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EXCELENTÍSSIMA SRA. DRA.

JUÍZA DE DIREITO DA VARA ÚNICA DO


TRABALHO DE PACAJÚS-CE

PROCESSO: 0000459-54.2021.5.07.0031

P. H. DE ABREU LIMA e PAULO MOREIRA LIMA, nos


autos da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA que lhe move ESPÓLIO DE JOÃO DE
DEUIS DE OLIVEIRA, representado por FRANCISCA CLEIDE MARCOS DE PAULA,
ambos já qualificados nos autos, vem, respeitosamente perante Vossa Excelência,
através de seu advogado infraassinado, que junta neste ato instrumento de
procuraçã o em anexo, apresentar sua CONTESTAÇÃO, mediante os seguintes fatos
e fundamentos:

PRELIMINARMENTE
O Sr. Paulo Moreira Lima foi incluido na presente
Reclamaçã o como repreentante legal da empresa. Ocorre quer o mesmo nã o faz
parte do quadro societá rio da empresa reclamada, consoante prova Contrato Social
ora acostado, razã o pela qual requer a exclusã o do mesmo no polo passivo da
presente Reclamaçã o.

SÍNTESE FÁTICA
Alega a Reclamante, que seu companheiro, falecido em
03/09/2020, foi admitido na reclamada em 02 de Janeiro de 2019, como operador
de má quina retroescavadeira, sendo que sua CTPS somente foi anotada em
01/01/2020, com salá rio contratual de R$ 1.390,00 (um mil, trezentos e noventa
reais).
Aduz ainda que o “de cujus” laborou de 02/01/2019 a
01/01/2020, sem qualquer anotaçã o em sua CTPS, laborando além de sua jornada
de trabalho, sem receber horas extraordiná rias.
Assevera que o valor de seu salá rio estaria aquém do
piso salarial da categoria, que seria de R$ 2.007,67 (dois mil, sete reais e sessenta e
sete centavos).
Requer ao fim, as verbas rescisó rias que teria direito,
além de indenizaçõ es por danos morais e materiais.
Aduz, ainda, que diversas normas trabalhistas foram
desrespeitadas pela Reclamada, motivo pelo qual requer a condenaçã o desta aos
pedidos declinados em exordial.
Contudo, a pretensã o do Reclamante nã o merece
prosperar nos termos como alegado em exordial, como se demonstrará no
decorrer desta defesa, item por item.
Assim, impugna-se em um todo a reclamató ria
trabalhista, demonstrando, na medida do possível, que os pedidos formulados pelo
reclamante sã o improcedentes, o que se requer desde já .
Ademais, quanto aos pleitos autorais, todos serã o
devidamente impugnados em tó picos específicos, motivo pelo qual requer sejam
afastadas as alegaçõ es fá ticas do obreiro, visto que este nã o se desincumbiu do seu
ô nus probató rio, nos termos do art. 818, I, da CLT c/c art. 373, I, do NCPC.

DOS FUNDAMENTOS DE MÉRITO


DO REAL PERÍODO TRABALHADO PARA A RECLAMADA
Inicialmente, cabe ressaltar que o real período
trabalhado pelo falecido foi de 01/01/2020 à 03/09/2020, data de falecimento do
“de cujus”.
Ora, o espó lio do falecido, alega que o “de cujus” foi
admitido em 02 de Janeiro de 2019.
Com todo respeito à memó ria do falecido, mas falta
com a verdade a reclamante.
Explica-se: O “de cujus” laborou para a empresa Paulo
Moreira Lima-Me, empresa esta que pertencia ao administrador da presente
reclamada, Sr. Paulo Moreira Lima, no período de 01/06/2012 à 19/12/2018,
consoante prova TRCT ora acostado.
Ora, o falecido, Sr. Joã o de Deus de Oliveira, NÃO
PODERIA SER ADMITIDO PELA RECLAMADA, POIS O REFERIDO SR. ESTAVA
RECEBENDO SEGURO-DESEMPREGO, E CASO FOSSE CONTRATADO, O QUE
SERIA ILEGAL, (SEM ANOTAÇÃO DA CTPS), ESTARIA A RECLAMADA SUJEITA A
FISCALIZAÇÃO E DEMAIS PENALIDADES LEGAIS, PODENDO, CASO FOSSE
AUTUADA, RESPONDER CRIMINALMENTE POR TAL ATO.
Desta forma, para nã o ter problemas, a reclamada
SOMENTE ADMITIU O “DE CUJUS” EM 01/01/2020, SENDO ESTA A REAL DATA DE
ADMISSÃ O DO MESMO E NÃ O 02/01/2019, COMO QUER A RECLAMANTE.
DA FUNÇÃO DO “DE CUJUS” – DIFERENÇA SALARIAL
Alega a Reclamante que o falecido, era operador de
máquina retroescavadeira, o que nã o é verdade.
Na realidade o “de cujus” era operador de uma
máquina pá carregadeira, utilizada para retirar areia do solo para fabricaçã o de
telhas e tijolos.
A diferença entre os equipamentos serã o explicadas a
seguir:
A pá carregadeira, diferentemente de outros tipos
maiores de má quinas pesadas, possui uma aparência mais compacta e robusta
devido à sua pá frontal. (1)

A pá carregadeira é mais indicada para a


movimentação de grandes quantidades de terra (ou outros materiais) com
relativa agilidade, devido a sua fá cil mobilidade, proporcionada pela traçã o nas
quatro rodas, nos mais diferentes tipos de terrenos. (1)

A retroescavadeira, por outro lado, é um tipo de


má quina pesada que, apesar de também ser utilizada para o deslocamento de
terra, apresenta maior versatilidade no que diz respeito às diferentes tarefas
que pode desempenhar (como, por exemplo, demolições de pequeno e médio
porte, abertura de valas, entre outras). (1)

Uma boa qualidade da retroescavadeira está no fato


de possuir, além de uma caçamba frontal, um braço articulado, localizado na parte
traseira do veículo ao qual podem ser instaladas diferentes tipos de ferramentas
(como martelo rompedor e perfuratriz) para que assim, essa máquina pesada
possa desempenhar uma ampla variedade de funções. (1).

(1) Fonte: https://andaluga.com.br/2020/04/29/pa-carregadeira-e-


retroescavadeira-entenda-as-diferencas-e-semelhancas/

Desta Forma, dada as atividades da Reclamada, é


evidente que o falecido operava equipamento bem menos complexo que o alegado,
estando o salário que recebia R$ 1.390,00 (um mil, trezentos e noventa
reais), adequado à sua função.

Observe, Douta Julgadora, que a Reclamante ao alegar


que o salá rio do falecido deveria ser de R$ 2.007,67 (dois mil, sete reais e sessenta
e sete centavos), O FAZ SEM ACOSTAR AOS AUTOS CONVENÇÃO COLETIVA DE
TRABALHO DA CATEGORIA, BASEANDO-SE APENAS EM UMA MERA
INFORMAÇÃO COLHIDA NA INTERNET, (ID 3B62EF9 E ID 2105B6C), SEM
NENHUM VALOR LEGAL.

Explica-se: o “de cujus”, como dito, operava uma


máquina pá carregadeira na reclamada que fabrica tijolos e telhas,
estabelecimentos conhecidos popularmente como “cerâmicas”. No entanto OS
TRABALHADORES DE TAIS ESTABELECIMENTOS NÃO SE ENQUADRAM
EM NENHUMA CONVENÇÃO COLETIVA QUE CONTEMPLE ESTE TIPO DE
FUNÇÃO, DAÍ QUE A RECLAMANTE, APENAS POR MERA SUPOSIÇÃO,
PROCUROU INFORMAÇÕES ALEATÓRIAS NA REDE DE COMPUTADORES,
QUE, COMO DITO, NÃO POSSUEM EMBASAMENTO LEGAL.

Desta forma, correto o salário anotado na CTPS do


falecido, posto que está acima do salário mínimo e reflete a função exercida pelo “de
cujus”.

DAS ALEGADAS HORAS EXTRAS E INTERVALOS INTRAJORNADAS


A Reclamante, forçando muito toda a situaçã o, falta
com a verdade ao alegar que A JORNADA DO FALECIDO ERA DE DOMINGO A
DOMINGO, SENDO QUE NUNCA LHE FOI CONCEDIDO QUALQUER DESCANSO
SEMANAL REMUNERADO.
Ínclita Julgadora, descabido e fora da realidade tal
pedido. Como será provado na instruçã o processual, o horá rio dos trabalhadores e
por conseguinte do reclamante para a Reclamada era o seguinte:

1- Segunda a sexta-feira: 07:00 hs à s 16:45 hs, com intervalo de lanche


(manhã ) de 15 minutos e intervalo de almoço de 01:30 hs;

2- Sá bado, 07:00 à s 11:15 hs, com intervalo de 15 minutos para lanche.

Além do que, o maquiná rio da reclamada jamais


suportaria funcionar de forma ininterrupta, o que faz cair por terra a alegaçã o da
reclamante de que o “de cujus” trabalhava de domingo a domingo, sem falar que o
período trabalhado pelo “de cujus” coincidiu com o surgimento da pandemia, onde,
além de a reclamada ficar algum tempo impossibilitada de trabalhar, ao retornar, o
fez com horá rio reduzido e com a demanda de trabalho muito inferior à s suas
atividades normais, por conta da retraçã o da economia, nã o justificando assim o
labor ininterrupto do falecido.

E MAIS, O CONTRATO DO “DE CUJUS” FICOU


SUSPENSO DE 17/08/2020 À 15/10/2020, POR CONTA DA LEI 10.422/2020
QUE REGULA REDUÇÃO PROPORCIONAL DE JORNADA E DE SALÁRIO E DE
SUSPENSÃO TEMPORÁRIA DO CONTRATO DE TRABALHO, DOCUMENTO ORA
ACOSTADO.
Finalmente, insta informar que a Reclamada chegou a
possuir na época do labor do falecido apenas, no má ximo, 11 funcioná rios, nú mero
que variava sempre para menos, conforme folhas de pagamento ora acostadas,
MOTIVO PELO QUAL DEIXA A RECLAMADA DE JUNTAR AOS AUTOS
CONTROLE DE FREQUÊNCIA DOS FUNCIONÁRIOS, POIS LEGALMENTE ESTÁ
DESOBRIGADA DE TAL MISTER, FOLHAS DE PAGAMENTO ORA ACOSTADAS.
Portando, descabido e improcedente tal pedido.

DOS SUPOSTOS DANOS MATERIAIS E MORAIS


Alega a reclamante que o equipamento operado pelo
falecido, no caso uma pá carregadeira, apresentava de forma habitual defeitos
quando de seu funcionamento, por falta de manutençã o, sendo que o
representante legal da empresa promovida ordenava que o mesmo desse “um jeito
de consertar” o equipamento, e que no dia 27/02/2020, a má quina, ao apresentar
defeito, o falecido foi requisitado para consertá -la, ocasiã o em que, in verbis, alega
a reclamante que:

“infaustamente, a má quina acabou por


esmagar sua mã o direita, levando a
perda, de dois dedos desta mão”.
Excelência, o que a representante do espó lio do Sr.
Joã o de Deus de Oliveira está fazendo é uma verdadeira desonra à saudosa
memó ria do mesmo, desvirtuando a verdade, como veremos a seguir:
Inicialmente insta esclarecer que o equipamento da
reclamada, por se tratar de uma má quina relativamente nova, dificilmente
apresentava problemas, pois passava por manutençã o preventiva rotineiramente,
e quando apresentava defeitos era consertada por oficina especializada, como
provam documentos ora acostados.
ADEMAIS, O SR. JOÃO DE DEUS DE OLIVEIRA NÃO
POSSUÍA CAPACITAÇÃO TÉCNICA PARA REPARO OU MANUTENÇÃO DO
EQUIPAMENTO, MOTIVO PELO QUAL NUNCA, REPISAMOS, NUNCA EXECUTOU
QUALQUER SERVIÇOS DE REPARO NA MÁQUINA.
E mais, a reclamante não detalha as
circunstâncias de como aconteceu o suposto acidente, limitando-se a afirmar
que apenas o mesmo ocorreu, omitindo, a forma, qual peça estaria sendo
consertada, qual parte do equipamento atingiu o “de cujus”, sendo confusa e
inconclusiva a narração dos fatos.
Na realidade, o que de fato ocorreu foi que no citado
dia, o pneu do equipamento veio a murchar e o “de cujus” conduziu a má quina,
FUNCIONANDO NORMALMENTE para reparo junto ao borracheiro, este sim,
especializado no assunto, porém, o falecido AO TENTAR AJUDAR O
BORRACHEIRO, SEM AUTORIZAÇÃO, CONHECIMENTO E CONCORDÂNCIA DA
RECLAMADA, JÁ QUE O REPARO SE DEU FORA DAS DEPENDÊNCIAS DAS
DEPENDÊNCIAS DA MESMA, ACABOU POR MACHUCAR O QUARTO DEDO DE
SUA MÃO DIREITA, CONFORME ATESTADO APRESENTADO PELA PRÓPRIA
RECLAMANTE, PORÉM, NÃO HOUVE PERDA OU AMPUTAÇÃO DE NENHUM
DEDO.

PORTANTO, MENTIROSA A AFIRMAÇÃO DE QUE O


“DE CUJUS” TENHA PERDIDO DOIS DEDOS DA MÃO DIREITA, PROVA DISSO É
O ATESTADO MÉDICO JUNTADO, O QUAL CONSTATA APENAS A LESÃO NO
QUARTO DEDO DA MÃO DIREITA, PORÉM, SEM APONTAR PERDA DE
MEMBROS, CORROBORANDO AINDA ESTE FATO, TEMOS QUE O OBREIRO ORA
FALECIDO VOLTOU A LABORAR NORMALMENTE NA RECLAMADA APÓS O
TÉRMINO DO PRAZO DO ATESTADO, CUJO TRABALHO NÃO PODERIA SER
EXECUTADO SEM QUE A MÃO DIREITA DO FALECIDO NÃO ESTIVESSE EM
TOTAIS CONDIÇÕES PARA TAL.

Verifica-se que os argumentos já apresentados levam


à improcedência do pedido de dano moral. Reitera-se: a Reclamada nã o causou
direta ou indiretamente qualquer dano moral ao reclamante, sendo, portanto,
indevida a indenizaçã o que pretende.
De qualquer sorte, na inicial há apenas o pedido
indenizató rio, sem haver singular prova de algum DANO MORAL, seja no â mbito
familiar, profissional ou social, o que nã o apenas cerceia o direito de defesa da
empresa como também impossibilita a concessã o da indenizaçã o.
Com relaçã o aos danos morais, segundo leciona Yussef
Said Cahali:
“Parece mais razoá vel, assim, caracterizar o dano moral pelos seus pró prios
elementos; portanto, “como a privaçã o ou diminuiçã o daqueles bens que têm um
valor precípuo na vida do homem e que sã o a paz, a tranqü ilidade de espírito, a
liberdade individual, a integridade individual, a integridade física, a honra e os
demais sagrados afetos”; classificando-se, desse modo, em dano que afeta a “parte
social do patrimô nio moral” (honra, reputaçã o etc.) e dano que molesta a “parte
efetiva do patrimô nio moral” (dor, tristeza, saudade etc.); dano moral que provoca
direta ou indiretamente dano patrimonial (cicatriz deformante etc.) e dano moral
puro (dor, tristeza, etc.).”
Nã o há campo para dú vidas - conforme a definiçã o
acima, verifica-se que a situaçã o narrada pelo reclamante sequer se enquadra no
conceito de dano moral.
Corroborando com o exposto, temos os seguintes
precedentes de vá rios Tribunais:
“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. Se a reclamante não produz prova dos fatos
ensejadores do abalo moral alegadamente suportado, ônus que lhe incumbia, não há
falar em acolhimento do pedido de indenização por dano moral. Recurso da
reclamante a que se nega provimento, quanto ao tópico. (TRT-4 - RO:
00005845120145040451 RS 0000584-51.2014.5.04.0451, Relator: Laís Helena Jaeger
Nicotti, Data de Julgamento: 17/02/2016, 1a. Turma)”.

“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. É indevida a reparação por danos morais,


quando ausente prova suficientemente robusta a demonstrar ato ilícito praticado
pelo empregador, a ponto de causar dano aos direitos de personalidade do
reclamante. No caso concreto, a reclamante não se desincumbiu do ônus de
comprovar ofensas por parte de seu superior hierárquico. (TRT-4 - RO:
00014696220125040022 RS 0001469-62.2012.5.04.0022, Relator: JOÃO BATISTA DE
MATOS DANDA, Data de Julgamento: 10/04/2014, 22ª Vara do Trabalho de Porto
Alegre)”.

“ACIDENTE DE TRABALHO. ÔNUS DA PROVA. Negado pela empregadora a ocorrência


do acidente de trabalho, incumbe ao reclamante produzir a prova do fato alegado,
por se tratar de fato constitutivo dos direitos pleiteados, a teor dos artigos 818 da
CLT e 373, inciso I, do CPC, encargo do qual não se desincumbiu.(TRT-4 - ROT:
00211696220175040664, Data de Julgamento: 18/11/2019, 11ª Turma)”

“ACIDENTE DE TRABALHO. ÔNUS DA PROVA. Onera o trabalhador a prova do


acidente de trabalho, se sua ocorrência for negada em defesa, por se tratar
de fato constitutivo das reparações almejadas. Não satisfeito o encargo
processual, não há como acolher os intentos prefaciais. Sentença mantida.
RECLAMATÓRIA AJUIZADA NA VIGÊNCIA DA LEI 13.467/2017. HONORÁRIOS
DE SUCUMBÊNCIA. JUSTIÇA GRATUITA. COMPATIBILIDADE. O fato de o
reclamante ter sido contemplado com os benefícios da Justiça Gratuita não o
exime da responsabilidade pelo pagamento dos honorários de sucumbência
previstos no artigo 791-A da CLT. A assistência gratuita contemplada pela
Carta Magna tem caráter meramente programático, orientando-se pelas
normas infraconstitucionais. Sentença mantida.(TRT-2
10006877020185020511 SP, Relator: ROSA MARIA VILLA, 2ª Turma -
Cadeira 2, Data de Publicação: 07/11/2019)”.
No caso concreto, os danos morais ou materiais
alegados não se encontram materializados.
Como fartamente exposto, nã o está provada a culpa
da reclamada.
Quem alega e nã o prova é o mesmo que nã o alegar.
Infundadas declaraçõ es de prejuízos morais causam uma insegurança jurídica
nas relaçõ es sociais, uma vez que essas açõ es aventureiras apenas se prestam a
tumultuar o Judiciá rio brasileiro em razã o de sua natureza meramente mercantil.
De Oliveira (2003, p.64) acertadamente assevera que:
“A indenizaçã o vista como puniçã o transforma-se em mais um produto de
mercado, enriquece alguns da noite para o dia, e muitas vezes pelas mais
insignificantes ofensas, desvirtuando totalmente a reparaçã o civil. Como
produto de mercado, a responsabilidade civil é vista como punição e acaba
se caracterizando como a revelação do aspecto lúdico humano, num
espetacular jogo de “marketing”. A sorte depende do encontro de um
ofensor milionário. Assim, perde o sentido ético de sua existência, que é a
valorização da consciência humana. (grifos nossos).
Quando nossa Lei Civil disciplina a reparaçã o de
danos de qualquer espécie, ela assim se manifesta:
“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.”
Onde restaram provados nos autos tais atos ilícitos
praticados pela Reclamada? Tais danos (se é que existem) nã o devem ser
imputados à promovida, uma vez que nã o foram originá rios de ato voluntá rio,
negligência ou imprudência da mesma.
Nesse contexto, inexiste relação de causalidade
entre o dano exposto pelo Autor e a conduta da empresa RÉ, inexistindo,
igualmente ato ilícito provocado pela reclamada de maneira que resta
descaracterizada a responsabilidade civil por dano moral ou material.
Quanto ao ô nus da prova, há que se esclarecer que
cabe a parte autora provar os fatos constitutivos de seu direito, consoante
preconiza o art. 333, I do CPC, in verbis:

“Art. 373, I, CPC: O ônus da prova incumbe:


I. ao autor quanto ao fato constitutivo do seu direito;”

Pedimos vênia para transcrevermos os ensinamentos de Cristó vã o Piragibe


Tostes Malta, inseridos na sua obra Prá tica do Processo Trabalhista, ed. LTR, 24ª
ediçã o, pg. 448, como segue:
"O Ônus da prova incumbe à parte que alega um fato do qual pretende que
lhe resulte um direito. Em outras palavras se o Reclamante sustenta que
determinado (fato constitutivo) ocorreu, desse fato lhe nascendo um
direito, cumpre-lhe demonstrar o que alegou, salvo se o Reclamado o
admitir".
Compulsando os autos, verifica-se a ausência de
prova indicativa do direito do autor, mormente pelo fato de nã o ter comprovado
o dano, e também o nexo causal entre a açã o do Requerido e o dano do autor.
Portanto, nã o há que se pleitear a quem nã o lhe causou a reparaçã o de um dano
que nã o se comprovou.
Assim, mesmo restando totalmente demonstrada a
improcedência de tal pedido, requer-se que a quantificaçã o de eventual
indenizaçã o esteja adequada à realidade, nã o gerando enriquecimento sem causa,
vedado pelo art. 884 do Có digo Civil.
Daí a necessidade de ser transcrito o entendimento dos
autores Sebastiã o Luiz Amorim e José de Oliveira:
(...) Pela ofensa a tais direitos, notadamente os sem cunho patrimonial, bens jurídicos
mais valiosos que os integrantes do patrimônio, deve-se receber uma soma que
compense a dor e o sofrimento, a ser arbitrada pelo juiz, atendendo às circunstâncias
de cada caso, sem perder de vista as posses do ofensor e a situação pessoal do
ofendido. (grifamos)
Diante o exposto, evidente que a Reclamada nã o deverá
ser condenada em danos morais ou materiais, tendo em vista a ausência de prova
do real dano moral do presente feito e, alternativamente, caso Vossa Excelência
entenda ser devido danos morais, que estes sejam arbitrados em valor justo e
condizente com o caso em apreço, dentro da razoabilidade, a fim de evitar
enriquecimento sem causa ao Reclamante, enfim, pelos fatos acima descritos.
Nã o há de se falar em danos estéticos, considerando a
inexistência de culpa da empresa reclamada, fartamente ventilado,

DO FGTS DEPOSITADO
Indevido tal pleito, considerando que os depó sitos
fundiá rios do obreiro falecido foi depositado normalmente, conforme prova
extrato FGTS ora acostado, sendo necessá rio esclarecer que o recolhimento se deu
dentro do período realmente trabalhado, tendo como data de admissã o
01/01/2020.

FÉRIAS + 1/3 - 2019


Indevido tal pedido, considerando que o obreiro
falecido somente foi admitido em 01/01/2020, como fartamente provado ao longo
da presente peça contestató ria.

FÉRIAS + 1/3 - 2020


Indevido tal pedido, posto que a reclamante recebeu
tal verba normalmente, representando seu falecido companheiro, consoante prova
TRCT ora acostado.

13o. SALÁRIO PROPORCIONAL 2019


Indevido tal pedido, considerando que o obreiro falecido somente foi admitido em
01/01/2020, como fartamente provado ao longo da presente peça contestató ria.

13o. SALÁRIO PROPORCIONAL 2020


Indevido tal pedido, posto que a reclamante recebeu tal
verba normalmente, representando seu falecido companheiro, consoante prova
TRCT ora acostado.
AUXÍLIO FUNERAL
Indevido tal pedido, posto que nenhum documento foi
apresentado a empresa reclamada neste sentido, além de o falecido nã o estar
vinculado a nenhum sindicato que abrangesse sua categoria. ALÉ M DO QUE A
RECLAMANTE, PARA FUNDAMENTAR TAL PEDIDO, MENCIONA A CLÁ USULA 46a.
DE UMA CONVENÇÃ O COLETIVA QUE NÃ O FOI JUNTADA, CERCEANDO O DIREITO
DE DEFESA DA RECLAMADA, POIS NÃ O HÁ COMO CONSTESTAR DOCUMENTO
QUE NÃ O EXISTE NOS AUTOS.

DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Por fim, restam improcedentes os pleitos


atinentes aos honorários advocatícios, porquanto inatendidos foram os
requisitos do art.14, § § 1º e 2º da Lei nº 5.584 de 26/06/1970.
Ora, o reclamante compareceu pessoalmente à
liça processual assistido por advogado particular desprezando a assistência
sindical prevista especificamente naquele dispositivo legal.
E neste sentido vale trazer à tona o que dispõ e a
Jurisprudência dominante dos Tribunais do País, inclusive o Enunciado 219,
conforme abaixo: "Não satisfeitos os requisitos da Lei 5584/ 70,
improcede a condenação ao pagamento de honorários advocatícios". (Ac.
Unâ n. - TRT - 1a Reg. 4a T. RO. 7758/85. Rel. Juiz Joaquim Igná cio
Moreira.Prof. 29.01.86)”.; “Honorários advocatícios. Base. Para
averiguação dos direitos a honorários advocatícios deve ser observado o
salário mínimo vigente à epoca da despedida do empregado e não o da
data da rescisão com o cômputo do aviso prévio. Mesmo assistido por
sindicato, se na época da despedida o empregado percebia além do
dobro do salário mínimo, não faz jus a verba honorária. Provimento
parcial ao Recurso, para exclusão da condenação da verba honorária".
(Ac. Unâ n. TRT 9a Reg. 1a T. RO 786/86. Rel. Juiz G. Chistofis, 27.08.86).; "
Não são devidos honorários advocatícios, na Justiça do Trabalho quando
o empregado é patrocinado por advogado particular." (Ac. Unâ n. 3a RR.
7122/84 - Rel. Min. Orlando T. da Costa. DJ 19.12.85.); "JUS POSTULANDI.
Analisando o art.133 da Constituição Federal à luz do brocardo latino
lex posterior generalisnon derrogat legi priori special tem-se que o
dispositivo constitucional não teve o condão de derrogar o jus
postulandi na Justiça do Trabalho, continuando em vigor o art.791 da
CLT.”(TST-RR-11.559/90.8, de 19/11/90, rel. Min. Fernando Américo Veiga
Damasceno, in LTR 55-05/624)".; " HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. Os
honorários advocatícios no processo do trabalho serão devidos apenas
quando atentidas as exigências contidas na Lei no5.584/70. O art.133 da
Constituição Federal de 1988 não derrogou o "jus postulandi" na Justiça
do Trabalho e nenhuma alteração acrescentou, pois se limitou a
reproduzir norma já existente na Leo no4.215 de 1963.
Em sendo assim, inviá vel a citada pretensã o por
falta de amparo legal.
DOS REQUERIMENTOS
Diante do exposto requer a reclamada:
a) Seja a presente reclamató ria julgada
IMPROCEDENTE, condenando o reclamante nas cominaçõ es legais da
sucumbência processual;
Protesta por todos os meios de prova admitidos
em direito, depoimento pessoal, prova testemunhal, prova documental, prova
pericial, etc.;
N. Termos.
P. Deferimento.
Fortaleza-CE., 06 de setembro de 2021.

RONALD TORRES DE OLIVEIRA


OAB-CE 16.310

ROL DE TESTEMUNHAS
1- LUCAS DA SILVA OLIVEIRA, brasileiro, RG 20073893069-SSP-CE, CPF
042.419.023-08, Com endereço à Rua José Franco, Triâ ngulo, Chorozinho-CE,
CEP 62.875-000 – FONE CELULAR: 85-991704330.

2- EDVALDO ALENCAR DA SILVA, brasileiro, RG 2002005030908-


SSPDC-CE, CPF 679.963.373-49, com endereço à PV de Lagoinha, s/n, Distrito
Serragem, Ocara-CE, CEP 62.755-000 – FONE CELULAR: 85-998224340

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