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16 de Março de 2023

O Amparo Legal a Psicanalise e aos Psicanalistas no Brasil

Resposta à matéria “Psicanálise não pode ser exercida como profissão no


Brasil”

Publicado por Sociedade Psicanalítica Miesperanza há 7 anos  26,7K visualizações

Na verdade, a atividade de Psicanalista não é considerada profissão,


e sim, ocupação. Aliás, isto já foi estabelecido através da Portaria nº
397, de 09/10/2002, do Ministério do Trabalho e Emprego do Bra-
sil, editada pelo Ministro Paulo Jobim Filho, vigente até hoje, que
aprovou a CBO – Classificação Brasileira de Ocupações, determi-
nando um código específico para identificar e classificar as diversas
atividades de trabalho em todas as áreas, e dentre essas, encontra-se
classificada a atividade de Psicanalista/analista com o código 2515-
50.

De início, julgo de bom alvitre, definir os significados de profissão e


ocupação. A profissão é uma atividade de trabalho normatizada, isto
é, sujeita a normas definidas por Leis aprovadas pelo Congresso Na-
cional, e com regulamentação própria de direitos e garantias, tais
como tais como piso salarial, jornada de trabalho, adicionais, pro-
moções de nível, etc. “ A noção de profissão geralmente está associ-
ada à ideia de emprego, à estabilidade, previsibilidade e certeza”.
(ALBORNOZ, 1988, p.96).

Ocupação é o trabalho usual de uma pessoa, especialmente aquela


que provê seus meios de sustentação. Com relação a isto, Woleck as-
sim escreveu no seu dicionário: “A ocupação de uma pessoa é o tra-
balho desenvolvido por ela, independentemente da indústria em
que esse trabalho é realizado e do Status que o emprego confere ao
indivíduo” (DICIONÁRIO DE CIÊNCIAS SOCIAIS: 1986 p.829
apud WOLECK, s/d, p.14). Bohoslavsky (1991, p.55).

Enfim, os conceitos de profissão e de ocupação são muito próximos,


e na prática, ambas têm fatos em comum. Veja-se, por exemplo, que
enquanto as profissões obedecem a normatizações e regulamenta-
ções, as ocupações também obedecem a princípios e normas do Mi-
nistério do Trabalho e Emprego e de outros diplomas legais que as
reconhece, codifica os seus títulos e descreve as características de
suas atividades no mercado de trabalho brasileiro. Os estudiosos de
pesquisa científica sabem que até o início da Idade Moderna, o en-
tendimento que se tinha de profissão e trabalho era diferente do en-
tendimento que se tinha de ocupação. Atualmente, o conceito de
ocupação está associado ao exercício de uma atividade de trabalho,
de emprego e renda.

CONTESTAÇÃO À FALA DO DESEMBAR‐


GADOR LUCIANO TOLENTINO AMARAL
Antes de mais nada, é preciso que se deixe bem claro, o comentário
da dra. Sandra Dias (psicanalista da SPM e advogada), de que a de-
cisão do Desembargador Luciano Tolentino Amaral, tem efeito “in-
ter-partes”, ou seja, que a mesma somente tem valor para o autor e
réu. As controvérsias entre a SPOB, o Conselho de Psicologia e a jus-
tiça são antigas, há muitos processos e uma série de decisões dessa
ordem. Mas, a decisão do Tribunal foi clara e direcionada a
SPOB e aos psicanalistas formados na SPOB.

Veja o que diz o texto: “A 7.ª Turma do Tribunal chegou ao entendi-


mento unânime após julgar apelação da instituição contra sen-
tença que julgou improcedente o seu pedido para decla-
rar seu direito a ministrar cursos, realizar debates, semi-
nários, conferências sobre psicanálise e praticá-la em ter-
mos profissionais em todo o território nacional”. Em ou-
tras palavras, A SPOB há muitos anos vem pleiteando o direito de
ser a ÚNICA instituição autorizada a ministrar a psicanalise no
Brasil. As suas conferências e a formação psicanalítica tem dado
lugar a muitos debates, discussões e preocupações há muitos anos.

Feitos estes esclarecimentos acima, quero agora tecer minha vee-


mente crítica e contestação não à decisão do desembargador federal
Luciano Tolentino Amaral, do TRF da 1.ª Região, mas à sua fala,
quando ele afirma que a psicanálise “... é uma especialidade da área
da psicologia”, e continua afirmando “... conforme prevê a Lei nº
4.119/62”. São estas declarações do desembargador que quero aqui
contestar e criticar veementemente. E posso faze-lo ex-cátedra,
pois, sou psicanalista desde 1984, exerço a Psicanálise na clínica
diuturnamente desde a mesma época, sou pesquisador da Psicaná-
lise e professor de Psicanálise em cursos de formação, de gradua-
ções e de pós-graduações em diversas instituições. Como se pode
ver, conheço a ciência-arte de Freud profundamente.

Sempre que necessitamos discutir uma determinada questão, seja


ela qual for, e, sobretudo, quando temos de afirmar um posiciona-
mento sobre essa questão, é imprescindível que tenhamos conheci-
mento de causa sobre isso. E ter conhecimento de causa é ter ci-
ência da história e dos princípios das coisas e das causas, conforme
ensina a metafísica de Aristóteles. E não foi isto que restou demons-
trado nas infelizes declarações do senhor desembargador.

Data vênia, sua excelência demonstrou profunda ignorância sobre a


história da Psicanálise e, associado a isto, demonstrou também
enorme incompetência no que tange à prática da hermenêutica jurí-
dica, pois, a sua interpretação da Lei nº 4.119/62 foi infeliz e enge-
nhosa, constituiu, aliás, uma afronta à própria lei.
Li detidamente a referida Lei, que regulamentou a profissão de psi-
cólogo e não encontrei no seu texto parte alguma definindo a psica-
nálise como uma especialidade ou função da psicologia. De igual
modo, também li a Lei nº 5.766/71, que criou o Conselho Federal e
os Conselhos Regionais de Psicologia e definiu as funções de norma-
tização e de regulação da atividade profissional destes conselhos, e
esta lei, por seu turno, também não faz qualquer menção à psicaná-
lise como sendo uma especialidade ou campo da psicologia.

Mas, afinal o que diz essa lei? A Lei nº 4.119/62, dispõe sobre os
cursos de formação em Psicologia e regulamenta a profissão de Psi-
cólogo, e no seu Art. 13 define as competências dos formados e suas
funções privativas, conforme vemos a seguir:

Art. 13 - Ao portador do diploma de psicólogo é conferido


o direito de ensinar Psicologia nos vários cursos de que
trata esta lei, observadas as exigências legais específicas, e
a exercer a profissão de Psicólogo.

§ 1º- Constitui função privativa do Psicólogo a utilização de


métodos e técnicas psicológicas com os seguintes objetivos:

a) diagnóstico psicológico;

b) orientação e seleção profissional;

c) orientação psicopedagógica;

d) solução de problemas de ajustamento.

§ 2º- É da competência do Psicólogo a colaboração em as-


suntos psicológicos ligados a outras ciências.
Como podemos ver, as declarações do desembargador em pauta não
encontram fulcro ou apoio na lei que ele citou no processo por ele
relatado, que resultou na sentença exarada pela 7ª Turma do TRF,
contra aquela instituição apelante, divulgada pela internet. Aquela
sociedade psicanalítica objeto da sentença, por suas condutas absur-
das, antiéticas e criminosas, mereceu ser banida do cenário psicana-
lítico brasileiro. Agora dizer que a psicanálise é uma especialidade
da área da psicologia é revelar total e absurda ignorância acerca da
história da ciência de Freud, é fazer uma exegese cega e imprudente
da lei, somente interessante a algumas instituições nacionais e ou-
tras internacionais imbuídas de intensões feudais e monopolizado-
ras sobre a psicanálise, cujas instituições causariam grande decep-
ção ao pai da Psicanálise, se fosse vivo hoje.

Considero ser oportuno lembrar aqui que Freud, o criador e pai da


Psicanálise, era médico, mas ele não condicionou a Psicanálise so-
mente privativa de médicos ou de psicólogos. Se tivesse que ser as-
sim, Anna Freud não teria sido aceita como membro da Sociedade
Psicanalítica de Viena em 1922, e eleita diretora do Instituto Psica-
nalítica daquela Sociedade em 1925. Anna Freud não era médica
nem psicóloga. Em 1927, Melanie Klein foi aceita como membro da
Sociedade Britânica de Psicanálise. Melanie Klein não era médica
nem psicóloga. Contudo, Anna Freud e Melanie Klein se tornaram
figuras expoentes da Psicanálise em razão de suas teorias e estudos
na área de Psicanálise Infantil, cujos estudos e teorias constituem
importantíssimas referencias até hoje. Portanto, a Psicanálise nas-
ceu para ser uma profissão livre e laica, e não para ser feudo ou mo-
nopólio de ninguém nem de conselho algum. E, se algum dia isso
vier acontecer, a partir daí a Psicanálise poderá ser qualquer coisa,
menos Psicanálise.

Vejamos a seguir legislações e Pareceres que amparam a Psicanálise


e a classificam como uma profissão ou uma ocupação independente:
1. A PRÁTICA DA PSICANÁLISE COMO
PROFISSÃO LIVRE E SUA FORMAÇÃO NO
BRASIL
A Constituição Federal, em seu art. 153, § 23, dispõe: "É livre o
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, obser-
vadas as condições de capacidade que a lei estabelecer.".

Liberdade de Trabalho:

“Direito consagrado (§ 23º do artigo 153 da Constituição de


1969) razão pela qual, não consta da nova Constituição, no
texto, introdução ou novidade do exercício de qualquer tra-
balho, ofício ou profissão.

O vigente texto constitucional demonstra de maneira clara


e incontestável a liberdade de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, e veda o Poder Público de criar normas ou esta-
belecer critérios que sirvam de entraves ao exercício de
qualquer profissão, função ou ofício estabelecidos com fins
lícitos. O texto corresponde ao grupo das regras de eficácia
contida, permitindo, assim, que lei infraconstitucional ve-
nha condicioná-la, criando requisitos e qualificações para o
exercício de determinada profissão. Artigo 5º inciso XIII da
Constituição Federal” (Dr. Francisco Bruno Neto São
Paulo, SP Advogado, Professor Universitário, Assessor
Parlamentar).

2. AMPARO LEGAL À PSICANÁLISE


Jurisprudências

No Brasil e no mundo, a Psicanálise é exercida livremente (não é re-


gulamentada), contudo sob critérios éticos bastante rígidos. No
nosso caso, no Brasil, seu exercício se dá de acordo com o artigo 5.
º, incisos II e XIII da Constituição Federal.

Sobre a legalidade da prática profissional psicanalítica, veja-se o Pa-


recer do Conselho Federal de Medicina, Processo Consulta 4.048/97
de 11/02/98. Veja-se também o Parecer 309/88 da Coordenadoria
de Identificação Profissional do Ministério do Trabalho, o Parecer
n.º 59/2000 do Ministério Público Federal e da Procuradoria da Re-
pública, do Distrito Federal,

Com base no CBO nº. 2515-50 (classificação Brasileira de Ocupa-


ção) do Ministério do Trabalho, a ocupação psicanalítica não é uma
especialização, é uma formação que segue princípios, processos e
procedimentos definidos pelas instituições formadores (Socieda-
des), podendo o psicanalista ter diferentes formações em nível de 3º
grau ou graduação compatível em diferentes áreas de atuação como
engenheiros, médicos, filósofos, psicólogos, teólogos etc.).

3. ATIVIDADE DE PSICANALISTA NÃO É


EXCLUSIVA DE MÉDICO
Parecer do Conselho Federal de Medicina,

Processo Consulta 4.048/97 de 11/02/1998

Ementa:

A atividade exclusiva de psicanálise não caracteriza exercício da me-


dicina. A titulação médico-psicanalista não tem amparo legal, não
sendo portanto permitido a sua utilização.

O consulente solicita resposta oficial deste Egrégio Conselho Fede-


ral de Medicina acerca da atividade de psicanalista, pontuando
questões das quais adianta saber as respostas, mas as deseja receber
de forma oficial.
O interessado anexa informações objetivas e clara a respeito de as-
sunto, fazendo-nos entender que domina ampla e profundamente a
matéria para a qual, no entanto, solicita a nossa posição.

A parte interessada aguarda o pronunciamento deste Conselho, pelo


que passamos a nos manifestar sobre a atividade psicanalítica.

CONSULTA - A atividade de psicanalista é exclusiva de mé-


dico ou de psicólogos? Não ou sim e porquê? Resposta:

Não. A atividade psicanalítica é independente de cursos regulares


acadêmicos, sendo os seus profissionais formados pelas sociedades
psicanalíticas e analistas didatas. Apesar de manter interfaces
com várias profissões pela utilização de conhecimento científico e
filosófico comuns a diversas áreas do conhecimento, não se limita
a especialidades de nenhum delas, constituindo-se em uma ativi-
dade autônoma e independente.

Existem Conselhos (Federais ou Regionais de


psicanálise)Não ou sim e por quê? Resposta:

Não. Os Conselhos são autarquias federais criadas por lei, com as


atribuições de supervisionar eticamente, disciplinar e julgar os
atos inerentes e exclusivos das profissões liberais de formação aca-
dêmica reconhecidaoficialmente no país; estando a atividade psica-
nalítica à parte destaconceituação. Não se lhe aplica a vinculação a
Conselhos.

Um médico ou um psicólogo que também seja psicana-


lista está exercendo a medicina ou a psicologia ao atuar
exclusivamente como psicanalista? Não ou sim e por quê?
Resposta:
Não. Não sendo a psicanálise reconhecida como especialidade mé-
dica e não utilizando a sua prática atos médicos são cabíveis a sua
caracterização como exercício da medicina e, tampouco, pode o
médico intitular-se médico psicanalista.

Este é o parecer, S. M. J

Brasília, 16 de novembro de 1997

Rubens dos Santos Silva

Cons. Relator. Parecer aprovado: Sessão Plenária 11/02/97

4. ATIVIDADE DE PSICANALISTA NÃO É


EXCLUSIVA DE PSICÓLOGO
Conselho Regional de Psicologia – SP São Paulo, 30 de Junho de
2000

Carta C.º 39/00

Conselho Federal de Psicologia

Conselho Regional de Psicologia do Estado de São Paulo - 6ª Região

Rua Arruda Alvim, 89, Jardim América

Cep 054100-020, São Paulo, SP

Prezado Senhor,

Em resposta a sua solicitação, informamos que:


A Psicanálise é uma modalidade de atendimento terapêutico, que é
exercida por profissionais psicólogos, psiquiatras e outros que rece-
bem formação específica das Sociedades de Psicanálise ou cursos de
especialização neste sentido.

Como atividade autônoma não é profissão regulamentada. O Conse-


lho Regional de Psicologia tem competência para fiscalizar o exercí-
cio profissional do psicólogo, incluindo-se no caso a prática da
psicanálise.

Se o profissional que se diz psicanalista não é psicólogo registrado


no CRP-SP não temos competência para exercer a fiscalização. Ca-
beria no caso, investigar junto ao CRM ou mesmo junto à Sociedade
de Psicanálise, qual o vínculo ou a formação do profissional
referido.

Sendo o que havia para o momento, subscrevemo-nos.

Atenciosamente,

Comissão de Orientação.

5. Questões relativas ao exercício profissi‐


onal da Psicanálise
PARECER CREMERJ Nº 84/00, Afirma que a Psicanálise é
uma atividade assistencial que não e privativa de uma determinada
profissão. Sua prática deve se orientar pelas determinações das di-
versas instituições responsáveis pela formação psicanalítica dos
postulantes que a elas se filiarem. Recomenda que a Psicanálise não
deva ser regulamentada pelo poder público, deixando às diferentes
sociedades ou associações o papel de estabelecer os critérios que
considerem adequadas para o exercício da atividade. Na verdade, o
Parecer CREMERJ no. 84/00, trata-se de uma consulta solicitada
por vários indagando sobre o posicionamento do CREMERJ a res-
peito do exercício profissional da Psicanálise. CREMERJ - CON-
SELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO

6. PORTARIA Nº 397, DE 09 DE OUTU‐


BRO DE 2002
Aprova a Classificação Brasileira de Ocupações -
CBO/2002, para uso em todo território nacional e autoriza
a sua publicação.

O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso


da atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art.
87 da Constituição Federal, resolve:
Art. 1º - Aprovar a Classificação Brasileira de Ocupações -
CBO, versão 2002, para uso em todo o território nacional.

Art. 2º - Determinar que os títulos e códigos constantes na


Classificação Brasileira de Ocupações - CBO/2002, sejam
adotados;

I. Nas atividades de registro, inscrição, colocação e outras


desenvolvidas pelo Sistema Nacional de Emprego (SINE);

II. Na Relação anual de Informações Sociais - (RAIS);

III. Nas relações dos empregados admitidos e desligados -


CAGED, de que trata a Lei Nº 4923, de 23 de dezembro de
1965;

IV. Na autorização de trabalho para mão-de-obra


estrangeira;

V. No preenchimento do comunicado de dispensa para re-


querimento do benefício Seguro Desemprego (CD);

VI. No preenchimento da Carteira de Trabalho e Previdên-


cia Social - CTPS no campo relativo ao contrato de
trabalho;

VII. Nas atividades e programas do Ministério do Trabalho


e Emprego, quando for o caso;

Art. 3º - O Departamento de Emprego e Salário -DES da


Secretaria de Políticas Públicas de Emprego deste Ministé-
rio baixará as normas necessárias à regulamentação da
utilização da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).
Parágrafo único. Caberá à Coordenação de Identificação e
Registro Profissional, por intermédio da Divisão da Classi-
ficação Brasileira de Ocupações, atualizar a Classificação
Brasileira de Ocupações - CBO procedendo às revisões téc-
nicas necessárias com base na experiência de seu uso.

Art. 4º - Os efeitos de uniformização pretendida pela Clas-


sificação Brasileira de Ocupações (CBO) são de ordem ad-
ministrativa e não se estendem às relações de emprego,
não havendo obrigações decorrentes da mudança da no-
menclatura do cargo exercido pelo empregado.

Art. 5º - Autorizar a publicação da Classificação Brasileira


de Ocupação - CBO, determinando que o uso da nova no-
menclatura nos documentos oficiais a que aludem os itens
I, II, III e V, do artigo 2º, será obrigatória a partir de ja-
neiro de 2003.

Art. 6º - Fica revogada a Portaria nº 1.334, de 21 de de-


zembro de 1994.

Art. 7º - Esta Portaria entra em vigor na data de sua


publicação.

PAULO JOBIM FILHO

Ministro de Estado do Trabalho e Emprego

7. VEJA AQUI QUAIS SÃO AS ÁREAS DE


COMPETÊNCIA DA PSICANÁLISE
De acordo com o CBO (Classificação Brasileira de Ocupações) nú-
mero: 2515-50 do MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, é da
competência do profissional Psicanalista:
• Avaliar comportamentos individual, grupal e
instrumental.

TRIAR casos, entrevistar pessoas, levantar dados pertinentes, ob-


servar pessoas e situações e problemas, escolher o instrumento de
avaliação, aplicar instrumento de avaliação, sistematizar informa-
ções, elaborar diagnósticos, elaborar pareceres, laudos e perícias,
responder a quesitos técnicos judiciais, devolver resultados
(devolutiva).

•Analisar, tratar indivíduos, grupos e instituições.

Propiciar espaço para acolhimento de vivências emocionais, ofere-


cer suporte emocional, tornar consciente e inconsciente, propiciar a
criação de vínculos paciente-terapeuta, interpretar conflitos e ques-
tões, promover o desenvolvimento das relações interpessoais, pro-
mover desenvolvimento da percepção interna, mediar grupos, famí-
lia e instituições para solução de conflitos, dar aula.

• Orientar indivíduos, grupos e instituições.

Propor alternativas para solução de problemas, informar sobre o de-


senvolvimento do psiquismo humano, aconselhar pessoas, grupos e
famílias, orientar grupos profissionais, orientar grupos específicos
(pais, adolescentes, etc., assessorar instituições.)

• Acompanhar indivíduos, grupos e instituições.

Acompanhar impactos em intervenções, acompanhar o desenvolvi-


mento e a evolução do caso, acompanhar o desenvolvimento de pro-
fissionais sem formação e especialização acompanhar resultados de
projetos, particular de audiências.

• Educar indivíduos, grupos e instituições.


Estudar caso em grupo, apresentarem estudos de caso, ministrar
aulas, supervisionar profissionais da área e de áreas afins, realizar
trabalhar para desenvolvimento de competência e habilidades pro-
fissionais, formar psicanalistas, desenvolver cursos para grupos es-
pecíficos, confeccionar manual educativo, desenvolvimento de as-
pectos cognitivos, acompanhar resultados de curas, treinamento.

• Desenvolver pesquisas experimentais, teóricos e clínicas.

Investigar o psiquismo humano, investigar o comportamento indivi-


dual e grupal e institucional, definir o problema e objetivos, pesqui-
sar bibliografias, definir metodologia de ação, estabelecer parâme-
tros de pesquisas, construir instrumentos de pesquisas, coletar da-
dos, organizar dados, copiar dados, fazer leitura de dados, integrar
produtos de estudos de caso.

• Coordenar equipes de atividade de áreas afins.

Planejar as atividades da equipe, programar atividades gerais, pro-


gramar atividades da equipe, distribuir tarefas a equipe, trabalhar a
dinâmica da equipe, monitorar atividades das equipes, preparar
reuniões, coordenar reuniões, coordenar grupos de estudos, organi-
zar eventos, avaliar propostas e projetos, avaliar e executar as ações.

• Participar de atividades para consenso e divulgação


profissional.

Participar de palestras, debates, entrevistas, seminários, simpósio,


participar de reuniões científicas (Congressos, etc.), publicar arti-
gos, ensaios de livros científicos, participar de comissões técnicas,
participar de conselhos municipais, estaduais e federais, participar
de entidades de classe, participar de evento junto aos meios de co-
municação, divulgar práticas do psicólogo e do psicanalista, forne-
cer subsídios ás estratégicas organizacionais, fornecer subsídios á
formação de políticas organizacionais, buscar parceiras, ética e
organizacional.

• Realizar tarefas administrativas

Redigir pareceres, redigir relatório, agenciar atendimentos, receber


pessoas, organizar prontuários, criar cadastros, redigir ofícios, me-
morandos e despachos, compor reuniões administrativas técnicas,
fazer levantamento estático, comprar material técnico, prestar
contas.

•Demonstrar competências pessoais

Manter sigilo, cultivar a ética, demonstrar ciência sobre o código de


ética profissional, demonstrar ciência sobre a legislação pertinente,
demonstrar bom senso, respeitar os limites de atuação, demonstrar
continência (acolhedor), demonstrar interesse pela pessoa, ser hu-
mano, ouvir ativamente (saber ouvir), manter atualizado contornar
situações adversas, respeitar valores e crenças dos clientes, demons-
trar capacidade de observação, demonstrar habilidade de questio-
nar, amar a verdade, demonstrar autonomia de pensamento, de-
monstrar espírito crítico, respeitar os limites do cliente e tomar de-
cisões em situação de pressão.

Descrição Sumária

Estudam, pesquisam e avaliam o desenvolvimento emocional e os


processos mentais e sociais de indivíduos, grupos e instituições,
com a finalidade de análise, tratamento, orientação e educação; di-
agnosticam e avaliam os distúrbios emocionais e mentais e de adap-
tação social elucidando conflitos e questões e acompanhamento o
paciente durante o processo de tratamento ou cura; investigam os
fatores inconscientes; desenvolvem pesquisas experimentais, teóri-
cas e clínicas que coordenam equipes e atividades de áreas afins.
CONCLUSÃO
Esta é a realidade legal da Psicanálise e dos psicanalistas no Brasil.
Muito embora a Psicanálise não seja uma profissão regulamentada
(e não tem necessidade de ser), no entanto tem amparo legal
suficiente para atuar e para ser exercida como uma ocupação de
elite. Tem uma relação de compatibilidade lógica com as ciências e
uma epistemologia científica e histórica muito bem estruturada e re-
conhecida internacionalmente, ao longo dos seus 125 anos de exis-
tência, sempre de forma laica e livre.

Fiz questão de transcrever aqui textos de legislações vigentes, de


Portarias, de Pareceres do Conselho Federal de Medicina, do Conse-
lho Federal de Psicologia e da CBO do Ministério do Trabalho, de-
terminando as áreas de competência próprias da ocupação profissi-
onal do Psicanalista. E o fiz com o objetivo de tirar as dúvidas dos
psicanalistas de nossa sociedade e de qualquer outra sociedade que
porventura se sintam inseguros diante da notícia espetaculosa da in-
ternet sob a manchete “Psicanálise não pode ser exercida
como profissão no Brasil” e das declarações engenhosas do de-
sembargador Luciano Tolentino Amaral, expressões que soam como
o estrugir de um atentado terrorista contra os direitos dos profissio-
nais sérios e dignos que exercem a Psicanálise no Brasil.

Fecho este meu artigo recomendando não apenas ao citado desem-


bargador, mas a tantos outros, bem como aos políticos, governantes
e legisladores, que se dignem a pesquisar a história da Psicanálise, a
ler mais sobre Psicanálise, pois, em fazendo isto, certamente, passa-
rão a possuir um conhecimento continental e, indubitavelmente,
quando tiverem de falar sobre Psicanálise ou pensar sobre Psicaná-
lise, não mais o farão como fazem aqueles indivíduos que pensam
como pensam os castrados mentais.

Dr. Manoel Dias de Oliveira


Psicanalista, jornalista, escritor, doutor em Saúde Mental, Ph. D.
Em Filosofia (universidade americana), diplomata, membro da
Missão Diplomática Americana de Relações Internacionais, Dire-
tor da FAMET e presidente da Sociedade Psicanalítica SulAmeri-
cana, dentre outros.

Disponível em: https://miesperanza.jusbrasil.com.br/artigos/267362613/o-amparo-legal-a-psicanalise-


e-aos-psicanalistas-no-brasil

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