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Assim, deve-se analisar nã o só o ponto de vista médico, como também deve-se perquirir a
real possibilidade de reingresso no mercado de trabalho
Vislumbra-se no presente caso, que o nível de escolaridade, as condiçõ es de miserabilidade,
as condiçõ es físicas em que o Autor se perfaz, sua condiçã o mental, financeira, dentre
tantas outras, nã o permitem uma vida digna para o Autor, senã o, através do benefício.
Destarte ainda salientar, que diante das exigências do mercado de trabalho, hoje para se
conseguir um emprego em meio a milhõ es de desempregados, a desvantagem do Autor é
notó ria, visto que seu braço direito nã o tem funcionamento, bem como a sua qualificaçã o
profissional é de baixo nível intelectual.
Neste sentido, pela similaridade dos fatos, é imperioso colacionar parte do voto proferido
pelo Ministro Napoleã o Nunes Maia Filho, Relator do Agravo Regimental no Agravo de
Instrumento 1.011.387 – MG:
(...) 7. Neste diapasão, em matéria previdenciária deve haver uma flexibilização na aplicação das leis, pelo que
entendo ser necessário, para a concessão de aposentadoria por invalidez, considerar outros aspectos relevantes,
além dos elencados no art. 42 da Lei 3.213/91, tais como, a condição sócio-econômica, profissional e cultural do
segurado. 8. Na hipótese dos autos, o segurado sofreu amputação ao nível do meio do antebraço direito, que o
deixou incapacitado para a profissão que exercia (servente de pedreiro), possui mais de 33 anos, idade
relativamente avançada para o atual mercado de trabalho, e baixo grau de escolaridade. 9. Seria utopia
defender que uma pessoa nestas condições conseguiria com facilidade razoável inserir-se no concorrido
mercado de trabalho parainiciar uma nova vida profissional, com novas atribuições, sem, contudo, possuir
aptidão qualificada para exercê-las. 10. Não restam dúvidas de que, colocado nesta posição, estaria
comprometida a sua própria sobrevivência, já que, sem conseguir exercer sua atividade habitual, e sem garantia
de oportunidades no mercado de trabalho, não teria como prover suas necessidades vitais básicas, estando,
assim, demonstrada a necessidade de amparar o segurado neste momento. 11. Convém esclarecer, ainda, que o
Magistrado não fica vinculado à prova pericial, podendo decidir contrário a ela quando houver nos autos outros
elementos que assim o convençam, como ocorre na presente demanda. A propósito, assim se manifestou o
Tribunal a quo para afastar a alegação de que o segurado encontra-se capacitado para exercer outras atividades: É
que o trabalhador braçal, do ramo da construção civil, com baixo grau de escolaridade, falta de qualificação
profissional e com a idade relativamente avançada, encontra-se hoje com 33 anos, necessita dos membros
superiores em pleno vigor e, acidentado em relação ao membro superior direito, não foi reabilitado. Com efeito,
enquanto portador de maior vigor físico, em razão da idade, superou aparentemente as consequencias do
acidente do trabalho, trabalhando como porteiro, porém, com o passar do tempo, não reabilitado, e com o quadro
de capacidade de trabalho reduzida, conforme informado pelo laudo pericial, afigura-se, verdadeiramente, de
incapacidade total e insuscetível de reabilitação pra o exercício de atividade que lhe garanta subsistência (fls. 118).
12. Dessa forma, em face das limitações impostas pela idade, bem como pelas demais peculiaridades do caso, é
de ser deferida a aposentadoria por invalidez, ainda que o segurado não seja incapaz para todas as atividades,
uma vez que não possui condições de ser inserido no mercado de trabalho.”
(IUJEF n.º 2005.38.00506090-2/PE, julgado em 17.02.2007).