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PODER JUDICIÁRIO - JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

JUÍZO DE DIREITO DA 13 9. VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL

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Processo n.° 0106809-41.2002.8.19.0001

DECISÃO

Trata-se de execução de quantia relativa à multa


diária de R$700,00, estabelecida na escritura de promessa de compra e
venda com quitação de preço, lavrada em 21.12.1998, multa esta
decorrente do não entrega das chaves e desocupação do imóvel na data_
acordada por parte da executada.

Depois de idas e vindas e ocultação por parte da


executada de bens móveis penhorados nos presentes autos, foi
penhorado o bem localizado na Av. das Américas, n. 2.300, casa 15, lote
3, em nome da executada, conforme certidão que se encontra às fls. 541.

As fis. 627, foi expedido mandado de avaliação,


cujo laudo se encontra às fls. 663/4, datado de 25.09.2013.

As fis. 635, foi determinado que as partes


falassem sobre o laudo de avaliação.

Desta feita , manifestou-se a executada através


de exceção de pré-executividade às fis. 636/654, requerendo seja
reconhecida a prescrição de parte da dívida; liberação do imóvel por se
tratar de bem de família; excluído do cálculo do débito os valores
referentes ao pagamento do IPTU, por conta naa"o amparados por título
executivo.

fls. 655/660, manifestou-se a executada


Ás
quanto à penhora do imóvel e quanto ao valor da avaliação, sob alegação
de que o valor de mercado dos imóveis da região está entre 15 e 20
milhões de reais.

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Manifestação da credora às fls. 689/695,


seguido de nova manifestação do executada, fls. 707/711; seguido de
nova manifestação da credora, fls. 721/734.

Às fls. 749/751, manifestação do credora


comunicando alienação do imóvel pela executada, conforme documentos
que junta às fls. 752/4.

Às fls. 755/8, o patrono da executada comunica


haver renunciado aos poderes de representação que lhe foram
conferidos, comprovando a intimação do executada_ quanto à renúncia.

o
Relatei. Decido.

Inicialmente, faço registrar que embora a 1°


executada tenha sido cientificada da renúncia do patrono que apresentou
exceção de pré-executividade, em 10 de junho de 2014, decorridos 60
dias, deixou de regularizar a sua representação.

No mérito do exceção de pré-executividade,


rejeita-se a alegação de prescrição do prazo para cobrança do crédito
decorrente da multa, uma vez que tal prazo não ocorreu, diante dos ações
propostas pela exequente no ano de 2001 para reaver o imóvel adquirido,
sendo certo que consta da sentença que se encontra às fls. 16, de que a
executada foi notificada quanto ao prazo do término do comodato, sendo
certo que a presente execução data de setembro de 2002, não havendo o
que falar em incidência do ort. 206, 5 3°, V do Código Civil, vez que o
novo Código Civil só entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003.

Quanto à alegação de que se trata de bem de


família, aonde reside a executada, a mesma não merece acolhida, diante
do documento de fls. 753 - escritura de promessa de compra e venda -,
através do qual a executada - em fraude a credores (vez que tinha
conhecimento de penhora que incidia sobre o imóvel) -, alienou o bem
penhorado, o qual alega ser protegido pela Lei 8.009/90.
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Assim, não há que se falar em nulidade do


penhora que incidiu sobre o imóvel do executada.

Quanto à alegação de ausência de título para


cobrança do IPTU na presente execução, também não merece
acolhimento, diante do que consta no cláusula 6° do documento de fls.
10112, já que lá estabelece ser de responsabilidade da executada, o
pagamento de todos os impostos, taxas, tarifas e outros encargos que
incidissem sobre o bem, até a data da desocupação.

Logo, se a quantia não é devida porque a


o executada quitara os débitos, cabe a ela fazer tal prova.

Quanto à alegação de que os honorários


arbitrados pela própria exequente na execução foram excessivos,
também não merece acolhimento, eis que os honorários fixados pelo juiz,
fls. 37, foram em 10% sobre o valor do débito.

Quanto ao valor da multa cobrada ser abusiva,


não merece acolhida, já que fixadas pelas partes de livre e espontânea
vontade e, considerando a natureza do multa, que é de fazer com que
aquele que assumiu a obrigação a cumpra, não há que se falar em redução
do mesma, já que o montante alcançado foi em razão do próprio
comportamento do excipiente.
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hiante de todo o exposto, rejeito
integralmente a presente exceção de pré-executividade de fls.
636/654.

Prosseguindo, passo ao exame do petição de fls.


655/666, que impugnou o valor da avaliação em R$12.900.000,00, sob
alegação de que imóveis localizados na região possuem valor entre 15 e
20 milhões de reais, rejeito a mesma, visto que, na escritura de alienação
do imóvel penhorado (f Is. 753/4) consta o valor de venda de
R$12.480.000,00. Logo, inferior ao do avaliação, donde se conclui ser
este o valor do imóvel.
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' Por fim, quanto d alienação do bem penhorado,


esta se deu em fraude d execução, vez que a escritura de promessa de
compra e venda é datada de 31.10.2013, enquanto que a execução data do
ano de 2002 e o termo de penhora do imóvel data de 23.03.2013.

Assim, torno ineficazes os efeitos do negócio


jurídico de promessa de compra e venda do imóvel que é objeto de
penhora no presente ação.

Diante de todo o exposto, determino o


prosseguimento da execução, devendo o credor indicar leiloeiro, o qual
deve dar ciência do praça do imóvel aos novos adquirentes, devendo o
credor trazer planilha atualizada do crédito, com honorários de 10%
fixados na execução.

Por fim, condeno a executada em honorários que


fixo em 10% sobre o valor do execução, diante do complexidade da
exceção de pré-executividade e todo o trabalho que acarretou ao
patrono da exequente.

Rio de Janeiro, 14 de agosto de 2014.

LENIR
o Ju

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