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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II – Dos Recursos

PROFª: AGATHA GONÇALVES SANTANA


ALUNA: KARINE ALBUQUERQUE
TURMA: 8 DIV1
DATA:

Recursos em Espécie.

RECURSO DE AGRAVO – 7ª PARTE

Agravo é o gênero enquanto o agravo de instrumento é uma das espécies dele. O


Agravo é cabível contra atos decisórios que não têm natureza de sentença, ou seja,
contra as decisões interlocutórias, produzidas no curso do processo, como por
exemplo, alguma decisão deferindo ou indeferindo uma tutela antecipada ou o pedido
de uma produção de uma determinada prova.

RECORDEM-SE:
Despachos são determinações que não têm conteúdo decisório e não trazem prejuízo
a qualquer uma das partes.
Sentença é o ato decisório por excelência, ato que o juiz extingue o processo, ou
alguma fase do processo.

No nosso ordenamento existem 3 tipos de agravos:


1) retido,
2) de instrumento e
3) agravo inominado, agravinho ou agravo regimental
(agravinho) ou agravo regimental porque previstos no regimento interno dos tribunais.
As duas formas essenciais são de instrumento e retido.
O agravo retido cabe numa situação muito específica. Quando o recurso sobe ao
tribunal, hoje o artigo 557, do CPC2, permite ao relator, unilateralmente, nos casos em
que o recurso for manifestamente inadmissível ou improcedente, ou contrário a
súmula, negar seguimento a esse recurso. O relator tem poder unilateral para julgar o
recurso. Dessa decisão cabe o agravinho para rever a decisão que foi tomada
unilateralmente pelo relator. Esse recurso só existe em 2ª instância e cabe para essa
hipótese de decisão unilateral.
Ele é interposto no prazo de 5 dias.
A forma geral, comum, é por excelência, retida. A forma de instrumento tornou-se
excepcional. A forma excepcional de agravo de instrumento cabe em 3 situações:
a) risco de prejuízo irreparável ou de difícil reparação; geralmente são decisões
relacionadas à tutela de urgência;
b) contra decisões que não admitirem a apelação;
c) decisões contra os efeitos da apelação.

As duas principais espécies de interposição são o Agravo de Instrumento e o Agravo


Retido.
Quando o CPC entrou em vigor, na década de 1970, a escolha entre AI e AR era da
parte interessada.
Cabia à parte decidir se interporia o Agravo sob a forma retida ou sob a forma de
instrumento. Neste período, predominava a interposição do Agravo sob a forma de
instrumento.
Após numerosas reformas pelas quais passou o CPC, este perfil relacionado à
interposição do Agravo mudou. Hoje, podemos dizer que a forma de interposição por
excelência do Agravo é a forma Retida.
As hipóteses de interposição do AI ficaram restritas a três (Artigo 527 do CPC1)4:
a. quando houver risco de prejuízo irreparável ou de difícil reparação. Se há urgência,
não podemos interpor o Agravo Retido. É um recurso de exame postergado, diferido.
b. contra a decisão do juiz que não admitir o processamento da Apelação.
c. contra a decisão do juiz que examinar os efeitos que se concede a esta Apelação.
Hoje em dia, não há mais a faculdade, a opção que havia entre escolher o Agravo sob
a forma de instrumento ou retida. Não há mais hipóteses em que caiba uma forma ou
outra.
Pela atual sistemática, ou se está diante de uma dessas três situações e o Agravo
haverá de ser de Instrumento ou não estaremos diante dessas hipóteses e o Agravo
será Retido. O Agravo de Instrumento ficou reservado à essas três hipóteses. O
legislador manifestou sua intenção de tornar o AI absolutamente excepcional. A regra,
é o AR.
Crítica: mais recentemente (nos últimos dois ou três anos), o CPC passou por
reformas que modificaram profundamente o processo de execução. Nesta Reforma
foram introduzidas no ordenamento jurídico novas hipóteses de cabimento de AI.
Pode-se dizer que as três hipóteses acima enumeradas são hipóteses de cabimento
de AI no processo de conhecimento. Entretanto, na fase de execução, encontraremos
outras duas hipóteses de cabimento da AI.
Hoje, tanto a liquidação quanto a execução de título judicial não constituem mais
processos autônomos, independentes. Esta talvez tenha sido a principal revolução
trazida pela reforma da execução. O que antigamente formava um processo de
liquidação e um processo de execução de sentença, hoje não passam de fases. O
CPC estabelece que quando o juiz julga esta fase de liquidação (declara líquida a
sentença fixando o valor da condenação), o recurso cabível contra este julgamento é o
AI. Não é a Apelação! Antes da Reforma, era Apelação. Hoje, é AI. Na fase de
execução de sentença, a forma atual pela qual o executado se defende não são mais
os Embargos, que ficaram reservados às execuções fundadas em título extrajudicial. A
defesa será apresentada por meio de um incidente chamado impugnação. O recurso
cabível contra a decisão que julgar esta impugnação é o AI. Esta impugnação não tem
natureza jurídica de ação, constitui apenas um incidente.
Por um lado, por meio das reformas, o legislador quis restringir as hipóteses do AI,
limitando-o, estabelecendo que a regra é o AR. Tempos depois, em outra reforma, o
próprio legislador reintroduziu inúmeras hipóteses de interposição de AI (não na fase
de conhecimento, mas na fase superveniente). Pode-se dizer que o AI se limita às três
hipóteses enumeradas no processo de conhecimento. É possível admitir-se nas fases
supervenientes outras hipóteses em que o Agravo poderá ser interposto sob a forma
de Instrumento.
O que acontecerá na hipótese em que o Agravo teria que ser Retido e a parte interpõe
o Agravo na forma de Instrumento? Este recurso não será apreciado, não será
conhecido, qual será a conseqüência? O CPC previu expressamente esta hipótese e
estabeleceu que cabe ao Relator do Agravo verificar se era mesmo hipótese de AI ou
não. Se era realmente AI, o Relator toca adiante.
Se não era hipótese de AI, mas de AR, o Relator determinará a conversão daquele AI
em AR e devolverá o Agravo à primeira instância para que se processe como AR.
Esta decisão pode trazer algum prejuízo para a parte? Esta decisão do Relator pode
causar algum prejuízo. Por exemplo: uma das partes interpõe AI. O Relator,
examinando os fundamentos, pode entender que não há urgência. Converte em AR e
devolve à 1ª instancia para que se processe sob a forma retida.
Esta conversão do AI para AR é feita unilateralmente pelo Relator. Cumpre a ele, de
imediato ou em seguida, decidir se mantém o Agravo como de Instrumento ou se o
converte em AR.
Em uma dessas últimas reformas, acrescentou-se que contra esta decisão unilateral
do Relator que converte o AI em AR não cabe recurso.
Contra as decisões unilaterais do Relator que, de plano, acolhe ou desacolhe o
Recurso cabe Agravinho. Se o Relator indefere ou defere de plano o AI, desta decisão
unilateral do Relator cabe Agravinho. Entretanto, da decisão unilateral do Relator que
converte o AI em AR não cabe qualquer recurso, nem o Agravinho.
A preocupação é que a parte cujo recurso foi convertido em retido pode sofrer algum
tipo de prejuízo. Nesta hipótese, se ela realmente estiver sofrendo perigo de prejuízo
irreparável, terá que tomar alguma medida alternativa, como o mandado de Segurança
ou medida cautelar.
O Relator pode determinar esta conversão em dois momentos distintos:
a. de imediato, assim que recebe o AI. Portanto, sem ouvir a parte contrária. Se esta
for a conduta do Relator, o Agravo vai voltar à 1ª instância sem ter, nem mesmo, as
contra razões. Chegando em 1º grau, o juiz determinará o seu processamento como
AR e intimará o adversário para apresentar as contra razões. As contra razões, neste
caso, serão apresentadas em 1º grau.
b. não determinar esta conversão de plano. Está em dúvida. Manda prosseguir, por
hora, como AI e determina a intimação do adversário para que ofereça as contra
razões. Nesta hipótese, estas contra razões serão apresentadas no Tribunal.
Apresentadas as contra razões, se o Relator entender que não era caso de urgência,
determina a sua baixa à primeira instância.
Atualmente, as hipóteses de interposição de AR são supletivas. Isto quer dizer que
cabe AR em todas as hipóteses em que a lei não prevê expressamente outras formas
de interposição.
A lei brasileira não irá prever todas as hipóteses de AR porque ele é a regra. O agravo
será retido sempre que a lei não determinar que ele seja de instrumento ou inominado
(Agravinho).
A respeito do Agravo em geral, não existem peculiaridades no que se refere aos
requisitos de admissibilidade (intrínsecos e extrínsecos). Ao Agravo em geral aplicam-
se todos os requisitos de admissibilidade já estudados.
Qual o prazo para interposição do Agravo no ordenamento jurídico brasileiro? O prazo
de interposição do AI é sempre 10 dias.
O prazo de interposição do AR também é de 10 dias. A respeito do AR, é preciso
lembrar de uma exceção importante: o AR interposto contra as decisões proferidas em
audiência de instrução e julgamento, tem que ser oral e sua interposição é imediata. É
o primeiro exemplo de recurso de interposição imediata.
Na audiência de instrução e julgamento o juiz pode proferir todo tipo de decisão.
Imagine que o juiz, na audiência de instrução e julgamento, profira uma decisão sobre
uma questão urgente. Por exemplo, concede uma liminar, porque surgiu uma situação
de perigo irreparável. O autor, na audiência, pediu a concessão da liminar e o juiz
concedeu. Contra esta decisão deverá ser interposto que tipo de Agravo? A hipótese é
de AI! Logo, o prazo é de dez dias.
Se o Agravo não for de instrumento e sim retido, deve ser interposto oralmente e de
imediato. Isto não significa que contra todas as decisões proferidas pelo juiz cabe AR.
Se a decisão trouxer para a parte perigo de prejuízo irreparável ou de difícil reparação,
caberá AI, no prazo de dez dias. Contra as demais decisões proferidas na audiência
de instrução e julgamento cabe AR. É preciso interpor o AR e apresentar as razões. O
juiz deve dar a palavra ao adversário para que ofereça as contra razões.

Prazo de interposição do Agravo


AI – dez dias.
AR – dez dias. Exceção: decisões proferidas na audiência de instrução e julgamento.
Agravinho – prazo de interposição de cinco dias.
Um dos requisitos gerais de admissibilidade dos Recursos é o preparo. Agravo tem
preparo? Agravo retido não tem preparo. É um dos dois recursos que o CPC
expressamente dispensa de preparo (Embargos de Declaração e Agravo Retido). Os
Embargos porque não sobem ao Tribunal e o Agravo Retido porque não sobe sozinho.
Agravo de instrumento tem preparo. O CPC não dispensa o preparo do AI, dispensa
do AR.
Entretanto, é possível que algumas legislações estaduais o façam.
No Estado de SP, por exemplo, até 2003, a lei de custas estadual dispensava o
preparo do AI. A nova lei de custas do Estado de SP passou a exigir o preparo.
Compete à lei estadual regulamentar.
No mais, os requisitos de admissibilidade dos recursos em geral valem para o Agravo.

Processamento do Agravo
Processamento do Agravo Retido
O que distingue o AR do AI? A principal diferença é que o AR é interposto contra uma
decisão mas o seu exame pelo órgão ad quem não será feito de imediato. É um
recurso de conhecimento diferido, postergado. O exame do AR não é feito desde logo.
O AR só será examinado quando do julgamento de uma eventual Apelação interposta
contra sentença proferida naquele processo.
O Agravo é entranhado, retido, nos Autos. Sendo ele interposto dentro do prazo
previsto em lei, impede que aquela decisão contra a qual for interposto preclua, dando
a possibilidade de que ela seja reexaminada pelo Tribunal em momento oportuno. A
decisão persiste e o processo continua.
Havendo sentença, pode haver Apelação e os Autos serão remetidos ao órgão ad
quem. Quando eles subirem ao Tribunal, deve-se pedir que o Tribunal, antes de
examinar a Apelação, aprecie os Agravos Retidos interpostos no curso do processo. É
examinado preliminarmente à Apelação.

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