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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A)

FEDERAL DA 3ª VARA FEDERAL DO JUIZADO FEDERAL DA


SEÇÃO DE CRICIÚMA – SC.

A PARTE AUTORA, já devidamente qualificada nos


autos do processo em epígrafe, que move em face do INSS, vem,
mui respeitosamente, por sua procuradora, na presença de Vossa
Excelência, apresentar manifestação quanto ao Laudo Pericial
juntado no evento:

DAS CONSIDERAÇÕES

O ilustre perito foi designado pelo Nobre Julgador para


realizar a perícia a fim de constatar a incapacidade laborativa do
Autor, tendo em vista o acidente de moto sofrido em 2011, que
culminou em lesões graves em sua perna esquerda (Traumatismo
por esmagamento da perna - Fratura de Tíbia Esquerda e
Fíbula Esquerda).
O Autor não consegue mais realizar as suas atividades
normalmente, e no momento está trabalhando, pois não está
recebendo benefício e não recebe ajuda financeira de terceiros. Não
possui qualificação profissional e não possui demais experiência para
procurar outra atividade laboral.
Como já informando na inicial, após o acidente o Autor
apresenta problemas cada vez mais graves em sua saúde,
comprometendo a sua qualidade de vida, uma vez que sente dores
insuportáveis em sua perna, no entanto, no pedido formulado de
auxílio-doença, em 15/03/2019, a Autarquia simplesmente negou-lhe
o seu direito, deixando a parte Autora completamente desamparado.
A fratura exposta causada pelo acidente evoluiu para
uma pseudoartrose, limitando a sua capacidade funcional,
necessitando de cirurgia, conforme documento anexo, e também
constatado pelo perito. (documento anexo).
Além de tudo isso, os procedimentos determinados
pelos médicos, o autor sente fortes dores na perna, tornozelo e
joelhos, quando realiza determinados movimentos, necessitando de
cirurgia.
Entretanto, como será demonstrado, se faz necessária
algumas considerações em relação ao laudo pericial, porquanto se
passa a expor:

MANIFESTAÇÃO AO LAUDO PERICIAL DOENÇA DEGENERATIVA

A perícia deve avaliar se as condições de saúde do


requerente ao benefício o impedem total ou parcialmente, temporária
ou permanentemente para o trabalho.
Mais do que isso, também deve analisar se o meio
ambiente laboral pode agravar os problemas de saúde. E no caso do
Autor, é evidente que sim.
Portanto, necessário levar em consideração as
seguintes questões que devem fazer parte do laudo pericial, devendo
apontar um destes motivos que incapacitem o trabalhador as para
suas atividades profissionais habituais:
a) Impedimento parcial ou total em caráter temporário
ou permanente;
b) Agravamento em função da continuidade das
atividades profissionais;
É importante esclarecer se a doença decorrida do
acidente a qual está acometido lhe impediria de desenvolver
atividades normais para a sua idade e para exercer qualquer
atividade lhe gere subsistência sem comprometer ou piorar o seu
quadro clínico.
As respostas da nobre Perita são sucintas e básicas,
limitando-se a responder com poucas palavras os questionamentos
deste juízo, sendo que em algumas das perguntas desenvolveu
melhor sua resposta, sendo igualmente breve.
Sendo assim, merece guarida a presente manifestação,
porquanto o laudo apresentado esclarece de alguma forma sobre a
doença e a incapacidade do Autor, mas, em alguns pontos ficou
obscuro.
É certo que o julgador não está adstrito à conclusão
contida no laudo pericial, mas a simples leitura do mesmo demonstra
que o respeitável Perito comprovou a existência da incapacidade
laborativa parcial do Autor, porém, em outros aspectos somente se
limitou a responder os quesitos apresentados de forma um tanto
genérica.
Para melhor esclarecer os fatos, passa-se a
manifestação aos quesitos apresentados:
No exame complementar/exame físico/do estado
mental a perita informa que o Autor não apresenta fáceis dolorosa
como se a dor sentida pelo Autor precisasse ser manifestada.
Informa, que não identifica alterações na mobilidade do
joelho e tornozelo ipsilaterais à lesão. No entanto, o fato do Autor
mancar após o acidente é uma alteração relacionada ao trauma, pois
antes não sofria desse mal.
Informa ainda que, há ausência de consolidação da
fratura (pseudoartrose), mas não se ateve a mais detalhes. A
Pseudoartrose (ou Pseudartrose) é uma complicação caracterizada
pela ausência da consolidação de uma fratura. Em outras palavras, é
uma falha no processo de regeneração do osso quebrado que
impede a total recuperação do mesmo.
(https://www.rbo.org.br/detalhes/28/pt-BR/pseudartrose).
"Também definida como falsa articulação, a
pseudoartrose caracteriza-se então pela falta de consolidação óssea
em relação a uma fratura ou mesmo a uma artrose, de acordo com o
Hospital das Clínicas da
FMUSP."(https://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3811/-
1/pseudoartrose-dor-de-origem-ossea.html)
"(...) A pseudoartrose sempre necessita de tratamento
e geralmente é necessária uma intervenção cirúrgica para corrigir o
problema, lembra Dr. Bosi. Ele acrescenta que existe também um
tratamento com ultrassom, em que o calo ósseo é estimulado.
Algumas diferenças entre os tratamentos de países como Brasil e
Cuba estão descritas no final deste artigo."
(https://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3811/-
1/pseudoartrose-dor-de-origem-ossea.html)
Veja-se que a pseudoartrose impede a total
recuperação/regeneração do osso fraturado necessitando de novos
tratamentos, inclusive cirurgia. Vejamos o que diz um médico
especialista sobre a pseudoartrose: "Por se tratarem de
complicações/sequelas, seu tratamento é mais complexo, como
vimos, e da mesma forma, apresenta um índice menor de bons
resultados e maior de complicações. A melhor forma é a prevenção,
entretanto, uma vez que ocorra, a indicação adequada do
tratamento, se faz de extrema importância para que a evolução do
caso seja mais favorável possível".
(https://ortopedistaemsaopaulo.com.br/o-que-e-pseudoartrose/)
A jurisprudência é farta ao reconhecer o direito de
concessão de auxílio doença acidente e/ou aposentadoria por
invalidez, vejamos:
No mesmo sentido, é o que diz a doutrina:
Sabe-se, a propósito, que "a proteção
previdenciária em situação de incapacidade laboral
abrange os benefícios de auxílio-doença, no caso
de incapacidade temporária, aposentadoria por
invalidez, quando a incapacidade for definitiva e
total, impedindo a reabilitação profissional, e o
auxílio-acidente, como indenização pela perda
definitiva de parte da capacidade de trabalho.
(CASTRO, Alberto Pereira de. LAZZARI, João
Batista. Manual de direito previdenciário. 21. Ed.
Rio de Janeiro: Forense. 2018, p. 797).
Ademais, a Perita assinalou quanto à possibilidade de
reabilitação do quadro, por cirurgia. Ocorre que, não há garantias
seguras de que a cirurgia efetivamente reverteria o quadro clínico,
bem como as sequelas decorrentes do longo período da lesão.
Na conclusão/com incapacidade temporária a perita
afirma que o acidente que ocasionou a fratura evolui para sequelas
temporárias. Ocorre que, as sequelas só seriam temporárias se o
tratamento/cirurgia se mostre 100% eficaz.
Informa ainda que, existe incapacidade parcial e
temporária para atividade laborais que requeiram períodos
prolongados em ortostatismo (capacidade de ficar em pé, na posição
ereta do corpo), períodos prolongados em agachamento, períodos
prolongados de subida e descida de escadas, deambulação de
grandes distâncias, pegar peso a partir do chão, alçar peso acima dos
ombros, empurrar peso como parte de jornada de trabalho.
Excelência fica evidente a incompatibilidade da jornada
de trabalho do Autor com as informações acima prestadas pela Perita,
pois, o mesmo realizada carga e descarga na sua atividade de
motorista. Por isso a mesma sugere a limitação das atividades
laborais atuais quanto ao carregamento de peso.
Por fim, os atestados médicos apresentados são
suficientes para confirmar a incapacidade laborativa do Autor,
confirmada pela Perita, assim preenchendo todos os requisitos que
autorizam a concessão do do benefício/aposentadoria do Autor.
Vale destacar que os atestados e exames médicos
apresentados são vários, demonstrando que o Autor vem sofrendo
com a sua enfermidade desde o acidente em 2009.
Outrossim, necessário ser aplicado ao presente caso o
princípio in dubio pro misero, que determina a interpretação do
conjunto fático-probatório de forma mais favorável ao segurado.
Em virtude da atestada redução da capacidade laboral,
para o desempenho das tarefas de sustento de antes do acidente,
deve o benefício ser transmudado em “auxílio-acidente”, nos termos
do art. 86, caput, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada pela Lei nº
9.528, de 1997.
Uma vez que, há caracterização de  incapacidade parcial
incompleta e permanente por prejuízo funcional decorrente da fratura
e demais complicações decorrentes dela.
Sendo assim, fica evidente a necessidade da concessão
do benefício, bem como a realização de tratamento apontado como
forma de tentativa de reabilitação.

DATA PROVÁVEL DE INÍCIO DA INCAPACIDADE

Deve ser levada em consideração a data provável


de início da incapacidade (24/04/2011), conforme informações
prestada no tópico anterior, e descritas no laudo pericial.

DATA PROVÁVEL DE RECUPERAÇÃO DA CAPACIDADE

A data provável de recuperação da capacidade


(03/11.2021) deve ser fixada após determinação e agendamento do
tratamento e não uma data aleatória sem ao menos ter nos autos
uma decisão deste Juízo.

DOS PEDIDOS

Diante do todo o exposto, e de todo o conjunto fático-


probatório constante nos autos, em especial aos atestados e exames
médicos acostados nos autos, que demonstram a incapacidade
laborativa do Autor, que sejam deferidos todos os pedidos constantes
na inicial.

Requer ainda, a juntada dos documentos que seguem


anexos com esta petição.

Nestes termos,
Deferimento.

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