagonista Macabéa é uma retirante nordestina que fora para o Rio de Janeiro em
busca de melhores condições de vida. Trechos do livro nos comprovam: “Como a nordestina, há
milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto, atrás de balcões trabalhando
até a estafa. […] Poucas se queixam e ao que eu saiba nenhuma reclama por não saber a quem. Esse
quem será que existe?”.
5/9

Mergulhando no mundo da autora Clarice Lispector, nascida em 10/12/1920, natural da


Tchetchelnik – Ucrânia, posteriormente naturalizada brasileira e falecida em 09/12/1977, nós podemos
compreendemos que o mundo da autora é serve de modelo para o mundo das suas obras. Com
dificuldades a família de Clarice emigra para o Brasil, e aqui ainda enfrenta dificuldades financeiras, a
morte da mãe aos nove anos de idade. Com alguns anos no Brasil, as condições da família se
estabilizam e eles mudam de Maceió para o Rio de Janeiro. Nesta época, a escritora já germinava na
jovem Clarice. Embora, uma moça comum como qualquer outra no Rio de Janeiro, Clarice despertava
uma inquietação e uma sede insaciável por conhecimento e voz. Por aprender algo que viesse a superar
sua condição de mulher numa sociedade virilmente machista.
Neste aspecto, podemos encontrar na personagem Loreley conhecida na obra como Lóri, o
espelho pelo qual a Clarice Lispector se via e ouçamos dizer, avistava outras mulheres de força e muita
vontade na qual pudesse lhe inspirar. Como nos apresenta na introdução da obra “Uma aprendizagem
ou o livro dos prazeres” (1969):
Como um quadro cujas linhas mestras o recortassem do grande mistério que
tudo contém, este livro que se pediu uma liberdade maior, é a narrativa de uma
iniciação e um extraordinário hino ao amor. Lóri, a mulher, faz uma longa
viagem ao mais profundo de si mesma e chega à consciência total de ser.

Podemos analisar a referência que Clarice faz “hino ao amor”, pela buscar interminável do
homem pela felicidade e o amor. Muito embora, o conceito de amor venha talhado de um aspecto
inovador e surpreendente. Desmitifica o conhecimento leigo dos seus leitores sobre o amor e o gênero
literário romance. O hino de amor entoado e vivido pelos personagens Lóri e Ulisses se assemelha a
uma falsa bem dançada.
A ficção de Clarice Lispector, segundo Benedito Nunes, passou por três distintas fases de
recepção. A primeira foi marcada pela publicação do romance Perto do Coração Selvagem (1944) que
para Nunes teria sido conhecida apenas entre críticos e escritores. A segunda, que foi marcada pela
publicação de Laços de Família, que conquistou o público universitário e fez com que surgisse o
interesse por outros livros da autora, dentre outras obras que eles interessarão foram as: A Cidade
Sitiada (1948), e Maçã no Escuro (1961). A terceira fase iniciou a partir da morte da autora, logo
depois do estranhamento causado pela Paixão Segundo G.H (1964), tendo como produções dessa fase,
Um sopro de vida (1978) e A Hora da Estrela (1977), obra a ser analisada neste projeto. Para Nunes,
estes dois últimos romances vão suscitar uma reflexão sobre toda a produção de Clarice Lispector.
Benedito Nunes em seu artigo Os destroços da introspecção afirmam que:
Na ficção de Clarice Lispector, como demonstram A Hora da Estrela e Um
Sopro de Vida, a perspectiva da introspecção, comum a novelística
moderna, em vez de construir um foco fixo, detido na exploração de
momentos de vida, oferecerá o conduto para a problematização das
6/9

formas narrativas tradicionais em geral e da posição do próprio narrador em


suas relações e a realidade, por meio de um jogo de identidade da ficcionista
consigo mesma e com suas personagens – jogo que fora aguçado, até o
paroxismo, em A Paixão Segundo G.H. (NUNES, Benedito. Destroços da
introspecção. In: ZILBERMAN, Regina et al. Clarice Lispector: a narração do
indizível, 1998, pág.36)

O livro A hora da estrela, pertencente à terceira fase, seguindo a classificação abordada por
Benedito Nunes, é classificado pela própria escritora, segundo Rosana Rodrigues da Silva, em seu
trabalho, A linguagem literária em “A hora da estrela”, de Clarice Lispector, como uma novela.
Novela segundo o conceito de Aguiar e Silva corresponde a uma narrativa curta sem estrutura
complicada, com um número pequeno de conflitos e de personagens e com uma rápida passagem do
tempo. Ao ler a obra podemos perceber que ela não se coincide tão perfeitamente nas características
próprias da novela, o que a faz ser considerada majoritariamente como um romance. Vale também
ressaltar, que a classificação de uma obra perfeitamente dentro de um gênero literário torna-se difícil,
pois num mundo em que as produções literárias tendem a ser cada vez mais inovadoras e diferentes e
se afastar desse modelo pregado pelas teorias literárias de construção narrativa. Novos elementos
discursivos e textuais vão sendo inseridos nas narrativas que vão se aprimorando e ficando cada vez
mais complexas para se reduzirem aos moldes de modelos de gêneros textuais, como as obras de
Clarice Lispector.
Aprofundando no mundo da obra, reconhecemos o cenário, os personagens e as situações como
comuns ao nosso cotidiano e a pessoas a nossa volta. Neste ponto do nosso estudo também já estamos
com um pé no mundo do leitor. Muito embora, os leitores são heterogêneos, como gosto diferente e
podem apresentar várias idéias e avaliações diferentes sobre a mesma obra, o autor, se centra em
escrever para um determinado público levando em consideração as situações e circunstâncias
semelhantes a maioria. E na realização da obra no leitor ocorre a identificação do que já vivemos ou
gostaríamos de viver, o que já que alguém próximo ou conhecimento já viveu ou algo que
simplesmente nos surpreende.
A introspecção que encontramos tão presente e viva nas obras clarecianas fora objeto de
estudos na Psicologia, antes mesmo de ser marca na Literatura, aqui de modo particular, na Literatura
de Clarice Lispector. Com Wundt, filósofo, médico, professor e psicólogo alemão do séc. XIX a
introspecção é considerada como a abordagem primordial de pesquisa na psicologia científica, uma
vez que, “nossa mente não é nada mais que a totalidade de nossas experiências internas, ou seja, nossa
ideação, afetividade e volição reunidas em uma unidade na consciência.” (WUNDT,1912 apud
PEREIRA, 2008, p. 9). Para ele, a percepção sobre o homem a partir da psicologia provém da
experiência interna. Tornando-se bem evidente que no método introspectivo da psicologia o propósito
7/9

de estudo é o próprio homem. Tal processo constituir-se em proporcionar ao indivíduo uma


observação retrospectiva do seu eu/interior, revendo conceitos, valores, sensações e pensamentos,
sendo assim, chamado de introspecção controlada. Ou melhor, é uma observação individual da
consciência que tem por finalidade proporcionar ao indivíduo um autoconhecimento.

OBJETIVO:

Objetivo geral:

 Evidenciar o envolvimento da escritora em suas obras.


 Verificar a introspecção psicológica dos seus principais personagens.

Objetivos específicos:
 O objetivo central deste trabalho é revelar o mundo introspectivo de Clarice Lispector e o
processo de produção de destaque e alta complexidade que esta escritora peculiar da Literatura
Brasileira apresenta.
 E nas entrelinhas do nosso trabalho, explorar os circuitos que ligam os agentes da tríade de
Autor, obra e leitor, com o intuído de compreendermos como Clarice lança mão da
subjetividade poética associada à introspecção psicológica.
 E de complexo, ainda consegue complementar seu processo de escrita emergindo obras com
demasiada beleza e grandiosidade.

METODOLOGIA
Para a elaboração desse pré-projeto, inicialmente lê as obras abordada no mesmo, com várias
buscas de pesquisas sobre a introspecção psicológica, a complexidade das obras de Clarice Lispector.
Busca de materiais na para poder compreender melhor sobre o assunto. Realizando pesquisa na
biblioteca da UEG onde tem vários livros da autora.
8/9

CRONOGRAMA
Ano 2021 2022
Fases/meses Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Levantamento x
bibliográfico
Análise e revisão do x x x x x
material
Leituras e fichamentos x x x x x
Introdução e x x x x
Considerações Finais
Revisão x x
Apresentação pública x
Entrega da redação final x

REFENRÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRANCO, Lúcia Castelo. O que é escrita feminina. São Paulo, 1991.

COSTA , Luiz Lima. O estranho começo de Clarice Lispector. In Ficções . Rio de Janeiro: Sette
Letras, Abril 1998, Ano I, número 1. p. 114 - 117

CANDIDO, Antônio. Uma tentativa de renovação. In: Brigada ligeira e outros escritos. São Paulo:
Editora da Universidade Estadual Paulista, 1922. (Biblioteca Básica). p. 93 - 102.

http://mi-indizivel.blogspot.com.br/2006/10/o-mundo-introspectivo-de-clarice.html. Acesso em 12 de
novembro de 2016 às 16h02min.

LINS, Álvaro. “A experiência incompleta Clarice Lispector”. In: Jornal de Crítica. Fev. 1944p

LISPECTOR, Clarice (1944). Perto do coração selvagem: Romance – Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

________(1973). Água Viva. Rio de Janeiro: Artenova.

________(2004). Aprendendo a viver. Rio de Janeiro: Editora Rocco.

________(1984). A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

________(1964). A paixão segundo G.H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.


9/9

Leia mais em: http://www.webartigos.com/artigos/a-introspeccao-psicologica-de-clarice-lispector-em-


perto-do-coracao-selvagem/133797/#ixzz4J0xFPGJT

LISPECTOR, Clarice. Entrevistas – Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Rocco, 2007, p. 46.

LISPECTOR, Clarice. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

KANAAN, Dany Al-Bahy, Da ‘estética da dor’ à ‘estética da existência’: à escuta de Clarice


Lispector. Ângulo 111, out./dez., 2007, p. 34-47

IANNACE, Ricardo.(2001) - A leitora Clarice Lispector – Ed. Da Universidade de São Paulo.


(Ensaios de cultura : 18). In: http://books.google.com.br acesso em 12 de novembro de 2016 às
16h02min.

NUNES, Benedito. O drama da linguagem: uma leitura de Clarice Lispetor. São Paulo: Ática,
1989.

SILVA, Rosana Rodrigues da. A linguagem literária em “A hora da estrela” de Clarice


Lispector.Disponívelem:<www.firb.br.interatividade,edicao1,private:Ahoradaestrela.htm> Acesso em:
11 de novembro de 2016.

PEREIRA, Thiago Constâncio Ribeiro. O conceito de mente em Whilhelm Wundt. Psicologia em


pesquisa, UFJF. V. 2 n.1 Juiz de Fora, Janeiro – Junho de 2008.

WALDMAN, Berta. Clarice Lispector. São Paulo: Brasiliense, 1983.

Você também pode gostar