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[Hotel Central

Episódio localizado no Capítulo VI

Inserido em episódios da vida social, faz uma pintura da sociedade da sua


época, cenário fulcral para o enredo desta obra.

A critica social expõem defeitos humanos como o materialismo, a traição, a


corrupção, para além de defeitos de carácter e de personalidade.

O local onde se desenvolve a ação reveste-se de especial interesse por ser


onde Carlos vê Maria Eduarda pela primeira vez;
Por ser o local onde se realiza o Jantar, preparado por Ega, em honra de
Cohen, marido da amante;
E marca a primeira reunião social da “elite” lisboeta em que Carlos participa.

O ambiente do jantar torna-se pesado devido às críticas feitas à situação


política e financeira da altura e ainda devido à disputa entre Ega e Alencar,
uma vez que Ega defende os princípios doutrinais literários do Naturalismo e o
Alencar do Romantismo.

Com este episódio da crónica de costumes, “O Jantar no Hotel Central”,


expõem-se a incoerência cultural do povo português e a decadência do país.
João da Ega, defende que bancarrota e à invasão espanhola pudessem
mostrar o estado em que se encontrava a nação e desta forma fazer algo para
inverter o sentido da decadência o que na opinião de Ega se resolveria com o
afastamento total da Monarquia e à instalação da República.

A crítica feita por Carlos à população, mostra incoerência da atribuição como


principal fator condicionante do estado da nação.

Em última análise, o episódio do jantar do Hotel Central representa o esforço


frustrado da camada social para assumir um comportamento digno e
requintado.
Educação em Os Maias

Com o objetivo de elaborar um retrato da sociedade, Eça de Queirós no


romance Os Maias, procura justificar a crise social, política e cultural a partir da
formação do indivíduo. A educação assume-se assim como um dos principais
fatores que justificam os comportamentos e mentalidades do Portugal
romântico por oposição ao Portugal novo, voltado para o futuro.
Fator de humanização, de socialização e de autonomia, que produz ou
reproduz modelos sociais e políticos que propõem um sistema de valores e
princípios que são a base de uma sociedade.

Na obra além de nos deparamos com dois sistemas educativos opostos,


podemos verificar ainda afloramento da educação, através das opiniões e
cultura das personagens.

Pedro da Maia e Eusebiozinho protagonizam a educação tradicionalista e


conservadora, enquanto Carlos recebe a educação inglesa.

Defendem que incapacidade para enfrentar as contrariedades ou a capacidade


para se tornar interveniente na sociedade são as consequências imediatas dos
processos educativos opostos.

A educação tradicionalista e conservadora caracteriza-se pelo recurso à


memorização;
Primazia da cartilha apenas com os saberes e os valores aí insertos;
A "moral do catecismo" e da devoção religiosa com a conceção punitiva do
pecado;
Defendem que o estudo do latim como língua morta;
À fuga ao ar livre e ao receio do contacto com a Natureza.

A educação inglesa caracteriza-se por:


Desenvolvimento da inteligência graças ao conhecimento experimental;
Desprezo da cartilha, embora defendam a honra e o cavalheirismo;
Ginástica, vida ao ar livre e contacto direto com a Natureza;
Gosto das línguas vivas.

A educação tradicionalista e conservadora desvalorizou a criatividade e o juízo


crítico, deformou a vontade própria, arrastou os indivíduos para a decadência
física e moral.
Ex: Em Pedro da Maia, por exemplo, levou-o a uma devoção histérica pela
mãe e tornou-o incapaz de encontrar uma solução para a sua vida, quando
Maria Monforte o abandonou; em relação à personagem Eusebiozinho, tornou-
o "molengão e tristonho", arrastou-o para uma vida de corrupção, para um
casamento infeliz e para a debilidade física.

A educação inglesa procurou "criar a saúde, a força e os seus hábitos",


fortalecendo o corpo e o espírito.
Ex: Graças a ela, Carlos da Maia adquiriu valores do trabalho e do
conhecimento experimental que o levaram a abraçar um curso de medicina e a
projetos de investigação, de empenhamento na vida literária, cultural e cívica.

A vida de ociosidade de Carlos e o sequente fracasso dos seus projetos de


trabalho útil e produtivo não resultaram da educação, mas da sociedade em
que se viu inserido.

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