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DIREITO PREVIDENCIÁRIO

CAPÍTULO I

DIREITO PREVIDENCIÁRIO

SECÇÃO I

A PROTEÇÃO SOCIAL

SUBSECÇÃO I

(Uma proteção virtualmente universal)

Hoje, toda a estrutura do Estado Social Moderno, está concentrada no Direito Previdenciário
na medida em que a própria criação do Estado, implica que este é essencialmente governado
pela e para a sociedade, sendo o Estado a principal protetora da população face às dificuldades
da vida. O Direito assenta num sistema de Segurança Social que garante a todos os cidadãos
uma proteção “virtualmente” universal, ou seja, tenta abranger o maior número de pessoas
possível, devendo ser capaz de conformar todos aspetos da coletividade.

SUBSECÇÃO II

(Noção)

A Segurança Social refere-se à proteção que a sociedade concede aos seus membros, graças à
uma série de medidas públicas, seja contra a carência económica e social, devido a cessação
ou redução sensível de rendimentos perante uma série de eventualidades, como por exemplo,
a doença, a maternidade, a velhice e os acidentes de trabalho. Ou para assegurar cuidados
médicos e apoiar as famílias com descendentes à cargo.

Na ótica da Organização Internacional do Trabalho (OIT) “é o conjunto de medidas Públicas


que uma sociedade oferece aos seus membros, para os proteger de dificuldades económicas e
sociais que sejam causadas pela ausência ou uma redução substancial do rendimento do
trabalho como resultado de várias contingências.”

SUBSECÇÃO III

(Como direito humano e fundamental)

A proteção social deve ser entendida como sendo um direito humano e fundamental, pelo fato
de consagrar, na DDH (art. 22.º e 25.º) e na CRCV, que todos têm o direito a um padrão de
vida adequado em termos de saúde e do bem estar para si e para a sua família, para sua

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proteção,

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nomeadamente, no desemprego e doença, e em todas as situações de falta ou diminuição de


meios de subsistência ou de capacidade para o trabalho. Neste sentido, ela é vista como um
direito protetivo que visa garantir o mínimo para que o indivíduo possa existir de forma digna
e segura na sociedade. Por essa razão ela incorpora o conjunto institucionalizado
(oficializado) de direitos e garantias do ser humano que tem por finalidade básica o respeito à
sua dignidade.

SUBSECÇÃO IV

(Origem)

No período da Idade Média, não existiam quaisquer tipos de mecanismos de proteção perante
os riscos da vida, quer para todos os cidadãos, quer apenas para os trabalhadores. Defendia
nesse período que a proteção social era proveniente apenas da benevolência divina. Contudo,
foi nesta época que triunfaram as primeiras experiências de proteção do indivíduo no âmbito
do direito mercantil, sobretudo através da modalidade dos seguros mercantis, onde destacam-
se o método do benefício e os seguros sociais.

Já no século XIX, a escravidão do proletariado foi posta de lado em resultado da Revolução


Industrial, destacando-se, nomeadamente, as instituições religiosas que forneciam bens
essenciais para a mera sobrevivência.

Com o aumento extraordinário da classe operária, tornou-se necessário criar vários sistemas
de proteção, de forma a combater a vulnerabilidade e situações de precariedade através,
designadamente, da constituição de caixas-poupança encorajadas pelo Estado e disposições de
solidariedade extralaboral. Todas estas mudanças permitirão a criação de normas de proteção
das mulheres e das crianças, bem como casos de acidente de trabalho.

O desenvolvimento da proteção social conheceu um novo dinamismo após, nomeadamente, da


crise de 1929, e sobretudo após as grandes guerras mundiais, passando a atender às próprias
necessidades e especificidades nacionais, até se chegar ao “status quo”, em que se prevê uma
proteção “quase” total da sociedade.

SUBSECÇÃO III

(Princípios da proteção social – art. 6.º da lei 131/V/2001)

Em primeiro lugar, temos o princípio da universalidade que abarca toda a população sendo
um direito consagrado no artigo 69º da CRCV e na lei n.º131.
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Em segundo lugar, temos o princípios da igualdade que consagra que todos têm direito a
igualdade no tratamento em situações iguais bem como o acesso a segurança social
independentemente do género, religião ou nacionalidade, opção sexual ou condição
económica.

Seguidamente, está o princípio da solidariedade materializando num conjunto de esforços da


comunidade em garantir que todos os seus membros possam ter acesso à proteção social.

Já o princípio da responsabilidade do Estado determina que o Estado deve garantir que todos
os cidadãos tenham acesso à segurança social através da criação e implementação de políticas
públicas para o efeito.

Em quinto lugar, está o princípio da adequação que consiste na afetação seletiva das fontes
de financiamento a cada vertente da segurança social.

Já em penúltimo lugar, temos o da participação que traduz na colaboração das entidades


representativas dos trabalhadores e das entidades empregadoras na administração das
instituições de segurança social.

Por último, o da concertação Social que envolve a obrigação do Estado em definir política e
medidas de segurança social em conjunto e em sintonia com as organizações representativas
da sociedade Civil.

SECÇÃO II

A PROTEÇÃO SOCIAL EM CABO VERDE

SUBSECÇÃO I

(A grande reforma a partir de 2004)

São várias as reformas que marcam evolução do sistema de proteção social em que Cabo
Verde, dentre todas elas a reforma de 2004 é a que mais destaca. Tal reforma tinha como
princípios não só ajustar o sistema de PS ao desenvolvimento do Pais, mas também adequar a
legislação à Lei de Bases da Proteção Social, garantir a evolução de outras legislações
nacionais, como, por ex., nas áreas do trabalho e de educação, com incidências diretas no
sistema, aprofundar a proteção social, e uma melhor sistematização legislativa e a clarificação
de conceitos a ele inerentes e, por fim, garantir o equilíbrio financeiro. Entre 2006 e 2008 deu-
se a criação do Centro Nacional de Prestações Sociais (CNPS) e a integração da função
pública no INPS.
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SUBSECÇÃO II

(Alterações com a reforma)

A primeira alteração foi a do abono familiar inicialmente fixado em 200$00, mais tarde
300$00, passou para 400$00 por descendente e ascendente em 2004 e hoje 500$00 para cada
beneficiário descendente.

De seguida, a do subsídio de aleitação Alterado de 500$00 para 1200$00 e hoje 1500$00


durante 6 meses, total de 9.000$00.

No que refere ao subsídio de deficiência até aos 7 anos passou de 350$00 para 1200$00, de
idade superior a 7 anos e inferior a 14 passa de 450$00 para 1600$00 e para crianças
deficientes com idade superior a 14 anos o valor fixado foi de 2500$00 e hoje 3.000$00.

Finalmente, no que concerne ao subsídio de funeral, aos descendentes e equiparados até 5


anos passou de 3000$00 para 7500$00 hoje 12.000$00. Com idade entre 5 e 14 anos, de 5
000$00 para 15.000$00 e hoje 20.000$00. Idade superior a 14 anos passou de 7 500$00 para
20 000$00 e hoje 30.000$00.

ABONO DE FAMÍLIA S.ALEITAÇÃO

ANTES DE 2004 EM 2004 HOJE ANTES DE 2004 EM 2004 HOJE

200$00/300$00 400$00 500$00 500$00 1200$00 1500$00

S. de Deficiência S. de Funeral

IDADE ANTES EM HOJE IDADE ANTES EM HOJE


Até 7 350 1.200 -- Des. Até 5 3.000 7.500 12.000
7 a 14 450 1.600 -- 5 a 14 5.000 15.000 20.000
Def. 14 -- 2.500 3.000 Sup. a 14 7.500 20.000 30.000

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SUBSECÇÃO III

(Estruturação dos níveis de protecção social)

A protecção social cabo Verdiana encontra-se organizada em três segmentos de acordo com a
LBPS, a saber rede de segurança que visa proteger aqueles em situação de carência ou
diminuição dos meios de subsistência que é a do regime não contributivo, protecção social
obrigatória do regime contributivo administrado pelo INPS e finalmente a protecção social
complementar de carácter facultativo.

Relativamente a rede de segurança social podemos encontrá-la consagrada nos art. 2.º e 8.º a
14.º da LBPS.

Por outro lado, a PSO ela está regulada nos 3.º, 15.º a 25.º da LBPS. O Regime dos
trabalhadores por conta de outrem (art. 15.º e 3.º da LBPS) é regulado pelo art. 26.º a 30.º.
da LBPS que nos remete para o diploma n.º 5/2004.

Por fim, a PSC regulado pelo art. 4.º e 36.º a 40.º.

SUBSECÇÃO IV
(INPS)
O Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), criado em 1991 pelo Decreto-lei n.º
135/91, de 2 de Outubro, nasceu na sequência da cisão do então Instituto de Seguros e
Previdência Social (ISPS). Trata-se de uma instituição pública, dotada de autonomia
administrativa e financeira, com património próprio, tendo como principal atribuição a gestão
do regime geral obrigatório de protecção social dos trabalhadores.
CAPÍTULO II
PSO
SEÇÃO I
DAS PRESTAÇÕES E OS SUBSÍDIOS
SUBSEÇÃO I
(Prazo de garantia e índice de profissionalidade)
Prazo de garantia é um período mínimo de trabalho com registo de remuneração na carreira
contributiva, que é de 4 meses, seguidos ou interpolados com registo de remunerações, já por
outro lado o índice de profissionalidade é uma combinação do registo de remunerações
decorrente do exercício de actividade profissional com o número de dias efetivo de trabalho
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durante um certo período definido, que é a soma de 30 dias efetivos de trabalho nos últimos 3
meses.
O prazo de garantia varia conforme a natureza da prestação sendo exigido um período menor
para as prestações imediatas (doença, maternidade, etc.) e por um período maior nas
prestações deferidas (pensões).
SUBSEÇÃO II
(Subsídio de doença)
Considera-se Doença a situação mórbida e evolutiva que resulte incapacidade temporária para
o trabalho resultante de doença natural ou direta, não decorrente de causa profissional,
acidente de viação e de actos de terceiros.
Subsídio de Doença, por sua vez, é um montante, substituto de salário, atribuído aos
segurados e pensionistas que exercem actividade profissional remunerada, pago por cada dia
de incapacidade do trabalho destinado a compensar a perda de rendimentos pelo facto do
trabalhador estar doente.
Para a atribuir o subsídio de doença é necessário que:
 Situação de incapacidade temporária para o trabalho certificada pelos serviços
públicos de saúde ou convencionados pelo INPS (46º, nº 3);
 Preencher o Prazo de Garantia, que é de 4 meses seguidos ou interpolados com registo
de remunerações, à data do início da incapacidade para o trabalho (38º, nº 1);
 Preencher o Índice de Profissionalidade, que é de 30 dias de trabalhos efetivos nos
últimos 3 meses antes do início da incapacidade (38º, nº1).
 Ter as contribuições pagas até o 2º mês imediatamente anterior ao início da
incapacidade – Trabalhadores por Conta Própria.
SUBSEÇÃO III
(Cálculo do subsídio de doença – 49º)
70% da remuneração de referência do trabalhador (R)
Remuneração de referência (R): valor que se obtém através da soma das remunerações
declaradas do trabalhador nos quatro meses que antecedem ao mês em que ocorra o evento,
(doença ) a dividir por 120 dias.
A fórmula é R/120

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