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INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS DE DEFESA

“Tenente General Armando Emílio Guebuza”

Licenciatura em Ensino de História

História de Moçambique II – Séc. XVI até Séc. XIX

Resumo sobre a colonização da África do Sul

Discente: Esperança Bernardo Nhanombe

Maputo
2024
A colonização da África do Sul

A África do Sul, foi invadida pela primeira vez pelo explorador europeu Bartolomeu
Dias, que, em 1488, aportou à Ilha Robben, ao largo da actual Cidade do Cabo, na sua
abortada viagem para a Índia. A ilha foi, durante muitos anos, utilizada por navegadores
portugueses, ingleses e holandeses como posto de reabastecimento; em 1591, um grupo
de Khoi-khoi, cansados das práticas comerciais desleais dos europeus, atacou a Ilha
Robben, mas que acabou terminando num fracasso devido a sua inferioridade bélica.

Ao longo da sua história, a Africa do Sul, devido a sua localização geográfica e ricos
recursos naturais, foi motivo de cobiça de várias potências imperialistas da época,
tendo, por isso passado pelas colonizações neerlandesa e britânica.

 A Colonização Neerlandesa

Em 6 de Abril de 1652, Jan Van Riebeeck, da Companhia Holandesa das Índias


Orientais, promoveu a colonização da região e fundou a Cidade do Cabo no extremo sul
do continente, no sopé da Montanha da Mesa.

Durante os séculos XVII e XVIII, a Colónia do Cabo viu chegar e instalarem-se


calvinistas, principalmente dos Países Baixos, mas também da Alemanha, França,
Escócia e doutros lugares da Europa. Estes calvinistas não conseguiram "disciplinar" os
khoisan para as suas actividades agrícolas e quase os exterminaram nas guerras da
fronteira do Cabo, também conhecidas como Guerras dos Xhosa ou Guerras dos Cafres.
Então, começaram a importar escravos da Indonésia, de Madagáscar e da Índia. Os
descendentes destes escravos e dos colonos passaram a ser mais tarde conhecidos como
"malaios do Cabo" ("Cape Coloureds" ou "Cape Malays"), chegando a constituir cerca
de 50% da população da província do Cabo Ocidental.

 A Colonização Britânica

Os ingleses ocuparam a Cidade do Cabo em 1795, durante a Guerra Anglo-Holandesa.


Depois do breve período do domínio holandês entre 1803 e 1806, a cidade tornou-se
capital da colónia britânica do Cabo. Com a abolição da escravatura em 1835, levantou-
se uma disputa sobre a compensação que o governo britânico devia dar aos colonos pela
libertação dos escravos.
Muitos destes colonos de ascendência não-inglesa começaram a explorar e colonizar o
interior da África, num movimento que ficou conhecido como grande jornada (Great
Trek), os que partiam nessas migrações passaram a ser conhecidos como voortrekkers -
os "viajantes" -, e fundaram as suas próprias repúblicas, o Estado Livre de Orange
(Orange Free State, actualmente uma das províncias da África do Sul) e o Transvaal (a
"terra para além do rio Vaal") que, em 1857 se autoproclamou República Sul-Africana.
A incursão Voortrekker para a zona costeira do Natal foi repelida pelos Zulus
comandados por Dingane (irmão, herdeiro e, mais tarde, responsável pela morte de
Shaka). O império Zulu foi mais tarde conquistado pelos britânicos na Guerra Anglo-
Zulu.

 As Guerras Boers

A descoberta de diamantes em 1867 e de ouro, em 1886 aumentou a riqueza dos


colonos, que continuavam a imigrar para a África do Sul e intensificou a sujeição dos
nativos. Os bôeres resistiram aos britânicos na Primeira Guerra dos Bôeres (1880-81) e
uma das razões foi o facto destes colonos usarem fardamento cáqui, que é da cor da
terra, enquanto os britânicos usavam uniformes de cor vermelha, tornando-os alvos mais
fáceis para os atiradores bôeres.

A Segunda Guerra dos Bôeres teve a oposição do Partido Liberal no parlamento


britânico, que a considerava, não só desnecessária, mas também um desperdício de
fundos, mas as enormes reservas de ouro e diamantes presentes nas Repúblicas Bôeres
levaram os "Tories" a avançar com a guerra. A tentativa dos boers de conseguirem
apoio dos alemães do Sudoeste Africano deram aos britânicos mais uma razão para
controlar as Repúblicas Boers. Os britânicos mudaram de táctica, depois do fracasso do
"Jameson Raid", lançado contra o Transvaal a partir da vizinha Rodésia por forças
irregulares alinhadas com o rico comerciante de diamantes e Primeiro Ministro da
Colónia do Cabo Cecil Rhodes. A Segunda Guerra Boer deu-se entre 1899-1902,
quando as tropas britânicas já não usavam os seus uniformes vermelhos. Os boers
resistiram com tácticas de guerrilha, usando o seu conhecimento superior da terra, mas
os britânicos venceram-nos pela força do número e pela possibilidade de organizar mais
facilmente os abastecimentos.
Os britânicos encarceraram grandes números de civis bôeres, junto com os seus
trabalhadores negros, sem alimentação suficiente, nem cuidados médicos e queimaram
as quintas e as colheitas, num esforço para estancar a guerrilha boer. Os guerrilheiros
voltaram-se então contra as povoações dos nativos, antagonizando-os e forçando os
boers a lutar com eles, para além dos britânicos. Muitos afrikaners, chamados
pejorativamente "colaboracionistas" ("joiners") ou "derrotistas" ("hensoppers", em
afrikaans, ou "hands-uppers", em inglês) pelos outros afrikaners (os "bittereinders", em
afrikaans, ou "bitter-enders", em inglês, ou seja, "os que preferem o fim amargo"),
pensaram que era altura de entrar num acordo com os britânicos. Após prosseguirem
com a resistência por mais um ano, os "bittereinders" finalmente perceberam que a
nação boer seria completamente destruída se eles persistissem e assinaram um tratado
de paz com os britânicos em Pretória, a 31 de Maio de 1902, o Tratado de Vereeniging.

 A União Sul-Africana e o Apartheid

Depois de quatro anos de negociações, a União Sul-Africana foi criada a 31 de Maio de


1910, incluindo a Colónia do Cabo, a Colónia de Natal, a "Colónia do Rio Orange" (a
república boer do "Estado Livre de Orange" tinha sido assim renomeada quando da sua
tomada pelos britânicos durante a Segunda Guerra Boer), e o Transvaal, exatamente 8
anos depois do fim da Segunda Guerra Boer, com o estatuto de Domínio do Império
Britânico. Este foi o primeiro passo para a independência da África do Sul que, no
entanto, só teve lugar 51 anos mais tarde.

Embora o sistema colonial fosse essencialmente um regime racista, foi nesta fase que se
começaram a forjar as bases legais para o regime do apartheid. Por exemplo, na própria
constituição da União, embora fosse considerada uma república unitária, com um único
governo, apenas no Cabo os não brancos que fossem proprietários tinham direito ao
voto, porque os “estados-membros”, que passavam a ser considerados Províncias.

A primeira vez em que se encontra registada a palavra "apartheid" foi em 1917, num
discurso de Jan Smuts, que se tornou Primeiro-Ministro em 1919 (o primeiro tinha sido
Louis Botha). Estes dois políticos tinham fundado o Partido Sul-Africano, em 1910, que
governou a União até serem derrotados por Barry Hertzog do Partido Nacional, em
1924. Em 1934, os dois partidos uniram-se para formar o Partido Unido, tentando a
reconciliação entre os afrikaners e os brancos de origem inglesa.

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