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A história do pensamento econômico pode ser dividida, grosso modo, em três períodos: Pré-
moderno (grego, romano, árabe), Moderno (mercantilismo, fisiocracia) e Contemporâneo (a partir
de Adam Smith no final do século XVIII). A análise econômica sistemática tem se desenvolvido
principalmente a partir do surgimento da Modernidade.
Aristóteles
Idade média
Mercantilismo e nacionalismo
Do localismo da Idade Média, os senhores feudais em declínio, novas estruturas econômicas
nacionais começaram a se fortalecer. A partir de 1492 e das explorações, como as viagens de
Cristóvão Colombo, novas oportunidades para o comércio com o Novo Mundo e a Ásia se abriram.
Novas e poderosas monarquias queriam um estado poderoso para aumentar seu status. O
mercantilismo foi um movimento político e uma teoria econômica que defendia o uso do poder
militar para assegurar mercados locais e proteger as fontes de matérias-primas. Os teoristas
mercantis achavam que o comércio internacional poderia não beneficiar todos os países ao mesmo
tempo. Como o dinheiro e o ouro eram as únicas fontes de riqueza, havia uma quantidade limitada
de recursos a ser dividida entre os países. Desse modo, as tarifas poderiam ser usadas para
encorajar a exportação (o que significa mais dinheiro entrando no país) e desencorajar a
importação (enviando riqueza para o exterior). Em outras palavras, uma balança comercial
positiva deveria ser mantida, com um excedente de
exportações. O termo mercantilismo na verdade não havia sido
cunhado até o final de 1763, por Victor Riqueti de Mirabeau e
popularizado por Adam Smith, que se opunha vigorosamente a
suas ideias.
Thomas Mun
Jean-Baptiste Colbert
Iluminismo britânico
A Grã-Bretanha havia passado por algumas de suas épocas mais turbulentas no século XVII,
fortalecendo não apenas a divisão política e religiosa na guerra civil inglesa, a execução de Carlos I
e a ditadura Cromwelliana, mas também as pragas e incêndios. A monarquia foi restaurada por
Carlos II, que era simpático aos católicos, mas seu sucessor Rei Jaime II foi deposto rapidamente.
O protestante Guilherme de Orange e Maria foram convidados para tomar o seu lugar, assinando a
Declaração de Direitos de 1689 e assegurando que o Parlamento fosse dominante no que foi
conhecida como a Revolução Gloriosa. A revolta tinha visto um grande número de grandes avanços
científicos, incluindo a descoberta de Robert Boyle da constante de pressão do gás (1660) e a
publicação de Sir Isaac Newton, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica (1687), que
descrevia as três leis do movimento e de sua lei da gravitação universal. Todos esses fatores
estimularam o avanço do pensamento econômico. Por exemplo, Richard Cantillon (1680–1734)
conscientemente imitou as forças de inércia e gravidade de Newton no mundo natural e as replicou
sobre a razão humana e a competição de mercado no mundo econômico.[9] Em seu Essay on the
Nature of Commerce in General, ele argumentou que o auto-interesse racional em um sistema de
mercados livres levaria à ordem e preços mutuamente compatíveis. Ao contrários dos pensadores
mercantilistas, no entanto, a riqueza não era encontrada no comércio, mas no trabalho humano. A
primeira pessoa a utilizar essas ideias em uma estrutura política foi John Locke.
John Locke
Locke estava argumentando que não apenas o governo deveria cessar a interferência na
propriedade das pessoas (em suas "vidas, liberdades, estados") mas também que isso deveria
funcionar positivamente para assegurar sua proteção. Suas opiniões sobre preço e dinheiro foram
deixadas em uma carta a um deputado em 1691, intitulada Some Considerations on the
Consequences of the Lowering of Interest and the Raising of the Value of Money (1691). Nela,
Locke argumentava que o "preço de qualquer matéria-prima aumenta ou diminui, na proporção do
número de compradores e vendedores," uma regra que "existe universalmente para todas as coisas
que são compradas e vendidas".[12]
Dudley North
David Hume
Dudley North argumentou que os
resultados da política mercantilista
David Hume (1711–1776) concordava com a filosofia de North e
seriam indesejáveis.
denunciou as suposições mercantilistas. Suas contribuições
foram estabelecidas em Discursos Políticos (Political
Discourses, 1752), e mais tarde consolidadas em seu Essays, Moral, Political, Literary (1777).
Além do fato de que era indesejável a obtenção de uma balança comercial favorável, ela também
era impossível, segundo Hume. Ele afirmou que qualquer excedente de exportações que poderia
ser alcançado seria pago pelas importações em ouro e prata. Isto aumentaria o dinheiro circulante,
causando a elevação dos preços. Isso, por sua vez, causaria um declínio nas exportações até que o
balanço se restaurasse com as importações.
O fluxo circular
Da mesma forma desencantado com a regulação sobre o comércio inspirado pelo mercantilismo,
um francês chamado Vincent de Gournay (1712-1759) é considerado o homem que perguntou por
que é tão difícil exercer a política do laissez-faire, laissez passer (livre empreendedorismo, livre
comércio). Ele foi um dos primeiros fisiocratas, uma palavra vinda do grego e que significa
"governo da natureza", que defendiam que a agricultura era a fonte da riqueza. Como o historiador
David B. Danbom escreveu, os fisiocratas "culpavam as cidades por sua artificialidade e pediam um
estilo de vida mais natural. Eles celebravam os agricultores."[13] No final do século XVII e começo
do século XVIII, foram alcançados grandes avanços nas ciências naturais e anatomia, incluindo a
descoberta do sistema circulatório no corpo humano. Esse conceito foi espelhado na teoria
econômica dos fisiocratas, com a noção de um fluxo circular de renda na economia.
François Quesnay (1694–1774) era o físico da corte do Rei Luís XV de França. Ele acreditava que o
comércio e indústria não eram fontes de riqueza e, ao invés disso, em seu livro Tableau
Économique (1758), argumentou que os excedentes da agricultura, ao fluir pela economia na forma
de renda, salários e compras, era os reais motores econômicos. Primeiramente, Quesnay disse que
a regulação impede o fluxo de renda por todas as classes sociais e, portanto, o desenvolvimento
econômico. Em segundo lugar, os impostos sobre as classes produtivas, tais como os agricultores,
deveriam ser reduzidos em favor dos aumentos das classes improdutivas, tais como os
proprietários de terra, visto que seu estilo de vida luxuoso distorce o fluxo de renda.
Anne Robert Jacques Turgot (1727–1781) nasceu em Paris e era
de uma antiga família normanda. Sua obra mais conhecida,
Réflexions sur la formation et la distribution des richesses
(1766, Reflexões sobre a Formação e Distribuição de Riqueza)
desenvolveu a teoria de Quesnay de que a terra é a única fonte
de riqueza. Turgot via a sociedade em termos de três classes: a
classe agrícola produtiva, a classe dos artesãos assalariados
classe stipendice) e a classe dos proprietários de terra (classe
disponible). Ele argumentava que apenas o produto líquido da
terra deveria ser taxado e defendia a liberdade completa do
comércio e indústria. Em agosto de 1774, Turgot foi nomeado
Ministro das Finanças e no intervalo de dois anos introduziu
muitas medidas antimercantilistas e antifeudais apoiadas pelo
Rei. Uma afirmação de seus princípios, dado ao rei, era "sem
falência, sem aumentos de impostos, sem empréstimos". O Pierre Samuel du Pont de Nemours,
último desejo de Turgot era ter uma única taxa sobre a terra e um proeminente fisiocrata
abolir todos os outros impostos indiretos, mas as medidas que emigrante dos Estados Unidos,
ele havia introduzido antes sofreram forte oposição dos fundou com seu filho a DuPont, a
interesses dos proprietários de terra. Dois decretos em segunda maior empresa química do
particular, um que suprimia a corveia (taxa de fazendeiros para mundo.
aristocratas) e outro que acabava com privilégios dados às
guildas, inflamaram a opinião pública. Ele foi forçado a
renunciar em 1776.
Contexto
William Pitt, o Primeiro-ministro no final da década de 1780, baseou suas propostas tributárias
nas ideias de Smith e defendeu o livre-comércio como um discípulo devoto de A Riqueza das
Nações.[15] Smith foi nomeado comissário da Vossa Majestade e por vinte anos Smith foi seguido
pela nova geração de escritores que almejavam a construção da ciência da economia política.[14]
Smith expressou uma afinidade às opiniões de Edmund Burke, conhecido abertamente como um
filósofo político e deputado.
"Burke é o único homem que já conheci que pensa nos
assuntos econômicos exatamente como eu penso sem
qualquer comunicação prévia entre nós".[16]
A mão invisível
"Não é da benevolência do açougueiro, do
Smith defendia um "sistema de liberdade natural"[18] cervejeiro ou do padeiro que esperamos
onde o esforço individual era o produtor do bem nosso jantar, mas de seu interesse próprio.
Dirigimo-nos, não à sua humanidade, mas
social. Smith acreditava que até os egoístas na para o seu amor próprio, e nunca falamos
sociedade são mantidos sob controle e trabalham das nossas próprias necessidades, mas
pelo bem de todos quando agem em um mercado das suas vantagens."[17]
competitivo. Os preços, na maioria das vezes, não Afirmação famosa de Adam Smith sobre
representavam o verdadeiro valor de bens e serviços. interesse próprio
Após John Locke, Smith pensava que o verdadeiro
valor das coisas derivava da quantidade de trabalho investido nelas.
"Todo homem é rico ou pobre de acordo com o grau em que ele pode se dar ao luxo
de desfrutar as coisas necessárias, conveniências e diversões da vida humana. Mas
depois que a divisão do trabalho passou a ocorrer, é apenas uma pequena parte dele
com o qual o trabalho do próprio homem pode supri-lo. Em sua maior parte ele
deve derivar do trabalho das outras pessoas, e ele deve ser rico ou pobre de acordo
com a quantidade de trabalho que ele pode comandar, ou que ele pode se dar ao
luxo de comprar. O valor de qualquer mercadoria, portanto, para a pessoa que o
possui, e que não pretende usá-lo ou consumi-lo, mas sim trocá-lo por outras
mercadorias, é igual a qualquer coisa, o que todas as coisas realmente custam ao
homem que necessita adquiri-la, é o trabalho e as dificuldades de adquiri-lo."[19]
Limitações
A existência de monopólios e cartéis, que mais tarde iriam formar o núcleo da política do direito da
concorrência, poderia distorcer os benefícios dos mercados livres às custas da soberania do
consumidor.
Jeremy Bentham
Jean-Baptiste Say
Thomas Malthus
Thomas Malthus (1766–1834) foi um ministro conservador do Parlamento do Reino Unido que,
contrastando com Bentham, acreditava na abstenção absoluta do governo dos males sociais.[32]
Malthus devotou o último capítulo de seu livro Principles of Political Economy (1820) para refutar
a lei de Say, e argumentou que a economia poderia estagnar com uma falta de "demanda
efetiva".[33] Em outras palavras, os salários, se forem menores que os custos totais de produção,
não conseguem comprar o produto total da indústria e isso causaria a diminuição dos preços. A
queda no preço diminui o incentivo ao investimento, e a espiral continuaria indefinidamente.
Malthus é mais conhecido, no entanto, por sua obra anterior, An Essay on the Principle of
Population. Ele argumentava que a intervenção era impossível devido a dois fatores. "O alimento é
necessário para a existência do homem," escreveu Malthus. "A paixão entre os sexos é necessária e
permanecerá aproximadamente em seu estado atual," ele afirmou, dizendo que o "poder da
população é infinitamente maior que o poder da Terra de produzir subsistência para o homem."[34]
Não obstante, o crescimento populacional é marcada pela "miséria e pelo vício". Qualquer aumento
nos salários das massas causaria apenas um crescimento temporário na população, que, dadas as
restrições na oferta da produção da Terra, levaria à miséria,
vícios e reajustes em direção à população original.[35]
Entretanto, mais trabalho poderia significar mais crescimento
econômico, sendo que um dos quais seria capaz de ser
produzido por uma acumulação de capital.
David Ricardo
Para adiar o estado estacionário, Ricardo defende a promoção do comércio internacional para se
importar trigo a um baixo preço para combater os proprietários de terra. A Corn Laws da
Inglaterra foi aprovada em 1815, definindo um sistema flutuante de tarifas para estabilizar o preço
do trigo no mercado doméstico. Ricardo argumentou que o aumento nas tarifas, apesar de visar
beneficiar a renda dos agricultores, produziria meramente um aumento nos preços das rendas da
terra que iriam para os bolsos dos proprietários de terra.[38] Além disso, o trabalho a mais seria
empregado, levando a um aumento no custo dos salários e, portanto, reduzindo as exportações e os
lucros provenientes dos negócios exteriores. A economia, para Ricardo, se restringia à relação
entre três "fatores de produção": terra, trabalho e capital. Ricardo demonstrou matematicamente
que os ganhos com o comércio poderiam compensar as vantagens percebidas pela política
protecionista. A ideia da vantagem comparativa sugere que mesmo se um país é inferior, em
relação a outro, na produção de todos os bens, ele ainda pode se beneficiar da abertura de suas
fronteiras, visto que o influxo de bens produzidos com menor custo do que em casa produz um
ganho para os consumidores domésticos.[39] De acordo com Ricardo, esse conceito levaria a um
deslocamento nos preços, de modo que, eventualmente, a Inglaterra produziria bens nos quais
suas vantagens comparativas fossem mais altas.
"Eu confesso que não estou encantado com o ideal de vida sustentado por aqueles
que pensam que o estado normal do ser humano é o de lutar para alcançá-lo, em
que o atropelamento, esmagamento e cotoveladas uns nos outros, que forma o tipo
existente de vida social, é o destino mais desejável da espécie humana, ou qualquer
coisa senão os sintomas desagradáveis de uma das fases do progresso industrial.[45]
Mill também é creditado por ser a primeira pessoa a falar sobre oferta e demanda como uma
relação ao invés de meras quantidades de bens no mercado,[46] o conceito de custo de
oportunidade e a rejeição da doutrina do fundo salarial.[47]
Capitalismo e Marx
Assim como o termo "mercantilismo" foi cunhado e popularizado por seus críticos, como Adam
Smith, ocorreu o mesmo com o termo "capitalismo" ou Kapitalismus, usados por seus dissidentes,
principalmente por Karl Marx. Karl Marx (1818–1883) era, e de muitas formas ainda permanece
como, um economista socialista proeminente. Sua combinação de teoria política representada no
Manifesto Comunista e a teoria dialética da história, inspirado por Hegel, forneceram uma crítica
revolucionária ao capitalismo como ele o via no século XIX. O movimento socialista ao qual ele se
juntou emergiu em resposta às condições do povo na nova era industrial e à economia clássica que
as acompanhava. Ele escreveu sua principal obra, O Capital, na biblioteca do Museu Britânico.
Contexto
Robert Owen (1771–1858) foi um industrialista que se determinou a melhorar as condições de seus
trabalhadores. Ele comprou fábricas têxteis em New Lanark, Escócia, onde ele proibiu crianças
com menos de 10 anos de idade de trabalhar, definiu a jornada de trabalho das 6 horas da manhã
até as 7 horas da noite e forneceu escolas noturnas para crianças. Medidas tão pequenas ainda
eram melhoramentos
substanciais e sua empresa
permaneceu solvente
através da maior
produtividade, embora seus
salários fossem mais baixos
que a média nacional.[48]
Ele publicou sua opinião
em The New View of
Society (1816) durante a
aprovação das leis das
fábricas, mas sua tentativa
a partir de 1924 de começar
uma nova comunidade
utópica em Nova Harmonia
terminou sem sucesso. Com Marx, Friedrich Engels
Uma das influência de escreveu o Manifesto Comunista, e
o segundo volume de O Capital.
Karl Marx forneceu uma crítica Marx foi o
fundamental à economia clássica, anarquista/socialista
baseado na teoria do valor-trabalho. francês Pierre-Joseph
Proudhon. Apesar de ser um crítico ferrenho do capitalismo e
defensor de que as associações de trabalhadores o substituísse,
ele também foi contra seus socialistas contemporâneos que idealizaram uma associação
centralizada controlada pelo estado. Em System of Economic Contradictions (1846) Proudhon fez
uma crítica abrangente do capitalismo, analisando os efeitos contraditórios do maquinário,
competição, propriedade, monopólio e outros aspectos da economia.[49][50] Ao invés do
capitalismo, ele defendeu um sistema mutualista "baseado na igualdade, - em outras palavras, a
organização do trabalho, que envolve a negação da economia política e o fim da propriedade." Em
seu livro O que é a propriedade? (1840) ele defende que a propriedade é um roubo, uma visão
diferente que a do clássico Mill, que escreveu que a "tributação parcial é uma forma branda de
roubo".[51] No entanto, no final de sua vida, Proudhon modificou algumas de suas posições iniciais.
No livro publicado postumamente Theory of Property (Teoria da Propriedade), ele defendeu que a
"propriedade é o único poder que pode agir como um contrapeso ao estado".[52] Friedrich Engels,
um autor radical publicado, lançou um livro intitulado A Situação da Classe Trabalhadora na
Inglaterra[53] descrevendo as posições das pessoas como "o ápice mais revelado da miséria social
em nossos dias". Após Marx morrer, foi Engels que completou o segundo volume de O Capital a
partir das notas de Marx.
O Capital
Karl Marx começa O Capital com o conceito de mercadorias. Antes das sociedades capitalistas, diz
Marx, o modo de produção era baseado na escravidão (e.g. na Roma Antiga) antes de se mover
para a servidão feudal (e.g. na Idade Média). À medida que a sociedade avançava, a servidão
econômica tornou-se mais frouxa, mas o nexo atual da troca de trabalho produziu uma situação
igualmente errática e instável permitindo as condições para a revolução. As pessoas compram e
vendem seu trabalho da mesma forma que elas compram e vendem bens e serviços. Elas próprias
são mercadorias descartáveis. Como ele escreveu no Manifesto Comunista,
Após Marx
O primeiro volume de O Capital foi o único que Marx publicou sozinho. Os segundo e terceiro
volumes foram feitos com a ajuda de Friedrich Engels, e Karl Kautsky, que se tornou um amigo de
Engels, ajudou na publicação do volume quatro.
Marx tinha começado uma tradição de economistas que se concentravam igualmente nos assuntos
políticos. Também na Alemanha, Rosa Luxemburg foi um membro do Partido Social-Democrata
da Alemanha, que mais tarde se transformaria no Partido Comunista da Alemanha devido a sua
posição contra a Primeira Guerra Mundial. Beatrice Webb, na Inglaterra, era uma socialista que
ajudou a fundar a London School of Economics (LSE) e o socialismo fabiano.
Pensamento neoclássico
Na década de 1860, uma revolução ocorreu na economia. As novas ideias vieram com a escola
marginalista. Escrevendo simultânea e independentemente, um francês (Léon Walras), um
austríaco (Carl Menger) e um inglês (William Stanley Jevons) foram desenvolvendo a teoria, que
possuía alguns antecedentes. Ao invés do preço de um bem ou serviço refletir o trabalho que o
produziu, ele reflete a utilidade marginal da última compra. Isto significava que no equilíbrio as
preferências das pessoas determinavam os preços, incluindo indiretamente o preço do trabalho.
Esta corrente de pensamento não era unida, e havia três escolas principais trabalhando
independentemente. A escola de Lausanne, cujos dois principais representantes eram Walras e
Vilfredo Pareto, desenvolveu as teorias do equilíbrio de mercado e de eficiência de Pareto. A
principal obra escrita desta escola foi Elements of Pure Economics, de Walras. A escola de
Cambridge apareceu com Theory of Political Economy, de Jevons, em 1871. Esta escola inglesa
desenvolveu as teorias de equilíbrio parcial e insistiu nas falhas de mercado. Os principais
representantes foram Alfred Marshall, William Stanley Jevons e Arthur Pigou. A Escola de Viena
foi formada dos economistas austríacos Menger, Eugen von Böhm-Bawerk and Friedrich von
Wieser. Eles desenvolveram a teoria do capital e tentaram explicar a existência das crises
econômicas. Ela apareceu em 1871 com Principles of Economics, de Menger.
Utilidade marginal
Tentativas iniciais de explicar as crises periódicas das quais Marx havia falado não tiveram
sucesso. Após achar uma correlação estatística entre manchas solares e flutuações econômicas, e
seguindo a crença comum na época de que as manchas tinham um efeito direto no clima e portanto
na produção agrícola, Stanley Jevons escreveu,
"quando nós sabemos que há uma causa, a variação da atividade solar, que é de sua
natureza afetar a produção da agricultura, e que varia no mesmo período, torna-se
quase certo que as duas séries de fenômenos - ciclos de crédito e variações solares -
são conectadas como efeito e causa.[61]
Análise matemática
Vilfredo Pareto (1848–1923) foi um economista italiano, mais conhecido por desenvolver o
conceito de uma economia que permitiria a maximização do nível de utilidade de cada indivíduo,
dado o nível de utilidade possível dos outros em relação à produção e troca. Tal resultado veio a ser
chamado de "eficiente de Pareto". Pareto desenvolveu representações matemáticas para essa
alocação de recursos, em particular abstraindo os arranjos institucionais e medidas monetárias de
riqueza ou distribuição de renda.[62]
Alfred Marshall é também creditado pela tentativa de tratar a
economia em uma base mais matemática. Ele foi o primeiro professor
de economia na Universidade de Cambridge e sua obra, Principles of
Economics[63] coincidiram com a transição do tema da "economia
política" para seu termo favorito, "economia". Ele via a matemática
como uma forma de simplificar o raciocínio econômico, embora
tivesse reservas, como revelado em uma carta a seu estudante Arthur
Cecil Pigou.
A Escola Austríaca
Apesar de o fim do século XIX e começo do século XX terem sido dominados cada vez mais pela
análise matemática, os seguidores de Carl Menger, na tradição de Eugen von Böhm-Bawerk,
seguiram uma rota diferente, defendendo o uso da lógica dedutiva. Este grupo tornou-se conhecido
como a Escola Austríaca, refletindo a origem austríaca de muitos de seus participantes. Thorstein
Veblen em 1900, em Preconceptions of Economic Science, contrastou os marginalistas
neoclássicos na tradição de Alfred Marshall com os filósofos da Escola Austríaca.[65][66]
Ludwig von Mises (1881–1973) foi um economista austríaco que contribuiu com a ideia de
praxeologia, "A ciência da ação humana". A praxeologia via a economia como uma série de trocas
voluntárias que aumentam a satisfação das partes envolvidas. Mises também argumentou que o
socialismo sofre de um problema do cálculo econômico insolúvel, que, de acordo com ele, poderia
ser resolvido apenas através de mecanismos de preços de mercado livre. Também defendia
firmemente o free banking (sistema bancário sem regulamentações com concorrência de livre
mercado).[68]
Depressão e reconstrução
Alfred Marshall ainda estava trabalhando em suas últimas revisões de Principles of Economics
quando da eclosão da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O novo clima do século XX de
otimismo foi logo violentamente desmembrado nas trincheiras da frente ocidental. Por quatro
anos a produção da Grã-Bretanha, Alemanha e França foi totalmente orientada para a indústria da
economia de guerra. Em 1917, a Rússia sucumbiu a uma revolução liderada pelo partido
bolchevique de Vladimir Lenin. Eles carregaram a teoria marxista como seu salvador, e
prometeram um país de "paz, pão e terra" pela coletivização dos meios de produção. Também em
1917, os Estados Unidos entraram na guerra do lado da França e Grã-Bretanha, com o Presidente
Woodrow Wilson levando o bordão de "tornando o mundo seguro para a democracia". Ele projetou
um plano de paz de Quatorze Pontos. Em 1918, a Alemanha lançou uma ofensiva na primavera que
fracassou, e como os aliados contra-atacaram e milhões foram escravizados, a Alemanha entrou
em uma revolução, e seu governo buscou a paz com base nos Quatorze Pontos de Wilson. A Europa
ficou em ruínas financeira, física e psicologicamente, e seu futuro ficou nas mãos da conferência de
Versalhes de 1919. John Maynard Keynes era o representante da HM Treasury na conferência e o
maior crítico de seu resultado.
John Maynard Keynes (1883–1946) nasceu em Cambridge, foi educado no Eton College e
supervisionado por Arthur Cecil Pigou e Alfred Marshall na Universidade de Cambridge. Ele
começou sua carreira como um professor, antes de trabalhar no governo britânico durante a
Grande Guerra, e passar a ser o representante financeiro do governo britânico na conferência de
Versalhes. Suas observações foram expostas no livro The Economic Consequences of the Peace[70]
(1919) onde ele documentou sua indignação contra o colapso da adesão dos norte-americanos aos
Quatorze Pontos[71] e o clima de vingança que prevaleu na
Alemanha.[72] Keynes saiu da conferência e, usando dados
econômicos extensivos fornecidos pelos registros da
conferência, argumentou que se os vitoriosos forçassem
reparações de guerra aos países derrotados do Eixo, então uma
crise financeira mundial se seguiria, levando a uma segunda
guerra mundial.[73] Keynes terminou seu tratado defendendo,
em primeiro lugar, uma redução nos pagamentos da reparação
da Alemanha para um patamar razoável, maior gerenciamento
intergovernamental da produção continental de carvão e uma
união de livre comércio através da Liga das Nações;[74] em
segundo lugar, um ajuste para compensar o pagamento de
dívidas entre os países aliados;[75] em terceiro lugar, uma
reforma completa do sistema de monetário internacional e um
fundo de empréstimos internacional;[76] e em quarto lugar,
John Maynard Keynes (direita) com uma reconciliação das relações comerciais com a Rússia e a
sua contraparte americana Harry Europa Oriental.[77]
White nos acordos de Bretton
Woods. O livro foi um enorme sucesso, e visto que ele foi criticado
pelas falsas previsões por um grande número de pessoas,[78]
sem as mudanças que ele defendia, as previsões sombrias de
Keynes combinavam com a experiência mundial da Grande Depressão que se seguiu em 1929, e a
entrada em um novo surto de guerra em 1939. A Primeira Guerra Mundial tinha sido a "guerra
para acabar com todas as guerras", e o fracasso absoluto do estabelecimento da paz gerou uma
determinação ainda maior para não repetir os mesmos erros. Com a derrota do fascismo, os
acordos de Bretton Woods foram celebrados para estabelecer uma nova ordem econômica. Keynes
mais uma vez exerceu um papel de liderança.
A Teoria Geral
Durante a Grande Depressão, Keynes havia publicado sua mais importante obra, A Teoria Geral
do Emprego, do Juro e da Moeda (The General Theory of Employment, Interest, and Money,
1936). A depressão foi desencadeada na Terça-Feira Negra, levando ao aumento do desemprego
nos Estados Unidos, cobrança de dívidas dos tomadores de empréstimos europeus e um efeito
dominó econômico pelo mundo. A economia ortodoxa recomendou a contenção de despesas, até
que a confiança das empresas e o nível dos lucros se recuperassem. Keynes, em contraste,
argumentou em A Tract on Monetary Reform (1923) que vários fatores determinavam a atividade
econômica, e que não era suficiente esperar que o equilíbrio de mercado de longo prazo se
restaurasse sozinho. Como Keynes observou,
"... este longo prazo é um guia enganoso para os assuntos atuais. No longo prazo
todos estaremos mortos. Os economistas definem-se muito facilmente, é muito
inútil uma análise, se em épocas tempestuosas eles podem apenas contar que
quando a tempestade passar o oceano será calmo novamente."[79]
Keynes argumentou que o emprego depende do gasto total, que é composto dos gastos do
consumidor e investimento das empresas do setor privado. Os consumidores gastam apenas
"passivamente", ou de acordo com as flutuações de suas rendas. As empresas, por outro lado, são
induzidas a investir à taxa esperada de retorno em novos investimentos (o benefício) e a taxa de
juros paga (o custo). Então, dizia Keynes, se as expectativas das empresas permanecessem as
mesmas, e governo reduzisse as taxas de juros (o custo de emprestar), o investimento aumentaria,
levando a um efeito multiplicador nos gastos totais. As taxas de juros, por sua vez, dependem da
quantidade de dinheiro e do desejo de possuir dinheiro nas contas bancárias (em oposição ao
investimento). Se não há dinheiro suficiente disponível para suprir o quanto as pessoas desejam
segurar, as taxas de juros aumentam até o pessoas o suficiente desistirem. Então, se a quantidade
de dinheiro aumentasse, enquanto o desejo de segurar dinheiro permanecesse estável, as taxas de
juros cairiam, levando a um maior investimento, produto e emprego. Por ambas as razões, Keynes
defendia baixas taxas de juros e crédito fácil, a fim de combater o desemprego.
Entretanto, Keynes, na década de 1930, acreditava que havia a necessidade de ação do setor
público. Os gastos deficitários, dizia Keynes, iriam impulsionar a atividade econômica. Isso ele
havia defendido em uma carta aberta para o Presidente dos Estados Unidos Franklin Delano
Roosevelt na New York Times (1933). O programa New Deal estava bem encaminhado quando da
publicação da Teoria Geral. Ele forneceu um reforço conceitual para as políticas já seguidas.
Keynes também acreditava em uma distribuição mais igualitária da renda, e tributação sobre
rendimento de capital, argumentando que as altas taxas de poupança (para a qual os mais riscos
eram mais propensos) não são desejáveis em uma economia desenvolvida. Keynes portanto
defendia tanto a gestão monetária como uma política fiscal ativa.
Economia keynesiana
Durante a Segunda Guerra Mundial, Keynes agiu como um conselheiro do HM Treasury outra vez,
negociando os principais empréstimos dos Estados Unidos. Ele ajudou a formular os planos para o
Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e uma Organização Internacional do
Comércio[80] na conferência de Bretton Woods, um pacote projetado para estabilizar as flutuações
da economia mundial que havia ocorrido na década de 1920 e criar um campo de negociações a
nível global. Keynes faleceu um pouco mais de um ano depois, mas suas ideias já haviam modelado
uma nova ordem econômica global, e todos os governos ocidentais seguiram a prescrição
keynesiana de gastos deficitários para combater crises e manter o pleno emprego. Um dos pupilos
de Keynes em Cambridge era Joan Robinson, que contribuiu para a noção de que a competição
raramente é perfeita em um mercado, uma indicação da teoria da definição de preços nos
mercados. Em The Production Function and the Theory of Capital (1953) Robinson abordou o que
ela via ser algo de circularidade na economia ortodoxa. Os neoclássicos asseveram que um
mercado competitivo força os produtores a minimizar os custos de produção. Robinson dizia que
os custos de produção são meramente preços de insumos, como o capital. Os bens de capital obtêm
seu valor dos produtos finais. E, se o preço dos produtos finais determina o preço do capital, então,
argumentou Robinson, é totalmente circular dizer que o preço do capital determina o preço dos
produtos finais. Os bens não podem ser precificados até que os custos dos insumos fossem
determinados. Isso não importaria se tudo na economia acontecesse instantaneamente, mas no
mundo real, a definição dos preços leva tempo - os bens são precificados antes de serem vendidos.
Visto que o capital não pode ser adequadamente avaliado em unidades independentes
mensuráveis, como alguém pode mostrar que o capital rende um retorno igual à contribuição para
a produção? Piero Sraffa veio para a Inglaterra da Itália fascista na década de 1920, e trabalhou
com Keynes em Cambridge. Em 1960 ele publicou um pequeno livro chamado Production of
Commodities by Means of Commodities, que explicava como as relações tecnológicas são a base
para a produção de bens e serviços. Os preços resultam de trocas salário-lucro, barganhas
coletivas, trabalho e conflito de gerenciamento e a intervenção de planejamento do governo. Como
Robinson, Sraffa estava mostrando como a principal força da definição de preço na economia não
era necessariamente os ajustes de mercado.
O "American Way"
Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos tornaram-se a potência econômica global
proeminente. A Europa e a União Soviética ficaram em ruínas e o Império Britânico estava no seu
final. Até então, os economistas estadosunidenses exerceram um papel menor. Os economistas
institucionais eram críticos ferrenhos do "American Way", especialmente no que se refere ao
consumismo conspícuo dos agitados anos 1920 antes das Terça-Feira Negra. Após a guerra, no
entanto, um corpo mais ortodoxo de pensamento se enraizou, reagindo contra o estilo lúcido de
debate de Keynes, e rematematizando a profissão. O centro ortodoxo também foi desafiado por um
grupo mais radical de acadêmicos baseado na Universidade de Chicago. Eles defendiam a
liberdade, voltando a atenção para os governos não-intervencionistas do século XIX.
Institucionalismo
John R. Commons (1862–1945) também veio do Meio-Oeste americano. Por trás de suas ideias,
consolidadas em Institutional Economics (1934), estava o conceito de que a economia é uma rede
relações entre pessoas com interesses divergentes. Há monopólios, grandes corporações, disputas
trabalhistas e ciclos econômicos flutuantes. Elas, no entanto, têm um interesse em resolver essas
disputas. O governo, segundo Commons, devia ser o mediador entre os grupos em conflito. O
próprio Commons dedicou muito de seu tempo para trabalhos de aconselhamento e mediação em
órgãos do governo e comissões industriais.
Os acionistas não trabalham, nem fiam, para ganhar seus dividendos e aumentos no
spreços de suas ações. Eles somente são beneficiários de sua posição. A justificativa
para usa herança... pode ser encontrada apenas nos níveis sociais... que a
justificativa liga-se à distribuição bem como à existência de riqueza. Sua força existe
apenas na razão direta do número de indivíduos que possuem tal riqueza. A
justificativa para a existência dos acionistas assim depende da distribuição crescente
da população americana. Idealmente, a posição dos acionistas será inexpugnável
apenas quando todas as famílias americanas tiverem o seu fragmento dessa posição
e da riqueza pela qual a oportunidade de desenvolver a individualidade torna-se
completamente realizada.[83]
Após a guerra, John Kenneth Galbraith (1908–2006) tornou-se um dos defensores de um governo
pró-ativo e da política liberal-democrática. Em The Affluent Society (1958), Galbraith recomendou
aos eleitores que já haviam alcançado um certo nível de riqueza material a começar a votar contra
o bem comum. Ele argumentou que a "sabedoria convencional" do consenso conservador não era
suficiente para resolver os problemas da desigualdade social.[84] Em uma época de grandes
empresas, ele argumentava, era irreal pensar os mercados do jeito clássico. Elas definiam preços e
usavam a publicidade para criar uma demanda artificial para seus próprios produtos, distorcendo
as preferências reais das pessoas. As preferências do consumidor
na verdade passavam a refletir àquelas das corporações - um
"efeito dependência" - e a economia como um todo é voltada
para objetivos irracionais.[85] Em The New Industrial State
Galbraith defende que as decisões econômicas são planejadas
por uma burocracia privada, uma tecnoestrutura de especialistas
que manipulam os canais do marketing e das relações públicas.
Esta hierarquia é auto-sustentável, os lucros não são mais o
principal motivador, e mesmo os administradores não estão no
controle. Como eles são os novos planejadores, as corporações
detestam o risco e exigem uma economia e mercados estáveis.
Elas recrutam os governos para servir aos seus interesses com a
política fiscal e monetária, por exemplo, adotando políticas
monetaristas que enriquecem os emprestadores de dinheiro
John Kenneth Galbraith começou
através de aumentos nas taxas de juros. Ao mesmo tempo em
sua carreira como um alto
que os objetivos de uma sociedade afluente e um governo membro na administração de
cúmplice servem a tecnoestrutura irracional, o espaço público é Franklin Delano Roosevelt
simultaneamente empobrecido. Galbraith pinta um retrato de durante a Grande Depressão.
mansões em ruas não asfaltadas e jardins paisagísticos ao lado
de parques mal cuidados. Em Economics and the Public Purpose
(1973) Galbraith defende um "novo socialismo" como a solução, a produção militar nacionalista e
os serviços públicos tais como assistência médica, introduzindo controles disciplinados de salários
e preços para reduzir a desigualdade.
Paul Samuelson
Kenneth Arrow
Ronald Coase
Milton Friedman
Milton Friedman (1912–2006) se destaca como um dos economistas mais influentes do final do
século XX. Ele ganhou o Prêmio Nobel de Economia de 1976, entre outras coisas, por A Monetary
History of the United States (1963). Friedman defendia que a Grande Depressão foi causada pelas
políticas do Federal Reserve durante a década de 1920, e pioradas na década de 1930. Friedman
defende que a política do laissez-faire é mais desejável do que a intervenção do governo na
economia. Os governos deveriam almejar uma política monetária neutra orientada para o
crescimento econômico de longo prazo pela expansão gradual da oferta monetária. Ele defende a
teoria quantitativa da moeda, segundo a qual os preços gerais são determinados pela moeda.
Portanto, políticas monetária (por exemplo, crédito fácil) ou fiscal (por exemplo, impostos ou
gastos) ativas podem ter efeitos negativos não previstos. Em Capitalism and Freedom 1967)
Friedman escreveu:
Friedman também foi conhecido por sua obra sobre a função de consumo, a hipótese da renda
permanente (1957), que o próprio Friedman a considerou como sua melhor obra científica.[93] Essa
obra sustentava que os consumidores racionais gastariam uma quantidade proporcional do que
eles percebiam ser sua renda permanente. Ganhos excepcionais seriam quase totalmente
poupados. Da mesma forma ocorrendo com as reduções de impostos, visto que os consumidores
racionais preveriam que os impostos teriam de aumentar no futuro para balancear as finanças
públicas. Outras importantes contribuições incluem sua crítica à curva de Phillips e o conceito de
taxa natural de desemprego (1968). Essa crítica associou seu nome com a percepção de que um
governo que deixa a inflação alta não poder reduzir permanentemente o desemprego fazendo isso.
O desemprego pode ser temporariamente baixo, se a inflação é uma surpresa, mas no longo prazo
o desemprego será determinado pelos atritos e imperfeições no mercado de trabalho.
Tempos globais
Amartya Sen
Joseph E. Stiglitz
Paul Krugman
A economia keynesiana teve um retorno entre os economistas ortodoxos com o advento da nova
macroeconomia keynesiana. O tema central do novo keynesianismo era a provisão dos
fundamentos microeconômicos para a macroeconomia keynesiana, obtida pela identificação de
desvios mínimos em relação às suposições microeconômicas padrão que levam às conclusões
macroeconômicas keynesianas, tais como a possibilidade de benefícios significativos de bem-estar
social a partir da estabilização macroeconômica.[99] Os argumentos do custo de menu de Akerlof,
mostrando que, sob competição imperfeita, pequenos desvios da racionalidade geram rigidez
significativa de preços (em termos de bem-estar social), são bons exemplos desse tipo de
trabalho.[100]
Economistas combinaram a metodologia da teoria dos ciclos reais dos negócios com elementos
teóricos, como os preços rígidos, da nova teoria keynesiana para produzir a nova síntese
neoclássica. Modelos de equilíbrio geral estocástico dinâmico (DSGE), grandes sistemas de
equações microeconômicas combinadas com modelos de economia geral, são centrais para esta
nova síntese. A síntese domina a economia dos dias de hoje.
Escolas de pensamento
Ao longo da história do pensamento económico co-existiram varias diferentes linhas de
pensamento, entre as quais podem ser listadas: a economia política clássica (corrente dominante
no mundo anglo-saxão até o final do século XIX), a economia marxista, a escola neoricardiana, a
escola keynesiana e a economia neoclássica. Esta última é a corrente hegemônica desde o final do
século XIX na microeconomia e a partir da década 1980 na macroeconomia, mas pode ser dividida
entre diferentes sub correntes, como a escola Walrasiana, a escola de Chicago e a escola austríaca
que está parcialmente dentro dessa corrente.
Os defensores da economia normativa argumentam que a riqueza deve existir para ser distribuída
pelo estado e que se deve tentar modificar os factos económicos em favor do que entendem ser
uma economia mais justa.[carece de fontes?]
Economia e ética
A economia originalmente fazia parte da ética. Tratava-se das ações virtuosas do chefe de família
em relação às suas atribuições na organização da casa. Adam Smith mudou isso em 1776 com o
livro Riqueza das nações. Não foi uma mudança gradual, mas uma rutura. Até então todos viam a
economia mais ou menos da mesma forma com que Aristóteles a tratava, ou seja, como parte da
filosofia ética. Até mesmo o professor de Adam Smith via a economia como um ramo da filosofia
ética e política. A agricultura, por exemplo, era vista como um dever divino.[carece de fontes?] O
homem tinha a responsabilidade, ou o dever moral, de "cuidar da terra". Deixar de fazê-lo era
considerado indigno. Hoje em dia esse dever não se perdeu, ele se ampliou para o dever do
trabalho, que encontra seu ápice na ética protestante, como mostra Max Weber.
Os autores mercantilistas ainda não tinham a visão de economia que Adam Smith tinha. Eles
simplesmente estenderam o dever patriarcal ao dever do governante da nação. Não compreendiam
a economia como tendo um "funcionamento espontâneo e regular", com regras próprias derivadas
da matemática, mas não dependentes da ética ou da filosofia. O Estado é fundamentando como
uma organização patriarcal no mesmo modelo da família nuclear.
Não foi tardiamente que a economia se tornou uma disciplina, pois isso não era possível antes. Era
preciso uma estrutura social em que o interesse individual na posse de bens superasse o interesse
na preservação das relações sociais. A economia parece depender de instituições não-econômicas
para se fazer possível enquanto ciência.[carece de fontes?][carece de fontes?]
A criação da economia de mercado inverte a situação da economia, que antes estava submersa na
ação ética de cada cidadão, e agora passa a determinar as ações da própria sociedade. A economia
não mais depende de uma consideração ética das ações, mas a sociedade de massas depende da
economia para se reproduzir. O mercado é entendido como um sistema auto-regulado onde
"indivíduos perseguindo apenas seus interesses pessoais ofertam e demandam mercadorias, e as
decisões sobre o que e quanto produzir partem somente das expectativas de ganho, e não mais de
uma necessidade social".[carece de fontes?] É como se houvesse uma sincronia pré-estabelecida entre
os desejos humanos e manutenção da sociedade de massas, mas tal afirmação encontra hoje
diversas críticas por parte de antropólogos e sociólogos.
A economia como ciência, seguindo o modelo de outras ciências, corta o laço entre ação humana e
a ética.[carece de fontes?] "A perpetuação humana passa a depender de que tudo tenha um preço,
inclusive a terra e o trabalho".[carece de fontes?] Mas o trabalho não pode ser uma mercadoria, pois
ele é a própria atividade humana.[carece de fontes?] A terra é a própria natureza, e também não pode
ser tratada como mercadoria. Essas questões são originalmente filosóficas, mas foram tiradas do
âmbito de discussão original.[carece de fontes?] A pretensão da economia de ser uma ciência como a
física deve ser debatida. Pode haver um grave reducionismo no fundamento da economia enquanto
ciência.
Outros autores ainda defendem que a economia só pode ser entendida corretamente se for tomada
como parte da ecologia, ou seja, como se tratasse da troca de matéria e energia dentro do sistema
humano.[carece de fontes?] Considerando que a atividade humana não está isolada da atividade das
outras espécies do planeta, essa seria uma boa sugestão, porém a tendência é que a visão
econômica “aos moldes de Adam Smith” se estenda para explicar o papel de cada organismo do
planeta em função da manutenção da civilização. Ou seja, para colocar um valor econômico em
cada processo que faça parte da vida e aí então completar a formula do funcionamento orgânico do
mercado.
A queda de Roma iniciou a chamada Idade Média, uma nova fase da história da cultura e da
economia. No século XI um crescimento demográfico criou a oferta necessária de mão-de-obra,
provocando um aumento de produção que desenvolveu o comércio e as cidades. Surgiu então um
comércio internacional de longo alcance, que mobilizou grandes capitais; a indústria têxtil ganhou
um papel fundamental, nela havendo uma certa especialização do trabalho.
A Revolução Keynesiana promovida pelo notável economista inglês John Maynard Keynes, nos
anos da Grande Depressão, quando a teoria Clássica já não mais se adaptava a realidade
econômica da época. Keynes em seu primeiro livro publicado em 1913, tratava de problemas
monetários. Após 1930, a Inglaterra - como quase todos os países ocidentais - mergulhou em
grande depressão e o desemprego tornou-se uma praga. Nesse período Keynes entregou-se a
reflexões sobre os mais graves problemas do sistema capitalista e decrescente do laissez-faire e do
automatismo auto-regulador das economias de mercado, procurou encontrar a terapêutica exata
que pudesse recuperar os países abalados pela Grande Depressão.
Em fevereiro de 1936 publicou General Theory e promoveu o que se chama hoje de Teoria
Keynesiana. A vitória de Keynes sobre os clássicos traduz o triunfo do intervencionismo moderado
sobre o liberalismo radical, além de constituir um desejável meio-termo entre a liberdade
econômica absoluta e o total controle do Estado sobre o meio econômico.
A Revolução Keynesiana de que hoje se fala deu nova vida às Ciências Econômicas: as velhas peças
da economia clássica foram substituídas por uma nova dinâmica de raciocínio, e a Analise
Econômica restabeleceu o necessário contato com a realidade.
O intervencionismo de Keynes devia atuar sobre as grandes linhas do sistema. Keynes reunia três
raros talentos: Foi um lógico de alta classe tento publicado a Teoria das Possibilidades, dispunha
de alto grau de talento para escrever convincentemente e possuía um sentido muito realista de
como as coisas se desenvolviam.
Através das histórias dos pensamentos políticos, diferentes ideias políticas tiveram associadas com
diferentes escolas de pensadores sobre a operação econômica.[carece de fontes?] Por exemplo, Adam
Smith usou suas teorias de comércio e da divisão do trabalho para discutir políticas econômicas do
governo, particularmente contra o mercantilismo.[carece de fontes?] Similarmente, Marx desenvolveu
suas teorias, que focalizam na produção e no trabalho, para advogar socialismo e comunismo.
Política econômica fascista italiana criada para Benito Mussolini e Nicola Bombacci é a
"socialização".[carece de fontes?]
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49. Proudhon (1846) Volume 1 (http://anarchism.pageabode.com/pjproudhon/system-of-economic-
contradictions-1) (em inglês)
50. Proudhon (1846) Volume 2 (http://anarchism.pageabode.com/pjproudhon/system-of-economic-
contradictions-2) (em inglês)
51. Mill (1848) Book V, Chapter II; Interessantemente, Mill formou sua frase a partir da 3ª edição
em 1852, ver [1] (https://web.archive.org/web/20070630165406/http://www.efm.bris.ac.uk/het/m
ill/ellis.pdf); ver Variations in the Editions of J.S. Mill's Principles of Political Economy (em
inglês), M.A. Ellis, Economic Journal, vol. 16, June 1906, pp. 291–302.
52. Copleston, Frederick. Social Philosophy in France (em inglês), A History of Philosophy, Volume
IX, Image/Doubleday, 1994, p. 67
53. Engels (1845) Die Lage der arbeitenden Klassen von England in 1844 (https://www.marxists.or
g/archive/marx/works/1845/condition-working-class/index.htm)
54. Marx (1859) Zur Kritik der Politischen Oekonomie (em inglês), Berlin, p. 3.
55. Nas palavras de Marx, "a troca de mercadorias é evidentemente um ato caracterizado por uma
abstração total do valor de uso".
56. Marx (1867) Volume I, Part I, Chapter 1, para 14. Nas palavras de Marx, "O tempo de trabalho
socialmente necessário é aquele exigido para produzir um artigo sobre condições normais de
produção, e com um nível médio de habilidade e intensidade prevalente na época".
57. Marx (1867) Volume I, Part I, Chapter 1, Section 4, para 123
58. Marx (1867) Volume I, Part III, Chapter 9, Section 1
59. Marx (1867) Volume I, Part II, Chapter VI, para 10. Nas palavras de Marx, "Portanto, o requisito
tempo-trabalho para a produção da força-trabalho reduz a si própria a aquela necessária para
a produção desses meios de subsistência. Em outras palavras, o valor da força-trabalho é o
valor dos meios de subsistência necessários para a manutenção do trabalhador."
60. Menger, Carl (1871) Grundsätze der Volkswirtschaftslehre
61. Jevons (1878) p.334
62. • Alan Kirman (2008). "Pareto, Vilfredo (1848–1923)," Efficiency or ‘Pareto optimality' (em
inglês), The New Palgrave Dictionary of Economics. Abstract. (http://www.dictionaryofeconomic
s.com/article?id=pde2008_P000026&edition=current&q=pareto&topicid=&result_number=1)
• Pareto (1897). Cours d'économie politique, v. 2.
• Pareto ([1906] 1971). Manual of Political Economy (em inglês), ch. 6, Mathematical
Appendix, sect. 145-52. Tradução da edição francesa de 1927.
63. Principles of Economics (http://www.econlib.org/library/Marshall/marP.html) (em inglês), de
Alfred Marshall, na Library of Economics and Liberty.
64. Buchholz (1989) p.151
65. Veblen, Thorstein Bunde; "The Preconceptions of Economic Science" Pt III (em inglês),
Quarterly Journal of Economics v14 (1900).
66. Colander, David; The Death of Neoclassical Economics (em inglês).
67. Roncaglia, Alessandro. The wealth of ideas: a history of economic thought (em inglês).
Cambridge University Press (2005). ISBN 9780521843379. p. 431.
68. Hülsmann, Jörg Guido. Mises: The Last Knight of Liberalism. Ludwig von Mises Institute, 2007,
pág. 585, (em inglês) ISBN 9781610163897 Adicionado em 20/08/2017.
69. Law, legislation and liberty (1970)
70. Keynes, John Maynard. The Economic Consequences of the Peace (http://www.econlib.org/libr
ary/YPDBooks/Keynes/kynsCP.html) (em inglês) (1919) em Library of Economics and Liberty.
71. Keynes, John Maynard (1919) Chapter III (http://www.econlib.org/library/YPDBooks/Keynes/ky
nsCP3.html#Chapter%203), para 20
72. Keynes (1919) Chapter V (http://www.econlib.org/library/YPDBooks/Keynes/kynsCP.html), para
43
73. Keynes (1919) Chapter VI (http://www.econlib.org/library/YPDBooks/Keynes/kynsCP6.html#Ch
apter%206), para 4
74. Keynes (1919) Chapter VII (http://www.econlib.org/library/YPDBooks/Keynes/kynsCP7.html#Ch
apter%207), para 7
75. Keynes (1919) Chapter VII, para 30
76. Keynes (1919) Chapter VII, para 48
77. Keynes (1919) Chapter VII, para 58
78. e.g. Etienne Mantioux (1946) The Carthaginian Peace, or the Economic Consequences of Mr.
Keynes
79. Keynes (1923) Chapter 3
80. Isto não era aceito pelo Congresso dos Estados Unidos na época, mas surgiu depois através
do Acordo Geral de Tarifas e Comércio de 1947 e da Organização Mundial do Comércio de
1994.
81. Stabile, Donald R. "Veblen and the Political Economy of the Engineer: the radical thinker and
engineering leaders came to technocratic ideas at the same time" (em inglês). American
Journal of Economics and Sociology (45:1) 1986, 43–44.
82. The Engineers and the Price System, 1921 (http://socserv2.mcmaster.ca/%7Eecon/ugcm/3ll3/v
eblen/Engineers.pdf) (em inglês).
83. Berle (1967) p. xxiii
84. Galbraith (1958) Chapter 2; n.b. apesar de Galbraith alegar ter cunhado o termo "sabedoria
convencional", ele é usado algumas vezes no livro The Instinct of Workmanship, de Thorstein
Veblen.
85. Galbraith (1958) Chapter 11
86. Kenneth Arrow, "A Difficulty in the Concept of Social Welfare" (1950).
87. Em 1971, anunciando controles de salários e preços. Isto foi na verdade copiado de um
comentário de Milton Friedman em 1965 em um artigo (http://www.time.com/time/magazine/arti
cle/0,9171,842353-3,00.html) na Time.
88. Sturges v Bridgman (1879) 11 Ch D 852
89. Coase (1960) IV, 7
90. Coase (1960) V, 9
91. Coase (1960) VIII, 23
92. Friedman (1967) p.
93. «Charlie Rose Show». 26 de dezembro de 2005 Em falta ou vazio |series= (ajuda)
94. Stiglitz (1996) p.5
95. Manikw, N. Greg. "A Quick Refresher Course in Macroeconomics" (em inglês). Journal of
Economic Literature, Vol. 28, No. 4. (Dez., 1990), pp. 1647.
96. Mankiw, 1647–1648.
97. Mankiw, 1649.
98. Mankiw, 1653.
99. Mankiw, 1655.
100. Mankiw, 1657.
Bibliografia
Screpanti, Ernesto; Zamagni, Stefano (2005). An Outline of the History of Economic Thought
(em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 0–19–927913–6 Verifique |isbn= (ajuda)
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