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A PESQUISA HISTORICA: TEORIA E METODO

JULIO ARÓSTEGUI

* APRESENTAÇÃO

História ou historiografia? Ciência ou arte?


- Crise: se apresenta de forma agressiva na pós-modernidade, e que exalta a
necessidade da reflexão historiográfica.
- Problemática central: 1ª parte instauração de uma ciência historiográfica como
alternativa a uma ciência histórica, ou seja, no lugar do rotulo História, poríamos
historiografia. 2ª parte rastreia intelectualmente a construção da interpretação
historiográfica, demonstrando a carência reflexiva, que deve ser recuperada elevando o
status da História/Historiografia no conceito das cs e ch. 3ª parte sobre o instrumental
disponível que, a serviço de um caminho, de uma metodologia, poria o historiador na
senda do conhecimento.
- Aróstegui: visão concreta de historiografia, visão racionalista, mais próxima da
ciência do que da arte, nada complacente com o relativismo ficcional. Privilegia sujeitos
corpóreos que formam e modificam classes, estruturas e sistemas, ciência global (cincia
síntese). Formação do h. não pode ser irracionalista, mesmo que isso esteja na moda.
Defende racionalismo e não pragmatismo.
- Historiografia: ênfase está na reflexão sobre a natureza do histórico, o modo pelo
qual se conhece a história.
- Pós-modernismo: não é um gênero, mas uma matriz de gêneros. Nelas prevalecem os
sujeitos sobre as estruturas, realça os indivíduos, a cultura como receptáculo social, as
identidades, a sociabilidade, os problemas de gênero, raça, etnia, as marginalidades e
memória como preâmbulo da história.
- Objetivo livro: instaurar uma ciência historiográfica que subsumiria e, por fim,
substituiria a História como disciplina. O discurso historiográfico seria a reconstrução
ou a representação que a historiografia faz da história, um produto elaborado,
especifico, de feito artístico ou cientifico.
Prólogo
- Fundamento da historiografia: não se baseia no que os historiadores fazem, senão, e
antes, na critica do que fazem.
* PARTE 1 – TEORIA, HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA: A NATUREZA DA
DISCIPLINA HISTORIOGRÁFICA
- Teoria da história: toda disciplina constrói um corpo de explicações articuladas para
definir o objeto ao qual dedica seu estudo, o que é a história?
- Teoria da historiografia: nao responde o que é a história, mas como se conhece a
história.
CAPITULO 1 – HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA: OS FUNDAMENTOS
- Escrever e teorizar a história: o historiador deve escrever e teorizar sobre ela, refletir
e descobrir fundamentos gerias a respeito da natureza do histórico e, além disso, sobre o
alcance explicativo de seu próprio trabalho. Sem teoria não há avanço do conhecimento.
A insuficiência teórico-metodológica prejudica.
A história, a historiografia e os historiadores
Historiografia: o termo e o conceito
- 2 usos anfibológicos: aplicação a duas entidades diferentes: a realidade do histórico e
a disciplina que estuda a história. A história não é uma coisa, mas uma qualidade das
coisas.
- Concepção sobre historiografia mais correta: a produção escrita acerca de tema
históricos (Josep Fontana) e para designar a função disciplinar da pesquisa e escrita da
história.
- Linguagem: a historiografia não criou uma especializada, precisa criar para
demonstrar vitalidade disciplinar. Existem apenas termos construídos
historiograficamente para designar fenômenos específicos. Muitas vezes se usa uma
linguagem literária (evolução, florescimento) ou acervo comum das CS (revolução,
cultura, classe) e conceitos heurísticos (MP, 2ção social, cambio).
- Dificuldades dos historiadores: a compreensão de uma ciência da história por parte
dos historiadores mesmo com a profissionalização (século 19) foi difícil de se
consolidar como atividade de historiar. A historiografia ainda não se desvinculo
completamente da velha tradição de cronista, da descrição narrativa e da ausência de
preocupação metodológica.
- Motivos do atraso teórico-metodologico: a própria natureza de seu objeto, a função
social e ideológica que vem desempenhado desde há tempos e a atitude dos
historiadores.
1) a história é uma qualidade inserida nas coisas, uma qualidade social, mas não é ela
mesma uma coisa. Não existe um fato histórico por natureza, assim nunca foi um objeto
filosófico, analítico ou empírico de fácil compreensão. Para os cronistas sempre viram a
história como fatos da história (do passado).
2) ela nasceu a serviço do poder, era uma função instrumental, não constituía um
conhecimento conjetural, hipotético, mas antes uma forma de autoconhecimento. Era de
reflexão teórica, não filosófica. Era e é uma expressão de identidade e por isso sempre
teve uma função subordinada: ao poder, às ideologias; seu conhecimento tem estado
ligado à elite dominante, à nação e ao estado.
3) a atitude do cronista e depois do historiador esteve sempre pautada em duas
características: a imaterialidade do fato histórico como fato puramente cultural e a
subordinação de seu conhecimento a interesses externos. Por isso sua figura se postulou
quase sempre como a de quem pesquisa os sucessos do passado e os coloca na forma de
um discurso coerente e útil.
- Progresso da historiografia: veio com a busca de fazer dela um conhecimento
peculiar, objetivo, auto-suficiente, cientifico.
- Pressupostos para a pesquisa histórica: 1º o esforço teórico do historiador deve
basear-se na, e dirigir-se à, analise suficiente da natureza da história, do histórico. 2º a
articulação de uma boa pratica historiográfica tem de estar sempre preocupada também
com a reflexão sobre o método.
- Formação do historiador: unilateral, distante de outros tipos de conhecimentos ou
praticas, tanto em seus fundamentos quanto em seus produtos. Não se prepara como
oficio. As 3 dimensões necessárias são humanística, cientifica e técnica.
1) cultura clássica, filosofia; 2) ciência e humanismo são hoje dimensões culturais
unidas; 3) formação nos fundamentos lógicos e epistemológicos da ciência com pratica
em métodos de investigação social e técnicas do campo à arquivística.
- Centro da formação: teoria historiográfica e metodologia da pesquisa histórica
garantindo preparação técnica e empírica. Não se deve pautar na idéia do que aconteceu
na história, mas como se constrói o discurso historiográfico de sua pesquisa. Aprender
os fatos sim, mas também como eles se estabelecem.
A historiografia, a ciência e a ciência social
- Ciência: resultado da “revolução cientifica” que teve inicio no renascimento e
produviu a mecânica newtoniana, ou a química, dos séculos 17 e 18, os avanços no
conhecimento da eletricidade (19), as teorias cosmológicas (20). Ela se define como
uma forma de conhecimento sistemático-explicativo, não contraditório, fático e testável.
- Arquitetura do método da ciência: 1º toda busca parte de uma pergunta; que para
tentar responde-la se começa observando a realidade pertinente ao caso e elaborando
conceitos; 2º logo se constroem enunciados ou proposições, quer dizer, afirmações ou
negações sobre as coisas e as relações entre elas, se emitem julgamentos. 3º o
conhecimento que pretende chegar às ultimas conseqüências propõe certas explicações.
- Explicações: conjunto de proposições ordenado logicamente e que se encadeia por
meio de um raciocínio do tipo indução ou dedução, pelo qual se estabelece uma
hierarquia de proposições deduzidas umas das outras para formar uma argumentação
fundamentada.
- Teoria: conjunto de proposições, referentes à realidade empírica, que tentam dar conta
do comportamento global de uma entidade, ou seja, explicar um fenômeno ou grupo de
fenômenos entrelaçados.
- Dificuldade epistemológicas das CS: a) aos modos de observação dos fenômenos
humanos e ao estabelecimento de uma correta descrição deles; b) a questão da
objetividade, que se põe à mesa sempre que se trata de uma investigação social; c) o
próprio significado do conhecimento do homem e da sociedade, os objetivos finais de
tal conhecimento e seu valor real.
- Cientificidade da prática historiográfica: depende do grau de elaboração e aplicação
de um método que participe das características da ciência e se adapte, mediante um
trabalho teórico rico e suficiente, às peculiaridades de seu objeto. O método ajuda a ter
uma teoria do conhecimento historiográfico.
O conhecimento histórico não pode estabelecer leis da história nem, muito menos,
produzir predições sobre a história do futuro.
- Ciência da história (busca): a singularidade dos atos humanos, a globalidade do meio
em que é possível compreende-los e à temporalidade que constituiu sua sucessão.
A historiografia é um estudo cientificamente elaborado: 1º o trabalho profissional do
historiador não é um conjunto de atividades arbitrarias, meramente empíricas, subjetivas
e ficcionais, mas diz respeito principalmente, a atividades que tendem a estabelecer
conjeturas sujeitas a regras ou princípios reguladores, a um método. 2º o historiador
trata de buscar, para os processos históricos de qualquer nível, explicações
demonstráveis, intersubjetivas, contextualizáveis, como as da ciência, e que
conseqüentemente, pretende chegar a elas mediante procedimentos lógicos conhecidos,
explícitos e comprovados.
Não se mede o trabalho da ciência somente pela generalidade de seu resultado, mas
também por seu propósito e procedimento.
- Historiografia: constitui um tipo particular dentro das praticas cientifico – sociais e o
historiador um praticante do método cientifico.
O conteúdo da teoria e os fundamentos do método historiográfico
- Tratado: contempla os fundamentos analíticos, seu campo e objeto especifico, seu
método e suas fronteiras, o estado dos conhecimentos adquiridos.
- Teorizar: teorizar sobre a história é função do historiador. Além disso, tem mais duas
tarefas teóricas: 1) elaborar uma teoria constitutiva de seu objeto de trabalho e que não é
outra senão a teoria da natureza do histórico e 2) à que de forma genérica temos de
considerar uma teoria disciplinar, que nesse caso seria a teoria da historiografia
propriamente dita, uma teorização da disciplina da historiografia.
- Método: conjunto de prescrições que devem ser observadas e de decisões que devem
ser tomadas em certa disciplina para garantir um conhecimento adequado de seu objeto.
- O que estuda o historiador: fenômenos sociais, mas sua especificidade está no
estudo dos fatos sociais sempre em relação com o seu comportamento temporal. A
historiografia possui um método menos formalizado, menos estruturado sobre uma base
canônica.
- Peculiaridades da historiografia: peculiaridades e constrangimentos particulares, são
os problemas derivados da observação e documentação, da temporalidade e os que
provem da globalidade de todo o devir histórico.
1ª Natureza de suas fontes de informação. Suas fontes não necessariamente o passado,
mas o temporal. A historiografia não pode construir suas fontes, elas já se encontram
feitas. É preciso tornar inteligível e explicável o que as fontes oferecem como
informação.
2ª Temporalidade como natureza do histórico. Dar conta de como as sociedades se
comportam e evoluem no tempo, ao invés de descobrir coisas ocorridas no passado. A
cronologia não representa a temporalidade.
3ª No processo histórico de qualquer sociedade, ou instancia humana, tanto como a
própria história em escala universal, são realidades globais. Quer dizer a história de uma
sociedade reúne em si todas as atividades que os homens realizam e que estão
entrelaçadas de forma indissolúvel. A história de todas as sociedades do mundo, por sua
vez, se encontra também entrelaçada, ou tende a estar. Portanto a história é global.
4ª Preparação técnica e método. Método é o conjunto de princípios ligados à teoria,
enquanto as técnicas, que são as que realmente devem se adaptar em cada caso à
natureza do objeto investigado, podem ser compartilhadas e são intercambiáveis entre
diferentes disciplinas.
CAPITULO 2 – O NASCIMENTO E O DESENVOLVIMENTO DA
HISTORIOGRAFIA: OS GRANDES PARADIGMAS
- Paradigma: pensado por Thomas Kuhn para designar uma amplo modelo de
explicação cientifica de alguma realidade global – o universo, a vida biológica, a
história, etc.
- Paradigmas na história: se reflete claramente a evolução da ciência social em seu
conjunto. A criação e o desenvolvimento da ciência da história fez-se através da
hegemonia de diversos paradigmas para os quais a história da historiografia estabeleceu
denominações do historicismo, positivismo, marxismo, annales e, inclusive, o
narrativismo ou o pós-modernismo.
Não tem havido uma substituição de um grande paradigma por outro, mas um combate
entre vários.
O surgimento da “ciência da história”
- Profissionalização: a partir do século 19 (iniciação) passou a ser uma matéria de
estudo obrigatório nas universidades e começou a dotar-se de seu próprio método de
trabalho.
No século 20 (cristalização) com a criação de alguns grandes paradigmas propriamente
historiográficos que dominaram a história da disciplina até a crise que começou a se
acentuar a partir do final dos anos 20.
- Da história-crônica para a história-pesquisa: tem inicio no iluminismo com o
nascimento da filosofia da historia, um novo espírito analítico para julgar o processo
histórico e o progresso decisivo dos meios instrumentais do conhecimento histórico,
abriram a época de fundação e fundamentação da historiografia.
- Datas simbólicas de abertura da historiografia moderna:
1ª 1824 Leopold Von Ranke com a profissionalização da história;
2ª 1876 Gabriel Monod sistemática fundamentação de uma “ciência da história” com as
idéias positivistas;
3ª 1929 Annales Lucien Febvre e Marc Bloch criando uma historiografia oposta à de
caráter documental.
- Escolas Nacionais (séc. 19): tem estreita relação entre o desenvolvimento
historiográfico e a construção de identidades e estados nacionais na Europa.
Alemã: transmitir os fatos “como realmente aconteceram” com fontes diretas
(memórias, diários, cartas, narrativas, diplomacia). Historicismo: é tanto uma teoria das
sociedades humanas, como do que é propriamente histórico ou do conhecimento da
história. Crê na compreensão da história e não na explicação, tem laço com a
hermenêutica. França: tradição revolucionaria e expansão do romantismo, busca da
nacionalidade e o encontro com o povo (Thierry e Michelet) e história da burguesia pós-
revolucionária (Guizot e Thiers), “história cientifica” (Fustel de Coulanges, racionalista
e critico).
- Positivista: é a dos fatos, estabelecidos através de documentos e de sua critica,
indutivista e narrativa. Mas não pode ser confundida com a h. metódica (que não propõe
a busca de leis universais da h., nem defendera nenhuma forma de determinismo).
- Bernheim: distingue 3 períodos na evolução da ciência da história: o narrativo, o
didático ou programático e o evolutivo ou genético. Maneja corretamente a palavra
historiografia como conhecimento da história, e não apenas como um manual de
método. Reafirma a indissolúvel unidade da história política e a cultural, seria referencia
até o segundo pós-guerra.
- Conclusão sobre 19 para 20: a disciplina da historiografia, no sentido moderno do
termo, foi fundada através de um primeiro corpo de regras e preceitos metodológicos
estabelecidos sob a influencia do historicismo e do positivismo e adquiriu então sua
primeira concreção paradigmática duradoura.
- Polêmica central 20: o método histórico de inspiração positivista recém constituído já
não satisfazia a historiografia.
- Henri Berr: é uma ponte entre a metódico-crítica e os annales. Propunha uma história
que congregasse todos os setores da atividade social, contra a historicizante.
- Bauer: heurística e critica.
- Colingwood: explicação histórica baseada nas idéias e intenções dos sujeitos,
extremamente individualista e subjetiva.
- Croce: historiografia como arte, reconstruir o conhecimento histórico como um ato
mental, subjetivo, que se manifesta na mente d historiador. É imaginação e depois
discurso.
A época dos grandes paradigmas
- Grandes paradigmas: 45 e 70 brilhantismo insuperado: florescimento da herança da
escola dos annales, a expansão geral de ativas e inovadoras correntes do marxismo ou a
renovação introduzida nos métodos e temas para a historia quantitativa e quantificada,
esse progresso também se deu pela aproximação de outras disciplinas sociais.
Foi a época das grandes proposições teóricas e doutrinais para a analise e a explicação
dos fenômenos sociais. O funcionalismo, hermenêutica weberiana, marxismo,
estruturalismo, quantitativismo.
Foi o maior prestigio da teoria social como a forma de conhecimento superior da
natureza dos fenômenos sociais e praticamente insubstituível para alcançar sua
explicação. Era a possibilidade de um conhecimento social valido e útil atingindo a
pratica historiográfica.
- 3 grandes do pós-guerra: marxismo, annales, historiografia quantitativista.
- Annales: contra a superficialidade e o simplismo na história superficial dos
acontecimentos.
A história é social inteiramente, por definição. Novas temáticas, interesse por novos
tipos de fontes, grande atenção às condicionantes não históricas da história (geografia,
antropologia, etc.).
História global, total renovação de todo o campo da história.
- Debilidade Annales: ecletismo generalizado, amalgama de influencias varias,
ausência de renovação teórica similar ao enriquecimento metodológico. Não forjaram
uma nova concepção de história. Não discutiu a natureza da história, nem sobre a
natureza do conhecimento histórico.
- Marxismo e cientificidade da h: 1º não conhecemos outra ciência que não seja a
ciência da História; 2º estabelecimento de uma ciência histórica em nosso tempo, que
está em construção.
- Thompson: marxismo de vocação essencialmente cultural, anti-estrutural, ocupando-
se das formas de representação e manifestação dos conteúdos de classe. Para ele a classe
não é uma estrutura, mas uma cultura.
- História quantitativa: 2 projetos: cliometria (verdadeira) que se baseia em uma
matematização de modelos explícitos de comportamento temporal, que pretendem
constituir em si mesmos explicações de processos históricos a longo prazo. História
estrutural-quantitativista que fez amplo uso da medida, do modelo informatizado, da
quantificação, mas não tem explicações completas não quantitativas, não matemativas,
nem em outra linguagem que não seja verbal.
Considerava-se a historia cientifica, o limite está na idéia de quantificavel para ser
cientifico.
CAPITULO 3 – A CRISE DA HISTORIOGRAFIA E AS PERSPECTIVAS NA
VIRADA DO SÉCULO
- Crise 70: esgotamento dos paradigmas: marxismo, funcionalismo, estruturalismo,
annales. Eles haviam apostado no poder da explicação da teoria, pela continuidade, em
geral, dos grandes modos de operar, da ciência natural e pela superioridade dos métodos
empíricos. Busca de novas formas de representação da vida social e cultural nas C.S.
1º obriga a um redirecionamento dos instrumentos intelectuais e isso afeta as
historiografias praticadas. 2º o impulso do pós-modernismo e do giro lingüístico fazem
aparecer novas propostas de entendimento do histórico.
- Historiografia avança: prosseguiu e não cessou o debate em todos os âmbitos.
Ganhou maturidade, uma vez que adquiriu melhores instrumentos para realizar
diagnósticos mais realistas da crise. Foi se tornando uma disciplina cada vez mais
plural, com sintomas até de fragmentação.
- Pós-Modernismo: nova cultural intelectual e o que tem sido chamado de giro
lingüístico na filosofia e na analise da cultura em geral. Movimento complexo,
multifacetado, surgido na arte, literatura, filosofia e na critica da cultura, do qual
também não estavam ausentes certas manifestações de novas atitudes mundanas que foi
o pós-modernismo. Incrédula frente às meta-narrativas, abandono do discurso
ideológico e de todas as formas de representação do mundo construídas pela
modernidade (progresso, evolução, ciência).
Marcado pelo giro lingüístico, a teoria critica de literatura e a hermenêutica da narração.
- Crise pós-guerra último quartel do 20: enfraquecimento da idéia de uma ciência do
homem.
- Escrita: Para Hayden White a história não se distinguiria substancialmente do relato
literário de ficção, um conto, o critério de verdade não tem importância
- Ruptura do PM com concepções modernas: a de que a história abarca todo o
desenvolvimento temporal e a de que seu curso é o progresso da racionalidade.
- Crise para Burke: não é um momento negativo, de retrocesso ou abatimento, tem que
ser visto como uma possibilidade de se repensar a história.
- Pós-modernismo: anti-cientificismo, a retórica do discurso frente às estruturas
sociais, o descontrucionismo frente ao contextualismo, o relativismo geral ou o
ficcionalismo, as orientações da velha disciplina historiográfica se voltaram nesses anos
para a reconstrução literária do passado, a interpretação semiótica, a exploração micro-
antropologica e o relativismo geral que rechaça as anteriores.
- Crise e 2 tipos de realidades: 1ª desvalorização dos fundamentos anteriores da
pratica especifica do historiador produzindo buscas por caminhos externos à própria
historiografia (pós-modernismo ajusta-se nessa ordem). 2º no interior da própria h., e
com seus próprios instrumentos, hist. Menos influenciáveis geraram novas concepções e
campos de estudo hist. Frente ao esgotamento dos antigos, de novos modelos de hist
(micro-h., h. sócio-cultural e h. sócio-estrutural).
- Paradigmas: podem substituir outros, estabelecer violentas oposições ou conviver. O
pano de fundo da polarização está em teoricismo X narrativismo, polemica reaberta com
o pós-modernismo.
- mudanças: uma mudança de modelo historiográfico não é necessariamente uma
mudança paradigmática, mas é muito mais que uma mudança de caráter temático. O que
se destaca de positivo na crise na historiografia é, sobretudo, o aparecimento de tais
modelos, de novos estilos e novos modos de entender o objeto historiográfico, mais do
que de novos paradigmas e muito mais ainda do que as meras novas formas de fazer h.
- Micro-história: forma sofisticada de narrativa antropológica. História local é um
campo privilegiado para essa perspectiva.
- Nova história cultural: penetrar na sociedade pela representação, busca pelo emntal
ao invés do social (Chartier), revalorização dos sujeitos e da consciência dos atores.
É o resultado da teoria critica da literatura, da semiótica, da antropologia. Proporcionou
a passagem da analise objetiva das realidades sociais em si mesmas à do discurso e da
representação que os sujeitos se fazem de tal realidade. Peter Burke, Michel Foucault.
- Ciência histórica sócio-estrutural: Christopher Lloyd. H. identificada com a
sociologia, empirismo, quantificação e analise teórica teriam um certo tipo de equilíbrio
ideal.
- História oral: para a história recente com protagonistas ou testemunhos: locais,
pequenas comunidades, marginais, testemunhas com traumas.
- História da vida cotidiana: busca o povo comum, não centrando seu foco em
estruturas ou macro-condicionamentos como o estado ou o mercado. Sujeitos, micro-
processos.
- História dos conceitos: história da semântica das palavras e das mudanças históricas
dessas semânticas.
As perspectivas de mudança
- Programa ideal de historiografia: política e social que não esquecesse as dimensões
culturais, os sujeitos e suas interpretações das coisas.
- Novas sensibilidades: sujeitos, cultura e identidades. cultura como sistema de
comunicação entre os homems, de coesão entre as comunidades e como código que
explica boa parte dos comportamentos. A do sujeito, como entidade corpórea,
rechaçando qualquer outro tipo de agente histórico. A das identidades, como uma das
atribuições mais sutis, frágeis e imprescindíveis dos sujeitos modernos.
- HTP: fazer história que não é passado, mas presente.
- Tendências e condicionamentos da historiografia: 1) ampliação do campo daquilo
do que se faz “história”, do campo das histórias. 2) dicotomia teoreticismo/empirismo.
3) separação dos setores ou ramos historiográficos. 4) falta de resposta às inovações em
outros setores da pesquisa e nos novos instrumentos técnicos. 5) irrupção na h. das
esferas político-midiaticas.
PARTE 2 – A TEORIA DA HISTORIOGRAFIA – A CONSTRUÇÃO DO
CONHECIMENTO HISTORIOGRÁFICO
- Especulação do historiador: não é filosófica, mas empírica.
- Debilidades do historiador: incapacidade de proposições teóricas e a falta de
consciência explicativa no discurso.
CAPITULO 4 SOCIEDADE E TEMPO. A TEORIA DA HISTÓRIA
- Teoria: se ocupa em analisar a natureza precisa do objeto de estudo, quer dizer,
daquilo que a historiografia conhece ou pretende conhecer. É a que tem que se
pronunciar acerca do que é o histórico.
Sociedade e história
- História: é a qualidade temporal que tem tudo o que existe e também, em
conseqüência, a manifestação empírica – quer dizer, pode ser observada – de tal
temporalidade.
- Sociedade e história: são realidades inseparáveis, não idênticas, podem ser analisadas
diferentemente.
- Sociedade: é o campo comum em que as disciplinas citadas, e todas as CS,
estabelecem seus objetos de estudo. Não há teoria social que possa permanecer à
margem da dimensão temporal, quer dizer, da história. Da mesma maneira não é
possível uma teoria da história que não seja ao mesmo tempo teoria social.
- Conotações para analise da dimensão histórica: para falar da história é, pois,
imprescindível falar da sociedade.
1) a de que a natureza e a sociedade, longe de serem realidades opostas, que necessitam
de, ou são suscetíveis a, tipos diferentes de conhecimento, formam um continnum sem
ruptura intransponível.
2) a existência de movimento é uma constatação inevitável na explicação do mundo da
natureza assim como do mundo privativo do homem.
3) a idéia de sociedade adquire um perfil mais preciso ao falar do sistema social. A
sociedade em abstrato e as sociedades históricas concretas funcionam como um sistema.
A história, o ser histórico, é algo que se realiza na sociedade e somente nela.
- Objetividade da história: a história objetiva é uma dimensão, qualidade ou extensão,
que reside na sociedade, e é impensável fora dela.
A h. é o resultado da mudança social e essa mudança é sempre cumulativa.
- Fundamento do ser social como sujeito da h.:
a) a sociedade se entende como um processo ou confrontação dialética entre estruturas e
ação social.
b) a sociedade pode ser entendida a partir da idéia de sistema social: para que haja
sociedade é preciso haver certas relações globais que a definam.
c) mudança social é substancial no entendimento do processo histórico, mas não se
identifica com ele.
d) por ser a sociedade um processo, o sistema do social se encontra sempre modificado
pelo acontecimento, sujeito à invenção e relacionado com o meio.
Tempo e história
- Tempo: a percepção e conceitualizacao do tempo pelo homem partem da denotação
da mudança no mundo real. Não é a mudança, mas não pode ser apreendido senão
através de algum tipo de mudança. É um produto da história. O verdadeiro tempo da
história é, pois, aquele que se mede em mudança frente à duração.
- Para Ontologia da historia: aparece como básico o fato de que o tempo é justamente
o indicador fundamental da existência histórica, enquanto a consciência do histórico se
manifesta como conseqüência de que o homem conceitualiza a mudança como elemento
constitutivo da existência.
História como atribuição
- O que é história: é uma atribuição, um atributo, das coisas e, especialmente, dos seres
humanos. Tudo o que existe tem história, é uma realidade objetiva (uma atribuição
objetiva do social, no mundo inanimado), existe independentemente de nossa vontade,
existe ainda que não conheçamos seu curso concreto (ontologia).
É também algo que conhecemos, ao menos em parte, que podemos refletir em um texto,
que podemos ajuizar, pesquisar, qual foi a mudança que uma determinada sociedade
sofreu até agora, que podemos descrever. E, finalmente, algo do que podemos dizer que
é um discurso, é um elemento da cultura, um conhecimento.
- Consciência histórica e historicidade: consciência de estarmos no tempo, e de
estarmos ligados ao passado e ao futuro, é assim que chamamos.
- Histórico: é uma realidade dada, de algum modo, mas também, de outro modo,
construída, e, enfim, sentida ou vivida.
- 3 planos da história: ontologia, discurso e consciência são, pois, 3 planos da história
indubitavelmente conectados, complementares, mas de existências independentes,
paralelas.
- Totalidade da história: 1) indivisibilidade: o processo não divisível em partes em sua
realidade ultima, h geral. 2) Universalidade: é de todos os homems, a verdadeira história
é a universal, h universal ou mundial; 3) Sistêmico: não pode haver um
desenvolvimento ou processo de mudança de um setor ou parte da sociedade sem que
tal processo afete a todas as demais partes ou setores dessa mesma sociedade, não há h.
isolada de alguma parte da humanidade. História integrada ou sistêmica.
A totalidade não é o conjunto de todos os fatos históricos, de todos os acontecimentos e
mudanças sociais ocorridas no tempo e em todos os lugares, senão que é a representação
feita pelo historiador desde o inventario exaustivo das condições em que se produz cada
processo histórico que pretende ser explicado.
CAPITULO 5 – O OBJETO TEORICO DA HISTORIOGRAFIA
A CONFORMAÇÃO DO OBJETO DA HISTORIOGRAFIA
- Conhecimento: parte de uma realidade empírica, de experiência.
- Campo do historiador: sobre as sociedades humanas concretas, reais, que existem,
ou que existiram. O que define disciplina não é seu campo, mas sim o objeto.
- Objeto da historiografia: os âmbitos da atividade humana. A complexidade das
relações humanas é, sem duvida, o problema essencial do objeto historiográfico. Ele é
temporal, o eixo substancial que o historiador persegue é o comportamento dos fatos
sociais no tempo, a variação no tempo das atividades humanas, pessoas ou coletivas e o
resultado, visto também na escala temporal, dessas atividades.
O objeto não é diretamente observável, tem dê ser analisado através de seus vestígios,
de suas relíquias, de seus testemunhos.
- Objetivo do historiador: são os estados sociais, explicando estado e mudança.
- Aparato explicativo do historiador: como se manifesta o histórico (o
acontecimento), onde é preciso pesquisá-lo (estados sociais), qual é o conceito disso (a
mudança dos estados sociais).
- Visão Agencial: a visão exclusivamente estrutural, holista, foi matizada pela agencial,
visão dos sujeitos como atores submetidos a um contexto e a papeis, mas onde sua
liberdade e sua capacidade de escolher são consideradas essenciais.
- Individuo e sociedade: são virtuais não explicáveis uma sem a outra.
- Movimentos sociais: tem 2 sentidos diferentes: um assimilável à noção de vida
cotidiana, outro à de mudança social.
1) nos referimos à vida e permanência das sociedades, à produção social, onde se
inserem as relações do homem com o meio e com os outros homens. Refirimo-nos ao
trabalho e à divisão do trabalho, o qual sempre se baseia em um continuo movimento,
em um ir e vir na atividade humana normalizada, individual e coletiva: a alimentação
física, o trabalho diário, a relação de trabalho e afetiva, o mercado, a acumulação de
recursos, o conhecimento, etc. quer dizer o normal no desenvolvimento de qualquer
grupo.
2) é o produtor real de acontecimentos, constituído precisamente por aquelas ações
humanas que introduzem alguma forma de modificação na estrutura do existente, como
já comentamos antes. Trata-se de ações ou fatos sucedidos extraordinários por não
serem habituais e que em certos casos não podem ter lugar mais do que uma vez na
experiência humana: o nascimento ou a morte, por ex.
A diferença é que uns produzem acontecimentos, mudanças e outros não.
- Objeto teórico da historiografia: o movimento dos estados sociais. O
comportamento das relações sociais em função de seus movimentos recorrentes ou seus
movimentos transformadores.
- Função da historiografia: medir as mudanças, por dar conta da “quantidade de
mudança” e de seus ritmos e isso se mede nos acontecimentos. O objeto ultimo da h. é,
pois, absolutamente especifico: a analise e explicação dos estados resultantes de
determinadas quantidades de mudança.
A análise da temporalidade
- Tempo histórico para historiador: 1) cronologia; 2) análise da mudança ou duração
(tempo interno); 3) a determinação dos espaços de inteligibilidade.
Cronologia: tempo da história em relação ao tempo astronômico;
Interno: marcado pelo curso dos acontecimentos (regularidades e rupturas);
Periodização: fixação de épocas no futuro da humanidade, intenção de estabelecer um
conceito de espaço de inteligibilidade dos processos históricos.
CAPÍTULO 6 – A EXPLICAÇÃO E A REPRESENTAÇÃO DA HISTÓRIA
- Explicação: entre a explicação e sua escrita existe, certamente, uma ligação
indissolúvel na pratica e que é, também, perfeitamente analisável.
- Formas de explicar: 1) tradição positivista que defende que a sociedade deve ser
explicada pelos mesmos procedimentos de explicação da natureza; 2) tradição
historicista e hermenêutica que tem afirmado que do homem, da sociedade e da historia
não é possível dar uma explicação e sim que seu conhecimento só pode compreender.
- Discurso histórico: 1) discurso como articulação de fatos em estruturas hipotéticas.
Interpretações hipotéticas, atenção à ação dos sujeitos como às estruturas sociais onde
tais ações sucedem. 2) diversas formas de narração, relato, como maneira de expor a
história.
A natureza da explicação histórica
- O que é: dar conta das ações humanas, da atuação social, de sua origem, seu motor e
sua execução. Argumentar porque um estado social se transforma em outro. Não só
estudar as intenções humanas em aça, mas o resultado da ação.
- Exigências para explicação: 1) a natureza de uma estrutura existente; 2) a origem de
uma ação social; 3) a natureza de uma nova estrutura emergente.
Tem de dar conta do movimento dos estados sociais, inclui os resultados, os produtos da
mudança social; tem de explicar a própria mudança das sociedades em seu sentido
temporal, em sua dimensão global e nas particulares, descrevendo seus estados
anteriores e posteriores.
- Narrativa: é apenas uma das formas de representação da história e de forma alguma a
melhor delas, é débil.
- Estrutura: não podemos nos referir à história sem sujeitos.
- Proposta de discurso: o discurso argumentativo como verdadeiro discurso da
história. Que vão além dos fatos e busca ser uma demonstração. É o mais adequado para
representar uma história entendida como em continua estruturação: uma h das ações dos
homens dialeticamente relacionadas com as estruturas que essas mesmas ações criam. O
relato é imprescindível, mas não é a h, o discurso histórico é uma argumentação.
A explicação argumentativa se acomoda com uma seqüência de argumentos que
encadeiam a relação temporal dos acontecimentos, mas vistos sempre a partir da
organização de uma estrutura explicativa explicita. Conta um processo, mas
obrigatoriamente dá razoes suficientes dele. É um conjunto de respostas a contínuos por
quês.
- Argumentativo/assertivo: o discurso historiográfico é a analise de um processo bem
delimitado, com limites de sentido e espaços de inteligibilidade claros, é analítico. Esse
discurso analítico contem descrições, narrações e da conta da razão, não das intenções
dos atores, mas sim dos resultados de suas ações, do que sucede, é um conjunto de
proposições demonstráveis.
Uma história não é uma narração, é uma argumentação, é uma teoria, do contrário seria
literatura, não ciência social.
PARTE 3 – OS INSTRUMENTOS DA ANÁLISE HISTÓRICA
O METODO DA HISTORIOGRAFIA
- Método: um sistema de orientação no transito dos caminhos que é preciso seguir para
obter certezas, condição necessária para êxito da descoberta cientifica, mas não é
suficiente.
CAPITULO 7 – O METODO CIENTIFICO-SOCIAL E A HISTORIOGRAFIA
- Método cientifico: é um procedimento para obter conhecimentos através de
determinados passos que asseguram que aquilo que se pretende conhecer seja explicado
(dar conta da realidade propondo afirmações demonstráveis). Deve-se definir os
problemas, formular as hipóteses e propõem explicações dos fenômenos e soluções aos
problemas observados.
- Método historiográfico: 1) participa do método geral do conhecimento cientifico do
social; 2) é também a tradução especifica dessas mesmas características gerais para uma
disciplina concreta.
Peculiaridade são as fontes históricas.
O marco de referencia: o método das CS
- Metodologia (parte do trabalho teórico e cientifico que se ocupa da definição do
método): arte de aprender a descobrir e analisar os pressupostos e procedimentos
lógicos em que se baseia implicitamente a pesquisa.
- Método: conjunto de regras de procedimento. Estabelece o que não se deve fazer.
- Condições para o método: 1) pressupostos teóricos prévios; 2) Campo de estudo da
ciência é, ou tem de ser, uma realidade adequadamente definível e definida. 3) ele não
se reduz a, nem se confunde com, um mero catalogo de praticas para a descrição ou a
classificação de “fatos”. 4) a ciência não termina, naturalmente, em uma descrição de
coisas, mas na definição de uma linguagem para apreende-las de forma universalizada.
- Dificuldades ontológicas: 1) a intencionalidade do comportamento humano; 2) a
historicidade dos fenômenos sociais; 3) a complexidade dos fenômenos sociais;
- Dificuldades da natureza: 1) os derivados da dificuldade de observação; 2) os
derivados da não-neutralidade do objeto de estudo da ciência social; 3) os derivados da
problemática da objetividade; 4) os processos de explicação e comprovação nas CS são
tão dificultosos que alguns crêem que tais ciências nunca poderiam dar verdadeiras
explicações e tampouco, portanto, estabelecer predições.
- Progresso da ciência: é circular e linear ao mesmo tempo. Algumas teorias englobam
outras, as completam, não as eliminam, mas isso faz com que o conhecimento passe a
estágios qualitativos novos, mais ricos.
- Métodos das CS: deve ser estabelecido uma clara hierarquia de conceitos que deve se
refletir igualmente na linguagem.
A natureza do método historiográfico
- Semelhanças do método historiográfico com CS: 1) apreensão de sociedades, de
sistemas; 2) uma ciência do comportamento humano, das estruturas que se criam ou se
destroem, para alem das intenções humanas; 3) há um método especifico da
historiografia; Especifico do método historiografico: 1) o tempo, a temporalidade, a
mudança, é o determinante, o condicionante essencial de sua pesquisa; 2) para falar das
regularidades, é preciso estabelecer tipologias entre os fatos históricos; 3) a descrição
tem um lugar de grande relevo.
- Peculiaridades ontológicas: 1) o objeto histórico tem, por definição a temporalidade;
2) o estudo da h tem, naturalmente, como seu objeto teórico preciso a historicidade; 3)
fixação do que se deve entender, no plano teórico e em suas conseqüências
metodológicas, por singularidade do devir histórico. 4) a singularidade é acompanhada
da generalidade do histórico como qualidade das coisas. Tudo é histórico!
- Dificuldades instrumentais: 1) sendo o histórico o resultado do comportamento dos
fenomenos sociais no tempo, o material empírico sobre o qual a historiografia trabalha
consiste, numa proporção bastante elevada, de restos; 2) o método da historiografia tem
uma orientação essencial que é a comparativa. A comparação entre processos
simultâneos que se produzem em âmbitos diversos e a comparação sucessiva, entre o
anterior e o posterior (chave do historiográfico); 3) o método histórico capta seu objeto
através de conceitualizacao sobre os coletivos, mas também sobre os indivíduos; 4) é
globalizante; 5) a história é uma visão do presente;
CAPÍTULO 8 – O PROCESSO METODOLÓGICO E A DOCUMENTAÇÃO
HISTÓRICA
O processo metodológico na historiografia
- Pesquisa histórica: limites estão na falta de explicação de seus pressupostos e a falta
de previsão de seus desenvolvimentos. A pratica da pesquisa tem de ajudar à definição
clara de problemas, à formulação de hipóteses, à construção dos dados, à elaboração de
explicações o mais consistentes possível e à construção de mecanismos para provar
comparativamente a adequação de suas explicações.
- Cuidados: prever os momentos cognoscitivos e técnicos pelos quais o trabalho vai
passar. O planejamento deve atender: a do que se quer conhecer, o de como conhecer e
o da comprovação do conhecido.
Uma teoria da documentação histórica
- Como se forma conhecimento histórico: com informações e conceitos, com
observação e com pensamento formal, ligados dialeticamente.
- Fonte histórica: todo aquele material, instrumento ou ferramenta, símbolo ou discurso
intelectual, que procede da criatividade humana, através do qual se ponde inferir algo
acerca de uma determinada situação social no tempo. O correto é vê-la como
informação documental.
CAPÍTULO 9 – MÉTODO E TÉCNICAS NA PESQUISA HISTORICA
- Técnicas: Qualitativa: classificar, tipologizar, reunir os dados em função de sua
qualidade, de suas características; Quantitativa: controlar a carga subjetiva, medição
numérica dos valores das variáveis;
- Função: são as operações que o pesquisador realiza para transformar os fatos em
dados. São o ponto de engate entre a realidade empírica e a conversão desta em um
corpo articulado de evidencias para a demonstração de uma hipótese. O campo técnico
do historiador é o da observação documental, a observação imediata, a historiografia
não pode construir seus documentos.

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