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O capítulo III retrata a infância de Carlos da Maia que é passada em Santa Olávia com o seu avô
e realça a diferença entre a educação inglesa e a educação tradicional. Melhor dizendo, neste
capítulo da obra Carlos da Maia conhece o Eusebiozinho, um rapaz tímido, frágil e estudioso
que recebeu uma educação tradicional e conservadora, ou seja, uma educação em casa que se
caracteriza pelo recurso à memorização e á aprendizagem de línguas como o latim e com
ausência de exercício físico. Contrariamente, descreve-se a educação liberal de Carlos, com um
professor inglês, o Sr. Brown que dá prioridade ao exercício físico, ao contacto com a natureza
a uma formação sólida e humanista e ao estudo das línguas vivas e às regras duras que Afonso
da Maia, o seu avô, impõe a Carlos. É sobretudo um capítulo de contraste entre as educações
tradicional e a inglesa. Neste episódio é descrita uma visita de Vilaça, administrador e
procurador dos Maias, à quinta de Santa Olávia e também ficamos a conhecer a Teresinha, a
primeira namorada de Carlos, a sua mãe e a sua tia. No final deste capítulo, Vilaça dá notícias
sobre Maria Monforte e a sua filha a Afonso da Maia, onde refere que a sua neta morreu em
Londres. Vilaça morre, sendo substituído pelo seu filho que passa a ser o administrador e
procurador da família. Alguns anos depois Carlos da Maia faz exame triunfal de candidatura
à universidade.
Análise de categorias:
Intenção crítica:
A educação é o tema central do capítulo. Desde logo porque condiciona o trajeto de vida de
várias personagens do romance. Ao longo da narrativa, equaciona-se o problema de apurar
qual o melhor modelo a seguir para educar um jovem português do século XIX. Há, portanto,
na obra uma crítica evidente ao modelo de educação português, que produz indivíduos de
carácter fraco, de condição débil e sem orientação prática para a vida. Mas há opiniões
contrárias.
Afonso da Maia considerava que a educação de uma criança não se deveria iniciar com o
estudo do latim, na medida em que, na sua opinião, não fazia sentido começar por ensinar a
uma criança acontecimentos do passado numa língua morta sem a fazer compreender
primeiro a realidade que a rodeia. Além disso, também acreditava que a preparação inicial de
uma criança devia visar que esta se desenvolvesse de forma saudável a nível físico. Afonso
afirmava portanto: pag.67. o latim era um luxo….
O abade Custódio considerava que aquele método educativo tornava as crianças atléticas, mas
não as preparava para viverem segundo os princípios do cristianismo. Na sua opinião, a moral
religiosa era fundamental para a formação de uma criança. Em contrapartida, Afonso
acreditava que era suficiente transmitir a Carlos a moral laica, ensinando-o a amar
intrinsecamente a virtude e não com o objetivo de obter uma recompensa ou por medo de ser
castigado na vida pós-morte, algo em que ele não acreditava.