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Biografia
Nascimento e juventude
Adam Smith era filho de Margaret Douglas e de um advogado, funcionário público também de
nome Adam Smith, tendo nascido em Kirkcaldy, Fife, na Escócia.[8] A data exata do seu
nascimento é desconhecida. Sabe-se que seu batismo foi registado em 5 de Junho de 1723 em
Kirkcaldy. Seu pai faleceu antes do nascimento do filho.[3][9] Apesar de poucos acontecimentos da
juventude de Smith serem conhecidos, o jornalista escocês e biógrafo de Smith, John Rae registou
que Smith teria sido raptado aos quatro anos e libertado logo quando o procuraram e acharam. Em
Life of Adam Smith, Rae escreve: "Em seu quarto ano, durante uma visita à casa de seu avô, em
Strathendry nas margens do Leven, Smith foi roubado por uma banda de passagem de ciganos, e
por um tempo não pôde ser encontrado. Mas, um cavalheiro afirmou que havia encontrado uma
cigana a poucos quilômetros pela estrada carregando uma criança que chorava copiosamente.
Guardas foram enviados imediatamente na direção indicada, e eles se depararam com a mulher,
que os avistando jogou a criança no chão e fugiu. Smith foi trazido, assim, de volta à sua mãe.[10]
Smith era próximo da sua mãe, que o encorajou a seguir os seus desejos de se tornar um
acadêmico.[11] Frequentou o Burgh School of Kirkcaldy — caracterizado por Rae como "uma das
melhores escolas secundárias da Escócia daquele período" — entre 1729 e 1737.[10] Na sua estadia
nesse estabelecimento de ensino, Smith estudou latim, matemática, história, e escrita.[11]
Educação formal
Aos 14 anos, Smith matriculou-se na Universidade de Glasgow, onde estudou Filosofia moral com
o "inesquecível" Francis Hutcheson.[12] Em 1740, entrou para o Balliol College da Universidade de
Oxford, mas, como disse William Robert Scott, "(…) Oxford deste tempo deu-lhe pouca ajuda (se é
que a deu) para o que viria a ser a sua obra." e acabou por abdicar da sua bolsa em 1746. Em 1748
começou a dar aulas em Edimburgo sob o patronato de Lord Kames. Algumas destas aulas eram
de retórica e de literatura, mas mais tarde dedicou-se à cadeira de "progresso da opulência", e foi
então, em finais dos anos 1740, que ele expôs pela primeira vez a filosofia econômica do "sistema
simples e óbvio da liberdade natural" que ele viria a proclamar na sua Investigação sobre a
Natureza e a Causa da Riqueza das Nações.
Tem havido uma controvérsia considerável quanto a saber se há ou não uma contradição ou
contraste entre a ênfase de Smith na empatia (ou compaixão) como motivação humana
fundamental em "sentimentos morais", e o papel essencial do auto-interesse na "riqueza das
nações". Este parece colocar mais ênfase na harmonia geral dos motivos e atividades humanas sob
uma providência benigna no primeiro livro, enquanto que no segundo livro, apesar do tema geral
da "mão invisível" promovendo a harmonia de interesses, Smith encontra mais ocasiões para
apontar causas de conflitos e o egoísmo estreito da motivação humana.
Smith começava agora a dar mais atenção à jurisprudência e à economia nas suas aulas, e menos
às suas teorias de moral. Esta ideia é reforçada pelas notas tomadas por um dos seus alunos por
volta de 1763, mais tarde editadas por Edwin Cannan Aulas de justiça, polícia, rendimento e
armas, 1896, e pelo que Scott, que o descobriu e publicou, descreve em "Um esboço inicial de
parte da Riqueza das Nações" ("An early draft of part of the Wealth of Nations"), datado de 1763.
No final de 1763, Smith obteve um posto bem remunerado como tutor do jovem duque de
Buccleuch e deixou o cargo de professor.
De 1764 a 1766, viajou com o seu protegido, sobretudo pela França, onde veio a conhecer líderes
intelectuais como Turgot, d'Alembert, André Morellet, Helvétius e, em particular, François
Quesnay.
Depois de voltar para Kirkcaldy, dedicou muito do seu tempo nos dez anos seguintes à sua
magnum opus, que surgiu em 1776.
Personalidade
Pouco se sabe sobre as visões pessoais de Smith além do que pode
ser deduzido de suas publicações. Seus escritos pessoais foram Túmulo de Adam Smith, em
destruídos após sua morte a seu pedido. Ele nunca se casou, parece Edimburgo.
ter tido uma relação estreita com sua mãe, com quem viveu após seu
retorno da França e que morreu seis anos antes de sua própria
morte.
Smith foi descrito pela maioria de seus contemporâneos e biógrafos comicamente como um
distraído, com uma peculiaridade na fala e ao andar, e portador de um indescritível sorriso. Tinha
mania de conversar consigo mesmo, um hábito que começou durante sua infância, quando ele
sorria na conversa extasiada com companheiros invisíveis. Ocasionalmente também tinha doenças
imaginárias. Também foi descrito envolto em altas pilhas de livros em seus momentos de estudo.
De acordo com algumas histórias, Smith disse a Charles Townshend que em uma visita a uma
fábrica de couros, enquanto discutia sobre o livre mercado, sem perceber, caiu em um buraco de
cortume, onde precisou de ajuda para sair. Certa vez disse que, também devido à sua distração,
colocou pão com manteiga dentro de um bule e ao beber aquela mistura, declarou ter bebido o pior
chá já feito por ele. Em outro conto, Smith disse ter se distraído em uma caminhada e só percebeu
que atravessara 24 quilômetros para fora da cidade, e só retornou à realidade após os sinos de uma
igreja próxima o tocarem.
James Boswell, que foi um estudante de Smith na Universidade de Glasgow e mais tarde seria seu
companheiro em um clube literário, disse que Smith pensava que ao falar sobre suas ideias
poderia reduzir a venda de seus livros, o que fazia de suas falas discursos[16] inexpressivos. De
acordo com Boswell, ele certa vez disse a Sir Joshua Reynolds que "Quando em companhia tinha
uma regra, jamais falar sobre o que entendido por ele".
Adam Smith sabia que estas restrições acabariam por resultar na revolta dos americanos.[carece de
fontes?] A solução de Adam Smith para as colónias americanas era fomentar o livre comércio,
acabar com os pesados impostos aduaneiros e restrições comerciais e oferecer às colônias uma
representação política no parlamento de Westminster.
Obra
Nos seus últimos anos de vida, Smith compôs manuscritos para dois grandes tratados que
esperava publicar, um sobre a teoria e história do Direito e outro sobre ciências[17] e artes. Pouco
antes da sua morte, porém, Smith ordenou que seus manuscritos fossem destruídos, com exceção
de alguns poucos textos avulsos, que seriam publicados postumamente em 1795, no volume Essays
on philosophical subjects (Ensaios sobre temas filosóficos).
Um dos aspectos mais importantes ressaltados aqui por Adam Smith é o caráter democrático. A
economia, na forma como Smith a via, como era o caso do comércio, tinha como efeito positivo a
liberação dos pobres de sua dependência em relação aos ricos. Smith não utilizava a divisão de
classes, mas partia de uma estrutura baseada na origem da renda obtida e, nesse sentido, os
trabalhadores não seriam a classe inferior, mas a intermediária, pois seriam os parceiros mais
diretos no empreendimento econômico, de tal forma que jamais se poderia violar o sagrado direito
de propriedade deles sobre seu trabalho. O comércio também é visto como um impulso natural, o
que tornaria um traço elementar e "comum a todos os homens",[20] e que faria do trabalhador um
ser moral, da mesma forma que os sentimentos morais formavam a base de uma sociedade boa e
justa. A noção preponderante em Smith sobre a natureza humana seria a da igualdade, não a
política ou econômica, tampouco a sociedade, mas uma igualdade básica entre os homens, os
quais, por meio da educação poderão se tornar, inclusive, filósofos.[21]
Tem havido alguma controvérsia sobre a extensão da originalidade de Smith em A Riqueza das
Nações; alguns argumentam que esta obra acrescentou pouco às ideias estabelecidas por
pensadores como David Hume e Montesquieu. No entanto, ela permanece como um dos livros
mais influentes neste campo até hoje.
A obra de Smith é aclamada quer pelo mundo acadêmico como na prática. O primeiro-ministro
britânico William Pitt, a braços com a derrocada econômica e social dos anos que se seguiram à
independência americana, foi um partidário do comércio livre e chamou A Riqueza das Nações de
"a melhor solução para todas as questões ligadas à história do comércio e com o sistema de
economia política".
A obra A Riqueza das Nações popularizou-se pelo uso da expressão da mão invisível do mercado.
Segundo Adam Smith os agentes econômicos atuando livremente chegariam a uma situação de
eficiência, dispensando assim a ação do Estado para esse efeito. Assim, atuando de forma livre, os
mercados seriam regidos como se por uma mão invisível que o regula automaticamente sempre
chegando à situação ótima ou de máxima eficiência. Curiosamente a expressão aparece apenas
uma vez na obra A Riqueza das Nações. Hoje, a teoria da mão invisível tem aplicações em muitos
campos da economia.[25]
Apesar disso, ele era por vezes tolerante à intervenção estatal nos bancos[26] no combate à
pobreza, e na promoção da equidade, se as regulações apoiassem o trabalhador.[27][28] Também
nessa obra, ele se mostra a favor das moedas nacionais, reguladas pelo Estado e que fossem
emitidas em função da mais-valia e não em função da dívida.[29] Ele também afirma que o
principal problema das relações econômicas da época era a falta de probidade e de pontualidade, o
que gerava uma crise de confiança[30] e defendia uma regulação no mercado financeiro.[31] Ele
ainda foi crítico da guerra.[7]
Muitos críticos veem incoerência entre o filósofo moral e o economista político, muito embora
vários dos elementos de A Riqueza das Nações (1776) já estariam presentes em A Teoria dos
Sentimentos Morais (1759). Alguns autores alegam que a obra de economia refutava as ideias
morais, ou, ao menos, retirava da teoria econômica os aspectos morais da primeira obra.[21]
Outra crítica sobre o conceito da mão invisível seria a de que ela traria muita liberdade ao
indivíduo, o que seria uma forma de sancionar as ações daqueles que tinham vistas apenas ao
interesse próprio, não sendo, assim, a propriedade à promoção do interesse de uma coletividade.
Essa ideia, que é em geral citada a partir de A Riqueza das Nações, já estava presente n'A Teoria
dos Sentimentos Morais, com a mesma forma e o mesmo sentido.[34]
De opiniões divergentes, outros pensadores alegam que o conceito de Smith caminha, antes, na
direção do encontro de múltiplos interesses individuais, o que seria a forma mais segura para
promover o bem coletivo, materializado no incremento da riqueza da nação, entendida aqui como
o povo que a compunha, como as pessoas que “vivem e trabalham na sociedade”.[35] A riqueza
desse povo é que seria aumentada a partir de uma política econômica que privilegiasse a liberdade.
Smith era da opinião de que o aumento da riqueza individual (salários mais elevados) seria um
fator de estímulo ao maior envolvimento com o trabalho, o que teria como consequência o
aumento geral da riqueza de todos. A busca da melhoria de vida em uma economia mercantilista
faria parte de uma visão que valoriza a liberdade acima de tudo em seus diversos aspectos: não
apenas a liberdade econômica, mas também civil e religiosa.[36] A liberdade seria, assim, o maior
estímulo ao comércio.[21]
Ver também
Capitalismo
David Ricardo
Iluminismo
John Stuart Mill
Notas
1. A data exata de nascimento de Adam Smith é desconhecida. 5 de junho de 1723 é a data em
que ele foi batizado,[3] quando o Reino da Grã-Bretanha ainda adotava o Estilo Antigo de
Datação. O Calendário Gregoriano seria adotado trinta anos depois.
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Ligações externas
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