Você está na página 1de 152

Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 1
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 2
Os Orixás e suas Qualidades

OS ORIXÁS
E SUAS QUALIDADES

Batista D’Obaluayê 3
Os Orixás e suas Qualidades

OS ORIXÁS E SUAS QUALIDADES

1ª Edição

Rio de Janeiro - RJ / Brasil

Editora Império da Cultura

2014

Batista D’Obaluayê 4
Os Orixás e suas Qualidades

OS ORIXÁS E SUAS QUALIDADES

Registro:588.295 Livros: 1.125 Folhas:97

Autor: Batista D’Obaluayê

Capa: Batista D’Obaluayê

Editor: Editora Império da Cultura Ltda

Revisão de textos: Editora Império da Cultura Ltda

Composição: Batista D’Obaluayê

Editoração: Editora Império da Cultura Ltda

www.imperiodacultura.com.br

Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)

Batista D’Obaluayê
Os Orixás e suas Qualidades, - Rio de Janeiro / Brasil
O Autor, 2014
152p; 14/21cm.
ISBN: 978-85-86896-44-6
Os Orixás e suas Qualidades - Afro-Brasileira 1. Título
Rio de Janeiro – RJ – Brasil-2013

Proibido a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por


qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive através de processos
Xerográficos, sem permissão expressa do Autor ou Editor. Lei nº 9.610
de 19.02.98

Batista D’Obaluayê 5
Os Orixás e suas Qualidades

ÍNDICE

Apresentação-----------------------------------------------------------7
Apresentação do autor------------------------------------------8 a 10
Orixá Exu-------------------------------------------------------11 a 20
Orixá Ogum-----------------------------------------------------21 a 27
Orixá Iroko/Tempo--------------------------------------------29 a 33
Orixá Oxossi----------------------------------------------------35 a 45
Orixá Oxumaré-------------------------------------------------47 a 54
Orixá Obaluayê/Omolu---------------------------------------55 a 60
Orixá Xangô----------------------------------------------------61 a 74
Orixá Yansã-----------------------------------------------------75 a 84
Orixá Obá-------------------------------------------------------85 a 90
Orixá Oxum---------------------------------------------------91 a 100
Orixá Logum-Edé-------------------------------------------101 a 108
Orixá Yemanjá----------------------------------------------109 a 116
Orixá Nanã---------------------------------------------------117 a 120
Orixá Oxalá--------------------------------------------------121 a 133
Orixá Oxoguiã-----------------------------------------------135 a 137
Orixá Ewá----------------------------------------------------139 a 143
Orixá Ossayên---------------------------------------------- 145 a 150
Bibliografia consultada--------------------------------------------151

Batista D’Obaluayê 6
Os Orixás e suas Qualidades

APRESENTAÇÃO

Até pouco tempo jamais havia passado pela idéia do Autor de


escrever um livro exclusivamente sobre os orixás e suas
qualidades. Porem devido a inúmeras solicitações de clientes da
Editora e leitores dos Livros de Batista D’Obaluayê a Editora
resolveu solicitar este livro ao escritor. O mesmo contém um
conjunto de informações que constituem verdadeiras chaves de
conhecimentos e interpretações dos orixás em nossos cultos,
levando condições para cada leitor conhecer melhor os orixás
com maior clareza, pois são esclarecimentos que ensinam a
entender as diferenças de comportamentos de pessoas que
possuem o mesmo orixás de cabeça e que possuem
comportamentos diferenciados, devido apenas pela diferença de
qualidade de cada orixás.

No imperativo de uma Missão, é que O Autor resolveu sair da


silenciosa posição, para levar estes esclarecimentos aos seus
leitores, mostrando essas diferenças de comportamentos
pessoas devida à qualidade de cada orixá. Muitos são os que
sentem necessidades desses conhecimentos e também muitos
são aqueles que precisam desenvolver suas interpretações sobre
seus orixás. Este livro ensinará como você mesmo interpretar
seus próprios comportamentos influenciados pelos orixás.
O Autor ao escrever esta obra, foi movido tão-somente pelo
ardente desejo de colaborar com os irmãos de religião nesses
esclarecimentos sobre qualidade de orixás e sua importância. E
ainda orientá-los como entender melhor a si próprio.

Germano Gianni Faustino


Pesquisador / Historiador

Batista D’Obaluayê 7
Os Orixás e suas Qualidades

APRESENTAÇÃO DO AUTOR

Batista D’Obaluayê, Escritor, Poeta, formado em


Administração de empresas, Ciências Contábeis e Direito;
Professor universitário, Radialista, Administrador, Pesquisador
de algumas Culturas e principalmente da Cultura Afro-
brasileira. Residente e domiciliado no Bairro de Fátima –
Centro da Cidade – Rio de Janeiro – RJ - Brasil.
Devido ao sucesso obtido no seu primeiro livro que foi escrito
apenas por Hobby, não mais parou de escrever, dedicando-se
assim a cultura literária, onde procurou aperfeiçoar-se em
vários seguimentos até mesmo para satisfazer e acalentar sua
grande legião de leitores. Hoje tem publicações no campo de:
Romance, Poesia, Astrologia, Numerologia, Auto-Ajuda,
Católico, Afro-Brasileiro e Esotérico. Com seu trabalho oferece
preciosas informações, que poderão apontar caminhos para a
realização de pesquisas cientificas capazes de fundamentar
avaliação de suas praticas.
Hoje é orgulhosamente possuidor de uma elegante coletânea
formada por mais de 40 (quarenta) obras, todas publicadas e
recebidas pelos seus leitores com o mesmo entusiasmo da
primeira obra que foi a responsável pelo seu lançamento e
consagração como escritor. Possuidor de inúmeros troféus,
medalhas, diplomas de honra ao mérito, devidos aos seus
relevantes serviços prestados a comunidades menos favorecidas
e pela grande colaboração prestada à Literatura Brasileira
principalmente a afro-brasileira. Sendo hoje lido em todo
mundo e um dos mais lidos no Brasil, devido até mesmo pela
sua variedade de seguimentos.

Batista D’Obaluayê 8
Os Orixás e suas Qualidades

Luta desde sua infância no Rio de Janeiro, onde criou e educou-


se. Aos oito anos se iniciou nas Religiões Afro-Brasileira, mais
precisamente no candomblé, pelas mãos do saudoso e maior
babalorixá de todos os tempos Joãozinho da Gomeia. Fruto do
próprio esforço e nutrido por uma vontade férrea de aprimorar-
se em conhecimentos exigidos para o sacrifício do culto e vida
social galgou os escalões do respeito da sabedoria e do
prestigio – atributos adquiridos de maneira a mais espinhosa.
De onde hoje é um conceituado e respeitado Sacerdote. Não se
intimidou ao deparo das adversidades e caminhando célere,
atingiu seu mais honesto propósito; o de preparar-se
profissionalmente e socialmente e assim ser mais útil a seus
semelhantes, e dar sua significativa contribuição a Cultura de
seu País. É um homem com visão para além do seu tempo. Suas
pesquisas históricas e antropológicas sobre a questão das
Religiões o habilitam à de um espaço neste futuro onde não
haverá lugar para a mediocridade.
Trabalha com a palavra, a pesquisa histórica e filológica, como
quem constrói um novo ser. Está permanentemente diante de
novos desafios que precisam ser solucionados urgentemente.
Dedicou anos de sua vida viajando aos países da África
buscando conhecimento onde realizou grande parte de suas
pesquisas sobre a cultura africana.
Procurando sempre crescer no credito de todos quantos desejam
aprofundar o conhecimento das raízes africana. Procurando
sempre que através de seu trabalho seja colocado entre os
grandes conhecedores da África.
O acervo de sua produção cultural e intelectual dar importante
contribuição à cultivação das raízes da nossa formação
histórica, evidentes na diversificação da composição étnica do

Batista D’Obaluayê 9
Os Orixás e suas Qualidades

povo trilhando o caminho mais seguro para garantir a


afirmação de nossa identidade nacional e preservando os
valores culturais, que conferem autenticidade e singularidade
ao nosso País.
Destacando-se sempre com seu trabalho por ser uma
impressionante contribuição literária compreendendo diferentes
áreas da cultura Ioruba. Usa seu trabalho literário para
promover um melhor entendimento entre as nações, em
particular o Brasil e África.
Tendo se profissionalizado e vencido sem um mínimo de
condições indispensavelmente favoráveis. Não se intimidou ao
deparo das adversidades e, caminhando célere, atingiu seu mais
nobre e honesto propósito, o respeito e reconhecimento
profissional.

Batista D’Obaluayê 10
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ EXU

Batista D’Obaluayê 11
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 12
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ EXU

Èsù é um Orixá africano, também conhecido como: Exu, Esu,


Eshu, Bara, Ibarabo, Legbá, Elegbara, Eleggua, Akésan, Igèlù,
Yangí, Ònan, Lállú, Tiriri, Ijèlú. Algumas cidades onde se
cultua o Exu são: Ondo, Ilesa, Ijebu,Abeokuta, Ekiti, Lagos.
Exu é o orixá da comunicação. É o guardião das aldeias,
cidades, casas e do axé, das coisas que são feitas e do
comportamento humano. A palavra Èsù em yorubá significa
“esfera” e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.
Ele é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim
de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função
de mensageiro entre o Orun e o Aiye, mundo material e
espiritual, seja plenamente realizada.
Na África na época das colonizações, Exu foi sincretizado
erroneamente com o diabo cristão pelos colonizadores, devido
ao seu estilo irreverente, brincalhão e a forma como é
representado no culto africano, um falo humano ereto,
simbolizando a fertilidade.

Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual é


comumente confundido com a figura de Satanás, o que é um
absurdo dentro da construção teológica yorubá, posto que não
esteja em oposição a Deus, muito menos é considerado uma
personificação do Mal. Mesmo porque nesta religião não
existem diabos ou mesmo entidades encarregadas única e
exclusivamente por coisas ruins como fazem as religiões
cristãs, estas pregam que tudo o que acontece de errado é culpa
de um único ser que foi expulso, pelo contrário na mitologia
yoruba, bem como no candomblé cada uma das entidades

Batista D’Obaluayê 13
Os Orixás e suas Qualidades

(Orixás) tem sua porção positiva e negativa assim como o


próprio ser humano.
De caráter irascível, ele se satisfaz em provocar disputas e
calamidades àquelas pessoas que estão em falta com ele.
No entanto, como tudo no universo, possui de um modo geral
dois lados, ou seja: positivo e negativo. Exu também funciona
de forma positiva quando é bem tratado. Daí ser Exu
considerado o mais humano dos orixás, pois o seu caráter
lembra o do ser humano que é de um modo geral muito mutante
em suas ações e atitudes.

Conta-se na Nigéria que Exu teria sido um dos companheiros


de Oduduà quando da sua chegada a Ifé e chamava-se Èsù
Obasin. Mais tarde, tornou-se um dos assistentes de Orunmilá e
ainda Rei de Ketu, sob o nome de Èsù Alákétú.
A palavra elegbara significa “aquele que é possuidor do poder
(agbará)” e está ligado à figura de Exu.

Um dos cargos de Exu na Nigéria, mais precisamente em Oyó,


é o cargo denominado de Èsù Àkeró ou Àkesán, que significa
"chefe de uma missão", pois este cargo tem como objetivo
supervisionar as atividades do mercado do rei.
Exu praticamente não possui ewós ou quizilas. Aceita quase
tudo que lhe oferecem.

Os yorubás cultuam Exu em um pedaço de pedra porosa


chamada Yangi ou fazem um montículo grotescamente
modelado na forma humana com olhos, nariz e boca feita de
búzios. Ou ainda representam Exu em uma estatueta enfeitada
com fileiras de búzios tendo em suas mãos pequeninas cabaças

Batista D’Obaluayê 14
Os Orixás e suas Qualidades

onde ele, Exu, carrega diversos pós de elementares da terra


utilizados de forma bem precisa, em seus trabalhos.
Exu tem a capacidade de ser o mais sutil e astuto de todos os
orixás. E quando as pessoas estão em falta com ele,
simplesmente provoca mal entendido e discussões entre elas e
prepara-lhes inúmeras armadilhas. Diz um orìkì que: “Exu é
capaz de carregar o óleo que comprou no mercado numa
simples peneira sem que este óleo se derrame”.
E assim é Exu, o orixá que faz: O erro virar acerto e o acerto
virar erro.

Èsù Alákétú possui essa denominação quando Exu, através de


uma artimanha, conseguiu ser o Rei da região, tornando-se um
dos Reis de Ketu. Sendo que as comunidades dessa nação no
Brasil, o reverenciam também com este nome.
Todos os assentamentos de Exu possuem elementos ligados às
suas atividades. Atividades múltiplas que o fazem estar em
todos os lugares: a terra, pó, a poeira vinda dos lugares onde ele
atuará. Ali estão depositados como elemento de força diante
dos pedidos.
No Brasil, no candomblé, Exu é um dos mais
importantes Orixás e sempre são os primeiros a receber as
oferendas, as cantigas, as rezas, é saudado antes de todos os
Orixás, antes de qualquer cerimônia ou evento. O Exu Orixá
não incorpora em ninguém para dar consultas como fazem
os Exus de Umbanda, eles são assentados na entrada das casas
de candomblé como guardiões, e em toda casa de candomblé
tem um quarto para Exu, sempre separado dos outros Orixás,
onde ficam todos os assentamentos dos exus da casa e dos
filhos de santo que tenham exu assentado.

Batista D’Obaluayê 15
Os Orixás e suas Qualidades

É astucioso, vaidoso, culto e dono de grande sabedoria, grande


conhecedor da natureza humana e dos assuntos mundanos daí a
assimilação com o diabo pelos primeiros missionários que,
assustados, dele fizeram o símbolo da maldade e do ódio.
Porém “nem completamente mau, nem completamente bom ",
na visão de Pierre Verger no texto de sua autoria "Iniciação" -
contido no documentário "Iconografia dos Deuses Africanos no
Candomblé da Bahia", Exu reage favoravelmente quando
tratado convenientemente, identificado no jogo do
merindilogun pelo odu okaran.

Exu recebe diversos nomes, de acordo com a função que exerce


ou com suas qualidades: Elegbá ou Elegbará, Bará ou Ibará,
Alaketu, Agbô, Odara, Akessan, Lalu, Ijelu (aquele que rege o
nascimento e o crescimento de tudo o que existe), Ibarabo,
Yangi, Baraketu (guardião das porteiras), Lonan (guardião dos
caminhos), Iná (reverenciado na cerimônia do padê).

A segunda-feira é o dia da semana consagrado a Exu. Suas


cores são o vermelho e o preto; seu símbolo é o ogó (bastão
com cabaças que representa o falo); suas contas e cores são o
preto e o vermelho; as oferendas são bodes e galos, pretos de
preferência, e aguardente, acompanhado de comidas feitas
no azeite de dendê. Aconselha-se nunca lhe oferecer certo tipo
de azeite, o Adí, por ser extraído do caroço e não da polpa do
dendê e portar a violência e a cólera. Sua saudação é "Larôye!"
que significa o bem falante e comunicador.
Consiste o padê em um prato de farofa amarela, acaçá, azeite-
de-dendê e um copo de água ou cachaça, que são “arriados”
para Exu.

Batista D’Obaluayê 16
Os Orixás e suas Qualidades

Na nação de angola ou candomblé de Angola, Exu recebe o


nome de Aluvaiá, pambu Njila, Pambu Njila, e Legbá,
no Candomblé Jeje.

Não deve ser confundido com a entidade Exu de Umbanda,


pois os exus de umbanda são entidades de pessoas
desencarnadas que por motivos de evolução espiritual
retornaram a terra para cumprir essa missão junto ao seus
seguidores. Essas entidades são confundidas com esu ou exu do
candomblé devido a proximidade que exu tem com os homens,
mas na verdade não são considerados orixás como o seu (exu) e
sim quiumbas que são conhecedores das vontades dos homens
e mulheres no plano terrestre por terem vivido em épocas
diferentes mas com os mesmos problemas, desejos e sonhos.
No candomblé de angola (nação bantu, congo moxicongo)
cultuamos as entidades de exu e pombogiras como ancestrais
que por motivos espirituais nos trazem recados, cantigas,
avisos, mas totalmente distinto do Orixá Esu ou ate mesmo de
(pambu njila) que e a porção feminina de Esu no angola. Por
vários nomes podemos reconhecer os quiumbas: exus de
umbanda, exu tiriri, tranca ruas, exu veludo, exu gira mundo,
capa preta, pinga fogo, veludo tata caveira... A palavra
"pombagira" na verdade e um pronuncia "abrasileirada" do
língua bantu africana pombogira Pampu Nijila que por ser uma
porção mais feminina do mesmo exu africano se confundiu
com a entidade feminina de exu na umbanda. Ex: Maria
molambo, pombogira muito conhecida no nordeste e Rio de
Janeiro, por suas graças e gracejos, por suas palavras fortes e
características de mulher revolucionária e guerreira tem seus
devotos fiéis. Maria Padilha, conhecida assim como Maria

Batista D’Obaluayê 17
Os Orixás e suas Qualidades

Molambo, também tem seus seguidores são as mais conhecidas


nos candomblés de angola, entre outras estão Maria Zureta,
Catarina, Dama da Noite, Sombra da noite, Sete encruzilhadas,
Rosa dos ventos, Rosa vermelha, Maria Bandida, Dona
Navalha.

ARQUÉTIPO

Seus filhos são sensuais, dominadores e inteligentes. Gostam da


vida cercada de barulho, muitas pessoas e romances de todo
tipo. Adoram festas e não se prendem a ninguém, são muito
impulsivos. Mas se amam alguém, dão sua vida se for preciso,
sem pensar em nada. Gostam de ajudar e trabalhar, mas podem
se tornar vingativos e extremamente cruéis.

QUALIDADES DO ORIXÁ EXU

Oba Iangui: o primeiro foi dividido em varias partes segundo


os seus mitos.

Agba: o ancestral, epíteto referente à sua antiguidade.

Alaketu: cultuado na cidade de ketu onde foi o primeiro senhor


de ketu.

Ikoto: faz referencia ao elemento ikoto que é usado nos


assentos. Esse objeto lembra o movimento que Exu faz quando
se move ao jeito de um furacão.

Batista D’Obaluayê 18
Os Orixás e suas Qualidades

Odara: fase benéfica quando ele não está transitando


caoticamente.

Oduso: quando faz a função de guardião do jogo de búzios.

Igbaketa: o terceiro elemento, faz alusão ao domínio do orixá e


ao sistema divinatório.

Akesan: quando exerce domínios sobre os comércios.

Jelu: nessa fase ele regula o crescimento dos seres


diferenciados. Culto em Ijelu.

Ina: quando é invocado na cerimônia do Ipade regulamentando


o ritual.

Onan: referencia aos bons caminhos, a maioria dos terreiros


tem-no, seu fundamento, reza que não pode ser comprado nem
ganho e sim achado por acaso.

Ojise: com essa invocação ele fará a sua função de mensageiro.

Eleru: transportador dos carregos rituais onde possui total


domínio.

Elebo: possui as mesmas atribuições com caracterizações


diferentes.

Ajonan: tinha o seu culto forte na antiga região Ijesa.

Maleke: o mesmo citado acima.

Batista D’Obaluayê 19
Os Orixás e suas Qualidades

Lodo: senhor dos rios, função delicada, dado a conflitos de


elementos.

Loko: como ele é assexuado nessa fase tende ao masculino


simbolizando virilidade e procriação.

Oguiri Oko: ligado aos caçadores e ao culto de Orumila-Ifa.

Enugbarijo: nessa forma Exu passa a falar em nome de todos


os orixás.

Agbo: o guardião do sistema divinatório de Orumila.

Eledu: estabelece o seu poder sobre as cinzas, carvão e tudo


que foi petrificado.

Olobe: domina a faca e objetos de corte. É comum assentá-lo


para pessoas que possuem posto de Asogun.

Woro: vem da cidade do mesmo nome.

Marabo: aspecto de Exu onde cumpre o papel de protetor


Ma=verdadeiramente, Ra=envolver, bo=guardião. Também
chamado de Barabo = esu da proteção, não confundi-lo com
seu marabo da religião Umbandista.

Soroke: apenas um apelido, pois a palavra significa em


português aquele que fala mais alto, portanto qualquer orixá
pode ser soroke.

Batista D’Obaluayê 20
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OGUM

Batista D’Obaluayê 21
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 22
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OGUM

Ogum (em yoruba: Ògún) é, na mitologia yoruba,


o orixá ferreiro, senhor dos metais, o próprio
Ogum forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para
a agricultura, e para a guerra. Na África seu culto é restrito aos
homens, e existiam templos em Ondo, Ekiti e Oyo. Era o filho
mais velho de Oduduwa, o fundador de Ifé, identificado no
jogo do merindilogun pelos odu etaogunda,, odi e obeogunda,
representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através
do assentamento sagrado denominado igba ogun.

Ogum é considerado o primeiro dos orixás a descer


do Orun (o céu), para o Aiye (aTerra), após a criação, um
dos semideuses visando uma futura vida humana. Em
comemoração a tal acontecimento, um de seus vários nomes
é Oriki ou Osin Imole, que significa o "primeiro orixá a vir para
a Terra".

Ogum foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos


povos yorubá da África Ocidental. Acredita-se que ele tenha wo
ile sun, que significa "afundar na terra e não morrer", em um
lugar chamado 'Ire-Ekiti'.

É também chamado por:


Ògún, Ogoun, Gu, Ogou, Ogun e Oggún.

Batista D’Obaluayê 23
Os Orixás e suas Qualidades

Sua primeira aparição na mitologia foi como um caçador


chamado Tobe Ode
Na Santeria, Ogum é dono dos montes junto com Oxossi e dos
caminhos junto com Eleggua. Representa o solitário hostil que
vaga pelos caminhos. É um dos quatro Orixás guerreiros.
Suas cores são o azul e branco ou branco e vermelho.

No Candomblé, Ogum é o Orixá ferreiro dono de todos os


caminhos e encruzilhadas junto com seu irmão Exu, também é
tido como irmão de Oxossi e uma ligação muito forte
com Oxaguian de quem é inseparável, aparece como o Senhor
das guerras e demandas, suas cores são Azul cobalto e o verde
e na Umbanda sua cor é o vermelho.

ARQUÉTIPO

De acordo com Pierre Verger, o arquétipo de Ogum é o das


pessoas fortes, aguerridas e impulsivas, incapazes de perdoar as
ofensas de que foram vítimas. Das pessoas que perseguem
energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente
Daquelas que, nos momentos difíceis, triunfam onde qualquer
outro teria abandonado o combate e perdido toda a esperança.
Das que possuem humor mutável, passando de furiosos acessos
de raiva ao mais tranqüilo dos comportamentos. Finalmente, é
o arquétipo das pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que

Batista D’Obaluayê 24
Os Orixás e suas Qualidades

se arriscam a melindrar os outros por certa falta de discrição


quando lhe prestam serviços, mas que, devido à sinceridade e
franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem
odiadas.

QUALIDADES DO ORIXÁ OGUM

Ògún Meje – É o mais velho de todos, a raiz dos outros, Ògún


completo, velho solteirão rabugento. É o aspecto do orixá que
lembra a sua realização em conquistar a sétima
aldeia que se chamava Ire (Meje Ire) deixando em seu lugar o
seu filho Adahunsi. Ògún Je Ajá ou Ogúnjá como ficou
conhecido – Um de seus nomes em razão de sua preferência em
receber cães como oferendas, um dos seus mitos liga-o a
Oxaguiã e Ìyemonjá quanto a sua origem e como ele ajudou
Osalá em seu reino fazendo ambos um trato. É um Ògún, como
indica o seu nome, particularmente combativo. Tem
temperamento rabugento, solitário, veste-se de verde escuro e
usa contas verdes. Dizem que acompanha Ogúnté.

Ògún Ajàká – É o “verdadeiro Ògún guerreiro”, sanguinário,


que em princípio se veste de vermelho. Teria sido rei de Òyó e
irmão de Sàngó. Ajàká é um tipo particularmente agressivo de
Ògún, um militar acostumado a dar ordens e a ser obedecido,
seco e voluntarioso, irascível e prepotente.

Batista D’Obaluayê 25
Os Orixás e suas Qualidades

Ògún Xoroke ou Ògún Soroke - Apenas um apelido que


Ògún ganhou devido à sua condição extrovertida; soro = falar,
ke= mais alto. Usa contas de um azul escuro que se aproxima
do roxo. “Xoroke é um Ògún que tende a confundir-se com
Esú, agitado, instável, suscetível e manhoso”.

Ògún Meme – Veste-se igualmente de verde e usa contas


verdes, como Ogunjá, mas de uma tonalidade diferente.

Ògún Wori – (Warri, ou wori: Yorübá) – É um Ògún perigoso,


dado da feitiçaria, ligado ao màriwò, aos antepassados. Tem
temperamento difícil, suscetível, autoritário o espírito
dogmático.

Ògún Lebede (Alagbede) – É o Ògún dos ferreiros, marido de


Yémánjá Ogúnté e pai de Ògún Akoro. Representa um tipo
mais velho de Ògún, trabalhadores conscienciosos, severos, que
“não brincam em serviço”, cientes de seus deveres como de
seus direitos, exigente e rabujento.

Ògún Akoró – É o irmão de Oxóssi, ligado à floresta,


qualidade benéfica de Ògún invocada no pàdé. Filho de
Ogúnté, Akoró é um tipo de Ògún jovem e dinâmico,
entusiasta, era empreendedor, cheio de iniciativa, protetor
seguro, amigo fiel, e muito ligado à mãe.

Ògún Oniré – É o título de Ògún filho de Oniré, quando


passou a reinar em Ire, Oni = senhor, Ire = aldeia, o dono de
Iré, primeiro filho de Odúduwà. Oniré é um Ògún antigo que
desapareceu debaixo da terra. Usa também contas verdes.

Batista D’Obaluayê 26
Os Orixás e suas Qualidades

Guerreiro impulsivo é o cortador de cabeças, ligado à morte e


aos antepassados; orgulhoso, muito impaciente, arrebatado, não
pensa antes de agir, mas acalma-se rapidamente.

Ògún Olode – Epíteto do orixá destacando a sua condição de


chefe dos caçadores, originário de Kétu. Não come galo por ser
um animal doméstico. Amigo do mato, dos animais,
conhecedor dos caminhos, e é um guia seguro. Seu
temperamento solitário assemelha ao de Oxossi.

Ògún Popo – Seria o nome de Ògún quando foi à terra dos


Jeje, é um tipo fanático.

Ogun Waris: Nessa condição o orixá apresenta-se muitas


vezes com forças destrutivas e violentas. Segundo os antigos a
louvação patakori não lhe cabe, ao invés de agradá-lo ele
aborrece-se. Um dos seus mitos narra que ele ficou
momentaneamente cego.

Ògún Masa – Um dos nomes bastante comuns do orixá,


segundo os antigos é um aspecto benéfico do orixá quando
assim se apresenta. Há vários nomes de Ògún fazendo alusão a
cidades onde houve o seu culto, como Ògún Ando da cidade de
Ondo, Ekiti onde também há seu culto, etc. O orixá possui
vários nomes na África como no Brasil e com isso ganha as
suas particularidades e costumes.

Batista D’Obaluayê 27
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 28
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ IROKO/TEMPO

Batista D’Obaluayê 29
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 30
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ IROKO/TEMPO

Iroko ou Tempo, como também é conhecido, é um Orixá muito


antigo. Iroko foi à primeira árvore plantada e pela qual todos os
restantes Orixás desceram a Terra. Iroko é a própria
representação da dimensão Tempo.
Iroko, Iroco ou Roko (do iorubá Íròkò) é um orixá cultuado no
candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação
Jeje. Corresponde ao Inquice Tempo na nação Angola ou
Congo.
Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Iroko,
calado num canto, anotando todas as decisões que implicam
diretamente na sua ação eterna. É um Orixá pouco conhecido
dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a
criação está nos seus desígnios.

É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo


e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma
de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo.

Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como


Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do
nascimento ao infinito; cultuado no Egipto como Anúbis, o
deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres
desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também
venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os
Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no
Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado
como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e
conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade.

Batista D’Obaluayê 31
Os Orixás e suas Qualidades

É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do


tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o coletivo
das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.
Em África, a sua morada é a árvore iroko, Milícia excelsa
(antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada
“amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma
árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que
atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro.

No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita
a gameleira branca, Ficus gomelleira ou Ficus doliaria (também
chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e
gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter
uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um
“ojá” (laço de pano branco) ao seu redor.
Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais,
avós, bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a
morada dos Orixás.

Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que


desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue… Iroko
representa a história do Ylê (casa), assim como do seu povo…
protegendo-o sempre das tempestades.
Ao contrário da maioria dos orixás, este não costuma “baixar”
nas festas de santo, nem ser “feito” na cabeça dos fiéis. É
reverenciado por meio de oferendas à árvore que o representa.
Os animais a ele consagrados são a tartaruga e o papagaio.
Iroko é um Orixá pouco cultuado tanto no Brasil como em
Portugal, e os seus filhos também são muito raros. Os seus
filhos, no entanto, são sempre muito protegidos pelo seu Orixá.

Batista D’Obaluayê 32
Os Orixás e suas Qualidades

CARACTERISTICAS DOS FILHOS DE TEMPO /IROKO

Os filhos de Iroko são tidos como eloqüentes, ciumentos,


camaradas, inteligentes, competentes, teimosos, turrões e
generosos. Gostam de diversão: dançar e cozinhar; comer e
beber bem. Apaixonam-se com facilidade e gostam de liderar.
Dotados de senso de justiça, são amigos queridos, mas também
podem ser inimigos terríveis, no entanto, reconciliam-se
facilmente. Um defeito grande é o fato de não conseguirem
guardar segredos.

Batista D’Obaluayê 33
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 34
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OXOSSI

Batista D’Obaluayê 35
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 36
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OXOSSI

Oxossi é filho de Yemanjá e Oxalá, é o deus da caça e vive nas


florestas, onde moram os espíritos dos antepassados. Tem a
virtude de dominar os espíritos da floresta.

Na África era a principal divindade de Ilobu, onde era


conhecido pelo nome de Yrinlé ou Inlé, um valente caçador de
elefantes. Conduziu seu povo de Ilobu a guerra e os ensinou a
arte de guerrear, permanecendo até hoje nesta cidade. Ocupa
um lugar de destaque nos Candomblés em Salvador, isto
porque é o patrono de todos os terreiros tradicionais.
Oxossi é o único Orixá que entra na mata da morte, joga sobre
si uns pós-sagrados, avermelhados, chamados Arolé, que
passou a ser um de seus dotes. Este pó o torna imune à morte e
aos Eguns. Sendo ele um rei, carrega o Eyruquere (espanta
moscas) que só era usado pelos reis africanos, pendurado no
saiote.

Conta-se em uma lenda de Oxossi, que na cidade de Ifé


estavam em festas celebrando uma das colheitas de inhame, que
era de costume na época, no acontecimento da festa a cidade foi
invadida por um enorme pássaro sobre o teto do palácio do rei
Oduduwa. O pássaro era maléfico e estava a mando das
feiticeiras Yamim Oxorongá (senhoras dos pássaros). O rei
Olofin Oduduwa querendo que o animal fosse detido e morto,
ordenou que chamassem os caçadores ou arqueiros.
Da cidade de Ido veio Oxotogun (Osotogun), o caçador de
vinte flechas.

Batista D’Obaluayê 37
Os Orixás e suas Qualidades

De More veio Oxotadota, o caçador de cinquenta flechas.


E finalmente de Iremaa veio Oxotokanxoxo (Osotokansoso), o
caçador de uma flecha só.

A mãe de Oxotokanxoxo ficou com muito medo de seu filho


não conseguir abater o pássaro maléfico, foi procurar ajuda de
um Babalawo para que se filho tivesse sucesso na missão
ordenada por Oduduwa. Foi-lhe aconselhado a fazer um ebó
para acalmar a ira de Yamim Eleye (minha mãe dos pássaros).
Os 3 primeiros caçadores fracassaram, mas no exato momento
em que a mãe de Oxotokanxoxo oferecia a oferenda que foi
aconselhada pelo babalawo, Eleye (Passaro maléfico), baixou
sua guarda, e Oxotokanxoxo atirou sua única flecha atingindo-o
e matando Eleye. Todos da cidade de Ifé ficaram muito felizes
com o sucesso de o caçador ter conseguido matar o pássaro, e
todos festejaram alegres e cantando gritando “Osowusi!”
(Oxowuxi), que depois de muito tempo acabou se
transformando o nome para Oxossi (Ososi). Okê Arô, Arolê!

No Brasil, pricipalmente no Candomblé, Ibualama ou


Iboalamo, Inlè ou Erinlè é uma das qualidade ou um dos
caminhos de Oxóssi, marido de Oxum Ipondá ou Iepondá, e pai
de Logunedé ou Logum. Como os demais orixás Oxóssi é
caçador (um Odé), rei de Ketu e usa ofá (arco e flecha), mas se
veste de couro (roupas dos animais caçados) com chapéu e
chicote(erukere).

Oxóssi é o arquétipo daquele que busca ultrapassar seus limites.


A curiosidade e a observação são características das pessoas
consideradas filhas de Oxossi, orixá também da alegria, da

Batista D’Obaluayê 38
Os Orixás e suas Qualidades

expansão, que gosta de agir à noite, como os caçadores. São


faladores, ágeis e de raciocínio muito rápido.

QUALIDADES DO ORIXÁ OXOSSI

YBUALAMO – É velho e caçador. Come nas águas mais


profundas. Conta um mito que Ybualamo é o verdadeiro pai
de Logun Edé. Apaixonado por Oxum e vendo-a no fundo do
rio, ele atirou-se nas águas mais profundas em busca do seu
amor.

Sua vestimenta é azul celeste, como suas contas. Come


com Omolu Azoani. Usa um capacete feito de palha da costa e
um saiote de palha.

INLE – É o filho querido de Oxoguian e Yemonja. Veste-se de


branco em homenagem a seu pai. Usa chapéu com plumas
brancas e azuis claro. É tão amado que Oxoguian usa em suas
contas um azul claro de seu filho. Come com seu pai e sua mãe
(todos os bichos) e tem fundamento com Ogunjá.

DANA DANA – Tem fundamento com Exu, Ossain, Oxumaré


e Oyá. É ele o Orixá que entra na mata da morte e sai sem
temer Egun e a própria morte. Veste azul claro.

AKUERERAN – Tem fundamento com Oxumaré e Ossain.


Muitas de suas comidas são oferecidas cruas. Ele é o dono da
fartura. Ele mora nas profundezas das matas. Veste-se de azul
claro e tiras vermelhas. Suas contas são azul claro. Seus bichos

Batista D’Obaluayê 39
Os Orixás e suas Qualidades

são: pavão, papagaio e arara, tiram-se as penas e se solta o


bicho.

OTYN – Guerreiro e muito parecido com seu irmão Ogun, vive


na companhia dele, caçando e lutando. É muito manhoso e não
tem caráter fácil. Muito valente este sempre pronto a sacar sua
arma quando provocado. Não leva desaforos e castiga seus
filhos quando desobedecido. Usa azul claro e o vermelho, conta
azul, leva capangas, roupas de couro de leopardo e bode. Tem
que se dar comida a Ogum.

MUTALAMBO – Tem fundamento com Exu.

GONGOBILA – É um Oxossi jovem. Tem fundamento com


Oxalá e Oxum.

KOIFÉ - Não se faz no Brasil e na África, pois, muitos de seus


fundamentos estão extintos. Seus eleitos ficam um ano
recolhidos, tomando todos os dias o banho das folhas. Veste
vermelho, leva na mão uma espada e uma lança. Come com
Ossain e vive muito escondido dentro das matas, sozinho. Suas
contas são azuis claras, usa capangas e braceletes. Usa um
capacete que lhe cobre todo o rosto. Assenta-se Koifé e faz-se
Ybo, Ynlé ou Oxum Karé; trinta dias após, faz-se toda a
matança.

AROLÉ – Propicia a caça abundante. É invocado no Padé. É


um dos mais belos tipos de Oxossi. Um verdadeiro rei de Ketu.
As pessoas dele são muito antipáticas. Jovem e romântico gosta
de namorar, vive mirando-se nas águas, apreciando sua beleza.

Batista D’Obaluayê 40
Os Orixás e suas Qualidades

Come com Ogum e Oxum. Veste azul claro, aprecia a carne de


veado e é ágil na arte de caçar.

KARE – É ligado as águas e a Oxum, porém os dois não se dão


bem, pois, exercem as mesmas forças e funções. Come com
Oxum e Oxalá. Usa azul e um Banté dourado. Gosta de
pentear-se, de perfume e de acarajé. Bom caçador, mora sempre
perto das fontes.

WAWA – Vem da origem dos Orixás caçadores. Veste-se de


azul e branco, usa arco e flecha e os chifres do touro selvagem.
Come com Oxalá e Xangô, pois, dizem que ele fez sua morada
debaixo da gameleira. Está extinto, assenta-se ele e faz-se Airá
ou Oxum Karé.

WALÈ – É velho e usa contas azul escuro. É considerado


como rei na África, pois, seu culto é ligado, diretamente, a
pantera. É muito severo, austero, solteirão e não gosta das
mulheres, pois, as acha chatas, falam demais, são vaidosas e
fracas. Come com Exu e Ogum.

OSEEWE ou YGBO – É o senhor das floresta, ligado às


folhas e a Ossain, com quem vive nas matas. Veste azul claro e
usa capacete quase tapando o seu rosto.

OFÀ – Não é qualidade, significa, “o arco e a flecha do


caçador, sendo de Oxossi o seu principal apetrecho”.

TÁFÀ-TÁFÀ - O caçador arqueiro, aquele que é exímio


atirador de flechas, é predicado que se diz de Òsóòsì.

Batista D’Obaluayê 41
Os Orixás e suas Qualidades

ERINLÉ – É também outro Oxossi, que, a exemplo de Inlè,


cujo culto também caiu no obscurantismo, acabando por tornar-
se “qualidade de Oxossi”.

TOKUERÁN – O caçador é quem mata a caça, diz-se da


atuação do caçador.

OTOKÁN SÓSÓ – Embora muitas vezes seja citado como


uma qualidade, não é qualidade, é um oríkì que significa o
caçador que só tem uma flecha. Ele não precisa de mais
nenhuma flecha porque jamais erra o alvo.

Título que Oxossi recebeu ao matar o pássaro de Ìyámi Eléye.


Não fazendo parte do rol dos caçadores que possuíam várias
flechas, Oxossi era aquele que só tinha uma flecha.

Os demais erraram o alvo tantas vezes quantas flechas


possuíam, mas, Oxossi com apenas uma flecha foi o único que
acertou o pássaro de Ìyámi, ferindo-o com um tiro certeiro no
peito. Por essa razão é que ele não recebe mel, pois o mel é um
dos elementos fabricado pelas abelhas, que são tidas como
animais pertencentes a Oxum, mas, também às Ìyámi Eléye.
Então, é èèwò (proibição) para Oxossi.

Por essa razão também, é que se dá para Oxossi o peito inteiro


das aves, como reminiscência desses ìtàn.

Batista D’Obaluayê 42
Os Orixás e suas Qualidades

ARQUÉTIPO DE OXOSSI

Os filhos de Oxossi são pessoas de aparência calma, que podem


manter a mesma expressão quando alegres ou aborrecidas, do
tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são, de
forma alguma, pessoas insensíveis, só preferem guardar os
sentimentos para si.
São pessoas que podem parecer arrogantes e prepotentes, e às
vezes, não. Na realidade, os filhos de Oxossi são desconfiados,
cautelosos, inteligentes, atentos, selecionam muito bem as
amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas
pessoas.
Apesar de não confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das
quais não se teme deslealdade; são incapazes de trair até um
inimigo. Magoam-se com pequenas coisas e quando terminam
uma amizade é para sempre.
São do tipo que ouvem conselhos com atenção, respeitam a
opinião de todos, mas sempre fazem o que quer. Com
estratégia, acabam por fazer prevalecer a sua opinião e
agradando a todos.
Altos e magros, os filhos de Oxossi possuem facilidade para se
mover, mesmo entre obstáculos. O seu andar possui leveza e
elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo que não
façam nada para isso acontecer.
Gostam de solidão, isolam-se, ficam à espreita, observam
atentamente tudo o que se passa à sua volta. Curiosos,
percebem as coisas com rapidez, são introvertidos e discretos,
vaidosos, distraídos e prestativos, comportamento típico de um
caçador, provedor do seu povo.

Batista D’Obaluayê 43
Os Orixás e suas Qualidades

São honestos, desinteressados, altruístas e espontâneos. A sua


principal característica é a honestidade porque nunca esperam
recompensa por aquilo que fazem espontaneamente.
Geralmente são pessoas joviais, rápidas e espertas, tanto mental
como fisicamente. Tem portanto, grande capacidade de
concentração e de atenção, aliada à firme determinação de
alcançar seus objetivos e paciência para aguardar o momento
correto para agir.

São reservados, tendo forte ligação com o mundo material, sem


que esta tendência denote obrigatoriamente ambição e
instabilidade em seus amores.

Gostam de viver sozinhas, preferindo receber grupos limitados


de amigos. É portanto, o tipo de pessoa que lida bem com a
realidade material, sonha pouco, tem os pés ligados à terra.

Têm um grande inconveniente: são inconstantes, não


persistentes, seja qual for o motivo. Com muita freqüência,
após lutarem por um ideal, às vezes, às vésperas de consegui-lo
desistem e partem para nova idéia.

Geralmente, os filhos de Oxossi reúnem qualidades que são


muito importantes. Se alguém está doente, ele é aquele que vai
várias vezes visitar a pessoa, ver como está passando, se
interessa pelo bem-estar dos outros. Não se aborrecem com as
reclamações e ouvem lamúrias dos outros sempre com muita
atenção. Dão-se muito bem com qualquer faixa de idade.
Sentem-se mais à vontade em ambientes descontraídos.

Batista D’Obaluayê 44
Os Orixás e suas Qualidades

Não gostam de andar muito presos em roupas sociais. Não se


sentem bem em cerimônias muito formais. São dados a vida
muito singela. Não são dados ao luxo; tem verdadeira ojeriza a
tudo o que chama a atenção. São muito complacentes com a
aquisição de bens materiais, sendo desligados de tudo aquilo
que se refira a luxo.

Costuma mudar de atividade com relativa facilidade, mas na


possibilidade de lançar raízes em algum campo de negócio, são
profundos e seguros, jamais mudam.

O chefe de família, filho de Oxossi, é um tanto desligado do


lar, não que ele não se interesse pelos problemas familiares, é
que prefere ser servido a servir.

Batista D’Obaluayê 45
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 46
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OXUMARÉ

Batista D’Obaluayê 47
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 48
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OXUMARÉ
Oxumaré é simbolizado pela serpente. Sua tradução, quer dizer:
arco íris, bem como uma versão, essencialmente masculino, e
outra, como fêmea ou macho (Besèn e Frekuén). Bessèn, a
parte feminina de Oxumarè, que se transforma durante seis
meses do ano (também evidenciado pela sua mudança de pele).
Parente de Nanã e Obaluaiye, o que mostra sua relação com a
terra e seus ancestrais.
É a mobilidade e a atividade. Uma de suas obrigações, em suas
múltiplas funções, é a de dirigir o movimento, é o senhor de
tudo que é alongado.
O cordão umbilical, que está sob o seu controle; é o símbolo da
continuidade e permanência e, algumas vezes é representado
por uma serpente que se enrosca e morde a própria cauda. Sua
dupla natureza de macho e fêmea é simbolizada pelas cores
vermelha e azul que cercam o arco íris, ou, verde e amarelo
dependendo da região.
Também representa a riqueza, um dos benefícios mais
apreciados no mundo dos yorubás. Seus iniciados usam brajás,
longos colares de búzios, enfiados de maneira a parecer
escamas de uma serpente, e trazer na mão um ebiri, espécie de
vassoura feita com nervura das folhas de palmeira, ou Idan
duas cobras em ferro forjado.
Durante suas danças, apontam alternadamente para o céu e para
a terra. Através do arco íris, se torna o elemento de ligação
entre o céu e a terra, fazendo a ponte aiyé-orún, transporta
mensagens e oferendas.

Batista D’Obaluayê 49
Os Orixás e suas Qualidades

No Dahomé, chama-se Dan, na nação Angola, como Angoro,


sua saudação é Aroboboy.
Orixá cuja função principal é a de dirigir as forças que
produzem movimento, ação e transformação.
Por ser bissexual, tem uma natureza dupla; é representado na
mitologia daomeana por uma cobra e o arco-íris, que significam
a renovação e a substituição.
Durante seis meses é masculino, representado pelo arco-íris e
tem como incumbência levar as águas da cachoeira para o reino
de Oxalá no Orum (céu).
Nos outros seis meses, Oxumarê assume a forma feminina, e
nessa fase, seria uma cobra que vez ou outra se transforma em
uma linda deusa chamada Bessém. A dualidade de Oxumarê
faz com que ele carregue todos os opostos e antônimos básicos
dentro de si: bem e mal, dia e noite, macho e fêmea, doce e
amargo.
Como uma cobra, morde a própria cauda formando o símbolo
ocidental do Orobóros, gerando um movimento circular
contínuo que representaria a rotação da Terra e próprio
movimento incessante dos corpos celestes no espaço. Nas
lendas, aparece sempre como filho de Nanã e Oxalá.
No Brasil, seus iniciados usam o brajá, um longo colar de
búzios trabalhados de maneira a parecerem às escamas de uma
serpente.

Batista D’Obaluayê 50
Os Orixás e suas Qualidades

Durante sua dança, o iaô aponta os dedos para cima e para


baixo, alternadamente indicando os poderes do céu e da terra.
Em algumas regiões é cultuado como deus da riqueza,
simbolizado por uma grande cunha entre seus apetrechos de
culto.
Oxumarê está presente nas negociações, no pagamento das
contas, no recebimento de um prêmio, na compra, nos negócios
envolvendo gastos, lucros e despesas. Está presente nos bancos,
nas financeiras, enfim, nos lugares em que se manuseia
dinheiro.
Oxumarê era um babalaô que atendia o rei de Ifé. Porém não
era um homem de fama, não tinha riquezas nem poder. Sentia-
se humilhado, como humilhado vivera seu pai, conhecido pelo
nome de Senhor-do-xale-colorido. Oxumarê estava triste e foi
consultar um adivinho. Ele ensinou-lhe um ritual para tornar-se
rico e poderoso. Deveria oferecer uma faca de bronze e quatro
pombos, bem como oferecer búzios em boa quantidade.
Oxumarê, obediente pôs-se a fazer a oferenda, mas, nessa
mesma hora o rei mandou chamá-lo. Oxumarê recusou-se a
atender à ordem, dizendo que iria depois de terminada a
cerimônia. O rei ficou enfurecido com a ousadia e deixou de
pagar uma divida a Oxumarê.
Quando Oxumarê retornou à sua casa, recebeu um chamado de
Olocum rainha de um país vizinho, que necessitava de sua
sabedoria para a cura de seu filho. Ifá foi consultado por
Oxumarê que fez as oferendas necessárias e curou o filho de
Olocum.

Batista D’Obaluayê 51
Os Orixás e suas Qualidades

Em gratidão ela ofereceu-lhe riquezas, cavalos, escravos e um


lindo pano azul. Retornando a casa com um inestimável
tesouro, Oxumarê foi saudar o rei, que muito se admirou ao ver
a opulência do Babalaô antes tão pobre. Quis saber sobre os
presentes recebidos.
Oxumarê contou da cura do filho de Olocum. O rei, que tinha
uma rivalidade nata com quer que fosse não queria ficar a baixo
de Olocum. Então ofereceu a Oxumarê uma roupa vermelha
muito preciosa e muitos e muitos outros presentes foi assim que
Oxumarê tornou-se rico e respeitado.

QUALIDADES DO ORIXÁ OXUMARÉ

Oxumaré é o Orixá do arco-íris e da transformação. É o Orixá


das adivinhações, grande feiticeiro e curador. Tem dupla
representação, hora como arco-íris, hora como o homem
serpente. Traz nas mãos duas cobras de metal amarelado ou
branco, dependendo da qualidade. A sua saudação: A Run
Boboi! Quer dizer: Vamos cultuar o intermediário que é
elástico.

Dan – Corresponde ao nome Jeje de Oxumaré e, no Alakétu,


constitui uma qualidade deste último: é a cobra que participou
da criação. É uma qualidade benéfica, ligada à chuva, à
fertilidade e à abundância; gosta de ovos e de azeite de dendê.
Como tipo humano, é generoso e até perdulário.

Batista D’Obaluayê 52
Os Orixás e suas Qualidades

Dangbé – É um Oxumaré mais velho que seria o pai de Dan;


governa os movimentos dos astros. Menos agitado que Dan
possui uma grande intuição e pode ser um adivinho esperto.

Bessém – Dono do terreiro do Bogun veste-se de branco e leva


uma espada. Bessém é um nobre e generoso guerreiro, um tipo
ambicioso, combativo de Oxumaré, menos afetado e menos
superficial que Dan. Aido Wedo, também é uma qualidade de
Oxumaré conhecida no Bogun.

Azaunodor – É o príncipe de branco que reside no Baobá,


relacionado com os antepassados; come frutas e “leva tudo de
dois”.

Frekuen – É o lado feminino de Oxumaré, representado pela


Serpente mais venenosa. O lado masculino de Oxumaré é
geralmente representado pelo Arco-Íris.

O orixá possui ainda vários outros nomes na África como no


Brasil, que como acontece com todos os outros Orixás, se
refere a cidades, lendas ou cultos específicos de uma
determinada região, e com isso ganha suas particularidades e
costumes; alguns dessas outros nomes são: Akemin, Botibonan,
Besserin, Dakemin, Bafun, Makor, Arrolo, Danbale, Foken,
Darrame, Araka, Averecy, Akoledura e Bakilá.
É muitas vezes discutida também a sua natureza andrógina, ou
se quisermos, a sua dupla natureza masculina e feminina.

O orixá possui ainda vários outros nomes na África como no


Brasil, que como acontece com todos os outros Orixás, se

Batista D’Obaluayê 53
Os Orixás e suas Qualidades

referem a cidades, lendas ou cultos específicos de uma


determinada região, e com isso ganha suas particularidades e
costumes; alguns dessas outros nomes são: Akemin, Botibonan,
Besserin, Dakemin, Bafundeka, Makor, Arrolo, Danbale,
Foken, Darrame, Araka, Averecy, Akoledura e Bakilá.

ARQUÉTIPOS DE OXUMARÉ

São pessoas que tendem à renovação e à mudança.


Periodicamente mudam tudo na sua vida de maneira radical:
mudam de casa, de amigos, de religião, de emprego; vivem
rompendo com o passado e buscando novas alternativas para o
futuro, para cumprir seu ciclo de vida: mutável, incerto, de
substituições constantes.
São magras. Como as cobras possuem olhos atentos, salientes,
difíceis de encarar, mas ‘não enxergam’. São pessoas que se
prendem a valores materiais e adoram ostentar suas riquezas;
São orgulhosas, exibicionistas, mas também generosas e
desprendidas quando se trata de ajudar alguém.
Extremamente activas e ágeis, estão sempre em movimento e
acção, não podem parar.
São pessoas pacientes e obstinadas na luta pelos seus objectivos
e não medem sacrifícios para alcançá-los. A dualidade do orixá
também se manifesta nos seus filhos, principalmente no que se
refere às guinadas que dão nas suas vidas, que chegam a ser de
180 graus, indo de um extremo a outro sem a menor
dificuldade. Mudam de repente da água para o vinho, assim
como Oxumaré, o Grande Deus do Movimento.
Um lindo Itan sobre esse grande Orixá.

Batista D’Obaluayê 54
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OBALUAYÊ /OMOLU

Batista D’Obaluayê 55
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 56
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OBALUAYÊ/OMOLU
Obaluayê é o rei da terra. A sua vestimenta é feita de ìko; uma
fibra de ráfia extraída do Igí-Ògòrò, a “palha da costa”,
elemento de grande significado ritualístico, principalmente em
ritos ligados à morte e o sobrenatural, sua presença indica que
algo deve ficar oculto. Compostos de duas partes o “Filá” e o
“Azé”, a primeira parte, a de cima que cobre a cabeça é uma
espécie de capuz trançado de palha da costa, acrescido de
palhas em toda sua volta, que passam da cintura, o Azé, seu
asó-ìko (roupa de palha) é uma saia de palha da costa que vai
até os pés em alguns casos, em outros, acima dos joelhos, por
baixo desta saia vai um Xokotô, espécie de calça, também
chamado “cauçulú”, em que oculta o mistério da morte e do
renascimento. Nesta vestimenta acompanha algumas cabaças
penduradas, onde supostamente carrega seus remédios. Ao
vestir-se com ìko e cauris, revela sua importância e ligação com
a morte.
Sua festa anual é o Olubajé. Tido como filho de Nanã no Brasil,
a sua origem, forma, nome e culto em África é bastante
variado, de acordo com a região, essa variação de nomes é em
conformidade com a região, Obaluaiyé ou Xapanã em Tapá
(Nupê) chegando ao território Mahi ao norte do Daomé; Sapata
é a sua versão Fon, trazida pelos Nagôs. Em alguns lugares se
misturam, em outros são deuses distintos, confundidos até com
Nanã Buruku; Omolu em keto e Abeokutá. O seu parentesco
com Oxumaré e Iroko é observado em Keto (vindo de Aisê
segundo uns e Adja Popo segundo outros), onde se pode ver
uma lança (oko Omolu) cravada na terra, esculpida em madeira
onde figuram esses três personagens mencionados, também em
Fita próximo de Pahougnan, território Mahi, onde o rei Oba

Batista D’Obaluayê 57
Os Orixás e suas Qualidades

Sereju, recebera o fetiche Moru, três fetiches ao mesmo tempo


Moru (Omolu), Dan (Oxumaré) e Loko (Iroko).

QUALIDADES DE OBALUAYÊ /OMOLU

Afoman /Akavan: Tem ligação com Exu. Afomo significa


contagiante, infeccioso.
Arinwarun (ou wariwaru): É um título de xapanan.

Azonsu / Ajansu / Ajunsu: Tem fundamentos com Oxalá,


Oxumare e Ogum. É extrovertido. É ligado ao tempo, as
estações do ano e ao culto da terra. É o verdadeiro dono do
cuscuzeiro. Veste de vermelho, preto e branco, na perna
esquerda leva uma pulseira de aço.

Azoani: É jovem, veste preto e branco. Tem caminhos com


Iroko, Oxumaré, Iemanjá e Oyá.

Arawe / Arapaná: Tem fundamento com Oyá.

Ajoji / Ajagun: Tem fundamentos com Ogun e Oxagian.

Avimaje / Ajiuziun: Tem fundamento com Nana e Ossain.

Ahosuji / Segí: Tem ligação com Yemanjá e Oxumare / Besén.

Afenan: É velho, dança curvada, veste a estopa e carrega duas


bolsas de onde tira as doenças. Veste de amarelo e preto. Todas
as plantas trepadeiras pertencem-lhe. Tem caminhos com
Oxumaré e Oyá, de quem é companheiro, dança cavando a terra
com Intoto para depositar os corpos que lhe pertencem.

Batista D’Obaluayê 58
Os Orixás e suas Qualidades

Intoto: Suas contas são vermelhas e pretas. É um orixá


cultuado em seu assentamento e não vira na cabeça de
ninguém. O Iyàwó é feito de Oxum ou Azoani. Dá-se comida a
terra. Este orixá é Abìkú, portanto não se raspa, pois representa
o fundo da terra. Come com Ewá, Oyá e Ikú. Seus assentos são
cultuados ao lado de Nanã e Yemanjá.

Jagun Agbagba: Tem fundamento com Oyá.

Jagu Jagun ou Ajagun: É jovem e guerreiro; leva na mão uma


lança chamada okó; Tem caminhos com Ogunjá, Oxaguian,
Ayrá, Exu e Oxalufan. Não come feijão preto e é o único que
come Igbin (Caracol).

Posun/Posuru: É o mesmo Azunsun do Gege, louvado como


Possun no ketu e na Angola, tanto é Iroko como Tempo. Come
diretamente da terra. Sua dança mostra claramente sua ligação
discreta com Exu e com a terra, dança com garras na mão. Tem
caminhos com Intoto, Iroko e Oyá.

Savalu / Sapekó: Tem forte fundamento com Nanã.

Soponna / Sapata / Sakpatá: É o mais antigo; é proibido falar


o seu nome. Na África quando se fala o seu nome, coloca-se
mel na boca. Come com Exu e tem fundamento nas
encruzilhadas. Tem caminhos com Oxossi e é o deus da varíola
e das doenças de pele. Usa contas brancas e pretas.

Tetu / Etetu: É jovem e guerreiro. Come com Ogum e Oyá.


Veste de branco, preto e vermelho.

Batista D’Obaluayê 59
Os Orixás e suas Qualidades

ARQUETIPO DE OBALUAYÊ OMOLU

Os filhos de Omolú são pessoas extremamente pessimistas e


teimosas que adoram exibir os seus sofrimentos, daqueles que
procuram o caminho mais longo e difícil para atingir algum
fim.

Deprimidos e depressivos, são capazes de desanimar o mais


otimista dos seres; acham que nada pode dar certo, que nada
está bom. Às vezes, são doces, mas geralmente possuem
manias de velho, como a rabugice.

Gostam der dar ordens, gostam que as coisas saiam da maneira


que planejaram. Não são do tipo que levam desaforo para casa
e se se sentirem ofendidos respondem no ato, não importa a
quem. Pensam que só eles sofrem, que ninguém os
compreende. Não possuem grandes ambições.

Podem apresentar doenças de pele, marcas no rosto, dores e


outros problemas nas pernas. São pessoas sem muito brilho,
sem muita beleza. São perversos e adoram irritar as pessoas;
são lentos, exigentes e reclamam de tudo.

São reprimidos, amargos e vingativos. É difícil relacionar-se


com eles. Parece que os filhos de Omolú são pessoas que
possuem muitos defeitos e poucas qualidades, mas eles têm
várias, e uma qualidade pode compensar qualquer defeito: são
extremamente prestativos e trabalhadores. São amigos de
verdade.

Batista D’Obaluayê 60
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ XANGÔ

Batista D’Obaluayê 61
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 62
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ XANGÔ

As suas cores são o vermelho e branco. A sua saudação é:


Kawó kabiyèsílé! Venha ver o Rei descer sobre a terra! Na sua
dança, o alujá, Xangô brande orgulhosamente seu oxé e assim
que a cadência se acelera, ele faz um gesto de quem vai pegar
num labá (sua bolsa) imaginário, que contém as pedras de raio,
e lançá-las sobre a terra.

Shango ou Sango é Orixá, de origem Yorubá. Seu mito conta


que foi Rei da cidade de Oyo, identificado no jogo
do merindilogun pelos odu obará, ejilaxebora e representado
materialmente e imaterial pelo candomblé, através do
assentamento sagrado denominado igba xangô.
Pierre Verger dá como resultado de suas pesquisas
que: Shango ou Xangô, como todos os outros imolè (orixás e
ebora), pode ser descrito sob dois aspectos: histórico e divino.
Como personagem histórico, Xangô teria sido o terceiro
Aláàfìn Òyó, "Rei de Oyo", filho de Oranian e Torosi, a filha
de Elempê, rei dos tapás, aquele que havia firmado uma aliança
com Oranian.
Shango, no seu aspecto divino, permanece filho de Oranian,
divinizado, porém, tendo Yemanjá como mãe e três divindades
como esposas: Oyá, Oxum e Obá.
Shango orixá dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do
fogo. É viril e atrevido, violento e justiceiro; castiga os
mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Por esse motivo, a
morte pelo raio é considerada infamante. Da mesma forma,
uma casa atingida por um raio é uma casa marcada pela cólera
de xangô.

Batista D’Obaluayê 63
Os Orixás e suas Qualidades

Sacerdote de Sango - Magba


Sacerdotisa de Sango - Iya Magba
Atabaque de Sango - Ilu bata
Toque favorito - Alujá
Fruto favorito - Orogbo
Bichos - Akunko, Agutan, Ajapá
Comida - Amalá

Foi ele quem criou o culto de Egungun, sendo ele o único Orixá
que exerce poder sobre os mortos. Xangô é a roupa da morte,
por este motivo não deve faltar nos Egbòs de Ikù e Egun, o
vermelho que lhe pertence. Ao se manifestar nos Candomblés,
não deve faltar em sua vestimenta uma espécie de saieta, com
cores variadas e fortes, que representam as vestes dos Eguns.

Xangô criador de Culto a Egungun


Xangô é o fundador do culto aos Eguns, somente ele tem o
poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itã.
"Em um dia muito importante, em que os homens estavam
prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyámi
Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e
tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos
correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando
os supostos espíritos. As Iyámis ficaram furiosas com Xangô e
juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava
distraído atendendo seus súditos, sua filha brincava
alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyámis Ajé
atacaram, derrubaram a Adubaiyani filha de Xangô que ele
mais adorava. Xangô ficou desesperado, não conseguia mais
governar seu reino que até então era muito próspero, foi até

Batista D’Obaluayê 64
Os Orixás e suas Qualidades

Orunmilá, que lhe disse que Iyami é quem havia matado sua
filha, Xangô quis saber o que poderia fazer para ver sua filha só
mais uma vez, e Orunmilá lhe disse para fazer oferendas ao
Orixá Iku (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos
mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de
Orunmilá.

Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle


absoluto dos mistérios de Egungun (ancestrais), estando agora
sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Eguns,
e se tornando estritamente proibida a participação de mulheres
neste culto, caso essa regra seja desrespeitada provocará a ira
de Olorun. Xangô, Iku e dos próprios Eguns, este foi o preço
que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas
ancestrais."

Xangô foi o quarto rei lendário de Oyo (Nigéria, África),


tornado Orixá de caráter violento e vingativo, cuja
manifestação é o fogo, o Sol, os Raios, as Tempestades e
os trovões. Filho de Oranian, teve várias esposas sendo as mais
conhecidas: Oyá, Oxum e Obá. Xangô é viril e justiceiro;
castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Sua
ferramenta é o Oxê: machado de dois gumes.

Enquanto Oxossi é considerado o Rei da nação de ketu, Xangô


é considerado o rei de todo o povo yorubá. Orixá do fogo,
dos raios e das tempestades, Xangô foi um grande rei que
unificou todo um povo. Foi ele quem criou o culto de Egungun,
muitos Orixás possuem relação com os Egunguns, mas, ele é o
único Orixá que, verdadeiramente, exerce poder sobre os

Batista D’Obaluayê 65
Os Orixás e suas Qualidades

mortos, Egungun. Xangô é a roupa da morte, Axó Iku, por este


motivo não deve faltar nos Egbòs de Ikù e Egun, o vermelho
que lhe pertence. Ao se manifestar nos Candomblés, não deve
faltar em sua vestimenta uma espécie de saieta, com cores
variadas e fortes, que representam as vestes dos Eguns

Xangô era forte, valente, destemido e justo. Era temido, e ao


mesmo tempo adorado. Comportou-se em algumas vezes como
tirano, devido a sua ânsia de poder, chegando até mesmo a
destronar seu próprio irmão, para satisfazer seu desejo. Filho
de Yamasse (Torosi) e de Oraniã, foi o regente mais poderoso
do povo yorubá. Ele também tem uma ligação muito forte com
as árvores e a natureza, vindo daí os objetos que ele mais
aprecia o pilão e a gamela; o pilão de Xangô deve ter duas
bocas, que representam a livre passagem entre os mundos,
sendo Xangô um ancestral (Egungun). Da natureza, ele
conseguiu profundos conhecimentos e poderes de feitiçaria, que
somente eram usados quando necessário. Tem também uma
forte ligação com Oxumaré, considerado por ele como seu fiel
escudeiro.

Xangô é cultuado no Brasil, sob 12 (doze) qualidades. Vale


salientar, que muitos seguem cegamente as ditas qualidades de
Xangô da Bahia, e não é bem assim, por exemplo, Airá é outro
Orixá que não se dá com Xangô. Reza a lenda que Ayra era
muito próximo de Xangô, e quando Oxalufã, em visita ao reino
de Xangô, foi erroneamente confundido com um ladrão, teve
suas pernas quebradas e foi preso. Uma vez Xangô percebendo
o engano, mandou que o tirassem da prisão, o limpassem e
dessem a ele vestimentas condizentes com a grandiosidade de

Batista D’Obaluayê 66
Os Orixás e suas Qualidades

Oxalufã, porém Oxalufã estava viajando e teria ainda outros


lugares para ir. Por ser muito velho e agora com as pernas
tendo sido quebradas, a locomoção havia sido afetada, fazendo
que Oxalufã andasse curvado e muito vagarosamente. Xangô
então mandou que Ayrá levasse Oxalufã nas costas até a
próxima cidade. Ayrá, percebendo ali a sua grande
oportunidade, durante o caminho se voltou contra Xangô,
falando a Oxalufã que Xango sabia que ele estava preso,
acabando por ganhar a confiança de Oxalufã, que o tomou para
si; razão pela qual Ayrá usa branco, mas nao é um fun-fun.
Xangô que não suporta traições se irritou com a atitude de Ayrá
cortando relações com ele, desde então eles jamais devem ser
cultuados juntos ou mantidos na mesma casa.

QUALIDADES DO ORIXÁ XANGÔ

Alufan: É idêntico a um Airá. Confundido com Oxalufan.


Veste branco e suas ferramentas são prateadas.

Alafim: É o dono do palácio real, governante de Oyó. Vem


numa parte de Oxalá e caminha com Oxaguian.

Afonjá: É o dono do talismã mágico dado por Oyá a mando de


Obatalá; é aquele que fulmina seus inimigos com o raio. Come
com Yemanjá sua mãe. Patrono de um dos terreiros mais
tradicionais e antigos da Bahia, o Axé Opô Afonjá, é o Xangô
da casa real de Oyó. Xangô Afonjá é aquele que está sempre
em disputa com Ogum. Um dos mitos que relata tal passagem
nos conta que Afonjá e Ogum sempre lutaram entre si, ora

Batista D’Obaluayê 67
Os Orixás e suas Qualidades

disputando o amor da mãe, Iemanjá, ora disputando o amor de


suas eternas mulheres, Oyá, Oxum e Oba.

Aganju: Significa terra firme. Tem perna de pau e é casado


com Yemanjá. É o filho mais novo de Oranian. É o mais cruel,
é aquele que leva o coração do inimigo na ponta da lança, é o
Xangô amaldiçoado que matou e comeu a própria mãe.

Agogo / Agodo / Ogodo: Muito ruim e brutal, inclinado a dar


ordens e a ser obedecido, foi ele quem raptou obá. Come com
Yemanjá. Neste caminho; Xangô segura dois Oxês (machados).
Sendo o seu èdùn àrà composto de dois gumes e é originário de
Tapá. É aquele que, ao lançar raios e fogo sobre seu próprio
reino, e o destrói.

Baru: Veste-se de marrom e branco. Conta o mito em que


Xangô recebe de Oxalá um cavalo branco como presente. Com
o passar do tempo, Oxalá voltou ao reino de Xangô Baru, onde
foi aprisionado, passando sete anos num calabouço. Calado no
seu sofrimento, Oxalá provocou a infertilidade da terra e das
mulheres do reino de Baru. Mas Xangô Baru, com a ajuda dos
babalawos, descobriu seu pai Oxalá preso no calabouço de seu
palácio. Naquele dia, ele mesmo e seu povo vestiram-se de
branco e pediram perdão ao grande orixá da criação,
terminando o ato com muita festa e com o retorno de Oxalá a
seu reino. Assim seus descendentes míticos agirão sempre
como um jovem desconfiado, ambicioso, elegante, teimoso,
hospitaleiro, galante; neste avatar, e somente neste, Xangô
surge como um rei humilde e solidário com a causa de seu
povo.

Batista D’Obaluayê 68
Os Orixás e suas Qualidades

Badè: É o mais jovem vodum da família do raio, cujo chefe é


Keviosso, corresponde ao Xangô jovem dos nagôs.

É o irmão de Loko. Usa roupa azul com faixa atada atrás.

Jakuta: É aquele que atira as pedras, é a encarnação dos raios e


trovões. É a própria ira de Olorun, o Deus criador. É o senhor
do edun-ará, a pedra de raio. Conta o mito que o reino de Jacutá
foi atacado por guerreiros de povos distantes, num dia em que
seus súditos descansavam e dançam ao som dos tambores.
Houve muita correria, muita morte, muitos saques. Jacutá
escapou para a montanha seguido de seus conselheiros, donde
apreciava o sofrimento de seu povo. Irado, o rei chamou sua
mulher Iansã, que, chegando com o vento, levou consigo a
tempestade e seus raios. Os raios de Iansã caíram como pedras
do céu, causando medo aos invasores, que fugiram em
debandada. Mais uma vez, Jacutá fora acudido por Iansã, e
mais, sua eterna amante deu-lhe, dessa feita, o poder sobre as
pedras de raio, o edun-ará. Gente de Jacutá tem espírito de um
velho pensador, justiceiro, incansável, brutal, colérico,
impiedoso, preocupado com a causa dos outros.

Koso ou Obacossô: Em sua passagem pela cidade de Kossô,


Xangô recebe o nome de Obacossô, ou seja, o rei de Kossô.
Conta o mito que, depois de passar pela terra dos tapas, Xangô
refugiou-se na cidade de Kossô, mas a dor de haver destruído
seu povo, levou o rei a suicidar-se. No momento da morte de
Xangô, Iansã chegou ao Orum e, antes que Xangô se tornasse
um Egun, pediu a Olodumare que o transforme num orixá.
Assim Xangô foi feito orixá pelo pedido de sua mulher Yansã.

Batista D’Obaluayê 69
Os Orixás e suas Qualidades

Os filhos de Obacossô são serenos, tiranos, cruéis, agressivos,


severos, amorosos, moralistas.

Oranifé: É o justiceiro, reto e impiedoso, que mora na cidade


de ifé.

Tapa: É muito conhecido pelo seu temperamento imperioso e


viril. Não perdoa os erros de seus filhos.

Airá Intile: É o filho rebelde de Obatalá. Airá Intilé foi um


filho muito difícil, causando dissabores a Obatalá. É dele o
mito que conta a primeira vez que Airá Intilé se submeteu a
alguém. Airá tinha sempre ao pescoço colares de contas
vermelhas que Obatalá desfez e alternou as contas encarnadas
com as contas brancas dos seus próprios colares. Obatalá
entregou a Intilé o seu novo colar, vermelho e branco. Daquele
dia em diante, toda terra saberia que ele era seu filho. E para
terminar o mito, Obatalá fez com que Airá Intilé o levasse de
volta ao seu palácio pelo rio, carregando-o em suas costas.
Neste caminho, Airá Intilé dá aos seus filhos um ar altivo e de
sabedoria, prepotente, equilibrado, intelectual, severo,
moralista, decidido.

Airá Igbonam (Agoynham) ou Ibonã: É considerado o pai do


fogo, tanto que na maioria dos terreiros, no mês de junho de
cada ano, acontece à fogueira de Airá, rito em que Ibonã dança
sempre acompanhado de Iansã, dançando e cantando sobre as
brasas escaldantes das fogueiras.

Batista D’Obaluayê 70
Os Orixás e suas Qualidades

Airá Mofe, Osi ou Adjaos: É o eterno companheiro de


Oxaguiã.

Alguns constam ainda Oranian, que seria seu pai; Dadá seu
irmão, Aganju um dos seus sucessores, Ogodo que segura dois
oxés, sendo o seu èdùn àrà composto de dois gumes e é
originário de tapá; Os Airá seriam muito velhos, sempre
vestidos de branco e usando segi (contas azuis) em lugar dos
corais vermelhos, e seriam originários da região de Savê.

Existe também opinião formada por muitos, baseada na


mitologia e nas diversas fontes sobre as origens de Xangô, que
Oranian seria seu pai; Dadá seu irmão, Aganju um dos seus
sucessores, e Ogodo, o que segura dois oxés, sendo o seu èdùn
àrà composto de dois gumes e é originário de tapá.

Os Airá são as qualidades de Xangô muito velhos, sempre


vestidos de branco e usando segi (contas azuis) em lugar dos
corais vermelhos, e serão originários da região de Savê. Há, no
entanto atualmente quem considere que Airá seria um Orixá
diferente e não uma qualidade de Xangô. Esta questão requer
ainda algum estudo e pesquisa séria.

ARQUÉTIPO DE XANGÔ

Para a descrição dos arquétipos psicológico e físico das pessoas


que correspondem a Xangô, deve-se ter em mente uma palavra
básica: Pedra. É da rocha que eles mais se aproximam no

Batista D’Obaluayê 71
Os Orixás e suas Qualidades

mundo natural e todas as suas características são balizadas pela


habilidade em verem os dois lados de uma questão, com
isenção e firmeza granítica que apresentam em todos os
sentidos.
Atribui-se ao tipo Xangô um físico forte, mas com certa
quantidade de gordura e uma discreta tendência para a
obesidade, que se ode manifestar menos ou mais claramente de
acordo com os Ajuntós (segundo e terceiro Orixá de uma
pessoa). Por outro lado, essa tendência é acompanhada quase
que certamente por uma estrutura óssea bem-desenvolvida e
firme como uma rocha.
Tenderá a ser um tipo atarracado, com tronco forte e largo,
ombros bem desenvolvidos e claramente marcados em
oposição à pequena estatura; A mulher que é filha de Xangô,
pode ter forte tendência à falta de elegância. Não que não saiba
reconhecer roupas bonitas - tem, graças à vaidade intrínseca do
tipo, especial fascínio por indumentárias requintadas e caras,
sabendo muito bem distinguir o que é melhor em cada caso.
Mas sua melhor qualidade consiste em saber escolher as roupas
numa vitrina e não em usá-las. Não se deve estranhar seu jeito
meio masculino de andar e de se portar e tal fato não deve
nunca ser entendido como indicador de preferências sexuais,
mas, numa filha de Xangô é um processo de comportamento a
ser cuidadosamente estabelecido, já que seu corpo pode
aproximar-se mais dos arquétipos culturais masculinos do que
femininos; ombros largos, ossatura desenvolvida, porte
decidido e passos pesados, sempre lembrando sua consistência
de pedra.

Batista D’Obaluayê 72
Os Orixás e suas Qualidades

Em termos sexuais, Xangô é um tipo completamente


mulherengo. Seus filhos, portanto, costumam trazer essa marca,
sejam homens, sejam mulheres (que estão entre as mais
ardentes do mundo).
Os filhos de Xangô são tidos como grandes conquistadores, são
fortemente atraídos pelo sexo oposto e a conquista sexual
assume papel importante em sua vida. São honestos e sinceros
em seus relacionamentos mais duradouros, porque para eles
sexo é algo vital, insubstituível, mas o objeto sexual em si não é
merecedor de tanta atenção depois de satisfeito desejo.
Psicologicamente, os filhos de Xangô apresentam uma alta
dose de energia e uma enorme auto-estima, uma clara
consciência de que são importantes, dignos de respeito e
atenção, principalmente, que sua opinião será decisiva sobre
quase todos os tópicos - consciência essa um pouco egocêntrica
e nada relacionada com seu real papel social.
Os filhos de Xangô são sempre ouvidos; em certas ocasiões por
gente mais importante que eles e até mesmo quando não são
considerados especialistas num assunto ou de fato capacitados
para emitir opinião.
Porém, o senhor de engenho que habita dentro deles faz com
que não aceitem o questionamento de suas atitudes pelos
outros, especialmente se já tiverem considerado o assunto em
discussão encerrado por uma determinação sua. Gostam
portanto, de dar a última palavra em tudo, se bem que saibam
ouvir. Quando contrariados porém, se tornam rapidamente
violentos e incontroláveis.

Batista D’Obaluayê 73
Os Orixás e suas Qualidades

Nesse momento, resolvem tudo de maneira demolidora e rápida


mas, feita a lei, retornam a seu comportamento mais usual. Em
síntese, o arquétipo associado a Xangô está próximo do déspota
esclarecido, aquele que tem o poder, exerce-o inflexivelmente,
não admite dúvidas em relação a seu direito de detê-lo, mas
julga a todos segundo um conceito estrito e sólido de valores
claros e pouco discutíveis.

É variável no humor, mas incapaz de conscientemente cometer


uma injustiça, fazer escolha movido por paixões, interesses ou
amizades.

Os filhos de Xangô são extremamente enérgicos, autoritários,


gostam de exercer influência nas pessoas e dominar a todos,
são líderes por natureza, justos honestos e equilibrados, porém
quando contrariados, ficam possuídos de ira violenta e
incontrolável.

Batista D’Obaluayê 74
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ YANSÃ

Batista D’Obaluayê 75
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 76
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ YANSÃ

Iansã é um Orixá feminino muito famoso no Brasil, sendo


figura das mais populares entre os mitos da Umbanda e do
Candomblé em nossa terra e também na África, onde é
predominantemente cultuada sob o nome de Oiá.

É um dos Orixás do Candomblé que mais penetrou no


sincretismo da Umbanda, talvez por ser o único que se
relaciona, na liturgia mais tradicional africana, com os espíritos
dos mortos (Eguns), que têm participação ativa na Umbanda,
enquanto são afastados e pouco cultuados no Candomblé.
Em termos de sincretismo, costuma ser associada à figura
católica de Santa Bárbara. Iansã costuma ser saudada após os
trovões, não pelo raio em si (propriedade de Xangô ao qual ela
costuma ter acesso), mas principalmente porque Iansã é uma
das mais apaixonadas amantes de Xangô, e o senhor da justiça
não atingiria quem se lembrasse do nome da amada. Ao mesmo
tempo, ela é a senhora do vento e, consequentemente, da
tempestade. Nas cerimônias da Umbanda e do Candomblé,
Iansã, ela surge quando incorporada a seus filhos, como
autêntica guerreira, brandindo sua espada, e ao mesmo tempo
feliz.

Batista D’Obaluayê 77
Os Orixás e suas Qualidades

Ela sabe amar, e gosta de mostrar seu amor e sua alegria


contagiantes da mesma forma desmedida com que exterioriza
sua cólera. Como a maior parte dos Orixás femininos
cultuados inicialmente pelos iorubás, é a divindade de um rio
conhecido internacionalmente como rio Níger, ou Oiá, pelos
africanos, isso, porém, não deve ser confundido com um
domínio sobre a água. A figura de Iansã sempre guarda boa
distância das outras personagens femininas centrais do panteão
mitológico africano, se aproxima mais dos terrenos
consagrados tradicionalmente ao homem, pois está presente
tanto nos campos de batalha, onde se resolvem as grandes lutas,
como nos caminhos cheios de risco e de aventura - enfim, está
sempre longe do lar; Iansã não gosta dos afazeres domésticos.
É extremamente sensual, apaixona-se com frequência e a
multiplicidade de parceiros é uma constante na sua ação,
raramente ao mesmo tempo, já que Iansã costuma ser íntegra
em suas paixões; assim nada nela é medíocre, regular, discreto,
suas zangas são terríveis, seus arrependimentos dramáticos,
seus triunfos são decisivos em qualquer tema, e não quer saber
de mais nada, não sendo dadas a picuinhas, pequenas traições.

É o Orixá do arrebatamento, da paixão.

Batista D’Obaluayê 78
Os Orixás e suas Qualidades

Foi esposa de Ogum e, posteriormente, a mais importante


esposa de Xangô. É irrequieta, autoritária, mas sensual, de
temperamento muito forte, dominador e impetuoso. É dona dos
movimentos (movimenta todos os Orixás), em algumas casas é
também dona do teto da casa, do Ilê.
Iansã é a Senhora dos Eguns (espíritos dos mortos), os quais
controla com um rabo de cavalo chamado Eruexim - seu
instrumento litúrgico durante as festas, uma chibata feita de
rabo de um cavalo atado a um cabo de osso, madeira ou metal.
É ela que servirá de guia, ao lado de Obaluaiê, para aquele
espírito que se desprendeu do corpo. É ela que indicará o
caminho a ser percorrido por aquela alma. Comanda também a
falange.dos.Boiadeiros.
Duas lendas se formaram, a primeira é que Iansã não cortou
completamente relação com o esposo e tornou-se sua amante; a
segunda lenda garante que Iansã e Ogum, tornaram-se inimigos
irreconciliáveis depois da separação. Iansã é a primeira
divindade feminina a surgir nas cerimônias de cultos afro-
brasileiros.
Deusa da espada do fogo, dona da paixão, da provocação e do
ciúme. Paixão violenta, que corrói que cria sentimentos de
loucura, que cria o desejo de possuir, o desejo sexual.

Batista D’Obaluayê 79
Os Orixás e suas Qualidades

É a volúpia, o clímax. Ela é o desejo incontido, o sentimento


mais forte que a razão. A frase estou apaixonado, tem a
presença e a regência de Iansã, que é o orixá que faz nossos
corações baterem com mais força e cria em nossas mentes os
sentimentos mais profundos, abusados, ousados e desesperados.
É o ciúme doentio, a inveja suave, o fascínio enlouquecido. É a
paixão propriamente dita. É a falta de medo das conseqüências
de um ato impensado no campo amoroso. Iansã rege o amor
forte,xviolento.
Foi à única mulher de Xangô que o acompanhou na sua fuga
para a terra de Tapa, mas se desencorajou em Ira, sua cidade
natal, onde, de acordo com o ditado “Oyà wole ni ile Ira,
Xangô wole ni Koso” (Oyà entrou na terra na casa de Ira,
Xangô entrou em Koso), ela suicidou-se ao receber a noticia da
morte de Xangô. Oya tornou-se a divindade do Rio Níger. Os
tornados e tempestades são as marcas do seu descontentamento.

QUALIDADES DO ORIXÁ YANSÃ

Oyà Biniká
Oyà Seno
Oyà Abomi
Oyà Gunán
Oyà Bagán

Batista D’Obaluayê 80
Os Orixás e suas Qualidades

Oyà Onìrá
Oyà Kodun
Oyà Maganbelle
Oyà Yapopo
Oyà Onisoni
Oyà Bagbure
Oyà Tope
Oyà Filiaba
Oyà Semi
Oyà Sinsirá
Oyà Sire
Oyà Gbale ou Igbale (aquela que retorna a terra) que se
subdivide em:
Oyà Gbale Funán
Oyà Gbale Fure
Oyà Gbale Guere
Oyà Gbale Toningbe
Oyà Gbale Fakarebo
Oyà Gbale De
Oyà Gbale Min
Oyà Gbale Lario
Oyà Gbale Adagangbará

Estas Oyàs Gbale ou Igbale estão ligadas ao culto dos mortos,


quando dançam parecem expulsar as almas errantes com seus
braços. Tem forte fundamento com Omulu, Ogun e Exu.

Oyà Petu – Nesse aspecto ela convive com Xangô. Senhora


dos ventos, esposa de Xangô e amante de Ossain, fundamento
com as árvores e suas folhas, guerreira usa cobre.

Batista D’Obaluayê 81
Os Orixás e suas Qualidades

Oyà Mesan – Um de seus epítetos. Espírito meio animal meio


mulher, foi esposa de Oxossi e Xangô.

Oyà Onira – Rainha da cidade de Ira, guerreira e agressiva,


companheira de Oxum, dona das estradas, principalmente com
nas encruzilhadas, tem quizila com Ogum.

Oyà Odo – Simboliza o amor e o sexo, o prazer, fundamento


na água.

Oyà Bagan – Fundamento com Oxossi

Oyà Egunita – Fundamento com Ogum Wari e Ode

Oyà Onisoni – Fundamento com Omulú

Oyà Tope – Uma de suas formas. Fundamento com Ogum


Soroquê

Oyà Agangbele – Nesse caminho mostra a dificuldade quando


a geração de filhos.

Oyà Lesseyen – Uma das Igbales que mora no próprio


Lesseyen.

Batista D’Obaluayê 82
Os Orixás e suas Qualidades

Oyà Ate Oju – Orixá Igbale num aspecto difícil de Oyá


quando caminha com Nana.

Oyà Ogaraju – uma das mais antigas no Brasil.

Oyà Arira – Uma de suas formas.

Oyà Doluo – Eró Ossain; culto Nagô.

Oyà Kodun – Eró com Oxaguian.

Oyà Bamila – Eró Olufon.

Oyà Kedimolu – Eró Oxumare = Omolu

ARQUETIPOS DE OYÁ

Para os filhos de Iansã, viver é uma grande aventura. Enfrentar


os riscos e desafios da vida são os prazeres dessas pessoas, tudo
para elas é festa. Escolhem os seus caminhos mais por paixão
do que por reflexão. Em vez de ficar em casa, vão á luta e
conquistam o que desejam.
São pessoas atiradas, extrovertidas e diretas, que jamais
escondem os seus sentimentos, seja de felicidade, seja de
tristeza.

Batista D’Obaluayê 83
Os Orixás e suas Qualidades

Entregam-se a súbitas paixões e de repente esquecem, partem


para outra, e o antigo parceiro é como se nunca tivesse existido.
Isso não é prova de promiscuidade, pelo contrário, são
extremamente fiéis à pessoa q amam, mas só enquanto amam.
Estas pessoas tendem a ser autoritárias e possessivas; o seu
gênio muda repentinamente sem que ninguém esteja preparado
para essas guinadas. Os relacionamentos longos só acontecem
quando controlam os seus impulsos, aí, são capazes de viver
para o resto da vida ao lado da mesma pessoa, que deve
permitir que se tornem os senhores da situação.
Os filhos de Iansã, na condição de amigos, revelam-se pessoas
confiáveis, mas cuidado, os mais prudentes, no entanto, não
ousariam confiar-lhe um segredo, pois, se mais tarde acontecer
uma desavença, um filho de Iansã não pensará antes de usar
tudo o que foi contado como arma.
O seu comportamento pode ser explosivo, como uma
tempestade, ou calmo, como uma brisa de fim de tarde. Só uma
coisa o tira do sério: mexer com filho seu é o mesmo q
comprar uma briga com a morte; batem em qualquer um,
crescem no corpo e na raiva, matam se for preciso.
É o das mulheres audaciosas, poderosas e autoritárias, mulheres
que pode ser fiel e de lealdade absoluta em certa circunstancias,
mais que, em outro momentos, quando contrariada, em seu
projetos e empreendimentos, deixam-se levar a manifestações,
da mais extrema cólera. Mulheres, enfim, cujo temperamento
sensual é voluptuoso, pode levá-las a aventuras amorosas e
extraconjugais múltiplas e freqüentes, sem reservas nem
decência, o que não as impedem de continuarem muito
ciumentas dos seus maridos, por elas mesma enganados.

Batista D’Obaluayê 84
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OBÁ

Batista D’Obaluayê 85
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 86
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OBÁ

É muito temperamental e violenta, não recusa uma batalha.


Divindade das pedras das encostas. Divide seus fundamentos
com OYA, ÒSÓÒSÌ, SÀNGÓ e YEMONJA. Veste o marrom
rajado de branco ou fundo branco com marrom, mas ela é mais
bonita no amarelo e vermelho, com contas iguais, uma amarela
e outro vermelho ou amarelo leitoso e de laranja. Traz uma
espada e um escudo de cobre, às vezes, um arco e flecha nas
mãos.

Obá é um Orixá ligado à água, guerreira e pouco feminina. As


suas roupas são vermelhas e brancas, usa um escudo,
uma espada e uma coroa de cobre. Usa também um pano na
cabeça para esconder a orelha cortada.

O tipo psicológico dos filhos de OBÁ constitui o estereotipo da


mulher de forte temperamento, terrivelmente possessiva e
carente. Ao contrário de IANSÃ, é mulher de um homem só,
fiel e sofrida. São combativas, impetuosas e vingativas.
Obá é um ORIXÁ que raramente se manifesta e há pouco
estudo sobre ela.

Obá é a mulher consciente do seu poder, que luta e reivindica


os seus direitos, que enfrenta qualquer homem – menos aquele
que tomar o seu coração. Ela abraça qualquer causa, mas rende-
se a uma paixão. Obá é a mulher que se anula quando ama.
Obá nasceu do ventre rasgado de Iemanjá após o incesto de
Orugan. Em toda a África Obá era cultuada como a grande
deusa protetora do poder feminino, por isso também é saudada

Batista D’Obaluayê 87
Os Orixás e suas Qualidades

como Iyá Agbá, e mantém estreitas relações com as Iya Mi.


Era uma mulher forte, que comandava as demais e desafiava o
poder masculino.

Obá lutou contra todos os Orixás, venceu a batalha contra


Oxalá, derrotou Xangô e Orunmilá, e tornou-se temida por
todos os deuses. Embora Obá se tenha transformado num rio, é
uma deusa relacionada ao fogo.

Obá é saudada como o Orixá do ciúme, mas não se pode


esquecer que o ciúme é o corolário inevitável do amor,
portanto, Obá é um Orixá do amor, das paixões, com todos os
dissabores e sofrimentos que o sentimento pode
acarretar. Obá tem ciúme porque ama.

O lado esquerdo (Osì) sempre esteve relacionado à mulher e,


por uma razão muito elementar, é o lado do coração.
Quando Obá é saudada como guardiã da esquerda, isso quer
dizer que é a guardiã de todas as mulheres, aquela que
compreende os sentimentos do coração, pois Obá pensa com o
coração.

Como pode uma deusa ligada a esses sentimentos, dedicar-se à


guerra? Toda a energia das suas paixões frustradas é canalizada
por ela para a guerra, tornando-se a guerreira mais valente, que
nenhum homem ousa enfrentar. Obá supera a angústia de viver
sem ser amada.

Obá troca um palácio por uma cabana, troca todas as riquezas


do mundo por uma frase: “Eu te amo”.

Batista D’Obaluayê 88
Os Orixás e suas Qualidades

CARACTERISTICAS DOS FILHOS DE OBÁ

Os filhos de Obá não tem muito jeito para se comunicar com as


pessoas, chegam a ser duros e inflexíveis. Têm dificuldade em
ser gentis e estabelecer um canal de comunicação afetiva com
os outros; às vezes são brutos e rudes afastando as pessoas. Isso
se deve ao fato de os filhos de Obá, na maioria das vezes,
sofrerem certo complexo de inferioridade achando que as
pessoas que se aproximam querem tirar partido de alguma
coisa. De fato, isso tende a acontecer com os filhos de Obá.

A sua sinceridade chega a ferir; expressam as suas opiniões,


fazem críticas e acabam por magoar as pessoas, pois não se
preocupam em ser agradáveis. Mas essa agressividade é
puramente defensiva. São bons companheiros e amigos fiéis,
são ciumentos e possessivos no amor, por isso não têm muita
sorte. Quando apaixonados, nunca são senhores da relação,
cedem em tudo, abdicam de todas as suas convicções.

Infelizes no amor investem todas as suas cartas nas suas


carreiras e, de entre as mulheres que se destacam
profissionalmente numa sociedade machista, podem-se
encontrar muitas filhas de Obá. Muitas vezes despertam a
inveja dos seus inimigos e podem sofrer algumas emboscadas,
por isso devem vencer a tendência que possuem para a
ingenuidade.

Batista D’Obaluayê 89
Os Orixás e suas Qualidades

QUALIDADES DO ORIXÁ OBÁ

- OBÁ SYIO;
- OBÁ LODÉ;
- OBÁ LOKE;
- OBÁ TERÀ;
- OBÁ LOMYIN .
- ORIKI

ÓBA, ÓBA, ÓBA. Orixá ciumento, terceira esposa de


XANGO. Ela, que por ciúme, fez incisões em todo corpo. Que
fala muito de seu marido, que anda nas madrugadas com as
ayé. ÓBA paciente, que come cabrito logo pela manhã. ÓBA
não foi com o marido a Koso, ficou para discutir com OXUN
sobre comida. ÓBA valoriza os braços do marido, diz que é a
parte de seu corpo que ela prefere. ÓBA sabe o que é bom.

Batista D’Obaluayê 90
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OXUM

Batista D’Obaluayê 91
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 92
Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OXUM

Divindade calma veste-se sempre de cores claras, de


preferência amarelas que é a sua cor consagrada; porém,
dependendo da qualidade, òsun guerreira pode vestir-se de cor
de rosa, òsun velha de branco e azul claro; òsun Ijimu, por
exemplo, usa uma saia azul claro, òja e adé cor de rosa. Òsun
leva na mão direita seu leque ritual, o abèbé de latão ou
qualquer outro metal dourado, com uma sereia, um peixe ou até
mesmo uma pequena pomba no centro.

O número de òsun sendo dezesseis, o colar terá dezesseis fios,


dezesseis firmas (ou duas, ou quatro) que podem ser de
divindades com as quais ela tem afinidade, ou com as quais sua
filha estiver relacionada: Òsòsi, Sàngó, Yémánjá, por exemplo.
Òsun dança os ritmos ijesa, com passos miúdos, segurando
graciosamente a saia.

O toque Ijèsà é ritmado como o balanço das águas tranqüilas, e


muito apreciado pelos fiéis. Quando estão Presentes Òsòsi e
Logun Edé acompanham òsun. ògún também dança com òsun
os ritmos Ijèsà, assim como òsányín. No terreiro jeje do Bogun,
òsun (ÍYÁLODE) dança o bravum como Naná. Ela se banha no
rio, penteia seus cabelos, põe suas jóias, anéis e pulseiras.

Batista D’Obaluayê 93
Os Orixás e suas Qualidades

No dia do deká de uma filha de Yansan (Oya Bale) daquela


casa, òsun manifestou-se para disputar Sàngó, empurrando-a e
dançando, provocante, diante do deus do trovão.

Mãe da água doce, Rainha das cachoeiras, deusa da candura e


da meiguice, dona do ouro. Oxum é a Rainha de Ijexá. Orixá da
prosperidade, da riqueza, ligada ao desenvolvimento da criança
ainda no ventre da mãe.
Oxum exerce uma ampla influência no comportamento dos
seres humanos, regendo principalmente o lado teimoso e
manhoso, além daquele espírito maquiavélico que existe em
todos nos.
Dizem que “a vingança é um prato que deve ser servido frio” e
a articulação da vingança e seus pormenores tem a influência
desta força da Natureza. No bom sentido, Oxum é o “veneno”
das palavras, é o comportamento piegas das pessoas, é a forma
“metida”, esnobe, apresentada, principalmente pelo sexo
feminino. Oxum é o cochicho, o segredinho, a fofoca.
Geralmente está presente quando um grupo de mulheres se
reúne. É o seu habitat, pois está encantada nas conversas, nos
risinhos, nos comentários, nas intriguinhas.
Oxum rege o charme, o it, a pose. Tudo que está ligado à
sensualidade, à sutileza, ao dengo, tem a regência de Oxum.
Esta força é que desenvolve tais sentimentos e comportamentos
nos indivíduos, sendo o sexo feminino o mais influenciado.

Batista D’Obaluayê 94
Os Orixás e suas Qualidades

Oxum também é o flerte, o namoro, a paquera, o carinho. É o


amor, puro, real, maduro, solidificado, sensível. Oxum não
chega a ser a paixão. Esta é Iansã. Oxum é o amor, aquele
verdadeiro. Ela propicia e alimenta este sentimento nos
homens, fazendo-os ser mais calmos e românticos.
Realmente, Oxum é a Deusa do Amor. Sua força está presente
no dia-a-dia, pois quem não ama de verdade? Embora o mundo
de hoje esteja tumultuado demais, ainda existe espaço no
coração do homem para o amor. Ele ainda existe, e Oxum é
quem gera este sentimento mágico. Aliais, Oxum está muito
intimamente ligada à magia. É sabido pelo povo do candomblé
que o filho de Oxum são muito chegados ao feitiço. E isso tem
explicação: Oxum é a divindade africana mais ligada às Yámi
Oxorongá, feiticeiras, bruxas. Com elas aprendeu a arte da
magia. Por isso, os filhos de Oxum são tão poderosos nesta
arte.
Mas a magia está presente em quase tudo que fazemos,
principalmente no que se refere ao coração, ao sentimento.
Oxum é o encanto desses momentos, sua presença se dá nessas
horas.
Oxum é o sentimento doce, equilibrado, maduro, sincero,
honesto. É o sentimento definitivo, aquele que dura a toda a
vida. Oxum é a paz no coração, é o saber que “amo e sou
amado”.
Mas ele se encanta também na manha, no denguinho feminino,
na vontade de ter algo, apenas por ter. Ela é o mimo, a
menininha mal acostumada.

Batista D’Obaluayê 95
Os Orixás e suas Qualidades

É a sensualidade do “biquinho” feminino, quando quer uma


coisa. É o charme!
Oxum também é a água doce, o olho d’água, onde encanta seu
filho Logun-Éde. É a cachoeira, o rio, que também tem a
regência de seu filho. É a queda da água da cascata.
Regente do ouro, ela está presente e se encanta em joalherias e
outros lugares onde se trabalha com ouro, seu metal predileto e
de regência absoluta. É a protetora dos ourives. Oxum é o
próprio outro, e está presente em todas as peças e jóias feitas
com este metal.
Entretanto, a regência mais fascinante de Oxum é a
fecundação, melhor, o processo de fecundação. Na
multiplicação da célula mater – que vai gerar a criança, a nova
vida no ventre – Exu entrega a regência para Oxum, que vai
cuidar do embrião, do feto, até o nascimento. É Oxum que vai
evitar o aborto, manter a criança viva e sadia na barriga da mãe.
É Oxum que vai reger o crescimento desta nova vida que
estará, neste período de gestação, numa bolsa de água – como
ela, Oxum, rainha das águas. É sem duvida alguma, uma das
regências mais fascinantes, pois é o inicio, a formação da vida.
E Oxum “tomará conta” até o nascimento, quando, então,
entregará para Yiá Ori (Iemanjá), que dará destino àquela
criança.
Como disse antes, Oxum é uma força da Natureza muito
presente em nossas vidas, já que todos nós fomos gerados no
útero materno; todos nós convivemos ainda na barriga da mãe,
com Oxum e, num breve sentimento de carinho e amor,

Batista D’Obaluayê 96
Os Orixás e suas Qualidades

estaremos desenvolvendo esta força dentro de nós. Oxum é o


amor e a capacidade de sentir amor. E se amamos algo ou
alguém é porque ela está viva dentro de nós

QUALIDADES DO ORIXÁ OXUM


Dizem que há dezesseis òxum; obtive dados sobre as seguintes:
ÒSUN ABALU (Agba ilu) é uma velha òsun, a mais idosa de
todas, e chefe das mulheres. Maternal avó amorosa é uma
mulher que tem numerosos filhos e netos. Mas é bastante
severa e autoritária. Usa azul claro. E abèbé

ÒSUN IJIMU (ou Ajímu, ou Jimu) é outro tipo de Òsun velha.


Veste-se de azul claro ou cor de rosa. Leva abèbé e seus colares
são feitos de contas de cristal amarelo escuro. Representa um
tipo semelhante a Abalu, mas talvez mais meiga.

IYA OMI é a òsun saudada no siré, também idosa. É aquela


que faz as perguntas a Exu no jogo divinatório de Ifá.

ÒSUN ABOTO é uma òsun muito jovem e vaidosa, que usa


colares de contas de louça amarelo claro.

ÒSUN APARÁ seria a mais jovem das Òsun, e um tipo


guerreiro que acompanha Ògún (ou Sàngó) vivendo com ele
pelas estradas; dança com ele quando se manifestam, juntos
numa festa; leva uma espada na mão e pode vestir-se de cor de
rosa.

Batista D’Obaluayê 97
Os Orixás e suas Qualidades

ÒSUN AJAGURA, outra oxum guerreira que leva espada,


jovem, casada com Aganju, rival de Yasan. Representa um tipo
semelhante à Apará; Apara parece, porém mais agressiva, e
Ajugura mais orgulhosa.

YEYE OKE é, provavelmente, a mesma que Yeye Loke, tipo


muito guerreiro.

YEYE PONDÁ (ou oxum Ipondá) é também uma oxum


Guerreira, casada com Òsòsi Iboalama, mãe de Logun Edé
.Yeye Pondá é a verdadeira oxum ijesa que veio de Ijesa ou de
Ipondá Vive no mato com o marido, leva uma espada e veste-se
de amarelo ouro. E desconfiada, astuta, observadora, intuitiva.

YEYE ODO é a oxum das fontes; talvez seja a mesma que íyá
mi Odo ou Iya Nodo, um tipo Yemánjá.

YEYE OGA é uma oxum velha e rabugenta.

YEYE KARÉ é um tipo de oxum mais velha, autoritária é


guerreira e agressiva.

ÒSUN Ê WUJ Í é uma oxum maternal e generosa, saudada no


pàdé.

YEYE IPETU deve ser Oya Petu.

Batista D’Obaluayê 98
Os Orixás e suas Qualidades

ARQUÉTIPOS DA OXUM

Seus filhos dão muito valor à opinião pública, fazem qualquer


coisa para não chocá-la, preferindo contornar as suas diferenças
com habilidade e diplomacia. São obstinadas na procura dos
seus objetivos.
Oxum é o arquétipo daqueles que agem com estratégia, que
jamais esquecem as suas finalidades; atrás da sua imagem doce
esconde-se uma forte determinação e um grande desejo de
ascensão social.
Tem uma certa tendência para engordar, a imagem do gordinho
risonho e bem-humorado combina com eles. Gostam de festas,
vida social e de outros prazeres que a vida lhes possa oferecer.
Tendem a uma vida sexual intensa, mas com muita discrição,
pois detestam escândalos.
Não se desesperam por paixões impossíveis, por mais que
gostem de uma pessoa, o seu amor-próprio é muito maior. Eles
são narcisistas demais para gostar muito de alguém.
Graça, vaidade, elegância, uma certa preguiça, charme e beleza
definem os filhos de Oxum, que gostam de jóias, perfumes,
roupas vistosas e de tudo que é bom e caro.
O lado espiritual dos filhos de Oxum é bastante aguçado.
Talvez por isso, algumas das maiores Yalorixás da história do
Candomblé, tenham sido ou sejam de Oxum.
São pessoas extremamente vaidosas, adoram, espelhos,
perfumes roupas caras, jóias. São amantes da beleza e da
vaidade. E da vida sexual.
São muito sensíveis a qualquer emoção, calmos, tranqüilos e
emotivos, normalmente têm uma facilidade muito grande para
o choro.

Batista D’Obaluayê 99
Os Orixás e suas Qualidades

O arquétipo psicológico associado a Oxum se aproxima da


imagem que se tem de um rio, das águas que são seu elemento;
aparência da calma que pode esconder correntes, buracos no
fundo, grutas tudo que não é nem reto nem direto, mas pouco
claro em termos de forma, cheio de meandros.
Faz parte do tipo, uma certa preguiça coquete, uma ironia
persistente, porém discreta e, na aparência, apenas
inconseqüente. Pode vir a ser interesseiro e indeciso, mas seu
maior defeito é o ciúme.
É muito desconfiado e possuidor de grande intuição, que muitas
vezes é posta a serviço da astúcia, conseguindo tudo que quer
com imaginação.
Os filhos de Oxum preferem contornar habilmente um
obstáculo a enfrentá-lo de frente. Sua atitude lembra o
movimento do rio, quando a água contorna uma pedra muito
grande que está em seu leito, em vez de chocar-se
violentamente contra ela, por isso mesmo, são muito
persistentes no que buscam, tendo objetivos fortemente
delineados, chegando mesmo a ser incrivelmente teimosos e
obstinados.
Entretanto, ás vezes, parecem esquecer um objetivo que antes
era tão importante, não se importando mais com o mesmo. Na
realidade, estará agindo por outros caminhos, utilizando outras
estratégias.
Oxum é assim: bateu, levou. Não tolera o que considera injusto
e adora uma pirraça. Da beleza à destreza, da fragilidade à
força, sempre com um toque feminino de bondade.

Batista D’Obaluayê 100


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ LOGUM-EDÉ

Batista D’Obaluayê 101


Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 102


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ LOGUM-EDÉ
Logunedé ou Logun Ede, do ioruba Lógunède, é
um orixá africano que na maioria dos mitos costuma ser
apresentado como filho de Oxum Ipondá e Oxossi Inlè ou
Érinle. Segundo as lendas, vive seis meses nas matas caçando
com Oxossi e seis meses nos rios pescando com Oxum. É
cultuado na nação Ijexá como sua mãe, mas também nas nações
Ketu e Efan, sendo o seu culto muito difundido no Rio de
Janeiro.
No entanto, existem outras versões acerca de sua filiação. Se na
maioria dos mitos, Logunedé surge como filho de Oxum e
Oxossi, em outros, um pouco mais raros, aparece como filho de
Ogum e Iansã. Há, ainda, histórias que contam a lenda de
Logunedé como filho desses quatro Orixás, apresentando-o
como nada mais, nada menos que uma representação dos
Orixás Gêmeos, Ibeji.
Simultaneamente caçador e pescador, Logunedé é o herdeiro
dos axés de Oxum e Oxossi que se fundem e se mesclam como
mistério da criação, trata-se de um orixá que tem a graça, a
meiguice e a faceirice de Oxum à alegria, à expansão de
Oxossi.
Se Oxum confere a Logunedé axés sobre a sexualidade, a
maternidade, a pesca e a prosperidade, Oxossi lhe passa os axés
da fartura, da caça, da habilidade, do conhecimento.
Essa característica de unir o feminino de Oxum ao masculino
de Oxossi, muitas vezes o leva a ser representado como uma
criança, um menino pequeno ou adolescente, formando mais
uma tríade sagrada na História das religiões. Com Logunedé,
completa-se o triângulo iorubá pai, mãe e filho que também se

Batista D’Obaluayê 103


Os Orixás e suas Qualidades

repete nas trilogias católica (Pai, Mãe e Espírito Santo), egípcia


(Ísis, Osíris e Hórus), hindu e tantas outras.
Como símbolo da pureza, muitas vezes Logunedé também é
visto como um ser andrógino. Ao contrário do que muitos
pensam Logun-Edé não é de características masculina e
feminina, não é bissexual. Na verdade possui uma grande
relação com Oxum, sua mãe e com Erinlé, seu pai, trazendo
consigo a personalidade desses dois Orixás e algumas
características marcantes, mas nada que o transforme em um
hermafrodita que durante seis meses é Oboró e seis meses
Ìyábá como algumas pessoas assim o dizem e usam deste
artifício para denotações homossexuais.
Existem templos para Logun Ede em Ilesa, seu lugar de origem,
onde em alguns itans é citado como um corajoso e poderoso
caçador, que tamanha coragem é relacionada a de um leopardo.
Casado com três esposas. De culto diferenciado e totalmente
ligado ao culto a Oxum, é um Orixá de extremo bom gosto.
Seus objetos devem permanecem junto aos assentos de Oxum
e sempre quando agradado devemos agradar sua mãe. Tem
predileção ao dourado, é um Orixá muito vaidoso, é
considerado o mais elegante de todos os Orixás.
De Oxum, sua mãe, Logun-Edé herdou o lado belo e vaidoso.
Pois Oxum lança mão de seu dom sedutor para satisfazer a
ambição de ser a mais rica e a mais reverenciada. Deusa da
fertilidade, na Nigéria é dela o rio que leva o seu nome e no
Brasil dela são as águas doces dos lagos, fontes e rios. Água
que mata a sede dos humanos e da terra, que assim se torna
fecunda e fornece os alimentos essenciais à vida.

Batista D’Obaluayê 104


Os Orixás e suas Qualidades

Oxum menina dengosa, passando pela mulher irresistível até a


senhora protetora, Oxum é sempre dona de uma personalidade
forte, que não aceita ser relegada a segundo plano, afirmando-
se em todas circunstâncias da vida. Com seus atributos, ela
dribla os obstáculos para satisfazer seus desejos.
De Erinlé, seu pai, Herdou o dom da caça, pois Erinlé é da
família dos Odes e seu símbolo é o ofá, a lança de caça e o
ogue. Erinlé é a representação do desenvolvimento do homem,
conhece os segredos da caça, também símbolo de prosperidade
e formação de comunidades. Ele busca o alimento com
coragem e é considerado o guerreiro das matas, é corajoso, viril
e Logun-Edé tem estas características, é um Orixá guerreiro.
Mas se, em várias tradições, ele é considerado um orixá
masculino, em algumas é confundido com a homossexualidade
ou a bissexualidade, o que ocorre quando se interpreta ao pé da
letra o mito que afirma viver Logun-Edé seis meses como
homem e seis meses como mulher. Na verdade, a interpretação
mais aceita seria que essa se trata de uma metáfora para falar
dos axés herdados por ele de seus pais, Oxum e Oxossi.
Após ser abandonado e viver com Ogum, aprende com ele as
artes da guerra e da metalurgia. É coroado por Iansã como o
príncipe dos Orixás. É amigo íntimo de Yewá, seriam eles os
Orixás que se complementam, considerados o par perfeito.
Num mito raro, Logunedé se perde no caminho entre as casas
de Oxum e Oxossi, é encontrado pelo velho Omolu que o
ampara e protege. Com Omolu, Logunedé aprende a arte da
cura e a feitiçaria. O seu primeiro nome, Logun, no Brasil se
mesclou ao segundo, Edé, nome da cidade iorubá na qual o seu

Batista D’Obaluayê 105


Os Orixás e suas Qualidades

culto se fortaleceu, formando Logunedé. Logun pode ser uma


abreviatura de Ologun que, em iorubá, quer dizer feiticeiro.
Então, feiticeiro, caçador, pescador, príncipe guerreiro, esses
são alguns títulos, alguns epítetos dados à Logunedé. Para Mãe
Menininha do Gantois, "Logun é santo menino que velho
respeita". Costuma ser cultuado no candomblé, mas não
na umbanda.
Logun-Edé é o Orixá originado do encanto, ou encantamento
de Oxossi e Oxum. Divindade dos rios, senhor da pesca. Vive
seis meses com o pai, Oxossi, na caça e seis meses com a mãe,
Oxum, na água doce. Ambos ensinariam a Logun-Edé a
natureza dos seus domínios.
Logun-Edé não é um Orixá “metá-metá”, ou seja, um Orixá de
dois sexos, embora divida o tempo com os pais, Logun-Edé é
um Orixá masculino. Ele é a beleza em pessoa, o encanto dos
jovens, o namoro, o flerte. Rege a ingenuidade do jovem, a
adolescência, a beleza adolescente. O seu encanto está no
primeiro beijo, no primeiro abraço, no primeiro carinho. Está
presente no brilho do olhar, no perfume das flores e numa
paisagem singela. É também o deus da arte, o príncipe do que é
belo, das águas doces, da caça, da alegria.
Logun-Edé está encantado nos pequenos animais, como o
coelho, o porquinho-da-índia e os pequenos pássaros, no mato
baixo, nas matas pouco densas e principalmente nos rios, sua
morada predileta. Está ligado às artes de pintar, esculpir,
escrever, dançar, cantar; como o seu pai Oxossi e ligado ao
banho, pois também é filho de Oxum, deusas das águas doces.

Batista D’Obaluayê 106


Os Orixás e suas Qualidades

QUALIDADES DE LOGUN-EDÉ

Logun Edé Loko: Tem fundamentos com Exu.

Logun Edé Ybain: É um recém-nascido

Apanan: Todos comem com Exu e Oxossi. Seus fundamentos


estão em sua mãe de criação, Oxum Onira, sem ela Logun não
caminha. Toda pessoa de Logun tem que assentar
Oxum Onira e de Oxum Onira tem que assentar Logun.
Assenta-se também Ybualamo, Yponda e Opará.

ARQUÉTIPO DE LOGUN-EDÉ
Os filhos de Logun Edé possuem as características de Oxum,
ou seja, narcisismo, vaidade, gosto pelo luxo, sensualidade,
beleza, charme, elegância. Tem também características em
comum com Oxóssi, ou seja, beleza, vaidade, cautela,
objectividade e segurança.
No entanto, há características de Logun Edé que não pertencem
nem a Oxum nem a Oxóssi. Na verdade, ele reúne o arquétipo
de ambos, mas de forma superficial. A superficialidade é a
marca dos filhos de Logun Edé, porque eles, ao contrário dos
filhos de Oxóssi e de Oxum não têm certeza do que são nem do
que querem. As qualidades de Oxum e de Oxóssi amenizam-se
em Logun Edé, mas, em compensação, os defeitos são
exacerbados. Dessa forma, os filhos de Logun Edé são
extremamente soberbos, arrogantes e prepotentes.
Mas algo não se pode negar: os filhos de Logun Edé são
bonitos e possuem olho-de-gato, algo que atrai e repele ao
mesmo tempo. São mandões, os donos da verdade, os mais

Batista D’Obaluayê 107


Os Orixás e suas Qualidades

belos, cujo ego não cabe em si. Melhor não lhes fazer elogios
em sua presença, a não ser que queira ver sua imensa cauda de
pavão abrindo-se em leque. Quando têm consciência de que
conseguem controlar os seus defeitos, os filhos de Logun Edé
tornam-se pessoas muito agradáveis.
Os filhos de Logun Odé não andam! Pairam sobre o ar!
Geralmente são pessoas elegantes, graciosas, com
personalidade marcante. Possuem, em geral, dons artísticos e
grande habilidade manual. Geralmente possuem alegria
contagiante, sendo extremamente brincalhões. Em geral, são
amantes da fartura e da vaidade, vivem bem, vestem-se bem e
são ambiciosos. Em geral são extremamente generosos, sempre
prontos a ajudar os outros. Com freqüência, são delicados, com
sentimentos nobres. São em geral, sociais e participativos,
tendo um grande círculo de amizades. Com freqüência vivem
muitas relações afetivas e são excelentes genitores. Em geral
sempre procuram novas atividades. Geralmente são líderes
natos.
Em geral, possuem vaidade exacerbada e gastam sem controle.
Podem ser extremamente infantis e instáveis. Geralmente
envolvem-se em muitas relações afetivas transitórias, o que
pode levar à promiscuidade. Normalmente acham-se superiores
as outras pessoas, sendo extremamente orgulhosos. Podem ser
extremamente sensíveis e se estiverem bem emocionalmente,
estão prontos para tudo, quando contrariados, entram em
depressão. Com freqüência envolvem-se em atividades de risco
ou experiências perigosas o que pode levar a envolvimento com
drogas e bebidas. Geralmente possui ambição exagerada, o que
pode levar a atitudes maquiavélicas. Podem ser interesseiros e
falsos quando desejam alguma coisa.

Batista D’Obaluayê 108


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ YEMANJÁ

Batista D’Obaluayê 109


Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 110


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ YEMANJÁ

São 16 as qualidades, e por possuírem características tão


próprias, há quem chegue a considerar que se trata de orixás
individuais (independentes) das outras qualidades. Aqui, no
entanto, e por não haver consenso quanto a esta questão, e
muito estudo e pesquisa ser ainda necessário, vai encarar como
qualidades de um único orixá, tal como fazemos com todos os
outros.

Iyemanjá, Yemanjá, Yemaya, Iemoja "Iemanjá" ou Yemoja,


é um orixá africano, cujo nome deriva da
expressão Iorubá "Yèyé omo ejá" ("Mãe cujos filhos são
peixes"), identificada no jogo do merindilogun pelos
odu ejibe e ossá, representado materialmente e imaterial
pelo candomblé, através do assentamento sagrado
denominado igba yemanja.
Na Mitologia Yoruba, a dona do mar é Olokun que é mãe
de Yemanjá, ambas de origem Egbá.
Yemojá, que é saudada como Odò (rio) ìyá (mãe) pelo
povo Egbá, por sua ligação com Olokun, Orixá
do mar (masculino (em Benin) ou feminino (em Ifé)), muitas
vezes é referida como sendo a rainha do mar em outros países.
Cultuada no rio Ògùn em Abeokuta
Pierre Verger no livro Dieux D'Afrique[1] registrou: "Iemanjá,
é o orixá dos Egbá, uma nação iorubá estabelecida outrora na
região entreIfé e Ibadan, onde existe ainda o rio Yemanja. Com
as guerras entre nações iorubás levaram os Egbá a emigrar na

Batista D’Obaluayê 111


Os Orixás e suas Qualidades

direção oeste, para Abeokuta, no início do século XIX. Não


lhes foi possível levar o rio, mas, transportaram consigo os
objetos sagrados, suportes do axé da divindade, e o rio Ògùn,
que atravessa a região, tornaram-se, a partir de então, a nova
morada de Iemanjá. Este rio Ògùn não deve, entretanto, ser
confundido com Ògún, o Orixá do ferro e dos ferreiros.
No Brasil, a orixá goza de grande popularidade entre os
seguidores de religiões afro-brasileiras, e até por membros de
religiões distintas.
Em Salvador, ocorre anualmente, no dia dois de Fevereiro, a
maior festa do país em homenagem à "Rainha do Mar". A
celebração envolve milhares de pessoas que, trajadas de branco,
saem em procissão até ao templo-mor, localizado próximo à foz
do rio Vermelho, onde depositam variedades de oferendas, tais
como espelhos, bijuterias, comidas, perfumes e toda sorte de
agrados. Outra festa importante dedicada a Iemanjá ocorre
durante a passagem de ano no Rio de Janeiro. Milhares de
pessoas comparecem e depositam no mar oferendas para a
divindade.
A celebração também inclui o tradicional "Banho de pipoca" e
as sete ondas que os fiéis, ou até mesmo seguidores de outras
religiões, pulam como forma de pedir sorte à Orixá.
Na Umbanda, é considerada a divindade do mar, além de ser a
deusa padroeira dos náufragos, mãe de todas as cabeças
humanas. Além da grande diversidade de nomes africanos
pelos quais Iemanjá é conhecida, a forma
portuguesa Janaína também é utilizada, embora em raras
ocasiões. A alcunha, criada durante a escravidão, foi a maneira

Batista D’Obaluayê 112


Os Orixás e suas Qualidades

mais branda de "sincretismo" encontrada pelos negros para a


perpetuação de seus cultos tradicionais sem a intervenção de
seus senhores, que consideravam inadmissíveis tais
"manifestações pagãs" em suas propriedades. Embora tal
invocação tenha caído em desuso, várias composições de
autoria popular foram realizadas de forma a saudar a "Janaína
do Mar" e como canções litúrgicas.
Pela primeira vez em dois de Fevereiro de 2010 uma escultura
de uma sereia negra, criada pelo artista plástico Washington
Santana, foi escolhida para representação de Iemanjá no grande
e tradicional presente da festa do Rio Vermelho, Salvador,
Bahia, em homenagem à África e a religião afro descendente.

ARQUÉTIPO DE YEMANJÁ
Seus filhos e filhas são serenos, maternais, sinceros e ajudam a
todos sem exceção. Gostam muito de ordem, hierarquia e
disciplina. São ingênuos e calmos até demais, mas quando se
enfurecem são como as ondas do mar, que batem sem saber
onde vão parar. São vaidosos mais com os cabelos. Suas filhas
sabem seduzir e encantar com a beleza e mistérios de uma
sereia. Geralmente as filhas de Iemanjá têm dificuldade em ter
filhos, pois já são mães de coração de todos.

Batista D’Obaluayê 113


Os Orixás e suas Qualidades

QUALIDADES DO ORIXÁ YEMANJÁ

Yemanjá Asdgba ou Soba: É a mais velha, manca de uma


perna devido a uma luta com Exu. Rabugenta, e feiticeira, fala
de costas, gosta de fiar seu cristal. Comanda as caçadas mais
profundas do oceano, tem afinidade com Nanã. Veste branco.

Yemanjá Akurá: Vive nas espumas do mar, aparece vestida


com lodo do mar e coberta de algas marinhas. Muito rica e
pouco vaidosa. Adora carneiro. Come com Nanã.

Yemanjá Ataramaba: Nessa forma ela está no colo de seu pai


Olokun.

Yemanjá Ataramogba ou Iyáku: Vive na espuma da ressaca


da maré.

Yemanjá Ayio: Muito velha. Veste sete anáguas para se


proteger. Vive no mar e descansa nas lagoas. Come com Oxum
e Nanã.

Yemanjá Iya Masemale ou Iamasse: É a mãe de Xangô e


quem cuidou de Oxumarê. Esposa de Oranian e muito festejada
durante as festas consagradas a seu filho Xangô. As suas contas
são branco leitosas, rajadas de vermelho e azul.

Yemanjá Iyemoyo, Awoyó; Yemuo; Yá Ori

Batista D’Obaluayê 114


Os Orixás e suas Qualidades

Iemowo: É uma das mais velhas, possui ligação com Oxalá, o


seu fundamento está no ori, representa a vida, pode curar
doenças da cabeça. Veste branco e cristal.

Yemanjá Konla: O seu mito conta que ela afoga os


pescadores.

Yemanjá Maleleo ou Maiyelewo: Esta Yemanjá vive no meio


do oceano no lugar onde se encontram as sete correntes
oceânico.

Yemanjá Odo: Tem aproximação com Oxum, e vive na água


doce sendo muito feminina e vaidosa.

Yemanjá Ogunté: Considerada a nova guerreira, dona da


espada, esposa de Ogum ferreiro (Alagbedé) e mãe de Ogum
Akorô e Oxossi. O seu nome significa aquela que contém
Ogum. Vive perto das praias, no encontro das águas com as
pedras. Traz na cintura um facão e todas as ferramentas de
Ogum. Veste branco; azul marinho, cristal, ou verde e branco.

Yemanjá Olossá ou Bosá: Come com Oxum e Nanã. Veste


verde-clara e suas contas são branco cristal. É a Yemanjá mais
velha da terra de Egbado.

Yemanjá Oyo: Benéfica, muito feminina, saudada na


cerimónia do Padê, veste de branco, rosa e azul claro.

Yemanjá Saba: Fiadeira de algodão foi esposa de Orunmilá.

Batista D’Obaluayê 115


Os Orixás e suas Qualidades

Yemanjá Sessu, Sesu, Yasessu ou Susure: Ligada à gestação.


Voluntariosa e respeitável, mensageira de Olokun, o deus do
mar. Vive nas águas sujas do mar e é muito esquecida e lenta.
Come com Obaluaiyê e Ogum. Além do próprio assentamento,
tem que se assentar Oxum e Obaluaiyê. Veste branco, verde
água e suas contas branco cristal.

Yemanjá Yinaé ou Malelé: Aquela que os filhos sempre serão


peixes. Também conhecida como Marabô, mora nas águas mais
profundas. É a sereia, ligada à reprodução dos peixes; vem
sempre a beira do mar apanhar as suas oferendas; está ligada a
Oxalá e Exu.

Batista D’Obaluayê 116


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ NANÃ

Batista D’Obaluayê 117


Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 118


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ NANÃ
Em sua passagem pela Terra, foi a primeira Iyabá e a mais
vaidosa, razão pela qual segundo a lenda, desprezou o seu filho
primogênito com Oxalá, Omolú, por ter nascido com várias
doenças de pele. Não admitindo cuidar de uma criança assim,
acabou por ao abandonar no pântano. Sabendo disso, Oxalá
condenou-a a ter mais filhos, os quais nasceriam todos com
alguma deformação física (Oxumaré, Ewá e Ossaim), e baniu-a
do reino, ordenando-lhe que fosse viver no mesmo lugar onde
abandonou o seu filho, no pântano.
Nanã tornou-se uma das Iyabás mais temidas, tanto que em
algumas tribos quando o seu nome era pronunciado, todos se
jogavam ao chão. Senhora das doenças cancerígenas, está
sempre ao lado do seu filho Omolú. É protetora dos idosos,
desabrigados, doentes e deficientes visuais.

QUALIDADES DO ORIXÁ NANÃ

Nanã Abenegi: Dessa Nanã nasceu o Ibá Odu, que é a cabaça


que traz Oxumarê, Oxossi Olodé, Oya e Yemanjá.

Nanã Adjaoci ou Ajàosi: É a guerreira e agressiva que veio de


Ifé, as vezes confundida com Obá. Mora nas águas doces e
veste-se de azul.

Nanã Ajapá: É a guardiã que mata, vive no fundo dos


pântanos, é um Orixá bastante temido, ligado a lama, a morte, e
a terra. Veio de Ajapá. Está ligada aos mistérios da morte e do
renascimento. Destaca-se como enfermeira; cuida dos velhos e

Batista D’Obaluayê 119


Os Orixás e suas Qualidades

dos doentes, toma conta dos moribundos. Nela predomina a


razão.
Nanã Asainan: Provisoriamente sem dados inerentes a este
caminho do Orixá Nanã.

Nanã Buruku: Também é chamada Olú waiye (senhora da


terra), ou Oló wo (senhora do dinheiro) ou ainda Olusegbe.
Este Orixá veio de Abomey; ligado à água doce dos pântanos,
usa um ibirí azul.

Nanã Iyabahin: Provisoriamente sem dados inerentes a este


caminho do Orixá Nanã.

Nanã Obaia ou Obáíyá: É ligada a água e a lama. Mora nos


pântanos; usa contas cristal vestes lilás e veio do país Baribae.

Nanã Omilaré: É a mais velha, acredita-se ser a verdadeira


esposa de Oxalá. Associada aos pântanos profundos e ao fogo.
É a dona do universo, a verdadeira mãe de Omolu Intoto. Veste
musgo e cristal.

Nanã Savè: Veste-se de azul e branco, e usa uma coroa de


búzios.

Nanã Ybain: É a mais temida. Orixá da varíola. Usa cor


vermelha, é a principal, come direto na lagoa, dando origem a
outros caminhos. Para chamá-la, a ekeji tem que ir batendo com
seus otás para fazê-la pegar suas filhas.
Nanã Oporá: Veio de Ketu, coberta de òsun vermelho. É a
mãe de Obaluaiyê, ligada a terra, temida, agressiva e irascível.

Batista D’Obaluayê 120


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OXALÁ

Batista D’Obaluayê 121


Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 122


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OXALÁ

Oxalá é representado pela cor branca, que também é associada


a tudo o que se refere a Umbanda. Para Oxalá, o branco
significa a serenidade, a calma, o silêncio, indicando que ele
não gosta de violência, disputas ou barulho, assim como não
gosta de cores fortes. Oxalá é homenageado por todos os
praticantes e cultuado como a figura do pai, demonstrando
sabedoria a autoridade, mas também é sensível e tem a
capacidade de demonstrar sua força, poder e conhecimentos
sem usar de violência – através da argumentação.
Conta à lenda que Oxalá viu – se em desavença com Exu – o
senhor dos caminhos. O que aconteceu foi que Oxalá recusou-
se várias vezes a fazer as oferendas que Exu exigia. Então, Exu
vingou–se fazendo com que Oxalá sentisse uma sede anormal.
Para matar a sede, Oxalá furou a casca de uma palmeira com
seu cajado (Opaxorô) e bebeu o líquido, uma espécie de vinho,
embriagou–se e dormiu.
Odudua, seu irmão mais jovem e grande rival, roubou a sacola
mágica e apresentou–se a Olorum, que lhe deu a tarefa da
criação. Conta a lenda que no caminho entre orum e o mundo,
Odudua encontra uma grande extensão de água, onde o
camaleão jogou terra. Essa foi se acumulando até ficar mais
alta que a linha da água, formando ilhas, enfim, a Terra.
Odudua teria se estabelecido então na cidade de Ilé Ifé, com
mais quinze Orixás.
Oxalá ou Obatala, o Orixá, o Rei da Roupa Branca ou, ainda, o
Grande Orixá é o mais importante dos deuses Yorubá.

Batista D’Obaluayê 123


Os Orixás e suas Qualidades

Foi o primeiro a ser criado por Olodumaré, o Deus Supremo,


que lhe conferiu o poder de sugerir, Axé, e de realizar, Axé,
razão pela qual é saudado com o título de Alabalaxé.
Oxalá tinha um caráter bastante obstinado e independente, o
que lhe causaria inúmeros problemas. Foi o encarregado, por
Olodumaré, de criar o mundo e o Deus Supremo entregou-lhe,
antes da partida, o saco da criação. O poder que Oxalá havia
recebido não o dispensava de respeitar certas regras e de se
submeter a diversas obrigações. Em razão do seu caráter altivo,
ele recusou-se a fazer alguns sacrifícios e oferendas a Exu,
antes de iniciar sua viagem para ir criar o mundo. Oxalá se pôs
a caminho apoiado numa grande bengala de estanho, seu Opa
Oxorô ou Paxorô, o bastão para fazer as cerimônias
No momento de ultrapassar a porta para sair do além,
encontrou Exu que, entre as suas múltiplas obrigações, tinha a
de fiscalizar as comunicações entre os dois mundos, o que seria
criado e o outro. Exu, descontente com a recusa do grande
Orixá em fazer as oferenda pedidas, vingou-se fazendo-lhe
sentir uma sede intensa. Oxalá, para matar sua sede, não teve
outro recurso se não o de furar, com o seu Paxarô a casca do
tronco de um dendezeiro. Um liquido refrescante dele escorreu:
era o vinho de palma. Oxalá bebeu-o ávida e abundantemente.
Ficou bêbado, não sabia mais onde estava e caiu adormecido.
Veio, então, Odudúa, criado por Olodumaré depois de Oxalá, e
grande rival deste. Vendo o grande Orixá adormecido, roubou-
lhe o saco da criação, dirigiu-se a presença de Olodumaré para
mostrar-lhe seu achado e lhe contar em que estado se
encontrava Oxalá. Olodumaré exclamou: "Se ele está neste
estado, vá você, Odudúa! vá criar o mundo!" Odudúa saiu,

Batista D’Obaluayê 124


Os Orixás e suas Qualidades

assim, do Outro Mundo e se encontrou diante de uma extensão


ilimitada de água. Deixou cair a substância marrom contida no
saco da criação. Era terra. Formou-se, antão, um montículo que
ultrapassou a superfície das águas. Onde ciscava, cobria as
águas e a terra ia-se alargando cada vez mais. Isto
em Yorubá se diz ilenfé, expressão que deu origem ao nome da
cidade de Ilê/Ifé. Odudúa aí se estabeleceu seguido pelos outros
Orixás e tornou-se o rei da Terra.
Quando Oxalá acordou não mais encontrou, ao seu lado, o saco
da criação. Despeitado, voltou a Olodumaré. Este, como castigo
pela sua embriaguez, proibiu ao grande Orixá, de beber vinho
de palma e, mesmo, de usar azeite de dendê. Confiou-lhe,
entretanto, como consolo, a tarefa de modelar no barro o corpo
dos seres humanos aos quais ele, Olodumaré, insuflaria a vida.
Por esta razão, Oxalá é também chamado de Olomanrere, o
"proprietário da boa agila". Pôs-se a modelar corpo dos homens
mas não levava muito a sério a proibição de beber vinho de
palma, e nos dias em que se excedia, os homens saíam de suas
mãos contrafeitos, deformados, capengas, corcundas. Alguns,
retirados do forno antes da hora, saíam mal cozidos e suas cores
tornavam-se tristemente pálidos, eram os albinos. Todas as
pessoas que entram nestas tristes categorias são-lhe
consagrados e tornam-se adoradores de Oxalá. Oxalá-Obatalá é
casado com Yemowo. Suas estátuas são colocadas lado a lado -
cobertas com traços e pontos feitos com giz - no Ilessin, local
de adoração deste casal, no templo Idetá-ilé, no quarteirão
Itapa, em Ifé.

Batista D’Obaluayê 125


Os Orixás e suas Qualidades

Yemowo foi, segundo dizem, a única mulher de Oxalá. Um


caso excepcional de monogamia entre os Orixás e Eboras,
muito inclinados, já o vimos anteriormente, a ter aventuras
amorosas múltiplas e a renovar facilmente seus votos
matrimoniais.
Oxalá é considerado, tanto no Brasil como na África, como
sendo o maior dos Orixás. Seus adeptos usam colares de contas
brancas e vestem-se, igualmente, de branco. Sexta-feira é o dia
da semana que lhe é consagrado. É sincretizado com o Senhor
do Bonfim, sem outra razão aparente se não a de ter um enorme
prestígio, na Bahia, e inspirar, fervorosa devoção aos habitantes
de todas as categorias sociais. Diz-se, na Bahia, que existem
dezesseis Oxalás, sendo, porém, dois os mais evocados:
Oxalufan e Oxaguiyan.

O primeiro, Oxalufan, que foi o rei de Ifan, é um Oxalá muito


velho, curvado pelos anos, que anda com dificuldade e
hesitação, como se estivesse atacado pelo reumatismo.
Ele apóia seus passos cabaleantes sobre um Paxorô, grande
bastão de metal branco, encimado pela imagem de um pássaro
e ornado por discos de metal e pequenos sinos. Em contraste,
Oxagiyan, que foi rei de Ejigbo, é um guerreiro jovem e
valente. Ele gostava, exageradamente, de inhame triturado no
pilão, prato denominado Yan, em Yorubá, o que lhe valeu o
apelido de "o Orixá que come inhame pilado", expressão
equivalente, em Yorubá, a Orixá je iyan, que daria origem ao
nome Oxagiyan. Quando as iaôs deste orixá dançam, elas
brandem um pilão e um escudo numa das mãos e, na outra, uma
espada. Saúdam-se estes dois Oxalás gritando-se Epa Babá,
"Viva o Pai" ou, então, Exé eee!, "Boa Atividade".

Batista D’Obaluayê 126


Os Orixás e suas Qualidades

Existe uma lenda, contada na Bahia, e ainda difundida na


África sendo que, em Cuba, uma versão muito próxima foi
recolhida por Lydia Cabrera - segundo a qual "Oxalufan rei
de Ifan tinha decidido fazer uma visita a Xangô, rei de Oyo, seu
vizinho e amigo. Antes de partir, Oxalufan consultou
um Babalaô para saber se sua viagem se realizaria em boas
condições .
O Babalaô respondeu que ele seria vítima de um desastre, não
devendo, portanto, realizar a viagem. Oxalufan, porém, tinha
um caráter obstinado e persistiu em seu projeto. O Babalaô lhe
confirmou que a viagem seria muito penosa, que teria de sofrer
numerosos revezes e que, se não quisesse perder a vida, não
devia nunca recusar os serviços que, por acaso, lhe fossem
pedidos, nem reclamar das conseqüências que disso resultasse.
Deveria, também, levar três roupas brancas para trocar.
Oxalufan se pôs a caminho e, como fosse velho, ia lentamente
apoiado em seu cajado de estanho Encontrou, logo depois, Exu
Elopo Pupa, "Exu-dono-do-azeite-de-dendê", sentado à beira da
estrada com um barril de azeite de dendê ao seu lado. Após
uma troca de saudações, Exu pediu a Oxalufan que o ajudasse a
colocar o barril sobre a sua cabeça. Oxalufan concordou e,
durante a operação, Exu derramou de propósito,
maliciosamente, o conteúdo do barril sobre Oxalufan, pondo-se
a zombar dele. Este não reclamou, seguindo as recomendações
do Babalaô. Lavou-se no rio próximo, pôs uma roupa nova e
deixou a velha como presente. Continuou a andar, com esforço,
e foi vítima, ainda, por duas vezes, de tristes aventuras
com Exu-Eledu, "Exu-proprietário-do-carvão-de-madeira" e
Exu Aladi, "Exu-proprietário-do-óleo-de-amêndoa-de-palma".

Batista D’Obaluayê 127


Os Orixás e suas Qualidades

Oxalufan, sem perder a paciência, lavou e trocou de roupa após


cada uma das experiências. Chegou, finalmente, à fronteira do
reino de Oyo, e lá encontrou um cavalo que havia fugido,
pertencente à Xangô. No momento em que Oxalufan quis
amansar o animal, dando-lhe espigas de milho, e tendo a
intenção de levá-lo ao seu Senhor, os servidores de Xangô, que
estavam à procura do animal, chegaram correndo. Pensando
que o homem idoso fosse um ladrão, caíram sobre ele com
golpes de cacete, e jogaram-no na prisão. Sete anos de
infelicidade se abateram no reino de Xangô. A seca
comprometia a colheita, as epidemias acabavam com os
rebanhos, as mulheres ficavam estéreis.
Xangô, tendo consultado um Babalaô, soube que toda esta
desgraça provinha da injusta prisão de um velho homem. Após
seguidas buscas e diversas perguntas, Oxalufan foi levado à sua
presença e ele reconheceu seu amigo Oxalá. Xangô,
desesperado pelo que havia acontecido, pediu-lhe perdão e deu
ordem aos seus súditos para que fossem todos vestidos de
branco e guardando silêncio em sinal de respeito, buscar água
três vezes seguidas a fim de lavar Oxalufan. “Este, voltou em
seguida à Ifan, passando por Ejigbo para visitar seu
filho Oxagiyan, que feliz por rever seu pai, organizou grandes
festas com distribuição de comidas a todos os habitantes do
lugar”.
Esta lenda é comemorada todos os anos, na Bahia, em certos
terreiros, particularmente naqueles de origem Ketu,
provenientes dos candomblés da Barroquinha. O ciclo dessas
festas se estende por várias semanas.

Batista D’Obaluayê 128


Os Orixás e suas Qualidades

Numa sexta-feira, dia da semana que no Brasil é consagrado a


Oxalá, os Axés do Deus são retirados do seu Peji e levados em
procissão até uma pequena cabana, feita de palmas trançadas e
simbolizando a viagem de Oxalufan, sua ida a prisão e seu
cativeiro.
Na sexta-feira seguinte, ou seja, sete dias após, representando
os sete anos de encarceração, tem lugar à cerimônia da "Águas
de Oxalá", águas para lavar Oxalá. Todos os que participam da
cerimônia chegam de véspera, à noite. O maior silêncio é
observado a partir da quinta-feira, ao findar do dia, estendendo-
se até a manhã do dia seguinte. Os participantes vão, antes da
aurora, pegar a "Água de Oxalá", todos vestidos de branco e
com a cabeça coberta com um pano igualmente branco.
Formam um longo cortejo que vai em silêncio, procedidas por
uma das mais antigas mulheres dedicadas a Oxalá, que agita
sem parar um pequeno sino de metal branco, chamado Adjá.
Fazem três viagens até a fonte sagrada. Nas duas primeiras. a
água é derramada sobre os Axés de Oxalá. Esta parte do ritual é
realizada como lembrança das pessoas do reino de Oyó que
foram, em silêncio de vestidas de branco, buscar água para
Oxalufan se lavar. Na terceira vez, que corresponde ao nascer
do dia, os vasos cheios d'água são arrumados em volta do Axé
de Oxalá. A proibição de falar é sustada, cânticos
acompanhados pelo ritmos dos tambores são entoados, e
transes de possessão de produzem entre as filhas de Oxalá
como testemunhos da satisfação do deus.
No domingo seguinte, tem lugar uma cerimônia, pouco
importante, mas, exatamente uma semana depois, realiza-se
uma procissão que leva os Axés de Oxalá ao seu Peji,
simbolizando a volta de Oxalufan ao seu reino.

Batista D’Obaluayê 129


Os Orixás e suas Qualidades

O terceiro domingo, finalizando o ciclo das cerimônias, é


chamado de "Pilão de Oxagiyan" e evoca as preferências
gastronômicas desse personagem. Distribuições de comidas são
realizadas em seu nome, a fim de festejar a volta do pai. Neste
dia, uma procissão leva ao barracão pratos contendo inhame
pilado e milho cozido, sem sal e sem azeite de dendê, mas com
limo da Costa. Pequenas varas de Atorí, chamadas Ixans, são
entregues aos Oxalás manifestados, às pessoas ligadas ao
terreiro e aos visitantes importantes. Uma roda se forma, onde
as dançarinas se passam curvados diante dos Orixás que lhes
dão, na passagem, um ligeiro golpe de vara; por seu lado, os
que foram assim tocados, dão e recebem golpes de vara de
assistência.
Uma versão sincretizada da água de Oxalá é a lavagem do chão
da basílica do Senhor do Bonfim que acontece, todos os anos,
na Bahia, na quinta-feira precedente ao domingo do Bonfim.
Alguns piedosos católicos tinham o hábito de lavar,
zelosamente o chão da igreja. Um ato de devoção que não é
particular a este templo. No Bonfim, porém, tomou um caráter
diferente. Os descendentes de Africano, movidos por um
sentimento de devoção, tanto ao Cristo como ao deus africano,
fizeram uma aproximação entre as duas lavagens: a dos Axés
de Oxalá e aquela do solo da igreja que leva o nome católico do
mesmo Orixá. Os devotos aparecem em grande número a fim
de participar da lavagem, na quinta-feira do Bonfim.
Esta festa é, atualmente, uma das mais populares da Bahia.
Neste dia, as baianas, vestidas de branco, cor de Oxalá, vêm em
cortejo à Igreja do Bonfim. Trazem à cabeça potes contendo
água para lavar o chão da Igreja e flores para enfeitar o altar.

Batista D’Obaluayê 130


Os Orixás e suas Qualidades

São acompanhadas por uma multidão, onde sempre figuram as


autoridades civis do Estado da Bahia e da Cidade de Salvador.
O arquétipo da personagem dos devotos de Oxalá é aquele das
pessoas calmas e dignas de confiança; das pessoas respeitáveis
e reservadas, dotadas de força de vontade inquebrantável que
nada pode influenciar. Em nenhuma circunstância modificam
seus planos e seus projetos, mesmo a despeito das opiniões
contrárias, racionais, que os alertam para possíveis
conseqüências desagradáveis dos seus atos. Tais pessoas, no
entanto, sabem aceitar, sem reclamar, os resultados amargos daí
decorrentes.

QUALIDADES DO ORIXÁ OXALÁ

Oxalá Ajagemo: Para o qual durante a sua festa anual em Edé,


dança-se e representa-se com mímicas, um combate entre ele e
Oluniwi, no qual este último sai vencedor.

Oxalá Akire ou Ikire: É um valente guerreiro muito rico que


transforma em surdo e mudo a quem o negligencia.

Oxalá Alase ou Olúorogbo: Salvou o mundo fazendo chover


num período de seca.

Oxalá Etéko: Caminha com Oxaguiã, é inquieto. Vive nas


matas e come todo o tipo de carne branca.

Oxalá Eteto Obá Dugbe: Outro guerreiro, ligado a Orixalá.

Batista D’Obaluayê 131


Os Orixás e suas Qualidades

Oxalá Lejugbe: é muito confundido com Oxalufan; por ser


vagaroso e indeciso. Muito chegado a Ayrá. Come com
Yemanjá e Oxalufan. Come também todo tipo de carne branca.

Oxalá Obatalá: É o mais velho dos orixás. O grande rei


branco; raiz de todos os outros Oxalás. Ele não é feito, faz-se
Ayrá ou Oxum Opara. É o pai de Oxalufan que por sua vez é o
pai de Oxaguiã. Por ser muito grande e poderoso, Obatalá não
se manifesta, sua palavra transforma-se imediatamente em
realidade. Representa a massa, o ar, as águas frias e imóveis do
começo do mundo, controla a formação dos novos seres, é o
senhor dos vivos e dos mortos.

Oxalá Okó: Divindade da agricultura e colheita dos inhames


novos e a fertilidade da terra. Orixá Nagô, pouco conhecido no
Brasil. Na época da chegada dos escravos, não deram muita
importância a este orixá, considerando como orixá da
agricultura, em seu lugar Ogum e dos grãos Obaluaiyê. Quando
se manifesta leva um cajado de madeira que revela sua relação
com as árvores, traz uma flauta de osso que lembra sua relação
com a sexualidade e a fertilidade. É confundido com Oxalá,
pois veste-se de branco. Seu Opaxoró, no Brasil, é
confeccionado em madeira. Sendo um Orixá raro, tem poucas
qualidades conhecidas. É um Orixá rico.

Oxalá Olofon Ajigúna Koari: Aquele que grita quando acorda


(conhecido pelo nome de Oxalufan).

Batista D’Obaluayê 132


Os Orixás e suas Qualidades

Oxalá Orinxalá, Orixalá ou Obatalá: É casado com


Yemanjá, suas imagens são colocadas lado a lado e cobertas
com traços e pontos desenhados com efum, no Ilésin, local de
adoração, dizem que Yemanjá foi a única mulher de Orixalá,
um caso excepcional de monogamia entre orixás e eborás.

Oxalá Oxalufã (Orixá Olú Fon): Orixá velho e sábio, cujo


templo é Ifón pouco distante de Oxogbô, a cerimônia de
saudações é de dezesseis em dezesseis dias. Orixá muito velho,
de idade avançada, aleijado, lento, movendo-se com muita
dificuldade. Dança apoiado no opaxoró. Treme de frio e
velhice. Detesta a violência, disputas e brigas. Não come sal e
nem dendê; odeia cores fortes, principalmente o vermelho. A
ele pertencem os metais e substâncias brancas; não suporta
cavalos.

Batista D’Obaluayê 133


Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 134


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OXAGUIÃ

Batista D’Obaluayê 135


Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 136


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OXAGUIÃ

Oxalá Osoguiã ou Oxaguian (Orixá Ogiyan): Orixá jovem e


guerreiro, cujo templo principal se encontra em Ejigbô. Tomou
o título de Eleejigbô - Rei de Ejigbô - uma de suas
características e o gosto pelo inhame pilado chamado lyán, que
lhe valeu o apelido de Orisa-Je-Iyán ou Orisájiyan.

A tradição exige que os habitantes de dois bairros Xolô e Oké


Mapô lutem uns contra os outros a golpes de varas. É o único
que tem autorização de enfeitar seus colares brancos com
pedras azuis, chamadas Seguy. Está ligado ao culto de Iroko e
dos espíritos, assim como a fertilidade e o culto ao inhame. É o
pai de Oxossi Inlé, come com Ogunjá, Oxossi Inlé, Airá, Exu,
Oyá e Onira.

Tem muito fundamento com Oyá pois, é o dono do Atori,


fundamento que lhe foi dado por ela, motivo pelo qual as
pessoas de Guian devem agradar muito a Oyá. Vem pelos
caminhos de Onira; tem ligação forte com Exu. Seus filhos
devem evitar brigas e mentiras e principalmente, não devem
enganar a Ogum.

Oxalá Ogiyan Ewúlee Jiigbo: Senhor de Ejigbô (conhecido


pelo nome de Oxaguiã).

Batista D’Obaluayê 137


Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 138


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ EWÁ
Batista D’Obaluayê 139
Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 140


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ EWÁ

O Orixá Ewá é uma bela virgem que entregou o seu corpo


jovem a Xangô, marido de Oya, despertando a ira da rainha dos
raios. Ewá refugiou-se nas matas inalcançáveis, sob a proteção
de Oxossi, e tornou-se uma guerreira valente e caçadora
habilidosa.
As virgens contam com a proteção de Ewá e, aliás, tudo que é
inexplorado conta com a sua proteção: a mata virgem, as moças
virgens, rios e lagos onde não se pode nadar ou navegar. A
própria Ewá, acreditam alguns, só rodaria na cabeça de
mulheres virgens (o que não se pode comprovar), pois ela
mesma seria uma virgem, a virgem da mata virgem dos lábios
de mel.
Ewá domina a vidência, atributo que o deus de todos os
oráculos, Orunmilá lhe concedeu.
Em África, o rio Yewá é a morada desta deusa, mas a sua
origem gera polémica. Há quem diga que, tal como Oxumaré,
Nanã, Omulú e Iroko, Ewá era cultuada inicialmente entre os
Mahi, foi assimilada pelos Iorubas e inserida no seu panteão.
Havia um Orixá feminino oriundo das correntes do Daomé
chamado Dan. A força desse Orixá estava concentrada numa
cobra que engolia a própria cauda, o que denota um sentido de
perpétua continuidade da vida, pois o círculo nunca termina.
Ewá teria o mesmo significado de Dan ou uma das suas
metades – A outra seria Oxumaré. Existem no entanto, os que
defendem que Ewá já pertencia à mitologia Nagô, sendo
originária na cidade de Abeokutá. Estes, certamente, por
desconhecer o panteão Jeje – No qual o Vodun Eowa, seria o
correspondente da Ewá dos Nagô

Batista D’Obaluayê 141


Os Orixás e suas Qualidades

Confundem Ewá com uma qualidade de Iemanjá. Erram porque


Ewá é um Orixá independente, mas a sua origem não se
esclarece sequer entre os Jeje, pois em respeitados templos de
Voduns, se afirma que Ewa é Nagô.
Ewá foi uma cobra muito má e por isso foi mandada embora.
Acabou por encontrar abrigo entre os Iorubas, que a
transformaram numa cobra boa e bela, – A metade feminina de
Oxumaré. Por esse motivo, Oxumaré e Ewá, em qualquer
ocasião, dançam juntos.

CARACTERISTICAS DOS FILHOS DO ORIXÁ EWÁ

Pessoas de beleza exótica diferenciam-se das demais


justamente por isso. Possui tendência a duplicidade: Em
algumas ocasiões podem ser bastante simpáticas, em outras são
extremamente arrogantes; às vezes aparentam ser bem mais
velhas ou parecem meninas, ingênuas e puras. Apegadas à
riqueza, gostam de ostentar, de roupas bonitas e vistosas, e
acompanham sempre a moda, adoram elogios e galanteios.
São pessoas altamente influenciáveis, que agem conforme o
ambiente e as pessoas que as cercam, assim, podem ser
contidas damas da alta sociedade quando o ambiente requisitar
ou mulheres populares, falantes e alegres em lugares menos
sofisticados. São vivas e atentas, mas sua atenção está
canalizada para determinadas pessoas ou ocasiões, o que as
leva a desligar-se do resto das coisas. Isso aponta uma certa
distração e dificuldades de concentração, especialmente em
atividades escolares.

Batista D’Obaluayê 142


Os Orixás e suas Qualidades

QUALIDADES DO ORIXÁ EWÁ

Ewá Gebeuyin: A primeira a surgir no mundo. Faz os banhos


de ervas darem positivamente e traz a abundância de alimentos.
Veste vermelho maravilha e amarelo claro. Come com Omolu,
Oyá e Oxum. Nas tempestades ela pode se transformar numa
serpente azulada.

Ewá Gyran: É a deusa dos raios do sol. Controla os raios


solares para que eles não destruam a terra. É a formação do
arco-íris duplo que aparece em torno do sol. Metade é Ewá e a
outra é Bessem. Platina, rubi, ouro e bronze vão em seu
assentamento. Come com Omolu, Oxum e Oxossi.

Batista D’Obaluayê 143


Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 144


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OSSAYÊN

Batista D’Obaluayê 145


Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 146


Os Orixás e suas Qualidades

ORIXÁ OSSAYÊN

Kó si ewé, kó sí Òrìsà, ou seja, sem folhas não há orixá, elas


são imprescindíveis aos rituais do Candomblé. Cada orixá
possui suas próprias folhas, mas só Ossaim (Òsanyìn) conhece
os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o
seu poder, a sua força.
Ossaim desempenha uma função fundamental no Candomblé,
visto que sem folhas, sem a sua presença, nenhuma cerimônia
pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o poder do
‘sangue’ verde das folhas.
Ossaim é o grande sacerdote das folhas, grande feiticeiro, que
por meio das folhas pode realizar curas e milagres, pode trazer
progresso e riqueza. È nas folhas que está à cura para todas as
doenças, do corpo ou do espírito. Portanto, precisamos lutar por
sua preservação, para que conseqüências desastrosas não
atinjam os seres humanos.
A floresta é a casa de Ossaim, que divide com outros orixás do
mato, como Ogum e Oxossi, o seu território por excelência,
onde as folhas crescem em seu estado puro, selvagem, sem a
interferência do homem; é também o território do medo, do
desconhecido, motivo pelo qual nenhum caçador deve penetrar
na floresta na mata sem deixar na entrada alguma oferenda,
como alho, fumo ou bebida. Medo de que? Medo dos
encantamentos da floresta, medo do poder de Ogum, de Oxossi,
de Ossaim; respeito pelas forças vivas da natureza, que não
permitem a pessoas impuras ou mal-intencionadas penetrar em
sua morada. Se nela entrarem, talvez jamais encontrem o
caminho de volta.

Batista D’Obaluayê 147


Os Orixás e suas Qualidades

Ossaim teria um auxiliar que se responsabilizaria por causar o


terror em pessoas que entram na floresta sem a devida
permissão. Aroni seria um misterioso anãozinho perneta que
fuma cachimbo (figura bastante próxima ao Saci-Pererê),
possui um olho pequeno e o outro grande (vê com o menor) e
tem uma orelha pequena e a outra grande(ouve com a menor).
Muitas vezes Aroni é confundido com o próprio Ossaim, que,
segundo dizem, também possuem uma única perna. Não se
pode por isso confundir Ossaim com o Saci-Pererê, que é um
personagem do folclore brasileiro. Ossaim é orixá de grande
fundamento, que possui uma só perna porque a árvore, base de
todas as folha possui um só tronco.

De acordo com a história desse orixá, há uma rivalidade entre


Ossaim e Orunmilá, que reflete, na verdade, a antiga disputa
entre os Oníìsegùn – mestres em medicina natural que
dominavam o poder das folhas – e os Babalawó – sacerdotes
versados nos profundos mistérios do cosmo e do destino dos
seres, os pais do segredo.

Ossaim é um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria,


muito próxima com a fronteira com o antigo Daomé. Não faz
parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos
Nagô, como Nana, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossaim é um deus
originário da etnia Ioruba. Contudo, é evidente que entre os Jeje
havia um deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome,
por isso Ossaim dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do
antigo Daomé.

Batista D’Obaluayê 148


Os Orixás e suas Qualidades

Uma confusão latente refere-se ao sexo de Ossaim; é preciso


esclarecer que se trata de um orixá do sexo masculino.
Entretanto, como feiticeiro e estudioso das plantas, não teve
tempo de relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro
de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxossi, que
ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais
comentado.
Na verdade, Ossaim e Oxossi possuem inúmeras afinidades:
ambos são orixás do mesmo espaço, da floresta, do mato, das
folhas, grandes feiticeiros e conhecedores dos segredos da
mata, da Terra.

CARACTERISTICA DOS FILHOS DE OSSAYÊN

Os filhos de Ossaim são pessoas extremamente equilibradas e


cautelosas, que não permitem que as suas simpatias ou
antipatias interfiram nas suas opiniões sobre os outros.
Controlam perfeitamente os seus sentimentos e emoções.
Possuem grande capacidade de discernimento e são frios e
racionais nas suas decisões.
São pessoas extremamente reservadas, não se metem em
questões que não lhe dizem respeito. Participam em poucas
atividades sociais, preferindo o isolamento. Elas evitam falar
sobre a sua vida, sobre o seu passado, preferem manter certa
aura de mistério. Geralmente, não têm nada de mais a esconder,
mas desejam manter reserva.

Pressa e ansiedade não fazem parte das suas características,


pois são pessoas dadas aos detalhes e caprichosas no
cumprimento das suas tarefas.

Batista D’Obaluayê 149


Os Orixás e suas Qualidades

Possuem gosto por atividades artesanais que exigem isolamento


e paciência; não gostam de ter chefe nem subalternos, não se
prendem a horários, apreciam a independência para fazer o que
gostam na hora que querem. São pessoas fascinadas com as
regras e tradições, adoram questioná-las. Possuem um gosto
exacerbado pela religiosidade

QUALIDADES DO ORIXÁ OSSAYÊN

AGUÉ: Usa roupas e contas rosa rajado de verde. Come com


OSÙMÀRÈ e OYA.

MOKOSSU: Um tipo velho, vive escondido no mato, fuma


muito e bebe com abundância. Tem caminhos com ÈSÙ.

GAYAKU: É novo, muito vivo, só vive em cima das árvores,


nunca aparece nos lugares habitados. Come com ÒSÓÒSÌ e
aparece na roda do PADE.

AGBÉNIGI: É velho, grande feiticeiro, dono do pássaro


sagrado e o único que chega bem perto das IYAMIN
OSORONGÁ. Dono absoluto do poder das ervas. Come
diretamente com ÈSÙ.

ARONY: Recebe uma saudação própria, diferente dos outros.


Apesar de ser companheiro de AGBÉNIGI, é mais terrível,
fumando seu cachimbo faz mais bruxarias que os outros. Só
come bicho de duas pernas.

Batista D’Obaluayê 150


Os Orixás e suas Qualidades

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA TEXTO E IMAGENS

texto extraído do livro os orixás, publicado pela editora Três


texto extraído do livro Zumbi dos Palmares. A história do
Brasil que não foi contada. Autor: Fonseca Jr. Eduardo.
Editora: Eldorado Book. www.candomblé.i8.com/odus.htm
www.lendas.orixas.nom.br/classificados/
www.axeorixa.com
www..orixas.com.br/index.php?option=com-contentyview
textos extraídos do livro – O Livro de ouro dos orixás. Autor
Batista D’Obaluayê
www..maze.kinghost.net/calculoodu.aspx
espacoholisticoodara.wordpress.com/odus
www.portalorixas.com/index.php?=com-wrapper...50
www..mataverde.org/blog/archives/288
textos extraídos do livro A Religião dos Orixás. Autor. Batista
D’Obaluayê
texto extraídos do livro – A Verdadeira Origem do Candomblé.
Autor. Batista D’Obaluayê

Batista D’Obaluayê 151


Os Orixás e suas Qualidades

Batista D’Obaluayê 152

Você também pode gostar