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Maria

Maria de Noronha é a típica mulher-anjo romântica, filha de Manuel de Sousa


Coutinho e D. Madalena. Maria nasceu de um pecado, de um sentimento criticado aos olhos
da sociedade, por ser fruto de uma relação ilegítima. É nobre, visto que tem sangue da
família Vilhena e da Sousa.
A doença, tuberculose, e a fatalidade perseguem-na (curiosamente, Maria falece
com 13 anos, o número do azar na superstição popular).

Maria é uma jovem encantadora, frágil, delicada, aventureira e corajosa. É dotada de


"Formosura e engenho”.
Caracteriza-se:
● pela precocidade no desenvolvimento psicológico;
● Pela compreensão adulta das coisas. Segundo Telmo, “Compreende tudo”, “Mais do
que convém”, replica D.Madalena;
No discurso de Maria são utilizadas com bastante regularidade as reticências,
precisamente por Maria ser interrompida constantemente pela mãe, D. Madalena, pois esta
tem medo que a filha saiba de mais e não quer ser confrontada.

● Revela interesses intelectuais, como por exemplo, novelas de cavalaria e romances


populares, tendo acesso aos mistérios da vida.
● Presta culto a Camões, poeta profeta que “lia nos mistérios de Deus” e a D.
Sebastião por influência de Telmo.

Evidencia o idealismo político no combate à tirania dos governantes em nome do rei


estrangeiro, no entusiasmo posto na ideia e nas palavras com que visiona e esboça a
resistência contra a prepotência dos governadores que querem ocupar o palácio de Manuel;
Inferimos esta característica quando Maria incentiva o pai a incendiar o palácio.

● Caracteriza-se também por estar marcada pelo Destino: fragilidade de saúde


(tuberculose, doença incurável) e pela ilegitimidade do nascimento.
Consequentemente, adquire uma audição e visão bastante desenvolvidas devido à
doença romântica.
● Os sonhos de Maria são pressagiadores da ameaça que perturba o seu sono e, por
ter fé nas crenças populares, colhe flores, as «papoulas», para as colocar debaixo
do «cabeçal» e poder dormir tranquila. Daí a sua fantasia incontrolável e a sua
curiosidade invencível. Revela-se, assim, uma pessoa perspicaz, contemplativa e
propensa ao sonho.

● Apesar da sua força interior, não sobrevive ao desgosto de descobrir que é filha
ilegítima e morre em cena. “Morro de vergonha” são as suas últimas palavras.
Assim, constatam-se diversas características de um espírito adulto em Maria, que
confluem numa personagem pouco real, só entendida à luz do desvelo que Garrett votava a
sua filha Maria Adelaide e à condição social que, para a mesma, resultara da morte
prematura da mãe.

Ao realizar este trabalho, concluímos que Maria, uma menina de tenra idade, por
analogia aos jovens de 16 anos ou até mais velhos de hoje em dia, revela-se uma jovem
mais madura, com capacidades intelectuais muito mais desenvolvidas e culta, tendo em
conta a época em que vivia.

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