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REAÇÃO E PERSEGUIÇÃO
O certo é que cada nova ação em um campo levou a respostas do outro. O Golpe
tcheco, ocorrido em 25 de fevereiro de 1948, levou à expulsão dos comunistas
franceses e italianos de seus respectivos governos. Isso fez com que os comunistas
colocassem na ilegalidade os partidos de orientação não comunista, ao mesmo tempo
em que pressionaram os socialistas, obrigando-os a se fundirem aos comunistas.
Simultaneamente, lideranças democratico- burguesas foram presas e muitas delas
executadas após julgamentos no mínimo viciados.
Desse ponto de vista, a Guerra Fria foi fruto das estratégias dos EUA e dos seus
aliados para usurpar da URSS a sua esfera de influência conquistada, a duras penas e
arduamente negociada ao final da II Guerra Mundial. Para os soviéticos, a origem do
conflito se alicerçava na agressividade imperialista que ameaçava o Leste da Europa.
Para eles, os EUA e os seus agentes procuraram subverter a ordem nessa região com
o objetivo de retirá-la da órbita soviética. Tal atitude era vista como inadmissível, uma
vez que Stalin considerava essa região como um escudo para a proteção da URSS
frente a novas eventuais agressões. Segundo essa perspectiva, a URSS foi obrigada a
defender a região da ofensiva imperialista, uma vez que ela própria poderia ser tornar
alvo de agressão em um futuro próximo. Ainda, para a história oficial soviética, a
violência imperialista dos EUA e dos seus aliados foi a grande responsável pelo
desencadear de uma corrida armamentista, no momento em que a URSS almejava
apenas a paz e a reconstrução do seu país devastado pela guerra.
Gaddis, reconhece a possível adoção de uma postura imperial pelos EUA após a II
Guerra Mundial. No entanto, essa postura, segundo o autor, foi adotada à revelia dos
dirigentes dos EUA. Para ele, essa atitude estava ligada ao expansionismo soviético e ao
pedido de socorro de nações aliadas dos EUA, que, sem condições de se defenderem da
ameaça comunista, recorriam aos Estados Unidos e pediam proteção. Desse ponto de
vista, mesmo que propositadamente a URSS não perseguisse um projeto de dominação
mundial, o autoritarismo soviético ameaçava a Europa e a Ásia. Como conseqüência,
não haveria restado aos EUA outra alternativa que não fosse promover a defesa dos seus
aliados e, dessa forma, mesmo contra a sua vontade, aos poucos o país se veria
envolvido em um conflito de abrangência mundial.
De outro ponto de vista, a partir de uma perspectiva sistêmica, Fred Halliday dividiu o
período pós II Guerra Mundial em quatro fases: Guerra Fria (1946-1953), período de
antagonismo oscilatório (1953-1969), détente (1969-1979) e a Segunda Guerra Fria
(após 1979). Para Halliday, a I Guerra Fria se encerrou com a morte de Joseph Stalin
e a eleição de Dwight Eisenhower. O período subseqüente foi marcado pela
aproximação de ambos os lados, quebrada de periodicamente pela emergência de
conflitos como a invasão da Hungria por tropas do Pacto de Varsóvia (1956), a
Revolução Cubana (1959), a derrubada do U-2 em território soviético, a invasão
estadunidense à Baia dos Porcos e a crise dos mísseis cubanos.
REFERÊNCIAS
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