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A C Ó R D Ã O
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RENATA SILVARES FRANCA FADEL:33925 Assinado em 15/06/2022 18:20:18
Local: GAB. DES. RENATA SILVARES FRANCA FADEL
Poder Judiciário 288
Estado do Rio de Janeiro
Terceira Câmara Cível
§§ 2º e 3º, I, e 14, do CPC. Afastamento da majoração prevista no
artigo 85, §11, do CPC. Conhecimento e provimento parcial do
recurso.
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Poder Judiciário 289
Estado do Rio de Janeiro
Terceira Câmara Cível
RELATÓRIO
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Estado do Rio de Janeiro
Terceira Câmara Cível
Laudo pericial médico juntado às fls. 143/151 (IE nº 000158) no qual se
concluiu, em síntese, que: (i) não há, nos autos, documentos oficiais que
comprovem o local e as circunstâncias do possível acidente; (ii) caso o acidente
seja comprovado por outros meios, pode-se dizer que a queda no interior do
veículo em movimento nas circunstâncias descritas pode ter provocado uma
contusão na coluna lombo-sacra do Autor; (iii) ainda caso o acidente seja
comprovado por outros meios, provocaria no Autor uma Incapacidade Total
Temporária de 7 (sete) dias; (iv) não houve evidência de fraturas e o Autor foi
liberado no mesmo dia, tendo recusado a medicação injetável prescrita com fins de
aliviar a queixa de dor; e (v) não há sequelas ou dano estético.
“...que não conhece a vítima que seu telefone foi passado porque o pai do
depoente ajudou a vítima...”;
“...que o acidente foi depois da Prefeitura...”; “
“...que acha que quem foi culpado pelo acidente foi o motorista do ônibus; que o
ônibus estava muito rápido e quando fez uma manobra a vítima não conseguiu se
segurar...”
“...que quando o ônibus passou em cima do quebra mola o autor que estava
sentado deu um pulo para cima e quando caiu bateu com as costas; que desceram
do ônibus com a vítima e o colocaram sentado no meio fio...”
“...que a empresa é Vila Rica; que a vítima reclamava de dor nas costas; que o
motorista do ônibus não prestou auxílio e nem se preocupou...”
“...que ratifica que ele e seu pai ajudaram a vítima, que foi mais seu pai...”
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Estado do Rio de Janeiro
Terceira Câmara Cível
ressarcir a Ré observando-se o limite da apólice.
É o breve Relatório.
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Estado do Rio de Janeiro
Terceira Câmara Cível
VOTO
De acordo com o artigo 949 do Código Civil, “No caso de lesão ou outra
ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e
dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido” (grifo nosso). O artigo 402 do
mesmo diploma, por sua vez, conceitua lucro cessante como aquilo que o credor
“razoavelmente deixou de lucrar”. Fundamental, portanto, a produção de prova,
pelo Autor, acerca daquilo que deixou de lucrar para que seja aferido valor
razoável de indenização. Não há, nos autos, qualquer comprovante de renda do
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Poder Judiciário 293
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Terceira Câmara Cível
Autor que poderia ser utilizado como parâmetro para arbitramento de razoável
lucro cessante a ser indenizado.
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Poder Judiciário 294
Estado do Rio de Janeiro
Terceira Câmara Cível
DANO MORAL. MULHER QUE, POSTERIORMENTE AO FATO, VEIO A SE
CASAR E SE SEPAROU. BIS IN IDEM NÃO CARACTERIZADO. EXCLUSÃO DE
LUCROS CESSANTES. (...) 9. Os lucros cessantes representam aquilo que, após o fato
danoso, deixou o ofendido de receber à luz de uma previsão objetiva, que não
confunde com meras hipóteses. Dependem, portanto, para sua concessão, da
preexistência de circunstâncias e de elementos seguros que, concreta e prontamente,
demonstrem que a lucratividade foi interrompida ou que não mais se iniciaria em
decorrência especificamente do infortúnio, independente de outros fatores. 10. No
presente caso, o recebimento de lucros cessantes está baseado em danos meramente
remotos, hipotéticos, vinculados a um sucesso profissional decorrente de curso
universitário no qual a autora pretendia ingressar antes do infortúnio. A ocorrência
dos respectivos danos, sem dúvida, dependeria de outras circunstâncias e fatores
alheios ao infortúnio. Em tal situação, não cabe a condenação em lucros cessantes nem,
pior ainda, como fez o Tribunal de origem, fixá-los com base nas mensalidades
(despesas) destinadas ao pagamento do pretendido curso superior. 11. Sucumbência
mínima da autora, impondo-se aos corréus arcar com as custas e com os honorários
advocatícios, como fixados na sentença. 12. Recurso especial da autora desprovido. Recurso
do corréu provido em parte para afastar a condenação em lucros cessantes.
(REsp 1.080.597/SP, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA
TURMA, julgado em 27/09/2021, DJe 06/10/2015)
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Terceira Câmara Cível
No mesmo sentido, precedente da 19ª Câmara Cível deste Eg. Tribunal:
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Estado do Rio de Janeiro
Terceira Câmara Cível
razoavelmente deixado de auferir por força dos dias que ficou inabilitado
temporariamente para exercício de função laborativa.
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Terceira Câmara Cível
ser reconhecida a sucumbência recíproca, vez que houve procedência do único pedido
formulado na petição inicial, qual seja, de compensação por danos morais. Outrossim, nos
termos do Verbete n.º 326 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça, “na ação de
indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não
implica sucumbência recíproca”. Por fim, pleiteou a Demandada fosse permitida a dedução
do seguro obrigatório, ainda que não tenha ocorrido requerimento administrativo nesse
sentido. Sobre o tema, destaca-se que, segundo a Súmula n.º 246 da Corte Superior, “o valor
do seguro obrigatório deve ser deduzido da indenização judicialmente fixada”. Vale notar,
todavia, que os danos não decorrem de morte, invalidez permanente ou despesas médicas,
no caso em apreço, cuja única condenação foi ao pagamento de compensação por danos
morais.
(APELAÇÃO CÍVEL Nº 0002936-47.2015.8.19.0202, DES. ARTHUR NARCISO.
VIGÉSIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL, julgado em 17/02/2022, DJe 18/02/2022)
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Poder Judiciário 298
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Terceira Câmara Cível
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DIREITO DO CONSUMIDOR.
AUTORA QUE, NA CONDIÇÃO DE PASSAGEIRA DO ÔNIBUS, SOFREU
UMA QUEDA EM DECORRÊNCIA DA COLISÃO PROVOCADA PELO
COLETIVO DA EMPRESA RÉ. CONSUMIDORA POR EQUIPARAÇÃO.
INTELIGÊNCIA DO ART.17 DO CDC. AUTORA QUE COMPROVOU A
CONDIÇÃO DE PASSAGEIRA DIANTE DO REGISTRO DE OCORRÊNCIA EM
SEDE POLICIAL CORROBORADO PELO ATENDIMENTO NO HOSPITAL
FEDERAL CARDOSO FONTES. LESÃO LEVE COMPROVADA ATRAVÉS DO
BAM. EMPRESA RÉ QUE NÃO SE DESINCUMBIU DE COMPROVAR A
INEXISTÊNCIA DO ACIDENTE, O QUE PODERIA TER SIDO FEITO ATRAVÉS
DO REGISTRO DAS IMAGENS CAPTADAS PELAS CÂMERAS INSTALADAS NO
INTERIOR DO COLETIVO. DANO MORAL FIXADO NO PATAMAR DE R$
3.000,00 (TRÊS MIL REAIS). APELO PROVIDO.
(APELAÇÃO CÍVEL Nº 0003678-98.2017.8.19.0203, DES. PAULO SÉRGIO
PRESTES DOS SANTOS. SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, julgado em 11/04/2022,
DJe 13/04/2022)
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Poder Judiciário 299
Estado do Rio de Janeiro
Terceira Câmara Cível
atentando-se, repise-se, para a mencionada norma do artigo 98, §3º, do CPC, no
que concerne ao Requerente.
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