Inserido em episódios da vida social, faz uma pintura da sociedade da sua
época, cenário fulcral para o enredo desta obra.
A critica social expõem defeitos humanos como o materialismo, a traição, a
corrupção, para além de defeitos de carácter e de personalidade.
O local onde se desenvolve a ação reveste-se de especial interesse por ser
onde Carlos vê Maria Eduarda pela primeira vez; Por ser o local onde se realiza o Jantar, preparado por Ega, em honra de Cohen, marido da amante; E marca a primeira reunião social da “elite” lisboeta em que Carlos participa.
O ambiente do jantar torna-se pesado devido às críticas feitas à situação
política e financeira da altura e ainda devido à disputa entre Ega e Alencar, uma vez que Ega defende os princípios doutrinais literários do Naturalismo e o Alencar do Romantismo.
Com este episódio da crónica de costumes, “O Jantar no Hotel Central”,
expõem-se a incoerência cultural do povo português e a decadência do país. João da Ega, defende que bancarrota e à invasão espanhola pudessem mostrar o estado em que se encontrava a nação e desta forma fazer algo para inverter o sentido da decadência o que na opinião de Ega se resolveria com o afastamento total da Monarquia e à instalação da República.
A crítica feita por Carlos à população, mostra incoerência da atribuição como
principal fator condicionante do estado da nação.
Em última análise, o episódio do jantar do Hotel Central representa o esforço
frustrado da camada social para assumir um comportamento digno e requintado. Educação em Os Maias
Com o objetivo de elaborar um retrato da sociedade, Eça de Queirós no
romance Os Maias, procura justificar a crise social, política e cultural a partir da formação do indivíduo. A educação assume-se assim como um dos principais fatores que justificam os comportamentos e mentalidades do Portugal romântico por oposição ao Portugal novo, voltado para o futuro. Fator de humanização, de socialização e de autonomia, que produz ou reproduz modelos sociais e políticos que propõem um sistema de valores e princípios que são a base de uma sociedade.
Na obra além de nos deparamos com dois sistemas educativos opostos,
podemos verificar ainda afloramento da educação, através das opiniões e cultura das personagens.
Pedro da Maia e Eusebiozinho protagonizam a educação tradicionalista e
conservadora, enquanto Carlos recebe a educação inglesa.
Defendem que incapacidade para enfrentar as contrariedades ou a capacidade
para se tornar interveniente na sociedade são as consequências imediatas dos processos educativos opostos.
A educação tradicionalista e conservadora caracteriza-se pelo recurso à
memorização; Primazia da cartilha apenas com os saberes e os valores aí insertos; A "moral do catecismo" e da devoção religiosa com a conceção punitiva do pecado; Defendem que o estudo do latim como língua morta; À fuga ao ar livre e ao receio do contacto com a Natureza.
A educação inglesa caracteriza-se por:
Desenvolvimento da inteligência graças ao conhecimento experimental; Desprezo da cartilha, embora defendam a honra e o cavalheirismo; Ginástica, vida ao ar livre e contacto direto com a Natureza; Gosto das línguas vivas.
A educação tradicionalista e conservadora desvalorizou a criatividade e o juízo
crítico, deformou a vontade própria, arrastou os indivíduos para a decadência física e moral. Ex: Em Pedro da Maia, por exemplo, levou-o a uma devoção histérica pela mãe e tornou-o incapaz de encontrar uma solução para a sua vida, quando Maria Monforte o abandonou; em relação à personagem Eusebiozinho, tornou- o "molengão e tristonho", arrastou-o para uma vida de corrupção, para um casamento infeliz e para a debilidade física.
A educação inglesa procurou "criar a saúde, a força e os seus hábitos",
fortalecendo o corpo e o espírito. Ex: Graças a ela, Carlos da Maia adquiriu valores do trabalho e do conhecimento experimental que o levaram a abraçar um curso de medicina e a projetos de investigação, de empenhamento na vida literária, cultural e cívica.
A vida de ociosidade de Carlos e o sequente fracasso dos seus projetos de
trabalho útil e produtivo não resultaram da educação, mas da sociedade em que se viu inserido.