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TEORIA SOCIOLÓGICA E SUAS ESCOLAS: CONTRIBUIÇÕES DAS

PRINCIPAIS ESCOLAS SOCIOLÓGICAS PARA A SOCIEDADE E PARA O


DIREITO

1
TEORIA SOCIOLÓGICA E SUAS ESCOLAS: CONTRIBUIÇÕES DAS
PRINCIPAIS ESCOLAS SOCIOLÓGICAS PARA A SOCIEDADE E PARA O
DIREITO

SUMÁRIO

2
INTRODUÇÃO...............................................................................................................04

1. ESCOLAS SOCIOLÓGICAS...................................................................................05

2. ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO DIREITO...........................................................28

CONCLUSÃO.................................................................................................................35

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................36

INTRODUÇÃO

3
A Sociologia tem uma natureza cientifica, por isso usa um método baseado na
observação controlada e na indução lógica. Os procedimentos devem explicar o
desconhecido, assim, o passado deve explicar o presente. E é isso que as Escolas
Sociológicas tenta apresentar com seus pensadores e em suas teorias.
Este trabalho trata de um resumo das principais escolas sociológicas, para
referência durante o estudo dos temas abordados na disciplina. A metodologia utilizada
para o resumo foi escolher os principais pensadores de cada Escola e mostrar suas
principais obras e contribuições para a Escola Sociológica, assim para a Sociologia.
O primeiro capitulo conta com as principais Escolas Sociológicas e no segundo
as principais Escolas Sociológicas do Direito.

1. ESCOLAS SOCIOLÓGICAS

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1. 1 ESCOLA MERCANTILISTA

O Mercantilismo foi a filosofia econômica adotada pelos comerciantes e estadistas


durante Os séculos 16 e 17. Os mercantilistas acreditavam que para um pais ser rico ele
deveria exportar o máximo que pudesse e impor barreiras para importações, pois nesta
época as transações entre países eram feitas com pagamento em ouro e para os
mercantilistas um pais só seria rico se tivesse mais ouro em seu poder do que os outros
países.
Assim, os líderes daquelas nações interviam intensivamente no mercado, impondo
taxas sobre as mercadorias estrangeiras para restringir as importações, e concedendo
subsídios para aumentar a capacidade de exportação de mercadorias nacionais. O
mercantilismo representou a elevação dos interesses comerciais ao nível da política
nacional.
Os principais pensadores dessa época foram: Thomas Mun, Gerard de Malynes,
Charles Davenant, Jean-Baptiste Colbert (França) e William Petty (Inglaterra).
Na França, o mercantilismo nasce a princípios do Século XVI, pouco tempo depois do
reforço da monarquia. Em 1539, um real decreto proíbe a importação de mercadorias
têxteis de lã provenientes da Espanha e de uma parte de Flandres. O ano seguinte são
impostas restrições à exportação de ouro. Jean-Baptiste Colbert, ministro de finanças
durante 22 anos, foi o principal impulsionador das ideias mercantilistas na França,

Jean-Baptiste Colbert (1619-1683)

Foi um político francês que ficou conhecido como


ministro de Estado e da economia do rei Luís XIV. Era
filho de Nicolas Colbert, um comerciante de tecidos de
Reims, e Marie Pussort. Apesar de sua família dizer
descender de nobres escoceses, não há nenhuma prova
disto, e a invenção de antepassados nobres era uma pratica
comum aos plebeus.
Entrou em 1633 na prestigiada escola de Jesuítas do
Collège de Clermont, onde completou a sua formação acadêmica em 1639.
Em 1645, foi recomendado a Michel Le Tellier, seu cunhado, que trabalhava
como Secretario de Estado de guerra, este o contratou, primeiro como secretário privado
e logo conseguiu que o nomeassem conselheiro do rei em 1649.

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Em 1661, o rei fez de Colbert ministro de Estado e, em 1664, atribui-lhe o cargo
de superintendente das construções, artes e manufacturas e ainda o de intendente das
Finanças. Colbert tornou-se controlador geral das Finanças (1665), de onde viria ainda a
desempenhar as funções de secretário de Estado na Marinha e na Casa Real (1669).
Como ministro de Luís XIV, Colbert quis tornar a França a nação mais rica da
Europa, e para isso implantou o mercantilismo industrial, incentivando a produção de
manufacturas de luxo visando a exportação.
Antes de sua morte em Paris, dia 6 de Setembro de 1683, ele se tornou odiado
pelos seus compatriotas por ter aumentado os impostos para conseguir pagar todas as
despesas de guerra despreocupadas feitas pelo Rei Luís XIV, e ainda os enormes custos
do novo e enorme Palácio de Versalhes.

Contribuições

Introdutor do mercantilismo na França, Colbert favoreceu não apenas sua classe


social, a burguesia, mas principalmente o Estado, concentrando riqueza e poder nas
mãos governamentais.
Colbert propiciou a acumulação de bens preciosos, proibindo a exportação de capital
e estimulando a exportação de bens manufaturados, impondo, ao mesmo tempo, altas
tarifas os seus similares estrangeiros.

1. 2 ESCOLA FISIOCRATICA

A escola fisiocrática surgiu no século XVIII e é considerada a primeira escola de


economia científica. Surgiu como uma reação iluminista ao mercantilismo, um
subproduto do absolutismo que dava ênfase à indústria e ao comércio voltado para a
exportação.

Os fisiocratas, um grupo de filósofos franceses do século 18, desenvolveram a idéia


da economia como fluxo circular de renda e produção. Eles acreditavam que o único
meio de gerar riqueza em um pais era através da agricultura. Como reação contra os
regulamentos mercantilistas de comércio os Fisiocratas defendaram a política do
laissez-fare, que invocava por uma mínima interferência do governo na economia.
Os fisiocratas mais famosos foram: François Quesnay e Anne Robert Jacques
Turgot.

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François Quesnay (1694-1774)

Nasceu em Méré, cidade próxima de Paris, hoje


Yvelines, filho de uma família de pequenos
proprietários. Estudou medicina e cirurgia, tendo
iniciado a sua prática no ano de 1718 em Mantes.
Em 1737 torna-se secretário honorário da
Academia de Cirurgia e cirurgião da corte, tendo
alcançado o grau de doutor em medicina em 1744. Em
1752, torna-se médico de Luís XV, que o nobilitou,
passando a viver no Palácio de Versalhes.
Quesnay começa a interessar-se pelas questões de economia, tendo contribuído
com os artigos Rendeiros (1756) e Cereais (1757) na Encyclopédie de D´Alembert e
Diderot.

Princpais obras
Tableau Économique (1758)
Maximes générales du gouvernement économique d´un royaume agricole (1760)

Contribuições
Quesnay criou o conceito de equilíbrio econômico, uma concepção tomada como ponto
de partida nas análises econômicas desde então. Segundo ele, existe uma ordem natural
e essencial das sociedades humanas, que é inútil contrariar com leis, regulamentos ou
sistemas.
Quesnay afirmava que, alterando-se as quantidades, e os preços deixando de ser
constantes, quebrava-se o fluxo circular. Como toda a riqueza provém da terra, a
segurança sobre a propriedade é fundamental, podendo-se dizer que a segurança
sustenta o sistema. Deve haver segurança jurídica para os proprietários, para que não
mudem radicalmente o sistema o qual os camponeses são os geradores de toda a
riqueza.
1. 3 ESCOLA FUNCIONALISTA

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Herdeira direta do positivismo, criada por Augusto Comte, que buscava a compreensão
dos fenômenos sociais. A explicação dos fenômenos são obtidas por meio da construção
de leis gerais e relações causais entre os fenômenos.
Nos meios de comunicação, esta analisa a influencia dos meios no comportamento da
massa e a utilização desses meios. Pertenciam a ela o americano John Dewey, Robert S
Woodworth, Harvey A Carr, E James R. Angell, e o mais conhecido Augusto Comte.

Augusto Comte (1798-1857)


Isidore Auguste Marie François Xavier Comte
nasceu em Montpellier, sul da França, de uma família
monárquica e católica, mas já cedo se agarrou nas idéias
liberais e revolucionárias. Em 1814, começa a freqüentar
em Paris a Escola Politecnica, que depois é fechada por ser
“viveiro de jacobinos” para o governo francês. Volta a
cidade natal e estuda Medicina e Filosofia por alguns
meses.
Em Paris, cursa em 1829 Filosofia Positiva, onde
publica Curso de Filosofia Positiva (1830).
Em 1857, faleceu, possivelmente de câncer, em Paris. Sua última casa, na rua
Monsieur-le-Prince, 10, foi posteriormente adquirido por positivistas e transformado no
Museu Casa de Augusto Comte.
Todavia, é importante notar que uma grande confusão terminológica ocorre com
a obra de Comte e seu "Positivismo": ele não tem nenhuma ou pouca relação com o
chamado Positivismo Jurídico, ou Juspositivismo, de Hans Kelsen (explicitado melhor
no 2° capitulo).

Principais obras
Curso de filosofia positiva, em 6 volumes (1830-1842)
Discurso sobre o espírito positivo (1848)
Discurso sobre o conjunto do Positivismo (1851)
Sistema de política positiva, em 4 volumes (1851-1854)

Contribuições

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Para Comte "as idéias conduzem e transformam o mundo" e é a evolução da inteligência
humana que comanda o desenrolar da história.
Assim como diz muito bem Gouhier, a filosofia comtista da história é "uma filosofia da
história do espírito através das ciências".
O espírito humano, em seu esforço para explicar o universo, passa sucessivamente por
três estados (a chamada Lei dos Três Estados) :
• Estado teológico ou "fictício" - explica os fatos por meio de vontades análogas à
nossa. Este estado evolui do fetichismo ao politeísmo e ao monoteísmo;
• Estado metafísico - substitui os deuses por princípios abstratos como "o horror
ao vazio", por longo tempo atribuído à natureza. O homem projeta
espontaneamente sua própria psicologia sobre a natureza. A explicação
metafísica tem para Comte uma importância sobretudo histórica como crítica e
negação da explicação teológica precedente. Desse modo, os revolucionários de
1789 são "metafísicos" quando evocam os "direitos" do homem - reivindicação
crítica contra os deveres teológicos anteriores, mas sem conteúdo real.
• Estado positivo - é aquele em que o espírito renuncia a procurar os fins últimos e
a responder aos últimos "por quês". A noção de causa (transposição abusiva de
nossa experiência interior do querer para a natureza) é por ele substituída pela
noção de lei. Contentar-nos-emos em descrever como os fatos se passam, em
descobrir as leis (exprimíveis em linguagem matemática) segundo as quais os
fenômenos se encadeiam uns nos outros.

Essa lei não é somente verdadeira para a história da nossa espécie, ela o é também para
o desenvolvimento de cada indivíduo. A criança dá explicações teológicas, o
adolescente é metafísico, ao passo que o adulto chega a uma concepção "positivista" das
coisas.

1. 4 ESCOLA BIOLÓGICA (Evolucionista e Organicista)

A sociedade para a Escola Biológica é como um ser vivo, igual as plantas e aos
animais e sujeito às mesmas leis biológicas de reprodução, conservação, luta pela vida,
seleção, adaptação e diferenciação de formas e funções.
Essa escola subdivide-se em evolucionista e organicista.

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Escola Biológica Evolucionista: A vida social, nessa escola, é estudada como um estudo
macro da biologia, onde a mudança do comportamento social é comparado à evolução
biológica, à adaptação ao meio, à luta pela vida e à seleção dos mais aptos. O principal
pensador dessa escola é Herbert Spencer.

Herbert Spencer (1820-1903)

Nasceu em Derby, cidade inglesa, filho único de uma


família de classe média. Não freqüentou escolas clássicas, nem
técnicas, foi educado em casa pelo pai e depois pelo tio,
recebendo instrução técnica e cientifica.

Seu interesse por evolução veio a partir dos 17 anos,


quando foi morar em Londres e trabalhar em uma engenharia
ferroviária. Quando regressa a Derby, em 1841, começa a
escrever A esfera própria do governo (1842), onde define o
papel legitimo do Estado.
Em 1848, volta a Londres, quando formula sua Teoria da Evolução Social
(1850) e começa a se dedicar a filosofia sintética e ao conservadorismo. Também nesse
ano, tornou-se subeditor da revista The Economist, onde trabalhou até 1853, quando
recebeu uma herança do tio e passou a se dedicar apenas a escrever livros – atividade
que manteve até a morte, em 1903.

Principais obras
O Indivíduo Contra o Estado (1884)

A Educação Intelectual, Moral e física (1863)

Princípios de sociologia (1876-1896)

Estudo da Sociedade (1873)

Contribuições
Spencer foi um profundo admirador da obra de Charles Darwin. É dele a
expressão "sobrevivência do mais apto", e em sua obra procurou aplicar as leis da
evolução a todos os níveis da atividade humana. Spencer é considerado o "pai" do
Darwinismo social, embora jamais tenha utilizado o termo.

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Suas conclusões o levaram a defender a primazia do indivíduo perante a
sociedade e o Estado, e a natureza como fonte da verdade, incluindo a verdade moral.
No campo pedagógico, Spencer fez campanha pelo ensino da ciência, combateu a
interferência do Estado na educação e afirmou que o principal objetivo da escola era a
construção do caráter.
A sociedade para Spencer é um organismo e seus componentes se estratificam em
funções cooperativas e complementares. A sociedade se classifica em:
• Simples: o TODO operante não é submetido a outro. A sociedade simples é
cooperativa com ou sem órgão regulador;
• Composta: os chefes são submetidos a um dirigente supremo. Sempre há um
chefe;
• Duplamente composta: organização complexa onde os costumes já evoluíram
para leis escritas, onde há formação de castas e princípios religiosos;
• Triplamente composta: civilizações como a do Egito Antigo, México, Império
Romano, etc...

Conforme CASTRO (2000; P. 102), a sociedade evolui de um tipo militar (de cooperação
compulsória) para um tipo industrial (cooperação voluntária). O melhor governo é o liberal,
e que cada individuo pode desenvolver-se plenamente e unir-se livremente a seus
semelhantes para atingir o processo econômico, moral, religiosos, entre outros.
Se para Darwin a seleção natural (sobrevivência dos mais aptos) era fomentadora para a
evolução no campo biológico, para Spencer a guerra assumia feição semelhante na lei de
evolução social. A guerra seria o elemento diferenciador que impulsionaria o homem a
especializar as funções dentro da sociedade. Para Spencer a guerra, forçou, de fato, os homens a
saírem do seu estado de homogeneidade primitiva e, a partir da relativa igualdade das
sociedades simples, formou as primeiras diferenciações no organismo social, especializando
órgãos e funções, e, pouco a pouco, criou toda a estrutura política da sociedade de tipo militar.

Escola Biológica Organicista: este conceito está relacionado ao termo organismo.


Chamamos organismo tudo que tem vida, desde os seres mais primitivos unicelulares,
através dos vegetais e animais até a complexidade do ser humano. Assim, a sociedade é
comparada a um organismo real, como os animais, que vive e se reproduz, mantendo
todas as suas características e fases comportamentais.
Uns pensadores que aceitaram a visão de sociedade como um ser orgânico são o
sociólogo e estadista alemão Albert G. F. Schãffle, o sociólogo francês René Worms e o

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sociólogo russo-francês Jacques Novicow, cada um desenvolvendo a idéia de maneira
própria. Para esse estudo, se destaca Espinas.

Alfred Victor Espinas (1844-1922)


Espinas foi um pensador francês de Nietzsche. Ele foi
estudante de Comte e Spencer.

Principais obras
Des sociétés animales (1877)
Les origines de la technologie (1897)
La philosophie sociale an XVIIIe siècle et la Revolution (1898)
Descartes et la morale: Etudes sur l'histoire de la philosophie de l'action (1925)

Agora destacamos as escolas de derivação positivista, que são: Escola


psicológica, escola marxista (ou cientifica) e escola sociológica.

1. 5 ESCOLA MARXISTA

O marxismo, conjunto de idéias filosóficas, econômicas, políticas e sociais


elaboradas primariamente por Karl Marx e Friedrich Engels, interpreta a vida social
conforme a dinâmica da luta de classes e prevê a transformação das sociedades de
acordo com as leis do desenvolvimento histórico de seu sistema produtivo
Marx defendeu que é a estrutura básica econômica que determina todas as outras
estruturas sociais. A religião, a arte, a ciência, a política, a moral e o direito são
estruturas sociais sobordinadas e determinadas pela estrutura econômica vigente.
Essa corrente influenciou os mais diversos setores da atividade humana ao longo
do século XX, desde a política e a prática sindical até a análise e interpretação de fatos
sociais, morais, artísticos, históricos e econômicos.
Segundo escreve LAKATOS e MARCONI (2008), a teoria marxista é uma
crítica radical as sociedades capitalistas. E Marx, foi o primeiro autor a empregar o
conceito de “classes sociais”, mas como não terminou o conceito em seu livro “O
Capital”, que em 1964 foi retomada, como:
"As classes são grandes grupos de pessoas que diferem umas das outras pelo lugar
ocupado por elas num sistema historicamente determinado de produção social, por

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sua relação (na maioria dos casos fixada e formulada em lei) com os meios de
produção, por seu papel na organização social do trabalho e, por conseqüência, pelas
dimensões e método de adquirir a parcela da riqueza social de que disponham. As
classes são grupos de pessoas onde uma pode se apropriar do trabalho de outra,
devido a lugares diferentes que ocupam num sistema definido de economia social"
(Lênin citado por LAKATOS e MARCONI, 2008; p. 259).

Karl Marx (1818-1883)

Nasce na pequena cidade alemã Trêves, filho


de uma família de classe media, cujo pai Hirschel
Marx é advogado judeu. Foi um intelectual e
revolucionário alemão, fundador da doutrina
comunista moderna, que atuou como economista,
filósofo, historiador, teórico político e jornalista.
Em 1830, Marx iniciou seus estudos no Liceu
Friedrich Wilhelm. Ingressou mais tarde na
Universidade de Bonn para estudar Direito,
transferindo-se no ano seguinte para a Universidade de Berlim. Em 1841, obteve o título
de doutor em Filosofia. Impedido de seguir uma carreira acadêmica, tornou-se, em
1842, redator-chefe da Gazeta Renana (Rheinische Zeitung), um jornal da província de
Colônia.
Em dezembro de 1881, Marx perdeu sua mulher e deprimido desenvolveu
bronquite e pleurisia, que causaram o seu falecimento em 1883. Foi enterrado na
condição de apátrida, no Cemitério de Highgate, em Londres.

Principais obras
Manuscritos econômico-filosóficos (1844)
A ideologia alemã (1845)
A miséria da Filosofia (1847)
Manifesto comunista (1848)
As lutas de classe na França entre (1848 e 1850)
O 18 Brumário de Luís Bonaparte (1852)
Contribuição à crítica da Economia Política (1857)
O Capital (1867)

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Contribuições
Segundo Marx, o lucro não se realiza por meio da troca de mercadorias, que se
trocam geralmente por seu valor, mas sim em sua produção. Os trabalhadores não
recebem o valor correspondente a seu trabalho, mas só o necessário para sua
sobrevivência.
Marx critica a essência do Capitalismo, que reside precisamente na exploração
da força de trabalho pelo Produtor Capitalista, e que segundo Marx, um dia haverá de
levar à revolução social.
Nascia assim o conceito da mais-valia, diferença entre o valor incorporado a um bem e a
remuneração do trabalho que foi necessário para sua produção.
A partir dessas considerações, Marx elaborou sua crítica do capitalismo numa
obra que se converteu numa reflexão geral sobre o homem, a sociedade e a história
A Teoria do Valor de Marx
Marx alterou alguns fundamentos da Economia Clássica, estabelecendo uma distinção
entre valor de uso e valor de troca:
• Valor de Uso: Representa a utilidade que o bem proporciona à pessoa que o
possui;
• Valor de Troca: Este exige um valor de uso, mas não depende dele. Marx
acredita que o Valor de Troca depende da quantidade de trabalho despendida,
contudo, a quantidade de trabalho que entre no valor de troca é a quantidade
socialmente necessária.
Para Marx, havia uma exploração do trabalhador, uma apropriação do fruto do
Trabalho, que contudo não pode ser considerado um roubo pelo Capitalista, porque ao
fim ao cabo, o Trabalhador é pago para fazer aquele trabalho.

1. 6 ESCOLA SOCIOLÓGICA

Essa escola sociológica defende que a sociedade é uma instituição com


identidade própria, independente de quaisquer influências externas ou internas. A
consciência é coletiva e grupal e possui a sua própria realidade física, vital e psíquica,
independente das realidades individuais de seus membros.
O principio da divisão do trabalho está baseado nas diversidades das pessoas e
dos grupos e se opõe diretamente a solidariedade por semelhança. Uma nova

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organização é criada pelo principio da solidariedade, que vem dos laços sociais. O
pensador mais representativo dessa escola é Émile Durkhéim.

David Émile Durkhéim (1858-1917)


Nasceu em Épinal, na Alsácia de uma família rabínica
hebraica. Freqüentou em Paris, em 1879, a Escola Normal
Superior, juntamente com Jean Jaurès e Henri Bergson.
Durante estes estudos teve contatos com as obras de
Augusto Comte e Herbert Spencer que o influenciaram
significativamente na tentativa de buscar a cientificidade
no estudo das humanidades
Em 1887, ocupa em Bourdéus a cadeira de Pedagogia
onde começa a reger os seus cursos de marcado pendor
sociológico, e ai permanece por 15 anos, vindo em 1893, a apresentar sua tese de
Doutorado A divisão do Trabalho social. Transfere para Paris, em 1902, e lhe é
entregue a cadeira de Ciência da Educação da Sorbonne.
Mas, em 1915 morre na guerra o seu único filho, e já idoso e entristecido, morreu em
1917 prematuramente.

Principais obras
Da divisão do trabalho social (1893);
Regras do método sociológico (1895);
O suicídio (1897);
As formas elementares de vida religiosa (1912).

Contribuições
A tarefa a que se propôs Durkheim foi:

“em lugar de tratar a Sociologia in genere, nós nos fechamos metodicamente numa ordem de
fatos nitidamente delimitados salvo as excursões necessárias nos domínios limítrofes daquele
que exploramos, ocupamo-nos apenas das regras jurídicas e morais, estudadas seja no seu devir e
sua gênese [cf. Division du travail] por meio da História e da Etnografia comparadas, seja no seu
funcionamento por meio da Estatística [cf. Le suicide]. Nesse mesmo círculo circunscrito nos
apegamos aos problemas mais e mais restritos. Em uma palavra, esforçamo-nos em abrir, no que
se refere à Sociologia na França, aquilo que Comte havia chamado a era da
especialidade”(DURKHEIM, 1970: p. 126).

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Seu principal trabalho é na reflexão e no reconhecimento da existência de uma

"Consciência Coletiva". Ele parte do princípio que o homem seria apenas um animal

selvagem que só se tornou Humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz de

aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver no

meio deste. A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de "Socialização" ou

“fatos sociais”, e disse que esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.

Esse fato social tem características:


• Exterioridade – é exterior as consciências individuais;
• Coercibilidade – exerce coerção sobre os indivíduos;
• Generalidade – é geral no meio do grupo.

1. 7 ESCOLA PSICOLÓGICA

Essa escola considera os fenômenos sociais como fatos psíquicos, a sociedade é


vista pelo comportamento coletivo.
Os fatos característicos do comportamento do indivíduo, como a imitação,
sugestão, simpatia, interferência, conflitos e desajustamentos mentais são extrapolados
para o grupo social.
Nessa corrente, a sociedade é como um fenômeno essencialmente psíquico,
como já havia falado antes pelos pensadores: Lester F. Ward e Franklin H. Giddings.
Mas, Gabriel Tarde foi quem lançou a psicologia social.

Jean-Gabriel Tarde (1843-1904)

Sociólogo e criminologista francês, Jean-Gabriel de


Tarde nasceu em 1843 e faleceu em 1904. De origem
nobre, ele vivia na região de Sarlat-la-Canéda, uma região
francesa administrativa de Aquitânia.
Gabriel Tarde tinha sete anos quando o seu pai
morreu. A sua mãe passa a educação de Tarde aos jesuítas
de Sarlat, onde faz os estudos secundários. Em 1860, obtém o bacharelato em Letras,
seguido do bacharelato em Ciências.

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Tarde começa a sua carreira de investigação primeira na Criminologia
publicando vários artigos, nos quais entra em polémica com o criminologista italiano
César Lombroso. Para além da Criminologia, publica também artigos nas áreas da
Sociologia, Filosofia, Psicologia Social e Economia. A partir de 1896, foi regente de
disciplinas na École Libre de Sciences Politiques e deu lições no Collège Libre des
Sciences Sociales. Em 1900, aceita a regência da cátedra de Filosofia Moderna no
Collège de France.
Morre em 12 de Maio de 1904, aos 61 anos.

Principais obras

La Criminalité Comparée (1886)

Les Lois de l'Imitation (1890)

Logique Sociale (1893)

La Criminalité Professionnelle (1897)

Les Lois Sociales (1898)

Études de Psychologie Sociale (1898)

Contribuições
Em Les Lois de l'Imitation (1890), o autor caracteriza três processos: repetição,
oposição e adaptação.
Repetição - para o sociológo não há vida social sem imitação. Na sua definição,
sociedade é “uma coleção de seres com tendência a se imitarem entre si, ou que, sem se
imitarem, atualmente se parecem, e suas qualidades comuns são cópias antigas de um
mesmo modelo.” Tarde vai além, de forma bem clara: “nós imitamos os outros a cada
instante, a não se que nós inovemos, o que é raro.” Muito raro: “pois nossas inovações
são em sua maior parte combinações de exemplos anteriores” e “permanecem estranhas
à vida social se não forem imitadas.”
Um exemplo disso são as crianças que imitam o que os pais fazem, se os pais
passam as crianças gestos inapropriados, as crianças os imitaram.
Essa Lei da Imitação, para Tarde, pode ser dividida em três partes:
• O exterior imita o interior;

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• O inferior imita o superior;
• O presente imita o passado.

Oposição – para CASTRO (2000; p. 106) manifesta-se em duas formas: como conflito e
ritmo. Como conflito, é o encontro de ondas de imitação, que se manifestam-se na
concorrência e na polêmica. Como ritmo, é a tendência dos fenômenos sociais
flutuarem sempre.
Adaptação – segundo LAKATOS e MARCONI (2008; p. 52), esse é o fenômeno que na
realidade é uma invenção, de modo que o processo se repete continuamente. Tarde
assevera que os inovadores (oposicionistas) são os que realmente “inventam e
reinventam o social”.

1. 8 ESCOLA BEHAVIORISTA

Essa corrente Behaviorista foi lançada em 1910, por John B. Watson. Os três
postulados centrais do Behaviorismo são:
• Psicologia é a ciência do comportamento, e não a ciência da mente;
• O comportamento pode ser descrito e explicado sem recorrer aos esquemas
mentais ou aos esquemas psicológicos internos;
• A fonte dos comportamentos é o ambiente (que pode ser inclusive os órgãos
internos) e não a "mente" interna individual.

A teoria behaviorista não estava propondo uma nova ciência, mas sim defendendo a
idéia de que a Psicologia deveria ser redefinida como uma ciência que estuda o
comportamento.
"Sendo o behaviorismo um conjunto de idéias sobre essa ciência chamada de
análise do comportamento, e não a ciência ela própria, o behaviorismo não é
propriamente uma ciência, mas uma filosofia da ciência. Como filosofia do
comportamento, entretanto, aborda tópicos que muito prezamos e que devemos e
não devemos fazer. Oferece uma visão alternativa que muitas vezes vai contra o
pensamento tradicional sobre o agir, já que as visões tradicionais não têm pautado
pela ciência." (BAUM, 1999. p.21).

Alguns dos principais autores do Behaviorismo foram: Burrhus Frederic Skinner


(EUA), Lloyd Morgan (Reino Unido), Edward C. Tolman (EUA), e o escolhido para

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destacarmos aqui foi John Broadus Watson (EUA).

John Broadus Watson (1878-1958)

Nasceu em 1878, em Greenville (Carolina do Sul), filho de um pai, violento e


desordeiro, abandonou a família quando Watson contava 13 anos. Ambicioso e
persistente, apesar de pobre conseguiu entrar para a Universidade Furman aos 16 anos.
Recebeu o diploma de mestre após cinco anos de estudos, ingressando após na
Universidade de Chicago para doutorar-se em psicologia em 1903. Cinco anos depois
foi nomeado professor de psicologia experimental e comparada na Universidade Johns
Hopkins, em Baltimore.
Suas pesquisas com crianças e animais foram interrompidas pela Primeira
Guerra Mundial. Ele serviu o exército americano como psicólogo. Posteriormente
retornou à Universidade Johns Hopkins até 1920, quando perdeu sua condição de
professor e pesquisador devido ter um caso com uma colega. Sua esposa divorciou-se e
o escândalo levou a direção da Universidade a solicitar que se demitisse. Sempre
criativo e com grande habilidade em promover-se, levou seu conhecimento de
psicologia para o campo da propaganda, chegando a presidente da J. Walter Thompson,
uma das maiores empresas de publicidade dos Estados Unidos.
Watson passou a se dedicar, então, a uma carreira empresarial em publicidade,
vindo a falecer em 1958, na cidade de Nova Iorque.

Principais obras
Behavior: An Introduction to Comparative Psychology (1914)
Psychology from the Standpoint of a Behaviorist (1919)
Behaviorism (1925)

Contribuições

Foi considerado o pai do behaviorismo, ao publicar, em 1913, o artigo


"Psicologia vista por um Behaviorista", que declarava a psicologia como um ramo
puramente objetivo e experimental das ciências naturais, e que tinha como finalidade
prever e controlar o comportamento de todo e qualquer indivíduo. Watson era um
defensor da importância do meio na construção e desenvolvimento do indivíduo.

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1. 9 ESCOLA NEOCLÁSSICA (Liberalismo Econômico)

A Economia Neoclássica (ou Microeconomia) surgiu em fins do século XIX com o


austríaco Carl Menger (1840-1921), o inglês William Stanley Jevons (1835-1882) e o
suiço Léon Walras (1834-1910).
A escola também chamada de mecanicista vê o universo como se fosse uma
máquina. Peças discretas são partículas elementares que interagem no espaço e no
tempo e quando alguma força atua sobre elas o resultado é uma seqüência de ações e
reações em cadeia.
Para os mecanicistas, até o fenômeno do processo mental, pode ser reduzido e
explicado como resultante de interações entre partículas elementares em movimento.
Como essas forças são a única causa eficiente ou imediata dos eventos, é possível a sua
completa previsão e todos os fenômenos podem ser quantificados. O modelo
mecanicista exclui a possibilidade de evolução em direção a uma meta universal pré-
definida; é um modelo basicamente decorrente do materialismo científico.
Pode ser dividida entre diferentes grupos, como a escola Walrasiana, a escola de
Chicago, a escola austríaca. O modelo de Macroeconomia proposto pelos clássicos, que
acreditavam na “mão invisível” do mercado, consagraram três idéias como fundamentos
da macroeconomia:

• As forças do mercado tendem a equilibrar a economia a pleno emprego, ou seja,


quando a procura por emprego se igualar a oferta do mesmo;
• As variáveis reais da economia e os preços relativos seguem trajetórias
diferentes e independentes da política monetária;
• A quantidade de moeda afeta apenas o nível geral dos preços.

Para eles, o Estado não deveria se intrometer nos assuntos do mercado, deixando
que ele fluísse livremente, ou seja, o Liberalismo econômico.
Para os teóricos dessa escola, o homem é visto exclusivamente como sendo um
elemento que reage quando se lhe aplicam forças, ou seja, o homem era visto como uma
máquina, livre de qualquer sentimento.
Durante muito tempo, o homem sempre esteve submisso às rotinas de uma vida imposta
por um pensamento mecanicista, voltado a um “status social”. Os instintos, as

20
tendências, as necessidades vitais (fome, etc.)e as emoções (amor, ódio, etc.) são
manifestações da energia universal, da gravitação e das forças de coesão, atração e
repulsão existentes no universo.
O homem é induzido a uma necessidade de sacrificar-se, na obtenção de respeito
dentro da sociedade, transformando assim o ser humano em um robô a serviço de um
sistema industrial e capitalista, em que a posição social sobrepõe a integridade da vida.
Os pensadores dessa escola procuram explicar os fenômenos sociais por
analogia com os fenômenos físicos. São eles: Gustave de Bon, Vito Volterra e Vilfredo
Pareto.
Pareto, o que mais se destacou nessa Escola, segundo estudos na área, insiste
em que os conceitos fundamentais da ciência devem ser definidos precisamente e as
teorias elaboradas e formuladas com exatidão.

Vilfredo Pareto (1848-1923)

Nasceu em Paris, filho de um nobre italiano e uma


francesa. Mas reentrou em Itália com a família, em 1850,
para ai fazer os estudos secundários clássicos, assim
começou licenciatura em Engenharia na Universidade
Politécnica de Turim (1869). Revelou-se defensor acérrimo
do liberalismo econômico, contra o intervencionismo estatal
e contra o militarismo do governo italiano.
Em 1907, começa sua dedicação a Sociologia, e já
em 1916 aparece um de seus principais legados a
Sociologia, o livro Tratado da Sociologia Geral. Em 1922, aceita representar o governo
de Mussolini na Sociedade das Nações como senador na Itália. Assim, colabora com o
fascismo, mas tentando não travar um ponto de vista liberal e conservador.
Infelizmente, morreu em Genebra (Suiça), antes do fascismo se tornar poder absoluta no
país.

Principais obras
Cours d'économie politique (1896-1897)
Manuale d'economia politica (1906)
Trattato di sociologia generale (1916)

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Contribuições
A maior contribuição de Pareto para a Sociologia foi a concepção da sociedade
como um sistema em equilíbrio, entendendo por sistema um todo consistente, formados
de partes interdependentes – assim, a mudança em qualquer parte afeta as outras e o
todo. Há forças que mantém a configuração social (estrutura) e outras que asseguram as
transformações (dinâmica).
Pareto ainda dividia a atividade humana em dois tipos: o lógico (fins atingíveis e
adequação dos meios para atingi-lo) e o não lógico (fins inatingíveis ou nenhum fim, e
utilização de meios adequados).
Quanto às elites, segundo LAKATOS e MARCONI (2008; p. 293), Pareto foi o
primeiro a difundir essa idéia, que havia indivíduos que por suas qualidades e dons
naturais se diferenciavam dentre os demais, por sua riqueza, sucesso ou prestigio.
Pertencer a elite depende de sua hereditariedade. Assim, as antigas elites são
substituídas por novas. Para ele, há dois tipos de elite:
• Elite governante: formada por indivíduos que, de maneira direta ou indireta,
atuam de forma considerável no governo;
• Elite não-governante: engloba todos os demais indivíduos das camadas mais
ricas ou influentes, como uma classe social.

1. 10 ESCOLA ESTRUTURALISTA

Essa corrente determina os dados imediatos da consciência, ou seja, as características


principais e específicas dos processos de consciência e seus elementos fundamentais.
Essa corrente analisa sistemas em grande escala examinando as relações e as funções
dos elementos que constituem tais sistemas, que são inúmeros, variando das línguas
humanas e das práticas culturais aos contos folclóricos e aos textos literários
O termo estruturalismo tem origem no Cours de linguistique générale de
Ferdinand de Saussure (1916), que se propunha a abordar qualquer língua como um
sistema no qual cada um dos elementos é definido pelas relações de equivalência ou de
oposição que mantém com os demais elementos. Esse conjunto de relações forma a
estrutura.

22
O estruturalismo é uma abordagem da língua, cultura, a filosofia da matemática
e a sociedade. A escola procura explorar as inter-relações (as "estruturas") através das
quais o significado é produzido dentro de uma cultura.
Um estruturalista estuda além de muitas atividades das pessoas, outras formas de
entretenimento para descobrir as profundas estruturas pelas quais o significado é
produzido e reproduzido em uma cultura. Por exemplo, um antigo e proeminente
praticante do estruturalismo, o antropólogo e etnógrafo Claude Lévi-Strauss, analisou
fenômenos culturais incluindo mitologia, relações de família e preparação de alimentos.
Assim, se tornou o mais conhecido estruturalista.

Claude Lévi-Strauss (1908-2009)

Nasceu em Bruxelas, de uma família judia de origem


alsaciana, das cercanias de Estrasburgo. Foi um
antropólogo, professor e filósofo francês. É considerado
fundador da antropologia estruturalista, em meados da
década de 1950, e um dos grandes intelectuais do século
XX.
Depois de concluir a escola primária em Versalhes, instala-se em Paris para prosseguir
seus estudos secundários. Estuda Direito na Faculdade de Direito de Paris, obtendo sua
licença antes de ser admitido na Sorbonne, onde se graduou em Filosofia em 1931. Para
a tese de doutorado estudou no Brasil, os povos indígenas, no período de 1935 a 1939, e
a publicação de sua tese As estruturas elementares do parentesco, em 1949, publicou
uma extensa obra, reconhecida internacionalmente.
Depois de passar dois anos ensinando filosofia no Liceu Victor-Duruy de Mont-de-
Marsan e no liceu de Laon, o diretor da Escola Normal Superior de Paris, Célestin
Bouglé, por telefone, convida-o a integrar a missão universitária francesa no Brasil,
como professor de sociologia da Universidade de São Paulo. Esse telefonema seria
decisivo para despertá-lo da vocação etnográfica de Lévi-Strauss.
Claude Lévi-Strauss morreu em 30 de outubro de 2009, poucas semanas antes da data
em que faria 101 anos. A morte só foi anunciada quatro dias depois.

Principais obras
La Vie familiale et sociale des Indiens Nambikwara (Paris, 1948);
Les Structures élémentaires de la parenté (Paris, 1949);

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Race et Histoire (Paris, UNESCO, 1952);
Anthropologie structurale (Paris, 1958);
O cru e o cozido (1964);
Le Regard éloigné (Paris, 1983);
Antropologia e Mito: Palestras (1984);
Saudades do Brasil (Paris, 1994);
Le Père Noël supplicié (1994).

Contribuições

Lévi-Strauss explicou que os antônimos estão na base da estrutura sócio-cultural.


Em seus primeiros trabalhos demonstrou que os grupos familiares tribais eram
geralmente encontrados em pares, ou em grupos emparelhados nos quais ambos se
opunham e se necessitavam ao mesmo tempo.
Também mostrou que os mapas cognitivos, as maneiras através das quais os
povos categorizavam animais, árvores, e assim por diante, eram baseados em séries de
antônimos. Mais tarde, em seu trabalho mais popular, "O Cru e o Cozido", descreveu
contos populares amplamente dispersos da América do Sul tribal como inter-
relacionados através de uma série de transformações - como um antônimo aqui
transformava-se em outro antônimo ali. Por exemplo, como o título indica, Cru torna-se
seu oposto, Cozido. Esses antônimos em particular (Cru/Cozido) são simbólicos da
própria cultura humana que, por meio do pensamento e do trabalho, transforma
matérias-primas em roupas, alimento, armas, arte, idéias. Cultura, explicou Lévi-
Strauss, é um processo dialético: tese, antítese, síntese.

1. 11 ESCOLA KEYNESIANA

A escola de pensamento econômico keynesiana tem suas origens no livro escrito


por John M. Keynes chamado "Teoria Geral do Emprego, Juros e Moeda". A corrente
se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é auto-regulador como
pensavam os neoclássicos, uma vez que é determinado pelo "espirito animal" dos
empresários.

John Maynard Keynes (1883-1946)

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Nasceu na cidade de Cambridge, filho de um
professor de economia, John Neville Keynes, depois em
1891, secretário da Universidade de Cambridge, e mãe serviu
como prefeita de Cambridge até 1932. Foi o mais importante
economista da primeira metade do século XX,
Em 1906, tendo passado no exame para o serviço
civil, seguiu para a Índia Office, e depois de dois anos voltou
para o King’s College, onde se especializou no ensino dos
Princípios Econômicos de Marshall.
Com a irrupção da Segunda Guerra Mundial, Keynes dedicou-se a questões
concernentes às finanças de guerra e ao restabelecimento final do comércio
internacional e de moedas estáveis. Suas idéias sobre estes assuntos foram oferecidos
em um “Plano Keynes” para o estabelecimento de uma autoridade monetária
internacional que ele propôs em 1943. Embora seu plano tenha sido rejeitado, a
proposta que foi adotada em 1944 na conferência de Bretton Woods, da qual participou
como líder na delegação britânica, refletia claramente a influência de seu pensamento.
O impacto de seu trabalho sobre o pensamento político e a formulação da
política em quase todas as nações capitalistas. Homossexual ativo, participou de
diversos grupos de defesa dos interesses da comunidade gay, e por causa disso sua
mulher se suicidou.
Em seu falecimento, pouco depois de ter preparado o acordo de empréstimo
americano, ele era o economista líder não somente da Inglaterra, mas do mundo. E em
1999, a revista Time nomeou Keynes como uma das cem pessoas mais influentes do
século XX, dizendo que "sua ideia radical de que os governos devem gastar o dinheiro
que não têm pode ter salvado o capitalismo".

Principais obras
The General Theory of Employment, Interest and Money (1936)
The Economic Consequences of the Peace (1919)

Contribuições
Keynes desbancou os antigos conceitos e apontou soluções práticas para os problemas,
sobretudo o do desemprego - ponto principal da sua teoria geral - e sua relação com o

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investimento x poupança. Keynes mostrou ser um homem de ação, sua competência,
defendendo a intervenção do estado em benefício da economia, assim, sua teoria:

Teoria Keynesiana

Sua teoria considera que os consumidores alocam as proporções de seus gastos


em bens e poupança, em função da renda. Quanto maior a renda, maior a percentagem
da renda poupada. Assim se a renda agregada aumenta, em função do aumento do
emprego, a taxa de poupança aumenta simultaneamente. Então ocorre um excesso de
poupança, em relação ao investimento, o que faz com que a demanda efectiva fique
abaixo da oferta e assim o emprego se reduza para um ponto de equilíbrio onde a
poupança e o investimento fiquem iguaís. Keynes achava que o Estado deveria intervir
com sua capacidade de imprimir moeda e aumentar a demanda efectiva através de
déficits do orçamento do Estado.
Mas, para o estado aumentar a demanda efectiva, ele deve gastar mais do que
arrecada, porque a arrecadação de impostos reduz a demanda efectiva, enquanto que os
gastos aumentam a demanda efectiva.
O ciclo de negócios segundo Keynes ocorre porque os empresários tem
"impulsos animais" psicológicos que os impedem de investir a poupança dos
consumidores, o que gera desemprego e reduz a demanda, e por sua vez causa uma crise
econômica. A crise, para terminar, deve ter uma intervenção estatal que aumente a
demanda efectiva através do aumento dos gastos públicos.

1. 12 ESCOLA GEOGRÁFICA (Escola Antropogeográfica ou Ecológica)

A corrente geográfica considera o fator geográfico (a distribuição das terras, águas,


mares, rios, vales, desertos, entre outros) como o fator mais importante na determinação
do comportamento dos grupos sociais.
Essa escola ainda conta com duas teorias diferentes, uma alemã e outra francesa:
• Teoria geográfica alemã (Determinismo Geográfico): formulado inicialmente
por Frederic Ratzel, um pensamento filosófico e político alemão, num momento
em que se buscava a unidade política como único império. Capel (1983) coloca
que a base da visão geográfica de Ratzel se encontra na concepção orgânica da
Terra. Por isso ele identifica a Geografia com a Ecologia, preocupando-se com

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as relações dos diferentes organismos vivos entre si e com as relações destes
com o meio ambiente.
• Teoria geográfica francesa (Possibilismo Geografico):
com origem na França com Paul Vidal de la Blache, essa teoria se enquadra no
pensamento político dominante, num momento em que a França tornou-se um
grande império. Ele realizou estudos regionais procurando demonstrar que a
natureza exercia influências sobre o homem, mas que o homem tinha
possibilidades de modificar e de melhorar o meio, dando origem ao
possibilismo.

Os autores mais citados nessa escola são: Jean Jacques Élisée Reclus e Frederic
Ratzel.
Por essa escola não ser tão importante para a Sociologia ou para o Direito, não
aprofundaremos os conhecimentos ou autores dessa corrente.

27
2. ESCOLAS SOCIOLÓGICAS DO DIREITO

Dentro da Sociologia Jurídica, que é um ramo que busca descrever e explicar o


fenômeno jurídico como parte da vida social, A sociologia encara o direito não como
um conjunto de normas, mas como um conjunto de ações reais de seres humanos. E
para isso, as escolas sociológicas vêem a gênese do Direito de diferentes formas.

1 JUSNATURALISMO (Direito Natural)

O jusnaturalismo é uma teoria que postula a existência de um direito cujo


conteúdo é estabelecido pela própria natureza da realidade e, portanto, válido em
qualquer lugar e sob qualquer circunstância. A expressão "direito natural" é por vezes
contrastada com o direito positivo, ou juspositivismo, de uma determinada sociedade, o
que lhe permite ser usado, por vezes, para criticar o conteúdo daquele direito positivo.
A teoria do direito natural abrange uma grande parte da filosofia de Tomás de Aquino,
Francisco Suárez, Richard Hooker, Thomas Hobbes, Hugo Grócio, Samuel von
Pufendorf e John Locke, e exerceu uma influência profunda no movimento do
racionalismo jurídico do século XVIII, quando surge a noção dos direitos fundamentais.
De uma maneira geral, para o jusnaturalismo, o DIREITO é um conjunto de
idéias ou princípios superiores, eternos, uniformes, permanentes, imutáveis, que seriam
outorgados ao homem pela divindade.
Para o jusnaturalismo, a outorga dos princípios ao homem varia conforme o
ramo, para:
• Filósofos da Antigüidade (Heráclito, Aristóteles, Sócrates e Cícero) – a outorga
dos princípios seria, quando da criação divina, tornando-se o ponto de referência
para se saber o que é justo ou injusto, bom ou mau, base de todas as leis;
• Ramo teológico – a origem do Direito não estaria ligada apenas indiretamente à
divindade, mas diretamente, isto é, a gênese do Direito não teria sido inspirado
por Deus, mas escrita e outorgada pela divindade;
• Ramo racionalista ou Contratual (Thomas Hobbes, John Locke, Montesquieu,
Rousseau e outros) – existiam duas categorias de Direito, ou órbitas jurídicas:
Direito Natural e Direito Positivo.

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Direito Natural – sua origem não mais seria a divindade, mas sim a natureza racional do
homem e o caráter permanente e imutável decorriam do fato de ser a natureza racional
do homem igual por toda parte, em todos os tempos.
Direito Positivo – decorria do pacto social a que o homem fora levado a celebrar para
viver em coletividade. Respeitando os princípios fundamentais do Direito Natural por
lhe serem superiores, não podendo deles se afastar sem se tornar injusto e iníquo.
Já para São Tomas de Aquino, existiam três categorias de Direito: Direito
Natural proveniente dos gregos e dos romanos, existente entre os homens por intuição;
Direito Divino, que era baseado nas Escrituras e nas decisões dos Papas e de Concílios e
Direito Humano, por cujo intermédio se aplicavam os princípios da lei natural, sendo
um produto dos homens.

ESCOLA HISTÓRICA ALEMÃ DO DIREITO

Para essa escola não existia um Direito Natural permanente e imutável. Ao invés
de se indagar, o que deveria ser o Direito, o certo era pesquisar como o Direito se
formava nas sociedades. Esse Direito era encarado como um produto histórico
decorrente, não da divindade ou da razão, mas sim da consciência coletiva dos povos,
gradativa e feita aos poucos pelas tradições e costumes.
Conforme Friedrich Karl Von Savigny, ao invés de um Direito geral e universal,
cada povo, em cada época teria o seu próprio Direito, expressão natural de sua evolução
histórica, de seus uso, costumes e tradições de todas as épocas passadas.
É conquista definitiva da Escola Histórica a noção do caráter social dos
fenômenos jurídicos, com seus dois elementos essenciais: continuidade e transformação.
A Escola mostrou que os fundamentos do Direito se encontra na vida social.

1.3 ESCOLA CLÁSSICA

A Escola Clássica teve vários autores que se dedicavam ao Direito, dentre eles:
Francesco Carrara, no “Programa do Curso de Direito Criminal” (1859); Enrico Pessina,
em “Elementos de Direito Penal” (1882) e Giuseppe Carmignani , em “Elementos de
Direito Criminal” (1823). Os adeptos desta escola conferiam caráter eminentemente

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expiatório à figura da pena, como sua principal característica. Neste sentido, ensina
Aníbal Bruno:
“É a pena o mal justo com que a ordem jurídica responde à injustiça do mal
praticado pelo criminoso, (...) seja como retribuição de caráter divino ou de caráter
moral, ou de caráter jurídico, função retributiva que não pode ser anulada ou
diminuída por nenhum outro fim atribuído à pena”. (BRUNO, 1967; p.79)

2.5 ESCOLA MARXISTA

Como a escola marxista já foi citada no 1° capitulo, agora só retomaremos sua


importância para o Direito. O Direito tem origem, não em DEUS, nem razão ou na
consciência coletiva, mas no Estado, não existindo Direito sem o Estado, nem Estado
sem Direito.
Karl Marx e Friedrich Engels consideravam o Direito a expressão do interesse
da classe dominante, instrumento ideológico da burguesia sobre o proletariado. Desta
maneira Jordan Augusto pondera que:
"A teoria da História de Marx e Engels foi elaborada a partir de uma questão
bastante simples. Examinando o desenvolvimento histórico da Humanidade, pode-se
facilmente notar que a filosofia, a religião, a moral, o direito, a indústria, o
coméricio etc., bem como as instituições onde estes valores são representados, não
são sempre entendidos pelos homens da mesma maneira. Este fato é evidente: A
religião na gécia não é vista da mesma maneira que a religião em nossos dias, assim
como a moral existente durante o Império Romano não é a mesma moral existente
durante a idade média." (AUGUSTO, 2008).
Partindo deste pressuposto, observa-se que desde os tempos em que viviam estes
autores, a preocupação com a justiça é tema de discussão. A idéia de justiça esboçada
pelos pensadores parte do pressuposto de que para que uma sociedade seja considerada,
efetivamente, justa, deve contar com a dissolução do capital privado e do Estado. Ou
seja, defendem a socialização dos meios de produção e o término do capitalismo.

2.6 ESCOLA SOCIOLÓGICA DO DIREITO

Para a Escola Sociológica, o Direito não tem origem em Deus, nem na razão, o
Direito é um fato social e tem a sua origem nas inter-relações sociais. É um fenômeno
social decorrente do próprio convívio do homem em sociedade.

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As normas do direito são regras de conduta para disciplinar o comportamento do
indivíduo no grupo, as relações sociais; normas ditadas pelas próprias necessidades e
conveniências sociais. Não são regras imutáveis e quase sagradas, mas sim variáveis e
em constante mudanças como são os grupos onde se originam.
Ao ingressar na sociedade o indivíduo terá que adaptar-se às normas que a
mesma impõe. Estas, podem ser de acordo com a moral social ou com a lei, divergindo
com relação ao tipo de conduta. O comportamento considerado como um desvio de
conduta terá sanções que podem ser repressivas, excludentes e se a infração estiver
prevista na lei, estas serão objeto do direito.
Percebe-se que o homem durante toda a sua vida social irá submeter-se a regras,
sejam estas impostas por um grupo social ou pelo Estado. Diante disso:
“na sociedade existem vários tipos distintos de grupos sociais e estes caracterizam-
se basicamente pelas normas que impõem, e os indivíduos escolhem o grupo do qual
queiram participar de acordo com a doutrina de cada um, pois, se o mesmo discorda
das regras do grupo este será rapidamente banido. A moral de cada grupo é
rigorosamente respeitada, chegando a ter mais força do que a própria lei, inclusive o
indivíduo que responde a um processo judicial, seja ele criminal ou não, geralmente
sofre discriminação pelo seu grupo social.”(CASTRO, 1999)
No campo da Sociologia Jurídica, a partir de 1882, começaram a se destacar:
Émile Durkheim, Léon Duguit e Nordi Greco e ainda MaxWeber.
Para Émille Durkheim, o estudo do direito é estudado de um ponto de vista
empírico-causal, distinto da visão normativa dos juristas em obras como Da divisão
social do trabalho (1893) e Lições de sociologia (1912).
A sociedade é vista como duas solidariedades (forma de integração social):
• Mecânica – predomínio das semelhanças, mais homogênea;
• Orgânica – predomínio das diferenças, divisão do trabalho, mas com integração
social.
Já Max Weber, que dedica um capítulo de sua obra Wirtschaft und Gesellschaft
(Economia e Sociedade, de 1925) à sociologia do direito, a sociedade é compreensiva,
ou melhor, compreende o sentido da ação social (afetiva, tradicional e relacional).

2.7 ESCOLA POSITIVISTA

Os seguidores da Escola Positiva advogavam as teorias relativas, ou da


prevenção, pois atribuíam à pena um fim prático e imediato de prevenção geral ou

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especial do crime. Viam a pena como instrumento de defesa social pelo reajustamento
ou inocuização do delinqüente.
A Escola Positiva foi fortemente influenciada pelos postulados científicos
surgidos no transcorrer do século XIX por meio dos estudos de Darwin (Origem das
Espécies, 1859); Lamarck (Pesquisa sobre a Organização das Espécies); Haeckel (A
criação dos seres organizados segundo as leis naturais, 1869); e, principalmente, pela
obra do pensador francês Augusto Comte, fundador da Escola Filosófica Positiva
(Curso de Filosofia Positiva, 1830).
Entre os principais expoentes desta Escola, podemos destacar Enrico Ferri (A negação
do livre arbítrio e a teoria da imputabilidade, 1878); Enrico Altavilla (psicologia
judiciária, 1927); Filippo Grispigni (Curso de Direito Penal, 1935).
Os militantes da Escola Positiva advogavam a tese de que o criminoso deveria
ser considerado um produto do meio social, e como tal ser tratado. Afirmavam que o
delinqüente era envolvido pelo convívio social, que condicionava e delimitava seu
próprio caráter. Trata-se, portanto, a vontade humana, de uma vontade viciada, visto que
direcionada pelas condições do meio social em que vive.
Do embate ideológico entre as escolas Clássica e Positivista, apareceram
algumas teorias mistas, também chamadas de Escolas Ecléticas, que tem o caráter
retributivo, com tendência que fomenta a expansão de ideias, influência ou domínio, em
relação a pena do criminoso. Dentre as principais correntes ecléticas, podemos destacar:
Escola Sociológica Francesa; Escola Moderna Alemã; Escola do Tecnicismo Jurídico
(Itália); Escola Correcionalista, dentre outras.

Escola Sociológica Francesa


Essa escola, apesar da pouca repercusão fora da França, tinha algumas idéias
fixadas a corrente, como:
• O exame psicológico do delinqüente deve ser feito no momento da execução do
crime;
• A valoração da vontade delitiva, desvalor do resultado material;

Teve como principais pensantes: Alessandre Lacassagne, Gabriel Tarde (já


citado no 1° capitulo) e Louis Manouvrier.

Escola Moderna Alemã

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As principais contribuições dessa escola para/com o Direito, foram:
• O crime é um fato jurídico resultante de fatores humanos e sociais;
• O delito não é de origem nata, nem de origem do livre-arbítrio, e sim de causas
diversas, ou de caráter individual ou externo, como as causas físicas, sociais e
econômicas;
• A imputabilidade deriva da capacidade de autodeterminação normal da pessoa;
• A pena se funda na culpa e se justifica pelo fim de manutenção da ordem
jurídica (sentido de pena finalística);
• A medida de segurança tem por base a periculosidade do agente (no sentido de
prevenção geral).

A Escola Moderna Alemã teve como principal expoente Von Liszt, que, em
1882, publicou em Berlim o clássico Programa de Marburgo, sobre o pensamento
finalista no Direito Penal. Ele também afirmou que as raízes do agir humano devem ser
buscadas dentro da própria sociedade, que modula, modifica e rotula os
comportamentos, seguindo variáveis como educação, cultura, condições de vida, entre
outras. Outros nomes de destaque foram Grafzudohna, W. Goldschmidt, Edmundo
Mezger, Von Hippel, dentre outros.

Escola do Tecno-Jurídico (Funcionalismo)


A primeira ou uma das primeiras versões do funcionalismo, foi a escola do
tecnicismo jurídico facista, a doutrina da defesa social, com Felippo Gramatica, em
1940 e depois com Marc Ancel, em 1960, sistema duplo binário com penas restritivas
de liberdade mais medidas neutralizantes (medidas de segurança como penas
indeterminadas). Ainda havia outras colaborações para o Direito:
• Cisão total entre Direito Penal e qualquer investigação acerca dos elementos do
Sistema Penal;
• Recusa à concepção de livre-arbítrio (determinismo);
• Responsabilidade moral do delinqüente;
• Crime é um fato de relação jurídica (subsunção típica);
• Adoção do princípio retributivo-expiatório de sanção penal;
• Faz distinção entre imputáveis e inimputáveis, estabelecendo pena para
imputáveis e medida de segurança para inimputáveis.

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Entre seus principais doutrinadores, podemos citar: Arturo Rocco, Vicenzo
Manzini, Eduardo Massari, Biaggio Delitala, Giuseppe Maggiore, Giuseppe Bettiol,
Biaggio Petrocelli e Giulio Battaglini.

Escola Correcionalista
A escola correcionalista aparece na Alemanha, em 1839, com a dissertação de
Carlos Davi Augusto Roeder, professor de Heidelberg. No entanto, foi na Espanha que
encontrou os seus principais seguidores, que cultuaram o famoso correcionalismo
espanhol - lembrando de matiz eclético - , destacando-se dentro eles, Doraldo Montero e
Concepcíon Arenal.
Alguns dos doutrinadores que se dedicam ao estudo das escolas penais apontam
como uma das principais características da Escola Penal Correcionalista é fixar a
correção ou emenda do delinqüente com fim único de pena. Bitencourt (2003, p. 63),
explica em sua obra:
“Para os correcionalistas, a pena não se dirige ao homem real, vivo e concreto, que
se tornou responsável por um determinado crime, revelador de uma determinação
defeituosa de vontade. Na verdade, a sua finalidade é trabalhar sobre a causa do
delito, isto é, a vontade defeituosa, procurando convertê-la segundo os ditames do
direito. O correcionalismo, de fundo ético-panteísta, apresentou-se como uma
doutrina cristã, tendo em conta a moral e o Direito natural”.
Na Escola Penal Correcionalista, vem o conceito de ressocialização do
delinqüente através da pena, no momento em que se busca a cura desse. O certo a partir
daqui, é um pena como meio de controle social, não mais como uma mera retribuição ao
crime praticado.
A pena indeterminada tem explicação para os correcionalistas pelo simples fato
de que o delinqüente não deve ter liberdade até que seja corrigida esta doença, ou que
esteja curado.

CONCLUSÕES

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Diante deste trabalho percebeu-se que desde o surgimento da vida em sociedade
sempre existiu regras e costumes que corrigiam a vida dos membros de uma sociedade.
Portanto, o Direito e a Sociedade são ciências que se completam por estudarem
praticamente o mesmo objeto, ou seja, não haveria um se o outro não existisse.
Entender acima de tudo, a importância do meio em que vivemos, pode ajudar no
desenvolvimento das sociedades não só daquela época, mas de sociedades que poderão
vir. O que dignifica o trabalho de Ratzel, que veio a ser usado não só pelo governo
alemão, é saber que se transformou numa das bases mais importantes para os estudos de
outros ramos como a Ecologia, e que aumentou cada vez mais a necessidade de se
aprender a lidar com o meio ambiente. Já o behaviorismo nos traz a idéia clara sobre o
que e o que causa o comportamento.
Para a Escola Biológica evolucionista, assim, citando Spencer, podemos
concluir que ele defende a instabilidade do homogêneo, o que não foi confirmado
depois na Sociologia do Século XX, além de colocar a Sociologia na dependência da
Biologia, e ainda supervalorizar a "Sociedade Industrial", sem atentar para seus grandes
defeitos.
Ao que parece, outro mérito se dá a Weber que distinguiu o âmbito de atuação
de cada um desses ramos do conhecimento, a saber, a dogmática jurídica e a sociologia
do direito.
Em realidade, cada Escola Sociológica analisa o Direito sob pontos de vistas
diferentes, e para isso a sociologia do direito atua verificando se as normas estão sendo
seguidas e em que grau pelos seus destinatários. E para isso, servirá de auxílio a
elaboração de normas cada vez mais eficientes e que cumpram o fim almejado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

35
ANDERSEN, Roberto. Escolas Sociológicas: resumo de algumas escolas que
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