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1) Agravo de Instrumento
Parágrafo único. Também caberá agravo de instrumento contra decisões interlocutórias proferidas
na fase de liquidação de sentença ou de cumprimento de sentença, no processo de execução e no
processo de inventário.
Dessa maneira, a regra é que as decisões interlocutórias que não estiverem previstas
como agraváveis (nesse rol acima ou em outra previsão legal) são irrecorríveis DE IMEDIATO.
No CPC/73, podíamos usar o Agravo Retido, mas esse recurso foi ABOLIDO do nosso sistema
no novo CPC, como vocês sabem.
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A irrecorribilidade imediata de decisões intermediárias é uma característica de procedimentos que se
pretendem mais céleres, razão pela qual já era adotada no Processo do Trabalho e no procedimento dos
Juizados Especiais, por exemplo.
Etapa/processo Decisão Recurso cabível
LIQUIDAÇÃO ou CUMPRIMENTO DE QUALQUER decisão interlocutória Agravo de Instrumento
SENTENÇA,
PROCESSO DE EXECUÇÃO ou
PROCESSO DE INVENTÁRIO ->
PROCESSO de CONHECIMENTO - Decisão interlocutória prevista Agravo de Instrumento
nos incisos do art. 1015
- Outras decisões previstas em leis
esparsas (art. 1015, XIII)
- Julgamento parcial conforme o
estado do processo (art. 354, §ú)
- Julgamento parcial de mérito (art.
356, §5º)
- art. 1037, §13, I (também se
aplica no caso do art. 982, I –
Enunciado 557 FPPC)
- art. 1027, §1º (recurso ordinário
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no STJ)
- Decisão interlocutória não Irrecorrível de imediato, só por
PROCESSO de CONHECIMENTO prevista no art. 1.015 e sem preliminar de Apelação ou
qualquer outra previsão legal contrarrazões, nf. art. 1009 §1º
expressa de cabimento de AI
No agravo de instrumento o recorrente terá que instruir o seu recurso com cópias de
peças dos autos do processo. O recorrente formará um “instrumento” para que o tribunal
conheça da causa. Essas cópias que formam o instrumento podem ser divididas em:
- Obrigatórias: são aquelas impostas por lei (art. 1017, I). Nesse ponto, importante destacar
que o NCPC, seguindo a jurisprudência do STJ, passou a admitir que outros documentos oficiais
pudessem servir para comprovar a tempestividade do recurso, para além da certidão de
intimação da decisão agravada.
Ademais, o NCPC ampliou o rol, passando a prever como cópias obrigatórias também a petição
inicial, a contestação e a petição que ensejou a decisão agravada.
No NCPC, o art. 1017, §3º prevê que, na falta da cópia de QUALQUER PEÇA, deve o
relator aplicar o art. 923, PU, que traz a importante regra de que, antes de inadmitir o recurso,
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Embora esse artigo remeta novamente ao art 1015, o Código fez questão de frisar, por isso
reproduzimos.
deve ser dado um prazo de 5 dias para a correção do vício de admissibilidade ou
complementação de documentos. Assim, até mesmo a falta de peças obrigatórias poderia ser
sanada.
Outra novidade é o art. 1017, §5º, que prevê que quando os autos forem eletrônicos
fica dispensada a apresentação de cópias do agravo de instrumento.
§ 3o Na falta da cópia de qualquer peça ou no caso de algum outro vício que comprometa a
admissibilidade do agravo de instrumento, deve o relator aplicar o disposto no art. 932,
parágrafo único.
§ 4o Se o recurso for interposto por sistema de transmissão de dados tipo fac-símile ou similar, as
peças devem ser juntadas no momento de protocolo da petição original.
§ 5o Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as peças referidas nos incisos I e II do
caput, facultando-se ao agravante anexar outros documentos que entender úteis para a
compreensão da controvérsia.
Art. 1.018. O agravante poderá requerer a juntada, aos autos do processo, de cópia da petição
do agravo de instrumento, do comprovante de sua interposição e da relação dos documentos
que instruíram o recurso.
§ 2o Não sendo eletrônicos os autos, o agravante tomará a providência prevista no caput, no
prazo de 3 (três) dias a contar da interposição do agravo de instrumento.
2) Apelação
A regra geral de cabimento continua a mesma: Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
Mas cabe Apelação de decisão interlocutória? SIM, na forma do art. 1009 §1º, quando o
vencido na demanda apela impugnando decisão interlocutória não agravável proferida
anteriormente no processo.
§ 1o As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar
agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de
apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
§ 2o Se as questões referidas no § 1o forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será
intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas. – contrarrazões das
contrarrazões.
Efeitos SUSPENSIVO na Apelação
A regra da apelação continua sendo o duplo efeito, tendo efeito suspensivo ope legis,
por força de regra expressa do art. 1012, caput. No entanto, o §1º traz algumas exceções,
casos em que a apelação será recebida somente em seu efeito devolutivo, podendo haver o
pedido de cumprimento provisório logo após a publicação da sentença.
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a
sua publicação a sentença que:
I - homologa divisão ou demarcação de terras;
II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição.
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois
de publicada a sentença.
Não obstante, nestes casos em que a apelação será recebida sem efeito suspensivo,
poderá haver a concessão de efeito suspensivo “ope judicis”, quando houver: (i) requerimento
da parte nesse sentido ao relator ou ao tribunal; (ii) probabilidade de provimento do recurso e;
(iii) da decisão puder resultar dano grave ou de difícil reparação.
§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser formulado por
requerimento dirigido ao:
§ 4o Nas hipóteses do § 1o, a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante
demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação,
houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
Os efeitos sobre as matérias devolvidas no plano vertical são diferentes dos efeitos
sobre as matérias devolvidas no plano horizontal.
Mas quais matérias são enviadas pelo tribunal no efeito devolutivo horizontal e quais são
enviadas no devolutivo vertical?
No plano da extensão, devolvem-se ao tribunal os PEDIDOS formulados pelo autor. No
plano da profundidade, devolvem-se ao tribunal os ARGUMENTOS das partes sobre esses
pedidos.
Ex: Ação pleiteando dano moral e dano material.
São 2 pedidos, e cada um deles tem seus argumentos (Ex: dano material
responsabilidade civil subjetiva alegada pelo autor e culpa exclusiva da vítima alegada pelo
réu).
§ 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas
e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao
capítulo impugnado.
§ 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um
deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.
Por isso é importante distinguir o efeito horizontal do vertical. No exemplo, ainda que
só se recorra do dano material, os argumentos são devolvidos por inteiro. Todos os
argumentos suscitados para o pedido de dano material são devolvidos ao tribunal, ainda que
não tratados na sentença ou na apelação.
Por fim, o §4° ainda traz uma outra hipótese: a sentença que reconhece decadência ou
prescrição também pode ser reformada por um acórdão de mérito, sem necessidade de
anulação para o julgamento da pretensão em 1º grau.
"Conforme se nota da expressa previsão do art. 1.013, § 3.º, I, do Novo CPC, a norma diz
respeito à apelação, sabidamente uma das espécies recursais. Ocorre, entretanto, que parcela
considerável da doutrina entende ser a regra pertencente à teoria geral dos recursos. Dessa
forma, defende-se a aplicação da regra em todo e qualquer recurso, em especial no agravo de
instrumento (...)" (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo CPC comentado. Salvador:
Juspodivm, 2016, p. 1.680).
O STJ adota essa segunda corrente e entende pela possibilidade de aplicação de ofício
da teoria da causa madura (AgRg no REsp: 1192287 SP).
3) Agravo Interno
§ 2o O agravo será dirigido ao relator, que intimará o agravado para manifestar-se sobre o
recurso no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual, não havendo retratação, o relator levá-lo-á
a julgamento pelo órgão colegiado, com inclusão em pauta.
O NCPC ainda estabelece uma MULTA para o caso de agravo interno reconhecido
como manifestamente inadmissível ou improcedente, a ser fixada no valor de 1 a 5% do valor
da causa. Para tanto, exige-se que a votação pela inadmissão ou improcedência tenha sido
unânime.
4) Embargos de Declaração:
- Omissão (quando o judiciário deixa de se pronunciar sobre algo que deveria ter sido
enfrentado).
O p.ú. do art. 1022 também considera como omissa a decisão que deixa de se
manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou incidentes de assunção
de competência aplicáveis ao caso (o juiz, ao decidir, tem o dever de enfrentar a questão, seja
para aplicar o precedente ou seja para rejeitá-lo), bem como a decisão que incorrer em alguma
das condutas previstas no §1º do 489 (que trouxe exigências para que qualquer decisão
judicial seja considerada fundamentada)
Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a
requerimento;
- Contradição: quando há um conflito interno na decisão judicial (não é conflito com um outro
argumento deduzido no processo ou contradição com a legislação -> isso, em verdade, seria
um mero inconformismo). Ex: a fundamentação vai toda pela procedência e o juiz julga
improcedente.
O NCPC ainda traz uma 4ª hipótese de cabimento de EDs: para corrigir erro material. É
aquele erro não intencional e que não compromete o sentido da decisão (Ex: erro no nome da
parte ou no número do processo).
5 dias (úteis) para a oposição, como regra. No caso de litisconsortes ou de pessoa ou órgão
com prerrogativa de prazo (a exemplo da fazenda pública e do MP), o prazo é contado em
dobro.
Art. 1.023. Os embargos serão opostos, no prazo de 5 (cinco) dias, em petição dirigida ao juiz,
com indicação do erro, obscuridade, contradição ou omissão, e não se sujeitam a preparo.
§ 1o Aplica-se aos embargos de declaração o art. 229.
No caso de embargos com efeitos modificativos, a parte contrária deve ser intimada
para manifestar-se em 5 dias.
Nos tribunais, os EDs opostos em face de decisão do relator poderão ser recebidos
como Agravo Interno. Para tanto, deve o recorrente ser intimado para complementar as
razões recursais no prazo de 5 dias.
Art. 1024, § 3o O órgão julgador conhecerá dos embargos de declaração como agravo interno se
entender ser este o recurso cabível, desde que determine previamente a intimação do recorrente
para, no prazo de 5 (cinco) dias, complementar as razões recursais, de modo a ajustá-las às
exigências do art. 1.021, § 1o.
Outro prazo importante e que pode gerar confusão é o do art. 1024, §4º, de 15 dias,
para que o embargado complemente as razões de recurso já interposto, no caso de
acolhimento dos EDs com efeitos modificativos. Trata-se de aplicação concreta do PRINCÍPIO
DA COMPLEMENTARIDADE.
§ 4o Caso o acolhimento dos embargos de declaração implique modificação da decisão
embargada, o embargado que já tiver interposto outro recurso contra a decisão originária tem o
direito de complementar ou alterar suas razões, nos exatos limites da modificação, no prazo de
15 (quinze) dias, contado da intimação da decisão dos embargos de declaração.
Por fim, destaque-se que se os EDs forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, não há necessidade de ratificação do recurso outrora interposto, de
modo que houve a SUPERAÇÃO DA SÚM. 418 STJ.3
Art. 1024.
§ 5o Se os embargos de declaração forem rejeitados ou não alterarem a conclusão do
julgamento anterior, o recurso interposto pela outra parte antes da publicação do julgamento
dos embargos de declaração será processado e julgado independentemente de ratificação.
3
Em sessão do dia 01/07, o STJ cancelou a sua Súmula 418, a qual dizia que seria "inadmissível o recurso especial
interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação", texto que havia
se tornado prejudicado com o NCPC. Na mesma oportunidade, o tribunal aprovou a recentíssima Súmula 579, com
o seguinte texto: "Não é necessário ratificar o recurso especial interposto na pendência do julgamento dos
embargos de declaração quando inalterado o julgamento anterior”.
Efeito suspensivo nos EDs:
Os EDs não possuem efeito suspensivo, mas o juiz poderá suspender a eficácia da
decisão se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a
fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação (efeito suspensivo “ope
judicis”).
§ 1o A eficácia da decisão monocrática ou colegiada poderá ser suspensa pelo respectivo juiz ou
relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso ou, sendo relevante a
fundamentação, se houver risco de dano grave ou de difícil reparação.
Para coibir o exercício abusivo dos EDs, o art. 1026, §2º do NCPC estabelece que o juiz
condenará o embargante ao pagamento de multa de até 2% em caso de embargos
protelatórios.
O recolhimento dessa multa, diferentemente do que ocorre com o agravo interno, não
é considerado condição para interposição de outros recursos. Apenas na REITERAÇÃO dos
embargos protelatórios é que essa multa será majorada até 10% e seu recolhimento passará a
ser considerado condição (art. 1026, §3º).
(*) Contrariando entendimento anterior do STJ, agora a Fazenda não está condicionada ao
pagamento da multa nesse caso; a multa é devida sim, mas não impede interposição de
recurso.
§ 4o Não serão admitidos novos embargos de declaração se os 2 (dois) anteriores houverem sido
considerados protelatórios. – O 3º ED protelatório será inadmitido.
Nesse caso, o primeiro recurso a ser analisado, como regra, é o especial, conforme art.
1031.
Indo além, os arts. 1032 e 1033 trazem uma espécie de fungibilidade caso a parte
interponha o recurso incorreto. No entanto, a fim de evitar que tal fungibilidade se torne
inócua diante de uma futura inadmissão, o recorrente deve ser intimado para adequar o
recurso. Assim, por exemplo, se o relator do Resp entender que é caso de Rext, deve conceder
prazo à parte para que demonstre a repercussão geral e se manifeste sobre a questão
constitucional.
Prequestionamento:
Não possui previsão expressa em lei, sendo uma construção feita pela jurisprudência
dos tribunais superiores. Para a doutrina majoritária (Ex: Marinoni), o prequestionamento
consiste na necessidade de a parte ventilar, nas instâncias ordinárias, a matéria que será
objeto de recurso especial ou extraordinário. É um ônus da parte trazer para discussão na
instancia ordinária aquela questão de lei federal ou norma constitucional que será objeto do
recurso futuro.
Ex: acórdão do TJ trata, dentre outras coisas, da taxa de juros aplicável à condenação da
fazenda. O acordão menciona que deve ser aplicada a taxa prevista no Código Civil, pois a taxa
de juros prevista no art. 1º-F da L9494 seria inconstitucional. Nesse caso, estaria cumprido o
prequestionamento explícito.
Ex: no caso acima, o acordão recorrido apenas fala que seria inconstitucional aplicar outra taxa
prevista em lei especial, que não a do Código Civil. Nesse caso, teria havido um
prequestionamento implícito.
Art. 1.025. Consideram-se incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para
fins de pré-questionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou
rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou
obscuridade.
Repercussão Geral:
- Repercussão geral necessária: é aquela que independe de juízo de valor por parte do STF (art.
1035, §3º). Presente uma das hipóteses listadas em lei, o STF terá que admiti-la, como se fosse
um repercussão geral presumida.
o
§ 3 Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:
I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;
II - tenha sido proferido em julgamento de casos repetitivos;
II – (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97
da Constituição Federal.
- Repercussão geral por relevância e transcendência (art. 1035, §1º): se dá em virtude de haver
no recurso questão relevante do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico.
Ademais, deve haver a chamada transcendência (o recurso deve ultrapassar o interesse das
partes). Marinoni traz 2 espécies de transcendência: quantitativa e qualitativa; na primeira, a
questão ultrapassa os interesses subjetivos da causa por ter um EFEITO MULTIPLICADOR sobre
outras demandas (Ex: demandas de massa, como demandas previdenciárias ou de servidores).
Já na transcendência qualitativa, a questão ultrapassa os interesses subjetivos por possuir uma
fundamentalidade para a coletividade.
A decisão sobre a repercussão geral terá eficácia para outros recursos extraordinários
que tratem da mesma questão (eficácia panprocessual). Nesse sentido, temos o art. 1035, §8º,
que prevê a inadmissão dos recursos extraordinários que tratarem da mesma questão, quando
negada a existência de repercussão geral.
o
§ 8 Negada a repercussão geral, o presidente ou o vice-presidente do tribunal de origem negará
seguimento aos recursos extraordinários sobrestados na origem que versem sobre matéria
idêntica.
Em virtude dessa importância, é possível a intervenção de amici curiae (art. 1035, §4º
do NCPC).
o
§ 4 O relator poderá admitir, na análise da repercussão geral, a manifestação de terceiros,
subscrita por procurador habilitado, nos termos do Regimento Interno do Supremo Tribunal
Federal.
De acordo com o NCPC (art. 1035, §5º), o relator do Rext no STF, reconhecendo a
repercussão geral, irá determinar a suspensão de todos os processos individuais e coletivos
pendentes sobre a matéria que tramitem no país. É uma inovação, pois antes a existência de
Rext ou Resp repetitivos só levaria à suspensão de outros RECURSOS que tratavam da matéria,
conforme literalidade do CPC/73. A ideia é tentar trazer uma cultura de precedentes,
conferindo igualdade de tratamento para causas que tratem da mesma questão de direito.
o
§ 5 Reconhecida a repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a
suspensão do processamento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que
versem sobre a questão e tramitem no território nacional.
Em suma, o pedido de efeito suspensivo só será dirigido ao tribunal superior caso o recurso já
tenha sido admitido. Vejamos um quadro esquemático, para facilitar.
Exemplo: O Estado do Rio de Janeiro, vencido em segundo grau, interpõe recurso especial
alegando violação de lei federal pelo acórdão. Ainda não houve decisão sobre a
admissibilidade do recurso. Com isso, pretendendo evitar a produção de efeitos da decisão
que lhe foi desfavorável, o pedido de efeito suspensivo deve ser dirigido ao Presidente ou
Vice-Presidente do TJ-RJ.
Exemplo 2: O Estado do Rio de Janeiro, vencido em segundo grau, interpõe recurso especial
alegando violação de lei federal pelo acórdão. Contudo, o STJ afetou a questão tratada no
recurso como uma questão repetitiva, nos termos do art. 1037, e determinou a suspensão de
todos os RESp que versavam sobre a matéria. Diante disto, pretendendo evitar a produção de
efeitos da decisão que lhe foi desfavorável, o pedido de efeito suspensivo também deve ser
dirigido à 3ª Vice-Presidência, uma vez que o recurso do Estado está sobrestado.
(III) sobrestar o recurso que versar sobre controvérsia de caráter repetitivo ainda não decidida
pelo STF ou STJ.
(V) realizar o juízo de admissibilidade e, se positivo, remeter o feito ao STF ou STJ, desde que:
a) o recurso ainda não tenha sido submetido ao regime de repercussão geral ou de
julgamento de recursos repetitivos;
b) o recurso tenha sido selecionado como representativo da controvérsia; ou
c) o tribunal recorrido tenha refutado o juízo de retratação.
OBSERVAÇÃO: Nas duas hipóteses finais não caberá o Agravo do art. 1042, mas
ainda poderá caber o Agravo Interno, nos moldes do art. 1021.
Procedimento:
A petição do agravo em RE/RESP será dirigida ao presidente ou ao vice-presidente do tribunal
de origem, mas o juízo de admissibilidade é feito pelo tribunal superior competente. (v.
art .1042 § 4º). Veja, portanto, que quem julga o Agravo do art. 1042 é o tribunal SUPERIOR,
não podendo este recurso ser confundido com o Agravo Interno dos arts. 1030, §2º e art. 1021
(julgado pelo tribunal local, como visto).
7) Embargos de Divergência:
Trata-se de recurso que tem por objetivo a uniformização da jurisprudência nos tribunais
superiores.
Para tanto, o acórdão recorrido deve ser comparado com um acórdão paradigma, de
modo a demonstrar uma similitude fática entre os mesmos. Em outras palavras, a divergência
entre o acórdão a ser objeto dos embargos e o paradigma (com o qual será feito o cotejo, a
comparação) não basta ser alegada, devendo ser comprovada. Neste sentido, clara é a
previsão do art. 1043, §4º:
o
§ 4 O recorrente provará a divergência com certidão, cópia ou citação de repositório oficial ou
credenciado de jurisprudência, inclusive em mídia eletrônica, onde foi publicado o acórdão
divergente, ou com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores,
indicando a respectiva fonte, e mencionará as circunstâncias que identificam ou assemelham os
casos confrontados.
De início, frise-se que a comparação pode se dar tanto entre acórdãos de mérito
(inciso I) quanto entre um acórdão de mérito e outro que não tenha conhecido o recurso, mas
que tenha apreciado a controvérsia (inciso II). Assim, verifica-se a necessidade de ambos os
acórdãos ao menos terem apreciado a controvérsia, não bastando que sejam, por exemplo,
relativos ao juízo de admissibilidade, uma vez que inciso II foi revogado.
Ademais, com a revogação do inciso IV, não são mais cabíveis os embargos de
divergência nos processos de competência originária dos tribunais. Assim, os embargos de
divergência são sempre ajuizados contra decisões colegiadas em julgamento em recurso
especial ou extraordinário, não cabendo também em face de decisões monocráticas.
No entanto, nada impede que as teses jurídicas a serem confrontadas estejam em um
acórdão em julgamento em ações de competência originária! Cuidado com o §3º do art. 1043:
o
§ 1 Poderão ser confrontadas teses jurídicas contidas em julgamentos de recursos e de ações
de competência originária.
OBSERVAÇÃO: o art. 1.043, § 5.º, do Novo CPC vedava ao órgão jurisdicional a inadmissão do
recurso com base em fundamento genérico de que as circunstâncias fáticas são diferentes,
sem demonstrar a existência da distinção. Havia, portanto, uma dupla exigência: uma voltada
ao recorrente, que deve demonstrar a similitude fática entre os acórdãos, e outra voltada ao
órgão julgador, que deveria fazer a distinção dos acórdãos comparados pelo recorrente para
poder inadmiti-los. Contudo, tal previsão foi revogada pela L13256/16, que retirou o dever
judicial de devidamente fundamentar a inadmissão do recurso por ausência de similitude
fática entre o julgamento recorrido e o paradigma.
R: Não estão mais previstos no NCPC. Em substituição aos Embargos Infringentes, tem-se hoje
a técnica de ampliação de colegiado, que será agora aprofundada.
O NCPC extinguiu os embargos infringentes, mas trouxe a técnica de ampliação de colegiado
(art. 942) para algumas hipóteses de julgamentos proferidos nos tribunais.
Art. 942. Quando o resultado da apelação for não unânime, o julgamento terá prosseguimento
em sessão a ser designada com a presença de outros julgadores, que serão convocados nos
termos previamente definidos no regimento interno, em número suficiente para garantir a
possibilidade de inversão do resultado inicial, assegurado às partes e a eventuais terceiros o
direito de sustentar oralmente suas razões perante os novos julgadores.
§ 2o Os julgadores que já tiverem votado poderão rever seus votos por ocasião do
prosseguimento do julgamento.
I - ação rescisória, quando o resultado for a rescisão da sentença, devendo, nesse caso, seu
prosseguimento ocorrer em órgão de maior composição previsto no regimento interno;
II - agravo de instrumento, quando houver reforma da decisão que julgar parcialmente o mérito.
Pelo caput, quando o julgamento da apelação não for unânime, será continuado o
julgamento em outra sessão, com a presença de um número de julgadores que possam
reverter o julgamento (Ex: se o resultado foi 2x1, precisaria de mais 2 desembargadores para
tentar reverter o julgamento). Nessa nova sessão haverá inclusive a possibilidade de uma nova
sustentação oral, para tentar convencer os outros desembargadores, que atuarão como vogais
(só tomam conhecimento do processo na hora do julgamento). Em outras palavras, não haverá
um recurso, mas sim uma automática ampliação do colegiado (no exemplo, de 3 para 5
desembargadores).
O 942, §3º ainda traz outros dois casos em que será aplicável a técnica:
- Quando houver julgamento não unanime de ação rescisória, que tenha como resultado a
rescisão da sentença. Nesse caso, o julgamento deverá seguir em órgão colegiado de maior
composição (Ex: órgão especial), conforme previsto em regimento interno.
- Em caso de julgamento não unanime de AGRAVO DE INSTRUMENTO, quando houver reforma
da decisão que julgar parcialmente o mérito.
A doutrina tem discutido a previsão do caput, que fala em julgamento não unânime de
apelação, mas sem mencionar a necessidade de julgamento pela reforma (como ocorria no
cabimento dos Embargos Infringentes, no CPC/73).
Só que como o §3º fala na necessidade de julgamento pela reforma para o agravo de
instrumento, defende-se que também seja necessário o julgamento não unânime pela reforma
no caso da apelação. Assim, não seria todo julgamento não unanime de apelação que levaria à
aplicação dessa técnica, mas tão somente o julgamento pela reforma, interpretando-se o
caput sistematicamente com o §3º.
O §4º traz hipóteses de DISPENSA da técnica de ampliação:
- Julgamento não unanime proferido pelo PLENÁRIO ou CORTE ESPECIAL.
- Julgamento de Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas e de incidente de assunção
de competência. São incidentes próprios para formação de precedentes e que, via de regra, já
são julgados por órgão de maior composição no tribunal, em um procedimento diferenciado.
- Reexame necessário: como não se trata de um recurso, o legislador afastou a aplicação da
técnica de ampliação de colegiado.
Importante mencionar que, à luz do CPC/73, o STJ já havia pacificado o entendimento (Sumula
390) no sentido de que não caberia embargos infringentes de acórdão em reexame necessário.
Houve a extinção da figura do revisor nos Tribunais no NCPC! Neste sentido, a banca CESPE
considerou INCORRETA a seguinte assertiva, na prova da PGM-BH: “O papel do revisor no
julgamento de apelação foi ampliado com o advento do novo CPC”
Contudo, o STJ entende que a figura do ministro revisor continua a existir nas AÇÕES
RESCISÓRIAS de sua competência originária, pois continua em pleno vigor o artigo 40 da Lei
8.038/90. De acordo com o STJ, “Embora o CPC/2015 tenha suprimido a revisão como regra
geral no processo civil e tenha também revogado explicitamente diversos preceitos da Lei
8.038/90, não o fez quanto ao artigo 40, que permanece em vigor e, por isso, as ações
rescisórias processadas e julgadas originalmente no Superior Tribunal de Justiça continuam a
submeter-se a tal fase procedimental” (STJ. CORTE ESPECIAL. AR 5241. Rel. Min. Mauro
Campbell Marques. Julg. 05.04.2017)