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2 Saber e poder: objectividade e manipulação do passado

Segundo Heidegger, a história seria não só a projecção que o Homem faz do presente no
passado, mas a projecção da parte mais imaginária do seu presente, a projecção no
passado do futuro que ele escolheu. Por outras palavras, a história seria o estudo do
passado, com vista a perspectivar o presente e o futuro do Homem de forma mais
objectiva.

A história pode ser estudada em duas vertentes: (i) a história da mente colectiva - é
essencialmente mítica, deformada, anacrónica, mas constitui o vivido desta relação
nunca acabada entre o presente e o passado; (ii) história reconstruida pelos historiadores
– que é vulgarizada visto que muitas vezes sofre manipulações. Deste modo, a história
deve esclarecer a memória e ajudá-la a rectificar os seus erros de forma objectiva e
imparcial, por parte do historiador, no tratamento das fontes com vista a reconstruir uma
história credível e livre de manipulações. Portanto, a imparcialidade do historiador
exige a sua honestidade.

Neste sentido, os principais meios de elementos que contribuem para a pressão social no
trabalho dos historiadores são: (i) A imagem que tem de si próprio (self-image) o grupo
social que o historiador interpreta, ao qual pertence ou está enfeudado; (ii) A sua
concepção das causas da mudança social; (iii) A perspectiva de mudanças sociais
futuras que o historiador julga prováveis ou possíveis e que orientam a sua interpretação
histórica.

Os historiadores podem fazer a verificação das obras e juízos históricos de três formas:
a) Através da pertinência das fontes usadas no último estágio de investigação b)
Questionando até que ponto estes juízos históricos se aproximaram de uma boa
integração de todos os dados históricos possíveis; c) Através da verificação da
rigoridade, coerência e (in) contrariedade dos modelos explícitos ou subjacentes de
explicação.

Para além da imparcialidade, o trabalho do historiador também exige objectividade


histórica (objectivo ambicioso) que se constrói pouco a pouco através de revisões
incessantes do trabalho histórico, laboriosas verificações sucessivas e acumulação de
verdades parciais, rectificação das sistematizações oficiais e pragmáticas do seu
passado, operadas pelas sociedades tradicionais.

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