Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O Conflito
Os Britânicos começaram a guerra confiantes, embora estivessem despreparados.[7] Os Bôeres
estavam bem armados e organizados e então resolveram atacar primeiro, cercando as cidades de
Ladysmith (em KwaZulu-Natal), Kimberley (em Cabo Setentrional) e Mahikeng (em North West)
já no começo de 1900, vencendo ainda batalhas em Colenso, Magersfontein e Stormberg.
Atordoados, os britânicos trouxeram mais tropas (incluindo da sua Commonwealth). O general
Redvers Buller foi então substituído pelos lordes Roberts e Kitchener no comando. As três cidades
cercadas foram libertadas e as duas nações Bôer (o Estado Livre de Orange e a República Sul-
Africana) foram ocupadas militarmente por tropas britânicas ao final do ano de 1900. Frente a
esses revezes, as forças bôeres modificaram sua estratégia e passaram a evitar grandes confrontos
tradicionais contra o Exército Britânico, adotando técnicas de guerrilha, mergulhando as forças
britânicas numa guerra de atrito sangrenta. Mesmo assim, os britânicos assumiram o controle de
boa parte do território da África do Sul, forçando a liderança política bôer local para o exílio.
Assim, a "guerra convencional" acabou. Em março de 1900, militares britânicos tomaram
Bloemfontein após vencerem a Batalha de Poplar Grove. Dois meses mais tarde, o Estado Livre de
Orange e Transvaal foram formalmente anexados pelas autoridades britânicas. Os esforços
britânicos foram ajudados por forças das colônias do Cabo e Natal, além de forças africanas
nativas e combatentes de todos os seus territórios ultramarinos (como australianos, canadenses,
indianos e neozelandeses). As grandes potências europeias declararam neutralidade, mas algumas
vocalizaram sua hostilidade aos britânicos, especialmente após as primeiras denúncias de crimes
contra a humanidade que estariam sendo perpetrados. Embora simpática ao público britânico no
começo, a guerra foi ficando cada vez mais impopular conforme os anos foram passando.[8]
Consequências
A Segunda Guerra Bôer jogou uma sombra na
história da África do Sul por muitas décadas. A
sociedade predominantemente agrária da antiga
república dos bôeres foi profunda e
fundamentalmente afetada pela política de terra
arrasada feita pelos lordes britânicos Roberts e
Kitchener. Os bôeres e os africanos negros sofreram
nos campos de concentração e milhares de pessoas
foram expulsas de suas casas e a falta de bens de
subsistência, como comida, levou a uma queda na
qualidade de vida da população, afetando a África
do Sul como um todo, demograficamente, de forma Mulheres e crianças bôeres num campo de
intensa. Muitos exilados e refugiados nunca concentração.
Para o Reino Unido, a Segunda Guerra dos Bôeres foi o conflito mais longo, mais caro (£ 200
milhões de libras gastos, ou quase £ 22 bilhões em valores de 2015) e mais sangrento travado pelo
país entre 1815 e 1914, com mais de 22 000 combatentes a serviço da Coroa mortos (a maioria
devido a doenças).[11]
Politicamente, a guerra foi muito popular no Reino Unido no começo, junto com vitórias em
outros conflitos e a rápida expansão colonial. O Partido Conservador então conquistou uma vitória
fácil nas eleições de 1895, capitalizando nesses sucessos. Com o conflito já a todo o vapor, o Lorde
Salisbury convocou novas eleições, em 1900, tentando capitalizar ainda mais nas notícias que
contavam a respeito de mais vitórias das tropas da Coroa nas colônias. A guerra ainda gerava
muito entusiasmo no povo britânico, o que garantiu outro triunfo eleitoral do governo conservador
inglês. Contudo, com a guerra se prolongando, Arthur Balfour substituiu Salisbury como primeiro-
ministro. Então, em 1906, os Conservadores foram arrasados na eleição para o Parlamento. O
arrastamento do conflito e as denúncias de crimes de guerra perpetrados pelos militares britânicos
contra civis, enojaram o povo inglês e acabou lançando a popularidade dos governantes britânicos
muito para baixo. Estes, porém, viram o perigo de ir a uma guerra sem aliados e a política de não
alinhamento começou a ser desmantelada, o que levaria o país a forjar alianças mais firmes, algo
que seria importante no desenrolar de eventos que levou a Primeira Grande Guerra.[12]
Imagens
Ver também
Primeira Guerra Boer
Referências
1. Gooch 2000, p. 92.
2. Raugh 2004, p. 51.
3. Jones, Huw M. (Outubro de 1999). Neutrality compromised: Swaziland and the Anglo-Boer
War, 1899–1902 (http://rapidttp.co.za/milhist/vol113hj.html). Military History Journal. 11. [S.l.:
s.n.]
4. Pakenham, Thomas (1970). The Scramble for Africa: The White Man's Conquest of the Dark
Continent from 1876 to 1912 (em inglês). Londres: Random House. pp. 489–490. ISBN 0-349-
10449-2
5. Berger, Carl (1970). The Sense of Power; Studies in the Ideas of Canadian Imperialism: 1867–
1914. [S.l.]: University of Toronto Press. pp. 233–34. ISBN 978-0-8020-6113-3
6. «South African War (British-South African history)» (http://www.britannica.com/EBchecked/topi
c/555806/South-African-War). Encyclopædia Britannica (em inglês). Britannica.com. 31 de
março de 2011. Consultado em 23 de julho de 2013
7. Millard, Candice (2016). Hero of the Empire: The Boer War, a daring escape, and the making
of Winston Churchill (https://www.amazon.com/Hero-Empire-Daring-Winston-Churchill/dp/0385
535732). New York: Doubleday. ISBN 9780385535731. Consultado em 14 de abril de 2017
8. «Case Name: Anglo-Boer: Britain's Vietnam (1899–1902)» (https://web.archive.org/web/20161
027014601/http://www1.american.edu/ted/ice/boerwar.htm). American University of
Washington D.C Trade Environment projects. Consultado em 17 de junho de 2018. Arquivado
do original (http://www1.american.edu/ted/ice/boerwar.htm) em 27 de outubro de 2016
9. Judd, Denis; Surridge, Keith (2013). The Boer War: A History 2ª ed. Londres: I. B. Tauris.
ISBN 978-1780765914
10. Onselen, Charles van (1982). "Capítulo 1: New Babylon". Studies in the Social and Economic
History of the Witwatersrand, 1886–1914. Londres: Longman. ISBN 9780582643840.
11. Pakenham, Thomas (1979). The Boer War (https://books.google.com/?id=aoFzAAAAMAAJ).
New York: Random House. ISBN 0-394-42742-4
12. Onselen, Charles van (1982). «Chapter 1:New Babylon». Studies in the Social and Economic
History of the Witwatersrand, 1886–1914. London: Longman. ISBN 9780582643840
Bibliografia
Gooch, John. The Boer War: Direction, Experience, and Image. Routledge, 2000. ISBN
071465101X. ISBN 9780714651019.
Raugh, Harold E. The Victorians at War, 1815-1914: An Encyclopedia of British Military
History. ABC-CLIO, 2004. ISBN 1576079252. ISBN 9781576079256.
Ligações externas
The Boer War (https://www.youtube.com/watch?v=WCsm4HvzRQo&list=PLieZXU6naIJK9dW
4WowLHxDuHJ8aQN_Q7), uma série documental em 2 partes exibida na televisão britânica
(1999).
Americanhistoryprojects.com: links to books & articles on Second Boer War (http://www.americ
anhistoryprojects.com/downloads/military.htm#H.) (em inglês)
Scrapbook of Boer War, MSS P 456 (http://archives.lib.byu.edu/repositories/14/resources/774
8) at L. Tom Perry Special Collections, Harold B. Lee Library, Brigham Young University (em
inglês)
The Concentration Camps 1899 - 1902 por Hennie Barnard (http://www.boer.co.za/boerwar/hel
lkamp.htm) (em inglês)
British Commanders of the Boer War, Link (em inglês)
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Segunda_Guerra_dos_Bôeres&oldid=67841211"