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Direito Previdenciário

Ementa: Direito Previdenciário: conceito e objeto. Histórico da Previdência Social. A


Previdência Social no Brasil. Beneficiários. Custeio. Prestações. Noções de Acidentes
do Trabalho. Repercussões no Contrato de Trabalho. Noções de Segurança e Medicina
do Trabalho. Reforma da Previdência. Noções de cálculos atuariais.

Tema 01: Introdução ao Direito Previdenciário.

1. Riscos sociais e seguridade social.

A seguridade social surgiu como uma política pública para fazer aos riscos
sociais decorrentes da invalidez, velhice, desemprego, morte etc.

A Constituição Federal definiu a seguridade social:


Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência
social.

2. Natureza jurídica: direito fundamental de segunda geração1.

CF/1988. Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a


alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança,
a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

3. Competência legislativa e competência material:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:


XXIII - seguridade social;

Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar


concorrentemente sobre:
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito


Federal e dos Municípios:
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das
pessoas portadoras de deficiência;
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização,
promovendo a integração social dos setores desfavorecidos;

Art. 30. Compete aos Municípios:


I - legislar sobre assuntos de interesse local;
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como
aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas
e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;
1
Parte da doutrina entende que é ao mesmo tempo direito de segunda geração e de terceira geração.
Art. 149. § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
instituirão, por meio de lei, contribuições para custeio de regime
próprio de previdência social, cobradas dos servidores ativos, dos
aposentados e dos pensionistas, que poderão ter alíquotas progressivas
de acordo com o valor da base de contribuição ou dos proventos de
aposentadoria e de pensões.

4. Princípios constitucionais da seguridade social:


a) previsão legislativa.

Art. 194. Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da


lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às
populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e
serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento, identificando-se, em
rubricas contábeis específicas para cada área, as receitas e as despesas
vinculadas a ações de saúde, previdência e assistência social,
preservado o caráter contributivo da previdência social;
VII - caráter democrático e descentralizado da administração,
mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores,
dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos
colegiados.

b) universalidade da cobertura e do atendimento: a seguridade social deve alcançar a


todos os necessitados da sua cobertura. A universalidade é mais ampla na saúde e na
assistência social, que são gratuitas, e mitigada na previdência social, que é contributiva.
A universalidade não é absoluta, mas relativa, pois não é possível amparar todos
os riscos sociais e todas as pessoas.
Na universalidade subjetiva, deve-se proteger o maior número possível de
pessoas. Na universalidade objetiva, a proteção social deve alcançar o maior número
possível de riscos sociais.

c) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e


rurais

Tratamento isonômico entre os povos urbanos e rurais.

Art. 195. § 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais


e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que
exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem
empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social
mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da
comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da
lei.
d) Seletividade e distributividade na prestação de benefícios.

Seletividade: escolha dos riscos sociais e das pessoas a serem amparadas.

Distributividade: instrumento de distribuição de renda. A distributividade é


máxima na assistência social

e) Irredutibilidade do valor dos benefícios.

Na seguridade, a irredutibilidade é do valor nominal. Na previdência, a


irredutibilidade é do valor real.

CF. Art. 201. § 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para


preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
definidos em lei.

Lei nº 8.213/91. Art. 41-A. O valor dos benefícios em manutenção


será reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salário
mínimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de início ou do
último reajustamento, com base no Índice Nacional de Preços ao
Consumidor - INPC, apurado pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística - IBGE.

PREVIDENCIÁRIO. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO


REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DE
ÍNDICE INFLACIONÁRIO NEGATIVO SOBRE A CORREÇÃO MONETÁRIA,
DESDE QUE PRESERVADO O VALOR NOMINAL DO MONTANTE PRINCIPAL.
1. A Corte Especial deste Tribunal no julgamento do REsp nº 1.265.580/RS, Relator o
Ministro Teori Albino Zavascki, DJe de 18/4/2012, modificou a compreensão então
vigente, passando a adotar o entendimento segundo o qual desde que preservado o valor
nominal do montante principal, é possível a aplicação de índice inflacionário negativo
sobre a correção monetária de débitos previdenciários, porquanto os índices
deflacionados acabam se compensando com supervenientes índices positivos de
inflação.
2. Embargos de declaração acolhidos com excepcionais efeitos modificativos.
(EDcl no AgRg no REsp 1142014/RS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE,
QUINTA TURMA, julgado em 04/10/2012, DJe 11/10/2012)

DIREITO CONSTITUCIONAL. REGIME DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E


JUROS MORATÓRIOS INCIDENTE SOBRE CONDENAÇÕES JUDICIAIS DA
FAZENDA PÚBLICA. ART. 1º-F DA LEI Nº 9.494/97 COM A REDAÇÃO DADA
PELA LEI Nº 11.960/09. IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DA UTILIZAÇÃO DO
ÍNDICE DE REMUNERAÇÃO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO
CRITÉRIO DE CORREÇÃO MONETÁRIA. VIOLAÇÃO AO DIREITO
FUNDAMENTAL DE PROPRIEDADE (CRFB, ART. 5º, XXII). INADEQUAÇÃO
MANIFESTA ENTRE MEIOS E FINS. INCONSTITUCIONALIDADE DA
UTILIZAÇÃO DO RENDIMENTO DA CADERNETA DE POUPANÇA COMO
ÍNDICE DEFINIDOR DOS JUROS MORATÓRIOS DE CONDENAÇÕES
IMPOSTAS À FAZENDA PÚBLICA, QUANDO ORIUNDAS DE RELAÇÕES
JURÍDICO-TRIBUTÁRIAS. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA E VIOLAÇÃO À
ISONOMIA ENTRE DEVEDOR PÚBLICO E DEVEDOR PRIVADO (CRFB, ART.
5º, CAPUT). RECURSO EXTRAORDINÁRIO PARCIALMENTE PROVIDO. (STF,
RE 870947)

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL - AÇÃO REVISIONAL DE


BENEFÍCIO - DECISÃO MONOCRÁTICA QUE NEGOU PROVIMENTO AO
RECURSO ESPECIAL.
INSURGÊNCIA DA FUNDAÇÃO RÉ.
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, em se tratando de demanda buscando a
revisão da renda mensal inicial do benefício de previdência privada, por se tratar de
prestação de trato sucessivo, a prescrição não atinge o próprio fundo do direito, mas
apenas as parcelas vencidas anteriormente ao quinquênio que antecede o ajuizamento da
ação. Incidência da Súmula 83/STJ.
2. "A patrocinadora não possui legitimidade passiva para litígios que envolvam
participante/assistido e entidade fechada de previdência complementar, ligados
estritamente ao plano previdenciário, como a concessão e a revisão de benefício ou o
resgate da reserva de poupança, em virtude de sua personalidade jurídica autônoma"
(Tema/Repetitivo 936/STJ).
3. Concedido o benefício de complementação de aposentadoria após 1º de março de
1994, e havendo previsão no plano de benefícios de utilização do mesmo índice de
reajuste adotado pelo INSS, é devida a revisão do salário de contribuição com a
aplicação do índice de 39, 67%, correspondente do IRSM de fevereiro de 1994, na
hipótese de o salário de contribuição desse mês de competência ter sido considerado no
cálculo do salário real de benefício. Precedentes.
4. Agravo interno desprovido.
(AgInt no REsp 1719686/RS, Rel. Ministro MARCO BUZZI, QUARTA TURMA,
julgado em 25/05/2020, DJe 28/05/2020)

f) Equidade na forma de participação do custeio.

Art. 195. § 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput


deste artigo poderão ter alíquotas diferenciadas em razão da atividade
econômica, da utilização intensiva de mão de obra, do porte da
empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho, sendo
também autorizada a adoção de bases de cálculo diferenciadas apenas
no caso das alíneas "b" e "c" do inciso I do caput.

Emenda Constitucional 103/2019. Art. 11. Até que entre em vigor lei
que altere a alíquota da contribuição previdenciária de que tratam
os arts. 4º, 5º e 6º da Lei nº 10.887, de 18 de junho de 2004, esta será
de 14 (quatorze por cento). (Vigência)
§ 1º A alíquota prevista no caput será reduzida ou majorada,
considerado o valor da base de contribuição ou do benefício recebido,
de acordo com os seguintes parâmetros:
I - até 1 (um) salário-mínimo, redução de seis inteiros e cinco décimos
pontos percentuais;
II - acima de 1 (um) salário-mínimo até R$ 2.000,00 (dois mil reais),
redução de cinco pontos percentuais;
III - de R$ 2.000,01 (dois mil reais e um centavo) até R$ 3.000,00
(três mil reais), redução de dois pontos percentuais;
IV - de R$ 3.000,01 (três mil reais e um centavo) até R$ 5.839,45
(cinco mil, oitocentos e trinta e nove reais e quarenta e cinco
centavos), sem redução ou acréscimo;
V - de R$ 5.839,46 (cinco mil, oitocentos e trinta e nove reais e
quarenta e seis centavos) até R$ 10.000,00 (dez mil reais), acréscimo
de meio ponto percentual;
VI - de R$ 10.000,01 (dez mil reais e um centavo) até R$ 20.000,00
(vinte mil reais), acréscimo de dois inteiros e cinco décimos pontos
percentuais;
VII - de R$ 20.000,01 (vinte mil reais e um centavo) até R$ 39.000,00
(trinta e nove mil reais), acréscimo de cinco pontos percentuais; e
VIII - acima de R$ 39.000,00 (trinta e nove mil reais), acréscimo de
oito pontos percentuais.

g) Diversidade da base de financiamento.

Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de


forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos
provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições
sociais: (Vide Emenda Constitucional nº 20, de 1998)

I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma


da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou
creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço,
mesmo sem vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 20, de 1998)
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social,
podendo ser adotadas alíquotas progressivas de acordo com o valor do
salário de contribuição, não incidindo contribuição sobre
aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime Geral de Previdência
Social; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 103, de
2019)
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a
ele equiparar.

h) Gestão quadripartite.
i) Solidariedade: socialização dos riscos; amparo às pessoas em momentos de
necessidade;

CF. Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República


Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;

O sistema público de previdência social é baseado no princípio da solidariedade [art. 3º,


inciso I, da CB/1988], contribuindo os ativos para financiar os benefícios pagos aos
inativos” (STF, RE 414.816 AgR/SC, 1ª Turma, Rel. Min. Eros Grau, DJ 13.5.2005)

j) Precedência da fonte de custeio.

Art. 195. § 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social


poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte
de custeio total.

K) vedação ao retrocesso social.

“Consiste na impossibilidade de redução das implementações de direitos


fundamentais já realizadas”.7 Impõe-se, com ele, que o rol de direitos sociais não seja
reduzido em seu alcance (pessoas abrangidas, eventos que geram amparo) e quantidade
(valores concedidos), de modo a preservar o mínimo existencial.

5. Conceito de direito previdenciário: é o ramo do direito público que disciplina


juridicamente a Previdência Social, publica e complementar.

6. Histórico da seguridade social e da previdência social.

As quatro fases evolutivas da proteção social ao trabalhador:


a) experimental (a política social de Otto von Bismarck, que durante os anos de 1883 a
1889 faz viger um conjunto de normas que serão o embrião do que hoje é conhecido
como Previdência Social, assegurando aos trabalhadores o seguro-doença, a
aposentadoria e a proteção a vítimas de acidentes de trabalho);
b) de consolidação (destaca-se a constitucionalização de direitos sociais e políticos. A
Constituição Mexicana de 1917 foi a primeira a arrolar e dar sistematização a um
conjunto de direitos sociais, no que foi seguida pela Constituição de Weimar, no ano de
1919.);
c) de expansão ( A fase de expansão é notada a partir do período pós-Segunda Guerra,
com a disseminação das ideias do economista inglês John Maynard Keynes, o qual
pregava, em síntese, o crescimento econômico num contexto de intervenção estatal no
sentido de melhor distribuir – ou até mesmo redistribuir – a renda nacional. Até então, é
importante frisar, os planos previdenciários (de seguro social), em regra, obedeciam a
um sistema chamado bismarckiano,33 ou de capitalização, ou seja, somente
contribuíam os empregadores e os próprios trabalhadores empregados,numa poupança
compulsória, abrangendo a proteção apenas destes assalariados contribuintes. Ou seja,
embora o seguro social fosse imposto pelo Estado, ainda faltava a noção de
solidariedade social, pois não havia a participação da totalidade dos indivíduos, seja
como contribuintes, seja como potenciais beneficiários. As propostas de Keynes foram
aprofundadas por Lord William Henry Beveridge, que havia sido seu colaborador e que,
em 1941, foi designado pelo governo britânico para reexaminar os sistemas
previdenciários da Inglaterra.34 A partir de 1944, então, foram estes alterados pela
adoção, naquele país, do chamado Plano Beveridge, o qual, revendo todas as
experiências até então praticadas pelos Estados que tinham adotado regimes de
previdência, criou um sistema universal – abrangendo todos os indivíduos,35 com a
participação compulsória de toda a população, com a noção de
que a seguridade social é “o desenvolvimento harmônico dos economicamente débeis”);
d) de redefinição, que tem início na década de oitenta e se encontra em curso (As
chamadas “reformas” dos sistemas previdenciários públicos obedecem, em síntese, a
dois moldes, segundo a classificação de Carmelo Mesa-Lago: (1) reformas estruturais,
que visam modificar radicalmente o sistema público, seja introduzindo um componente
privado como complemento ao público, seja criando um sistema privado que concorra
com o público; e (2) reformas não estruturais, ou paramétricas, que visam melhorar um
sistema público de benefícios a fim de fortalecê-lo financeiramente a longo prazo, por
exemplo, incrementando a idade de aposentadoria ou o valor das contribuições, ou ainda
tornando mais exata a fórmula de calcular o benefício.)

7. História da previdência social no Brasil.

No Brasil, desde a época do Império, já existia mecanismo de cunho previdenciário.


Contudo, somente a partir de 1923, com a aprovação da Lei Eloy Chaves, que na
verdade é o Decreto Legislativo nº 4.682, de 24 de janeiro de 1923, o País adquiriu um
marco jurídico para a atuação do sistema previdenciário, que na época era composto
pelas Caixas de Aposentadorias e Pensões – CAPs. A Lei Eloy Chaves tratava
especificamente das CAPs das empresas ferroviárias, pois seus sindicatos eram bem
mais organizados e possuíam maior poder de pressão política. O objetivo inicial era o de
apoiar esses trabalhadores durante o período de inatividade.
Essa situação sofreu alterações ao longo da década de 1930. O crescimento da
população urbana e a ampliação do sindicalismo levaram a uma tendência de
organização previdenciária por categoria profissional, o que fortaleceu as instituições de
previdência, que foram assumidas pelo Estado, surgindo então os Institutos de
Aposentadorias e Pensões – IAPs.
Rapidamente os institutos representantes de categorias com renda superior se tornaram
politicamente fortes, pois dispunham de mais recursos financeiros e políticos. Tal fato
gerou um problema de distorção entre os diversos institutos, com categorias
efetivamente representadas e outras sub-representadas. Dessa forma, era clara a
necessidade de um sistema previdenciário único.
A Lei n° 3.807, de 26 de agosto de 1960, criou a Lei Orgânica de Previdência Social –
LOPS, que unificou a legislação referente aos Institutos de Aposentadorias e Pensões.
Posteriormente, o Decreto-Lei n° 72, de 21 de novembro de 1966, uniu os seis Institutos
de Aposentadorias e Pensões existentes na época (IAPM, IAPC, IAPB, IAPI,
IAPETEL, IAPTEC), criando o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS. O
INPS unificou as ações da previdência para os trabalhadores do setor privado, exceto os
trabalhadores rurais e os domésticos. No decorrer da década de 1970, a cobertura
previdenciária expandiu-se com a concentração de recursos no governo federal,
especialmente devido às seguintes medidas: em 1972, a inclusão dos empregados
domésticos; em 1973, a regulamentação da inscrição de autônomos em caráter
compulsório; em 1974, a instituição do amparo previdenciário aos maiores de 70 anos
de idade e aos inválidos não-segurados (idade alterada posteriormente); em 1976,
extensão dos benefícios de previdência e assistência social aos empregadores rurais e
seus dependentes.
Na década de 70, inovações importantes aconteceram na legislação previdenciária,
disciplinadas por vários diplomas legais, surgindo a necessidade de unificação, que de
fato ocorreu com a CLPS (Consolidação das Leis da Previdência Social) em
24/01/1976, por meio do Decreto nº 77.077. No ano seguinte, foi criado o Sistema
Nacional de Previdência e Assistência Social – SINPAS.
Com a Constituição de 1988, foi criado o conceito de Seguridade Social composto pelas
áreas da Saúde, Assistência e Previdência Social.

O Instituto Nacional do Seguro Social – INSS foi criado em 27 de junho de 1990,


durante a gestão do então presidente Fernando Collor de Melo, por meio do Decreto n°
99.350, a partir da fusão do Instituto de Administração Financeira da Previdência e
Assistência Social – IAPAS com o Instituto Nacional de Previdência Social – INPS,
como autarquia vinculada ao Ministério da Previdência e Assistência Social – MPAS,
atual Ministério da Previdência Social – MPS.

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