EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DO JUIZADO
ESPECIAL FEDERAL DA __ª SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE CIDADE/UF.
NÚMERO DO PROCESSO: XXX
NOME DO AUTOR (A), já devidamente qualificado nos autos da
AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO ASSISTENCIAL AO PORTADOR DE DEFICIÊNCIA – BPC/LOAS, sob o número em epigrafe, que move em desfavor do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, também já devidamente qualificado, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência por seu procurador manifestar-se sobre LAUDO PERICIAL apresentado pelo Ilustre NOME DO MÉDICO, CRM/UF XXX, nos termos que segue:
O Ilustre perito foi designado pelo Nobre Julgador para realizar
perícia a fim de constatar a incapacidade laborativa do Autor, tendo em vista que o Demandante se encontra doente com ESPONDILOARTROSE LOMBAR INCIPIENTE, DISCOPATIA DEGENERATIVA LOMBAR INFERIOR, ABAULAMENTO DISCAL DIFUSO, MAIS EVIDENTE EM SITUAÇÃO FORAMINAL DIREITA EM L4-L5, HÉRNIA DE DISCO FORAMINAL ESQUERDA EM L5-S1 E RADICULOPATIA LOMBO-SACRA BILARERALMENTE COM SINAIS DE DESNERVAÇÃO- REINERVAÇÃO, como também em estado de miserabilidade, CONFORME PERÍCIA DA ASSISTENTE SOCIAL juntado nos autos. Também o Autor não consegue mais trabalhar e consequentemente não obter renda para se sustentar, passando necessidades, sendo plenamente válido o requerimento do BPC/LOAS.
Para tanto, no dia DIA de MÊS de ANO, fora realizada perícia
médica no ora Demandante. Entretanto, como será demonstrado, descabida se faz a conclusão do respeitável perito, porquanto se passa a expor:
DAS RESPOSTAS AOS QUESITOS ACERCA DO ESTADO DE
INCAPACIDADE DO AUTOR:
O Nobre Perito fora questionada a cerca da incapacidade
laborativa do Autor, inclusive se a doença a qual está acometida lhe impediria de desenvolver as atividades normais para a sua idade e para exercer qualquer atividade que lhe garanta subsistência.
Entretanto, as respostas do médico perito não foram
esclarecedoras, mas, sim, ambíguas, limitando-se a responder com poucas palavras os questionamentos deste juízo, sendo que apenas em algumas das perguntas desenvolveu melhor sua resposta, sendo igualmente breve, porém, demonstrado as verdades dos fatos apresentados pelo Autor. (perguntas de I a VIII do questionamento “QUESITOS DO JUIZ”).
Sendo assim, merece guarida a presente Impugnação,
porquanto o laudo apresentado esclarece de alguma forma sobre a doença e a incapacidade do Autor, mas, em alguns pontos ficou um pouco obscuro.
É certo que o julgador não está adstrito à conclusão contida no
laudo pericial (art. 436, CPC), mas a simples leitura do mesmo demonstra que o respeitável Perito comprovou a existência da incapacidade laborativa do Autor, porém, em outros aspectos somente se limitou a responder os quesitos apresentados de forma genérica.
Para melhor esclarecer os fatos, passa-se a Impugnação aos
quesitos apresentados: Na pergunta I, foi perguntado se o Autor atualmente é portador de alguma doença, distúrbio, lesão ou anomalia, assim classificada pelo OMS, e para dá o diagnóstico. O Nobre Perito diagnosticou o Autor (a) com ABAULAMENTO DISCAL L4-L5 (CID M 51.1); ESPONDILOARTROSE LOMBAR (CID M 19.9 / M 47.9); PROTUSÃO DISCAL L5-S1 (CID M 51.1). APENAS RATIFICANDO O QUE CONSTA NA EXORDIAL, DEMONSTRANDO A BOA- FÉ DO AUTOR PARA BUSCAR A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO QUE FAZ JUS.
Na pergunta II, foi perguntado se o Autor está com alguma
enfermidade, distúrbio, lesão ou anomalia, caso existente, incapacita o Autor para o desempenho de sua atividade laboral habitual? Ou seja, o Autor encontra-se incapacitado para desempenhar a profissão que anteriormente exercia incapacidade parcial? Explicar o porquê. O Perito disse que SIM, POIS O PERICIADO APRESENTA DIFICULDADES PERMANENTES DE FLEXO-EXTENSÃO DE COLUNA LOMBAR E TAMBÉM DORES NA MESMA REGIÃO. SENDO DEMONSTRADO MAIS UMA VEZ A IMPOSSIBILIDADE DO AUTOR DE TRABALHAR E LEVAR SUA VIDA NORMALMENTE.
Na pergunta III, foi perguntado se o Autor está com
enfermidade, distúrbio, lesão ou anomalia, caso existente, incapacita o Autor para desempenha de toda e qualquer atividade laboral? Ou seja, o Autor encontra-se incapacitado para desempenhar qualquer profissão que lhe garanta a subsistência (incapacidade total)? Explicar o porquê. O Perito respondeu que: Não. Não, é possível que o periciado realize atividades de moderado esforço e também o periciado é jovem e passível de reabilitação. COM TODA VÊNIA, O NOBRE PERITO JÁ DIAGNOSTICOU O AUTOR COM DIFICULDADES PERMANENTES PARA EXERCER SUAS ATIVIDADES, PORÉM, RESPONDEU QUE O AUTOR PODERÁ DESEMPENHAR OUTRA PROFISSÃO, COM TODO RESPEITO, O AUTOR NÃO TEM ESCOLARIDADE, DESDE INFÂNCIA QUE TRABALHA NO PESADO, NA ZONA RURAL, EXERCENDO AS DEMANDAS DIÁRIAS, COMO LIMPAR MATO, CUIDAR DE GADO, TIRAR LEITE, FAZER CERCAS, ARRANCAR TRONCOS, FAZER CARVÃO E ETC. NOS ÚLTIMOS ANOS EXERCIA SEU TRABALHO EM UMA FÁBRICA DE TELHAS E COMPOSTOS. SERÁ PRATICAMENTE IMPOSSÍVEL REDIRECIONAR O AUTOR PARA OUTRA PROFISSÃO QUE NÃO SEJA ATIVIDADES BRAÇAIS, HAJA VISTA, NÃO TER ESCOLARIDADE SUFICIENTE PARA EXERCER OUTRA FUNÇÃO DE MODERADOS ESFORÇOS COMO RECOMENDA O PERITO. Na pergunta IV, foi perguntado se tal enfermidade, caso existente incapacita o Autor para o desempenho de suas atividades diárias, tal como vestir-se, alimentar-se ou sair de casa sozinho para tratar de assuntos particulares? Ou seja, o Autor é incapaz de levar uma vida independente? Explicar o porquê. O perito respondeu que: Não. Não, o periciado mantém sua coordenação motora e psíquica preservada. A ÚNICA INCAPACIDADE DE ATIVIDADE DIÁRIA QUE O AUTOR POSSUI É A INCAPACIDADE DE EXERCER SUAS ATIVIDADES LABORATIVAS, FICANDO IMPOSSIBILITADO DE TRABALHAR PARA CUSTEAR SUAS DESPESAS PESSOAIS E DE SUA FAMÍLIA, CONFORME O PRÓPRIO PERITO DIAGNOSTICOU, SENDO UMA DAS INCAPACIDADES DE ATIVIDADE DIÁRIA MAIS PREJUDICIAL, PORQUE O AUTOR SEQUER TEM CONDIÇÕES PARA PRÓPRIO SE MANTER.
Na pergunta V, foi perguntado se tal incapacidade, caso
existente, é permanente ou temporária? Ou seja, é o Autor passível de recuperação clínica ou reabilitação caso submetido a tratamento adequado? Indicar qual o tratamento, bem como, se possível, o tempo médio necessário para a recuperação ou reabilitação. Foi respondido da seguinte forma: PERMANENTE. SIM, pois embora seja uma patologia permanente o periciado é jovem e encontra-se com sua patologia passível de reabilitação, desde que se faça um tratamento adequado, como por exemplo, uso de medicamentos específicos, fisioterapia, acompanhamento ambulatorial, enquanto o mesmo estiver nos períodos de crise. Quando ao tempo para reabilitação, este é indeterminado, pois vai depender do devido tratamento. COM TODA VÊNIA, O PRÓPRIO PERITO RESPONDEU QUE A INCAPACIDADE DO AUTOR É PERMANENTE E O TEMPO DE REABILITAÇÃO É INDETERMINADO, PORÉM, DESDE QUE SE FAÇA UM TRATAMENTO ADEQUADO, MAS, COMO O AUTOR VAI FAZER UM TRATAMENTO COM USO DE MEDICAMENTOS ESPECÍFICOS, FISIOTERAPIA, ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL, ENQUANTO O MESMO ESTIVER NOS PERÍODOS DE CRISE, SE O MESMO ENCONTRA-SE EM UMA SITUAÇÃO DE MISERABILIDADE, HAJA VISTA, QUE PARTE DO TRATAMENTO NÃO É DISPONIBILIZADO PELO SISTEMA DO SUS, FICA A INDAGAÇÃO?
Na pergunta VI, foi perguntado se caso a incapacidade seja
temporária, pode ela ser enquadrada como “de longo prazo”, entendida como tal aquela que incapacitada a pessoa para a vida independente e para o trabalho pelo prazo mínimo de 2 (dois) anos? O perito respondeu: Prejudicado, eis que a incapacidade é permanente. DESSA FORMA, OUTRA VEZ, FICA CLARA A IMPOSSIBILIDADE DO AUTOR DE EXERCER SUAS FUNÇÕES LABORATIVAS, MOSTRANDO MAIS UMA VEZ A NECESSIDADE DA CONCESSÃO DO BENEFÍCIO AO SEU FAVOR.
Na pergunta VII, foi perguntado qual a data do início da
incapacidade? Se não for possível precisar a data exata, deve-se indicar a data aproximada, levando-se em conta os exames, atestados e demais documentos apresentados pelo periciando. O Perito respondeu: Indeterminada, porém o exame mais antigo é de XX/XX/XXXX. VALE RESSALTAR QUE A INCAPACIDADE DO AUTOR É DESDE SUA INFÂNCIA, PORÉM, SÓ SENDO DIAGNÓSTICA HÁ ALGUNS ANOS. É NECESSÁRIO INFORMAR QUE O AUTOR QUANDO TRABALHOU NA FÁBRICA DE TELHAS, PASSOU UM PERÍODO ASSEGURADO PELO INSS, ATRAVÉS DO AUXÍLIO-DOENÇA.
Na pergunta VIII, foi perguntado caso a parte autora tenha sido
vítima de acidente (ou trauma), informe se restaram sequelas ou houve lesões significativas. Em caso positivo, indique, se possível, a data em que estas se consolidaram, bem como informe se houve redução da capacidade laborativa, isto é, se há limitações funcionais de maior monta (impostas ao periciando pelo seu quadro clínico), as quais, mesmo sem impedir a parte autora de continuar trabalhando, implicam obrigatoriamente a diminuição na renda ou a necessidade de o trabalhador empregar esforço muito maior que o anterior para as mesmas tarefas. Respondeu: Prejudicado. O AUTOR NÃO SOFREU NENHUM TIPO DE ACIDENTE, SENDO PORTADOR DE DOENÇA DE INCAPACIDADE PERMANENTE, ABAULAMENTO DISCAL L4-L5 (CID M 51.1); ESPONDILOARTROSE LOMBAR (CID M 19.9 / M 47.9); PROTUSÃO DISCAL L5-S1 (CID M 51.1), RATIFICADO PELO NOBRE PERITO NO SEU LAUDO PERICIAL APRESENTADO NESSE JUÍZO.
Ora, os atestados médicos apresentados são suficientes para
afastar em parte a conclusão equivocada do laudo pericial e a outra parte o próprio Perito diagnosticou a doença do Autor que lhe causa sim incapacidade laborativa, sendo confirmado pelo próprio Perito em seu laudo pericial, assim, preenchendo todos os requisitos que autorizam a concessão do benefício do requerido, porquanto não possui mais condições de exercer seu labor. Vale salientar que os atestados médicos apresentados são vários, inclusive, atestado datado do ano XXXX, demonstrando que o Autor vem sofrendo há anos com essa enfermidade.
Outrossim, necessário ser aplicado ao presente caso o princípio
in dubio pro misero, que determina a interpretação do conjunto fático-probatório de forma mais favorável ao segurado.
Tal princípio possui aplicação em diversos precedentes
recentes no Tribunal Regional Federal da 5ª região – TRF5, sendo que foram utilizados em casos análogos ao do Autor, devendo igualmente ser utilizado no caso em concreto, a fim de garantir a defesa dos direitos do Demandante.
DIANTE DE TODO O EXPOSTO, e de toda a inconformidade
apresentada pelo Perito nomeado, vem o Autor Impugnar o Laudo Pericial apresentado pelo NOME DO MÉDICO, CRM/UF XXX. Requerendo que seja afastada a conclusão pericial chegada pelo médico referido, devendo ser levado em consideração o conjunto fático-probatório dos autos, em especial parte do laudo pericial apresentado pelo médico Perito, também os atestados e exames médicos acostados, que demonstram a incapacidade laborativa do Autor, bem como ainda que seja levada em consideração a perícia da assistente social que constatou a situação de miserabilidade do Autor.