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Hélio estava impaciente, andava deu m lado para o outro em uma linha reta em frente

a pesada porta da administração, era seu primeiro dia no emprego, seu primeiro emprego
como professor recém formado. Nem nos sonhos mais ambiciosos do jovem professor ele iria
conseguir um emprego tão rápido, quanto mais um como aquele, um cargo de professor
titular em uma das instituições de ensino mais prestigiadas do país, o rapaz suava frio, ele mal
respirava e suas mãos tremiam quando seu caminhar frenético fora interrompido pela
abertura da pesada porta e a figura de uma rechonchuda freira sorrindo surge aos poucos
conforme a fresta de luz invade os olhos do rapaz em cólicas.

- Senhor Miranda, queira entra por favor – Disse a freira em um tom amistoso
enquanto abria passagem para o professor.

O rapaz caminhou quase que com passos automáticos, guiado pela religiosa até uma
sala ampla e bem iluminada. Os olhos de Hélio varriam o local sendo atingidos por uma
quantidade e nível de luxo que ele jamais havia visto, ele estava completamente estaiado, não
sabia para onde olhar se para os artefatos religiosos que brilhavam devido a seus dourados
adornos, os afrescos nas paredes o as janelas perigosamente grandes que se estendiam quase
até ao teto cuja freira fez questão de fechar com auxílio de um pequeno objeto dourado. Os
olhos dele vagavam pela opulência até que ouviu três estalares de dedos o trazendo de volta
ao momento presente.

- Bom, sr. Miranda, Me chamo Irmã Ernestina e estou aqui para lhe dar as boas
vindas à nossa instituição e também para lhe deixar a par de nossas condutas. – Iniciou a
mulher com uma voz gentil. – Como o senhor bem sabe está não é um colégio comum, aqui
na Academia Dom Acácio Ochoa nós preparamos essas meninas, esses doces botões de flor
para a excelência, nós as moldamos com nossas próprias mãos e com as mãos gentis d’Ele
para a apoteose, para transforma-las nas verdadeiras santidades deste mundo tão poluído,
aqui vivemos em um éden idílico... – Continuou a religiosa em um tom alegre apontando para
cima quando se referia da força superior que a regia.

A este ponto o docente nem respirava, ele apenas sorria e movia cabeça em um sinal
afirmativo, sua mente vagava pelo misto de ansiedade e excitação que experimentava no
momento, Hélio nem ao menos se importou com as baboseiras carolas que a religiosa repetia
para ele. Estava feliz, filho de mãe e pai pobres ele era o primeiro de sua família a se graduar
no ensino superior, e ainda mais em uma Instituição pública. Ele maneava a cabeça sem parar,
e a mulher parecia tão entretida com a própria voz enquanto continuava a recitar as condutas
da instituição, falava tão rápido que suas bochechas estavam rosadas como se estivesse
mantendo um folego continuo, como se assim como o professor a freira nem falasse. Os dois
estavam em seus próprios mundos quando foram despertos pela abertura abrupta da pesada
porta do escritório, dela atravessaram juntas e aos berros uma jovem de cabelos curtos,
cortados de forma irregular na altura do queixo e usando um uniforme completamente sujo de
terra e uma freira de vestes negras.

- Irmã Camila que modos são esses? Não vê que eu estou em reunião? O que deseja?
– Disse a mulher que como um gato saltou para uma postura ereta frente a mesa, coisa muito
estranha para uma mulher de seu porte idade fazerem.

- Desculpe interromper Madre Superiora, é que a aluna Suzana foi pega mais uma
vez tentando ultrapassar os limites da escola. – Disse a noviça nitidamente ruborizada devido
a vergonha de ser repreendida e ao mesmo tempo fulminando a aluna com o olhar.
- Bem, sr. Miranda, acho que terminamos por aqui, gostaria de dar-lhe mais um
ultimo aviso antes de deixa-lo com seus afazeres, o senhor terá que aplicar uma prova nos
próximos dias, já havia sido marcada pelo antigo docente, todavia devido aos últimos
acontecimentos...Bem já pode se retirar, e eu cuidarei desta mocinha aqui. De todo modo, o
senhor começa amanhã e por hoje está dispensado para poder se acomodar. – Disse a madre
superiora indo até a porta para guiar o jovem professor para fora.

Após Hélio atravessar a porta a mesma foi fechada com tanta delicadeza que lembrava
a calmaria que sempre precede uma grande e violenta tempestade, e essa chegou logo em
seguida, os berros da madre superiora para com a jovem eram incompreensíveis para o rapaz,
falava em uma língua que o mesmo não entendia, mas claramente estava furiosa. O professor
então caminhou pelos corredores do prédio principal da instituição se deixando levar pela
beleza e opulência do lugar, passava por jovens alunas em seus uniformes azuis impecáveis,
desceu as escadas, andou pelos corredores tentando absorver toda a magnificência do
ambiente, era um sonho tornando-se realidade, o filho de uma costureira e um motorista em
um local como aquele era muito mais do que ele e seus pais poderiam sonhar, Hélio se sentia
vitorioso, então ao chegar a área externa e ainda distraído pela beleza do lugar sentou-se em
um banco, sacou o telefone celular e discou o número de sua casa no Rio de Janeiro, estava
tão longe de casa e louco para contar as novidades para sua mãe, todavia o sinal não
completava, e ele tentou outra e outra vez.

- O sinal aqui é ruim, nosso sinal de telefone só funciona na cidade, você vai ter que
ligar da sala da administração – Disse uma voz doce e gentil ao fim de uma risada leve ao lado
do rapaz que até então não havia percebido que tinha companhia.

A primeira coisa a atingir Hélio antes mesmo que ele se virasse foi o cheiro, jasmim e
camomila perfeitamente combinados, era como c

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