Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
—
ANO XIII VOL XXIV DEZEMBRO^ 1944 N.° 6
INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL
CRIADO PELO DECRETO N.» 22.789, DE 1.» DE JUNHO DE 1933
Expediente : de 12 às 18 horas
Aos sábados : de 9 às 12 horas
COMISSÃO EXECUTIVA
A. J. Barbosa Lima Sobrinho, Presidente —
Delegado do Banco do Brasil
Alberto de Andrade Queiroz —
Delegado do Ministério da Fazenda
Alvaro Simões Lopes —
Delegado do Ministério da Agricultura
José de Castro Azevedo —
Delegado do Ministério da Viaçào
Otávio Milanez —Delegado do Ministério do Trabalho
Alfredo de Maya (
SUPLENTES
Arnaldo Pereira de Oliveira /
BRASIL AÇUCAREIRO
ORGAO OFICIAL DO INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL
AGENTES
OTÁVIO DE MORAIS — Rua da Alfândega, 35 — Recife — Pernambuco
HEITOR PORTO & C* - Caixa Postal, 235 - Porto Alegre - Rio Grande do Sul
SUMÁRIO
DEZEMBRO — 1944
POLITICA AÇUCAREIRA 3
DIVERSAS NOTAS — 1* Turma de Julgamento — Estimativa da safra
1944/45 — Instalação de uma usina em Morretes — O caso da Usina
Junqueira 6
HOMENAGENS AO PRESIDENTE DA REPUBLICA 8
NOVA ETAPA DA POLITICA SOCIAL DO I A. A. 14
UMA FASE DA EXECUÇÃO DO ESTATUTO DA LAVOURA CANAVIEI-
RA — Dalmirò Almeida 16
ELABORAÇÃO DE MELAÇOS 20
REEQUIP AMENTO DA INDUSTRIA AÇUCAREIRA 22
RESOLUÇÕES DA COMISSÃO EXECUTIVA DO I A. A 28
ATAS DA COMISSÃO EXECUTIVA DO I A. A 82
ATOS DO PRESIDENTE DO I.A.A 86
DECISÕES ADMINISTRATIVAS 92
A SITUAÇÃO AÇUCAREIRA MUNDIAL 94
O CONTROLE DO AÇÚCAR NO APOS-GUERRA 96
CRÓNICA AÇUCAREIRA INTERNACIONAL 97
DISTILARIA DOS PRODUTORES DE PERNAMBUCO 99
O AÇÚCAR NOS PRIMÓRDIOS DO BRASIL COLONIAL — Basilio de Ma-
galhães . V 100
OS FAZENDEIROS DE CAMPOS NO SÉCULO PASSADO — Alberto La-
mego 103
PESQUISAS SOBRE HISTORIA AÇUCAREIRA NOS ESTADOS UNIDOS
— José Honório Rodrigues 106
AZEREDO COUTINHO — Sergio Buarque de Holanda 111
O AÇÚCAR ATRAVÉS DO PERIÓDICO "O AUXILIADOR DA INDUS-
TRIA NACIONAL" — Jerônimo de Viveiros 116
HISTORIA DO AÇÚCAR NA PARAÍBA — Ademar Vidal 118
TRANSFUSÕES DE SANGUE À BASE DE AÇÚCAR 126
O PRIMEIRO ENGENHO DE ACUCAR DO BRASIL -. Miguel Costa Filho 127
"BRASIL AÇUCAREIRO" 131
VÁRZEAS CARIOCAS DE CANA — Afonso Várzea
.
132
FOLKLORE DO AÇÚCAR — Joaquim Ribeiro 136
NOTAS SOBRE O VELHO CANUTO — Sodré Viana 140
A ASSISTÊNCIA MEDICO-SOCIAL NAS ZONAS CANA VIEIRAS DO BRA-
SIL — Vasconcelos Torres r 141
TEOR DE FIBRAS DE DIFERENTES VARIEDADES 142
3° CAMPEONATO DOS CORTADORES DE CANA DE PIRACICABA. . . . 144
EFEITOS DA SECA SOBRE OS RENDIMENTOS DA CANA DE AÇÚCAR 145
."GEOGRAFIA DO AÇÚCAR" 145
SUCEDÂNEOS E SUBSTITUTOS DO AÇÚCAR DE CANA — Celso Filho 146
PROCESSOS DE CARBOSULFITAÇÃO ISl
QUADROS DA SEÇÃO DE ESTATÍSTICA DO I.A.A 152
BIBLIOGRAFIA 156
COMENTÁRIOS DA IMPRENSA 157
BALANCETE E ORÇAMENTO DO I.A.A 158
RELATÓRIO DA COOPERATIVA DOS USINEIROS DE PERNAMBUCO.. 161
RELATÓRIO DA COOPERATIVA CENTRAL DOS BANGUEZEIROS E
FORNECEDORES DE CANA DE PERNAMBUCO 171
COOPERATIVA DOS USINEIROS DE PERNAMBUCO 174
RELATÓRIO DA DISTILARIA DOS PRODUTORES DE PERNAMBUCO. 179
índice ALFABÉTICO E REMISSIVO, POR ASSUNTOS, PAÍSES E AU-
TORES 185
BRASIL AÇUCAREIRO
órgão oficial do
INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL
ANO XIII — VOL. XXIV DEZEMBRO — 1944 N.° 6
POLITICA AÇUCAREIRA
A legislação açucareira, que já forma um vés de convenções e instruções, a situação dos
conjunto de mais de cem diplomas, foi, em lavradores ou colonos em causa.
19 de outubro último, acrescida com um im- E' êsse, pois, o intuito primordial do De-
portante Decreto-lei, de n° 6.969, do qual se creto-lei n.° 6.969, que, além disso, dispõe
pode dizer que prossegue, reforça e esclarece sobre a assistência técnico-agrológica, assis-
o Estatuto da Lavoura Canavieira. tência médico-social, financiamento dos colo-
Dêste já se disse, em relatório da Câmara nos-fornecedores, pagamento das canas e ren-
de Reajustamento Económico, que inicia a re- da das terras, e, finalmente, define e regula
forma agrária no Brasil. Em verdade, tôda a situação dos trabalhadores rurais, que con-
aquela legislação, inclusive êstes dois Decre- tinuam garantidos pelas leis trabalhistas e
tos-leis,o que baixou o referido Estatuto e o são agora favorecidos pela criação de contra-
recente, que dispõe sobre os fornecedores de tos-tipos.
cana que lavram terra alheia, não tem a in- A concede ao I.A.A a faculdade de
lei
tenção de animar discórdias. Não as ani- impor penas aos que se opuserem à sua exe-
ma, a essas quase cento e vinte leis, ao cução, sem o que seria inócua, inoperante,
contrário do que se assoalhou em certos mas, por outro lado, autoriza deduções no
meios interessados, nenhum prurido, nenhu- preço das canas fornecidas, dentro dos tabe-
ma tendência, nenhuma doutrina revolucio- lamentos em vigor, nos casos que discrimi-
nário. na, que são os de aluguel da terra, alu-
O que, em verdade, visa é evitar transfor- guel da moradia, assistência técnico-agrí-
mações bruscas, violentas, processos extrema- cola, assistência médico-social, aluguel de
dos, choques difíceis de serem pacificados. animais, véículos e instrumentos de tra-
No caso vertente do Decreto-lei n.° 6.969, balho e por serviços específicos na lavoura,
de 19 de outubro de 1944, o que se tem em tudo isso visando, evidentemente, numa polí-
vista particularmente é acabar com a situa-^ tica de equilíbrio de interêsses, defender o
ção especial, singular, injusta, que se criou patrimônio das usinas e tornar os lavradores
para os chamados ^qlonos^ colocados na prá- ou colonos cooperadores na própria obra de
tica à margem dos^enêíícios do Estatuto, assistência que os beneficia, aos trabalhado-
graças a uma discriminação sem fundamentos res e à técnica da agricultura canavieira.
jurídicos porque, em verdade, quando efeti-
vam a exploração agrícola da cana de açú-
* *
car em terras pertencentes às usinas ou a ter-
ceiros, sob o regime da coparticipação ou'
parceria, são perfeitos fornecedores, enqua- Em sessão ordinária realizada pela Co-
drados, portanto, no estatuído pelo parágra- missão Executiva do Instituto do Açúcar e
fo 1.° do artigo 1° do Decreto-lei de n.^ 3.855, do Álcool, em 25 de outubro último, o Sr.
de 21 de novembro de 1941. Barbosa Lima Sobrinho, Presidente desta au-
Dadas, porém, as resistências encontradas, tarquia, historiou a elaboração do Decreto-
a franca oposição com que se fêz frente à efe- lei n.° 6.969, de 19 do corrente mês.
tivação de alguns dispositivos do Estatuto da Em fevereiro dêste ano, o Sr. Ministro do
Lavoura Canavieira, fazia-se mister um diplo- Trabalho, Indústria e Comércio remeteu ao
ma legal que facultasse ao Instituto do Açú- Sr. Presidente da Repúbhca uma exposição
car e do Álcool os meios para regular, atra- de motivos, em que, para atender e resolver
D^UL
1
'
606
DIVERSAS NOTAS
1.» TURMA DE JULGAMENTO Limites fixados para a safra 16.823.024 ses.
Saldo líquido do limite 210.496 ses.
sessão realizada a 9 de novembro úl-
Na
timo, pela Comissão Executiva do I.A.A., o Saldos parciais . . 597.461 ses.
"
Sr. Barbosa Lima Sobrinho, fazendo referên- Excessos parciais . 386.965
cia ao assunto da constituição das turmas de
julgamento, cuja urgência é evidente, pro- Saldo líquido do limite .... 210.496 ses.
pôs a nomeação dos seguintes membros da
Comissão Executiva, para a constituição da ÁLCOOL COMUM
1.^ Turma: Srs. José. de Castro Azevedo, De-
legado do Ministério da Viação; Antônio Cor- Produzido 23.007.717 Its.
"
rêa Meyer, Representante dos Usineiros, e A produzir 57.720.607
Cassiano Pinheiro Maciel, Representante dos
.
ea7
608
Executiva do I.A.A. e vice presidente da Fe- atingir o seu elevado desígnio, pelo menos, pude-
deração dos Plantadores de Cana do Brasil; Do- mos dizer que é sincera e reflete a gratidão imor-
mingos Guideti, advogado da Associação dos For- redoura de todos os membros desta Associação ao
necedores de Cana; Manuel Moreira, presidente da benemérito Sr. Getúlio Vargas.
Associação; Nilo de Areia Leão, delegado regional O Chefe da Nação, no seu afã de valorizar o
do I.A.A. representando o Presidente do Ins-
,
trabalho de desenvolver a produção e aumentar
tituto, Sr. Barbosa Lima Sobrinho; Tenente Abílio a riqueza, tem feito uma obra digna de todos os
M. Almeida, chefe do Recrutamento Militar da tempos, principalmente no campo da indústria do
Região; Srs. Monteiro Filho, procurador regional açúcar, quando promulgou o Estatuto da Lavoura
do I.A.A. ; Sebastião Armelin; prof. J. Car- Canavieira, que regulou, os interêsses de lavra-
se esta Associação ao Chefe do Govêrno de- "A Assembléia Geral das Associações dos
clarando-lhe a solidariedade da classe de Per- Plantadores de Cana de Alagoas, tomando
nambuco aos judiciosos têrmos do documen- conhecimento da representação dirigida por
to em aprêço, bem como aplaudir a conduta essa Federação, ao Sr. Presidente da Repúbli-
enérgica e destemerosa do I.A.A., e também ca contra a Usina Junqueira, vem trazer-vos
a zelosa orientação da Federação dos Planta- seu inteiro apoio à atitude firme, zêlo e efi-
dores de Cana do Brasil, não descurando dos ciência com que tendes sabido representar os
mínimos interêsses dos lavradores brasilei- interêsses dos fornecedores de todo o Brasil.
ros. Igualmente deliberou a Assembléia tele- Estamos certos ainda esta vez que nossa clas-
grafar aos companheiros de Igrapava hipote- se sairá vencedora da luta contra a plutucra-
cando-lhes inteira solidariedade e outrossim cia reacionária, cabendo-vos decisiva parte
cientificar à Usina provocadora do caso o nos esforços que determinarão a vitória.
nosso protesto. Saudações Cordiais. —
Neto Aguardamos vossa ação coordenadora que
Campelo Júnior." doutras vêzes tanto tem feito e determinará
a conduta para que já nos consideramos mo-
bilizados. Saudações cordiais. — Mário Gomes
— Presidente".
dores e usineiros, em bases sólidas de justiça, se- de Capivari e os lavradores de cana dêste muni-
gurança recíproca e compreensão. E como a agri- cípio e dos de Pòrto Feliz, Piracicaba e S. Bár-
cultura é ainda a nossa principal fonte de engran- bara, neste momento trazem a público o seu re-
decimento, era mister proteger, ajudar e estimular conhecimento e gratidão perenes, agradecimento
o nosso homem do campo, fixando-o à terra, pela êsse extensivo à Federação dos Plantadores de
sua valorização como elemento humano, como cé- Cana do Brasil que, conjuntamente com o bri-
lula básica de tôda uma portentosa fonte de renda lhante paladino da opinião pública, o "Correio da
e de progresso, Manhã", do Rio, vem desenvolvendo um progra-
E contra os acenos dos salários gordos e do ma inteligente de melhoria de vida do lavrador
conforto que hoje oferecem as cidades ao braço de cana no nosso país.
trabalhador, era preciso que o govêrno lhes opu- E esta Associação, acompanhando tão altos va-
sesse, não só a habitação sadia e a instrução, como lores, tem procurado, da melhor maneira possível,
também e principalmente, a remuneração com- colimar os seus fins que são a defesa dos interes-
pensadora do lavrador, com tôdas as garantias da ses da classe e o patrocínio de suas justas aspira-
segurança e es- ções, sempre
tabilidade no dentro do es-
exercício de pírito de har-
sua atividade. monia, de co-
O Decreto- operação e co-
lei n. 6.969, laboração com
que em boa os elementos
hora veio im- da produção,
pedir o êxodo para que esta
iminente para não sofra, por
a cidade do ho- parte dos la-
mem dos ca- vradores, a
além
naviais, menor inter-
de ser uma rupção ou di-
aas leis com- minuição. O
plementares do lema da Asso-
Estatuto da ciação tem si-
Lavoura Ca- do: a produ-
navieira é ção acima de
também um tudo, mas, é
dos mais imn claro, dentro
portantes ele- de um equilí-
mentos dêsse brio de conces-
grande movi- s õ e srecípro-
mento de am- cas, equitati-
paro e prote- vas e sensatas.
ção ao traba- A Associa-
lhador rural, ção dos Forne-
objetivando o cedores de Ca-
seu bem estar na de Capiva-
inte le c t u a 1, ri tem o pro-
moral e mate- pósito de man-
rial. ter sempre a
orientação até
Se o Sr. Ge-
agora seguida,
túlio Vargas
gas merece os
de defender e
apoiar os di-
nossos aplau- O Sr. João Soares Palmeira, lendo o seu discurso reitos e justas
sos pela sua
pretensões dos
clarividência,
nao lavradores de cana desta zona, evitando, entre-
independência de ação e espírito de justiça,
dos tanto, sempre que embaraços à produ-
menos elogiável é a sua sabedoria na escolha possível,
seus auxiliares, no desempenho das funções ad- ção ou atritos com as usinas, esperando encontrar
ministrativas e, no que se refere à legislação do outro lado boa vontade para se dirimirem, numa
canavieira, nunca seria demais encarecer a atua- atmosfera de cordialidade, as controvérsias que
cão incansável, intemerata e desprendida dos possam surgir.
Srs. Barbosa Luna Sobrinho, DD. Presidente Na ação de proteção aos seus associados e for-
do I.A.A. e Vicente Chermont de Miranda, necedores de cana desta zona, é plano desta Asso-
M. D. Procurador Geral do Instituto do Açú- ciação organizar aqui, o ano que vem, uma co-
car e do Sr; Cassiano Pinheiro Maciel, intré- operativa central que fornecerá, aos elementos da
pido representante dos fornecedores de cana classe, adubos, ingredientes, utensílios e máqui-
de São Paulo na Comissão Executiva do I.A.A., nas agrícolas, financiamentos de safra etc, bem
aos quais a Associação dos Fornecedores de Cana como, aproveitando os favores legais e a vontade
do Exmo. Sr. Presidente da República em favore- pelo trabalho e produção que tanto a valorizam.
cer o trabalho, esta Associação pretende no início Agora, acaba de lhes ser assegurada, dentro de
da safra 45-46, fundar, em Capivari, um hospital uma nova orientação, estabilidade e bem estar,
central dos fornecedores de cana desta zona, com considerando-os como fatores decisivos do pro-
maternidade etc, para o qual, já na nossa pró- gresso e desenvolvimento da indústria açucareira.
xima ida ao Rio para agradecer ao eminente Pre- Com a assistência técnica estabelecida no recente
sidente, pediremos o auxílio do govêrno federal. Decreto-lei, a capacidade de produção de cada um
Estamos certos de que a Federação dos Plantadores aumentará, refletindo de maneira favorável tanto
de Cana do Brasil e o Instituto do Açúcar e do Ál- para o lavrador como para o industrial.
cool, secundarão o esforço e a ajuda financeira dos São Paulo possui ótimas condições naturais:
lavradores de cana desta zona. A emprêsa é grande terras ricas, clima ameno, topografia favorável.
mas é nobre, com paciência e trabalho, esperamos Assim, a sua indústria poderá, como em poucos
vê-la realizada. Estados, remunerar bem os seus colonos e traba-
Meus senhores. Finalizando estas breves pa- lhadores rurais.
lavras, em no- Por outro la-
me do Sr. Ma- do, a assistên-
nuel Moreira, cia social virá
Presidente, e concorrer para
dos d e án a i s elevar as con-
membros dições de vida
d a Diretoria do lavrador,
.da Associação aumentando-
dos Fornece- Ihe a produti-
dores de Cana vidade e asse-
dc Capivari, gurando-lhe e
agradecemos o aos de sua fa-
comparecimen- mília os ele-
to dos presen- mentos indis-
tes a esta ho- pensáveis a
menagem a o uma existên-
Exmo. Sr. Pre- cia física e mo-
sidente da Re- rahnente sadia.
pública, e a to- Como vêem
dos quantos, de os senhores, o
qualquer mo- propósito do
do, contribuí- Sr. Presidente
r a mp ar a o Getúlio Vargas
bom êxito des- é proporcionar
ta festividade". aos lavradores
Emseguida, de cana meios
o Sr. João Soa- dé indepen-
res Palmeira, dência econó-
Secretário d a mica e bem
es-
Federação dos tar social, sem
Plantadores de os quais se
Cana do Bra- torna imnossí-
sil e repre- vel o trabalho
sentante da eficiente e
Comissão Exe- tranqiiilo. E
cutiva do Ins- essa 'proteção
tituto do Açú- do Estado veio
car e do Ál- Flagrante tomado quando falava o Prefeito de Capivari amparar uma
cool, (pronun- já or-
classe
ciou a seguinte oração : ganizada em entidades representativas: as Asso-
"Meus senhores. ciações de Fornecedores de Igarapava, São Paulo,
Não é um discurso que venho fazer. E', sim, Piracicaba e Santa Bárbara. Êste foi, aliás, o pri-
uma conversa para homens simples, que se dedi- meiro passo para a conquista das justas aspira-
cam devotadamente ao trabalho da terra. Como ções da classe. Sòmente pela união e solidarieda-
homem também ligado à terra, sinto-me bem nes- de é que a nossa classe poderá alcançar as suas le-
te meio e bendigo o motivo que me trouxe aqui, gítimas reivindicações. E' indispensável sobretu-
para associar-me a estas manifestações de alegria, do que sejam criadas condições favoráveis ao tra-
dêste sadio contentamento dos lavradores de cana, balho rural, afim de evitar o grave problema de
por sentirem que o govêrno os amparou e se pro- despovoamento do solo, que, neste momento, amea-
põe a dar-lhes assistência. A
garantia de conti- ça sèriamente a estrutura da economia agrícola
nuidade no cultivo da terra, representa tudo para nacional. Para tanto, se faz preciso despertar o in-
os lavradores, a ela definitivamente arraigados terêsse das novas gerações de homens da lavoura,
mediante uma educação adequada que melhor os que sem dúvida visa assegurar-lhes estabilidade
identifique ao meio agrário. Uma das medidas es- e justa remuneração para seu trabalho, elemen-
peciais e complementares a êste plano de prote- tos essenciais ao perfeito equilíbrio da ordem eco-
ção legal ao lavrador já vem sendo posta em prá- nómica e social. Como defensor que sempre fui
tica pelo Instituto do Açúcar e do Álcool, em ou- de melhores condições para o trabalho dos colo-
tras regiões do país, dando-lhe financiamento a nos da lavoura de cana, sinto-me satisfeito e me
juros baixos e em proporções capazes de facilitar associo ao justificado contentamento que reina no
0 trabalho agrícola. Somente pela cooperação será seio desta classe, que tanto tem contribuído para a
possível ao pequeno produtor a sua sobrevivência expansão da indústria açucareira de nosso Estado.
em face das inúmeras dificuldades do momento De outro lado, a medida deve ter sido recebida com
presente. Com o cooperativismo poderão também restrições nos meios industriais, pois é forçoso re-
os pequenos lavradores mecanizar suas lavouras conhecer que ela trará sensível repercussão na eco-
e reduzir sensivelmente o custo de produção, asse- nomia das usinas, principalmente daquelas que
gurando-lhes uma remuneração mais satisfatória, têm no colonato a base de sua exploração agríco-
como "elementp de autonomia e dignidade", na fe- la. Mas tem sincera convicção de que as conces-
1 i z expressão sões ora feitas
do Sr. Barbo- '
\ ; .
.
,
-
...... .... não são d e
sa Lima So- molde a aba-
brinho. lar a situação
A
Federação de notória
dos Plantado- prosperidade a
res de Cana do que chegou a
Brasil vem, indústria açu-
congratulando- c a r e i r a do
secom os lavra- país, assegu-
dores par.listas rada por atos
pelo espírito dogovêrno,
de solidarieda- que importa-
de demonstra- r a m também
do, tr'azer-lhe e m •
restrições
a sua palavra que af etaram
de estímulo, tôda a coieti-
para que pros- vidade brasi-
sigam sempre leira. A lei
com o mesmo tem um senti-
sentimento de d o profunda-
unidade Iq u e mente humano
tem mantido e reflete a ten-
indissoluvel- dência, hoje
.mente os plan- universal, d e
tadores de ca- se garantir ao
na de todas as trabalho do
regi õe s do produtor u m
país." índice de se-
Falou a se- gurança e esta-
guir o Sr. Cas-
bilidade, com-
siano Pinheiro
patíveis com
ais necessidar
Maciel, repre-
sentante dos des mínimas e
Fornecedores com o estágio
de civilização
de Cana de Grupo de agricultores que participaram das mánifestaçõej
de São Paulo, a que
chega-
na Comissão ram povos
os
Executiva do I.A.A., e vice-presidente da Fe- mais cultos. Ela traz em si mesma o conteúdo
deração dos Plantadores de Cana do Brasil, que das liberdades básicas que devem ser assegu-
pronunciou o seguinte discurso: radas a todos os homens e proclamadas ao mun-
—
"Sinto-me feliz por compartilhar da ale- do pelo insigne líder democrático Franklin Ro-
gria e do contentamento dos lavradores de cana da osevelt, que mais uma vez recebeu a consagra-
região pelas medidas de amparo que foram ul- ção do grande povo americano. E estas liber-
timamente baixadas pelo govêrno federal. O re- dades básicas correspondem ao direito que assis-
cente Decreto-lei, regulando as relações entre usi- te a todos de viverem à margem das provações
neiros e seus lavradores de cana, geralmente deno- e das privações, da intranquilidade do que pode
minados colonos, em São Paulo, teve por certo a reservar o futuro e sobretudo com a garantia
mais ampla repercussão em nossos meios cana- de que, quaisquer que sejam as vicissitudes da
veiros. Os lavradores devem sentir-se jubilosos vida, todos terão pelo menos a certeza de uma exis-
com as normas baixadas com o ato governamental, tência digna e livre, livre sobretudo da angústia
612
e da ansiedade que penetra o coração humano, que hoje se realizam neste município, saúdo os
quando nêle reina a incerteza e a insegurança de altos poderes administrativos da Nação, no 7.°
seu destino Quando encarada por êste prisma, pos-
. aniversário do Estado Nacional, que, em laoa hora
tos de lado os interêsses que se acham em jogo, e num gesto de sadio patriotismo, foi promulga-
creio que todos compreenderão o sentido da re- do pelo eminente Presidente Vargas. O objetivo
cente lei e reconhecerão que ela traduz, inequivo- renovador com que S. Ex.^ moldou e vem nor-
camente, um ato de justiça. Os próprios usinei- teando os novos rumos da economia brasileira, se
ros, aos quais tocam diretamente seus efeitos, ho- efetiva, graças à compreensão inteligente dos que
mens na generalidade cultos e de sentimentos ele- desenvolvem as suas atividade, dentro dos moder-
vados, certamente não ficarão insensíveis ao seu nos métodos de produção, sob as normas sociais de
verdadeiro significado. A boa vontade e compre- assistência àqueles que lhes emprestam com de-
ensão são sempre construtivas. Que as medidas dicação os seus esforços físicos e morais, Acerque-
destinadas a assegurar um índice de vida mais ele- mo-nos do nosso grande Presidente. Confiemos
vado à numerosa classe dos lavradores de cana, nos grandes destinos de nossa pátria, entregue a
constituam um poderoso estímulo para que redo- um timoneiro seguro e experimentado. Suas de-
brem os seus esforços, em trabalho útil, proveito- terminações são firmes, resolutas, possuidoras de
so e discipli- clarividência
nado, para o incorvt e|s t e.
maior engran- Aceitemo-las,
decimento 'da como até aqui
nossa terra". sem discrepân-
Encerrando cia, com o que
zeram uso da palavra os Srs. Domingos Guideti, de permitir a vida de nossa classe. Os Fornecedo-
como advogado da Associação dos Fornecedores res de Cana de Alagoas, embora desalentados
de Cana de Capivari, João Vizioli, pelos represen- pelos ruinosos resultados da última safra, não
tantés de Piracicaba, o jornalista Antônio D'Ân- cometem a injustiça de negar que o Instituto tem
gelo, redator de "A Noite" de São Paulo e, por permanentemente procurado criar condições fa-
último, encerrando a solenidade, depois de profe- voráveis aos plantadores de cana, que precisam
rir uma saudação aos visitantes, os Srs. Duilio Da- continuar lutando unidos contra aquêles que pro-
ti, Mário Bernardino de Campos, que, num im- curam sabotar a obra do Instituto, bem assim to-
proviso feliz, agradeceu a presença de todos e os das as conquistas da classe. A batalha dos forne-
aplausos dispensados aos oradores que abrilhanta- cedores de Igarapava não é só dêles, mas do pró-
ram com suas palavras as comemorações festivas prio Instituto, e nossa classe vê na Usina Junquei-
realizadas em Raffard. ra o símbolo da reação contra a qual todos esta-
remos mobilizados. Atenciosas saudações, Má- —
TELEGRAMAS rio Gomes, Presidente."
Açúcar e do Álcool, não consentirá que o egoísmo car Rabelo Tavares, advogado Delson Merca-
.
de y meia dúzia de plutocratas se sobreponha ao dante Balbi, advogado Gilberto Ribeiro de Siquei-
.
"
"Álcool Absoluto
O Sr. Presidente do Instituto do Açúcar e do
Álcool recebeu os seguintes telegramas:
Falando à reportagem da Agência Nacional, E' preciso, disse eu então, livrar o homem do
em São Paulo, o Sr. João Soares Palmeira, Repre- campo do paludismo, das verminoses, da sífilis, da
sèntante dos fornecedores na Comissão Executiva bouba, etc, inicialmente, com a distribuição de
do I.A.A., fêz em meados de outubro último, as remédios por intermédio dos proprietários. Tam-
seguintes declarações: bém êstes podem cooperar na campanha fazendo
esforços no sentido de dar uma habitação melhor
"Dirijo-me a Raffard, grande centro cana- ao trabalhador ~e voltando a facilitar-lhe o plan-
vieiro dêste Estado, onde terão lugar várias sole- tio de roças e sítios, uma vez assegurada uma nor-
nidades das quais participarão produtores dos mu- ma diferente à solução dos litígios entre proprietá-
nicípios vizinhos e os mais destacados usineiros de , rios e trabalhadores Também pelo aproveita-
.
São Paulo. Os lavradores de cana sentem-se pro- mento de máquinas agrícolas, pela racionalização
fundamente reconhecidos às medidas de amparo das culturas, de modo que pudessem dar mais
e assistência que lhes foram asseguradas pelo re- tempo ao trabalhador para cuidar da produção de
cente Decreto-lei e querem agora manifestar sua géneros alimentícios para o sustento próprio. E
gratidão ao Presidente Getúlio Vargas. Esta a acrescentava: para a solução do problema da ha-
razão de ser das solenidades que contarão com a bitação, poderia ser pleiteado um empréstimo a
presença de elementos da classe de usineiros, os prazo longo para a construção de casas higiénicas,
quais, num gesto simpático e altamente significa- apropriadas ao meio, das quais deveria ser instiuí-
tivo, vêm demonstrar o espírito de compreensão do um tipo "standard". E concluía por lançar a idéia
necessária ao bom encaminhamento dos proble- da assinatura de um convénio entre proprietários
mas da produção. Seria, aliás, de lamentar se não e trabalhadores para, não somente regular a ques-
houvesse essa compreensão. Trata-se, pois, de uma tão dos salários, como todos os demais decorren-
lei humana, tipicamente brasileira. Não divide tes das relações entre as duas classes, inclusive
nem distribui terras, apenas regula sua utilização, instituindo uma Comissão Arbitral para dirimir
fixando para isso o desconto máximo de 15 por litígios enquanto não viesse a Sindicalização Rural.
cento, estabelecendo outras deduções dos serviços
prestados pelo industrial ao lavrador. Os lavra- Exemplificando as principais cláusulas do con-
dores da cana de açúcar constituem uma classe vénio continuou o Sr. Rui Palmeira:
bem numerosa, que tem dado inestimável contri-
buição à prosperidade da indústria açucareira — Dêsse convénio constariam entre outras as
em todo o país. Com as normas estabelecidas pela seguintes cláusulas: o proprietário forneceria gra-
nova lei, dezenas de milhares de trabalhadores te- tuitamente ao trabalhador: a) —
casa de moradia,
rão estabilidade e justa remuneração pelo seu tra- que se esforçaria para no mais breve espaço de
balho. Convém salientar que foi grande a reper- tempo preencher as condições de higiene indispen-
cussão desse ato governamental no norte do país, sáveis à vida rural;
onde a numerosíssimos lavradores de cana se es- —
b) pasto para a criação de um animal lei-
tendem as garantias do referido Decreto-lei. A
teiro para abastecimento à família do trabalha ior,
Federação dos Plantadores de Cana, órgão centrei
caso o proprietário não lho fornecesse, podendo
de defesa e representação da classe, comparece a
essa permissão ser para criar uma vaca ou uma
essas solenidades coin grande satisfação de parti-
cabra, conforme as condições da propriedade;
lhar do entusiasmo de seus companheiros de São
Paulo, sendo oportuno ressaltar aqui a unidade c) — terra para a plantação de roça de man-
de vistas e sentimento de solidariedade que unem dioca, feijão, milho, macaxeira, batata (na razão
os plantadores de cana de todo o país". "de uma tarefa pró trabalhador), pequena horta e
constituição de umpequeno sítio, cuja conserva-
ção e tratamento ficaria a cargo do trabalhador,
DECLARAÇÕES DO SR. RUI PALMEIRA que também seria responsável pela conservação
dos sítios já criados existentes junto à sua casa e
"Jornal de Alagoas", de Maceió, número de
O que êle desfrutasse.
8 de novembroúltimo, publicou a entrevista, que
abaixo transcrevemos, do Sr. Rui Palmeira, Ge- Êsse pequeno plano terminava por indicar que
rente da Cooperativa Central dos Banguezeiros fôssem criadas escolas rurais e cooperativas de
daquele Estado, sobre o Decreto-lei n. 6.969: consumo para os trabalhadores rurais. Isto repre-
sentava um grande passo progressita. Houve
—
Em juho dêste ano, quando o Conselho de quem ridicularizasse e recriminasse de comunista
Expansão Económica do Estado se reuniu para es- a minha sugestão, que, no entanto, recebeu o apoio
tudar o problema do trabalho rural em Alagoas, de muitos. Quando ainda não dera uma Comis-
tive oportunidade de oferecer uma contribuição. .são Encarregada dos Estudos o seu parecer, veio o ,
Nesse trabalho sustentei que a crise reinante no Decreto-lei 6.969, que estabelece: (art. 23) "o tra-
meio rural não era uma questão que tivesse causa balhador rural com mais de um ano de serviço
no salário mínimo, mas um problema de organiza- terá direito à concessão, a título gratuito, de uma
ção rural. E forneci algumas sugestões como ca- área de terra próxima à sua moradia, suficiente
pazes de servir de ponto de partida a uma solu- para a plantação, e criação necessárias à subsis-
ção. tência de sua família".
6^5
creto-lei 6.969 é uhi desdobramento do Estatuto dos possam obter que seja assegurada a execução
da Lavoura Canavieira, a cuja aplicação certas usi- de leis que tão justas, sábias, oportunas e neces-
nas reacionárias do Sul, se vêm opondo sob a ale- sárias, seriam desastrosas e ridículas se não, re-
gação de que os seus lavradores colonos quase sem- conhecidas ou desrespeitadas, porque se tornam
pre eram trabalhadores e não fornecedores. O letra morta e semeiam o desalento, a descrença,
Decreto não abrange os lavradores de engenhos o desânimo em todos aquêles que precisam de en-
que não são considerados fornecedores. Limitando tusiasmo e de fé para enfrentar a ingrata vida da
a renda cobrada dos que cultivam terra alheia, o lavoura canavieira.
Decreto se apresenta como um grande instrumen-
to de defesa dos pequenos plantadores. Assegura
financiamentos pelas usinas situadas em regiões
não servidas por cooperativas de crédito de forne-
cedores, aos colonos fornecedores, a juros não su- NA ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO RIO
periores a 4% ao ano. DE JANEIRO
Permite que o desconto relativo à renda da
terra se eleve além de 10 e de 15% para atender Na sessão efetuada pela Diretoria da Associa-
aluguel de moradia do fornecedor e de seus agre- ção Comercial do Rio de Janeiro, em fins de no-
gados, à prestação de assistência técnica agroló- vembro passado, o Sr. J. de Sousa reportou -se ao
gica, médico-social, aluguel de animais, veículos Decreto-lei n.° 6.969, de 19 de outubro último,
e instrumentos de trabalho. publicado no "Diário Oficial" de 21 do mesmo mês,
Também assegura ao fornecedor que lavre que dispõe sôbre os fornecedore de cana que la-
terra alheia o direito de reservar 10% da área vrani terras alheias e dá outras providências.
privativa que lhe haja sido atribuída para plantio Trata-se de um decreto em benefício da lavoura,
e criação necessária à subsistência de sua família que bem demonstra a vontade .do Govêmo da Re-
e de seus agregados. pública em amparar aquêles que vivem lavrando
a terra. Para se avaliar êsse decreto, basta men-
Opinando sôbre o resultado do Decreto-lei cionar o seu art. 6.°, que trata da assistência mé-
que regula a situação do trabalhador rural das dico-social. O orador, que vem defendendo há lon-
usinas, prosseguiu: go tempo a tese de auxílio ao homem do campo,
disse não poder esconder o seu júbilo pela assi-
— Só a enunciação dêsses dispositivos é sufi- natura dêsse decreto de tão grande alcance e tão
ciente para convecer-nos de que o Decreto-lei humano nos seus dispostivos. Fêz, outrossim,
6.969 vem completar a reforma agrária iniciada votos para que providências semelhantes sejam
pelo Estatuto da Lavoura Canavieira. E' uma con- tomadas em relação a outros setores da nossa vida
sequência da bem inspirada orientação progres- agrícola
USIHÂ
ASSUCAR
Smi aRÁNDE
S
5/Á
"U G A"
TODO/ Of TIPO/ o COMBU/TIVEL f1ACI0M4L
Prof, Afonso Várzea Para que se possa ter uma impressão de con-
junto, damos a seguir o quadro geral organizado
A venda nas Livrarias com os dados existentes no Cadastro da referida
Seção, como a indicação do número de fornecedo-
res quotistas e não quotistas por Estado:
QUADRO N.» 1
23 21
50 1
4 1 19
287 201 91
Com referência à procedência da matéria pri- tava, por ocasião do preenchimento dos mapas de
ma utilizada pelas fábricas, a situação se apresen- fornecedores, do seguinte modo:
QUADRO N.» 2
Piauí ,
Pernambuco . Idem-idem
Alagoas ....
Sergipe ....
Bahia
Rio de Janeiro Não são computados da-
dos de 2 usinas.
São Paulo . . Não são computados da-
Minas Gerais . dos de 5 usinas.
Não são computados da-
Mato Grosso . dos de 3 usinas.
Santa Catarina
Goiás
8 4
3 £
â III z
1 4 s
tf 2 s % < «>
•
1 K a »- o 2
ac III
Uma única usina estava organizada nos mol- fábricas abastecidas 100% com canas de fornece-
des cooperativistas. dores .
619
QUADRO N.» 3
(quotas apuradas)
Aliança (Bahia) 10 7 5
Tiúma (Pernambuco) . .
1 2 1 19
uentral Leão (Alagoas) 70 40 16 16
Junqueira (S. P.) . ... 11 37
|
13 13
^ u
Cambaiba (E. Rio)
1
. . . 122 38 4
\
3
Ana Florência (Minas) .
38 56 8 8
O volume das quotas apuradas ou fixadas dos Em Alagoas, a Usina Coruripe tem o maior
fornecedores dessas usinas, atinge as seguintes ci- número de fornecedores quotistas.
fras :
EmMinas Gerais a Usina Ana Florência tem
o maior quadro de fornecedores com quotas apu-
Tiúma . . .
92.710.600 kg radas .
Central Leão
Junqueira
67.244.300 kg A Usina Vitória do Paraguassú é a fábrica do
.
51.520.500 kg Estado da Bahia que conta com o maior contingen-
Cambaíba . .
19.970.900 kg. te de fornecedores quotistas.
Entre as usinas que apresentam maior con-
Feita a conversão da quota industrial atual
tingente de fornecedores com quotas apuradas ou
das aludidas usinas em quota agrícola (na base de
fixadas, destaca-se a Usina Mineiros (Est. do Rio),
90 kg por tonelada de cana esmagada), verifíca-
que conta com 974 plantadores de cana a elas
se que as quotas dos fornecedores representam vinculados. O total das quotas de fornecedores
as seguintes percentagens:
dessa fábrica atinge atualmente a 41.992.150 qui-
los.
Tiúma 57% Quanto ao número de fornecedores com quo-
CentralLeão (1) 28,23% tas apuradas ou já fixadas acima de 6.000 tone-
Junqueira 27% ladas, podemos organizar o
Cambaíba seguinte quadro ex-
32,% positivo :
QUADRO N.° 4
•
ESTADOS Fornecedores com quotas N." de usinas com fornece-
superiores a 6.000 Tons. dores com quotas acima de
6 .000 Tons
Pernambuco . .
15 8
Alagoas 7 4
Rio de Janeiro 3 2
São Paulo 1 1
Vale mencionar que a maior quota de forne- presenta 1,51% do volume das quotas atribuídas
cimento apurada no Estado do Rio de Janeiro re- aos fornecedores fluminenses e em relação ao Es-
tado de Alagoas a maior quota apurada correspon-
de a cêrca de 4% do volume das quotas dos de-
(1) — Convém f rizar que as percentagens mais fornecedores efetivos junto às usinas locais.
aqui expressas em
relação às usinas Central Leão Vejamos .o que representa para uma fábrica
e Junqueira não correspondem ao total da maté-
uma grande quota no cômputo da matéria prima
ria prima recebida de fornecedores.
de seus fornecedores quotistas:
620
QUADRO N." 5
C. — Pernambuco..
Barreiros 1 6,34 %
Santa Cruz — Est. do Rio 1 28,72 %
Campo Verde — Alagoas 1 69,95 %
E' interessante notar como, em certas ques- com um galão de ácido sulfúrico de 62.** Be. para
tões, a ação reguladora do Estatuto da Lavoura 500 galõr^s de melaços. A quantidade de cal em-
Canavieira já se vai fazendo sentir de um modo pregada depende da qualidade dos melaços e do
eficiente. Exemplo frisante disso é o da conver- sei? teor de cal. A cal dos melaços, em cêrca de
são de quotas de produção de algumas pequenas uma hora, é convertida em sulfato de cálcio, e ao
emprêsas em quotas de fornecimento a usinas me- mesmo tempo, os melaços são pasteurizados. Os
lhor aparelhadas e de maiores possibilidades eco- melaços decantam continuamente através de um
nómicas. Na região do Nordeste temos, entre ou- tanque e descarregam para uma bateria de cen-
tros, o exemplo de um engenho que cessa por com- trífugas, onde o sulfato de cálcio é removido,'
pleto as suas atividades industriais, dando lugar lavado, sendo as águas da lavagem aproveitadas
a que os respectivos lavradores passem à catego- para novas diluições. Os melaços claros das cen-
ria de fornecedores quotistas de uma usina da trífugas são resfriados, sofrem nova diluição a
zona 18-20.** Brix e são fermentados como de costume,
Um outro fato digno de registro é a trans- Com a remoção do sulfato de cálcio, pôde a disti-
formação verificada em 2 usinas localizadas no laria aumentar o conteúdo alcoólico dos fermen-
Estado de Pernambuco e que figuram no quadro tadores de 0,75 por cento e ainda salvou 350.080
n.° 2 entre as que se abastecem exclusivamente galões de álcool, porque apenas quatro vêzes o tra-
com canas próprias e que atualmente paralisa- balho foi suspenso para limpeza dos alambiques.
ram suas atividades industriais e se converteram Antes de utilizar êsse processo, a fábrica não po-
em fundos agrícolas com quota de fornecimento dia aproveitar o fermento porque êste ficava con-
junto a outras fábricas. taminado pelo cálcio. O teor de cinza do fermen-
Os dados coligidos visam expor as ocorrências to, agora, não é maior que o do fermento de cer-
que julgamos dignas de registro, desde que foi vejaria e todo êle pode ser recuperado dos fer-
organizado o Cadastro de Fornecedores na Seção mentadores
de Assistência à produção. Depois da fermentação, o fermento é remo-
vido do mosto por meio de separadores centrífu-
gos e pôsto a secar para fins comerciais. Para
alcalinizar o líquido dos separadores, emprega-se
carbonato de potássio; o líquido passa em seguida
ELABORAÇÃO DE MELAÇOS por um evaporador de múltiplo efeito. O resíduo
desalcoolizado é descarregado do evaporador em
Um problema com que se defrontam os in- forma concentrada, 42-44.** Be. e distilado destru-
dustriais que utilizam melaços é o da remoção da tivamente em uma retorta contínua a 1.000** F.; o
cal e da eIiminaç|ío do resíduo que contêm nao- resíduo carbonizado é, então, ativado a 1.600" F.
açúcares em baixa concentração e que é tão pre- Os produtos da destruição dos resíduos são gazes
judicial,quando lançada aos rios. que podem ser queimados como combustível. Dêsse
Sôbre êsse assunto versou uma comunicação resíduo, mediante tratamentos adequados, podem
de Gustave T. Reich ao American Institute of Che- ainda ser recuperados vários outros produtos:
mical Engineers, a qual foi resumida no número carvão descorante, sais de sódio, cálcio e potássio,
de setembro de "Sugar". O autor descreve a so- sílica, magnésia e ácido fosfórico.
lução dada ao problema na distilaria da Pensyl- Resumindo os aspectos gerais do processo, o
vania Sugar Company, que produz anualmente 7 autoi; diz que, quando diminuem os lucros que o
milhões de galões de álcool de 190.*> O processo industrial do álcool está obtendo em consequên-
usado nessa fábrica permite recuperar 5 mil li- cia da guerra, a indústria dos melaços deve vol-
bras de fermento por dia, contendo 6 por cento tar-se para a recuperação dos valores dos não-
de cinza, em vez da percentagem habitual de 60 açúcares, cujos resultados podem mesmo exceder
e mais 10 a 12 toneladas de um carvão descoran- os derivados do aproveitamento dos açúcares exis-
te, além de um considerável volume de potassa e tentes nos melaços. Afirma-se que o fermento re-
outros produtos. cuperado do mosto, em forma mais pura, tem um
No referido processo, os melaços de 80-84." alto valor comercial. O carvão ativado recuperado
Brix são diluídos na proporção de 1 para 1 em pela distiláção, destrutiva do resíduo, é também de'
água quente, aquecidos até 200® F. e misturados grande utilidade para a indústria de refinação.
622
rante alguns anos de uma vultosa exportação. a considerar qué ainda é bastante significativa a
Não poderemos então certamente usufruir, constituição percentual do açúcar mascavo em re-
como vem acontecendo nos últimos anos, de saldos lação ao total da produção açucareira. Ao estu-
mercantis em valor médio anual superior a dois dar-se, porém, a imperiosidade da renovação da
bilhões e quinhentos milhões de cruzeiros Toda-
.
aparelhagem da indústria açucareira no intuito
via atualmente se descerram oportunidades para de aproveitar-se da oportunidade de dispormos de
exportação no post-guerra e em larga escala de disponibilidades ouro no estrangeiro, criando am-
produtos brasileiros, tanto géneros alimentícios, biente perfeitamente favorável à reorganização
como matérias primas e artigos industriais, o quç do parque fabril brasileiro, inicialmente é de assi-
nos permitirá nos anos subseqíientes à guerra nalar que apenas uma parte limitada dos usinei-
mantermos a equilíbrio da balança mercantil, não ros possuem certificados de equipamento, e êstes,
obstante a tendência que se manifestará então in- em grande maioria, são precisamente os que pos-
coercivelmente para amplas importações. suem melhores aparelhagens e portanto mais ex-
Em relação à balança de pagamentos é de tensa margem de lucros.
prever -se que a continuação da entrada de capi- Pudemos opinar que grande maioria dos in-
tais estrangeiros sirva como elemento de manu- dustriais do açúcar não poderão dêste modo se
tenção do seu equilíbrio. aproveitar dos favores da lei sóbre lucros extraor-
Ainda sobre o assunto, quando se compara a dinários em relação aos certificados de equipa-
nossa situação no após-guerra no atinente ao in- mento. Daí e no sentido de permitir a êstes in-
tercâmbio mercantil e em relação à situação que dustriais recursos suficientes para o reaparelha-
prevaleceu em seguida à chamada Grande Guer- mento de suas usinas, visando colocá-las em nível
ra, não podemos deixar de considerar que o Brasil económico de produção, têrmos que estudar meios
era então, a respeito de produtos de exportação, suãcetíveis de concretizar esta finalidade. Não pa-
país típico de monocultura. Então o café contri- dece dúvida que esta iniciativa cabe fundamental-
buía com cêrca de 78% para os totais da exporta- mente ao I.A.A. Parece-nos por isto mesmo que
ção, quando atualmente representa pouco mais de se a esta autarquia compete promover os meios de
um têrço em percentagem sôbre o total do valor orientar os industriais que possuam faculdade de
dos produtos exportados. Já no momento se pode adquirir os certificados de equipamento no intuito
prever que utilidades como o algodão, tecidos, de usarem desta faculdade para melhorarem suas
óleos e tantas outras serão forçosamente exporta- fábricas, lhe cumpre também, usando as condições
das em gi:ande volume e contribuirão para refor- favoráveis que atualmente prevalecem, traçar um
çar sensivelmente as condições do nosso comércio. plano visando fixar uma política de aplicação de
Por outro lado, se verifica que em relação a certos uma parte do seu vultoso patrimônio, no interês-
produtos, que tanto avultaram na importação de- se de colaborar com os produtores para reequipa-
pois- de 1918, como notadamente o ferro fe o car- mento de suas indústrias. Para tornar objetivo o
vão, já em relação a êstes produtos tende o Bra- aproveitamento por parte daqueles industriais que
sil a constituir-se auto-suf iciente Em face destas
.
possam adquirir os certificados por estarem com-
perspectivas nos parece lícito opinar que devere- preendidos na- lei de lucros extraordinários, é de
mos aplicar, no sentido de reequipamento eco- inteira oportunidade que o I.A.A. faça promo-
nómico da nação, uma parte considerável de nossas ver um levantamento dos proprietários de usinas
reservas ouro. onerados por esta modalidade de impostos, no sen-
Finalmente se torna pertinente observar a res- tido de esclarecê-lo sóbre a oportunidade da aqui-
peito que além das reservas ouro que dispomos sição dos certificados de equipamento.
no estrangeiro, superiores no momento a quatro- Já em relação a outro aspecto do problema,
centos milhões de dólares, possuímos reservas de seja o do grande número de proprietários de fá-
cêrca de duzentas toneladas dêste metal no Banco bricas que devem reformá-las para melhor apro-
do Brasil, as quais são reforçadas aproximadamen- veitamento de suas produções, analisemos as pos-
te em oito toneladas anualmente. Já se vê des- sibilidades que possui o I.A.A. para auxiliá-los,
tarte que o emprêgo de uma parte das reservas através do financiamento que necessitarão para
ouro com finalidades de reequipamento económico, empreender estas reformas.
não dificultará a criação do Banco Central. Conforme se há assinalado em estudos empre-
No setor particular da reorganização da indús- endidos sóbre êste assunto, a respeito do qual já
tria açucareira, há que levar-se em consideração tivemos ensejo de fazer algumas considerações em
que esta tem que atravessar uma fase de intenso trabalho que apresentamos ao D.A.S.P., o Instituto
reaparelhamento no sentido de atingir o nível de do Açúcar e do Álcool como as outras autarquias
rendimento dos grandes e modernos centros pro- de produção, se diferencia das organizações autár-
dutores das índias Inglêsa e Neerlandesa e de quicas destinadas a atender à previdência social,
Cuba, onde a extração média alcança cêrca de não só relativamente às suas finalidades funda-
cento e dezesseis quilos de açúcar por tonelada de mentais, como caracteristicamente pela diversifi-
cana. Alguns dos principais Estados produtores, cação de formação de seus patrimónios.
como Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo já Desta sorte averiguamos que as autarquias
logram extração que oscila entre 96 a 99 quilos visando promover o controle da previdência so-
de açúcar por tonelada, enquanto esta média se cial, têm suas reservas empenhadas consoante os
representa em 101 quilos em Alagoas e em 82 qui- cálculos atuariais, no intuito de solver, no futuro,
los em Sergipe. Além desta média de rendimen- os seus compromissos.
to ainda manter-se distanciada de expressar uma Já em relação às autarquias de produção, se
situação de produção em pleno rendimento, há averigua que cobrando as mesmas taxas determi-
nadas em correspondência ao volume das utilida- Êste artigo foi todavia alterado pelo Decreto-
des produzidas, ocorre que em alguns casos o lei n°
1.831, de 4 de dezembro de 1939, que ele-
acúmulo destas arrecadações, impõe a estas au- vou a mesma taxa — Cr$ 3,10 por sáco de sessen-
tarquias novas aplicações para suas reservas, apli- ta quilos.
cações estas não previstas no instante em que fo- O Regulamento do Instituto, na letra "f", de-
ram criadas. E' o que se dá tipicamente no con- terminando as finalidades da autarquia, estatui:
cernente ao Instituto do Açúcar e do Álcool. — financiar sempre que dispuser de recursos bastan-
Verificamos dêste modo que esta autarquia, se- tes, com as necessárias garantias, sem discrimina-
gundo dados oficialmente apresentados, dispunha, ções pessoais ou regionais e de acordo com o es-
em 1943, de um patrimônio no valor de duzentos tabelecido no Decreto n.° 22.789 e neste regula-
e trinta e sete milhões de cruzeiros. Patrimônio mento, as entre-safras de açúcar, de modo a aten-
êste representado em depósitos bancários, imó- der aos interêssees dos produtores e aos da cole-
veis, refinarias de açúcar, distilarias e créditos tividade. Verificamos em face das disposições da
por .financiamentos feitos à lavoura canavieira. legislação citada que não obstante as determina-
Dispondo de tão vultoso patrimônio, o I.A.A. além ções do Decreto n.° 22.789 em referência à taxa
da arrecadação da taxa dé Cr$ 3,10 por saco de açú- estipulada se apresentam mais extensivas, refe-
car cristal, a qual rende anualmente cerca de qua- rindo-se a aplicação da mesma no sentido de uti-
renta e cinco milhões de cruzeiros e da taxa de lizá-las através de medidas de defesa da produ-
Cr$ 1,50 por saco de açúcar mascavo, rendendo ção, já o Regulamento do Instituto, conforme a ci-
aproximadamente sete milhões de cruzeiros anual- tação feita, restringe a aplicação da taxa ao fi-
mente, percebe ainda de juros e de outros proven- nanciamento da produção no período da entre-
tos, alguns milhões de cruzeiros anualmente. saíra. Cabe no entanto a esta Comissão o direito
Enquanto isto, sUas despesas orçamentárias, se- de traçar plenamente a política econômico-finan-
gundo os mais recentes dados, não ultrapassani ceira do Instituto do Açúcar e do Álcool amplian-
vinte e um milhões de cruzeiros anualmente; do-a na hipótese da evolução que se assinalar em
no entanto devemos ,a respeito ter em mente relação aos seus recursos patrimoniais.
que o I.A.A., aliás muito acertadamente — Neste sentido e conforme tivemos ensejo de
emprega, em auxílio à produção e ao transporte assinalar, a arrecadação geral do I.A.A. somente
do açúcar e ainda em aplicações de assistência no concernente à taxa correspondente aos açúca-
social nas zonas açúcareiras, anualmente, quantias res cristal e mascavo, já é bastante elevada, sen-
consideráveis, o que afinal não lhe permite for- do que às mesmas deveremos acrescentar as ren-
mar reservas de maior vulto. Ao que finalmente das industriais provenientes das refinarias da qual
se deve acrescentar que o patrimônio do I.A.A. é o Instituto o quase único acionista (Usinas Na-
é representado em larga percentagem por bens cionais) Quanto as várias distilarias também de
.
imóveis. Mesmo assim o desenvolvimento das ren- sua propriedade, localizadas respectivamente em
das desta autarquia de produção já lhe faculta fun- Campos, Recife, Salvador, Ponte Nova (Minas
damentar uma política financeira destinada a Gerais) e no interior de São Paulo, se verifica que
promover a reorganização da produção açucareira tendo sido as mesmas montadas com a finalidade
do Brasil, impondo-se por isto mesmo a oportu- de suprir o país de um novo combustível líquido,
nidade da criação de uma nova organização no as mesmas têm alcançado esta finalidade eco-
intuito de estudar a aplicação dos excedentes lí- nómica, permitindo fornecimentos que importam
quidos de sua receita. Em relação às entidades au- até o momento numa poupança de duzentos mi-
tárquicas de previdência social, tendo-se em vista lhões de cruzeiros, não oferecendo, porém, mar-
o caráter de imperiosidade de contrôle das suas gem sensível de lucro, ao I.A.A.
reservas, foi criada a Comissão de Aplicação de
Reservas da Previdência, controladada pelo Es-
Aos proventos mencionados temos finalmen-
te a juntar aquêles decorrentes
dos juros de finan-
tado.
ciamento e de outras rendas patrimoniais. Con-
Quanto às autarquias de produção, lhes foi
vindo, pelas razões enunciadas, insistir em que a
atribuído legalmente e com inteiro senso de jus-
situação financeira do I.A..A. sendo de evidente
tiça o direito de aplicarem, independente da ação
solidez, tal eventualidade faculta a esta autarquia
do Estado, seus patrimónios. Estudando-se o caso
anualmente, disponibilidades líquidas suscetíveis
particular do I.A.A. e da observação das ativi-
de permitir-lhe empreender com segurança mais
dades económicas desta entidade paraestatal, se
amplas iniciativas. Daí nos parecer plausível su-
conclui existirem problemas de vital interêsse e
gerir que dado o desenvolvimento de seu patrimô-
que se apresentam suscetíveis de serem soluciona-
nio, tornar-se oportuna a criação de uma nova e
dos através da aplicação de suas rendas disponí-
mais ampla política por parte do I.A.A. no in-
veis .
625
ce médio se eleva a cento e quinze quilogramas em relação às vantagens que auferirão em reor-
por tonelada. Ainda a respeito é lícito lembrar ganizar suas usinas.
que consoante a teoria financeira, devendo corres- Acontece, porém, como assinalamos, que gran-
ponder ao pagamento da taxa uma retribuição de de maioria dos usineiros não se inclui entre os con-
serviços, deve a mesma logicamente ser aplicada tribuintes da lei dos lucros extraordinários. Em
em favor do contribuinte. Por isto mesmo as taxas relação a êstes últimos é que cabe ao I.A.A. uma
cobradas pelo I.A.A. de acordo com êste postu- atuação mais extensa, uma vez que terá que levar
lado financeiro, devem no momento, ser empre- em consideração que a única solução para melho-
gadas na reorganização da produção açucareira. rar os aparelhos das usinas de menor rendimen-
Outro setor da produção onde a ação do pre- to é traçar um plano de financiamento para estas
visto organismo poderá influir decisivamente, será novas instalações, concorrendo o I.A.A. com uma
no pertinente à transformação de engenhos ban- parte das importâncias necessárias para êste reer-
guês ou de agrupamentos dêstes engenhos atra- guimento industrial; e articulando êste plano de
vés da formação de cooperativas, em usinas de financiamento com a Carteira de Crédito Agrícsla
tipo moderno. Disto resultará não só mais alto e Industrial do Banco do Brasil no sentido de per-
aproveitamento da matéria prima, qual finalmen- mitir a aquisição de novas máquinas para estas
te valerá como aperfeiçoamento de qualidade da usinas
produção. Observando-se a êste respeito que a Aliás, a, respeito, se deve lembrar que pos-
transformação dos engenhos banguês em usinas se sivelmente êste financiamento virá a ser facili-
impõe, uma vez que se manifesta muito forte a tado pela criação do Banco de Reconstrução In-
tendência em épocas normais por parte do consu- dustrial, a qual será concretizada consoaníe a
midor, de progressivamente abandonar o uso do afirmação do Chefe do Govêrno, dentro de pouco
açúcar mascavo, produto remanescente duma eco- tem.po. Iniciativa esta que devemos reconhe-
nomia colonial e que cada vez se torna menos acei- cer apresentar-se como de caráter inadiável, sen-
tável principalmente por parte de consumidores do que o Govêrno Argentino vem de estabelecer,
das nossas grandes cidades. também, recentemente, um' Banco de Crédito In-
A propósito podemos colhêr precisas conclu- dustrial .
sões sobre esta situação ao examinarmos os da- Preliminarmente se impõe, todavia, que seja
dos publicados no Boletim de Estatística do I.A.A. empreendido um levantamento das aparelhagens
— Neste sentido, observamos que os engenhçs con- das nossas usinas para que se possa fixar um pla-
corriam para um total de produção de doze mi- nejamento uniforme e racionalizado de aparelha-
lhões quatrocentos e oitenta e nove mil sacos, em mento das fábricas. Aliás, em relação à grande
percentagem de 57% na safra de 1925/26; já na parte das usinas, conforme tive ensejo de obser-
safra de 1940/41 para o total de produção de vin- var ainda recentemente em zonas açucareiras que
te milhões quinhentos e sessenta e seis mil sacos percorri, em muitos casos não necessitam as mes-
os engenhos concorriam apenas com 34,3% da pro- mas senão de reformas parciais, por isto que com
dução, com uma contribuição expressa em sete a aquisição de apenas algumas máquinas comple-
milhões e cinquenta e sete mil sacos; enquanto mentares ou substituição de outras já desgasta-
neste período a produção de açúcar de usina era das, poderão muitas usinas alcançar nível de ren-
representada em treze milhões quinhentos e onze dimento pelo menos superior a 95 quilos de açúcar
mil sacos. Desta sorte, ano a ano se vai observan- por tonelada de cana, nível a partir do qual a in-
do qu 3 a percentagem da produção de açúcar cris- dústria açucareira já oferece vantagens de pro-
tal avulta em correlação à do mascavo. dução em bases económicas. Ainda outro problema
A criação da sub-comissão de Reequipamen- a ser solucionado pela subcomissão de Reequi-
to da Produção Açucareira, que deverá a nosso pamento da Produção Açucareira se define no es-
ver ser constituída por representantes da Comis- tudo da melhoria de financiamento da produção.
são Executiva e por funcionários do Instituto, todos Ainda recentemente o algodão pluma teve seu fi-
de nomeação do Sr. Presidente desta autarquia, nanciamento elevado a noventa cruzeiros por ar-
não se deverá limitar a estabelecer o f inancia- roba; também em relação ao café está sendo em-
meno da produção açucareira, apenas no período preendida intensa campanha por parte dos pro-
das entre-safras, como terá a importante incum- dutores no sentido da elevação do nível de finan-
bência de traçar o plano de aperfeiçoamento da ciamento até trezentos cruzeiros por saco. De um
produção e a elevação do rendimento industrial. modo geral, em nosso país, as utilidades agríco-
Resumindo os pontos de vista que venho de las assim como os produtos das indústrias agrá-
apresentar, somos de opinião que a política fi- rias, como é tipicamente a do açúcar, não se têm
nanceira que se impõe no post-guerra em rela- ajustado em relação aos preços, aos produtos in-
ção à indústria açucareira, se deve fazer sentir dustriais .
626
equiparar aos pagos pela maioria das indústrias to da relação do preço entre a produto primário e
urbanas, onde o nível de lucros é muito mais eleva- o industrializado, a verdade é que a indústria açu-
do consoante comprovam os índices de arrecadação careira tem o preço do seu produto tabelado na
dos lucros extraordinários. No entanto, se obser- base da maioria dos outros produtos agrários, en-
varmos a carência de braços nas principais usinas quanto a grande maioria das utilidades industriais
do país, verificamos que a tendência para eleva- vêm usufruindo do regime do livre preço. Agora
ção dos salários, acima mesmo dos limites esta- que os próprios produtos primários estão logran-
tuídos pelas leis, está produzindo grande subver- do obter financiamentos mais compensadores
são, na agricultura, inclusive na produção do açú- através da intervenção do próprio Estado, se evi-
car, atividade esta de caráter agro-industrial. E dencia ser de elementar equidade estender-se esta
como é ponto pacífico a necessidade de manter melhoria de situação também em relação ao açú-
em melhor nível o padrão de vida do homem car. *
,
das condições da economia dos produtos agrícolas, Indicamos, em conclusão, que o I.A.A, no
visando a melhoria de condições da produção e a sentido da defesa da produção açucareira, aprove
estabilização das populações nas zonas agrárias. o seguinte plano :
Amália 10.000
USINAS Capacidade de produçSo Baixa Grande. 5.000
por 21 horas Barcelos 20.000
Bom Jesus 5.000
Amália 10.000 Brasileiro 15.000
Baixa Grande 5 000
.
Cambaíba. . . . 15.000
Barcelos Conceição 15.000
20.000
Bom Jesus..' Oucaú 15.000
5.000
Cupim 20.000
Brasileiro 15.000
Catende Fazenda Lidia 5.000
30.000
Cambaíba Laranjeiras 15.000
10.000
Oonceição 15.000 Leão (Utinga) 10.000
Cucaú Maravilhas 15.000
15.000
Junqueira 20.000 Miranda .. 10.000
Laranjeiras Outeiro. 30.000
15.000
Maravilhas 15.000 Paraíso (Tocos) 15.000
Miranda 10.000 Piracicaba 15.000
Paineiras 5.000 Pontal 10.000
'.
..
Pontal 10.000 Porto Feliz 20.000
Pumatí 22.000
Puraatí 22.000
Queimado Pureza 6.000
15.000
Quissamã.. Queimado .. .. 15.000
15.000 ,
ROBERTO DE ARAUJO
RIO DE JANEIRO
Av. Presidente Tardas, 149 _ 9." andar — salas 17/18 — Tel «3-3081
RESOLUÇÕES DA COMISSÃO
EXECUTIVA DO A. A. 1.
"
A Comissão Executiva do Instituto do Açúcar e do Álcool,
usando das atribuições que lhe são conferidas por lei e tendo
em vista o que dispõe o art. 84 do Decreto-lei n.° 1.831, de 4 de
dezembro de 1939 e o artigo 124, n.» VI do Decreto-lei n.» 3.855,
de 21 de novembro de 1941, resolve :
TITULO I
Do processo em geral
CAPITULO I
Introdução
CAPÍTULO II
Da ação fiscal
Art. 6.° —
Aquêles que, por qualquer maneira, impedirem
ou criarem embaraços à ação fiscal dos funcionários do Institu-
to, serão punidos na forma do Código Penal, lavrando o. funcio-
de Consumo).
630
§ 2.° — A
Seção Jurídica, depois de determinar a autuação
dos papéis, emitirá parecer sobre o caso, no qual sugerirá as pro-
vidências cabíveis.
631
Parágrafo único —
A infração dêste dispositivo será consi-
derada como embaraço à fiscalização para os efeitos previstos
no arf. 6.° desta Resolução.
CAPÍTULO III
a) de autuação ;
e) de recebimento do processo ;
f) de revelia ; ,
CAPÍTULO IV
Dos prazos
CAPÍTULO V
Das intimações
634
§ 3.° —
Lavrada na segunda via a certidão da entrega da
primeira pelo funcionário de que se tratar, será a mesma junta
aos autos.
635
CAPÍTULO VI
Da defesa
Parágrafo único —
No exercício dêsse direito, o autuado po-
derá alegar tudo que achar conveniente, não podendo, entretan-
to, usar expressões desrespeitosas ou ofensivas às autoridades e
Parágrafo único —
Se a defesa fôr apresentada fora do
prazo regulamentar, o Procurador mandará que, desentranhada
do processo, seja a mesma autuada no apenso.
CAPÍTULO VII
Das provas
636
Art 27 . —
E' facultado ao autuado oferecer documentos que
instruam a sua defesa ou recurso, os quais deverão ser nume-
rados e autenticados com a sua rubrica ou a de seu procurador,
legalmente constituído
Art. 28 — O
autuado poderá requerer, em sua defesa ou
recurso, a realização de perícias, vistorias ou exames de escrita.
Parágrafo único —
Os Procuradores indeferirão as provas
requeridas pelo autuado sempre que as mesmas lhes parecerem
nesnecessárias ou ditadas por intuitos mèramente protelatórios.
Parágrafo único —
O perito, sempre que possível, será de-
signado entre os funcionários especializados do LA. A.
CAPÍTULO VIII
Dos acórdãos
d) a natureza da infração ;
e) as razões de decidir ;
f) a conclusão ;
CAPÍTULO IX
Das nulidades
a) o auto de infração ;
b) a intiipação ;
TÍTULO II
.CAPÍTULO I
Do auto de infração
SEÇÃO 1
Da lavratura
§ 1° —
Para a lavratura dos autos de infração, que serão
manuscritos a tinta ou datilografados, poderão ser utilizados
impressos apropriados, preenchendo, neste caso, quem o lavrar
641
m '
'
.
'
:
SEÇÃO II
Art. 46 — De
tudo quanto o autUante fizer para apuração
dos fatos imputados ao autuado, para conservação da prova ou
para segurança da execução fiscal, lavrar-se-á têrmo circunstan-
ciado, que será anexado ao auto de infração e dêste considerado
parte integrante.
'
Art. 47 — Em obediência ao disposto no artigo anterior la-
vrar-se-á têrmo ;
a) de exame de livros ;
b) de vistorias e inspeções ;
SEÇÃO III
§ 2.° —
Se a notificação houver sido atendida, lavrar-se-á,
nos autos, o competente têrmo de constatação dessa circunstân-
cia e encaminhar-se-á o processo à Seção Jurídica que emitirá
parecer sôbre o mesmo encaminhando-o ao Presidente do
I.A.A.
SEÇÃO IV
Da apreensão prévia
Art. 60 — Terminado
o prazo de 5 dias sem que se tenha
apresentado qualquer interessado, o fiscal lavrará o competente
têrmo complementar dando conta dessa circunstância e reme-
terá o têrmo de apreensão prévia e seus anexos à Delegacia Re-
gional competente.
646
Art. 61 —
Aprovada a apreensão prévia pela Turma de
Julgamento, será o processo encaminhado à Seção Jurídica que
transmitirá o acórdão à Gerência, afim de que esta disponha da
mercadoria, tendo os resultados apurados, com a sua venda ou
aproveitamento, a aplicação de que tratam os artigos 152 e 153
do Estatuto da Lavoura Canavieira.
CAPÍTULO II
SEÇÃO I
Da instrução e preparo
Art. 62 —
Lavrado o auto, o autuante deverá entregá-lo,
juntamente com tôdas as peças que o integram, dentro do pra-
zo de 48 horas, à repartição competente para recebê-lo.
647
Art. 65 —
Findo o prazo para apresentação da defesa, o
chefe da repartição receptora do auto promoverá a remessa do
respectivo processo, com ou sem defesa, dentro do prazo de 5
dias, à Procuradoria Regional a que competir a instrução do
feito
§ 2.° — Antes
de emitir o seu parecer no processo, o Pro-
curador Regional solicitará à Seção de Fiscalização, através da
Seção Jurídica, necessárias informações sóbre os antecedentes
fiscais do autuado.
648
c) a procedência do auto ;
e) a natureza da infração ;
SEÇÃO II
Do julgamento
TÍTULO III
CAPÍTULO I
Dos recursos
•
CAPÍTULO 'll
§ 2.° — A Seção
de Comunicações remeterá o recurso, sem
autuá-lo, à Seção Jurídica dentro do prazo de 48 horas.
§ 2P —
Se a Comissão Executiva, julgando procedente a
dúvida, entender que o recurso não é de ser recebido, mandará
que se prossiga na execução.
—
A instrução do recurso será dirigida pelo Pro-
Art. 84
curador Geral ou pelo Procurador por êle designado.
CAPÍTULO III
Do julgamento do recurso
Art. 88 —
Os acórdãos da Comissão Executiva serão assi-
nados pelo Presidente e pelo Relator.
TÍTULO IV
Da execução
CAPITULO I
Disposições gerais
Parágrafo único —
Os incidentes surgidos no processo, no
decorrer da execução administrativa, serão resolvidos pelo
Procurador a que o feito estiver afeto, com recurso para o Pro-
curador Geral, cabendo das decisões dêste, recurso para o Pre-
sidente do LA. A.
CAPÍTULO II
CAPÍTULO III
Do procedimento executivo
SEÇÃO I
SEÇÃO II
Da cobrança administrativa
Parágrafo único —
A guia será extraída em três vias, fican-
do a primeira em poder do notificado; a 2.^ via, datada e assi-
nada pelo notificado, coin a declaração de haver recebido a 1.^,
será devolvida, pela funcionário encarregado da notificação,
com a 1.^ via respectiva à Seção de Fiscalização, que a encami-
nhará à Seção Jurídica; a 3.^ via, com a indicação da data de
c) nome do autuante ;
d) valor da condenação ;
§ 2.° — O
recolhimento a que alude o parágrafo anterior
não poderá ser feito, de modo algum, se a certidão da dívida já
houver sido remetida ao Procurador Regional ou Promotor Pú-
blico .
SEÇÃO III
Do pagamento parcelado
Parágrafo único —
Na hipótese prevista neste artigo, o Pre-
sidente poderá autorizar o parcelamento da dívida, desde que :
tações serão extraídas pela Seção Jurídica 30 dias antes dos res-
pectivos vencimentos. •
Art. 106 —
Denegado o favor pleiteado, a- Seção Jurídica
procederá a nova notificação ao infrator, acompanhada da com-
petente guia.
SEÇÃO IV
Da cobrança judicial
Art. 108 —
Recebendo a certidão do acórdão que valerá
como certidão de dívida, a Seção Jurídica a remeterá ao Pro-
Parágrafo único —
Juntamente com a certidão da dívida, a
Seção Jurídica enviará todos os esclarecimentos de que dispu-
ser afim de facilitar a defesa do direito do Instituto, por parte
do Procurador Regional ou do Promotor.
CAPÍTULO m,
Parágrafo único —
Quando o pagamento da quantia da con-
denação fôr feito parceladamente, a cota-parte da gratificação
também será paga parceladamente e proporcionalmente às
quantias efetivamente recolhidas.
661
CAPITULO IV
Parágrafo único —
A nota a que se refere êste artigo obe-
decerá a modêlo organizado de comum acôrdo pela Contabili-
dade e Seção Jurídic^, devidamente aprovado pelo Presidente.
a) o número do auto
d) a natureza da infração ;
e 154 do Estatuto) .
•
c) a comissão do Promotor.
TITULO V
Art. 120 —
Os autos da medida preventiva ficarão na Se-
ção Jurídica, que promoverá a respectiva apensação do proces-
so principal logo que êste lhe seja entregue.
TÍTULO VI
Da correição
Art. 122 — O
autuante é obrigado, sob pena de responsa-
bilidade, a remeter ao Instituto, dentro do prazo de 5 dias, a
contar da data da lavratura do auto, duas cópias, devidamente
autenticadas, do auto de infração, uma das quais será remetida
à Seção de Fiscalização e outra à Seção Jurídica.
Art 124
. —
Compete à Seção Jurídica oficiar às repartições
em que se iniciarem os processos ou às Delegacias Regionais,
no sentido de promoverem o rápido andamento dos mesmos, de
modo que estejam prontos para julgamento no prazo máximo
de 120 dias.
TÍTULO VII
~
Disposições finais e transitórias
665
Art. 127 —
Sôbre as quantias efetivamente arrecadadas, e
que por seu intermédio forem recebidas, por via administrati-
va ou judicial, os procuradores perceberão a comissão de 6%,
fixada para os Procuradores da União, pelo art. 4.° do Decreto
n.o 23.053, de 8 de agosto de 1933
Parágrafo único —
A comissão a que se refere êste artigo,
será rateada anualmente entre todos os procuradores em efetivo
exercício na Seção Jurídica, proporcionalmente aos respectivos
vencimentos.
666
Art. 130 —O
texto desta Resolução será transmitido pela
Seção Jurídica a tôdas as repartições às quais o conhecimento da
mesma possa interessar
Art. 131 —
Aprovada a presente Resolução e organizados
os modelos a que a mesma se refere, a Seção Jurídica promo-
verá a organização de um folheto, afim de facilitar o conheci-
mento desta a todos os interessados.
DISPOSIÇÕES GERAIS
DO PROCESSO
668
. c) as razões do pedido.
Parágrafo único —
A intimação de que trata êste artigo
será feita por telegrama, com cópia autenticada pela Reparti-
ção expedidora, ou mediante notificação pessoal e o respectivo
prazo contar-se-á da data da entrega do telegrama ou notifi-
cação.
Art .
9.° — Se a intervenção f ôr requerida pelo próprio
proprietário ou responsável pela direção da usina ou distilaria,
o Procurador limitar-se-á a uma sumária investigação sobre as
causas do pedido, observando os dispositivos desta Resolução
no que forem aplicáveis.
Parágrafo único — O
Procurador poderá indeferir as pro-
vas ou diligências que lhe parecerem desnecessárias.
Parágrafo único —
Na hipótese prevista no parágrafo ante-
rior, a Seção Jurídica, dentro do prazo de 48 horas, emitirá pa-
recer, encaminhando o processo à Comissão Executiva.
§ 1.° —
Emitido o parecer, o processo será encaminhado,
dentro de 24 horas, à Seção Jurídica.
§ 2.'^ —A
Seção Jurídica opinará, no prazo de 3 dias, en-
viando o processo ao Presidente do I.A.A.
§ 1.° — A reunião
da Comissão Executiva realizar-se-á, no
máximo, dentro de 3 dias, a contar da data da convocação.
§ 2° — Ao
convocar a reunião, o Presidente encaminhará,
a cada membro da Comissão Executiva, uma cópia dos parece-
res do Procurador instrutor e da Seção Jurídica.
Art, 15 —
Se a Comissão Executiva não concluir o julga-
mento em uma única sessão, será convocada outra para o dia
imediato, convocando-se outras sessões, se necessárias, até a con-
clusão do julgamento.
te designado, ou, se êste houver sido vencido, pelo que fôr indi-
cado pelo Presidente.
Parágrafo único —
O pedido de reconsideração poderá ser
apresentado dentro do prazo de cinco dias, a contar da data da
publicação do acórdão, mas a Comissão Executiva não conhecerá
do mesmo, senão depois.de entregue ao I.A.A. a administra-
ção da usina ou distilaria.
672
DA EXECUÇÃO
Art. 19 — A
execução da intervenção será dirigida pelo
Procurador que fôr designado, no processo, pelo Presidente.
Art. 22 —
Na hipótese em que a intervenção tenha sido de-
cretada em
consequência de paralização sem motivo justificado
ou em consequência de insolvência da usina ou distilaria, o Pro-
curador transmitirá ao responsável pela usina ou distilaria o
inteiro teor da decisão da Comissão Executiva, intimando-o a
entregar a respectiva administração dentro do prazo de 24
horas
Parágrafo único —
Findo o prazo, o Procurador compare-
cerá na sede da usina ou distilaria, afim de que o Instituto, por
intermédio do seu preposto-interventor, seja empossado na res-
pectiva administração.
67â
DA ADMINISTRAÇÃO
Art. 25 — Logo que
tenha sido investido na administração
da usina pelo Procurador, o preposto-interventor mandará pro-
ceder a inventário de todos os bens constitutivos do estabeleci-
mento, no prazo de 8 dias, e promoverá o competente balanço
na escrita da usina, no prazo de 15 dias, se estiver em dia a
respectiva escrita.
§ 1.° —
Se a entrega do estabelecimento não houver sido
feita voluntàriamente pelo responsável pela usina ou distilaria
ou se êste se recusar a assinar o inventário e balanço realizados,
o Procurador encarregado da execução promoverá, em juízo,
uma vistoria ad perpetuam rei memoriam para o fim de inven-
tariar os bens e balancear a escrita.
Art. 26 —
Imediatamente depois de investido na adminis-
tração da usina, ou distilaria, o preposto oficiará a tôdas as re-
partições públicas, estabelecimentos de crédito e demais pessoas
com quem a usina mantenha relações, comunicando-lhes a inter-
venção .
Art. 27 — O Instituto
poderá permitir que os responsáveis
pela usina ou distilaria designem fiscal seu para acompanhar a
regularidade da escrita da usina.
675
b) —
tomar dinheiro por empréstimo, ainda que para fi-
§ 2.° — O
financiamento de produção será feito pelo pro-
cesso corrente e dentro das garantias .estabelecidas nas últi-
mas safras.
é7é
i) —
denunciar ao I.A.A. quaisquer fraudes e irregula-
ridades, crimes ou contravenções praticados pela usina e de que
venha ter conhecimento no decorrer de sua gestão.
Art. 31 —A
nomeação do preposto-interventor será acom-
panhada de instruções aprovadas pela Comissão Executiva.
A
Comissão Executiva do Instituto do Açúcar e do Álcool,
no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei, resolve :
Art. 2P — O
recolhimento da taxa a que aludem os arti-
gos 10 e 11 da Resolução 86/44 só será obrigatória nos Estados
§ 1.° — Nos
demais Estados produtores de álcool os preços
do para o produtor, não excederão aos preços da mistura
álcool,
carburante nas respectivas zonas de consumo.
Art. 3.° —
O álcool distribuído como carburante, direta-
mente pelo produtor, nas usinas do Norte, poderá ser bonifi-
cado, tôda vez que o preço obtido estiver aquém do preço ini-
cial estabelecido no artigo 7.° da Resolução 86/44, acrescido da
bonificação a que tiver direito, na forma da mesma Resolução,
segundo a proveniência e graduação do álcool. Essa bonifica-
ção terá por fim igualar o preço dêsse álcool, para o produtor,
ao preço por êste entregue ao I.A.A. ou à sua ordem.
Parágrafo único —
O cálculo para apuração da quantidade
de álcool produzida em detrimento da produção açucareira será
•
feito tomando-se a relação de 40 litros de álcool por saco não
fabricado da produção autorizada da usina.
Art. 6.** —
Continua requisitada, para distribuição exclusi-
va pelo Instituto, a produção de álcool anidro ou hidratado das
usinas do Norte que possuem aparêlho de desidratação.
Art 9.°
.
—
O gerente da Distilaria Central da Bahia emitirá
quinzenalmente as ordens de entrega do melaço requisitado, to-
mando por base a produção de 30 litros de melaço por tonelada
de cana.
Parágrafo único —
No caso de melhoria do preço do ál-
cool decorrente de bonificações ou de venda direta como carbu-
rante, será reajustado o preço do melaço, sendo distribuídas pela
Distilaria as bonificações correspondentes.
CAnotada;)
Lícurgo Veloso
COMISSÃO EXECUTIVA DO I A. A
Publicamos nesta seção resumos das atas
— Aprova-se o atmiento definitivo de 4.664
sacos para a Usina Carapebus, na forma da Re-
da Comissão Executiva do I.A.A. Na seção solução 74/43.
"Diversas Notas" damos habitualmente extra-
tos das atas da referida Comissão, contendo,
— Idêntico despacho no processo de interês-
se da Usina Ana Florência, que recebe um au-
às vêzes, na integra, pareceres e debates sobre mento de 5.664 sacos.
os principais assuntos discutidos
sões semanais.
em suas ses- — Idêntico despacho no processo de interês-
se da Usina José Luis, Minas Gerais, que recebe
um aumento de 540 sacos.
60.» SESSÃO ORDINÁRIA, REALIZADA EM Incorporação provisória —
No processo de in-
13 DE OUTUBRO DE 1944 terêsse de Manuel dos Santos Silva, Sergipe Apro- .
683
684
a uma consulta da firma proprietária da Usina — Concede-se inscrição- para fabricar álcool
Paranaguá, Bahia, resolve-se encaminhar à mesma à Distilaria Cachoeira Ltda., R. G. do Sul.
o parecer emitido pela Seção de Estudos Econó-
— Manda-se inscrever como produtor de
micos aguardente e rapadura o engenho de Antônio
.
paços o limite do engpnho: da Viúva Carolina para dirigir a referida Delegacia nomeou o Sr.
Reato, São Paulo —
deferido. Antônio de Arêda Leão.
Inscrição de fábrica —
Autoriza-se o regis- Taxa de financiamento de cana A CE. to- —
tro das fábricas de rapadura das seguintes pessoas; ma conhecimento do memorial da Seção de
Prelazia de Labrea, Adolfo José Nogueira, Alfre- Assistência à Produção, apresentando o quadro
do de Barros Correia. Nelson Cansanção, Alfredo relativo à arrecadação da taxa de um cruzeiro
Soares de Oliveira, Aauilino Morretini, Antônio _por tonelada de cana no Estado do Rio e corres-
da Silva Machado, Acrísio José Pereira, Agenor pondente à safra 1943/44 e ao mesmo tempo apro-
André de Araujo, Afonso Alves Pereira, Agalio- va medidas sugeridas pela referida seção.
as
dório Frauches, Avelino Rodrigues Primo. José
Ribeiro de Asuiar, Antônio Roberto Neto, Sebas-
Aumento de limite —
Nos têrmos da Reso-
lução 74/43, a C. E. concede aumento de limite
tião Barroso Soares. Francisco Batista dos Santos, às seguintes fábricas: Usina Bititinga, Alagoas.
Aurélio Pereira Marques, Ângela Capitania da 899 sacos; Usina Coruripe, no mesmo Estado,
Silva, Alexandre Caetano Barbosa e Agripino 4.492 sacos; Usina Vitória do Paraguassú, Bahia,
Lourenco da Cunha. 1.100 sacos; Usina Terra Nova, Bahia, 4.718 sa-
—
E' também autorizado o registro da fábrica cos; Usina Malvina Dolabela, Minas Gerais, 1.143
de álcool de Joventino Alencar Filho, Minas Ge- sacos; Usina Rio Branco, Minas Gerais, 2.556 sacos;
rais, bem como o da fábrica de aguardente de Usina Monte Alegre, Minas Gerais, 24 sacos;
Moacir Fonseca Soares, Pernambuco. Usina Santa Cruz, Minas Gerais, 226 sacos; Usina
685
Volta Grande, Minas Gerais, 702 sacos; Usina do aprova-se o parecer da Gerência sugerindo as
Outeiro, E. do Rio, 5.264 sacos; Usina Mineiros, medidas a tomar no caso.
E. do Rio, 7.980 sacos; Usina Santa Cruz, E. do Inscrição de fábrica —Processo de Manuel
Rio, 4.790 sacos; Usina Tinguá, E. do Rio, '780 Wanderley Dias, Pernambuco —
autoriza-se o re-
sacos; Usina Cupim, E. do Rio, 6.085 sacos; Usina gistro
São Pedro, E. do Rio, 2.320 sacos; Usina Piraci-
.
6S6
ATOS DO PRESIDENTE DO I. A. A.
O Sr. Barbosa Lima Sobrinho, Presidente do 4.353/41 — Paulino Teixeira Cavalcanti —
Instituto do Açúcar e do Álcool, despachou os se- Maria Pereira — Aumento de quota — Arquive-
guintes processos: se, em 13-11-1944.
3.414/41 — Antônio Batista de Sousa — Vva.
ESTADO DE ALAGOAS São Gonçalo — Aumento de quota — Arquive-se
em 26-10-44.
_
Aurélio Uchôa Lins
331/41 S. Luis do — 6.945/40 — Calixto João dos Santos — Aqui-
Quitunde —
Transferência de Edson Augusto
1) raz — Aumento de limite de rapadura. Anexo
15.554/44 — Deferido, em 25-10-44.
:
26-10-44.
4.660/43 — Antonio J. Oliveira — Itabuna — S. Gonçalo — Aumento de quota — Arquive-se, em
Solicita autorização transferir sua fábrica aguar- 18-10-44.
dente para a Fazenda Itaberaba no Município de 932/41 — José Perdigão Sampaio — Baturité
Canavieiras, no mesmo Estado. Deferido, em — — Aumento de quota de rapadura — Anexo: —
25-10-44. 442/40 — Arquive-se, em 18-10-44.
35.168/44 —
José Vanderlei de Araujo Pi- 3.138/42 — José Ribeiro de Oliveira e outros
nho — Santo Amaro —
Pede vista do processo — Assaré — Pagamento de taxa sôbre a produção
4.600/43 —
Arquive-se, em 25-10-44. efetiva de cada engenho — Arquive-se, em
2.352/39 —
Leodegario Matias de Aguiar — 18-10-44.
Livramento —
Transferência de Mariano Caíres 5.393/40 — Juvenal Correia Lima — Aquiraz
Pinheiro (Herds.) —
Deferido, em 18-10-44. — Aumento de quota de rapadura — Arquive-se,
3.169/39 —
Paulo de Sousa Barbosa Je- — em 18-10-44.
quiriçá —
Transferência de engenho de Juvencio L.R. 1.1 58/40 — Manuel Evangelista de Oli-
Cardoso e remoção para Mutuipe —
Deferido, em veira — Maria Pereira — Limitação de engenho
18-10-44. rapadureiro — Arquive-se, em 18-10-44.
3.411/41 — Manuel Ferreira de Góis — S.
ESTADO DO CEARA' Gonçalo — Aumento de quota — Arquive-se, em
81-10-44.
— Pedro da Costa Calixto — Tian-
5.025/40 7.219/40 — Manuel Ferreira Manço — Tian-
— Aumento de quota de rapadura — Deferido, guá — Aumento de limite de rapadura — Arqui-
^
guá
em 14-11-44. ve-se, em 18-10-44.
4.658/40 — Pedro Malheiro Tavares — Mila- 5.165/41 — Manuel Francelino de Oliveira —
gres — Aumento de quota de rapadura — Arquí- Quixadá — Aumento de limite de rapadura —
ve-se, em 14-11-44. Arquive-se, em 18-10-44.
4.708/40 — Antônio Alexandre Gonçalves — 4.316/41 — Antonio Tango — São Gonçalo —
Baixio — Aumento de quota de rapadura — Defe- Aumento de quota — Arquive-se, em 18-10-44.
rido, em 13-11-44. 5.172/42 — Damião Leocádio Jorge de Sou-
687
792/35 —
Antônio Pedro de Castilho Mor- —
2.191/42 — João Quesado & Filho e Joaquim rinhos —
Montagem de engenho —
fabrico de açú-
Garcia de Sá Barreto — Barbalha — Transferên- car, rapadura e aguardente. Anexos: nos. 2351/39
cia de engenho de rapadura — Aprovado, em — 2.986/38 —
Arquive-se, em 14-11-44.
18-10-44. 2.228/35 —
António Alifaz Pereira Morri- —
3.383/41 — Joaquim Ferreira Pinto de Carva- nhos —
Registro de Engenho —
Deferido, em
lho (Herds») — Gonçalo — Aumento dé quota
S. 25-10-44.
— Arquive-se, em 18-10-44. 2.318/40 —
Ciro Santana Ramos Anápolis —
3.378/41 — Joaquim José de Alcantara — S. — Inscrição de engenho de açúcar Permuta de —
Gonçalo — Aumento de quota. — Arquive-se, em espécie de fabricação com José Aleixo Chaveiro.
18-10-44. Anexo: 2.359/39 —
Deferido, em 25-10-44.
186/42 — Manuel Ribeiro Leitão — Quixe- 2.942/39 —
Helena Tosta de Oliveira Goia- —
ramoLim — Aumento de limite de rapadura — tuba —
Inscrição de engenho —
Deferido, em
Arquive-se em 18-10-44. 25-10-44.
1 177/42 — Manuel Roque de Oliveira — San- 3.865/39 — Honório Soares de Farias — For-
tanópolis — Aumento de limite de rapadura —
.
2 947/39 —
Augusto Ferreira Barbosa — Pon- gola — Memorial ao Sr, Presidente da República,
— —
.
689
690
ESTADO DA PARAÍBA :
tagem de engenho de rapadura — Deferido, em
18-10-44.
3.186/43 — Manuel Avelino Rodrigues — Laran- 5.516/42 —
Teresa Isabel da Conceição —
jeiras — Devolução da importância dg Cr| Picos — Baixa de inscrição de engenho de rapa-
referente ao depósito feito para aumento de quota.
100,00,
dura. — Arquive-se, em 18-10-44.
— Arquive-se, em 13-11-44.
817/42 —
Antônio Uchôa Filho Sapé — Su- — ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE :
1.217/39 —
Afonso de Albuquerque e Luis de ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
França Machado Freire —
Barreiros —
Inscrição
— Ângelo — Caí — Au-
de engenho de açúcar. —
Arquive-se, em 14-11-44. . 30.284/44 Ferronato
5.028/41 —
João Florentino de Melo e Indús- torização para engarrafar aguardente, fabricada
—
trias Luis Dubeux S/A. —
Amaragí —
Incorpora- por diversos e de diversas marcas Aprovado,
ção de quota —
Deferido, em 14-11-44. em 13-11-44.
3.724/41 —
Luis Evaristo de Albuquerque e
Andrade, Queiroz & Cia. —
Aliança —
Incorporação ESTADO DO RIO DE JANEIRO :
de quota —
Aprovado, em 14-11-44.
36.916/44 —
Francisco Bezerra dos Santos e 23 059/44 —
Arlindo Diniz da Fonseca Te- —
—
.
DECISÕES ADMINISTRATIVAS
INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL Leis do Trabalho, observada a seguinte discrimi-
nação para os cargos: Diretoria —
Presidente:
PROVIMENTO N.o 3/44 — 7 DE NOVEMBRO João Bravo Caldeira. Secretário: Osvaldo de Bar-
DE lSf44 ros Schmidt. Tesoureiro: Virgolino de Oliveira.
Suplentes da Diretoria —
Marcos Antônio Mon-
Atribui à Seção Jurídica os serviços de- teiro de Barros, Henrique Storrer Lage, Miguel de
rivados da execução do Decreto-lei número Cillo Sobrinho. —Conselho Fiscal Pedro—
6.969, de 19 de outubro de 1944. Ometot, Baudílio Biagi, Sílvio Tricânico. Suplen-
,tes do Conselho Fiscal —
Joaquim Camilo de Mo-
O
Presidente do Instituto do Açúcar e do Ál- rais Matos, Vítor Marques da Silva Airosa Filho,
cool, usando das atribuições que lhe são conferi- João Batista de Lima Figueiredo. (A. M. F.).
das por lei, resolve:
(D O., 25-11-44.)
Art. 1.° Fica a Seção Jurídica autorizada a
fazer as comunicações e notificações necessárias
ao perfeito cumprimento dos preceitos do Decreto-
lei n.o 6.969, de 19 de outubro de 1944. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA
Art. 2° Para o fim de facilitar o perfeito en-
tendimento dos dispositivos constantes do Decreto- PORTARIA N.o 863 — 1 DE DEZEMBRO DE 1944
lei n. a Seção Jurídica baixará aos seus
6 969,
.
SEM COMPROMISSO!
Em' matéria de redutores de velocidade, LINK-BELT lhe
oferece uma opinião Imparcial
REDUTORES EM ESPINHA
DE PEIXE
Garante a eficiência de operações
a alta velocidade e à prova de tre-
pidações. Assegura um trabalho si-
lencioso e é completamente protegi-
do contra a poeira, as incrustações
e a fumaça.
LINK-BELT COMPANY
Engenheiros —Fabricantes —
— —
Exportadores
233 Broadway, Nova York (7), N. Y., E. U. A.
Estabelecidos em 1876
Endereço telegráfico: "LINKBBLT"
Representantes
:
Llon & Cia. Ltda., Rua Brigadeiro Tobias, 475, São Paulo
I
9455 E
-
I
. .
694
BRASIL AÇUCAREIRO -
DEZEMBRO, 1944 — Pág. 94
695
midos à medida aue forem libertados. Grandes amontoar sobre ele os sacos, à altura desejada. Não é
quantidades de géneros alimentícios e materiais preciso usar calços! Sendo à prova de água, Sisalkraft
serão necessários e entre os produtos alimentares elimina os perigos da umidade superficial, de uma vez
para sempre.
o açúcar será sem dúvida dos mais pmcurados.
No entanto, será tão grande o número de consu- E ao eleger SISALKRAFT disfrutará de outra vantagem
não há praticamente conhecimento da rotura de
midores e tão vastas as necessirlarlp.s de produtos
. . . sacos,
quando protegidos da umidade!
essenciais, aue nos parece impossível a concentra-
ção na produção de um só. Economize em Mão efe Obra e Materiais
Naturalmente todos os esforços serão feitos Passe em
revista os fatos supra. Os sacos podem ser
para reabilitar as indústrias dos países devastados, amontoados a qualquer altura! Não é preciso usar calços!
mas isso não se fará apenas nesses países, e res- A
Não há estragação de sacos! facilidade de manipulação e
instalação reduz as despesas de mão de obra.
tauração do comércio normal e das condirões in-
V.S. verificará que o SISALKRAFT lhe poupa dinheiro
diistriars em todo o mundo não se conseguirá den-
em quase todo aspeto da armazenagem. Seu custo inicial é
tro de um curto lanso, depois da guerra. Resta baixo; pode ser usado repetidas vezes. Pode ser comprado
saber se. como aconteceu depois da primeira Gran- por menos do que se pagaria somente pelos calços. Oferece
de Guerra, haverá depois desta uma procura de muitos outros usos económicos, tais como o de proteger
açúcar muito mais intensa ou se o racionamento,
—
motores, painéis elétricos, maquinaria, etc. especialmente
durante as épocas inativas.
adotado por tôda parte veio criar novos hábi-
Peça-nos hoje informações completas.
to.s alimentar»»"?. F.' uma especu-
ps^a. entretanto,
lação ,sem maior intprp<!se no momento, em vista Sisalkrajl tomou o seu
do fa+o de aue os suprimentos mundiais serão in- lugar no esjorço de guerra
suficiêntes para atender an mais baixo nível de das Nações Unidas, e tal-
procura que se possa imaííinar. vez não seja oblidoemtoda
De nossa parte não estamos em condições de ocasião. Isto se deve às
dijiculdades de transpor-
fazer muito para aliviar a situação eeral: fica-nos,
te, etc; mas estamos Jazen-
contudo, a obrigação de dar a contribuição que es-
do maiores esjorços
os
tiver ao nosso alcance.
para manter seu país
Considerando o alarmante declínio da produ- devidamente abastecido.
ção açucareira da Austrália, que é uma consequên-
cia da guerra, a melhor contribuição nossa será a
de realizar todos os esforços visando reconduzir a
produção aos níveis anteriores, mas antes que êsses
THE Sisalkraft co
205 WEST WACKER DRIVE • CHICAGO, E.U.A.
LONDRES, INGLATERRA SYDNEY, AUSTRÁLIA
esforços se tornem efetivos será preciso que as au-
toridades dêem mais atenção aos problemas do DISTRIBUIDOR: CASA HILPERT S.A.
braço e dos materiais essenciais à indústria". Av. Rio Branco, 26 - 15.» andar — Rio de Janeiro
697
impede as usinas de moerem na sua capa.cidade teça, o público americano pode ficar certo de que
normal uma grande parte da safra cubana será reservada
Os círculos interessados reclamam sobretudo o e vendida aos Estados Unidos pelos preços má-
licenciamento do exército de cortadores experimen- ximos vigentes. No caso, porém, de serem aboli-
tados, em ordem a que a colheita se faça mais rà- dos os sistemas de controle de preços, o govêrno
pidamente e as fábricas possam dispor de maté- cubano não será responsável pela especulação que
ria prima em quantidade bastante para as suas surgir, como surgiu na outra guerra."
necessidades
CUBA
— O "Time", de 9 de outubro último, relati-
.
No número de 14 de do "Weekly
setembro vavente à situação da venda da safra de açúcar de
Statistical Sugar Trade Journal", a firma Luis Cuba para os Estados Unidos da América do Nor-
Mendoza & Cia., de Havna, escreve, a propósito de te inseiriu um artigo, do qual sobressaem os se-
uma homenagem prestada em Nova York, pela guintes tópicos:
Sugar Research Foundation, ao Presidente Ramon
Grau de San Martin: "Depois de quatro semanas de discussões, os
representantes de Cuba voltaram de Washington,
"E' preciso não perder de vista que o fato de sem solução para o caso do aumento do preço, que
pretender Cuba um aumento substancial no preço ali foram pleitear.
do seu açúcar não prejudica o esfôrço de guerra O novo contrato de venda de açúcar abrangia
nem deve ser interpretado como irma atitude de um volume de 5.000.000 de toneladas (83.333.333
quem quer se aproveitar de sua situação única de sacos de 60 quilos) e pleiteavam os cubanos um au-
3.000.000 de toneladas; Nessas condições, a quan- var emconta que para o empréstimo e arrenda-
tidade de açúcar disponível nos Estados Unidos mento para distribuição nas zonas libertadas
e
será insuficiente para atender às exigências nor- será mister maior quantidade. Assim se abriu ca-
mais de 7 rnilhões de toneladas e apenas pioderão minho para a continuação do atual controle de
cobrir com dificuldade as rações limitadas que têm preços e das restrições do racionamento, sem se
sido distribuídas nos dois últimos anos, sem se le- atender ao q'.'.e o público pensa do assunto".
698
mento de meio centavo por libra sobre o preço tinados à população civil 100.000 toneladas de
de- 2,65 centavos, estabelecido em 1941, para o açúcar que estavam reservadas para transforma-
período da guerra. Cuba alega um aumento do ção em álcool durante o último trimestre dêste
custo de produção de 100% ou mais, desde o iní- ano. A mesma fonte acrescenta que a WPB con-
cio da guerra e isso impede a venda do açúcar pelo tinua favorável ao plano de aproveitamento de
preço anterior. açúcar na produção de álcool industrial, não obs-
Não obstante êsse argumento, a Commodity tante as safras de cereais serem mais avultadas e
Credit Corporation, que faz todas as compras de apesar da proibição do fabrico de bebidas alcoó-
açúcar para os Estados Unidos, recusou pagar licasí Acredita a mesma firma que o comércio e a
preço superior a 2,75 centavos por libra. indústria devem insistir com o govêrno para que
A representação de Cuba foi resolvida a não no próximo ano os açúcares cubanos não sejam
vender o açúcar por menos de 3,25 centavos por desviados para a produção de álcool.
libra, ao que não acedeu a Commodity Credit,
alegando, entre outras coisas, que tal concessão
abriria um precedente para outros países que rei-
vindicariam melhores preços para os seus produ- — Lê-se no número de setembro de "Sugar"
tos, inclusive o Brasil para o café. que a War Food Administration acaba de anun-
Para o novo Presidente de Cuba, a situação ciar um plano de preços para as safras açucarei-
se cinge em aceitar ou continuar a discutir a ras de 1945, tanto de cana como de beterraba, vi-
questão dos preços com a América do Norte. sando o referido plano incentivar os plantadores a
Enquanto isso sucede, os estoques na Améri- aumentar a produção. Não se conhece o preço
ca do Norte se reduzem, a ponto de haver agora exato que será pago pela beterraba; sabe-se, po-
um estoque de apenas 680 706 toneladas, contra o
.
rém, que será pelo menos tão favorável quanto o
de 1.200.000 toneladas, em igual data do ano de 1944, quando as beterrabas foram pagas a 12,50
passado dólares a tonelada, inclusive os pagamentos
Nò Midwest, os varejistas estavam, já em de acordo com a lei de 1937. Para as canas de
agosto, colocando cartazes com os dizeres — "Não Luisiana estabeleceu-se o preço de $1,60 a tone-
há açúcar". lada de cana de qualidade média dos últimos anos
Èm todo o mundo
os estoques de açúcar dimi- e $1,53 a tonelada de cana padrão. Êsses preços
nuem e a procura continua a exceder a produção. estão sujeitos a reajustamento, caso se verifique
Cuba estará recebendo, em breve, propostas de um avanço nas cotações do açúcar. Serão toma-
compradores europeus, por preços bem mais ele- das medidas para o integral pagamento das canas
vados do que os americanos. A
situação, então, geladas utilizadas na produção de açúcar ou de
melhorará, com certeza, para Cuba". melaços, de modo a estimular os agricultores a
limpar os campos e assegurar maior produção. Os
As mostram a situação do
presentes notícias plantadores de cana da Flórida receberão o paga-
açúcar no mundo
e aconselham, no momento, que mento básico de $1,60 por tonelada de cana de qua-
não se façam restrições na produção, inclusive no lidade média, devendo o pagamento ser graduado
Brasil. Se se registrasse qualquer excesso na segundo o volume de açúcar recuperável e tam-
nossa produção, nenhuma dificuldade haveria em bém sujeito a reajustamento de conformidade com
exportá-lo para os mercados externos. o mercado do açúcar.
O plano de preços foi anunciado em agosto,
ESTADOS UNIDOS de maneira que os agricultores da Califórnia pu-
dessem cuidar das suas plantações para o ano vin-
Durante os meses de junho e julho últimos, douro. O govêrno também ajudará os agricul-
a zona canavieira da Luisiana sofreu os efeitos de tores a conseguir a mão de obra necessária". Receia-
uma extemporânea estiagem. Contudo, as planta- se que a queda de produção na Luisiana e na Fló-
ções não foram sèriamente prejudicadas, segundo rida, decorrente da falta de braços, continue na
informa "Sugar" e a sêca permitiu aos agriculto- próxima safra e para isso será mister fornecer aos
res apressar as suas tarefas nos campos. plantadores um maior número de trabalhadores.
Em algumas áreas, os canaviais apresentam
um mau aspecto. Todavia, a situação geral da HAITI
safra parece melhor que a do ano passado na
mesma época. Neste ano a área de plantio é um Durante o mês de julho, informa o "Weekly
pouco inferior e a impressão geral nos meios in- StatisticalSugar Trade Journal", a produção de
teressados é que a produção de açúcar dificilmente açúcar e de melaços continuou em alto nível. Fo-
ultrapassará a de 1943, que foi de 431.000 tonela- ram fabricadas nesse mês 6.921 toneladas curtas
das. de açúcar bruto e 475.879 galões de melaços.
A falta de trabalhadores continua a ser mo-
tivo de preocupações, tanto no setor agrícola como HAVAI
no industrial.
Uma correspondência de Honolulu publicada
no número de setembro de "Sugar" informa que
as operações de colheita, moagem e embarque
—
Segundo informa a firma B. W
Dyer & prosseguem ràpidamente no Havai, sob condições
Company, de Nova York, as autoridades norte- de tempo favoráveis. Nos primeiros seis meses
americanas fizeram reverter aos suprimentos des- dêste ano, foram embarcadas 393.500 toneladas de
699
açúcar contra 430.915 no mesmo períbdò de 1943. Êsses direitos de exportação, diz ainda aquè-
Durante o mês de junho, verificaram-se in- le jornal,foram acrescentados à taxa de exporta-
cêndios em áreas de considerável extensão na ção de 12 por cento sôbre a avaliação oficial, a
Usina Ewa e na Oahu Sugar Plantation. A pureza qual está sujeita a variações mensais.
dos caldos e os rendimentos de cana são, em geral,
bons. A principal dificuldade com que se defron- PERU
tam os agricultores e os industriais é a falta de A situação açucareira do Peru, informa o
mão de obra. Muitos estudantes estão trabalhan- "Weekly Statistical Sugar Trade Journal", con-
do nos canaviais e, embora o seu número não seja tinua a caracterizar-se pela intensa procura dos
suficiente para as necessidade, têm prestado uma
importadores que oferecem preços favoráveis.
ajuda valiosa.
No entanto, a perspectiva do mercado não é con-
A Honolulu Plantation Company, que produz siderada das mais promissoras, uma vez que per-
a maior parte do açúcar refinado consumidp no manecem os efeitos adversos da aguda falta de
arquipélago, vem trabalhando dentro das suas
braços e da escassez de fertilizantes.
possibilidades, não obstante as dificuldades do
Fontes não oficiais estimam em 22 mil tone-
'momento. Até julho a sua produção de refinado ladas a produção de açúcar em abril último e o
se elevava a 32 mil toneladas, que representa qua-
total dos quatro primeiros meses dêste ano em 88
se a produção normal da sua refinaria. Estima-
mil toneladas. Estima-se que a produção total
se eni 65 mil toneladas o volume de açúcar re-
dêste ano se elevará a 430.000 toneladas contra
finado a ser consumido êste ano por civis e mi-
411.000 em 1943 e 496.000 em 1942.
litares .
O consumo de açúcar no país, de janeiro a
abril. dêste ano, totalizou 50.858 toneladas contra
MÉXICO 47.672 e 44.499 toneladas, respectivamente, em
Informa "Sugar" do projeto de instalação de
idêntico período de 1943 e 1942. Em1 de junho úl-
timo, os estoques eram de 14.000 toneladas, acres-
uma nova fábrica de açúcar no Estado de Sinaloa, centa aquêle jornal.
a qual será a maior usina de propriedade priva-
da do país. A sua capacidade inicial será de 2.000 UNIÃO SOVIÉTICA
toneladas diárias, devendo ser elevada para 5.000,
logo que o permitam as condições de suprimento Reproduzindo informações divulgadas pela im-
de matéria prima. A nova fábrica receberá canas prensa de Moscou, o "Weekly Statistical Sugar
das regiões de San Pedro e Navolato. Entre os Trade Journal" diz que a produção de açúcar na
incorporadores da emprêsa figuram os Srs. Aaron Província de Kursk é estimada em 108.000 tone-
Saenz, Presidente da União Nacional de Produto- ladas. Cinco fábricas foram restauradas antes do
res de Açúcar, e Jorge Almada Salido, genro do prazo previsto e outras cinco deverão entrar em
ex -Presidente Plutarco Calles. Ainda êste ano de- funcionamento ainda êste ano.
verá ser iniciada a instalação da usina. Nas regiões meridionais que foram liberta-
Outra informação da mesma revista diz que das dos invasores nazistas e onde dois terços das
a capacidade da Central Tuzamapan será avimen- fábricas haviam sido destruídas, a reconstrução
tada de 1.500 para 6.000 toneladas métricas de continua em andamento rápido. Embora nesta es-
açúcar por safra. Trata-se de uma emprêsa coope- tação' 150 fábricas já estejam produzindo na
rativa, localizada no Estado de Vera Cruz. A fá- União Soviética (na estação anterior apenas tra-
brica será modernizada e novos equipamentos se- balharam 28), pode-se adiantar que o nível de
rão intalados. produção ainda estará muito aquém do que era
A produção desta safra é estimada em 400.000 antes da guerra.
toneladas, havendo, portanto, a perspectiva de
escassez de açúcar, uma vez que o consumo in-
terno é estimado em 450.000 toneladas. O Minis- DISTILARIA DOS PRODUTORES DE
tério da Agricultura advertiu a população de que PERNAMBUCO
o México enfrentará êste ano uma crise de açúcar.
Teve lugar a 7 do corrente, no Recife, a assem-
— Informa o "Weekly Statistical Sugar Tra- bléia geral da Distilaria dos Produtores de Per-
de Journal" que os direitos de exportação no Mé- nambuco, para prestação e aprovação de contas
xico foram substancialmente aumentados, de acor- no exercício de 1943/44 e eleição da diretoria para
do com um decreto do poder executivo de julho o biénio 1944/46 e do conselho fiscal para o perío-
último. O mesmo decreto onerou alguns produtos do 1944/45.
que anteriormente eram isentos. O resultado da eleição foi o se$:uinte:
O açúcar e derivados, em continuação men- Diretoria — Presidente: Leal Fei.ió Sampaio
cionados, que eram livres de direitos, passaram a — reeleito; Secretário: Rui Berardo Carneiro da
—
.
pagar os seguintes em pêso e fração, por quilo- Cunha reeleito; Tesoureiro: Frederick von Sohs-
grama: açúcar bruto, 0,40; açúcar refinado, 0,50; ten — reeleito; suplentes —José Ranulfo da Cos-
glicose sólida, lactose e maltose, 1 .pêso; açúcar ta Queiroz, Paulo Cabral de Melo e Humberto de
semi-refinado, sólido e bruto, 0,40; açúcares não Oliveira
especificados; 0,40; glicose líquida, 1,20; melaços Conselho Fiscal —
Wifrid Russel Shorto, An-
de cana, 0,40; melaços, caldos e xaropes não es- tônio Cisneiros Cavalcanti e Antônio Dourado Neto.
pecificados e sem adição de substâncias aromáti- Suplentes — Leopoldo Pedrosa, Mário Aze-
cas, 0,40. vedo e Mário Monteiro.
BRASIL AÇUCAREIRO ,
DEZEMBRO, 1944 — Pág. 100
. . . . . . . . .
701
Sá contra os terríveis selvícolas. E' de crer Gonçalo Pires), restantes dos 4 que haviam
que a indústria açucareira haja começado no sido instalados ali.
Espírito Santo antes do seu surto no Rio de Ilhéus —
3 (tendo tido antes 8 ou 9, como
Janeiro, onde a ríiesma não pôde repontar se pode ver na obra de Gabriel Soares de
senão depois da definitiva expulsão dos fran- Sousa)
ceses (1567) Bahia — 36
Em Itamaracá
desenvolveu-se, desde o co- Pernambuco — 66 (incluídos nesse total
meço da colonização da capitania, a explo- os 7 levantados em Alagoas por Cristóvão
ração da cana de açúcar. Na Paraíba, logo Linz)
após a sua conquista, ultimada em 1585, fo- Itamaracá — 3 (Obu, Araripe de Baixo e
ram imediatamente levantados dois engenhos. Araripe de Cima)
E os de Alagoas (região integrada na capita- Paraíba — 2 (Tibiri de Cima, que se su-
nia de Pernambuco até 1817), devidos à inicia- põe ter sido o pertencente ao patrimônio
tiva do colono alemão Cristóvão Linz, foram real, ali construído por João Tavares, e que
em número de 7 (numa série que ia de Pôrto depois passou às mãos de João Fernandes
Calvo até ao cabo de Santo Agostinho), os Vieira, e Tibiri de Baixo, levantado por seu
quais geralmente se incluem no total esta- dono, Diogo Correia Nunes, conforme Frei
tístico da donatária de Duarte Coelho. Vicente do Salvador)
Não pretendemos transpor, nestes arti- Cumpre-nos lembrar que até os discípu-
gos, o século em que se transplantou para as los de Santo Inácio de Loiola, mediante per-
nossas plagas a saccharum officinarum, uma missão do seu geral ou da Santa-Sé, também
vez que adstringimos o nosso ligeiro estudo se entregaram no Brasil (onde entraram em
aos "primórdios do Brasil colonial". 1549 e tiveram decisiva influência espiritual
Tomando o ano derradeiro da referida e intensa atividade material até meados do
,
centúria, diz o autor da "História do açúcar" século XVni) à indústria açucareira. Sabe-
(vol. I, pág. 32) que "em 1600 já havia 120 se que possuíram um engenho na capitania de
engenhos no Brasil". Ilhéus e que, — uma vez fundada definiti-
Achamos muito reduzido esse total, a me- vamente por Mem de Sá, em 1567, a cidade do
nos que houvessem deixado de funcionar- pelo Rio de Janeiro, nos seus arrabáldes não tar-
menos 7 dos mencionados pelos nossos me- daram a ser erectos os "engenhos dos padres",
lhores historiadores e cronistas como exis- mais tarde conhecidos (ao que supomos) por
tentes logo após a sujeição de nossa pátria ao "Engenho Velho" e "Engenho Novo", tendo
domínio espanhol. E não é de crer que a in- ainda possuído os inacianos a enorme Fazen-
dústria canavieira tenha ficado paralisada da de Santa Cruz, assim como as três não
entre 1590 e 1600. menores, chamadas Colégio, Muribeca e
SanfAna, em Macaé, tôdas, portanto, na ter-
Com efeito, entre 1580 e 1590, como se
ra fluminense. O engenho mandado cons-
pode ver pelo seguinte resumo que fizemos do
truir pelo governador Antônio Salema pas-
que se encontra na "História geral do Brasil"
sou, depois, do patrimônio real para o par-
de Varnahagen, havia em nosso país 127 en- '
ticular, pois foi vendido a Domingos do Amo-
genhos, assim distribuídos pelas capitanias:
rim Soares, e mais tarde veio a pertencer ao
São Vicente —
6 (o mesmo número da-
fidalgo lusitano Rodrigo de Freitas de Melo e
do por Luís de Góis) Castro (falecido em 1803), cujo nome se per-
.Rio de Janeiro —
3 (o do primeiro capi- petuou na lagoa, à margem da qual fôra le-
tão-mor Salvador Correia de Sá e que era vantado o dito engenho. Num subúrbio da
movido por bois, na ilha de Paranapuã; o de terra carioca ainda apareceu o chamado "En-
Cristóvão de Barros, segundo capitão-mor do . genho de Dentro", seguindo-se-lhe os que sur-
Rio de Janeiro, e que era movido por água giram em Inhaúma, êstes posteriormente à
e o do patrimônio real, mandado construir expulsão dos jesuítas do Brasil. Conforme
pelo governador Antônio Salema (1572-1577), Assegura Vieira Fazenda, às págs. 361-362 do
perto da lagoa depois chamada "Rodrigo de vol. II de suas interessantíssimas "Antiqua-
Freitas") lhas" (Rio, 1923), em 1779 já contava a fre-
Espírito Santo — 6. guesia de Inhaúma os quatro engenhos se-
Pôrto Seguro —
2 (um pertencente a guintes: o do Campinho, pertencente a Fran-
Manuel Rodrigues Magalhães e o outro a cisco Félix Correia e Josep Frutuoso Moreira;
o da Pedra, do sargento-mor José Dias de razão Mário Sette, quando, à pág. 190 de "O
Oliveira; o de que era dono José Pereira de vigia da Casa-Grande", assim ponderou: —
Amarante; e o de Inhaúma, o maior de todos, "Foi a gente rural de Pernambuco, pode-se
pois possuía 79 escravos, produzindo anual- dizer, que fêz o Brasil livre. O engenho de-
mente 35 caixas de açúcar e 20 pipas de aguar- vera ser o nosso escudo nacional. Não há,
dente. A
freguesia de Inhaúma deveu a sua porém, sequer, nas armas do país, um florão
."
criação ao vigário geral Dr. Clemente Mar- de cana. Há somente o café e o fumo. .
II
engenhos e plantação da cana de açúcar â Também, mais tarde, em 1784, quando su-
margem do rio Itabapoana. Os engenhos e plicaram que lhes concedesse a graça de não
canaviais foram destruídos pelos índios goi- poderem ser executados em suas fábricas e so-
tacás. Abandonada a do- mente nos rendimentos,
natária, ficou ela esque- como se fazia no Rio de
cida até 1627, quando os 7 Janeiro, o procurador da
capitães, em 19 de agos- Coroa que teve de dar o
to, conseguiram que seu parecer, assim se ma-
grande parte das terras nifestou: "A agricultura
lhes fossem concedidas de açúcar tem se adian-
por cartas de sesmarias. tado tanto nos últimos
Tomando posse delas, tempos em Campos, que,
ali introduziram algu- presentemente, se acham
mas cabeças de gado, em erigidos muitos engenhos
8 de dezembro de 1633, e e se cultiva tanta cana,
se dedicaram à sua cria- que é de justiça que os
ção, no que foram segui- suplicantes gozem dos
dos pelos seus sucessores. mesmos privilégios con-
Só depois que o gene- cedidos aos lavradores
ral Salvador Correia de do Rio". No ano seguin-
Sá e Benevides e os je- te conseguiram o que de-
suítas se tornaram gran- sejavam e mais tarde,
d e s proprietários em por alvará de 21 de janei-
Campos, teve início em ro de 1809, essa graça foi
meados do século XVll o concedida a todos os la-
cultivo da cana de açú- vradores do Brasil e do-
car, mas em peqeuna es- mínios ultramarinos que
cala, tendo porém grande não podiam ser executa-
desenvolvimento no sé- dos em seus engenhos e
culo seguinte. Já em 1777 lavoura de cana, e só na
o açúcar fabricado nos ^ h, ^ ( terça parte dos seus ren-
engenhos de Campos su- dimentos.
perava o fabricado nos Já nos primeiros qua-
do Rio de Janeiro e recôncavo. tro lustros do século XIX, o açúcar exportado
Quando os lavradores da terra goitacá pe- de Campos atingia a 15 mil caixas de 40 a 50
diram ao Marquês de Lavradio que ordenas- arrobas. O açúcar, depois de purgado em for-
se ao Ouvidor e mais justiças da Comarca a mas de barro e de madeira, era posto em cou-
supressão de tôdas as execuções nos seus en- ros de boi para secar e depois misturado, en-
genhos, afim de poderem continuar com as caixotado e assim enviado aos compradores.
suas safras e pagar aos seus credores, o Vice- A cana então cultivada era a mirim ou
Rei enviou a súplica, em 14 de fevereiro de creoula, mas com o cultivo da caiana, impor-
1778, ao secretário do Reino Martinho de tada, depois, a fabricação aumentou muito.
Em1827 já existiam em Campos 700 fá- de São Salvador dos Campos (dos Goitacás).
bricas de açúcar, mas é verdade que a maio- Ela sobreviveu ao seu esposo 24 anos, pois
ria era de simples palhoças com toscas moen- fechou os olhos em 12 de junho de 1812. De-
das de madeira e duas ou três tachas movi- pois do falecimento dos seus proprietários,
das a braços. Estas eram levantadas nas ter- parte das terras da fazenda da Barra Sêca
ras do morgado dos Assecas, então adminis- foi vendida a diversos, mas ainda hoje é
trado pelo chanceler da Relação do Rio de uma das maiores da terra goitacá. O atual
Janeiro, que tinha em Campos umadminis- proprietário transformou-a em criadouro e só
trador geral. Como os contratos de arrenda- em uma pequena área dos fundos é plantada
mento eram feitos nas condições mais extcr- a cana de açúcar, que é fornecida à Usina São
sivas, com
direito apenas de insigniif cante in- João.
denização das benfeitorias, depois de findos, O casal teve uma descendência notável
os arrendatários se limi- que deu grande brilho ao
tavam à feitura de tais 1° e 2.° reinados.
palhoças. As demais Dois dos seus filhos
eram impelidas pór água foram titulares e a 1 g u -
~ou quadrúpedes com exe- mas filhas e netas espo-
ção do engenho da gran- saram titulados.
de fazenda da Barra Sê- Do feliz consórcio nas-
ca, entre Campos e São ceram 8 filhos :
105
II. IMPRESSOS
nos não só pela organização e eficiência de Salvador de Mendonça, obras em sua maio-
seus serviços como, especialmente, pela quan- ria deficientes ou atrasadas na informação
tidade e riqueza de seu patrimônio. A Biblio- bibliográfica, mas, ainda assim, valiosas como
teca Nacional do Rio de Janeiro, por exem- guias ou roteiros.
plo, que pode ser considerada uma das mais Já na pesquisa dos manuscritos não nos
ricas da América do Sul, deve ter no máximo esquecêramos do Catálogo de Manuscritos da
um milhão de livros Ora, esta cifra é comum
,
Biblioteca Nacional, do Catálogo de Manus-
nos Estados Unidos, e na Biblioteca do Con- critos da Biblioteca Publica de Évora, obras
gresso, na Universidade de Harvard ou na tôdas existentes nas principais bibliotecas
Biblioteca Pública de Nova York, encontra- americanas. Muitos manuscritos de Évora
mos quatro e cinco milhões de livros.
sete,
foram, depois, trazidos ao Brasil, por invès-
A quantidade e volume não constituíram ra- tigadores que lá estiveram. A sugestão nos
zões para ineficiência ou desacêrto de orien- viera de José Higino Duarte Pereira, quan-
tação. Para isso aquelas instituições possuem do de suas pesquisas na Holanda. Em uma
não só técnicos em biblioteconomia como, das cartas que Netscher escrevera ao" ilus-
algumas, consultores especializados, que per- tre pesquisador brasileiro — e que José Hi-
cebem apenas para investigar e estudar a ma- gino transcreve em apenso ao seu relatório
^
téria que lhe é afeta, opinar nas questões du-
(vide n. 30 da Revista do Instituto Arqueo-
vidosas e orientar a aquisição de obras que
lógico e Geográfico Pernambucano) —agra-
,
707
linhas a esta fase tão importante da nossa teca da Univérsidade de- Ley de. A
terceira
então principal fabricação, J. J. Reese se li- edição. foi registrada no Catálogo de Pieter
mitou a úteis referências aqui ou acolá, a van der Aaa, Como se vê, é obra raríssima e
dados estatísticos sôbre importação em Ams- de valor inestimável.
terdam e a anexos finais sôbre a refinação A seguir, merece destaque o conhecido
de açúcar vindo das índias Ocidentais, entre Itinerário, Voyage ofte schipvaert van Jan
as quais se incluía o Brasil. A falta de Lip- Huygen van Linschoten naer Oost ofte Por-
mann é, porém, mais grave, desde que escre- tugaels Indien, 1579-1592. Uitgegeven door
via uma história do açúcar, ao passo que H. Kern, 1910-1934, em 3 volumes, que cons-
Reese se limitava ao comércio de açúcar em tituem os vols, 1, 2 e 29 da Linschoten Ve-
Amsterdam. De 1650 a 1661, época das lutas reeniging Werk. Trata-se da Viagem ou na-
diplomáticas para a assinatura do Tratado vegação de Jan Huygen van Linschoten para
de 1661, no qual os Países Baixos reconhe- o Oriente ou índias Portuguesas. Nela se en-
cerão a Portugal direitos sôbre o Brasil, pro- contram dados sôbre o açúcar nas Canárias,
vàvelmente não se importou açúcar brasilei- útéis para a história do roteiro seguido pela
ro. Mas daí até a publicação da obra de An- cana ate sua introdução no Brasil. Trata-se
tonil, expressão literária de predomínio eco- da melhor edição crítica de Linschoten.
nómico açucareiro, nosso açúcar continuou Mais valiosa é a obra de Pieter de Ma-
a predominar nos mercados europeus. rees, pouco conhecida pelos estudiosos brasi-
Boas informações sôbre o açúcar brasi- leiros, e que leva o seguinte título: Beschrij-
leiro registradas por viajantes holandeses an- vinghe ende historische verhael van het
tes da conquista e posse do território, colhe- Gout Koninckrijck van Guinea anders de
mos na magnífica série de edições críticas Gout-custe de Mina genaemt, liggende in
publicadas pela Sociedade Linschoten. A het deel van Africa, door P. de Marees,
Sociedade editou mais de vinte e nove volu- Uitgegeven door S. P. L'Honoré Naber, 1912.
mes de viajantes holandeses. Entre as que se E' o vol. 5.° da Linschoten Vereeniging. Não
referem ao Brasil e são pouco conhecidas pe- se descreve o Brasil nem se fazem referên-
los estudiosos brasileiros, convém citar: 1) cias especiais ao Brasil, mas as informações
Dierick Ruiters, Toortse der zee-vaert door sôbre o açúcar nas Canárias, em S. Tomé e na
Dierick Ruiters (Om te beseylen de custen Guiné são bem mais valiosas do que as pres-
gheleghen bezuyden den Guinea, en Angola, tadas por Linschoten. E' como êste, útil para
&c (1623). Uitgegeven door S, P. L'Honoré o estudo dos lugares onde florescera a cana
Naber, 's Gravenhage, M. Nijhoff, 1913. E' antes do predomínio brasileiro.
o volume 6.° da coleção Linschoten Vereeni- Hendrik Ottsen é navegante conhecido
gig Werken. As informações que contém sô- e divulgado na história do Brasil. Sua obra,
bre açúcar, negros e o uso da mandioca são Journael van de reis naar Zuid-Amerika
bastante curiosas e valem como as dos pri- (1598-1601) foi primeiro editada em 1603, e
meiros cronistas portuguêses. A obra é ba- pode também ser encontrada na Oost-Indis-
seada em Laet, Herrera, de Acosta, Martin che ende West Indische Voyagen, Amster-
dei Barco, Ramusio, Gomara, Lery, afora as dam, 1619. Existe uma edição de 1617 e é co-
observações pessoais do viajante. Trata-se nhecida a edição crítica espanhola feita por
de uma descrição geral, onde se fala de Per- Paul Groussac e divulgada nos Anales de la
nambuco (p. 30), do Rio Real (p. 31), da Baía Biblioteca Nacional de Buenos Ayres, em
de Todos os Santos (p. 32) e do Rio de Janei- 1905, tomo IV. Os que a examinarem com
ro. Cuida do açúcar e dos negócios do açú- o interêsse voltado para o açúcar nela encon-
car no Rio de Janeiro (p. 32) Das 94 p. to-
. trarão valiosos dados sôbre o açúcar no Bra-
tais, a parte brasileira ocupa 44 p. O anota- sil, sôbre refinação em Amsterdam, Middel-
dor, S. P. L'Honoré Naber, ilustre editor da burg, Delft; sôbre a introdução do açúcar da
edição holandesa de Barleus, declara que da Madeira para. o Brasil; sôbre exportação de
-primeira edição de 1623 só conhece dois açúcar de S. Salvador para Portugal, proibi-
exemplares existentes na Provínciale Biblio- ção de exportar, etc. etc. Esta obra foi em
theek van Zeeland em Middelburg e na Her- 1918 editada pela Lnschoten Vereeniging com
zogliche Bibliotheek em Wolf enbuittel Da. magnífica introdução e valiosas contribui-
segunda edição de Amsterdam, Jacob Co- ções de J. W. Ijzerman, Constitui a 16.*
lom, 1648, conhece um exemplar da Biblio- obra crítica da coleção Linschoten.
u
BRASIL AÇUCAREIRO DEZEMBRO, 1944 — Pág. 108
. .
.
709
tió
trabalho hábil das Canárias, seguindo as ins- ,tante 54, caja 1, Legajo 32, p. 35, do A. G. I.,
truções que foram dadas aos govêrnos de Te- publicado por Irene Wright) .
^
neriffe e de Las Palmas (A. G. I., 139, 1-6, De novo outro documento nos diz da im-
vol. 8, p. 21).Por volta de 1520, quarenta en- portância da fabricação portuguêsa, agora re-
genhos estavam sendo construídos em S. Do- lativa a formas que se aplicavam na fabrica-
mingos. Irene Wrigth cita as palavras do ção do açúcar e que se desejava importar de
Licenciado Figueroa, de 6 de julho de 1520, Aveiro. -Em !.« de julho de 1597 (A. G. L, ;
que transcreve no documento XII (p. 757) 54.°-l-32), recordava sua petição de 24 de ju-
e declara que elas podem ser consideradas lho de 1596, onde diziani: "el capitan Juan .
nuevo, se verifica "que no se hacia ningun a de que a mão de obra, a habilidade profis-
género de acucar sino algunas botixas de sional e a indústria portuguêsa não tinham
miei que se consumia entre los mismos ve- rival por volta de 1590, tanto assim que não
cinos y entonces se traya lo acucar de Sto só se dizia claramente que as fôrmas de bar-
Domingos y valia a seis reales la libra" (Es- ro de Aveiro eram as melhores do mundo,
711
AZEREDO COUTINHO
(i74z-i82.i)
como se colocava o açúcar do Brasil, fruto Wright (Macmillan, 1916, 390 p.), estuda o
português, ao lado de expressões mais anti- açúcar em Cuba, mostrando que até 1590 ain-
gas da opulência açucareira, tais como Ma- da não estava estabelecida em Cuba a fabri-
deira e S. Tomé. cação açucareira.
Na obra The early history of Cuba, 1492-
1586, Written from original sources, Irene (Segue)
712
Só em 1799 chega à Diocese. Além das neos e sobretudo para os seus conterrâneos,
funções de prelado, tem de assumir interi- brasileiros e portuguêses —
era, política e
namente o govêrno da Capitania, na ausên- socialmente, um conservador. No fundo, nun-
cia do Governador, D. Tomás José de Melo. ca se desprendeu inteiramente da velha tra-
Essa oportunidade permite que se revelem dição familiar, tradição de grandes proprie-
suas qualidades de administrador excepcio- tários e agricultores, e assim, nem a expe-
nalmente dotado. Entre as realizações que riência universitária, nem- a carreira cleri-
assinalam sua passagem pelo bispado, avulta cal, nem a viva curiosidade intelectual que o
homem que em sua atividade prática e em seus merosas fortunas, ràpidamente desenvolvi-
escritos pugnou muitas vêzes por idéias avan- das, achavam-se ainda mal formadas quando
çadas —
avançadas para os seus contemporâ- Coutinho publicou seus primeiros ensaios. A
concorrência dos produtores antilhanos era
(3) Manuel de Oliveira Lima, Pernambuco,
seu desenvolvimento histórico (Leipzig, 1895), p.
(5) José Joaquim da Cunha de Azeredo
216. V. também Estatutos do Seminário Episco-
Coutinho, Discurso sôbre o Estado Atual das Minas
pal de N. S. da Graza de Olinda, Lisboa, 1798.
do Brasil — (Lisboa, 1804), pp. 10 e 11.
(4) Visconde de Pôrto Seguro, História Ge- (6) Carneiro da Silva, Nova Edição
Cf. José
ral do Brasil, 3.» ed. 1.° V. (São Paulo, s. d.), pp. da Memória Topográfica e Histórica sôbre os Cam-
81 ss. pos dos Goitacazes (Rio de Janeiro, 1907), p. 57.
713
o maior estorvo à expansão ilimitada da nova O bem estar dos lavradores resulta, a
fonte de riqueza . A
rebelião das colónias açu- seu ver, em vantagem segura para os con-
careiras francêsas, provocando uma alta sú- sumidores, ainda quando êstes tenham de pa-
bita dêsse género em toda a Europa, veio, decer da carestia dos géneros. E o maior be-
sem dúvida, abrir extraordinárias perspec- neficiário é, ao cabo, a própria nação. O au-
tivas aos lavradores brasileiros. Mas era pre- tor não deixa de acenar com o exemplo dos
ciso aproveitar do melhor modo a oportuni- povos mais industriosos, os mesmos povos
dade que assim se apresentava A
ocasião nos
. que arrebataram aos países ibéricos a supre-
desafia, clamava de Lisboa o futuro prelado, macia no comércio mundial. "O meio de pro-
"ela é ligeira e volúvel; se se não lança mão mover e adiantar a indústria de uma nação",
dela, foge, voa e desaparece". diz, "é deixar a cada um a liberdade de tirar
Com tais palavras encerra-se a Memória um maior interêsse do seu trabalho: os in-
sobre o Preço do Açúcar, publicada pela pri- glêses e os holandeses, primeiros mestres na
meira vez em 1791, (*) onde se pretende mos- arte do comércio, têm dado a todos estas li-
trar o erro em que andavam os partidários da ções" (10) Assegurando aos seus produtores
.
taxação do produto. Contra êsse velho re- e negociantes essa mesma liberdade, o país
curso, de que tanto tinham abusado os go- conseguiria, algum dia, assenhorear-se de um
vernos e que, diz expressamente, seria "uma certo ramo de comércio, "podendo então dar
ruína para os senhores de engenho do Brasil a lei como quiser, sem temer os esforços que
e um mal para consumidores da Metrópo-
os contra êle fizerem as outras nações" (11)
le" (7), opõe o remédio supremo dos novos Mas para que a preeminência perdida
economistas, o mesmo remédio que ocorre- seja plenamente recuperada, é necessário, an-
ria mais tarde ao seu contemporâneo José da tes de tudo, que se dê a atenção devida às ver-
Silva Lisboa: deixai fazer... "A esperança dadeiras e legítimas fontes de riqueza na-
de um dia feliz é a que mais anima ao ho- cional, que são as da agricultura. Apoiando-
mem nos seus trabalhos: cortar ao agricul- se em idéias que andavam no ar, e que, em
tor esta esperança pela taxa do seu género, parte, tinham sido expressamente desenvol-
é cortar ao consumidor dêsse género aquêles vidas pelos fisiocratas franceses, Coutinho
mesmos braços que mais trabalhavam .para pode renovar, com dobrado vigor, a antiga
o seu regalo" (8) "À revolução inesperada,
. campanha contra a desordenada exploração
acontecida nas Colónias Francesas é um da- das minas de ouro, consideradas úm simples
queles impulsos extraordinários com que a sorvedor de braços, que seriam mais util-
Providência faz parar a carreira ordinária mente ocupados na lavoura. O desastre que
das coisas; agora, pois, que aquêles Colonos representara para Portugal o descobrimen-
estão com as mãos atadas para a agricultura, to dessas minas, chamando a si "todos os bra-
antes que êles principiem nova carreira, é ne- ços das nossas fábricas de açúcar", podia ser
cessário que apressemos a nossa. O interês- agora avaliado em tóda a sua extensão. A
se é a alma do comércio, e como éle tanto voz de Coutinho parece um eco das palavras
anima ao francês como ao português, é ne- proféticas que, quase dois séculos antes, es-
•cessário deixar-lhe tóda a liberdade ao subi- crevera o governador D. Diogo de Menezes:
do preço do açúcar; quanto éle mais subir, "... e creia-me V. Mag.*° que as verdadeiras
mais se aumentarão as nossas fábricas e o minas do Brasil são o açúcar e o pau-brasil...",
nosso comércio" (9) "... o mesmo negócio há de mostrar cedo a
V. Mag."' a perda que há de ter sua fazenda
(*) N. da R. —
Esta Memória foi publicada
(...), mas será então um mal, q'o perdido não
nesta revista, vol. XVI, n. 6, de dezembro de 1940,
se poderá recuperar". (12)
págs. 457-463.
(7) D. José Joaquim da Cunha de Azeredo O resultado fôra que, dispondo o Brasil
Coutinho, Ensaio Económico sôbre o Comércio de de terra dadivosa e mão de obra mais bara-
Portugal e suas Colónias. Segunda Edição, corri- ta, por serem portuguêsas as melhores colô-
gida e acrescentada pelo mesmo autor (Lisboa,
1816), p. 185. A Memória sóbre o preço do Açú- (10) ob. cit., p. 198.
car vem em apêndice, nas várias edições do Ensaio,
(11) ob. cit., p. 198
publicado pela primeira vez em 1794. Para o pre-
sente estudo, aproveitou -se o texto da edição ci- (12) Correspondência do Governador D. Dio-
tada, de 1816. go de Menezes. 1608-1612" Anais da Biblioteca
(8) ob, cit, p. 191 Nacional do Rio de Janeiro, vol. 57 (Rio, 1939),
(9) ob. cit„ p. 200. pp. 54 e 52.
nias de resgate de escravos, bem cedo veio do nos países economicamente mais avança-
a perder tão considerável ramq de comércio dos do que Portugal. Sua convicção de que a
como é o açúcar. E não ficou nisso o dano cada um deve ser lícito retirar o máximo pro-
que, para os portugueses, decorreu da sua veito de seu trabalho, e a certeza de que tal
cegueira, deixando-se enganar por fan- um liberdade só pode servir ao bem comum, à
tasma de riqueza. A perda da suprema- nação, já implicava a crença em uma ordem
cia no mercado internacional do açúcar acar- natural, que qualquer ingerência dos govêr-
retou a diminuição de sua marinha. E' pelo nos há de necessáriamente perturbar.
menos engenhoso o argumento de que se ser- A verdade é que, tendo absorvido, apa-
ve Coutinho para mostrar essa correlação: rentemente, as doutrinas económicas provo-
"porque diz— .
—
um navio carregado de ou- cadas, na Europa, por uma sociedade capita-
ro não ocupa tantas ,naus, nem tantos mil ho- lista em plena ascenção, Azeredo Coutinho
mens como uma frota carregada de açúcar, procurou ver assegurados, com o socorro
cacau, trigo, arroz, carnes, peixes salgados, dessas mesmas doutrinas, os tradicionais
etc. (13). privilégios de uma aristocracia colonial e se-
A
revisão dêsse erro fatal, que condenara mi-feudal: a aristocracia dos grandes pro-
à ruina a lavoura e o comércio do açúcar, prietários rurais do Brasil. A
campanha que
parecia assim de tôda necessidade. E ao lado moveu incessantemente contra os monopolis-
da cultura da cana era preciso desenvolver tas apoia-se nesse propósito. Sem o comércio
também as do cacau, canela, baunilha, e café, livre do sal, por exemplo, como se poderiam
pois todos êsses géneros dão as mãos entre esperar grandes benefícios para os criadores
si, e quanto mais se aumente seu consumo, e agricultores ? Indispensável à alimentação
tanto maior será a procura do açúcar. do gado, êsse produto é de primeira necessi-
Na Memória, que pretende ser um sim- dade para a conservação das carnes e do pes-
ples escrito de circunstâncias, e cujo objeti- cado. Ora, em virtude do odioso monopólio
vo imediato, impedir que se fixasse o preço ainda vigente ao tempo em que era redigid"^
do açúcar, foi prontamente conseguido, já o Ensaio Económico, as despesas ordinárias
se denuncia um
espírito dotado de apreciá- para a salga de umboi eram duas e três vê-
vel ilustração. Tal qualidade manifesta-se zes maiores do que o valor do mesmo boi (15).
ainda mais cabalmente no volume que Aze- Consequência: para receber os quarenta e
redo Coutinho publica em seguida e que é, oito contos anuais que lhe pagavam um arre-
sem contestação, sua obra mestra: o Ensaio matante, a Fazenda Real via-se privada de
Económico sobre o Comércio de Portugal e receber as somas incalculáveis que o comér-
suas Colónias, impresso pela primeira vez cio livre produziria.
em 1794, por ordem da Real Academia de Abolido o estanco, tudo seria mais sim-
Ciências de Lisboa, e reeditado com acrés- ples. Ganhariam os produtores, ganhariam os
cimos em 1816 e em 1828. comerciantes e ganhariam, ao cabo, o próprio
As traduções sucessivas que se fizeram, Erário Régio: "o pescador, o criador de gados,
em inglês (1801), alemão (1801) e francês o agricultor, o comerciante, dárão as mãos'
Cl 803), a primeira reimpressa duas vêzes entre si: êles virão logo sustentar a metrópo-
(1807 e 1808) e as outras uma vez cada uma le de carne, peixe, pão, queijo, manteiga e
(em 1808), atestam o interêsse amplo susci- de todos os víveres. Só por essa porta en-
tado por essa obra (14) . O
segrêdo de tão trarão para o Erário Régio muitos 48 contos
extraordinário êxito está, provavelmente, de réis, e Portugal irá descobrir tesouros in-
em que linguagem do prelado campista, era calculáveis, mais ricos que o Potosi". (16).
acessível,em muitos pontos, à mentalidade Forçoso é concluir de tais raciocínios, que
de seus contemporâneos, inclusive e sobretu- o agricultor e o comerciante têm sempre in-
terêsses harmónicos. Sem o intermediário,
(13) Ensaio Económico, cit. p. 200.
que procura continuamente novos e novos
(14) V. Brazil and Portugal in 1809. Manus-
mercados, o produtor se verá condenado a
cript Marginalia on a Copy of the English Trans-
lation of Bishop Joze Joaquim da Cunha de Aze- uma existência^ miserável e destituída- de
redo Coutinho's Ensaio Económico sobre o Co- qualquer estímulo. Há, pois, uma natural
mercio de Portugal e suas Colónias. Edited with
an Introduction and Notes by George W. Robin- (15) Ensaio Económico, p. 14 s.
716
IV
A memória de Luis Readel a que nos re algum tanto menosprezada, não obstante sa-
portamos no artigo, anterior tinha êste títu berem todos e clamarem voz em grita que a
lo: "Idéias sobre a criação de uma Escolfi agricultura é a base da riqueza de. um Estado".
Normal". A última parte do estudo de Readel é de-
Começa o trabalho de Readel por umL. dicada às funções do diretor da Escola. Dis-
pequena digressão sôbre o mau estado da criminando-as, escreveu no primeiro item:
laossa agricultura, cujo atraso êle considera "Ensinar aos alunos a botânica, principal-
não encontrar paralelo no mundo inteiro Re- . mente a botânica agrícola, em tôda a sua ex-
conhece, porém, ser razoável esperar-se um tensão, não em um auditório ou aula, em
íuturo melhor, visto como os paulistas e mi- horas fixas, mas sim nos matos, nos cam-
neiros já estavam, convencidos das vantagens pos, nas hortas e jardins, em qualquer tem-
da lavoura e da pecuária sôbre a mineração. po e em qualquer hora, em que os alunos
Dá-nos, assim a entender que essas duas mostrem desejos de se instruírem, e que para
províncias, mesmo naquela época, em 1840, isso seja conveniente".
já constituíam a esperança do Império. Como é bem de ver, a memória de Rea-
Em seguida, Readel enumera as condi- del demonstra o desejo firme que tinha a So-
ções necessárias ao local em que se instalasse ciedade Auxiliadora de reformar os nossos
a Escola: processos de lavoura. Com êles o Império do
1. *' — Um rio com água suficiente para se Brasil não podia enfrentar o produto estran-
poderem abrir canais laterias, valas, fossos geiro nos mercados europeus. Fazia-se mis-
e tanques, afim de que, quando a natureza ter substituir oMestre Banqueiro, que Ondi-
deixasse de regar a terra, fôsse essa falta not viu nos nossos engenhos, em 1800, fazen-
substituída pela arte. do as vêzes de químico, e em cujas mãos fi-
—
2. ° Uma mata donde não se tirem ma- cava a fortuna do fazendeiro. A nossa elite
deiras de quaisquer espécies que sejam. intelectual compreendia a magnitude do pro-
—
3. ° Colinas de terras arenosas ou de blema. E trabalhava com devotamento. Tra-
detrimentos mineralógicos balhava não só para melhorar a fabricação
— Uma planície de
4. ° terras de aluvião do açúcar, como também para aumentar-lhe
das montanhas. o consumo no próprio mercado interno, exal-
Depois de tratar da maquinaria, das cons- tando-lhe as qualidades nutritivas, conforme
truções de alvenaria, das oficinas, Readel se verifica da publicação abaixo, inserta no
mostra a conveniência de um internato para número de outubro de 1839, do "Auxiliador":
meninos de 14 anos para cima, filhos de pais
pobres, de preferência órfãos, e observa PROPRIEDADES DO AÇÚCAR
"Não há probabilidade alguma de que se apre-
sentem para alunos os filhos de proprietá- No momento em que a questão dos açú-
rios, lavradores, comerciantes, etc, porque cares ocupa os espíritos de muita gente, não
essa parte da mocidade brasileira, sendo in- será fora de propósito, ainda que não seja
dependente pela fortuna, é mais inclinada senão para interêsse mesmo do consumo, o
aos estudos de direito, medicina; comércio ou recordar aqui as propriedades higiénicas des-
arte militar, persuadida de que êsses estu- ta substância; são elas muito mais preciosas
dos lhe abrem uma carreira mais gloriosa, e do que vulgarmente se supõe.
conduzem mais depressa à fortuna do que a Os homens têm um gosto decidido para
agricultura, que requer uma vida ativa, vi- o açúcar; os animais dêle partilham; os cães,
gilante, um pouco isolada, e que entre nós é os cavalos, os bois, as aves, os insetos, os rep
717
tis, e mesmo os peixes são ávidos por ali- e esta veação tem, dizem, o gôsto mais deli-
mentos açucarados, O açúcar é, com efeito, cado depois de dois ou três anos de demora
um dos principais elementos de quase tôdas no meio da substância açucarada.
as substâncias vegetais. Nas regiões tropiciais, o caldo novo e
Uma pequena quantidade de açúcar aju- fresco da cana é considerado como remédio
da a suportar a fadiga melhor que outro eficaz para grande número de moléstias.
qualquer alimento. Percorrendo os desertos Aplica-se mesmo com bom êxito exteriormen-
abrasadores da Arábia ou a selvagem África, te no curativo de úlceras e outras feridas.
o viajante, que se senta arquejando de can- Sir John Pringle afirma que nunca a peste
sado e banhado em suor, encontra prazer inex- visitou os lugares em que o açúcar entra
primível em comer dois ou rês torrões de formando uma parte considerável da dieta
açúcar ou- granjéia misturada com farinha, dos habitantes. Grande número de médicos
que o indígena em tempo algum se esquece tem emitido a opinião de que o açúcar diminui
de levár em suas viagens venturosas. Os ca- a frequência das febres malignas, e o olham
çadores ingleses adotaram esta espécie de como umlenitivo muito útil nas moléstias de
alimento nas suas excursões longínquas. peito
Durante a colheita das canas no Brasil Franklin achava grande alívio nas dores
e nas Antilhas, os negros, apesar de nessa épo- que lhe causavam as areias, no uso do açú-
ca o seu trabalho se tornar mais fatigante, car. Tôdas as noites, antes de se deitar, be-
ficam todavia mais gordos, de melhor saúde, bia úm grande copo de xarope de açúcar em
e mais alegres do que em todo o resto do ano; bruto, e afirmava que êste remédio lhe per-
e contudo desprezam êles a sua farinha de mitia quietação e repouso tão eficaz como o
mandioca, e não se alimentam senão dos ten- poderia fazer uma dose de ópio.
ros pimpolhos de canas, que comem traba- O escorbuto, essa afecção terrível que
lhando. Os animais cavalares e muares, que devasta as equipagens das embarcações, ce-
durante êsse tempo se alimentam com os re- deu ao uso do açúcar, receitado aos doentes.
síduos da fabricação, tornam então a to- As lombrigas que atormentam as crianças
mar tôda a sua fôrça e nediez. desaparecem, usando-se do mesmo trata-
Na Conchinchina, não só os elefantes, os mento.
cavalos e os búfalos engordam-se com o auxí- Frequentes vêzes se tem dito que o uso
lio da cana. Abona-se lá a todos os soldados do açúcar faz cair os dentes, mas de certo
da guarda particular do monarca, em número que não são os dos negros dos engenhos de
de quinhentos, certa quantia quotidiana, com açúcar, porque êles os têm todos e brancos
a qual lhes é determinado que comprem ca- como pérolas."
nas, que comem por ordem superior, o que Para aumentar o consumo do açúcar
lhes conserva, ou lhes faz haver o bom pare- dentro do Império, bem compreendiam os
cer, que nêles se nota. Nesse país, o arroz e homens da "Auxiliadora" que não bastava
o açúcar são quase que os únicos alimentos, pôr em evidência as qualidades nutritivas do
de que fazem uso tôdas as classes, ricas ou nosso então principal produto, era preciso
pobres; nunca o almoço se compõe de outra também facilitar-lhe os meios de chegar a
coisa. E' em açúcar que se conservam os fru- tôda população consumidora. Interessou-se,
tos, os legumes, os rábanos, as abóboras, os assim, a prestimosa sociedade pelo problema
pepinos, as sementes e até a fôlha do aloés. das estradas de rodagem, aprovando o traça-
Come-se muitas vêzes na índia carneiro do de José Silvestre Rebelo, que passamos a
morto em Londres, e conservado por tôda a resumir
viagem em um barril de açúcar. Esta carne, Partiriam do Rio de Janeiro três gran-
dizem os viajantes, está, passado todo êsse des estradas: a sudoeste, a noroeste e a do
tempo, tão fresca como quando sai do açou- norte
gue. Os químicos conhecem bem esta pro- A primeira subiria a serra pelas margens
priedade no açúcar, por isso que recomendam do rio Provedor até o rio Santana, deman-
a mistura de certa quantidade desta substân- daria o ribeirão das Lages, largando êste to-
cia com o sal, que serve para salga da car- maria a direção de Areias, passaria por São
ne e mesmo da manteiga. Paulo, Ipanema, Curitiba, Lages, Campos da
Os naturais da ilha de Ceilão conservam Vacaria, São Leopoldo e Pôrto Alegre.
o produto das suas caçadas em potes de mel, A segunda acompanharia o traçado da
BRASIL AÇUCAREIRO DEZEMBRO, 1944 — Pág. 117
718
sudoeste até atingir a serra, aí buscaria o rio xias, rio Gurupi, Acará e terminaria em Be-
Paraíba, depois o Paraibuna, cruzaria a ser- lém do Pará. ,
719
ção de luta organizada. Só depois é que veio feitas pelo fogo e pelo saque impiedoso que
André Vidal. Os holandeses sempre tiveram só encontraria comparação nas "poussées"
quem os ajudasse a trôco de dinheiro e ou- incríveis dos bandeirantes no sertão da ter-
tros interêsses materiais. O próprio Duarte ra nordestina. Porém os selvagens não qei-
Gomes da Silveira saiu bem arranhado das xaram passar sem uma reação formal no
complicações advindas da ocupação flamen- sentido de eficiência. Aquêles que não com-
ga. Tudo indica que êle andou fazendo suas batiam por conta própria, atacando na escu-
mesuras para salvar os seus bens de alguma ridão e na tocaia, gostando enormemente da
possível confiscação. surprêsa para melhor pegar o adversário de
Entre os nativos não resta dúvida que o jeito, iam oferecer os seus préstimos aos che-
invasor bons colaboradores da
encontrou fes brasileiros que teimavam na peleja con-
marca "quisling". E' por demais sabido que fiante e desconhecedora do esmorecimento
Calabar, acompanhado de fôrças holandesas, O número dos que agiam isoladamente não
chegou a fazer uma sortida por mar, indo até era pequeno... Tódas as tribos contavam com
Mamanguape. Ali aprisionou uma caravela, os seus elementos dissidentes que viviam ata-
queimou um patacho carregado de açúcar e cando o holandês quando êle menos espera-
fêz outras façanhas fulminantes sem que Luís va, tal como se procedessem pela forma nipô-
de Magalhães e Cosmo da Rocha, capitães nica da surprêsa com o riso nos lábios. Êsses
que se achavam ali por ordem do govêrno, antigos guerrilheiros foram precursores ja-
pudessem fazer qualquer coisa que obstasse ponêses da atualidade em que fazem visita
a ação calabariana. O famoso condutor de pela sala de frente e mandam atacar pela co-
homens (é tido como traidor nimia época em zinha em horas simultâneas. O invasor tinha
que a Espanha dominava Portugal politica- de Tocaia que se fazia por dentro de
cair.
mente) ainda fêz das suas: guiado por dois um mato fechado que o ameríndio conhe-
africanos conduziu um troço de flamengos cia a passo e a dedo. Quando não era assim,
para cercar o engenho Inhobim com o intuito o nosso índio se organizava para o combate de
de fazer saque. E fêz. Boa partida de açúcar frente, muito confiando nas suas armas en-
foi conduzida para a soldadesca precisada de venenadas —e os sucessos obtidos não foram
alimento desde que se sentia o efeito de diminutos: até governador flamengo teve de
uma espécie de bloqueio económico, pois que perder a vida em ação de guerra.
os moradores da capitania, vendo-a em rebo- Durante a presença do holandês na Pa-
liço, alterada a vida por maneira profunda, raíba a várzea sentiu enormemente a gene-
abandonaram o trabalho de campo e, força- ralizada desorganização económica. A crise
dos por esta política de emergência, natu- tomou aspecto que não podia ser escondida
ralmente que a produção teve de sofrer bas- ao ponto de figurar nos relatórios do inva-
tante e ao ponto de manifestar-se a fome sor. E isso durou muito tempo. Logo no co-
entre os habitantes pobres da terra ocupada. mêço a coisa ficou de tal maneira que nin-
O uma vez
govêrno holandês por mais de guém se entendia. Entre os engenhos con-
mandou fazer distribuição de géneros prove- fiscados houve alguns que ninguém queria
nientes de Pernambuco. aceitar para dirigir. Aceitar de mão beijada.
A desorganização da Várzea era um fato A lei mandava que o novo dono ou novo rico
incontestável: os engenhos confiscados pas- o explorasse no espaço preciso como disposição
saram a novas mãos e as dificuldades surgi- legal e em caso contrário a concessão de-
ram principalmente na parte referente ao finitiva teria de ser cassada por não preen-
braço humano. Muitos dêsses engenhos tive- cher ás recomendações oficiais. Muita gente
ram de passar safras e safras sem produzir teve de regressar à capital numa pressa de
um pão de açúcar. Os campos não ostenta- fugitivos por causa da reação que vinha do
vam mais o verde dos canaviais. A depressão mato. Não se podia viver nos engenhos. Ou
económica foi grande, refletindo-se na exis- melhor: em certos engenhos. Não foi senão
tência geral da capitania ocupada. com os maiores esforços e cuidados que a
A fase holandesa merece comentários lar- administração pública conseguiu realizar parte
gos. Nunca se deixou de lutar um instante de seus planos de organização económica. E
desde que o invasor pisou a terra paraiba- os próprios brasileiros que aceitaram as "con-
na. Por todos os lados a reação se notava enér- cessões" tiveram que agir misteriosamente.
gica. Algumas aldeias de índios foram des- Não foram todos. Alguns se arrojaram aos
pés do flamengo louro e forte: obedeciam a que consistia em seis pã€s de açúcar, "pela
tôdas as ordens, mesmo contrárias aos in- reputação que alcançara êste produto da ca-
terêsses dos patrícios oprimidos pela força pitania nos mercados europeus". E o Prín-
bruta. Êsses que se atiram às subserviên- cipe, quando embarcou com sua comitiva, na
cias em instantes trágicos são capazes de tô- Paraíba, regressando à Europa, levou con-
das as misérias. Assim é que alguns consegui- sigo 13 navios carregados de materiais do
ram prestígio e considerações. Mas são tão Nordeste, sobressaindo o açúcar pelo volume
anónimos que nem merecem a referência dos e importância. Com a sua retirada, André
nomes. Outros, porém, reagiram discreta- Vidal animou-se a inspecionar a Paraíba, a
mente e por isso não conseguiram os resul- a título de pedir a bênção ao pai, tudo com o
tados financeiros que afogavam outros indi- fim de conspirar em favor de seu ideal de
víduos. independência do jugo estrangeiro.
Passados alguns anos teira a várzea de Então se intensifica a luta entre os na-
apresentar uma paisagem melhor que a das tivos comandados pelos tipos legendários de
primeiras horas da ocupação. Reorganizou- Henrique Dias, Camarão e Vidal e os elemen-
se a economia. O número de engenhos se tos holandeses de ocupação. Não há dúvida
foi alastrando. Embora vez por outra uma de que a saída de Nassau deu motivo a que
forte demonstração de hostilidade se fizes- se reacendessem os sentimentos de rebeldia.
se sentir. A família de André Vidal perdia Êle soube governar cautelosamente. No meio
canaviais extensos apenas para que êles não do manifesto interêsse económico da Compa-
fossem aproveitados pelo holandês. Mas era nhia das índias, não dispensando ensejo para
lá uma outra ocasião que assim se consta- colhêr os resultados mais concretos, o Con-
tava. E tudo sem- ser coisa de grande signifi- de Maurício agia com sentimentos superio-
cação.A maior foi mesmo a de Vidal. Avár- res, governando com bom senso administra-
zea retomou a sua opulência. A balança de tivo e demonstrando um espírito arejado a
produção passou a alcançar umas cifras altas, dirigir os seus atos de homem público. Tra-
parecendo, o que não resta dúvida alguma, tava-se ainda de um verdadeiro artista no
ser o açúcar naquele tempo o fator mais po- gósto e nas predileções intelectuais. A sua
deroso a pesar na concha económica. Esten- passagem pelo govêrno de Pernambuco ou
dia-se a colheita nos engenhos por onde a melhor: da região nordestina, está cheia
guerra havia conseguido a redução dos ele- de traços indeléveis sob variados pontos de
mentos nativos. vista arquitetónico, urbanístico e mesmo de
E' verdade que as reações jamais dei- arte individual no sentido puro e nobre.
xaram de ser feitas por maneira muito vio- Quando veio para o Brasil trouxe como gen-
lenta. Mortes em ação e assassinatos de em- te sua alguns pintores, como os irmãos Post,
boscada, isso constantemente se estava ve- cujos quadros, fixando paisagens do tempo,
rificando. O próprio invasor não se cansava são preciosos dentro da história nacional bra-
de fazer proclamação de seus bons intuitos sileira Mas de nada valeu o carinho manifes-
.
de administrar sem ódio e para bem geral tado por Nassau naquilo que dizia respeito à
da capitania. Tôda essa história somente vida da terra ocupada. Fêz o que pôde para
porque a fazenda pública precisava andar conquistar as simpatias. Trabalhou com a
em dia com as suas obrigações e, não fôsse a disposição de fazer alguma coisa em benefí-
ordem estabelecida e observada nos engenhos, cio da coletividade. Dir-se-ia um legítimo
por certo que o açúcar não seria extraído com amigo da gleba nordestina. Por várias ve-
a regularidade tão ardentemente desejada. zes entrou em discordância com a Compa-
Houve momentos que as reações se genera- nhia cuja direção entendia que fóssem toma-
lizaram tanto que a colheita se perturbou, das estas ou aquelas medidas, porém que o
perdendo-se a cana, enquanto que os braços Conde julgava prejudiciais aos interêsses de
arripiaram caminho, fugindo os homens para seus juridicionados — e por isso teve de en-
outros lugares mais garantidos pelo invasor. frentar as iras de quantos viviam na Holan-
Engenhos se fecharam, ficaram de fogo mor- da e de lá queriam dominar a ferro e a fogo.
to. Não obstante a Paraíba queria dizer açú- Nunca deixou de vencer. As suas opiniões
car. A nossa fórça consistia em açúcar. Não sempre prevaleceram. Entretanto os desgos-
foi sem razão que o Conde Maurício de Nas- tos eram de natureza tamanha que teriam
sau conferiu-lhe um escudo de armas, escudo determinado a retirada do Príncipe da admi-
721
nistração pública nesta parte da América espaço por assim dizer breve. Pois não é que
brasileira. A
sua viagem transtornou a exis- dentro de pouco tempo, após a desocupação
tência regional: novos surtos graves de guer- holandesa, a capitania entrava a lutar com
rilhas generalizadas começaram a surgir por dificuldade de transporte, chegando ao limi-
todos os recantos . E
tudo indica que quando a te de reclamar providências de El-Rei ? Esta
Companhia ordenou o regresso de Maurício de Carta Régia confirma o que acabamos de di-
Nassau já a Holanda considerava perdida zer. "Manuel Nunes Leitão. Eu El-Rey vos
inteiramente a sua aventura de ocupação envio muito saudar. Por cartas do Provedor
def intiva da Fazenda, Ouvidor Geral desta comarca
A Paraíba sofreu muito com essas pe- e Desembargador Syndicante Belchior Ra-
lejas intermináveis, havendo uma devastação mires de Carvalho, escritas em agosto deste
de seus bens materiais ao ponto de atingir ano me foi presente o grande damno que re-
aos engenhos, ficando a sua quase totalidade sultou para o augmento dos moradores delia,
arruinada ou senão destruída em tôda a ex- e da Fazenda Real a falta de embarcações
tensão da várzea —
de uma várzea cada vez nesse porto pera delia embarcarem os açu-
mais rica e destinada a fins económicos de cares que se fabricam ou se poderem nave-
pesar na balança. A animação anterior, gar a tempo conveniente para o Recife por se-
mesmo dentro do regime flamengo, como que rem hoje muytos os que se obram nessa Ca-
desaparecera completamente, notando-se a pitania eem huma só embarcação que a ella
desolação e a crise dominando com suas vay cada anno se não poderem carregar, fi-
garras numa zona onde se levantavam en- cando muytos envelhecidos na terra e com
genhos de açúcar, canaviais extensos e um pouca valia pella difficuldade de saca. E pa-
movimento de escravos de intensa vida agrá- receume ordenarvos (como por esta o faço)
ria. Agora estava a paisagem por inteiro mandeis publicar que todo os que quizerem.
modificada pela guerra de extermínio. Toda- navegar os seus effeitos no tempo que lhes
via a região e a sua gente eram por demais parecer pera a capitania de Pernambuco e
vaidosas para se deixar submergir nas águas possam fazer livremente sem embargo de
da tormenta. qualquer ordem em contrário e aos officiaes
O capitão-mor Matias de Albuquerque da Camara e Ouvidor Geral ordeno o mesmo
Maranhão tomou conta do govêrno da capita- Escrita em Lix.a a 13 de dezembro de 1692.
nia vendo que a esta restava apenas o deser- Rey." A prosperidade voltava com todas as
to Somente dois engenhos de açúcar se acha-
.
suas côres vivas.
vam de pé, quando o número dêles se eleva- As doações já podiam ser feitas em lar-
va há pouco tempo a quarenta e dois. Em ga escala. Assim é que o abade Frei João Gon-
cinco anos de pelejas ferozes o nosso parque dim alcança de Antônio Correia de Valada-
primitivo da indústria açucareira era tra- . res e sua mulher, D. Catarina de Valcaçar
gado sem dó nem piedade. Ainda assim se a doação de "um partido de canas de meia
extraía açúcar para encher a esquadra que moenda obrigada ao engenho de Itapuá", uma
levou Nassau às longes terras flamengas. légua em quadro, "de tres mil braças de ter-
Matias de Albuquerque logo tratou de reer- ra no Icarujú e umas moradas de casas por
guer o que estava destruído, isto é: começou detraz da Matria". Interessante destacar:
a animar o levantamento de novos engenhos "defronte da rua Nova". O convento de S.
nos mesmos lugares onde outrora existiam Bento era dono de quase tôda várzea e o seu
moendas e casas de purgar, canaviais e bra- latifúndio começava naquela via pública, que,
ços cativos. Não fóra difícil enfrentar a ta- por sinal, é a mais antiga da moderna cidade
refa a que se propôs. Por todos os recantos de João Pessoa — não tem nada de "nova".
havia uma certa febre de trabalho, coisa que Porém entre os bens mencionados foram adi-
invadiu até os conventos e fazendo com que cionados ainda vinte e quatro escravos, cin-
os padres se decidissem a fazer reparos de vul- co juntas de bois, quatro carros, mas tudo
to nos seus engenhos, nêles introduzindo me- sob uma condição especial: que era a de se
lhoramentos, empreendendo novas fundações, "dizerem anualmente duas capellas de missas
enfim dando um largo testemunho de que por suas almas e de não se entregarem os
estavam acpmpanhando interessadamente os bens doados, senão depois da morte de am-
propósitos de renovação da várzea. bos". Se foi outro abade, também de S. Ben-
Deu-se a transformação económica num to, Frei José de Jesus, mandou replantar os
722
partidos de cana do mosteiro, estragados pe- podia ser carregado a bordo de navios, sem ser
las inundações; mudou o curral de gado para sujeito "ao Monopólio dos mercadores de Per-
a lagoa de Icarussú e fundou uma olaria nas ' nambuco". O tratava de "defender-se" da
terras do convento, doadas por Antônio de melhor forma que parecia à sua falta de es-
Valadares, as quais tinham o nome de Ma- crúpulos. Não era só o contrabando e a so-
raú; ordenou o plantio de cana e adquiriu negação, encontrava outro jeito de "tirar
mais sete africanos. partido", descarregando nas costas do pobre,
As inundações do inverno sempre preju- adquirindo-lhe a mercadoria pelo "peso que
dicavam os engenhos da várzea. Constante- bem entendia", pois que primeiramente con-
mente se estava fazendo melhoramentos para sultava os seus interêsses —e que o "resto
evitar as consequências maléficas da corren- se damnasse". A
roubalheira (aliás as ba-
teza fluvial. Enquanto isto a população ia lanças de usina da várzea são famosas atra-
aumentando em relatividade com a ascen- vés das produções folclóricas) tomou tama-
dente produção agrária. O açúcar vivia na nho vulto que determinou uma Carta Régia,
ponta e dêle se tirava tôda a fortuna que datada de 13 de novembro de 1675, mandan-
fazia a grandeza da Paraíba. Chegava para do transferir a balança do Pêso do Paço do
todos experimentarem os seus benefícios. Tibiri para o Varadouro, afim de ficar mais
Domingos Loreto Couto, descrevendo a Pa- na vista. Com esta medida acauteladora se
raíba em seu livro, (XV) consagra êste tre- sentiram os humildes mais garantidos na
cho à nossa terra: "E' habitada de quasi tre<5 observação exata dos pesos de seu açúcar. O
mil vizinhos, com uma suntuosa Igreja Maior, afluxo desse género naquele pôrto se tor-
Misericórdia, sete templos, conventos de S. nou tal que foi preciso se improvisar insta-
Bento, S. Francisco, Carmo e Colégio da lações de emergência. Também a vigilân-
Companhia (atual Palácio da Redenção), que cia foi redobrada por causa dos "visitantes
tem anexo um magnífico seminário, onde noturnos" que já nesse tempo as crónicas re-
se dão estudos de latim e filosofia e nos con-
gistravam como terríveis. Êsse acúmulo de
ventos de S. Francisco e Carmo, filosofia e açúcar nos armazéns não era somente conse-
teologia. O pároco desta freguesia é vigário
quência de escrupulosa fiscalização no pêso,
da vara e tem a freguesia mais de dez mil mas ainda em virtude da falta de condução
pessoas de confissão, por se estender o seu
marítima
distrito fora da cidade. No seu termo habi-
Os vapores de vela andavam escasseando.
tam mais de vinte mil pessoas, tem muitos Ia aumentando o movimento da produção e
engenhos reais, suntuosos templos e ricas ninguém se lembrava que havia urgência de
fazer cada vez crescer mais o número de
Capelas". Essa suntuosidade tôda, de onde
provinha ? Sem dúvida alguma do açúcar. embarcações. Os portos do Varadouro e Ca-
bedelo andavam pobres de velas brancas com
Os engenhos já então eram numerosos.
Só a freguesia de S Miguel do Taipú possuía
a Cruz de Malta. Nem mesmo com outros
.
governo lusitano'. Não era possível que tanta ano me foi presente o grande damno que re-
ação agrária não trouxesse os seus inconve- sultou para o aumento dos moradores delia,
nientes, prejudiciais não somente aos inte- e da Fazenda Real a falta de embarcações
resses da comunidade mas sobretudo da ad- nesse porto pera delia embarcarem os açuca-
ministração pública. Esta última fôrça cer- resque se fabricam ou se poderem navegar a
tamente preponderou ao ponto de exigir uma tempo conveniente para o Recife por serem
providência drástica concretizada na Carta hoje muytos os que se obram nessa capita-
Régia de 15 de dezembro de 1687, mandando nia e em huma só embarcação que a ella
que "desta data em diante as Camaras não vay cada ano se não poderem carregar, fi-
possam pôr preço aos açucares e se vendam cando muytos envelhecidos na terra e com
livremente, segundo o avença das partes e pouca valia pella dificuldade de saca. E pa-
que se declare nas caixas as qualidades dos receume ordenarvos (como poresta o faço)
mesmos, com um F se for fino, redondo com mandeis publicar que todo os que quizerem
um R e o baixo com um B e que havendo fal- navegar os seus efeitos no tempo que lhes
sificação, seja logo o senhor de engenho de- parecer pera a capitania de Pernambuco e
gradado por tempo de dois anos, para uma possam fazer livremente sem embargo de
das capitanias daquele Estado e quarenta mil qualquer ordem em contrário e aos oficiais
réis em dinheiro e o fechamento do engenho, da Câmara e Ouvidor Geral ordeno o mes-
concorrendo nas penas em dobro na reinci- mo. Escrita em Lix.a a 13 de Dezembro de
dência." A esperteza é doença velha. Anda- 1692. Rey."
va fazendo as suas "devastações" em regra Aliberdade total era conferida ao comér-
de despertar punição enérgica dos poderes cio de açúcar para Pernambuco. Fizera-
público. No meio do rebanho havia as ove- se a proibição anterior porque a capitania es-
lhas más. O. castigo teria de fazer-se sentir tava exportando tôda a produção a© ponto de
em benefício do fisco e também da coletivi- prejudicar a vida de seus moradores. De-
dade E por certo que as transgressões se tor-
. mais as condições pernambucanas eram bem
tornaram tão indecorosas que fôra preciso outras que não as nossas: o equilíbrio eco-
que as penalidades chegassem ao limite do nómico se vinha fazendo desde muito sem a
dègrêdo fora do país. Porém a carência de menor oscilação. Agora, toda-via, o açúcar
transporte continuava por maneira muito paraibano se amontoava nos armazéns, esta-
prejudicial aos interêsses gerais. Invés de va-se estragando, estava sendo desviado
melhorar, pelo contrário, ia piorando dia a pelos espertalhões, de modo que havia urgên-
dia, tanto que as queixas se tornavam con- cia de abrir inteiramente as portas. Que êle
tinuadas. O govêrno português achou de am- fôsse retirado para onde quisessem os donos
pliar os direitos de embarque do açúcar nos ou interessados. Foi a solução achada. E que
portos da Paraíba. Antes êle ordenará que trouxe as melhores consequências. O comér-
fôsse aproveitado o navio de vela que seguis- cio aumentou por maneira considerável o seu
se para Pernambuco e nesta capitania de- movimento marítimo no Varadouro Cabe-
e
sembarcasse a carga. delo, mostrando-se êstes portos frequentados
Modificava por esta forma o seu modo de por uma frota de veleiros por assim dizer no-
proceder: suspendia a proibição de envio de tável —
e isto era natural em virtude dos
açúcar da várzea para aquêle pôrto maríti- mercadores, com o fim de facilitar o transpor-
mo. Agora a providência reclamava maior te de produto em estoque que estava se es-
extensão nos seus propósitos de tudo fazer tragando pelas condições do tempo, terem
para minorar os efeitos da crise de transpor- empregado algum recurso na fabricação de
te. Os barcos sob a direção governamental barcos ligeiros (precursores da jangada) para
lusitana já não atendiam às reclamações dos animar a transferência do açúcar de um pon-
embarcadores Que fazer diante de tão an-
. to para outro de mais procura. Não havia en-
gustiosa situação ? E' quando chega nova dinheirado que não possuísse a sua embar-
Carta Régia redigida nos têrmos seguintes: cação para as imposições de comércio maríti-
"Manoel Nunes Leitão Eu El-Rey vos envio
. mo. Era um negócio seguro. Até senhores
muito saudar. Por cartas ao Provedor da Fa- de engenho houve alguns que empregaram
zenda, Ouvidor Geral desta comarca e do capital na aquisição de pequenos veleiros
Désembargádor Syndicante Belchior Rami- para ainda mais animar o movimento entre
res de Carvalho, escritas em Agosto deste Paraíba e Pernambuco. E embarcavam o seu
produto diretamente, talvez até sem boa fis- não seria de estranhar desde que o progressô
calização, uma vez que os barcos subiam o (por que não dizer a civilização ?) desconhe-
rio, iam pegar mercadoria ao longo de seu ce certas leis de mecânica social, mostrando-
curso, iam bater no Pilar, pois nesse tempo se sem entranhas e por demais grosseiro nas
longínquo a nossa grande artéria fluvial dis- suas imposições. O fato registrado é que na
punha de um leito fundo e não espalhado várzea se deu uma geral transformação em
como no presente. virtude da liberdade de comércio açucareiro.
Só depois da estrada de ferro é que o pa- Melhorou consideràvelmente o aspecto
norama se modificou profundamente . A económico financeiro de uma sociedade nas-
Conde d'Eu e sua sucessora Great Western cente e já poderosa. Uma sociedade que que-
não queimavam apenas o carvão inglês, pas- ria ir para a frente sem obedecer a certos
saram as suas caldeiras a engulir lenha reti- princípios de respeito aos interêsses comuns.
rada de nossas matas — e as consequências Aliás isso é inerente ao capitalismo cego que
foram as mais nefastas possíveis: o denso dos desconhece os direitos naturais e humanos.
arvoredos que circundava o rio e os engenhos Houve, portanto, uma verdadeira devasta-
logo desapareceu. As matas entraram em pe- ção na várzea. E essa política gananciosa, to-
ríodo de devastação Lenha era retirada para
. mou tais côres que El-Rei não deixou passar a
queimar e sustentar o movimento da estrada oportunidade para baixar providências de re-
de ferro ao longo de tôda a sua extensão. O pressão bastante enérgicas. Uma Carta Ré-
resultado somente poderia ser êste: desam- gia de 1694 mandava que "os moradores
parar o Paraíba na precipitação de suas águas plantem no logar que cortarem madeira, no-
nas primeiras enchentes do inverno. A terra vas mudas, para que não venham a sofrer os
ficou em abandono, ficou frouxa, começou a engenhos a falta de lenha". Os engenhos
desagregar-se e, consequentemente, o plano trabalhavam noite e dia para .que pudessem
se fêz logo no leito do velho rio que era mui- atender ao corte do canavial abundante. Por
to fundo, estreito e navegável. Mas a histó- essa época as fábricas de açúcar eram em
ria anda desviada. número crescido, estavam melhorando sem-
Retomemos, no entanto, o fio da conver- pre de condições mecânicas e, por conseguin-
sa, desde que avançamos demasiadamente no te, a produção tomava relêvo de chamar a
tempo, dois séculos adiante, e sem pedir li- atenção. Só podiam consumir bastante com-
cença. Pois o fato conhecido é que os se- bustível, sendo mais que justa a ordem real
nhores de engenho, poucos dêles, dispunham de nova plantação para evitar o desapareci-
de barcos, faziam as suas manobras comer- mento das matas. Enquanto isto o preço do
ciais, rumavam ao Recife, barcos que saíam açúcar ia melhorando sempre. No seu trans-
também pelo rio Gramame. Êsse comércio porte para o mercado não se contava pelo
trouxe bons resultados financeiros para a vár- pêso e sim era obedecido o regime da caixa
zea senão para tôda a capitania florescente. "standard". Um tamanho para tôda ela se ob-
O orçamento logo aumentou. E por sua vez servava como recomendação fiscal, variando
as remessas monetárias para a Fazenda de as qualidades do produto, variando também
d'El-Rei se tornaram mais vultosas. Os cui- os preços. Mas certos tipos açucareiros fo-
dados do govêrno redobraram ao limite de ram sofrendo sensíveis melhoras materiais e,
recomendações que jamais foram feitas ou an- portanto, económicas Urgia uma medida que
.
cena". E' interessantedemorar neste ponto ro. A capitania se garantia económica e fi-
para comentários que nos parecem ajusta- nanceiramente era com os negócios realiza-
dos. Assim é que, nas suas constantes e in- dos por cá pelo Nordeste. De modo que o
fatigáveis ordens, tôdas elas sempre orienta- "damno que será consequência da ruína des-
das para o campo da economia, Portugal se se Estado" nunca poderia objetivar-se. O açú-
mostrava rico de recomendações cuidadosas car da várzea tinha consumo interno, isto é,
senão acauteladoras de qualquer prejuízo pro- quando não se fazia dentro da capitania, ia
vável. para a outra, para a de Pernambuco, aumen-
Dois anos após, em 1697, chega novn tando por esta maneira o seu abastecimento.
Carta Régia dizendo que seja estabelecido o E depois o referido documento insiste em re-
preço do açúcar quinze dias depois da che- comendações expressas sôbr^ nomeação de
gada dos navios, por dois peritos, nomeados peritos e representantes dos interessado para
pelos homens de negócios e lavradores, dan- que a fiscalizaçãose processasse com a maior
do-se-lhes juramento na forma da lei. Êste regularidade. No entanto, mais adiante, dei-
documento está desta forma concebido: "Ca- xa consignado que a ordem seja observada
pitão mór da Parahyba. Eu El Rey vos en- estritamente, "sem embargo de todas as ra-
vio muito saudar. Devido o excessivo preço zões" que fossem apresentadas pelos interes-
que estes anos passados tiveram os açucares sados.
nessa capitania tem sido de tanto prejuízo T.ratava-se, como se vé, de um documen-
ao comercio que hoje se acha este género sem to capcioso, por isso mesmo os fabricantes de
preço nem saída nesta Praça e porque deste açúcar pasaram a orientar-se por outros ca-
damno será consequência a ruína desse Es- minhos, fugindo tanto quanto possível às
tado, me achei obrigado a darlhe o remédio exigências descabidas de um fisco que agia
de que necessitava e mandando ver e consi- por forma ilegal. Ilegal porque contraditó-
derar qual este devia ser com toda a circuns- ria. A Fazenda Real queria era que o açúcar
pecção fui servido resolver que não se ajus- fôsse todo para a Europa, eis a intenção ocul-
tando o preço dos açucares nessa capitania ta que teimava em não se manifestar aberta-
em tempo de quinze dias depois da chegada mente. Nada que desse na vista para não
dos navios dessa pertença e se eles trocejem chamar a atenção Porém aquela Carta Régia
.
tratado depois de dez dias que ordeneis a se encontrava redigida por tal maneira am-
Camera fassa que os homens de negocio e la- bígua e contraditória que logo ficava de-
vradores dos açúcares nomeem cada um pelo monstrado o enérgico desejo lusitano de in-
sua parte dous homens pera conferirem o terferir na venda do açúcar com uma deter-
ajustarem os preços, dandoselhe o juramento minação de dono prepotente. Dêsses que não
na forma da ley pera que em tres dias arbi- admitem controvérsias: querem a obediência
trem os justos preços porque se devem ven- cega e que ninguém diga coisa alguma.
der os açucares, conforme suas qualidades e A situação assim permaneceu por muito
com consideração as circunstancias do tempo tempo. Anos mesmo. Alto o preço do açú-
e quando no dito termo de tres dias não con- car, a prosperidade geral dominando, a abas-
cordem será o preço o mesmo que tiver posto tança fazendo a felicidade de uma região
em Pernambuco com hum tostão mais pela ou melhor da capitania, mas as irregularida-
mayor bondade do açúcar dessa capitania, des reinando em todos os recantos da admi-
esta matéria he muito de meu serviço e muy nistração e também dos próprios engenhos.
importante a conservação desse Estado, e O fisco queria o que não podia e o senhor en-
assim vos hey por muito recomendado esta contrava a saída aberta fazendo trampolina-
minha resolução a fassais infalivelmente exe- gens com a sua mercadoria sonegada. O re-
cutar sem embargo de todas as rasões que gime do "mole" estava na ponta. Até que
vos representarem em contrário e manda- veio a quadra das vacas magras. Desceu o
reis registar esta minha carta nos livros dessa preço do açúcar. A crise entrou com os seus
Secretaria e Camera pera que os vossos su- tentáculos perigosos a fazer os seus sulcos
cessores a executem na mesma conformida- de sofrimento Nessa época o senhor não sen-
.
726
727
Escrevendo a história santista, o Sr. Fran- quer outro, deu o nome do primeiro engenho
cisco Martins dos Santos afirma que o pri- açucareiro levantado no Brasil. Fê-lo em
meiro engenho de açúcar erigido na capita- 1768, nestes termos: "Deixando povoada a
nia vicentina foi o da Madre de Deus, no ano dita villa da ilha de S. Vicente, e estabeleci-
de 1532. O Engenho São João teria sido o se- da uma grande fazenda com engenho de as-
gundo (1533), vindo em terceiro lugar (1534) sucares com vocação de S. Jorge, se retirou
o que pertenceu a Martim Afonso, João Ve- o dito Martim Affonso de Sousa para o rei-
niste, Francisco Lobo e Vicente Gonçalves.. no em fins do anno de 1534." (3)
Vejamos o que diz, textualmente, o au- Mais tarde, em informação datada de 3
tor: "Era o terceiro Engenho (refere-se ao de janeiro de 1772 e dirigida a D. João de
São Jorge) que se levantava na região da fu- Faro, o historiador paulista foi mais preciso,
tura Santos, e não o primeiro como afirmam, conforme se pode ver nas linhas a seguir:
visto que o primeiro *fôra o da "Madre de "Até p anno de 1533 existiu em a villa de
Deus", de Pero de Góes, levantado na atual S. Vicente o seu fundador Martim Affonso
região "das Neves" em 1532, e o segundo fora de Sousa (7), e n'ella estabeleceu o primeiro
o de "São João", de José Adorno, levantado engenho de assucar que houve em todo o
em 1533, no local de Santos, perto do atual Brasil, com vocação de S. Jorge (depois com
Morro de São Bento." (1) grande augmento de fabrica e escravatura
Há pouco, em trabalho escrito expressa- passou a ser dos allemães Erasmo Esquert e
mente para esta revista, o eminente Sr. Basí- Julião Visnat, e se ficou chamando S. Jorge
lio de Magalhães aceitou a primazia cronoló- dos Erasmos) (8) .
gica do Engenho da Madre de Deus, preten- (7) Liv. de registo de sesmarias, tit. 1555 cit.
728
729
do engenho de José Adorno (12), isto é, do Com efeito, Pedro Taques, como acima
Engenho São João, segue-se que em uma mes- vimos, diz que, antes de regressar a Portu-
ma obra, em três trechos distintos, Azevedo gal, Martim Afonso deixou estabelecida uma
Marques dá a prioridade, no tempo, confor- grande fazenda com engenho de açúcar, afir-
me o caso, a cada uma das três fábricas açu- mando, mais tarde, em outras obras, que o En-
careiras em causa. genho São Jorge foi construído "logo que"
Se o Sr. Francisco Martins dos Santos se se fundou a vila de São Vicente.
inspirou na primeira alusão para recusar a Como também vimos, o insigne genea-
primazia estabelecida por aqueles dois cro- logista menciona a fonte em que hauriu as
nistas do terceiro século, em favor do Enge- suas informações. No caso, o Livro de re-
nho dos Erasmos, andou mal inspirado, por- gisto de sesmarias, que se não lhe permitiu
que é manifesta a contradição (diria melhor fixar a data do levantamento da fábrica, é
contradições) em que apanhamos Azevedo de crer que tenha sido bastante para que
Marques estabelecesse a primazia cronológica do En-
Em que se baseia o Sr. Francisco Martins genho São Jorge. Tanto assim que, em três
dos Santos para dizer que o primeiro enge- trabalhos diversos, elaborados através de uma
nho de açúcar erigido na ilha de S. Vicente longa vida de pesquisas e estudos de do-
foi o de Pedro de Góes, vindo em segundo e cumentos existentes na capitania vicentina,
em terceiro lugar, respectivamente, o de afirmou a precedência daquele engenho.
José Adorno e o Engenho São Jorge? Que é Frei Gaspar, seu contemporâneo, aliás
que serviu de fundamento ao Sr. Francisco mais moço do que o iinhagista, corroborou
Martins dos Santos para fixar os anos de a prioridade cronológica do engenho do go-
1532, 1533 e 1534 como aqueles em que foram verdador, como mostramos acima, baseando-
construídos, naquela ordem, os engenhos da se inclusivè em duas escrituras passadas em
Madre de Deus, São João e São Jorge ? Lisboa e registradas no Cartório da Fazenda
E' fácil a quem quer que compulse o seu Real de São Paulo.
livro, mencionado acima, verificar que o Sr. Aos documentos examinados pelos dois
Martins dos Santos não cita nenhum do- velhos cronistas de São Paulo, o Sr. Francis-
cumento ou fato provado que autorize as suas co Martins dos Santos não opôs outros do-
asserções, neste ponto, ou que deixe entre- cumentos, até aqui desconhecidos, que auto-
ver que tenham elas algum cabimento. rizassem as suas deduções ou, antes, o traba-
A verdade é que não se sabe com exati- lho de sua fantasia.
dão quando foi erigida qualquer das três fá- Se é certo que, como ensina Fr. Gaspar,
bricas em
apreço. Martim Afonso promoveu, quanto possível, o
Jordão de Freitas diz que parece ter sido comércio e a agricultura e logo tratou de er-
em 1534 que se constituiu aquela sociedade guer um engenho dágua no meio da ilha de
entre Martim Afonso e outros para a cons- São Vicente, para que os lavradores pudes-
trução de um engenho na capitania de S. sem moer as canas doces que teria mandado
Vicente. (13) vir da Madeira, nada mais fez do que se ins-
Como quer que seja, as citas acima pirar nos desejos que animaria a Coroa de
feitas de Pedro Taques e Frei Gaspar, que Portugal, a qual, segundo se depreende de
aludem ao período em que foi construído o uma citação feita por Porto Seguro, (14) que-
Engenho São Jorge e àquelas escrituras, mos- ria iniciar a indústria açucareira no Brasil,
tram que não há nenhuma incompatibilidade ainda ao tempo de D. Manuel.
entre um e outras. Caso contrário, os dois A própria carta de doação da Capitania
historiadores setecentistas não iriam asseve- de São Vicente — tal como sucedeu a Pedro
rar que a construção da aludida fábrica se Lopes de Sousa, Duarte Coelho, etc. —
dava,
deu antes da volta de Martim Afonso a nesse particular, privilégios a Martim Afon-
Lisboa so, já que lhe fazia mercê, e aos seus suces-
sores, atfim de que tivessem e houvessem tô-
(12) "Viagem ao Brasil". Hans Staden. Ver-
das moendas dáguas, marinhas de sal, e
são de Alberto Lõfgren. Pub. da Academia Bra-
sileira. Of. Industrial Gráfica. Rio. 1930. Pág. 60. quaisquer outros Engenhos de qualquer quali-
(13) "A expedição de Martim Afonso de
Sousa", in "História da Colonização Portuguesa do (14) "Historia Geral do Brasil". 3.^ ed. in-
Brasil". Litografia Nacional. Porto. MCMXXIV. tegral. Cia. r.Ielhoramentos de São Paulo. Tomo
Vol. III. Pág. 117. 1.° Pág. 106.
73.0
dade, que houvesse na dita Capitania, acres- Dando expressamente pouco ou nenhum
•
occasiaõ, em que Martim Affonso mandou E' interessante que o Sr. Francisco Mar-
buscar á Madeira a planta de cannas do- tins dos Santos, que fala com tanta ênfase
ces." (15) nos "depoimentos" dos cronistas que parece
Coubea Duarte Coelho, Pedro de Góes e lhe darem razãoy haja esquecido a informa-
outros donatários,- por si ou seus loco-tenen- ção de Anchieta, que, como se sabe, chegou a
tes, introduzir a indústria açucareira nas res-
São Vicente em fins de 1553, isto é, cêrca de
pectivas capitanias, o que fizeram provàvel- vinte anos após aqueles fatos que êle pro-
mente em virtude das intenções claramente cura torcer em benefício de Santos, queren-
manifestadas pela Casa Real de Portugal, do acrescer novas glorias ao acervo da glo-
como já vimos. riosa terra dos Andradas e dos Gusmões . .
T31
barcações pequenas. Já não podiam fazê-lo ao gou-lhe uma interpretação tendenciosa: aque-
tempo de Anchieta, como se viu. le genovês ref eria-se a José Adorno Mas nes- .
face do "Diário da Navegação" de Pero Lo- E com passes assim o Sr. Francisco Mar-
pes de Sousa e do estudo crítico do memorá- tins dosSantos acaba chegando à conclusão
vel apógrafo devido ao comandante Eugênio de que Adorno já em 1533 tinha em ação o
de Castro —
parece resultar da tese, talvez seu engenho (pág. 156)
preconcebida, de que a colonização, a explo- Concordando embora em que a documen-
ração agrícola, teve início por aquele lado da tação respeitante aos primeiros dias de San-
ilha (pág. 188), que ao próprio donatário se tos é "muito exígua e falha", o Sr. Francisco
teria figurado melhor. No trabalho do Sr. Maítins dos Santos não tem dúvida em dizer
Martins dos Santos tudo conspira, tudo se en- e redizer que o engenho de Adorno, cons-
cadeia com o fito de dar essa primazia a San- truído e já em funcionamento em 1533, pre-
tos, cujos dois engenhos referidos são, por isso cedera o de São Jorge, sendo por sua vez
mesmo, apresentados como anteriores, na precedido pelo de Pedro de Góes. Êste teria
construção, no funcionamento, ao dp donatá- sido levantado no mesmo ano em que Mar-
rio. tim Afonso se estabeleceu naquela mesma ilha
O Martins dos Santos in-
Sr. Francisco já habitada por Antônio Rodrigues, Gon-
corre em
muitos outros enganos, dando, por çalo da Cos ca e outros europeus. No entanto,
exemplo. Frei Francisco de Santa Maria como ao longo de seu livro, o Sr. Francisco Mar-
autor do "Santuário Mariano" (Pág. 150), tins dos Santos vacila na fixação da data em
quando essa obra foi éscrita por Frei Agosti- que se iniciou o povoamento da região da fu-
nho de Santa Maria E' que o historiador san-
.
tura Santos, ora falando em 1532, ora em
tista pensa que êsses dois religiosos são uma 1534... Mesmo depois de quase haver jura-
só e mesma pessoa, à qual se deveria, além rado pelo último ano, em virtude de uma
daquele livro, o "Ano Histórico". Êste, sim, afirmativa de José Bonifácio de Andrada e
foi escrito por Frei Francisco de Santa Ma- Silva. Se o grande homem afirmou que San-
ria, como o sabe o leitor. tos foi fundada dois anos depois da funda-
Frei Gaspar cita três documentos que ção da vila de São Vicente, cessa toda dúvi-
.
confirmam a tradição de que Braz Cubas foi da a respeito, diz o Sr. Martins dos Santos.
fundador de Santos. Por sinal que um dêsses Isso não o impediu de adiante continuar os-
docun^entos, dando o testemunho de Diogo cilando entre aquêles dois marcos . .
Dias, diz que "o primeiro homem, que povoou Se tem dúvidas quanto ao ini-
ele próprio
em a Villa de Santos, foi Pascoal Fernandes, cio do povoamento da região da futura San-
e o Senhor Braz Cubas, d'ahi se fez a Villa de tos, como é que pode afirmar que em 1532,
Santos". (Pág. 208 da 3.^ ed.). Conclue-se daí meses depois da chegada de Martim Afonso,
que o primeiro povoador foram dois... já estava em funcionamento o engenho de
O Sr. Francisco Martins dos Santos não Pero de Góes ?
quis ficar atrás daquele morador de São Vi-»
cente
O autor das "Memorias para a historia da "BRASIL AÇUCAREIRO"
capitania de São Vicente" afirmou que "nos
primeiros annos, quando todos os povoadores O presente número completa o XXIV° volume
lavrarão n'esta Ilha, onde querião, Pascoal
de "Brasil Açucareiro". Marca ao mesmo tem-
Fernandes Genovez, e Domingos Pires fize-
rão sociedade e ambos vierão situar-se em po o 12° aniversário de órgão oficial do Insti-
Enguaguaçú. ." (págs. 204/5 da 3.* ed.).
. tuto do Açúcar e do Álcool, cujo nome primiti-
732
A
constância cana vieira da Jacarèpaguá lhe guarda o nome, e êste, juntando-se com o
veio ate o começo dêste século, sendo fora de rio do Areal, forma o Guerenguê, o qual, mais
duvida que, na segunda metade do setecen- abaixo, é Arroio Pavuna, agora Canal do Pa-
tismo, a constelação dos engenhos da bai- vuna, tributário da Lagoa de Jacarèpaguá
xada, entre os Maciços da Tijuca e da Pedra
Branca, era das mais ativas. PLANÍCIE RICA DE ENGENHOS
O c1ass-
sico mapa de Aos três
Manoel Viey-
acima, no
ra Leão, sopé o r i e n -
" Sa r g e n -
tal do Ma-
to mor e Go- ciço da Pedra
vernador da Branca, há
Fortale- que juntar
za do Castelo
outros tantos:
de São Se-
o Cu r i c i -
bastião da Ci-
d a d e do Rio
ca —ainda ho-
jeexistem o
de Janeiro",
Carta Topo-
Núcleo da
Curicica e a
gráfica da Ca-
Estrada V e -
pitania do Rio
de J a n e i - lha da Curi-
ro, feita em cica —
ao pé
1767 "por or- de um par de
dem do Cõde m n o 1
o i
-
Capitão Ge- O Engenho Velho à beira da Rio-São Paulo, na Estação de Santís- picos, os Dois
neral, e Vice simo, com a bagaceira amontoada na frente das instalações, se- Irmãos, jun-
cando para adubo. E' atualmente o maior aguardenteiro carioca, to de águas
Rey do Esta- chamado Engenho São Pedro, ao tempo da popular proprietária,
do do Brazil", correndo no
D. Júlia Campos de Oliveira Ramos. A esquerda da porta onde
localiza sete estão os homens ficam os alambiques e, à direita, as dornas. No Pavuninha; o
engenhos na último lanço do edifício a penúltima porta corresponde a moen- Camorim, de-
planície da elétrica, e a última ao depósito de canas e garrafas. Por trás vidamen-
do casarão os cilindros das caixas dágua da antiga instalação a te anotado na
ao norte das vapor, já na subida do morro que, por trás das mangueiras e
maiores outras árvores frutíferas, ostenta csfhaviais. Perfilam -se ao fundo cartografia de
lagoas cario- ladeiras do Morro do Lameirão, esporão do Maciço da Pedra Vieyra Leão,
cas, porem na Branca alcançando 486 metros. Foto Affonsò Várzea no alto rio do
passagem da Camorim, de-
passada centúria para a corrente, onze fábricas saguando no extremo ocidental da lagoa de
andavam em atividade sobretudo aguarden- Jacarèpaguá, vale superior encaixado entre a
teira: o Engenho Velho, tradicional reduto da Pedra Rosilha, 486 metros; finalmente o Var-
família Dantas, no vale do Rio Grande, onde gem Grande, já na base meridional daquele
o cartógrafo do Vice-Rei colocou dois núcleos maciço, no vale do Paineiras.
açucareiros; o Engenho da Taquara, imedia- Dessas instalações continuam à vista tre-
tamente ao sul do baixo rio Grande, o que chos das canalizações de água, como no caso
mais resistiu na função, propriedade de tra- do Engenho Novo; do Curicica, ruínas encon-
Engenho No-
dicional família fidalga local; o tradas aos fundos do Sítio São Jorge, de Ar-
vo, no terreno atualmente ocupado pela Co- tur Várzea; do Camorim, mais de duas vêzes
lónia de Psicopatas, no vale do córrego que secular
ocidente, culminando com 231 metros no Mor- nas. Sendo esta a vertente de sotavento, mes-
ro dos Coqueiros, a noroeste de Senador Ca- mo antes da ação de madeireiros, lenheiros e
mará. càrvoeiros — antecipando-se dé séculos aos
Precisamente acolado à ponta leste dessa fruticultores— jamais apresentou-se tão en-
ilha geológica Morro do Retiro —
Morro dos roupada de vegetação como as ladeiras flo-
Coqueiros ficava o famoso Engenho do Re- restais descendo para Guaratiba e Jacarèpa-
tiro, já na vertente do rio das Tintas, outro guá, beneficiando diretamente dos ventos car-
formador do regados
S a r a p u i, de umidade
principal for- do oceano,
mador dado por isso mes-
maior vulto mo nutrien-
que o Sardi- tes de uma
nhas. Deve constela-
ser o Tintas ção de enge-
que figura nhos como já
em Vieyra foram vistos
Leão como rio na baixa-
do Retiro. da jacarepa-
As sólidas giiense.
edificações do
Engenho do O ENGENHO
Retiro, agora DO
adapta- RÁDIO
das em hospi-
tal do prole- No vale do
tariado das Guandu
tecelagens do do Sena, pre-
Bangu, vão cisamente ao
sendo alcan- sul do forma-
çadas pelo ca- dor do Guan-
sario da prós- Ao centro, a partir do primeiro plano* o antigo leito do Guandu du Mirim, re-
do Sena, estando o curso dágua agora desviado meio quilóme-
pera cidade
tro para o norte por ter sido metido em drenagem — Canal do
gistraram os
dé origem in- Guandu do Sena — pelas Obras de Saneamento da Baixada cartógra-
dustrial, aglu- Fluminense, que criaram um leque de canalização para o alto fos setecen-
tinando-se já Guando Mirim Ficou assim sem rio o Engenho do Guandu, cuja t i s t a s uma
edificação secular destaca-se ao meio, do encontro e a um espo-
aSenador Ca- única fábri-
rão da Serra do Quitungo, todo pelado em lavouras de cítricas.
mará, mercê A chaminé corresponde ao vasto recinto do edifício onde ainda se ca, natural-
do desenvol- encontra a instalação a vapor com que a fábrica passou do impé- mente o En-
vimento que rio para a república. A almanjarra a tração animal, que mantém g e n h o do
ganha no vale vida aguardenteira nesse núcleo canavieiro, o principal da zona
chamada Tererê no mapa de Vieira Leão, de fins do século De-
Guandu,
entre o ali-
zoito, funciona na extremidade oposta do casarão, à esquerda da
grande cons-
nh amento qual estendem-se, entre duas ondulações do terreno, as Caianas trução que,
Retiro- para chupar. Foto Paul Stille para a GEOGRAFIA DO DISTRITO na passagem
Coqueiro e a FEDERAL, do prof. Affonso Várzea do impé-
o r 1 a s e - rio para a
tentrional 'do Maciço da Pedra Branca. república, avultou com sua maquinaria a va-
Essa aba do maior conjunto orográfico do por. Agora renascente, depois do crack da la-
Distrito Federal arma o fundo da foto para ranja, recomeça como aguardenteiro de al-
quem aponta a objetiva, da subida ao Maciço manjarra de tração animal.
do Gerecinó, para a antiga várzea de cana a Mais chegada à Serra do Quitungo, mais^
leste do divisor de águas do Guandu do Sena afastada do Maciço de Gerecinó, a tradicio-
— face norte do Maciço da Pedra Branca em nal casa canavieira ficou sem a intimidade do
grande parte pelada pela economia de subs- rio, pois a retificação do curso pelas Obras
tituição dos fruticultores de cítricas e bana- de Saneamento da Baixada Fluminense, cri-
736
FOLKLORE DO AÇÚCAR
'
Joaquim Ribeiro
737
nossa gente.
O meu coração é terra
E, quem observa atentamente o nosso
Hei de o mandar lavrar
cancioneiro, verifica que nêle os valores es-
Semeá-io de desejos
téticos já existem embrionários e sugestivos.
Que tenho de te falar.
Justamente uma das demonstrações fun-
damentais que fiz em meu livro "Estética da ,
(Obra citada, pág. 304.)
língua Portuguesa" foi esta, e reuni diver-
sas comparações entre Camões, o génio de A outra já parece de índole urbana e diz
nosso idioma, e o povo, dando a êsse respeito assim :
Dentro de meu
peito tem Dentro de meu peito tem
Duas tesouras sem eixo; Dois engenhos de marfim;
Ilida me vendo em desprêzo, Quando um anda, outro desanda:
Meu amor, eu não te deixo. Quem quer bem não faz assim:
(Obra citada, pág. 214, da 2.^ edição) (Obra citada, pág. 214)
, Lá vos mando um
cravo branco O
nosso Cancioneiro, tão rico em quadras
Num bago de jaca dura; de raízes reinóis, tem, todavia, as suas formas
Lá vos mando perguntar mestiças e originais, que oportunamente ana-
Se vosso amor inda dura lisaremos .
a) — Lá te raminho
mandei um
De quantas que achei;
flores
Se mais achara, mais dera,
Se mais dever, pagarei.
= FAZENDEIROS, i==
(Revista Lusitana, vol. XVI, pág. 321) USINEIROS!
b) — Lá te mandei um raminho COMPREM dircfameníe da produtora
De alecrim por aparar; ÁCIDO SULFÚRICO
Se tu tens outros amores,
Manda-me desenganar. ÁCIDO CLORÍDRICO
e
(Ibidem) ÓLEO DE RÍCINO
OFEREÇAM dire ta men te à consumidora
O A. Monteiro do
folklorista luso Carlos
populares e lin-
A SUA PRODUÇÃO
Amaral no estudo "Tradições
DE OLEO FUSEL
guagem de Atalaia" registrou estoutra "va-
riante" :
Dirijam-se à
Lá te mandei um raminho
De cinco castas de flores; CIA. flUIMICA RHODU BRASILEIRA
Todas elas significam
Parte dos nossos amores. Caixa Postal 1529
S. PAULO
Certamente, a versão originária dá can- a
tiga sergipana, recolhida por Sílvio Romero, AGENCIAS :
740
A grande legenda da vida do velho Canuto, rava Canuto. Era do outro lado do rio Cutin-
o carreiro, se constituiu numa memorável be- ga, uma construção de taipa coberta de pa-
bedeira . lha. O interior, escuro e de chão batido, como
Depois de perambular por tôdas as vendas que servia apenas para as lidas de cozinha e
e tendinhas do Acupe, apoiando o cotovelo para o sono da família.
foveiro em cada balcão e em cada balcão ati- Porque as demais passagens da vida do-
rando à goela um copinho de minduba, o ne -
méstica tinham lugar à sombra do oitão, se
gro resolveu tomar o caminho do engenho. era dia, ou, à noite, no terreiro enluarado.
Era noite e não havia lua. Ali se batia piaçava, ali se fabricavam ca-
Pés descalços, foice ao ombro, o chapelão trançavam esteiras e chapéus de
çiiás, ali se
de palha dependurado das costas pelo barbi- pindoba, ali se atavam com barbante ordiná-
certo, uma nesga relvada à margem do cami- rio ou palha torcida os macios leitos de pa-
do arraial, —
e ganhou a estrada. xiúba
O vento punha cochichos mal-assombra- Que comiam ? A
base da alimentação era
dos nas folhas do bambual. As coraneiras o charque. Assado ou de moqueca, ou ainda
perfumavam a treva. em cozidos ligeiros —
"subiu-descer" com —
Canuto começou a sentir o corpo mole, as os indispensáveis e o pirão de farinha de
pernas flexíveis como juncos, um relaxa- mandioca, a "carne-do-sertão", como era cha-
mento irresistível da vontade. Tinha que pe- mado o produto gaúcho, constituía o prato
gar a junta de bois, naquela madrugada, de mais comum e mais querido.
manhã cedo devia levar o carro ao canavial. Mas havia também peixe do rio e caran-
Mas como continuar andando naquele es- guejos do mangue do Acupe, aquêles magní-
tado ? ficos, inigualáveis caranguejos do Recônca-
Parou, vencido. Procurou, com o pé in- vo baiano. E, como tempêros comuns a to-
certo, uma nesga relvada à margem do cami- dos os petiscos, o dendê doirado e cheiroso,
nho. E deixou-se cair, exausto. e a pimenta, pimenta malagueta, pimenta que
Quando acordou o sol já estava alto. Per- a negrada devorava lacrimejando de agonia e
cebeu dores pelos braços, notou que tinha rindo de gôzo.
sangue nas mãos. Reuniu as energias, pôs-se (E ainda há "sociólogos" que dizem que
de pé, olhou para o chão. a base da alimentação brasileira é o feijão.
Lá estava, esmagado, um tremendo suru- Falam assim, englobando tudo, como se os
cucu-malha-de-f ogo O reptil picaro-o, enfu-
. Canutos do Recôncavo, comendo dêsse mo-
recido, durante várias horas. Até que, ce- do, os Pajaus do Nordeste fazendo fé no mi-
dendo à asfixia, morrera sob o seu corpo lho, os Panchitos do Pampa carregando no
anestesiado pelo álcool. bife cru e nas verduras, não fôssem Brasil
Canuto brandiu a foice, torou-lhe a ca- nem nada . .
.
Lembro-me ainda da casinha em que mo- lhe daria, pelo raenos a êle, já velho, nada de
741
giões, realizam verdadeiros milagres. Sem buco e Alagoas, de maneira que êles estão ex-
recursos, contando com as contribuições de cluídos dos nossos comentários. Na Bahia e
associados ou parcas subvenções oficiais, sem em Sergipe, constatamos alguns ambulató-
aparelhamento cirúrgico e sem um corpo clí- rios, sendo que na terra sergipana estivemos
nico adequado, elas suprem todas as defi- num hospital mantido pela Usina Oiteirinhos.
ciências com a abnegação dos seus enfermei- Aliás, em todas as nossas viagens, só nos foi
ros, quase sempre responsáveis pelos doentes dado visitar dois estabelecimentos hospita-
que as procuram. Visitamos vários dêsses lares: o referido e o da Usina São José, no
BRASIL AÇUCAREIRO
DEZEMBRO, 1944 — Pág. 141
.
742
Seção
í\inção determinou a percentagem do teor de fibras, a
Chapa percentagem da extração de caldo e a eficiência
de moagem em termos da percentagem de sacarose
Atesto que do exame procedido no candida- extraída de onze das principais variedades utiliza-
to acima nomeado verifiquei o seguinte :
das em Cuba.
Os resultados dêsse trabalho, de acordo com
Estado geral o resumo que do mesmo fêz "Sugar", mostram que
Aparêlho afetado as diferentes variedades acusam diferenças na re-
Moléstia infecto-contagiosa lação entre o teor de fibras e a extração do caldo.
Defeito físico Assim é que POJ 2725, com 13,38 por cento de fi-
Está vacinado ou revacinado bras, deu 74,10 de extração; as socas de Co 281,
Parecer '
. .
" com 15,87 por cento de fibras, deram 61,36 de ex-
tração; as canas plantas de F.C. 916, com 13,75
Por êsse processo a usina fica sabedora por cento de fibras, deram apenas 55,67 de extra-
do estado sanitário dos seus operários. O nú- ção. Diferenças dessa espécie encontrou o autor
mero de trabalhadores hospitalizados, em inúmeras nas suas pesquisas.
Essas relações indicam que o caldo pode ser
1943, segundo um relatório, foi de 177 Há, .
mais facilmente extraído da fibra de uma varie-
ainda, um serviço odontológico, que atende dades do que de outras. Portanto, a qualidade, ou
a apreciável número de trabalhadores. O natureza, da fibra de uma variedade tem impor-
serviço cirúrgico tem colhido bons resultados tância na determinação de seu valor fabril. As
diferenças de qualidade das fibras das canas estão
e amplia-se de ano para ano.
relacionadas de perto com o seu teor de linhite.
Dos
dois hospitais visitados, êste era o As células da estrutura vegetativa são compostas
dotado de eficiência e conforto. de celulose, que é mole, mas à proporção que as
A
Usina São José, entretanto, nos dados células são cobertas de linhite a sua estrutura se
que colhemos sôbre a alimentação do tra- torna mais dura. A presença de linhite toma a
fibra mais difícil de moer. A grossura do colmo
balhador, aparece com nove casos de "defi-
é outro fator que influi na moagem. As canas
cits" para um
"de "superavit", sendo que êste mais finas são mais duras, por isso que contêm
ultrapassou os limites normais. Já tratamos maior quantidade de matérias linhif içadas A côr.
1336
REPRESENTANTE EXCLUSIVO PARA TODO O BRASIL
745
746
tico dos alquimistas, sem levar em conta que — das glucoses (dextrose, lavulose, etc.) e,
foram êles os maiores poetas da ciência. 3P grupo —
das sacaroses (sacarose, lactose,
Mas, por uma ironia irreverente da his- maltose, etc).
tória, já em 1828, quando os homens come- Vejamos agora os principais "ersatze"
çavam a duvidar da razão que não lhes dava do açúcar:
o pão sem trabalho, veio o renascimento da
Alquimia com Woeler fazendo a síntese da 1) Açúcar por síntese foto-química
uréia. Em 1854, Berthelot fêz a do álcool.
Em 1856 era feita a da anilina e em 1890 a Começou-se por estudar o processo pelo
do índigo. qual se forma o açúcar na planta. Partiu-se
Daí por diante, não mais se parou. Ale- do princípio de que a sacarose é um hidrato
mães e franceses disputaram êsse duro páreo. de carbono sob a fórmula C"H~0", i. é, con-
Notei os conceitos elogiosos sôbre os traba- cururé, o extremo noroeste do "Razo da Catarina"
lhos da Inspetoria de Sêcas no Nordeste e em e o Riacho Tintim, tributário do Terrachil.
particular as referências à Rodovia Central de E' uma região inteiramente chata, coberta de
Sergipe, a cargo da Comissão que modestamente capoeira rala, levemente sulcada pelos inúmeros
dirijo, e que naquela época chegava apenas a Qui- "uidian", que vão jogar naquele afluente do S.
xaba e que hoje já atinge Geremoabo. Lamento Francisco, e eivada de numerosos afloramentos
que não tivesse o amigo percorrido o trecho baia- graníticos que a ação do tempo transformou em
no da Rodovia Transnordestina, ora em conclusão amontoados de "boulders" de formas pitorescas.
mas espero que, algum dia, visitando de novo o Esperando, Sr. Dr. Afonso Várzea, que as cir-
Nordeste, iniciará sua excursão por Salvador, per- cunstâncias nos permitam um dia (que desejo não
correndo tôda aquela rodovia, que tem sido a seja remoto) nos conhecermos pessoalmente, aqui
nossa principal preocupação nesses últimos 10 anos. fica ao seu inteiro dispor,
As fotos que ora lhe envio são da região pró- O patrício admor..
xima ao S. Francisco, e compreendida entre aquê-
le grande rio, o seu afluente Terrachil ou Ma- Reynaldo Silva Lima."
747
748
zenas de anos, Braconnot, químico francês, ra que se iniciassem estudos para extrair
conseguia sacarificar a madeira. Essa, po- açúcar da madeira.
rém, como outras grandes descobertas, ficou Em 1938, em Moedling, na Áustria, sob
somente nos anais das experiências feitas. a direção do especialista professor Nowak, é
Sua aplicação prática era taxada de sonho montada uma fábrica com o fim especial de
alquimista. 75 anos mais tarde, isto é, em produzir forragem para animais. Aliás, a
1894, um outro químico francês, Simonsen, finalidade das grandes fábricas de açúcar de
prosseguia as experiências nesse sentido. madeira, tem sido transformar a produção
Entretanto, carecendo o alemão mais que bruta em álcool ou transformá-la em forra-
o francês dos "ersatze" para substituir os pro- gem para animais.
dutos naturais que não podia obter a não ser
pagando caro aos possuidores, tomou dêstes 4) Açúcar do ar
a idéia de extrair açúcar da madeira. Assim,
em 1912, os químicos Willstaetter e Zechmeis- Após o aproveitamento industrial do
ter sacarificaram a celulose pelo ácido clo- azôto contido na atmosfera, não seria ad-
rídrico em temperatura normal. Daí come- missível que duvidássemos que dela tam-
çaram as tentativas para aplicação industrial bém se extraísse o açúcar.
do método. Veio de Londres a nova. Nessa Cidade,
Coma guerra 1914-18, desdobraram-se os
em 1929, uma emprêsa fêz registrar uma pa-
tente, sob o n.° 327.197, para extrair açúcar
esforços para desenvolver a indústria dêsse
produto do ar. Nada mais se soube, porém.
Foi porém em
1916 que Friedrich Ber-
gius, professor da Universidade de Heidel-
berg, detentor do prémio Nobel e co-inventor
Agora, vejamos os substitutos do açúcar
da gasolina sintética, começou a estudar um de cana. Comecemos pelo principal que é o
processo de industrialização do açúcar da
madeira. Finalmente em 1928 instalou uma Açúcar de beterraba
1)
usina para êsse fim, a ""Deutsche Bergin
A.G.", em Mannheim-Rheinau, produzindo
Séculos a fio assistiram ao exclusivismo
álcool, açúcar, ácido acético e melaço.
do mel de abelha como única substância ado-
Em 1936, Bergin, em conferência na Câ- çante. Depois veio a "cana que produz mel
mara de Comércio de Londres, anunciou um sem auxílio de abelhas", segundo a frase de
novo processo de tratamento da madeira, com Nearco, general de Alexandre Magno, que
um rendimento de 66% de açúcar bruto. esteve na índia em 327 A. C.
Já "II Legno", de Milão, de 15-9-1935, E a cana foi se propagando pelo mundo
tinha comunicado que nas usinas de Man- afora. Com a generalização do uso do chá e
nheim-Rheinau se chegara a transformar 70% posteriormente do café e chocolate, tornou-se
de madeira em diversas composições quími- imprescindível o açúcar da cana por ser um
cas com afinidades que se aproximam do tempêro melhor que o mel para essas bebi-
açúcar das. De produto de farmácia passou a género
Nessa época, o químico vienense, Dr. de primeira necessidade.
Kock, depois de experiências feitas no Ins- Entretanto,' só medrava a cana em cli-
tituto Técnico de Pesquisas de Moedlingen, mas tropicais. Todo o mercado consumidor
anunciou haver descoberto um processo bara- da Europa estava nas mãos de monopólios
to para extrair açúcar, farinha e álcool de dos países que obtiveram colónias nos tró-
qualquer madeira. Garantia o autor do pro- picos .
seus tesouros as obras que realizou. Entre 1932-33 .... 8.019.000 18.663.000
elas, "os fundos acumulados para criar mais
1
75Ò
2) Açúcar de bordo (Maple Sugar) . questão, agora porém com o ápôio do Estado.
Com uma variedade selecionada por êsse
Há umacerta tendência do homem em se professor, obteve-se de 300 a 400 quintais de
cercar das utilidades de que necessita para canas limpas e 40 a 50 quintais de sementes
viver. Assim, o Sul do Canadá e o Norte dos por hectare. As canas produziram 75% de
Estados Unidos, procuraram em seu habitat sumo, dando de 17 a 24% de açúcar.
um substituto da cana de açúcar. Observe-se todavia que o objetivO prin-
Descobriram então que uma árvore na- cipal era a fabricação do álcool para a grande
tiva, o Bôrdo, do género das aceríneas, tinha aviação que a Itália pretendeu desenvolver.
a seiva com um gôsto muito aproximado do Nada se perde entretanto da planta por-
açúcar, o que aliás já era conhecido dos in- que as folhas, juntamente com as sementes
dígenas. que contêm 60% de substâncias amiláceas,
Desenvolveram então plantações de flo- produzem ótima forragem para animais.
restas dessa árvore, conseguindo-se em 1840 Talvez animados pelas experiências da
uma produção de 18 toneladas de açúcar. Le- Itália, foram iniciadas tentativas na Argé-
vando-se em conta que a seiva de cada ár- lia. Em 1938 obteve-se lá, como resultado
vore dá 2 quilos de sacarose, precisaram para sobre 1 hectare —350 quintais de talos; 16
essa produção de mais de 10.000 árvores. quintais de sementes e 80 quintais de folhas.
Conhecido cientificamente por "acer sac- Acusou o caldo de 12 a 14% de sacarose.
charum", o Bôrdo tem o seu principal cen-
tro na Província de Quebec, onde trabalham 4) / Açúcar de uva
na extração de seu açúcar mais de 20.000
pessoas. As necessidades naturais da vida fazem
Para obterem a seiva de que fazem o com que o homem procure no ambiente em
açúcar, usam o mesmo processo de incisão que vive as utilidades que necessita. Não a en-
aplicado na seringueira. contrando, e para não perecer, tem de ir bus-
Em 1929, o Canadá atingiu o mais alto cá-las fora de duas maneiras: ou pacificamen-
de sua produção com 5.307. toneladas de te pelo comércio ou violentamente pela guer-
açúcar. Com a crise, sua produção caiu para ra. Na primeira hipótese êle dá, em troca do
2.624 ton. em 1933 e 2.247 ton. em 1934. Em que precisa, o que o seu meio geográfico fa-
1935 entrou em ascenção, alcançando 2.966 cilita a produção acima do suficiente.
toneladas E' o caso da Argentina com seus vastos
Quanto à produção dos E. U. édel/4a parreirais As províncias do Norte não pro-
.
1/5 da canadense. Assim em 1933 produzia duzem o açúcar suficiente para acompanhar
584 ton. para em 1934 produzir 835 ton. ten- o consumo crescente do País.
do sido sangradas 2.000.000 de árvores. Assim, tendo uva em excesso e muitos
concorrentes na produção de bebidas, quis
3) Açúcares de sorgo procurar uma válvula de escape com uma
nova aplicação para as uvas.
Devido à 'tensão reinante entre os Esta- Por êsse motivo, o Senador Carlos Pon-
dos abolicionistas e escravagistas, aquêles ce Tabanera, apresentou ao Senado Provin-
procuraram livrar-se do monopólio do açú- cial de Buenos Aires um projeto de lei man-
car de cana dêstes, plantando sorgo. Depois dando conceder o avultado prémio de 200.000
da guerra da Secessão, porém, foi abandona- pesos a quem descobrisse um processo para
da por desnecessária * essa substituição. a cristalização do açúcar de uva. Visando
Mas, anunciou o "Corriere delia Sera" entretanto o aproveitamento industrial, não
de Milão, de 24-12-1937, que nos fins do século se devia considerar como tal o processo em
passado se tentou adaptar o Sorgo america- que o custo de produção do quilo excedesse de
no na Itália. Fracassaram também aí as ex- 30 centavos do pêso.
periências .
751
álcool e mais álcool, nos EE. UU. inicia- Segundo descreve o aludido autor, no proces-
ram-se polémicas para saber se era mais so de cabosulfitação, em vez de se utilizar SO' so-
mente para neutralizar a cal no caldo bruto, uti-
conveniente extrair êsse álcool da cana ou liza-se também CO' que se obtém queimando tur-
do milho, cereal de que êles eram os maio- fa ou coque nos fornos de enxofre. Nesse processo,
res produtores no mundo. Finalmente as ne- a quantidade de cal utilizada é de 7 galões de lei-
cessidades da guerra obrigaram-nos a optar te de cal 10 Be por 1.000 galões de caldo e é equi-
valente a 0,0075 por cento de CaO sobre o volume
pelas duas hipóteses.
de cana. Essa quantidade de cal é tão pequena
Isso quanto ao álcool. Em relação ao açú- que não basta para fazer funcionar um forno de
car até agora ninguém se tinha lembrado de cal; a quantidade necessária de CO' pode ser obtida
extraí-lo industrialmente do milho. pela queima de turfa. Para compensar a redução
Veio da U.R.S.S. a novidade. O "Jornal de cal, a neutralização se faz a 85° C. em vez de
55°. Pode -se juntar ao caldo o óxido de carbono
de Moscou", de 16-8-934, anunciava que em
e em seguida a necessária quantidade de óxido de
Beslau, no Cáucaso do Norte, foi montada uma enxofre. Também se podem misturar os dois ga-
usina experimental com a capacidade de ses nas proporções adequadas e, depois, juntar a
5.000 toneladas por 24 horas, para extrair mistura ao caldo.
açúcar do milho. Para uma maior simplificação do processo, po-
de-se produzir SO' e CO- no mesmo forno: queima-
Nada mais se soube depois. se o enxòfre na grelha colocada em baixo e o gás
de óxido de enxofre obtido, misturado com ar,
6) Açúcar de palmira
passa à camada superior onde se faz a queima da
turfa. Begulando-se a entrada de ar sôbre a tur-
Sabemos ser a índia o país dos costu-
fa, é possível obter a desejada proporção de SO' e
mes originais. Originais para nós ociden-
CO'. A vantagem dêsse arranjo está em que ape-
tais. Hoje não mais se discute que dela pro- nas se faz necessária uma linha de gás para o
vém a cana de açúcar. Entretanto, os india- tanque de neutralização. O gás deve ser lavado e
nos além da cana conhecem muitas outras resfriado. O gás deve ser introduzido no fundo de
PROCESSO DE CARBOSULFITAÇÃO
A indústria açucareira indiana, em conseqiiên- Dr. 0. W. Wíllcox
cia da guerra, está encontrando sérias dificulda-
des para se abastecer de enxofre. Nessa emer- (Tradução de Teodoro Cabral)
gência, informa o Sr. C. A. Kloppenburg no "In-
dian Sugar", foi preciso recorrer ao processo de
carbosulfitação, que é uma combinação dos pro- Preço Cr$ 8,00
cessos de carbonatação e sulfitação. A principal
vantagem a ser obtida por êsse meio é uma con- Pelo Correio Cr$ 10,00
siderável redução na quantidade de cal e enxofre
necessária, além desta outra —
a possibilidade
À venda nas livrarias e no I. A. A.
de utilizar êsse processo sem que seja preciso fa-
zer modificações custosas na aparelhagem das
fábricas.
CO
o
W eo
CO
esi
irt
esi
00
irt
CO
t-
CO
00 esi
00
00
t-
CO
O)
CO
o>
o
ers
o
00
CO
o>
CO
o>
o o
o
00
O* lO
CO
03
05 CO
05
05
a> rH o OJ
rH
c-
o
c-
T-l 00 IO CO m O) Tf OS
CO CO CO 00 00 CO CO 00
o
H
CO O
w O
&
00
CO
IO
m
CO
in
evi
Tf
IO
Tf
00
CO
05
00
t-
CO
05
<í*
I—
o IO
00 Ol
IO
CO
esi
I—
1-1
Tf
CO
s
D-
CQ
CO
t- Tf
CO
co
c-
CO 00
c-
f—
t-
CO
1—
CO
Oi
o
t-
S O) 00 05 CO CM Tf CM Tf 00
O 7-t 1-H 00 os ai 1—t >— I-t co' CO IO
Tf Ol Tf 05
in CO IO CO
IO CO IO CO
D
I 1 I
00 ti-
00 co CO CO
CO
o
u e
O
00
00
IO
r-l
I—
t> 1—
00
CO
IO
I—
Tf
00
o
CO 09
IO
1-H
1-H
t> 1-H
CO
00
IO
T-(
Tf
CO
o
CO
n o
o ** 00
O)
1-H 00
o>
CO o 00
Ol
1-H cd
Ol
00
Ol
K »• 05
O .
s
o
A
!«!
O
El
O"
H
O H
< U 5: M
«o
e
05
z
03
H Q V
•O
e S
os
I i .1
P
M
» Q
O p
O <i «4
S
03
O
^ % O 8
os
o
X Ws '< ei
"O
C IO CO IO CO IO CO IO CO Tf
o 00 o o
o CO
Tf
CM CO o o 1-H CM
O » o CO CM I> CO CM CM CM
^ Oi IO
S os
Tf
00
IO
03
IO
05
05
CO
IO
IO
CO O
CO
O
o T-H
Ol
IO
Ol
ò CM
o o 1-H
O -s
o
In
ft4
o
Q
O
CO CO
CM 00
Tf
03
05
o>
Tf
Tf c»
1-H CM CM
00
Co
00
CO
1—1
<: Ol I— Tf <*< t~ IO t- Tf CO
H
CJl
IO IO CO CM Ol 1—1 1-H rH Tf
O)
r-(
00 Tf Tf CO CO o 00 IO o
Tf t-
c-
CO
Ttl
esi
00
I—
iO
CO
CO
CO
esi
o
CM
CO 1-H
Ol
oçj
o rH
CO
IO o CO IO 00 Ol CO PO CO
o CO 00
I>
CM n
CO
CO 00 CM CO 00 CM
o o
O o
Ol
1—
00
Tf
a>
1-H
Tf
Ol
K
pq
Tf
O)
CO
Tf
Ol
Tf
Ol m
P
p <u <U a> H IO Tf CO O) H IO
Tf Tf
Tl< 00
<*<
o -O T3 Tf
•\ \ T3 T! P \ \ \
O Tf 00 o Tf 00 CM
o I—
ou
w
o
Ih
o
S-i
x>
o
u ~\
O Ol
Tf
Ol
O
u
XI
o
Ih
O
XI
\.
o
Tf
Ol
rH
Tf
Ol
rH
Tf
Ol
rH
Q PU 3
-*-»
3
3
3
3
3
K 3
3
3
3
3
+-»
3
w
O O O O •-9
O O O p
-3
aí
»]
o
Cu
*-+-» O
o o IO
o 00 00 IO o
o CO CO o
o IO
CO CO
os
o 00
os
IO
IO o os cg esi
03 w ^ IO °- I-H CO
o o o 1
l—í
os
CO
CO
os
00 •f
1
00
CD
o CO CO
CO CO
o xto •I-H
CO CTS CSl I-H IO os
00 (N CO
o I— CO
T3
o o cg o o o o CO IO cg IO to o rH 00 o o co
o o
o I-H I-H
o o
o o o o
CJS
o CO o os
os
00
CO
CO
00
I-H
to
CO OS
IO
CM CO
rH
rH 00
IO
CO
rH
o o o co
I-H ?-H cg
esi 00 o <— 00
CO
00 os 7-1 00 os CO I-H rH
I
os CO CO IO 00 os
10 V IO CO cg
rH
CO IO
IO
I-H
cg
I-H
cg
CJS
IO
OS 00
CO
rH
I-H
cg CO
cg
I-H CO
O Q
p tH ci CO os
o
u
^< ca o
o 00
crs
IO
00
cq
00
IO
I-H
IO
CO
I-H
os
I-H
cq
o
'00
t-H
I-H
00
CO
c-
o os
00
00 c-
rf< CO
os CO 00 IO t- IO rH I-H Tf cg rH IO ,o
os a I I I I
00 00 CO os IO CO tr- 00 - t- IO cg CO 00
GA
00 CO CO io O cg O) 00 rH rH
P-1 W »1
I-H rH rH Tf IO 00
P O
u cg cá
O a
Iflpí
<
o o o o o o o o
Cd
o o o o oo o o o o o o o o o o
<!
o o
o oo oo oo oo oo o o o o
o o o
o oo oo o
o o
° o
o o
o o
o o
o oo
o IO c-
IO o o o o o IO o 00 IO o 1
o o o o o t-
u S I-H rH CO YH CO IO
I-H IO I-H t> ÍS
00
00
00
00
os
D- cq D-
00 00 i-H IO CO
00 rH 00 00 00
fi
• IO tH I-H cg CO
O
<
Q O
'<
p
Q
O
o o o
O o 0^
os
00
IO
Tf
t>
os
IO
Tf
IO
os
rH
o o
os
IO
00
o
CO
os
CO
CO
t- cg
rH
00
CJS
OJ
cg
00
Tf
IO
CO
CO
Tf
00
Tf
os
CO
CO
lO
o
IO
cg
00
Cí
o
o
Cí
lO
rH
O
PU CO Tf CO
cg
Tf
CO
00 00
Cí
CM CO
CO
O
CO
00
CO
OS
o 00
os
I-H
o . CO
t-
o
Tf
1
CO
00
00
rH
ca
cg
Tf
rH
cg
00 00
O. s 00 CO CO o CJS o 00 Tf
D CO cg rH r-l cq cg
Q
C * o
u
3 T3
+->
CO
<
P
< ÇO
eu CO 0-2;
w i3 to (3S
p O >n
CO
H u O (0
CO
P o u (H
O) 3
< o c '53 •S
u CO
P u CO CO
CO
c
os
CO
H-»
O Sco
I-H ai o o tu CO
12
CO
a
1(0
CO
rO
tu
O 3 U
t3 o a s CO <u CO >C0
(D
N
CO 'íO
CO
(H 3
>cfl
(H
CO
c
o S-
tu
CO m
(0
Ti C
CO 5 O •CO
--»
<
f-i !h CO u CO u C O u c O
O s CO
CO CO
tu (U tu CO ICO CO CO
CO
I I
< «300«505i-llf3O00
Q K es
mt>00C0lí5OO01 CD
03
in
P CO
o
(4 CO (N
O o
m 00 CSl
o 03
CO csi^íicqTticocDt^oot-oi
o kl
IO 00
03ioesiesioiOrtr-(Tf<t-
OOOOoOOOOOlOCOCOO^-if
CJ3
t-
CO
03
Tíl CO
I— IO( IO
OJC<IO'-ICOi-l'<i<t>i—1^" CD 1—
çoc-ooc:iioo'<íHt-rH I— t-
00 00 r-l cq CO CO Oi
<J
m Tt<i—ICDCDO'—lOlOlOCO 00
p •^ »-ii-ieq-<í<T-iiococq'*05
0510COOOOOCO!MCOOOCO
IO
00 09
CO
(13 CS
CTSCO«3.0C<]CO'lOIMroa5
1
IO P
CU t-íco'^'—lesi'* oO"-! C331OC0C0t-O0>'—IOC~
es 00 CO 1—1 1— IO 03
Q
00 cqc-t—colooooooioio
CDiocDcqTtic-ioc-esicQ
1—
t>
O
03
os os-^oicqcviOTticocoT*
OOlOOOOOOCOrHrH IO
T—
O
ONTtflOOOÇOOJOOlON
t-03C000Ol0P0'-lTt<ÇD I>
00
CO
o T— 00
I I— I— I I 00 tH I>
lOlOCOOJOOlOCvIÍOOOCil 04
00
^COE~00 00i-(COC~CO^ CD IO
^-(««çoiocnioo-rticoco T-H CO
CO 00 CO >—
O Tf< r-H C<1
2 ?2
3! 52 'O 00 o o
I-H i-H Ç0C0'>*00lOlOCOt--^t~ 05
O»
H C-O^-ílCOCJli-HrfHOlOCO 00
Tt<T-(00Tfic0'<í<O'>*-<í<-^ oi
00 CO N r-( C<1 00 CO CD 00 c~ CD cg t- cji CO cq
t— CO i—t CO C7300 a> O 00 I-H rH 00 cg
o CD t> IO CO
1
Ir-t- IO
u
ó
1
g
»-< CO CD C~
CSl rH
03
r-(
00
CO
W
«3
O B «.«^
ocq-^iooocoo3ooiocg 03 00
s 0 loiooooiooiocqcooocq I> 00
o«
o
CO e
>
CD
IO 00
o
CO
00 CO CO
IO
CD
O < - 3
'-HCDC-OOCOi-HCOt^COi-I
'-HCOCOlOOllOOrílOOOO
'í* CO I-H cq 00 CO
CD
rH
cg
IO
00
rH
OH V
-d
ti
u
I i
1^ I I I
H
1-
09
rH
in CO FQ
4)
o i-l
1
o
w
w
Q o
H >— •'Í<C005I>003'—
lt~to
Oi-fcqTHioooooocncg IO
rH 825
"-JOCSjr-ITÍtt^lOC-IOiO £~
te
03 T-l
O
6SI
CO CO CSl O cqcDCJicocqoTt^oocoio
"-HOCDlOOOOOOCDrHTtl
lO
I
) H -a
s
00 03 rH rH 00 rH
rH Oi
00
O
1
03 05
rH
a CO
O 00
o Q
ca
O op O
H ^Ç-;C300TtiCOCOC-10
çoooiOrHiooeot-cgrH
c-cooJooscq^^ocgTji
O
05
CO IO O c- a> O IO co
1-H
CD IO o o o
IO t>
IO cq
00 Tfr-jococo-^o^síioo-gi a>
t- 03 IO Ttl CJ3
co^c-cocqc-oi IO cg
0C3 'Jt* CO !D 00
^ CSl
o
rH
00 rH rH 00 Cq
S
«
Q
Pá
CÍTIfCOCOOCOCOrHCOO 03
C-
IO
oiioojcoesjiocDrHOJ'* 00
OOCOCOC'5'^'OCO'—ICS103
5 OlCSllOt— <33^>—1>—iC-fO CO c-
CDlOt— C-1003COCO>— I— IO
CO "-1 "-H >-l CQ rH
Pb
05
CO
O
O
03
CO
S
»m CD esi CO
<
s o pq
. CO
. 'O
o •
CS
XS
o •rH
o • C
CO
o
CO
C8
Dg CO
3 3 iS a _• >n<
00 i-TcD
00
05
CD
A
as«
Bi
CO
IO '
a o
00 i-T CO
O»
00 o
P CO
«CO
CO
00
oo CD^CO_ cg
©^
A ^"co" coin 00o
o rH
00 e- Cr- CD
os
00
O)
CO
Q A I> O A O
CO c- CO IO IO S
CO i-Tco
00
O c3 e^io^io
A IO pícT T-T A
^9 o lO IO CD CO IO IO ^
O)
o» CD CO
<: o
u o
A 00 c-
00
t> IO oo
00
1-1
O»
CO o o
CD
EH CO IO o
A cvT a" aio
2 ^ O O O t— in o o o o CO CO COIO IO Z
.a t» c3 03 o lo" o"
i-í in" esf
O) 001A050NOI-IN
o C3 CO lO_^ o
A IO oo" i-T a" o
A0_0 IO CDOlOlO IO -ST IO CO IO IO Z
Q d
SO
1/2
t> ctT lo" <35
OOOOC-E^C-^-lOOCD^
o" Oo" OcT
T— O
fiQ
A 5í< A 00 o oo
00
O
*<
ca
03
OO OO^OCO^rH^lO^rJI
ooiff-^ r-Tiocíiood'
CDCOCDCDCOAC-CDOO
00 c- .-I
x/l
> . eo io o
A A A a" o
OO I> 10_^ OOO CO tr- CO U5 IO Z
.-rio'~c<rTi'"ooro'ioo"
ocJsojcnoNOrHeq
1^ R, "\ '-í.
A lO" CD" r-l A* o'
^
O <
H
o o o_
co_^ o IO IO CO CO CO IO
u O) t-^ e<r IO
CO0OC-C-C-.-I00CO3
oT o" oo" c-^
o es o o o o o
Cã ocT IO o <aí~t~ CO
CDCDCDCDCDO3C~CO00
ifí' r-T 02
<
i-H^ioN^^cToTcrioo
OCTlOiAOMOi-HM < es
o
U}
CO o
03
^ 3 o w T! CO . .
_
o_ o o
o; CO CU ^1 0,
.Sim «- CO- o ft <uPh
rt
CO
O)
o o
(tf
o
N
Ul
M 2 o
o
o. XfW o 5^
C3
•53
cu S
o
756
BIBLIOGRAFIA
Mantendo o Instituto do Açúcar e do Álcool uma Biblioteca, anexa a esta Revista, para
consulta dos seus funcionários e de quaisquer interessados, acolheremos com prazer os livros
gentilmente enviados. Embora especializada em assuntos concernentes à indústria do açúcar e
do álcool, desde a produção agrícola até os processos técnicos, essa Biblioteca contém 'ainda
obras sôbre economia geral, legislação do pais, etc. O recebimento de todos os trabalhos que
lhe forem remetidos será registrado nesta seção
RELATÓRIO DA SESSÃO MISTA DOS CO- Mineral de Brejo das Freiras, publicação do Go-
MITÉS ECONÓMICO E FINANCEIRO DA vêrno da Paraíba; O Economista, ns. 290 a 295;
SOCIEDADE DAS NAÇÕES. Formação, n. 75; Imposto de Consumo, n. 66; Im-
prensa Médica, n. 369; O Mundo Motorizado, n.
Os Comités Económico e Financeiro da So- 187; Mundo Automobilístico, n. 10; Nação Arma-
ciedade das Nações realizaram uma sessão mista da, n. 59; O Observador Económico e Financeiro,
em dezembro do ano passado, apresentando um re- n. 108; Revista do I.R.B., n. 27; Revista do D.
latório dos trabalhos realizados ao Conselho da-
quela entidade.
A. C, ns. 8 e 9; Revista Bancária Brasileira, n.
142; Revista dos Estados, n. 332; Revista Brasileira
Dêsse relatório, recebemos um volume, no qual
de Geografia, n. 1; Revista do Serviço Público
são debatidos os seguintes temas: Problemas do
n. 2; Revista do D. N. C, n. 135; Revista de Ciên-
após-guerra: recentes publicações do Departamen-
to; quatro condições preliminares para o êxito aa cias Económicas, n. 8; Rodriguésia, n. 17; Relató-
política económica do após-guerra; industrializa- rio de 1943 do Instituto Nacional do Sal; Revista
ção dos países ainda insuficientemente desenvolvi- de Química Industrial, n. 145; A Rodovia, n. 57;
dos; questões demográficas; política monetária; Vitória, ns. 569 a 572.
investimentos estrangeiros; relações com os go-
vêrnos; relações com outras organizações interna-
cionais; politica comercial. ESTRANGEIRO: — The Australian Sugar Jour-
nal, ns. 3 e 4; Boletin Mensual de Estadística dei
CONTABILIDADE NAS FAZENDAS — D. Ministério de Agricultura de la Nación, Argen-
Tafuri. tina, n. 566; Les Besoins de TEurope en Produits
d'Outre-Mer, 1919-1920 et comment ils furent cou-
Conforme acentua o autor, a exploração~da verts, publicação da Société des Nations; Boletin
terra tornando-se dia a dia mais racional e inten- Mensual dei Escritório Comercial do Brasil, Bue-
sa, há necessidade de controlar devidamente os nos Aires, n. 9; Cadernos Mensais de Estatística e
proventos de atividade tão acentuada. Daí o livro Informação do Instituto do Vinho do Porto, ns.
que escreveu sôbre a contabilização nas fazendas, 52 a 55; Cuba Económica y Financiera, n. 348; El
em linguagem simples e precisa, com certa feição Cafiero, n. 10; Caterpillar Magazine n. 89; Foreign
didática mesmo, ajudada por gráficos e demons-
trações de balanço e operações outras mercantis,
Commerce Weekly, ns. 8 a 10; Gaceta Algodonera,
ns. 247 e 248; Guia de Importadores de Indústrias
de modo a tornar o trabalho um
guia seguro e
eficaz para os fazendeiros ainda pouco identifica-
Americanas, n. 8; The International Sugar Jour-
nal, n. 548; La Industria Azucarera, n. 611; Ins-
dos com a arte contábil.
tituto de América, ns. 9 a 12; Lamborn Sugar-
DIVERSOS Market Report, ns. 35 a 40; Notícias de México,
n. 100; Noticioso, 'n. 211; Orientaciones a los Ca-
BRASIL: — OAgricultor, n. 136; Boletim neros Mexicanos; APropósito dei Libro: Los
Estatístico do Instituto Nacional do Sal, ns. 44/25 Grandes Pioners de la Argentina, por Emílio J.
a 44/27; Boletim do Conselho Federal de Comér- Schleh; Procedings of the Queensland Society of
cio Exterior, ns. 9 e 10; Boletim Semanal da Asso- Sugar Cane Technologists, 1944; Revista Indus-
ciação Comercial de São Paulo, ns. 78 a 81; Bole- trial, n. 9; El Rotariano Argentino, n. 211; Revista
tim da S. O. S., ns. 116 e 117; Boletim da Superin- de Agricultura, República Dominicana, n. 154
tendência dos Serviços do Café, n. 211; Boletim da Rapport au Conseil sus les Travaux de la Session
Associação Comercial do Rio de Janeiro, n. 435; Mixte de 1943, publicação da Société des Nations;
Boletim da Câmara de Reajustamento Económico, Revista de Agricultura y Ganaderia, n. 2; Revista
n. 48; Boletim Agronómico, ns. 85 a 87; O Cam- dei Comércio Exterior, n. 7; Revista de Agricul-
po, n. de agosto de 1944; Ciência Política, vol, VIII, tura, Industria y Comércio, Puerto Rico, n. 1;
fascículo VI e vol. IX, fascículo I; Departamento Sugar, ns. 9 e 10; Técnica Azucarera, n. 29-30; Vi-
Nacional de Estradas de Rodagem, Relatório do ni-Avi Cultura, n. 1; Weekly Statistical Sugar
triénio 1940-1942; Economia, n. 65; Estância Hidro- Trade Journal, ns. 35 a 40.
757
COMENTÁRIOS DA IMPRENSA
CARTEL DO AÇÚCAR Aprodução mundial, que antes da guerra era
calculada em 30 milhões de toneladas por ano,
(De um observador económico) está atualmente muito abaixo désse nível. Ava-
Telegrama recente de Londres informa que lia-se que a produção da Europa, que era de 10
foi novamente prorrogado o Convénio Internacio- milhões de toneladas esteja reduzida à metade.
nal do Açúcar, firmado em 1937 por 21 países pro- Além disso, a perda de Java e das Filipinas re-
dutores, inclusive o Brasil. Dresenta uma diminuição de cêrca de 2 e meio mi-
Datam de muitos anos as preocupações de lhões de toneladas. De igual quantidade deve ter
ajustar produção de açúcar à capacidade de
a sido a redução das reservas mundiais para aten-
consumo mundial. Já em 1926 o govêrno de Cuba, der às solicitações do momento. Assim, chega-se
diante da baixa de preço decorrente do aumento a calcular em 10 milhões de toneladas o "deficit"
da produção para atender às necessidades da guer- das disponibilidades mundiais em relação às ne-
ra passada, tomava providências nesse sentido, li- cessidades prováveis do consumo normal de após
mitando a produção e fixando quotas de exportação guerra
para os diferentes mercados consumidores. De tal sorte se apresenta a situação, que
Em 1928, Cuba conseguiu a participação dos está havendo grande dificuldade em atender ao
países europeus produtores de açúcar de beterra- programa da UNRRA. Nesse particular, a situação
ba, porém o acordo fracassou devido ao aumento é quase tão séria quanto a do abastecimento de
da produção de Java óleos e gorduras alimentícias.
Por ocasião da grande crise mundial, os pro- Cálculos recentes estimam que, mesmo admi-
dutores de Java resolveram tomar parte nos en- tindo a recuperação rápida da indústria açucarei-
tendimentos internacionais. Em 1931 foi negocia- ra da Europa, a UNRRA necessi|ará de 400 mil to-
do o Convénio Chadbourne entre Cuba, México, neladas para o abastecimentos às regiões que vão
Java, Alemanha, Bélgica, Hungria, Polónia, Tche- sendo libertadas do nazismo, com exceção da Rús-
coslováquia e lugoslávia. sia. Com isso, espera-se proporcionar uma ração
O Convénio Chadbourne extinguiu-se em 1935 de 55 libras de açúcar por ano e por pessoa, que é
e não foi renovado. Na realidade, porém, deixou muito pequena, em relação ao consumo "per-
de ter efeito a partir de 1933^ pois não chegou á capita" da Inglaterra e dos Estados Unidos antes
reunir nem metade da produção mundial. Por ou- da guerra, mas é aproximadamente igual ao atual
tro lado, alguns países não aderentes aumentaram consumo "per-capita" do Brasil.
sua produção. A produção da América Central está estrita-
Em 1937, novamente o argumento da super- mente vinculada a uma vasto programa de pro-
produção de açúcar reuniu em Londres os países dução de álcool.. As possibilidades de fornecimen-
produtores, desta vez sob a égide do Comité Eco- to por parte do Brasil são pequenas e, de qualquer
nómico e Financeiro da Liga das Nações. Foi, en- modo, muito aleatória, condicionadas como estão
tão, firmado o Convénio Internacional do Açúcar, ao consumo interno, que tem aumentado nos úl-
que passou a regular a exportação por meio de timos anos.
um sistema de quotas e preferências. Os técnicos são de opinião que as perspec-
Ainda desta vez o acordo entre os produto- tivas mais lisonjeiras estariam no desenvolvimen-
res de açúcar não estava fadado a ter existência to da fabricação de álcool de madeira e na possi-
efetiva em todo o seu período de vigência formal, bilidade das Filipinas serem libertadas dos japo-
isto é, até 1942. A partir do início da guerra, tor- néses
nou-se pràticamente inoperante, pois a Alemanha
De qualquer modo, a solução para o próximo
e vários países por ela subjugados, que tinham
após-guerra não seria dada pelo "convénio fan-
quotas apreciáveis, ficaram inteiramente fora do
tasma", como já foi denominado com tanta pro-
contróle
priedade
Não obstante, em 1942, o Convénio foi prorro- .
gado por dois anos. E agora acaba de sofrer nova Talvez só por uma questão de princípios tenha
prorrogação, desta vez por um ano, muito embora sido êle renovado duas vêzes em plena guerra,
tenha sido declarado que alguns artigos não te- muito embora tenha se revelado e continue a ser
rão validade e de ter sido oficialmente reconhe- absolutamente inoperante nestes tempos difíceis de
cida a necessidade da sua reforma. guerra contra o fascismo.
Numa das últimas reuniões do Conselho, ain- E' de esperar que, no mundo melhor que se
da se discutiu o problema da redução das quotas anuncia, seja desnecessário insistir na prática des-
de exportação, contra a opinião do Brasil. que lo- sa economia de escassez, que tem feito a miséria
grou ver mantida a sua quota de exportação anual de muitos povos. Já é um lugar comum dizer-se
de 60 mil toneladas (um milhão de sacas) que, na realidade, o que há é sub-consumo gene-
Agora é que se sente vivamente os efeitos da- ralizado e crónico, inclusive nos próprios países
quela política de restrições adotada pelo cartel in- produtores, que estão a reclamar uma econornia
ternacional. O mundo atravessa uma grande crise de abundância, livre dos monopólios internacio-
de falta de açúcar, de que possivelmente só se li- nais.
vrará no prazo mínimo de 18 a 24 meses depois da
cessação das hostilidades. "O Jornal", Rio, 13-10-44.)
A T I V O
Ativo Fixo
Cr$ Cr$
Empréstimos
Despesas
Diversos 10.935.410,10
Defesa do Açúcar 19.593.550,15 30.528.960,25
Contas de Resultado
Devedores Diversos
Caixas e Bancos
558.882.010,08
759
PASSIVO
Fundos Acumulados
Reservas
Juros 1.377.377,00
Juros Suspensos 698.629,60
Reserva para Depreciações 821.838,00 2.897.844,60
Contas de Resultado
Anuário Açucareiro
Livros e Boletins Estatísticos — Recebimentos Di- 154,90
versos 35.813,80
Multas 115.696,70
Rendas do "Edifício Taquara" 1.194.774,30
Revista "Brasil Açucareiro" — Recebimentos Diversos 53.082,20 1.399.521,90
Obrigações
558.882.010,08
LUCIDIO LEITE
Rio, 31-10-44. Contador
.«iiiiiiiiiliiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiHiiiiniiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiniMiiiiiMiiiiiiiiiiiiiiiiiininiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii^
Illllllllllllllllllltll Illlllllllllllr''
TlllllllllllllllllllllllllIlIIIIIIIIIIIIIIMIIIIIIIIIIIIIIIIIIII inilll Illllllllllllllllllllllllll Ml Illllllllllllllllllllllllllllllllll Illl
es
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
in_ o_ (3 o_ o_ 0 0^ o_
0"
o_ o_ o_ io_
0" 0" o" 0* 0" 0" cí 0" 0* 0" 0" 0" cí
0 0 0 CO 0 0 iH 0 0 iH p 0 0 00
cS 00 00 0 0 0 m 0 d 0 0 CO
6 Cl t~ in >íl 0 CO rH 00 d 0 0 CS d
•« a CO 0 ca OS CO os
d
rH
* d ri
os 00 iH rH Cl CO 10 d CO
CO rH ri r-l iH IH d LO
rH
Q os 0 * CO 0 0 Cl -* 0 10 CO 0
o> OS os 0 OS Cl t- d t- cc
O 10
0
CO CO co'
CG
0'
0
cí
0
rH t-'
00
Tf"
OS
"í "1 os CO Oj t-
Cã *» .
o PQ
00
a
os
(N
0
CJ
0 cc
CO
10
Tl*
iH
d
in
10 CO
CO
0
d
in
CO
0
o
u H
Í3 — 0 0 0 0 0
0
0 0
0
0 0
* 0 0 0 0
,01 0 CO t- Cl 0 Ir- lO_ CO
0 0'
O 00
Oi os
CO
0
CS
os
os
OS
os
5Í
*
tH cí
CO
os 00
0
""^
ei h-'
ri
a"
i—
CO
m 6 CC Cl CO 0 <35 N
* 10 Oi CO os- CO
o 0
O 00 os CO IO O! 10 co eo
o 0 0
o (D
ei in I> •n Tf ri IO CO
Cl
CO
0
Q -
0 0 0
rH
0
0 0 0 0 0 c 0
Oí L"- OC ct. 0^ CO 0 10_ d 0
os"
0' 0'
cí x" 00" 0 CO * "*
si d Cl 01 0 CO CO t- Tf
to "5 l- X « os os Cl 00 10 0 os 0 OS
p, o ô to CO Cl
1
sn <?s
1
1^ CO n es d rH
N m
.
o Q
tia
o ..
03
CO
d
Cl
tH
l~
r
00 t>
í
Tf d t- ri CO
CO tH
tH
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
rH Tf Tf to 0 r-" d o_ OJ CO t- 09
0 d n Tf d Tf"
0" 01 CO 00' t-"
0 10 0 to l- os os 10 o> 00 OS
d d Tf Tf d (31 « CO >H os cc t- os
Cl to 00 OS 10 0 d 0 00 O! OJ
CS d os 10 d 00 l- rH LO rH t-
T# LO LO CO Tf Tf rH rH d
9
o I
CO
Q -<*
o
0
0
0"
to
d"
0
Tf
CO
o_
co'
0
0"
0
CO
t-"
0
o_
rH
t-
L-
I-
t-
X_
0"
0
0
0"
0
d
oí
Tf
to
to"
CO
CD_
OS
%0
in
CO
0 c d « d
o a» CO
0
10
rH rH
l-
0
rH
Tf
t-
co d
1-
co rH
00
Tf
Tf
Tf
t-
a>
LO
CO
H es a CO
CO
CO
rH
t-
cc
C~
CC
Cl
Tf
01
00
rH
LO
d d
CO
X
CO
CO
rH
rH
05
rH
00
IO
Tf
d
in
CS
LO
CS
e»
D
CS
< CO rH
H ti
0 0 CO 0 0 0 CO CO
0
0 CO d
< 0 0 0 0
H
CO
0
0
os
0
>n
rH
0
10
d
CO
00
CO
05
0
0
0
10
tr-
oo
CO
d
CO
CO
CO
00
m
CO
co"
CO
rH
0"
rH
CO
o_
0"
0
IA
CO
co"
CO
rH
co_
CO
to
t-
<3
rH
«
CO
Q rH CO rH 0 0 CO (3S d 00 CTS t- T« »o
0 0
O CO t-
d
to
rH
in
rH
Ti
rH
OS
rH
IO rH Tf CO 00
rH
CQ
1
a
6
» 5 ^ CS
O >
.0
T>!
^ Ph -c
<! rH r-
Pi
O
M « T "E
Eh ® «
o PM C5 s a a
2
: .
TU
E' o seguinte o texto do Relatório apresentado maior na história açucareira de Pernambuco, com
pelo Conselho de Administração, à Assembléia Ge- um remanescente de cêrca de 600 000 sacos da sa-
.
na base de Cr$ 3,60 e mais cêrca de Cr$ 3,00 para de um preço melhor para o açúcar vendido no pe-
as despesas de colocação do açúcar a bordo,
— ríodo final da- safra, tomaram possível a elimina-
nesta incluindo o valor dos selos de Vendas Mer- ção do prejuízo que anualmente sofriam os pro-
cantis e de Indústria e Profissão — conclui-se dutores pernambucanos com a quota do Distrito
Federal. Apesar de havermos entregue 633.000
facilmente que o preço concedido equivaleria a
sacos de açúcar ao consumo do Distrito Federal
Cr$ 76,00 por saco de 60 quilos no armazém em
Recife, sujeito às despesas com a colocação da
com uma diferença de Cr$ 26,50 por saco para o
preço básico, conseguimos que êsse prejuízo fôsse
safra e a retenção da mercadoria.
quase totalmente compensado.
Todavia, êsse preço não foi uniforme para
,tôda a produção. Tivemos de entregàr 633.000 sa-
cos para o abastecimento do Distrito Federal, ao DESPESAS
preço de Cr$ 52,00 F.O.B. equivale a Cr$ 49,50
em terra, com uma redução portanto, de Cr$ 26,50 O movimento da nossa Cooperativa veio se
por saco, em relação ao preço básico acima men- avolumando consideràvelmente, tomando-se cada
cionado. O Instituto do Açúcar e do Álcool, para
dia mais complexas as nossas transações. Á dis-
amenizar o nosso prejuízo, concedeu -nos uma bo- tribuição da produção de açúcar do Estado que
nificação de Cr$ 10,00 por saco daquela nossa quo- atingiu as cifras mais expressivas nas duas últi-
ta de sacrifício para o Distrito Federal, cujo preço
safras, dificultada nêsse período de guerrà pela de-
ficou, ainda assim, muito inferior ao básico. Esta
ficiência de transporte marítimo; a função normal
diferença de preço que prejudica a nossa média,
^ de cooperativa de crédito, no financiamento dos
ficou, porém, adstrita exclusivamente aos 633.000
trabalhos das emprêsas açucareiras do Estado; a
sacos, pois todo o restante foi vendido nas melho-
compra de utilidades diversas para^ distribuição
res condições possíveis. O açúcar cristal vendido
entre os seus associados, pelas exigências decor-
no interior, os tipos de açúcar granfina e refina- rentes da época anormal que atravessamos; todas
dos também contribuíram para a média geral com essas atividades exigem a manutenção de um cor-
as retenções cobradas sempre na base dos preços
po numeroso de auxiliares eficientes, o que re-
normais e dos mercados livres, de modo que todos presenta uma verba importante dos nossos gastos.
os fabricantes foram nivelados e fizeram os mes-
mos sacrifícios quanto à quota do Distrito Federal.
O grande volume da safra com o seu escoa-
mento onerado pelo estoque remanescente da safra
Pagando a retenção normal e recebendo, no final anterior, custou pesadas armazenagens, despesas
da safra, a média de liquidação geral, prestaram çom seguros, e juros para financiamento realiza-
todos, assim, integralmente, a sua colaboração aos dos em pcirte considerável pelas organizações ban-
interêsses da classe. cárias locais. Considerando todos êsses ónus, não
Orientando as suas vendas pelo critério de seria possível à Cooperativa obter um resultado
colocação do produto à proporção que fosse sendo tão satisfatório — embora venha ela adotando
obtido o transporte, conseguiu/ a Cooperativa uma desde a sua criação uma rígida política de com-
melhora' sensível para o preço médio do açúcar, pressão nas despesas — sem o auxílio concedido
pois que os últimos 400.0001 sacos de açúcar cris- aos produtores pelo I. A. A., para êsse fim. Desde
tal já foram negociados aos preços vigorantes para a fundação da Cooperativa, auferimos uma ajuda
a nova safra de 1944-1945, superiores em cêrca de anual por saco do açúcar warrantado ao Instituto
Cr$ 12,00 em saco à base prevista para a safra ora do Açúcar e do Álcool. Esta bonificação atingiu,
em apreciação. Estas transações, autorizadas pelo na safra em revista, a importância de Cr$
Instituto do Açúcar e do Álcool, foram efetuadas 3.070.332,00 que foi levada pela Contabilidade a
não só com os compradores de fora do Estado crédito geral de despesas de retenção. Represen-
como também com os compradores locais e refi- ta no cômputo geral uma valiosa contribuição
narias pertencentes aos nossos associados, que co- para as classes açucareiras de Pernambuco, pelo
laboraram irrestritamente com a nossa Adminis- que é de justiça deixar consignados nesta rubrica
tração, beneficiando, por êsse modo, a média geral os nossos agradecimentos.
do preço do cristal. A despesa líquida a ser abatida do preço bru-
Feita, assim, uma ligeira revista sôbre os fa- to do açúcar cristal tratado no tópico anterior, foi
tores principeis que influíram no preço do açúcar, apenas de Cr$ 0,99,53/100. É oportuno salientar
passamos a mencionar o resultado obtido. como fato digno de destaque que, embora a maior
produção da safra tenha influído para diminuir a
PREÇO MÉDIO GERAL DO AÇÚCAR CRISTAL despesa por unidade, houve uma economia de Cr$
BÁSICO NA SAFRA 1943-44 Crf 75,90,70/100 882.026,60 em relação à safra anterior, aliás tam-
bém beneficiada com a ajuda anual do Instituto.
Êste foi o preço bruto do qual ter-se-á de de-
duzir as despesas com a retenção e a colocação do
produto, examinados no tópico seguinte. PREÇO LIQUIDO DA SAFRA
Cabe aqui uma apreciação de relevante im-
portância. O interêsse do nosso Conselho de Ad- Deduz-se da análise dos dois tópicos anterio-
ministração no estudo de cada transação da Coo- res que o preço líquido do açúcar para a safra
perativa, o auxílio prestado pelo Instituto do Açú- de 1943-44 foi o de Cr$ 74,91,17/100.
768
exame e o excedente da safra anterior, no período Rio Grande do Sul 238 .125
normal, preparando uma situação excepcional para
ARGENTINA 300 .000
ff
764
Charque, no valor de Cr$ 8.200.702,30 po normal, com destino ao nosso pôrto, a maior
Enxofre, no valor de Cr$ 1.947.682,20 quantidade de açúcar jamais produzida pelas usi-
Salitre, no valor de Cr$ 579.500,00 nas do Estado.
Outras emprêsas de transporte também pres-
entregando ditas mercadorias pelo custo aos taram grande concurso para atender às nossas ne-
associados, com razoáveis proveitos para estes. cessidades, pois que as circunstâncias exigiram
serviço rápido e vigilância constante, obrigando-
FUNDO DE RESERVA nos até a recorrer a trabalhos noturnos, mais custo-
De acordo com o art. 15.° dos nossos Estatu- sos e difíceis, além de arriscados. A aglomeração
tutos, fizemos uma reserva de Cr$ 276.561,20, que de vapores de guerra e o congestionamento do
somada às dos exercícios anteriores, atinge o to- pôrto aumentaram as dificuldades. Tínhamos pra-
tal de Cr$ 627.290,20. zos certos e inadiáveis para embarcar a nossa mer-
cadoria, e sem lançar mão de todos os meios ao
C A P I TA L nosso alcance, não teríamos podido satisfazer a
tempo os embarques previstos para os vapores,
O capital subscrito pelos acionistas no total cujas viagens só se poderiam processar em com-
de Cr$ 5.009.100,00, acha-se em vias de ser inte- bòios sob a custódia de navios de guerra.
gralmente realizado, com a chamada anual feita
sob a modalidade da retenção de Cr$ 0,20 por saco. TRANSAÇÕES
Incluindo o atual exercício, já se acham realiza-
dos Cr$ 3.905.800,00 devendo, portanto, na pró- Atingiu o movimento da Cooperativa a cêrca
xima safra, estar integralizado o capital. de Cr$ 400.000.000,00 não se registrando o menor
prejuízo nas liquidações das vendas de açúcar
VANTAGENS DA ORGANIZAÇÃO PARA O* quer no mercado local quer nas diversas praças
ASSOCIADOS do país para onde exportamos o nosso produto, o
No desempenho das suas funções, a Coopera- que merece destaque especial, considerando-se o
tiva se tem em atender com presteza
preocupado vulto expressivo das nossas transações.
e eficiência as solicitações dos seus associados,
aos quais vem concedendo, adiantadamente, nu- A COOPERATIVA E O GOVERNO DO
merário suficiente para pagamentos de taxas de ESTADO
de defesa, impostos de consumo, financiamento A exemplo do que vem acontecendo desde a
do Banco do Brasil, frete, carreto, importâncias fundação desta Cooperativa, continua ela a mere-
essas que são descontadas semanalmente na oca-
cer da alta administração do Estado, e especial-
sião do pagarAento geral. Incontestavelmente, a mente do Exmo. Sr. Dr. Agamenon Magalhães,
organização da Cooperativa tem fortificado o cré- honrado Interventor no Estado, uma prestigiosa e
dito dos produtores, que fàcilmente obtêm das eficiente assistência. Amparando os justos interês-
nossas organizações bancárias as importâncias que ses da produção, intervindo sempre com solicitu-
necessitam para auxílio dos seus serviços de pro- de em defesa das necessidades da indústria e da
dução, em virtude da segurança com que a Coope- lavoura junto às autoridades federais em todos os
rativa tem orientado a sua interveniência em tais setores, é de estrita justiça consignar aqui a gra-
operações. E' oportuno salientar que essas tran- tidão dos prodtuores representados pelo Conselho
sações, quando solicitadas por intermédio da Co- de Administração da Cooperativa, ao nosso digno
operativa, têm sido feitas a juros módicos, o que Interventor Federal, estendendo-a aos seus auxi-
em diversos casos mereceu louvores por parte dos liares de quem temos merecido pronta e decidida
interessados atenção
FISCALIZAÇÃO
RELAÇÕES COM O I.A.A.
Além da fiscalização oficial efetuada pelo De-
Durante tôda a safra, continuamos a manter,
partamento de Assistência às Cooperativas do Es-
cada vez mais estreitas, as nossas relações com a
tado,com o qual estamos em permanente contacto
autarquia açucareira que representa uma das
continuaram os serviços de contabilidade contra-
grandes realizações do govêrno do eminente Pre-
tados com os conceituados peritos Delloite, Plen-
sidente Vargas Criando o Instituto do Açúcar e do
der, Griffithe & Co., que, com© de costume, perio-
.
rada à frente do I.A.A. é uma das razões do credenciado junto ao Instituto do Açúcar e do Ál-
êxito da Instituição. cool, e de quem a nossa Administração está se-
Foram mantidas as reuniões semanais, para gura de obter a mais decidida atenção a todos os
discussão de assuntos de interêsse geral, com o assuntos do nosso interêsse na Capital Federal.
comparecimento do Delegado Regional do Insti-
tuto, Dr. Miguel Arrais de Alencar, que tem se- SUBSTITUIÇÃO DA GERÊNCIA
guido aquelas tradições de zêlo pelas relações da
Delegacia Regional com esta Cooperativa, dentro O nosso Gerente, Sr. Saul da Cunha Antunes,
do mais alto espírito de sincera colaboração. que tão relevantes serviços prestou à nossa classe,
vai deixar as suas funções nesta Cooperativa, ten-
REPRESENTAÇÃO JUNTO À do solicitado dispensa do seu cargo, para ocupar
COMISSÃO EXECUTIVA um alto posto de direção no Banco Nacional de
Continuou prestando os mais relevantes servi- Pernambuco S. A.., em formação, do qual é êle
ços à nossa classe, junto à Comissão Executiva do
um dos incorporadores e uma das mais prestigio-
sas figuras. E' uma grande perda para a nossa or-
I.A.A. o digno Delegado dos usineiros pernambu-
ganização que fica privada de um dos seus mais
canos, Dr. José Bezerra Filho, a quem manifesta-
eficientes auxiliares, de um colaborador inteli-
mos o nosso vivo reconhecimento pelos esforços
gente e incansável, cujo convívio era sumamente
dispendidos na defesa dos interêsses da produção
grato a todos. Tivemos, porém, de nos conformar
do nosso Estado.
com os justos motivos de sua renúncia, restando-
HOMENAGEM PÓSTUMA nos augurar-lhe os melhores votos de felicidades
nas suas novas funções a que seguramente em-
Durante a vigência do exercício ora em re- prestará a sua reconhecida capacidade.
vista, desapareceram vultos de grande projeçãò na Para substituí-lo na gerência da Cooperativa,
indústria açucareira, associados desta Cooperativa. convidamos o Dr. Gil de Metódio Maranhão, nome
E, com pesar que registramos a perda dêsses de- muito conhecido nos círculos açucareiros do país,
dicados companheiros, José Henrique Carneiro da membro de ilustre família dêste Estado, que ocupa
Cunha e Herculano Bandeira de Melo, velhos lu- papel importante na indústria do açúcar de Per-
tadores que a morte retirou do nosso convívio, nambuco. A destacada atuação do Dr. Gil Mara-
deixando-nos uma profunda saudade. Também nhão na administração da Companhia Usinas Na-
com pesar consignamos o falecimento do consó- cionais. S.A., a sua brilhante inteligência e altas
cio Carlos de Brito, Membro da Diretoria de uma qualidades morais, constituem um penhor seguro
das mais novas emprêsas industriais açucareiras da sua ação no cargo para que o convidamos.
do Estado, que já se integrou no nosso meio de-
monstrando o mais destacado espírito de colabo- DONATIVOS
ração com os interêsses da classe.
Apesar do vulto considerável de despesas que
JAIME SALAZAR os produtores têm que enfrentar com a necessá-
ria assistência social nas suas fábricas, o que nos
E'com a mais profunda mágoa que registra-
impossibilita de atender totalmente às solicitações
mos o falecimento inesperado, do nosso estimado
que quase diariamente nos são feitas, contribuiu
representante e chefe do nosso escritório do Rio
de Janeiro —
Jaime Salazar.
a Cooperativa com diversos donativos para insti-
tuições de caridade, e de fins sociais e religiosos,
A perda dêsse incansável e leal colaborador além da colaboração que a lavoura canavieira e
foi sentida, não só pela nossa Diretoria, como tam-
indústria açucareira destinam à Liga Social Con-
bém por todos os produtores e geralmente por to- tra o Mocambo, esta notável e grandiosa obra de
dos que com êle conviviam e que admiravam as
tão grande alcance social.
suas inestimáveis qualidades. O Instituto do Açú-
car e do Álcool, reconhecendo o alto valor e dedi-
cação de Jaime Salazar, fêz consignar na ata da
A COOPERATIVA E A LAVOURA
reunião de sua Comissão Executiva, e por conse-
CANAVIEIRA
quência, nos seus anais, um voto do mais profun-
do pesar pelo seu desaparecimento. A
Coopera-
A exemplo do que vem ocorrendo nos anos
anteriores, o Conselho de Administração contou
tiva dos Usineiros de Pernambuco rendeu ao seu
com a colaboração ininterrupta e valiosa do dig-
inesquecível colaborador todas as homenagens que
no representante da Associação dos Plantadores
êle tanto merecia. O nome de Jaime Salazar não
e Fornecedores de Cana de Pernambuco, Dr. José
poderá ser esquecido jamais pelos produtores, que
Vieira de Melo Filho, que atuou junto ao Conselho
dêle receberam provas inequívocas da sua abne-
de Administração, no setor referente à colocação
gação e de seus esforços em benefício dos interês-
do nosso produto. Como é sabido, essa colabora-
ses a êle confiados.
ção se justifica em virtude do interêsse dos plan-
NOSSA REPRESENTAÇÃO NO tadores de cana pela média geral do preço do açú-
RIO DE JANEIRO car, que constitui a base para o pagamento das
canas. E' S. S.^, além de um colaborador eficien-
Para preencher o cargo de chefe do escritó- te, uma testemunha valiosa e insuspeita do modo
rio no Rio, foi nomeado o Dr. Horácio Cantanhe- como a Cooperativa conduziu as suas transações,
de, pessoa de confiança do Conselho de Adminis- sempre cônscia das pesadas responsabilidades de-
tração e de largas relações no Rio de Janeiro, bem correntes da missão a ela confiada.
766
SITUAÇÃO GERAL DA INDÚSTRIA para mecanização da sua lavoura, para seleção das
espécies de cana, problemas que exigem solução
Atendendo às exigências imperiosas da indús- inadiável para elevar o nível da produção de açú-
tria açucareira e da lavoura canavieira do país, car do Estado.
nesse momento de crise em que tôdas as utilidades E é preciso não esquecer que, depois de há-
alcançam um preço excepcional, o Instituto do ver sido aumentado para Cr$ 94,70 o preço do saco
Açúcar e do Álcool, como compensação aos pesa- de açúcar, já surgiram novas obrigações para os
dos ónus que incidem continuadamente sôbre as industriais açucareiros e já se cogita de outros
classes açucareiras, permitiu a elevação do preço ónus que podem absorver a totalidade do aumento
do açúcar cristal para a próxima safra 1944-45,
fixando-o na quantia de Cr$ 94,70 F.O.B. — Recife, REFORMA DE ESTATUTOS
incluindo o imposto de consumo. No mês de agosto dêste ano, procedemos à re-
Ataxa de defesa da produção foi aumentada forma dos nossos estatutos sociais, em assembléia
para Pernambuco em Cr$ 1,00, passando a ser geral extraordinária, para adaptá-los à nova lei
exigida, portanto, dos produtores, na base de Cr$ sóbre sociedades cooperativas. Essa reforma foi
4,10. Êsse aumento teve como finalidade ajudar a feita sob a fiscalização do Departamento de Assis-
solução do caso do preço do Distrito Federal, utili- tência às Cooperativas, e não provocou alterações
zando o I.A.A. o acréscimo dessa taxa e de ou- sensíveis no mecanismo da nossa administração.
tras cobradas em outros Estados, para equiparar o
preço do açúcar no Distrito ao das demais praças CONCLUSÕES
do país.
Dêste modo, os industriais entregam na sa- Terminando o mandato da atual Diretoria, terá
fra 1944-45 a quota do -Distrito na base de Cr$ a assembléia geral de escolher novos nomes para
94,70 F.O.B. e o Instituto, com o produto das so- prosseguir no trabalho de elevar cada vez mais
bretaxas que cobra de todos os Estados fabricantes o prestígio e a eficiência de nossa organização,
de açúcar, indeniza às refinarias cariocas da di- em benefício dos seus associados. Sentimos a cons-
ferença de preço que ainda existe, pois que o pre- ciência tranquila de haver empregado o máximo
ço para os consumidores do Distrito ainda não atin- da nossa energia e da nossa capacidade, com ab-
giu à mesma paridade dos demais centros de con- soluta isenção, no cumprimento do mandato que
sumo, embora tenha sido elevada a cotação cerca nos foi outorgado.
de Cr$ 0,20 por quilo, em média. Acreditamos haver fornecido tódas as infor-
Realmente, essa solução conduziu a uma me- mações de interêsse para os associados, que serão
lhor distribuição do prejuízo que representa para melhor esclarecidos com o exame dos mapas ane-
a economia açucareira o preço reduzido para o xos a êste relatório. Estamos, como sempre, à dis-
consumidor carioca, desde que todop os Estados posição dos nossos consócios para quaisquer ou-
produtores passarão a colaborar no sacrifício im- tras explicações relativas à safra de 1943-1944.
posto para o abastecimento do Distrito Federal
.
suportar uma crise sem desfazer todo o equilí- Recife, 7 de novembro de 1944
brio conquistado. DINIZ PERILO
Além disso, as classes açucareiras de Pernam- MÁRIO DE OLIVEIRA AZEVEDO
buco necessitam ainda de realizar tremendos es- FREDERICK VON SOHSTEN
forços para renovação do seu parque industrial,
767
ATI V O
IMOBILIZADO —
uiVGrsos — 30 preço ue ctu>tu uu uc lioi*«**^
rência, menos vendas —
406.904,20
227.189,30
654 852
1.288.945,80
Menos
Depreciação sôbre —
77.311,80
84 352 40
205.616,40 367.280,60
•
921.665,20
Títulos de renda —
ao preço de custo .
3.580,00 1.225.245,20
REALliíAVriL —
Inversões — ao preço de custo ou de trans-
27.625,00
Estoques
Açúcar —
No Recife — ao preço médio de venda 21.478.609,00
22.479.755,70
,
-
AT I V O
Transporte 22.479.755,70
Devedores diversos —
Associados :
1.631.457,40
Distilaria dos Produtores de Pernambuco S. A. 1.160.932,90
Menos :
—
Duplicatas Descontadas .... 23.807.063,70 666.347,50
disponível — ;
Bancos 5.958.607,60
Caixa f
39 187,70
. 5.997 796,30
í
CONTAS DE REGULABIZAÇAO —
Despesas Comerciais —
Safra 1944-45 , 9.633,20
Despesas com mercadorias para fornecimento
— Safra 1944-45 14.136,50 28.169,70
37.362.284,30
CONTAS DE COMPENSAÇÃO —
Instituto do Açúcar e do Álcool
55.200.843,00
P A S S I V O
NÃO exigível —
D . uuy iUU,UU
.
627.290,20
(Art. 16 dos Estatutos)
exigível —
Associados —
7 .891 .2o9,oU
2. 689-. 310,10 Ift. 580. 549,90
1.289.312,90
12.459.893,40
• 199.200,00
6.036.005,00 30.564.961,20
CONTAS DE COMPENSAÇÃO —
t
15.691.507,20
Compradores de Açúcar a Entregar 1 263.848,00
Títuln"? Endn<vsado<5 '
1.825.000,00
58.203,50 17.838.558,70
1
55.200.843,00
Ao Conselho de Administração da
Cooperativa dos Usíneiros de Pernambuco Limitada
Recife
Confrontámos o Balanço Geral supra com os livros da Cooperativa e tôdas as informações
e explicações que pedimos nos foram fornecidas. ' . - .
Segundo nosso critério o dito Balanço Geral achar-se levantado de modo a exibir a verda-
deira situação financeira da Cooperativa em 31 de agosto de 1944, conforme as referidas informa-
ções e explicações e de acordo com os saldos que constam dos livros mencionados.
EM 31 DE AGOSTO DE 1944
DEBITO CREDITO
DESPESAS GERAIS TAXA DE PRODUÇÃO
Valor dispendido Valor da taxa cobrada aos nos-
3.509.218,10 sos associados de acordo com
nesta safra . ...
DESPESAS DE RE- o artigo 13.° dos nossos Es-
TENÇÃO tatutos 7.938.858,70
Idem, Idem 1.361.361,90
IMÓVEIS
Depreciação de 10%
sôbre o valor dos
mesmos 36.621,40
MOVEIS E UTENSÍ-
LIOS
Idem, idem 48.872,50
MOVEIS E UTENSÍ-
LIOS — AGENCIA
RIO
Idem, idem .... 844,70
MOVEIS E UTENSÍ-
LIOS — AGENCIA
SÃO PAUO
Idem, idem 198,00
MAQUINISMOS
....
Idem, idem 15 870,80
.
FUNDO DE RESERVA
Valor transferido
para esta conta,
de acordo com o
artigo 15.° dos
nossos Estatutos 276.561,20
RETORNO AOS ASSO-
CIADOS
Valor creditado aos
produtores de re-
finado, por esta-
rem isentos das
"Despesas de Re-
tenção", em vir-
tude dêste tipo
de açúcar não
ter sido financia-
ciado nesta safra 200.259,40
Valor creditado
aos nossos asso-
ciados correspon-
dente às sobras
líquidas verifica-
das na aplicação
da taxa cobrada
sôbre a produ-
ção nesta safra .. 2.489.050,70 2.869.310,10
7.938.858,70 7.938.858,70
justificariam a nossa fala perante vós. Quando Para resistir era mister grande fôrça de con-
dizemos cifras, por certo estaremos colocando sob vicção por parte daqueles que se obrigavam à di-
nossas vistas aquelas que se referem ao nosso mo- fícil e espinhosa tarefa de salvar uma classe da
vimento sem dúvida alguma digno de nota, em ruina económica. Mesmo entre os que pareciam
face do número ainda diminuto de anos do nosso mais fortes houve vacUações. Contudo, apesar da
labor. Mas, sobretudo, o que é preciso pôr em dureza dos embates e da constância dos choques,
foco, à luz de números incontestáveis, é o acêrto a Cooperativa organizada pelos banguezeiros vi-
da política que serviu de base às nossas operações toriou e a sua vitória vale como um exemplo capaz
iniciais das quais estariam a depender o êxito ou de convencer.
o insucesso de nossa Organização. Quem descrer ainda, de boa fé, da solução que
Nunca será demais salientarmos que a recupe- o cooperativismo oferece ao problema económico
ração dos mercados fugidios ao tipo mascavo dos de certos grupos financeiramente menos podero-
engenhos de Pernambuco, constituiu a essência de sos, não fuja de conhecer o que são e o que eram
nosso plano económico. os produtores dos engenhos antes de sua Coope-
Contra essa recuperação se colocavam velhos rativa.
hábitos, destinados à desmoralização do nosso pro- Os exemplos de Pernambuco, a cujo govêmo,
duto, processo ideal para o aviltamento dos preços. clarividente e realizador, tudo deve o Cooperati-
Duas medidas se apresentavam como as úni- vismo, e de Alagoas, falam muito alto.
cas capazes de permitirem novo estado de coisas Só a organização de nossa Cooperativa nos
dentro do qual fôsse possível ao banguezeíro sub- permitiria, a nós, banguezeiros de Pernambuco, a
sistir: — aguardar a procura, evitando a oferta — ,
apreciação dos resultados compensadores que se
reconhecida como velha prática de desmoralização revelam, em dados os mais simples e positivos,
dos preços, e padronização dos tipos. Esta foi con- através do quadro estatístico que temos sob nos-
seguida sem maiores esforços, bastando, como era sas vistas.
natural, o estabelecimento de melhor cotação para
o melhor produto. PREÇO MÉDIO DOS ANOS ANTERIORES A
A procura, entretanto, era nula. A retenção COOPERATIVA CR$ 18,00 POR SACO DE
se impunha. 60 QUILOS
Reter — diziam todos— significava a criação
de encargos ruinosos. As opiniões mais sombrias Preços obtidos pela Cooperativa, por saco
eram emitidas. Não seria crível que uma organi- de 60 quilos:
zação de banguezeiros pudesse resistir por longo
tempo, era, por outro lado, o pensamento dos in- PREÇOS NAS SAFRAS
teressados na compra do produto.
A oferta seria conseguintemente inevitável e Tipos de 1940/41 1941/42 1942/43 1943/44
a velha prática de oferecer sempre, até a satura- açúcar
ção, na qual alguns interessados no mercado com-
prador local eram useiros, acabaria vitoriosa. Isso Somenos . 38,20 48,40 58,00 75,00
seria a morte do órgão de defesa. Mas valeria pelo Superior 1 27,60 44,40 54,00 69,00
ressurgimento do comércio livre. E o comércio 'Rio 2 . . 25,60 42,40 52,00 67,00
livre chegou mesmo a empolgar suas próprias Santos 3 . 23,60 40,40 50,00 65,00
vítimas, vítimas também do canto de sereia de
certos prejudicados. Releva notar que nas duas últimas safras, e
Afirmavam-lhes as conseqiiências mais gra- especialmente na de 1943/1944, ainda teríamos
ves, como se lhes fôsse possível algo de mais grave podido oferecer números mais elevados se as difi-
do que a continuidade de um sistema de explora- culdades de transporte não nos tivessem forçado
ção, em que produtor e consumidor faziam a for- a imia retenção, já agora desnecessária. Todavia
tuna de alguns poucos, à custa do seu próprio sa- ,a estocagem passou a ser o único recurso capaz de
crifício, dò primeiro principalmente. Os bangue- permitir que os nossos banguês continuassem re-
zeiros, entretanto, já cansados pelos déficits su- gularmente a produzir, sem restrições de qualquer
cessivos, de ano após ano, não acreditavam na sua natureza. Esboçado assim o que tem sido o trans-
curso de nossos quatro anos de atividades, empre- O auxílio valioso do Instituto do Açúcar e do
gadas no sentido de conquistarmos a invejável si- Álcool não bastava. E tivemos de recorrer ao cré-
tuação que desfrutamos, passemos ao relato parti- dito bancário, sob pena de impormos aos produto-
cularizado do que ocorreu nêste nosso último res preços de adiantamento que não lhes permiti-
ano de trabalho. riam a continuidade de seus trabalhos.
Antes, porém, cumpre-nos repetir que o mais
valioso apôio temos recebido do Interventor Aga- CRÉDITO BANCÁRIO
menon Magalhães, grande benfeitor da lavoura
pernambucana, a cuja gratidão tem o eminente Manda a justiça que esbocemos um capítulo
Chefe do Estado incontestável direito. Para esta especial sôbre este assunto, afim de que os ban-
hora de autêntico triunfo que vivem os agricul- guezeiros pernambucanos fiquem melhor conhe-
tores de Pernambuco, contribuiu S. Ex.* de ma- cendo àqueles que foram seus amigos e demons-
neira decisiva. traram confiança no seu valor, atendendo ao apê-
lo do seu órgão de defesa. Assim é que para um
ENTRADA DE AÇÚCAR movimento de cêrca de dezessete milhões de cru-
zeiros recebíamos do Instituto do Açúcar e do Ál-
Até mesmo a safra inicial —
1940/1941 sob — cool, seis milhões e quinhentos mil cruzeiros. Co-
nossa responsabilidade, considerada, então, ini- brirmos essa diferença ou a parada das fábricas,
gualável, por isso que nos dez anos anteriores com as suas conseqiincias tremendas, era o dUe-
àquela data jamais fora ultrapassada a casa dos ma. E a cobertura se operou através dos bancos
300 (trezentos mil sacos, enquanto registráramos da capital, entre os quais o Banco do Povo repon-
um recebimento de 412 (quatrocento e doze) mil >4a em plano destacado.
sacos de sessénta (60) quilos, perdeu o seU título
"
Nessa conduta do grande estabelecimento ban-
de primazia de produção. Em
1943/1944 recebía- cário, está Miguel Gastão de Oliveira pondo mais
mos em nossos entrepostos do interior e armazéns Uma vez à prova as suas superiores qualidades
do Recife o vultoso -número de 455.440 sacos de de direção. A' sua lúcida compreensão do nosso
sessenta (60) quilos, cõm a seguinte distribuição: meio económico não poderia escapar o sentido do
banguê, como fórça das mais ponderáveis da eco-
ENTREPOSTOS nomia pernambucana e por sua relevante expres-
são social.
Sacos de 60 quilos Seguramente orientados pelo Comendador Jai-
me Santos e Sr. Artur Pio dos Santos, o Banco
NAZARÉ' DA MATA 190.145 Comércio & Indústria de Pernambuco e Banco
TIMBAUBA 120.004 Auxiliar do Comércio demonstraram igual reco-
GOIANA 71.571 nhecimento do quanto significam os banguezeiros
PAUDALHO 37.546 e fornecedores de cana de nosso Estado.
AGUA-PRETA 12.248
VITORIA DE SANTO-ANTÃO .. 7.376 FINANCIAMENTO
BARREIROS 5.714
Operamos nesta carteira com uma amplitude
Total 444.604 ainda não conhecida e a que deveríamos atingir
por imposição das necessidades de nossos produ-
ARMAZÉNS tores, com uma produção de alto custo, em conse-
qiiência da majoração necessária dos salários e do
Brum, 101 — 107 — 115 — 123 — (Recife) encarecimento absurdo de utilidades indispensá-
veis, determinado pela ganância de certos distri-
Tipos de Açúcar Sacos de 60 quilos buidores.
773
mos a personalidade de seu ilustre Presidente, Sr: drar a quem tem, como Meira Lins, noção precisa
Barbosa Lima Sobrinho, a quem devem todos os do cumprimento do dever. Por isso, achamos me-
que vivem ao contacto da cana de açúcar, no Bra- lhor felicitarmo-nos mais uma vez pela escolha
sil e notadamente em Pernambuco, serviços que de seu nome.
nunca será demais assinalar.
Da parte do Sr. Julio Reis, operoso Gerente do COBRANÇA DA TAXA DO INSTITUTO DO
Instituto, temos sempre recebido a melhor acolhi- AÇÚCAR E DO ÁLCOOL
da e os testemunhos da maior confiança na capa-
cidade dos banguezeiros pernambucanos, através Continuamos incumbidos pelo Instituto da ar-
de sua Cooperativa, impondo-se portanto que aqui recadação da taxa em que incide o açúcar mascavo.
apontemos o seu nome como o de um dos grandes Deduzidas as comissões que atribuímos às coope-
amigos de nossa classe. rativas nossas associadas, na última safra essa co-
brança nos assegurou um saldo de Cr$ 151.229,00
O MASCAVO, NO RIO (cento e cinqiienta e um mil duzentos e vinte e
nove cruzeiros)
Ao
contrário de certas afirmativas, já hoje
inteiramente desmoralizadas, o interêsse pelo nos- SOBRAS LIQUIDAS
so produto no Distrito Federal se vem acentuan-
do de ano para ano. Emvirtude do volumoso remanescente da sa-
A
correção com que temos correspondido às fra pasada, resultante das dificuldades de trans-
justas exigências de nossos clientes, entregando- porte já antps mencionadas, fomos forçados a que-
Ihes um
produto que corresponde exatamente ao brar a praxe que vínhamos cumprindo quanto à
tipo das nossas amostras, será sem dúvida, um sua distribuição ao fim de cada exercício.
fator de primordial importância para a conquista Teremos que apreciar devidamente o seu va-
de um prestígio cada vez maior para o açúcar mas- lor para a conseqiiente distribuição já no decurso
cavo de Pernambuco na praça carioca, com irra- do exercício corrente, o que faremos com a mais
diação pelo Estado do Rio. Cometeríamos, entre- breve oportunidade.
tanto, injustiça clamorosa se não apontássemos,
como elemento decisivo para que se criasse essa FUNDO DE RESERVA
situação, o nome do nosso representante no Dis-
trito, doutor João Barata Cavalcanti, operoso e de-
-O nosso Fundo de Reserva que já havia atin-
gido a cifra de Cr$ 334.633,70, foi neste balanço
dicado, obtendo pela confiança que merece a sua
acrescido de Cr$ 177.774,60 perfazendo, atual-
palavra criteriosa e honesta, tôdas as facilidades
mente, o total de Cr$ 512.. 408,30.
necessárias ao nosso comércio com a Capital da
República
VIAGENS
O GRANDE ESTADO DE SÃO PAULO E A Como nos anos anteriores, elementos de nos-
COOPERATIVA CENTRAL DOS BANGUEZEI- sa direção visitaram as praças consumidoras do sul.
ROS E FORNECEDORES DE CANA DE Como sempre, a finalidade dessas viagens tem sido
PERNAMBUCO LTDA. um melhor conhecimento dos mercados de consu-
mo, do que se tem colhido os resultados mais po-
São Paulo é sem favor a garantia de que os
sitivos .
1
Vencidas jáquatro safras nutti total de
335 742 sacos e iniciada a quinta sob nossa
tores e Conselheiros. Entre êstes, um — digno en-
. .
tre os mais dignos companheiros de nossa classe,
orientação, o que poderemos e até deveremos assi-
nalar é que no mercado paulista temos encontra-
leal, e desinteressado — João de Esberard Bel-
trão, já não mais existe. Bruscamente roubado à
do sempre os requisitos que os mais exigentes pos- .
vida, causou sua morte woa. grande e sincero pezar
sam desejar, como probidade, critério e exatidão em todos os círculos canavieiros do Estado e par-
no cumprimento de quaisquer obrigações. ticularmente entre os seus colegas de direção da
Para coroamento da posição invejável como a Cooperativa Central dos Banguezeiros e Fornece-
que mantemos em São Paulo, encontra-se na Ca- dores de Cana de Pernambuco Limitada, que pres-
pital paulista como nosso representante o Sr. Ar- tam à sua memória as homenagens mais sinceras
tur Meira Lins, cuja escolha há de ser sem dúvida de sua saudade
uma das mais felizes que porventura tenham feito
os atuais dirigentes da Cooperativa. Dizer-vos FUNCIONALISMO
quem é e o que tem sido a atuação de Artur Mei-
ra Lins é tarefa dispensável, conhecedores que sois Do concurso dos nossos funcionários, dedica-
do homem e de sua obra. Nem mesmo aqui regis- dos ao serviço e zelosos na execução de suas obri-
traremos agradecimentos porque isso iria melin- gações, contmuamos a esperar quanto temos até
AT I V O Parcial Total
IMOBILIZADO
MOVEIS E utensílios
Sede . . . 129.324,70
Agência S. Paulo 3.980,00
Idem Rio 1.850,00
Entrep Goiana 8.728,00
Idem Nazaré 13.176,20
Idem Paudalho 7.558,00
Idem Timbaúba 8.756,50
Idem Vitória 3.030,00
Idem Caruaru 4.116,50
Idem Barreiros , 1.810,00 182.329,90
Maquinismos '.
78 077,50
.
Veículos '
277.000,00
Livros, Imp. e Obj. de Escritório 10.752,50 548.159,00
REALIZÁVEL
Associados C/Capital 1.555.494,60
Títulos a Receber 2.738,00
C/Correntes 2.817.980,30
COOPS. C/FINANCIAMENTOS :
Imóveis 77.993,70
Ações ."• 51.500,00
TÍTULOS :
DISPONÍVEL
CAIXA :
Sede 449.945,30
Entrep. Goiana 81.191,90
Idem Nazaré 231.778,80
Idem Paudalho 28.544,80
Idem Timbaúba 128.529,00
Idem Vitória ,. 15.826,40
Idem Barreiros 91.849,20
Idem Caruarú 7.640,30 1.035.305,70
CONTAS DE COMPENSAÇÃO
T. Endossados 10.165.707,60
Cr$ 52.257.951,20
NÃO exigível
Capital 2.499.800,00
exigível
Bancos 286.686,50
C/Correntes , 5.336.199,60
I. A. A.: ,
c/Adiantamento 6.510.000,00
Retorno 4.701.134,80
Gratificações 51.000,00
CONTA DE RESULTADO
42.092.243,60
CONTAS DE COMPENSAÇÃO
Excessos 10 165 707,60
. .
Cr$ 52.257.951,20
777
DEBITO
a DESPESAS GERAIS
Saldo devedor d/c 773.069,90
a ALUGUEIS
Saldo d/c que fechamos 109.271,70
a GRATIFICAÇÕES
Gratificações ao Diretor-Gerente de acôrdo com
os Estatutos 51.000,00
778
a FUNDO DE DEPRECIAÇÕES
10% s/Cr$ 537.407,40 valor dás contas de Veí-
a RETORNO . .
'
T:".':'.'.'.'"'"'. '.T.'.'.'. .T.7. . .V. 9.225.327,40
a SOBRAS LIQUIDAS
Sobras Liquidas verificadas no exercício 1.317.456,40 10.542,783,80
Cr$ 13.581.443,50
C R E D i T O
_ —
.
de VENDAS DE AÇÚCAR
Valor bruto das vendas 27.309.257,90
Menos:
Custo 14,354.789,90
de JUROS DE EMPRÉSTIMOS
Saldo credor do exercício .
224.374,80
de DESPESAS DE RETENÇÃO
Auxílio do I.A.A. para despesas c/retenção de
açúcar . . . . . v . . w .-i r . .-
,
170.000,00
de ESTOQUE DE AÇÚCAR
Valorização do açúcar em estoque 6.451.616,50
de SACARIA E FIOS
Idem da sacaria existente 578.027,90
de PREMIO — TITULO CAPITALIZAÇÃO
Saldo credor d/c que fechamos 4.481,60
Cr$ 13.981.443,50
779
Chegando ao término de nosso mandato, e Apesar de tão elevado volume recebido du-
apresentando as contas do ano social findo em 30 rante o ano, nosso estoque de álcool a 30 de se-
de setembro de 1944, vimos trazer ao conhecimen- tembro, abatidas as quebras de evaporações, vasa-
to dos senhores associados os fatos mais importan- mentos e perdas diversas, estava reduzido a
tes ocorridos nesse intervalo, assim como relatar 50.940 litros de anidro, 59.400 litros de álcool hi-
as atiyidades de nossa organização. - dratado e 38.724 litros de carburante D. P. P.
E' quase desnecessário ressaltar o que repre- preparado
sentou para a Economia de Pernambuco, seja par- No entanto tínhamos iniciado a safra 1943-44
ticular, seja do Estado, a manutenção de uma dis- com um remanescente de 1.093.300 litros da sa-
tribuição regular de combustível como foi feita fra anterior.
pela D. P. P. notadamente, quando havia redu-
ção de distribuição de gasolina, obrigando-nos a in- PREÇO DO ÁLCOOL
tensificar o escoamento de nosso combustível. Em
alguns meses, nossa distribuição de D. P.P. em O I.A.A. estabeleceu em 30 de junho de 1943
Pernambuco excedeu à de tôdas as Companhias o plano da safra 1943-44, determinando os preços
de gasolina, reunidas. seguintes para álcool extra-sêlo:
Embora estejamos sob o regime de raciona-
mento, submetido ao controle eficiente da Comis- Anidro Cr$ 1,35
são de Controle do Consumo de Combustível, go- Hidratado acima de 96 GL. a 15° Cent. Cr$ 1,30
zamos em Pernambuco quanto a combustível, de Hidratado de 92 a 96 GL. a 15° Cent . . Cr$ 1,20
uma situação excepcional com referência às ou- Hidratado de menos de 92 GL. 15° Cent Cr$ 1,10
tras regiões do país, com carência absoluta de com-
bustível e paralização quase completa de seus Posteriormente foi feito um ligeiro reajusta-
carros mento desses preços pela resolução n. 70/43 de
E, um ponto é preciso frisar, nos tempos que outubro de 1943.
correm, quando a exploração agravada pela in- A D. P. P. recebeu álcool aos preços corres-
flação sempre crescente, nas sucessivas emissões pondentes aos fixados pelo I.A.A. porém à base
de papel moeda, vem trazendo ininterruptas ele- de 42° Cartier a 27° Centígrados com aumento ou
vações do preço de custo e de venda de todos os redução em função de graduação.
produtos, mantivemos (em um artigo sujeito a ra- Assim, todo o álcool que nos foi fornecido
cionamento), o preço de nosso D. P. P. uniforme. pelas usinas, participará integralmente das boni-
E, nos períodos de carência de combustível os que ficações da Caixa do Álcool a serem distribuídas
foram abastecidos não tiveram de despender ura pelo Instituto.
centavo mais que o preço fixado. A Delegacia do I.Ã.A. em Recife, já forneceu
à sede os dados referentes à produção e distribui-
RECEBIMENTO DE ÁLCOOL ção de cada usina, contando com uma bonifica-
ção de 20 e 15 centavos respectivamente para ani-
Continua elevando-se todos os anos o montan- dro e hidratado residual e de 40 e 35 centavos para
te do álcool recebido pela D. P. P. No corrente o de produção extra-limite Desde que a arreca-
.
exercício apesar de tôdas as dificuldades de com- dação da Caixa excedeu o total da bonificação
bustível e de transporte, recebemos diretamente máxima do álcool em todo o país, devemos em
das usinas 7.021.572 litros e destas por inter- breve ter a autorização para seu pagamento.
médio do I.A.A., 4.956.419 litros, ou seja um O estudo dessas bonificações está sendo acom-
total de 11.977.991. panhado pelo Dr. Bezerra Filho, digno represen-
Afora êsse volume, já elevado, ainda recebe- tante de Pernambuco no I.A.A., que tudo fará
mos do I.A.A. para ser trocado por quantidade para uma mais ampla remuneração da produção
equivalente de álcool de baixa graduação, 1.721.208 de nosso Estado, que atingiu na safra de 1943-44
litros, perfazendo assim um total de 13.699.199 ao volume apreciável de cêrca de 46 milhões de
litros passados por nossos tanques. litros
Quase todo o álcool recebido foi hidratado de Para a nova safra de 1944-45 foram estabele-
várias graduações, só nos tendo sido entregues de cidos pelo I.A.A. os preços para álcool selados
anidro 851.507 litros, em grande parte proceden- nas usinas à base seguinte :
780
ÁLCOOL INDUSTRIAL
TOTAL 11 894 804
Í9
a partir de 1936 dá uma idéia da sempre crescen- presente safra um volume apreciável de álcool das
te ampliação de nossa organização distribuidora: usinas transportado por seu intermédio, como foi
feito na safra passada com pleno êxito e eficiên-
Safra 1936/1937 292.343 litros cia, pela sua Delegacia Regional.
Safra 1937/1938 387.136 "
Safra 1938/1939 971.080 " AGENCIA DA COMPANHIA DE SEGUROS
Safra 1939/1940 1.112.320 "ATLÂNTICA"
Safra 1940/1941 2.739.823
Safra 1941/1942 6.479.740 Apresentou êsse ramo de nossa atividade, um
Safra 1942/1943 7.836.484 resultado líquido de Cr$ 155.638,30, continuando
Safra 1943/1944 11.894.804 a se processar na melhor harmonia nossas rela-
ções comerciais com a Companhia Atlântica, que
Ao assumirmos a diretoria em 1940, fôra de vem servindo a inteiro contento os diversos seto-
1.112.000 litros a distribuição em um ano; atual- res de seguro.
mente em um mês tem sido excedido êsse voltime.
O apurado bruto de nossas vendas nêsse títu- FINANCIAMENTO DE ÁLCOOL
lo, elevou -se a Cr$ 18.459.770,40. PELO I.A.A.
QUALIDADE DO D. P. P. Com o aimiento de nossos recebimentos tive-
mos um bem maior movimento de warrantagem
As restrições decorrentes da guerra mundial, de álcool, tendo o I.A.A. aprovado o nosso nedi-^
têm nos impedido de manter o D. P. P. com a do de financiamento até 4 milhões de litros de ál-
eficiência anterior, tantas vezes comprovada. cool e warrantado todo o álcool que solicitamos.
No atual período, tivemos que paralizar em Ao terminar o exercício .a 30 de setembro,
fins de novembro de 1943, a desidratação de ál- nosso débito nessa conta estava reduzido porém a
cool, por ter se esgotado completamente o nosso Cr$ 293.722,10.
781
Até agora, ainda não nos foi possível fazer a Criamos ainda fundos de Depreciação e Subs-
elevação para três milhões de cruzeiros do nosso tituição deMaquinismos e Tanques, que não vêm
capital social, com a transformação do crédito da sendo depreciados nos balanços anteriores, sendo
Cooperativa dos Usineiros de Pernambuco em lançado em cada um dêles a importância de Cr$
ações, assunto em que nos vínhamos pronunciando
81.416,00.
desde a assembléia passada. Apresenta a conta ainda um lucro líquido de
Tivemos a concordância plena da Cooperativa Cr$ 560.752,80, que sugerimos à aprovação da
dos Usineiros e foi feita a modificação nos Esta- assembléa geral a distribuição seguinte:
tutos, que se fazia necessária para a inclusão da
Cooperativa como acionista. Mas, infelizmente, Dividendo de 15% sôbre o
apesar de nossos esforços para int-egralização do capital realizado Cr$ 215.293,50
capital inicial de Cr$ 1.500.000,00, ainda falta a
Transferido ao Fundo de
parcela relativamente pequena de GrS 64.710,00 Reserva Cr$ 345.459,30
por parte de alguns de nossos associados que se não
têm resolvido a completar as últimas prestações de Quanto à conta do "Ativo e Passivo" vamos
suas quotas. E sem a integralização do capital caminhando ràpidamente para uma situação de se-
anterior, não é permitido por lei novo aumento gura estabilidade, já estando a parte "Realizável"
de capital. do Ativo muito aproximada do "Exigível" do Pas-
Queremos deixar aqui consignado um apêlo sivo. Se atentarmos que, nesta última, figura como
aos acionistas que não tenham integralizado suas rubrica mais elevada o crédito da Cooperativa dos
quotas de capital, para que o façam quanto antes, Usineiros de Pernambuco na importância de CrS
de modo a permitir a transformação do crédito da 1.160.932,90 que vai ser transformado em conta
.
AT I V O
IMOBILIZADO ,
I
Caução 3.791,10
Instrumentos de Laboratório 2.857,00 2.492.581,40
A transportar 2.492.581,40
Transporte 2.492.581,40
REALIZÁVEL
Acionistas — valor a integralizar 64.710,00
Tonéis 406.839,70
Depreciação 40.684,00 366.155,70
ESTOQUES
Álcool . 83.298,60
Álcool Anidro 81.504,00
Gasolina 3.861,30
Material para Conservação 1 094,60
.
DISPONÍVEL
Dinheiro em Caixa 227.122,90
Em Bancos '.
31.624,70 258.747,60
5.607.420,60
P A S S I«V O
EXIGÍVEL
Conta Empréstimo Tanques do Brum 3^9.350,80
Cooperativa dos Usineiros de Pernambuco 1.160. 932. GO
Instituto do Açúcar e do Álcool —
C/Álcool Warrantado 293.722,10
Insticuto do Açúcar e do Álcool —
C/Eníregas de Álcool 302.491,90
Contas Correntes —
Saldos credores 696.189,60
Contas Correntes Álcool idem — 133.804,40
Dividendo n. 2
Distribuição de 15% s/o capital realizado 215.293,50 3.121.785,20
NAO EXIGÍVEL
Capital , 1.500.000,00
Fundo de Substituição de Maquinismos e Tanques
Reserva destinada a esta conta 81.416,00
Fundo de Depreciação de Maquinismos e Tanques
Reserva destinada a esta conta 81.416,00
Fundo de Reserva
Saldo do balanço anterior 477.344,10
Transferido do presente balanço 345.459,30 S22. 803,40
5.607.420,60
784
Estampilhas 19.248,70
Abono de Guerra .'
17.659,00
Seguros s/Acidentes no Trabalho 9.400,90
Gratificações •
142.202,10
Artigos para Escritório . . 17.595,30
Despesas c/Caminhões-Tanques 57.467,10
Despesas Gerais . 45.315,90
—
.
19.535.874,00
CREDITO
Carburante D. P. P 18.459.770,40
Álcool Industrial 904,463,30
Comissões s/a Agência da Atlântica '
155.638,30
Éter Sulfúrico 16.002,00
19.535.874,00
785
r
787
da C.M.E 323
Decreto-lei federal n.° 6.620 alterando dis- A assistência hospitalar no interior do país
positivo sôbre coordenação dos balan- — "O Jornal" 464
ços e orçamentos das autarquias fede- Visita da Escola Técnica de Serviço Social
rais 51 ao I.A.A 465
Balancete e orçamento do I.A.A. — maio 10.° aniversário da fundação do Sindicato
1944 220 da Indústria do Açúcar do Estado do
Idem — junho de 1944 220 Rio 465
Idem — julho de 1944 334 3.° campeonato dos cortadores de cana de
Idem — agosto de 1944 466 Piracicaba 512
Idem — setembro de 1944 592 Idem, idem 744
Idem — outubro de 1944 758 Proporções de tipos étnicos nas zonas cana-
Contabilidade industrial — Lucídio Leite vieiras do Brasil —
Vasconcelos Torres 582
Pereira . . . 585 Nova diretoria da Distilaria dos Produto-
) res de Pernambuco 699
CONVÉNIOS
Cartel do açúcar — "O Jornal"
—E—
.... 757
ECONOMIA
CULTIVO
Contrôle internacional do açúcar após a
Brotação de estacas de cana 173 guerra 11
Fertilizante em tempo de guerra 216 Contrôle inter-governamental dos produtos
Inoculação de leguminosas '
321 —O. W. Willcox 14
A irrigação dos canaviais —
Ricardo Neu- A habitação nas zonas canavieiras do Bra-
mann
— 408 sil —
Vasconcelos Torres ,. 37
Idem 2.* parte 532 A mobilidade do trabalhador nas zonas
Experimentação agrícola —
parecer João canavieiras do Brasil Vasconcelos —
Palmeira 410 Torres 195
Mecanização da lavoura no Havaí ....... 521 A economia açucareira mundial no quinto
Testes de- variedades na Luisiana 575 ano de guerra —
Dr. Hugo Ahlfeld . . 172
Efeitos da sêca sôbre os rendimentos da
cana de açúcar
Economia dirigida — Agamenon Maga-
745 lhães 230
voura Canavieira —
Dalmiro Almeida 616
Provimento n.° 3/44, do I.A.A., atribuin-
ESTAÇÕES EXPERIMENTAIS do à Seção Jurídica os serviços deri-
vados da execução do decreto-lei fe-
Estação Experimental de Curado —
Acor- deral n.° 6.969 692
do entre o M. da Agricultura, o I.A.A.
e os produtores e fornecedores de Per- ESTOQUES
nambuco 202
Têrmo do acordo" entre a União, o Est. do De açúcar no país — maio de 1944 ...... 89
Rio, o I.A.A. e o Sind. da Ind. do Açú- De açúcar no país — junho de 1944 213
car no Rio de Janeiro para desenvolvi- De açúcar no país — julho de 1944 .... 330
mento da E. Exp. de Campos 246 De açúcar no país — agosto d el944 .... 460
Experimentação agrícola —
parecer João De açúcar no país — setembro de 1944 . . 590
Palmeira . . 410 De açúcar no país — outubro de 1944 . . . 754
Portaria n.° 863, do M. do Trabalho, no-
meando membros do Conselho Fiscal EXPORTAÇÃO
da Estação Experimental de Campos . . 692
Portaria n.° 864, do M. do Trabalho, no- Açúcar brasileiro para Portugal 10
meando membros do Conselho Fiscal De açúcar no país —
maio de 1944 89
da Estação Experimental de Curado De açúcar no país —
junho de 1944 .... 212
(Pernambuco) 692 De açúcar no país —
julho de 1944 328
De açúcar no país —
agosto de 1944 458
De açúcar no país —
setembro de 1944 . . 588
ESTATÍSTICA De açúcar brasileiro em 1844 270
Em tôrno do açúcar brasileiro exportado
Ano canavieiro para o Uruguai 339
De açúcar do Brasil para os países devas-
ESTATUTO DA LAVOURA CANA VIEIRA tados pela guerra 340
De açúcar no país —
outubro 1944 752
Comentários da imprensa carioca sobre a
•
790
de Viveiros •
44
Idem, idem — II •
276 delegações de contrôle junto às entida-
\ Idem, idem —III 556 des autárquicas 135
tados Unidos — —
II José Honório Ro-
—M—
drigues —
(Impressos) f. . . .
706
Azeredo Coutinho — Sérgio Buarque de
MEDICINA
Holanda 711
O açúcar através do periódico "O Auxi-
liador da Indústria Nacional" Jerô- — O
O
açúcar provoca obesidade ? 105
nimo de Viveiros —
IV 71g açúcar como remédio contra o reuma-
História do açúcar na Paraíba Ademar — tismo
O açúcar, alimento energético e económi-
284
7jg
Vidal
co de primeira ordem —
Max Rasquin 315
O açúcar como substituto da gordura . . . 361
O açúcar na dieta 420
O açúcar e os empregados de oficinas .... 509
Açúcar mineralizado e irradiado Jaci —
Botelho 543
—
. .
—
Para o produtor e consumidor
n.o 83/44 da CE
resolução
792
SALÁRIOS TRANSPORTE
O na agro-indústria
salário do trabalhador
do açúcar —
Vasconcelos Torres 300 Do açúcar de Pernambuco para S. Paulo.
Conceituação de frete para aplicação da
134
Redução de salários de empregados em usi-
nas de açúcar 446 tabela de cana —
resolução n.° 93/44
CE
."
. . .
SUB-PRODUTOS TRIBUTAÇÃO
Uma fábrica de papelão em uma usina Decreto n.° 362 da Interventoria do Ceará
de cana na Argentina 208 sôbre imposto de vendas e consigna-
Seu açucareiro é uma bomba 418 ções a que estão sujeitos os agriculto-
res e produtores 135
SUCEDÂNEOS Suspensão dos direitos de aduana nos EE.
UU. sôbre o açúcar cubano 248
Sucedâneos e substitutos do açúcar de ca-
na —
Celso Filho 746
Taxa de financiamento de cana —
votes
dos Srs. Bezerra FUho e João Palmeira 401
Aumento de direitos sôbre o açúcar no
—T— México 699
TRABALHO _ V —
Organização, em Cuba, da "Caja de Retiro
y Assistência Social de Obreros y Em- VARIEDADES
pleados de la Indústria Azucarera" . 17
O salário do trabalhador na agro-Indús- Testes de variedades na Lusisiana 575
tria do açúcar
.
—
Vasconcelos Torres . 300 Teor de fibras de diferentes variedades . 742
AUSTRÁLIA CEARA'
Queda de sua produção açucareira 16 Decreto n.° 362, da Interventoria local, sô-
Repercussões da guerra na idústria açu- bre impostos "de vendas e consignações
careira de Queensland 174 a que estão sujeitos os agricultores e
Quatro novas distilarias de álcool 208 produtores 135
_E— — — I
ÍNDIA
EGITO
Produção de açúcar nas suas modernas fá-
Produção e preços do açúcar em 1943/44 . 248 bricas em
1941/42 176
Aproveitam.ento de melaços 230
ESTADO DO RIO DE JANEIRO
INGLATERRA
As três grandes fazendas dos jesuitas: Co-
légio, Muribeca e Santa Cruz, em Ma-
caé — Alberto Lamego 42 Situação do açúcar em Barbados 16
Idem, idem 186 Lucros de refinadores e distiladores em
Idem, idem 272 1943 —
Aquisição de açúcar colonial. . . 250
Sêca e praga na zona canavieira de Cam- Produção açucareira nas Antilhas Britâni-
pos 494 nicas 348
Os fazendeiros de Campos, no século pas- A indústria açucareira na Grã-Bretanha —
sado —
Alberto Lamego 554 Claude Golding . 522
Idem, idem 703
—M—
ESTADOS-UNIDOS
MARA^HIÃO
A broca nos canaviais da Luisiana 17
O açúcar de bôrdo em 1943 86 A curva da indústria açucareira maranhen-
Safra açucareira de 1943/44 —
Escassez se— Jerônimo de Viveiros 45
de açúcar 168 A curva da indústria açucareira maranhen-
Escassez no abastecimento açucareiro — se — Jerônimo de Viveiros 192
— Rendas de companhias refinadoras
—
Planificação para o após guerra . . . 249 MATO GROSSO
Venda de açúcar brasileiro à UNRRA . 340
Problemas do mercado de açúcar nos Es- Resolução n.° 91/44 da C.E., tornando ex-
tados-Unidos 346 tensiva a Mato Grosso a tabela de pa-
Suprimentos e procura de açúcar "349 gamento de cana do Estado de Santa
Distribuição de açúcar e consumo 519 Catarina 141
História açúcar
do na Paraiba — I — SÃO DOMINGOS
Ademar Vidal 718
História do açúcar na Paraíba — 11 — Movimento açucareiro em 1944
Queda na produção açucareira
'.
. . 250
522
Ademar Vidal 383
História do açúcar na Paraíba — III — SÃO PAULO
Ademar Vidal 559
—
.
redo Coutinho • •
711
sado —I 554
Idem, idem —11 — 703
LEITE (Serafim! Os jesuítas e a literatu- —
ra açucareira do Brasil
—C— LENOIR (Pierrel O álcool e a aviação.. —
283
50
III 549
do gado para corte . .
204 Idem, idem IV — 701
—D — N —
DUBEUX JÚNIOR (Luis) — A safra per-
nambucana de 1943/44 (entrevista) ... 456 NEUMANN G. (Ricardo) — A irrigação dos
canaviais —jBP^^^e 408
Idem, idem — «karte 532
__ G —
— J
GOLDING (Claude) A indústria açuca- p
reira na Grã-Bretanha .
'.
—
614
548
açúcar, e cana armazenada em hsistes e Bagaçose.
o pasto chato na alimentação de inverno PERDOMO (Eusébio Vicíedo) Indústria —
alcooleira de Cuba 415
do gado para corte
I
Inglês-Poríuguês |
s —
Por TEODORO CABRAL, autor do |
SODRE' VIANA — Recordações de um "ino- "Dicionário Comercial Inglês-Português". i
cente do canavial" — I 30
m
BANCO DO BRASIL
O maior estabelecimento de crédito do País
Agências e sub-agências em todas as capitais e principais cidades do Brasil,
Correspondentes nas demais e em todos os países do mundo.
1 %a a 4, !/2 . .
aviso prévio :
— de 30 dias 3,1/2% a. a.
— de 60 dias 4% a. a.
— de 90 dias 4,1/2% a. a.
— de 1 2 meses 5%a.a.
66 - RUA DE MARÇO
1.0 - 66
RIO DE JANEIRO
AGÊNCIAS METROPOLITANAS:
GLÓRIA - Pça. Duque de Caxias (Edf. Rosa) MADUREIRA R. Carvalho de Sousa, 299
-
AÇÚCAR
99
"PÉROLA
SâCO âzul
fábrictaS^
Cintâ encarnadâ.
rio de janeiro ^acôtes de í e 5
sao paulo
quilos Wà
SANTOS
TAU B ATÉ
JUIZ DE FORA
BELO HORIZONTE
NITERÓI
Esta Eevista foi composta e impressa nas of. d« Industrias Gráficas J. Lucena S/A — Eua Mayrlnk Veiga, 22 — Elo da Janeiro
ai