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Conflito entre os Holandeses (Boeres) e Ingleses

Para conseguirmos perceber a história deste conflito, temos de voltar atrás na história. No
ano de 1579, a república Holandesa foi estabelecida, depois que sete províncias holandesas
na chamada Holanda espanhola (território espanhol e Habsburgo na região) se revoltaram
contra o governo Madrileno. As províncias formaram então uma aliança mútua contra a
Espanha em 1581 (a chamada União de Utrecht) e declararam sua independência.
Esta revolta tinha já originado em uma guerra a chamada guerra dos 30 anos, mas foi
somente neste ano de 1581, que as províncias se uniram em uma só, a República
Holandesa. No continuar da guerra, a República no ano de 1602 formou a Companhia
Holandesa das Índias Orientais, em forma de resposta a continuação do estabelecimento de
colónias na região da indonésia. Foi esta Companhia, que foi responsável pela grande
riqueza e prosperidade que a República teve nos anos a seguir. No fim da Guerra dos Trinta
Anos, no ano de 1648, viu-se uma grande quantidade soldados europeus e refugiados
amplamente dispersos pela Europa sem emprego, devido á destruição dos campos agrícolas
na guerra, e ao mesmo tempo o desmembramento de grupos, batalhões e melícias. Por
isso, imigrantes da Alemanha, Escandinávia e Suíça viajaram para a República Holandesa na
esperança de encontrar emprego na Companhia Holandesa das Índias Orientais. Em 1656, o
comandante da Companhia Jan van Riebeeck, considerou a ideia de homens livres no Cabo,
esta ideia consistia no facto que o custo de fornecer moradia e proteção a tais famílias livres
na europa seria muito caro. Por isso, os diretores da Companhia, decidiram estabelecer
estes homens e famílias livres na região do cabo de boa esperança. Porque aqui? Porquê
neste lugar era habitual existir algumas estalagens e costumava-se abastecer os navios de
suprimentos para assim continuarem a sua viajem de ida ás índias, ou de volta das índias á
europa. Por isso em 1652, no cabo da Boa Esperança, foi estabelecida a primeira colónia na
extremidade sul da África do Sul, a colónia do Cabo. Em 19 de fevereiro de 1657, o
comandante Jan van Riebeeck viajou para um local a cerca de 19 km das planícies atrás das
montanhas do Cabo, ou então Table Montain, para selecionar um local onde o forte da
colónia, poderia ser construído para proteger as terras que seriam cultivadas. Foi então que
trabalhadores europeus pediram várias vezes permissão ao então Comandante do Cabo,
Van Riebeeck, para serem dispensados do serviço da Companhia, a fim de cultivar as terras.
Por isso no dia 20 de fevereiro, Van Riebeeck acompanhou os futuros agricultores para
demarcar as parcelas e elaborar condições preliminares ao cultivo. Foi assim que se criou o
primeiro Status livre ou Free Burghers ou Vrijburgher.
Esta condição demarcava o seguinte. Primeiramente existia o dever de expandir a colónia e
explora-la, na companhia sempre de um tipografo, que iria assim descrever as regiões e
mapeá-las. Caso uma Família queira se estabelecer num só local, terá de demarcar o lote e
apresenta-lo ao escritório do governador da colonia. Esta família terá o dever de cultivar o
explorar o seu lote. Os primeiros “burgueses livres” eram em sua maioria suboficiais da
companhia, que, juntamente com as suas famílias, recebiam dinheiro através de vender os
seus vegetais para a Companhia e reparar os navios para obter uma renda. Comiam atreves
do cultivo dos mesmos vegetais, e por vezes compravam animais com o dinheiro que
ganhavam, animais estes vindos da europa que ou cruzavam com locais para criar uma
espécie perfeita ou cruzavam com outro par vindo da europa. Foi assim que se criou o
primeiro conceito de farmers, e farms, na colónia do cabo.
No entanto até ao ano de 1670, na colónia do cabo chegavam poucos colonos vindos da
europa, já que a maioria tinham uma boa vida nas províncias dos países baixos (é
importante notar que a república holandesa era o país com níveis educacionais mais
elevados da europa inteira, isso demostra que o nível de vida neste país era muito elevado),
ao seja os únicos colonos que chegavam no cabo eram trabalhadores aposentados da
companhia, ou oficiais e suboficiais da marinha que queriam aqui acabar a carreira. No
entanto uma grande campanha de propaganda para atrair colonos resultou, e neste mesmo
ano, uma grande quantidade de colonos chegaram ao cabo, e aqui se estabeleceram.
Também, durante os anos de 1688-1689, a colônia foi bastante fortalecida pela chegada de
huguenotes franceses. Estes refugiados políticos das guerras religiosas na França, após a
revogação do Édito de Nantes, foram de importância para a colónia, já que muitos destes
colonos eram bastante educados e tinham profissões de importância na França.

Por isso, este inicial pequeno assentamento, gradualmente se espalhou para o leste e, em
1754, a colónia se expandiu até a baía de Algoa bay. De tempos em tempos, os empregados
contratados pela companhia, eram dados o direito de “Free Burghers”, mas a Companhia
retinha o poder de poder obrigá-los a retornar ao seu serviço sempre que julgassem
necessário, ao seja se por exemplo se a companhia começasse uma guerra, estes colonos
eram obrigados a servir como marinheiros ou no exército como soldados. Este direito da
companhia de poder forçar à servidão todos os colonos da colónia, não era só aplicada á
primeira geração mas foi estabelecido pelo governo para ser aplicável aos seus filhos
também, e a todas as futuras gerações. Para vários colonos que valorizavam a liberdade e
independência, não concordaram com esta emenda em por isso muitos decidiam partir no
pretexto de “exploração” mas não com o objetivo de expandir a colónia mas sim” fugir” da
colónia. Por isso, devido a muito destes casos, a companhia decidiu estabelecer fronteiras
pré-definidas, e quem se expandir para fora dessas fronteiras era considerado bandido, e
deixaria de ser um cidadão holandês. Foi este movimento que começou a formar a
nacionalidade e singularidade dos Boeres. A estes foi lhes dado o nome de Trekboers.
Mais tarde no devido ao esperado colapso da Companhia (que faliu em 1800) e também
inspirados pelos ideias da Revolução Francesa e pela revolta Americana, grupos de Boeres
rebelaram contra o domínio da Companhia. Eles estabeleceram repúblicas independentes
na cidade de Graaff-Reinet (1795), e quatro meses depois, em Swellendam (17 de junho de
1795). Alguns meses depois, a recém-estabelecida República Batávia (estado fantoche do
governo revolucionário Francês) nacionalizou a Companhia Holandesa das Índias Orientais
(1 de março de 1796), o que fez com que a colónia ficasse em um estado de abandono. Isso
fez com que os britânicos, começassem um processo de captura da Cidade do Cabo e de
toda a colónia. Esta invasão começa em setembro de 1795 durante as Guerras
Revolucionárias Francesas. Ao assumirem o papel administrativo da Colônia do Cabo, os
britânicos aumentaram ainda mais o nível de supervisão do governo a que todos os
cidadãos estavam sujeitos, incluindo os Trekboers. Devido a esta administração, várias
revoltas feitas pelos Trekboers, foram efetuadas (Rebelião Nek de Slachter de 1815).
Aproveitando que o governo da colónia do cabo estava em guerra com o povo Xhosa, os
Trekboers finalmente partiram para a Grande Jornada.
Nesta Grande Jornada, finalmente tivemos o firmamento da cultura Boere, que fugira da
influencia Inglesa na cidade do Cabo, para assim explorar o que é hoje África do Sul.
Primeiramente a Grande Jornada foi feita pelos Trekboers, principalmente descendentes de
holandeses, que já fugiam á muito tempo do poder da companhia. Mais tarde a emigração
dos voortrekkers, grupo não só formado por agricultores descendentes de holandeses, mas
de todo o tipo de pessoas indignadas pelo sistema falhado da companhia, e do
aparecimento do ingleses, que não os respeitavam. Entre estes temos descendentes de
Huguenotes como por exemplo em 1815, um comerciante chamado Coenraad Du Buys (um
sobrenome de origem huguenote francesa) foi acusado de roubo de gado e fugiu dos
britânicos. Mas também temos descendentes de Holandeses, que casaram com locais do
povo Khoisan ou San, os chamados Baster. O conjunto de todos estes diferentes povos de
origens Europeias foram chamados de Boeres, mas é importante perceber que nenhum
Boere é igual, e nem todos têm as mesmas origens, mas algo que lhe torna característicos e
o caráter revoltante, de liberdade e de coragem formada devido á opressão que os fez
explorar África do Sul. Lembra-nos dos Vikings, que devido a estarem fartos da temperatura
hostil da sua terra natal começaram a querer explorar o mundo para se estabelecerem e
assim cultivarem os campos. Em integra tantos os Boeres e os Vikings eram somente um
grupo agricultores que só criam ter uma boa terra para cultivarem e poder expressar a sua
destinta fé (vikings-Religião Nórdica ou Germânica/Boeres-Protestantes) e que tinham
coragem para lutarem contra todos, e explorarem o que nunca foi explorado.
Em 1880, os Boeres já tinham as suas republicas devidamente estabelecidas e devidamente
independentes. No entanto os gananciosos Britânicos ao verem que as regiões onde os
Boeres tinham se estabelecido eram ricas em carvão e diamantes, começaram uma guerra
de agressividade contra os estados livres dos Boeres. No entanto na primeira guerra, os
Boeres venceram ao britânicos, garantindo então a independência do seu estado, no
entanto um orgulhoso estado britânico no seu auge, não seu deixou desistir, e em 1899
começa a segunda guerra dos Boeres, depois de um ultimato feito pelo presidente da
republica do Transval, que dizia que os britânicos deveriam garantir a sua e a independência
de todos estados livres Boeres.
Esta guerra foi marcada por uma personalidade de opressão ao povo e nacionalidade do
povo Boere. Para conseguir “domar” este povo tão marcadamente independente e livre, os
britânicos criaram campos de concertação e reeducação, que foram muito criticados devido
á falta de alimentação e acesso a cuidados médicos por parte de mulheres e crianças
Boeres, enquanto homens Boeres tentavam lutar pela independência á coroa britânica. Este
carater opressor que os britânicos tiveram nos Boeres foi de grande influencia para o futuro
aphartaid que existiu no país da África do Sul, pois até aí existia uma grande cultura de
relacionamento “interacial”, entre Boeres e locais indigentes. No entanto depois destas
guerras a nacionalidade de Boere, se tornou nacionalista e racista, devido a toda a opressão
existente pelos britânicos. Mesmo com a ajuda dos Zulus, que eram já aliados de longa data
do Boeres, os britânicos ganham a guerra tanto contra os Zulus em 1879 e aos Boeres em
1902.
South African War ( the Anglo-Boer War) remains the most terrible and destructive
modern armed conflict in South Africa’s history. It was an event that in many ways
shaped the history of 20th Century South Africa. The end of the war marked the end of
the long process of British conquest of South African societies, both Black and White'. -
Gilliomee and Mbenga (2007).
Fernando Pessoa viveu durante esta época em Durban. Durban era a capital da República do
Natal, que nunca chegou a ser república já que nunca conseguiu ser independente da coroa
britânica. É bem provável que Pessoa tenha presenciado as atrocidades dos Britânicos ao
povo Boere. Na altura da guerra nos campos de concentração Boeres, várias pessoas
morreram por maus tratos dos britânicos. Não é possível perceber a perspetiva de Pessoa
em relação á guerra ou aos Boeres, mas como ele na altura ainda era jovem, ele talvez se
pergunta-se porque amigos dele Boeres foram extraditados para campos de concentração?
Mal Pessoa sabia o que acontecia aos seus amigos. Mais de 26 000 Boeres morreram nos
campos juntamente com 20 000 negros que também se opuseram ao domínio dos
Britânicos juntamente com os Boeres.

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