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Disciplina: Saúde do Trabalhador - UEMG/Divinópolis

Professora: Bárbara Marques de Castro Lara

Período/Curso: 5º período de Fisioterapia 01/2023

Exercício Avaliativo IV

Nicole Santos de Sá

1) De acordo com o vídeo, e caso necessário, busque outras bibliografias


para diferenciar nexo causal e concausal, utilizando exemplos.

Nexo causal: É a relação da doença desenvolvida pelo colaborador e o


gesto laboral que ele realizava na empresa, se houver relação, há nexo
causal, se não há relação, não há nexo causal. Exemplo: O trabalhador
nunca apresentou dor no punho, mas depois que começou a trabalhar na
empresa, com o gesto laboral repetitivo de digitar no computador sem
pausas, o colaborador desenvolveu tendinite de punho e teve que ser
afastado por incapacidade de continuar realizando aquele trabalho.
Assim, o gesto laboral seria a única causa dessa patologia.

Concausal: Quando a doença desenvolvida pelo colaborador não foi


causada no trabalho, mas agravada pelo mesmo. Exemplo: O trabalhador
apresenta um histórico de queixas de dor lombar quando pegava muito
peso no serviço anterior, mas por não haver alterações em exames de
imagem e a dor surgir em momentos pontuais, nunca tratou isso. Na nova
empresa que trabalha, a atividade laboral é a manutenção da posição
sentado em uma cadeira não ergonômica por muitas horas diárias, e
então desenvolve hérnia discal. Dessa forma, o seu histórico de dor
somado ao gesto laboral pode ter contribuído para o desenvolvimento da
hérnia discal.

2) Faça o mesmo diferenciando as competências de um perito judicial e


assistente técnico.

O perito judicial, além de ser formado em fisioterapia, precisa fazer um


curso de perícia para aprender sobre a linguagem e dinâmica dos
processos judiciários, a fim de fornecer um laudo biomecânico
ocupacional, com cronoanálise, associação dos fatores individuais do
periciado, o posto de trabalho, a atividade laboral e se há nexo causal ou
concausal, sendo nomeado pelo juiz e imparcial sobre os ambos os lados
da perícia, a empresa e o colaborador. Por exemplo, o caolaborador é
demitido após ser afastado por dores no trabalho, recorre a justiça e abre
um processo contra a empresa, a empresa é notificada e apresenta uma
contestação em sua defesa, então o juiz nomeia um perito judicial para
fazer um laudo para esse processo.

Já o assistente técnico judicial pode ser um fisioterapeuta, que


juntamente com o advogado fará a defesa da empresa ou do colaborador,
porém apenas de forma técnica com um parecer técnico e com a
autonomia de realizar contestações durante a perícia e sobre o laudo do
processo feito pelo perito judicial anteriormente. Por exemplo, o
colaborador tinha o gesto laboral de digitação e desenvolveu a síndrome
do túnel do carpo, contrata então um assistente técnico para defende-lo
informando sobre a real situação de trabalho, como não haver pausas,
que pode ser diferente do que o assistente técnico da empresa
apresentou, alegando que teoricamente haveria pausas a cada fração de
tempo. Ou o assistente técnico da empresa lê o laudo feito pelo perito
judicial e percebe erros nele, fazendo um parecer técnico para elucidar
esses erros e apresentando ao juiz, é possível que a empresa ganhe essa
causa.

3) Sobre o documentário, faça uma análise crítica associando assuntos


discutidos em sala de aula.

O documentário traz uma dura crítica a respeito das empresas de


frigorífico do país e as condições de trabalho que seus colaboradores são
submetidos. Primeiramente, o trabalho repetitivo dos MMSS sob alta
pressão, que é tanto a meta de quantidade de carne que deveria ser
desossada em um minuto, uma hora e em um dia, comprometendo a
saúde psicológica do colaborador, quanto a velocidade da esteira, que
aumenta o risco de acidentes no trabalho, gera sobrecarga as
articulações principalmente cervical, cotovelo, ombro e punho. O trabalho
no frigorífico de aves exige cerca de 180-120 movimentos por minuto,
sendo que o limite seguro de movimentos nesse intervalo de tempo é de
35, logo é evidente que esse estilo de trabalho é insalubre para a saúde
dos trabalhadores.

Além disso, essa é uma atividade laboral que exige muita atenção e
precisão, utilizando a coordenação motora fina. Por outro lado, há a
manutenção da posição ortostática e os agravos que podem estar
associados a isso, como a comprometimento do retorno venoso,
facilitando o surgimento de varizes e trombos, somado à baixas
temperaturas (até 8°C) que já é um fator que gera vasoconstrições e altera
a irrigação sanguínea para as extremidades, que por tempo prolongado,
gera uma má nutrição desses tecidos. Há também a variação da posição
para sentado, entretanto as cadeiras utilizadas não são ergonômicas e
não mantém as curvaturas fisiológicas da coluna vertebral, isso aumenta
a pressão interdiscal e contribui inclinação do tronco para aumentar a
acuidade visual e resulta em hipercifose torácica.

Apesar da aplicação de ginástica laboral e momento de pausa para o


alongamento, os trabalhadores relatam que a fadiga do trabalho do dia
anterior não foi minimizada em apenas uma noite de descanso.

Nesse sentido, diante das condições supracitadas é possível evidenciar,


além do sofrimento físico que deixa denervações, disfunções e sequelas
para o resto da vida dos indivíduos, o sofrimento psíquico, pelo medo de
ser mandado embora e não conseguir outro emprego e a incapacidade de
sustentar a família. Por fim, é emergente a necessidade de mudanças nas
condições de trabalho, principalmente, a diminuição da produção em
números para ter o aumento da produção em qualidade, não só do
produto mas também da saúde do trabalhador. Por isso, a presença de
um fisioterapeuta do trabalho na equipe multidisciplinar de saúde das
empresas irá contribuir para melhor essas condições. Visto que muitos
médicos estão despreparados para lidarem em os tipos de queixas dos
colaboradores, receitando apenas analgésicos e antiinflamatórios, sem
tratar as causas dessas queixas.

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