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PROJUDI - Processo: 0022007-79.2015.8.16.0182 - Ref. mov. 1.

1 - Assinado digitalmente por Elionora Harumi Takeshiro


09/07/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJLXF TUVPH 25K75 WX3QU
Exmo. Dr. Juiz do ____________ Juizado Especial Cível de Curitiba

NEUSA LAURINDO CAMARGO, portadora do CPF 052.923.258-80, viúva, com


endereço na rua Manoel de Sousa Dia Negrão, 313, Boa Vista, CEP 82540-070, Curitiba
– Pr;

DEBORA LAURINDA CAMARGO, potadora do CPF 181.234.918-16, residente na rua


Miguel Bertholdo, 134, Clementino, Pariquera-Açu – São Paulo;

GILSON LAURINDO CAMARGO, portador do CPF 179.954.368-40, com endereço na


rua dos Jesuítas, 87, Parque Paraíso, CEP 06850-160, Itapecerica da Serra – SP;

MARCOS LAURINDO CAMARGO, portador do CPF 260.279.118-08, casado com


DEBORA ALVES DE MACEDO CAMARGO, portadora do CPF 260.566.508-98, com
endereço na rua Biguá, 1866, Fazenda Rio Grande, CEP 83824-466;

FLAVIO LAURINDO CAMARGO, portador do CPF 260.110.848-77, com endereço na rua


Manoel de Sous Dia Negrao, 313, Boa Vista, CEP 82540-070;

ANDREA LAURINDO CAMARGO, portadora do CPF 286.409.568-80, casada com JOSE


NUNES DO NASCIMENTO NEGO, portador do CPF 501.526.299-04, com endereço na
rua Idalina Rodrigues da Silva, 529, bairro Jardim dos Ipes, Sumaré – SP;

EUNICE LAURINDO CAMARGO, portadora do CPF 286.476.648-50, residente na rua


Antonio Rodrigues dias, 219, Cachoeira, Almirante Tamandaré, Paraná, CEP 83506-000;
PROJUDI - Processo: 0022007-79.2015.8.16.0182 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Elionora Harumi Takeshiro
09/07/2015: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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PATRICIA LAURINDO CAMARGO DA SILVA, portadora do CPF 327.629.318-86,
casada com EDISON SANTOS DA SILVA, portador do CPF 020.411.124-25, com
endereço na União dos Movimentos, 246, Jardim São Bento Novo, São Paulo, CEP
05885-520;

Todos, representados pela advogada que esta subscreve, vem respeitosamente à


presença desse MM.Juízo, propor

AÇÃO DECLARATÓRIA PARA QUITAÇAO CONTRATO ARRENDAMENTO COM


PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

Em face De BANCO ITAULEASING S/A, CNPJ 49.925.225/0001-48, com sede na


Alameda Pedro Calil, 43, Poá, São Paulo – CEP 08557-106, e ITAÚ SEGUROS S/A,
CNPJ 61.557.039/0001-07, com endereço na Praça Alfredo Egydio de Souza Aranha,
100, Torre Itauseg, São Paulo, pelos motivos de fato e de direito que abaixo expõe:

DO POLO ATIVO

I.

Todos são herdeiros e sucessores de GETULIO DE OLIVEIRA CAMARGO, falecido em


16.11.2014, sendo a sra. NEUSA LAURINDO CAMARGO a viúva e os demais filhos,
noras e genros.

DOS FATOS

II.

Em 13.07.2010, o falecido celebrou com a primeira requerida contrato de arredamento


mercantil do veículo Chevrolet Classic Life 1.0 8 v, pactuando o valor de R$ 16.650,00 a
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ser pago em 60 parcelas mensais e mais VRG de R$ 14.985,00, que poderia ser pago
nos termos estabelecidos na cláusula 11 do contrato.

Na cláusula 32 do contrato firmado, consignou-se que cumpridas as obrigações


contratuais mediante liquidação das parcelas mensais e o total do VRG, o arrendatário
poderia exercer a opção de adquirir o veículo, renovar o arrendamento ou devolver o
veículo, o que deveria ser manifestado em até 90 dias antes do vencimento do prazo do
arrendamento.

Na hipótese de aquisição do veículo, o arrendatário assumiu o compromisso de pagar o


valor indicado no subitem 3.20.

Considerando o prazo de 60 meses e o pagamento da primeira parcela em 13.08.2010, o


contrato encerraria em 13.07.2015 com quitação total, quando o arrendatário faria a
opção de aquisição do veículo.

Ocorre que conforme acima dito, o arrendatário faleceu em 16.11.2014.

Segundo os inclusos documentos, quando da celebração do contrato, o falecido fez opção


de seguro de proteção financeira na Itaú Seguros S/A, conforme assinalado no item 5 do
contrato.

Releva notar que nos documentos firmados pelo falecido, consta inclusive valor a título de
seguro-proteção.

Na cláusula 12 consta a faculdade de contratar seguro de proteção financeira em


benefício da arrendadora e na hipótese de morte o arrendatário autorizou a arrendadora a
receber o valor da indenização para utilizar na liquidação ou amortização do saldo
devedor do VRG e das contraprestações do arrendamento.

Posteriormente ao falecimento, os herdeiros buscaram junto as requeridas a quitação do


saldo devedor a fim de apurar o saldo do VRG para o pagamento e a opção de compra do
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veículo. Recebeu, todavia, a informação de que não havia seguro vigente e que o seguro
pactuado teve vigência até 13.07.2012, razão pela qual, a aquisição do veículo deveria
ocorrer mediante o pagamento das prestações vincendas e o VRG.

Os herdeiros tentaram de todas as formas solucionar administrativamente a questão, pois


entendem que o valor segurado quando da celebração do contrato deve ser destinado a
quitação do saldo devedor para possibilitar a opção de aquisição pelos herdeiros.

Considerando a recusa da seguradora em efetuar o pagamento do saldo devedor, os


herdeiros não conseguem fazer a opção para aquisição, estando a receber constantes
ligações da primeira requerida com ameaça das medidas judicias cabíveis.

DIREITO

II.

O escopo do seguro de proteção é garantir o adimplemento do contrato por meio da


quitação do débito do arrendatário ante a ocorrência da morte, revertendo-se o valor do
seguro para o adimplemento do contrato de leasing.

Quando da celebração do contrato de arrendamento e a opção pelo seguro de proteção, o


falecido o fez para assegurar a quitação do contrato na ocorrência de eventual sinistro a
que todos estão sujeitos.

É totalmente ilógico acreditar que o falecido optaria por um seguro para garantir apenas 2
anos de vigência quando o prazo do contrato era de 5(cinco) anos.

Consoante acima dito, na cláusula 12 do contrato que estabelece a faculdade de contratar


o seguro, fala apenas em destinar o valor do prêmio para liquidar o contrato ou amortizar
o saldo devedor, inexistindo alusão a limitação de vigência do seguro proteção.

O CDC estabelece:
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Art. 31. A oferta e apresentação de produtos ou serviços devem assegurar informações
corretas, claras, precisas, ostensivas e em língua portuguesa sobre suas características,
qualidades, quantidade, composição, preço, garantia, prazos de validade e origem, entre
outros dados, bem como sobre os riscos que apresentam à saúde e segurança dos
consumidores.

Art. 35. Se o fornecedor de produtos ou serviços recusar cumprimento à oferta,


apresentação ou publicidade, o consumidor poderá, alternativamente e à sua livre escolha:

I - exigir o cumprimento forçado da obrigação, nos termos da oferta, apresentação ou


publicidade;

Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao


consumidor.

Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou


concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos,
informá-lo prévia e adequadamente sobre:

I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional;

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou
serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo.

§ 4° As cláusulas que implicarem limitação de direito do consumidor deverão ser


redigidas com destaque, permitindo sua imediata e fácil compreensão.

Evidentemente que a limitação da vigência do seguro sem a informação clara e precisa ao


falecido afronta os dispositivos supra referidos, eis que em nenhum momento foi
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informado ao falecido que o seguro optado pelo mesmo teria vigência por apenas dois
anos e não durante todo o período de arrendamento.

Insta salientar que quando da celebração do contrato de arrendamento, foi praticamente


imposto a opção pelo seguro através da Itaú Seguros S/A e embora conste no item 5.2 a
vigência por 24 meses, na cláusula 12 nada fala quanto ao término da vigência antes do
encerramento do contrato de arrendamento, cujo curto período de vigência não foi objeto
de informação ao falecido, tampouco foi redigida em destaque o prazo da vigência a fim
de possibilitar a compreensão clara pelo falecido de que o seguro proteção se encerraria
antes do término do contrato.

A teor do art. 47 do CDC, as cláusulas contratuais devem ser interpretadas de forma


favorável ao contratante.

Ora, evidentemente que ao optar ela contratação do seguro de proteção financeira, o


falecido entendeu que o seguro estenderia por todo o período contratual, pois é
completamente ilógico contratar um seguro para vigorar apenas nos dois primeiros anos e
os outros 3 anos o contrato ficar a descoberto de garantia, até porque a cláusula 12 não
estabelece a questão da limitação do período de vigência.

O art. 423 do Código Civil, preceitua que no contrato de adesão, com cláusulas ambíguas
ou contraditórias, deve-se adotar interpretação mais favorável ao aderente, sendo certo
que a cláusula do seguro que limita a vigência por 24 meses é totalmente contraditória
para um contrato com vigência de 60 meses.

Os autores, sucessores do falecido, tem direito portanto a quitação ou amortização do


contrato através do prêmio de R$ 15.000,00 contratado para hipótese de morte por
qualquer causa, eis que em momento algum houve informação de forma clara e precisa
quanto ao término da vigência da proteção após dois anos da vigência do contrato.
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Requer, portanto seja determinado a segunda requerida que providencie o pagamento do
prêmio contratado que deve ser entregue a primeira requerida para destinar a
amortização ou quitação do saldo devedor, oportunizando aos herdeiros a opção de
aquisição do veículo conforme previsto no contrato de arrendamento em sua cláusula 32.

TUTELA ANTECIPADA

III.

O art. 273 do CPC preceitua:

Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os


efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e:

I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou

II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito


protelatório do réu;

Desde o falecimento ocorrido em 16.11.2014, os herdeiros tentam obter das


requeridas solução para o contrato de arrendamento para evitar rescisão do contrato e
consequente busca e apreensão do mesmo, sem êxito ante a recusa das requeridas em
admitir o procedimento errôneo adotado quanto a vigência do seguro de proteção
financeira.

Os elementos acima possibilita antecipar parcialmente os efeitos da tutela pretendida,


requerendo seja por esse MM.Juízo assegurado aos herdeiros a posse do veículo até o
final da presente ação, bem assim seja determinada a primeira requerida que se abstenha
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de tomar qualquer medida judicial em relação ao contrato de arrendamento até o final da
presente.

POSTO ISTO, requer seja recebido a presente ação declaratória, antecipando os efeitos
da tutela, nos termos do acima postulado.

Após, requer a intimação das requeridas para querendo virem responder aos termos da
presente, pena de revelia e confissão.

Ao final, requer seja julgada procedente, declarando inválida a limitação da vigência do


seguro proteção, devendo prevalecer o contido na cláusula12a. do contrato de
arrendamento, determinando que a segunda requerida providencie o pagamento do
prêmio amortizando e quitando o saldo devedor e após possibilitar aos autores a
aquisição do veículo, cujo interesse já foi manifestada pelos herdeiros e sucessores.

Quitado o veículo, seja transferido a propriedade do veículo ao arrendatário possibilitando


a transferência aos herdeiros através da medida cabível.

Requer a inversão do ônus da prova (art. 6, inciso VIII do CDC) considerando a


verossimilhança da alegação e hipossuficiência dos herdeiros.

Dá-se à causa o valor de R$ 15.000,00.

Nestes termos,

Pede deferimento.

Curitiba, 08.07.2015

Elionora Harumi Takeshiro

OAB/PR 12.838

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