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A discussão versa o ensinamento de princípios e valores éticos, por via laica ou religiosa.
Respeito por regras, sem proteção excessiva: dormir sozinho, obedecer a horários, ter uma
alimentação saudável, praticar muito exercício. Desenvolver a observação e o
conhecimento da realidade prática. Interiorizar a obediência a princípios éticos invioláveis.
Carlos é um homem formoso, belo, de ombros largos, cabelos pretos ondulados e tem uns
olhos de um negro líquido mas temos e graves. Tem a barba fina, castanho-escura,
aguçada no queixo com um bonito bigode arqueado aos cantos da boca. Como reitera Eça,
ele tinha uma fisionomia de “belo cavaleiro da Renasceça”. Carlos revela-se um homem
culto, de muitos interesses e com gostos bastante requintados. Todavia, as suas ambições
flutuavam, intensas e vagas. Vaidoso, revela que primeiramente tem intenção de descansar
mas logo, de seguida, tornar-se-á uma glória nacional. Dissipava-se facilmente por diversos
interesses, contudo, não se dedica profunda e verdadeiramente em nenhum. Considera que
a arte deve ser uma forma de puro lazer. Em suma, destaca-se na sua personalidade o
cosmopolitismo, o gosto pelo luxo e o diletantismo (capacidade de se fixar num só projeto
seriamente).
Eusébio
Não revela capacidade nem desenrasco para se defender e depende constantemente da
proteção dos que o rodeiam, sobretudo da Titi. Ele obedecia apenas quando era submetido
a chantagem emocional, demonstrando, deste modo, deformação de vontade própria.
Carlos
Carlos era reivindicativo, um pouco "insolente" (sobretudo para a Viscondessa). Apreciava
violentas lutas e de imaginar perigosas aventuras. Tenta constantemente impôr as suas
vontades, violando as leis morais, no entanto, vê-se constantemente obrigado a obedecer
às rigidas ordens de seu avô. Tem por hábito correr, cair, trepar às árvores, molhar-se e
apanhar soalheiras, assemelhando-se a um filho de caseiro. Verificámos, então, uma
valorização do contacto com a natureza. Ainda, era submetido a um dieta controlada e
rígida. Liberdade para brincar, estímulo da força física, da masculinidade.
Afonso da Maia - No que se refere ao respeito das regras, em defesa da saúde e da
educação do seu neto, ele é intransigente.
A falta de energia da criança é evidenciada por adjetivos como: mole, molengão, tristonho,
tenro, flácidas, lassa, lento e babujado, pendentes, mortiço.Também os verbos (por vezes
com associação do advérbio) e os diminutivos sublinham a mesma característica, associada
à excessiva proteção de que Eusebiozinho é vítima: preciosamente colocado, não se
descolava das saias da titi; a hipérbole, soltando gritos medonhos, uivos lancinantes, a
comparação, quieto como se fosse de gesso, como de uma torneira lassa, a metáfora, não
aluísse, completam a caricatura.
O uso de palavras do campo lexical do fogo para descrever as discussões travadas pelo
grupo vem na linha da «fornalha» inicial, sugerindo grande entusiasmo e convicção. Eram,
no entanto, estéreis (vão e inútil) e inconsequentes, desfaziam-se no ar.
São responsáveis pelo tom irónico: a caracterização de algumas das ocupações, como a
«ginástica científica», a esgrima entendida como «uma necessidade social», a duplicação
do adjetivo «sérios» a propósito de um jogo de cartas; de relevar o contraste entre a
designação de «literatos» e a sua postura, «estirados pelas poltronas», bem como entre o
teor revolucionário das ideias e o apreço pelo luxo dos privilegiados.
Expõe a tua opinião sobre o que o relato deixa antever do futuro profissional de
Carlos.
O relato antecipa a provável falta de dedicação de Carlos da Maia à sua carreira de médico.
2. Explica como este excerto é revelador dos sentimentos que Afonso nutre pelo
neto. A forma como Afonso se lhe refere, quando fala sobre Carlos aos amigos, o pulsar
forte do coração, quando observa a chegada do paquete, o seu olhar «risonho e húmido»,
que «transbordava de emoção», ao olhá-lo.
4. Carlos resume numa frase o que pretende fazer «passar a ser uma glória nacional»:
Carlos revela não saber o que pretende fazer e, também, dar grande importância ao
prestígio e à imagem pública.
4.2 Apresenta as razões que o impedem de cumprir esse desejo. Carlos não conseguia
focar-se num objetivo concreto. O que o motivava, além do genuíno desejo de ser útil, era a
vaidade.
8. Revela a influência do meio social sobre a vida profissional de Carlos. Carlos era
pouco procurado profissionalmente: apenas alguns estudantes com doenças venéreas,
pessoas do bairro, estimuladas pelos presentes de Afonso. Esse facto agia, naturalmente,
como desmotivação.
Temas do Realismo:
Temas do Naturalismo:
2. Título
A ação baseia-se na história de três gerações da família Maia: Afonso, Pedro e Carlos.
Tem como tela de fundo a sociedade Lisboeta, de grande parte do século XIX.
Este subtítulo remete para uma descrição do estilo de vida romântico, através da crónica de
costumes, da sociedade Lisboeta, particularmente, da aristocracia e da alta burguesia da
década de 70 do século XIX.
Nota: Eça terá pretendido construir uma caricatura literária da sociedade romântica de
Portugal do século XIX, espelhando os seus vícios burgueses, a estagnação tecnológica e
científica, o papel meramente ornamental e desinteressante da figura feminina, o atraso em
relação à cultura europeia, uma educação pouco prática e alienada de uma sociedade
industrial e a imitação desenquadrada de modelos e formas de estar pouco adequados ao
Portugal da época. O subtítulo adquire uma importância fundamental e foi nele que Eça de
Queirós terá cimentado os alicerces estruturais da sua intenção crítico-literária.
Afonso da Maia
Afonso da Maia constitui o ponto de equilíbrio dos Maias. É a ele que Pedro entrega Carlos
após a fuga de Maria, é ele quem Carlos interroga na esperança de que o avô desminta as
revelações de Guimarães.
Símbolo de Portugal libera da década de 1820, Afonso foi um jovem revolucionário que
sofreu o exílio, pela sua audácia ideológica. É ainda a encarnação do bom senso da
experiência, dos valores da nação e da raça, é alguém que defende o património portugês
face à descaracterização e à invasão das modas estrangeiras. Convive harmoniosamente
com várias gerações e vários tipos de formação, de que os serões nos Paços de Celas
(Coimbra) e no Ramalhete são exemplo.
Carlos da Maia
Personagem central, o percurso de Carlos abarca o seu período de formação em Santa
Olávia, submetido a uma rígida educação britânica (moderna e laica) até ao desencantado
passeio final, em que a sua única razão existencial parece ser “um grande prato de paio
com ervilhas”.
Vive de forma exacerbada e intensa e interessa-se por tudo e por nada ao mesmo tempo.
Carlos é o diletante culto, por excelência, que acaba por se deixar submergir pela modorra
da sociedade lisboeta em que vive, não sendo capaz de impedir que todos os seus projetos
se desmoronem, inclusive a sua paixão, embora esta última por razões que não conseguem
controlar.
Apesar da educação britânica, Carlos deixa-se influenciar pelo meio decadente em que se
instalou. No entanto, não consegue sobreviver fisicamente à tragédia que sobre ele se
abate. Dever-se-á ainda referir que o percurso existencial de Carlos pode ser o símbolo da
evolução da sociedade portuguesa após a Regeneração. Quando Portugal parecia estar a
entrar numa época diferente, pois acaba por cair no indiferentismo, num retrocesso
marcado por uma indefinição quanto ao futuro. Daí que se possa afirmar, parafraseando
João de Almeida Moura, que Os Maias são “um ensaio alegórico sobre a decadência da
nação.”
A intriga O romance d’ Os Maias, título que remete para o estudo desta família fidalga,
-Pedro casa com Maria Monforte; -Maria Monforte foge; -Pedro suicida-se.
-Carlos
A educação é outro tema da obra. Desde logo porque condiciona o trajeto de vida de várias
personagens do romance, como Carlos, Pedro da Maia e Eusebiozinho, mas também, pela
análise que o processo narrativo se encarrega de fazer, Maria Monforte e Dâmaso, entre
outras. Ao longo da narrativa, equaciona-se o problema de apurar qual o melhor modelo a
seguir para educar um jovem português do século XIX. (A educação era um tópico de
reflexão dos pensadores da Geração de 70, que acreditavam que ela podia ser a pedra
filosofal que resgataria o povo português do seu atraso e da sua decadência.)