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No transcorrer do processo o juiz poderá se pronunciar de três formas – através

de sentença, decisão interlocutória e despacho. O agravo é o meio recursal cabível


contra as decisões interlocutórias, ou seja, não interfere no mérito da causa. Podendo
ser dividido em várias outras espécies, sendo o de instrumento e o retido as suas
principais.
Antes da lei nº 11.187, de 19 de outubro de 2005, a espécie agravo de
instrumento era confundida com o próprio gênero agravo, e agravo retido como
espécie de agravo de instrumento. Isto ocorria porque ambas as espécies de agravo
eram utilizadas como forma de recorrer às decisões interlocutórias (até então não
havia nada mencionando a grave lesão de difícil reparação). O único detalhe que
diferenciava o agravo de instrumento do retido era que este permanecia em aguardo
até que fosse apreciado conjuntamente a uma eventual apelação.
Com a emergência da referida lei, agravo de instrumento passa a ser cabível
somente quando a decisão interlocutória for capaz de causar grave lesão e de difícil
reparação à parte, e quando não admitir a apelação ou deliberar quanto aos efeitos
em que a apelação foi recebida. Temos, então, a principal circunstância que
diferencia ambos os termos, tendo em vista que o agravo retido passa a ser a regra e o
de instrumento a exceção.
A lei nº 11.187 especifica também que o agravo retido deve ser encaminhado ao
juízo que processa a causa, e que o agravo de instrumento deve ser apresentado ao
tribunal competente.
De acordo com Misael Montenegro Filho, para se analisar o referente tema,
temos que utilizar dois aspectos: necessidade e prejuízo. Se a necessidade é Imediata,
real e concreta, é autorizado o uso do agravo de instrumento. Se não o for, utiliza-se
o agravo retido. Já em relação ao prejuízo, afirma o autor que deve ser observado se
este é imediato ou hipotético, no primeiro caso cabe agravo de instrumento, no
segundo, o retido.
Baseando-nos no que foi explicado acima, encontramos outro ponto
interessante a se analisar. Por se tratar de questões menos importantes, o agravo
retido não terá efeito suspensivo. Diferenciando-se do agravo de instrumento, que
pode ter efeito suspensivo (facultatividade do magistrado) ou ser antecipada a tutela.
Uma questão importante a se anotar, acerca do efeito suspensivo, é que, antes
da lei nº 9.139 (1995), o agravo de instrumento não tinha esse efeito. Portanto, para
que a parte conseguisse suspender o processo, era necessário impetrar também um
mandado de segurança. A lei mencionada trouxe ao ordenamento jurídico a
possibilidade de suspender o processo através de agravo de instrumento, com isso,
torna-se desnecessária a impetração de mandado de segurança, aumentando ainda
mais a celeridade processual.
Com o advento da lei 11.187, passa a existir também a obrigação de agravo
retido na forma oral quando a decisão interlocutória for feita na audiência de
instrução e julgamento. Portanto, enquanto o agravo regimental só pode existir na
forma escrita, o retido pode se dar em ambas as formas (apesar de ser expresso na lei
como forma de validade, e não uma faculdade da parte).
O Código de Processo Civil não faz menção à necessidade de comprovar o
pagamento de custas processuais para o agravo retido, porem, faz essa exigência para
o agravo de instrumento (art. 525, §1º).
Em síntese, é importante saber diferenciar as espécies de agravo, para que
assim, não cometamos erros processuais em nossa atividade jurídica. Lembremos
também que se um agravo de instrumento for remetido (indevidamente) a um relator,
o magistrado terá total autonomia para fazer a sua conversão em agravo retido.

Agravo Retido Agravo de Instrumento


A regra A exceção
Pouca necessidade Muita necessidade
Prejuízo hipotético Prejuízo imediato
Sem efeito suspensivo Pode efeito suspensivo
(facultatividade             do relator)
Perante o juízo que processa a Junto ao tribunal competente
causa
Sem custas processuais Com custas processuais
Oral ou escrita Escrita
.

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