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DIREITO TRIBUTÁRIO

IMPOSTOS MUNICIPAIS

Livro Eletrônico
DIREITO TRIBUTÁRIO
Impostos Municipais
Maria Christina Barreiros D Oliveira

Impostos Municipais .......................................................................................................4


1. Impostos sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana..........................................4
1.1. Princípio da Legalidade..............................................................................................4
1.2. Princípios da Anterioridade Anual e Nonagesimal.....................................................6
1.3. Contribuinte..............................................................................................................8
1.4. Fato Gerador.............................................................................................................9
1.5. Alíquota.................................................................................................................. 12
1.6. Base de Cálculo. .......................................................................................................17
1.7. Lançamento.............................................................................................................17
2. Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos (ITBI).. ............................. 18
2.1. Princípio da Legalidade............................................................................................ 19
2.2. Função................................................................................................................... 19
2.3. Princípios da Anterioridade Anual e Nonagesimal.. ................................................. 19
2.4. Fato Gerador. ........................................................................................................ 20
2.5. Contribuinte...........................................................................................................22
2.6. Alíquotas.. ..............................................................................................................23
2.7. Base de Cálculo......................................................................................................25
2.8. Imunidade..............................................................................................................26
2.9. Lançamento por Declaração (Art. 147, CTN)......................................................... 28
3. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).............................................29
3.1. Legalidade..............................................................................................................29
3.2. Função................................................................................................................... 31
3.3. Princípios da Anterioridade Anual e Nonagesimal.. ................................................. 31

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3.4. Contribuinte...........................................................................................................32
3.5. Local de Pagamento. ..............................................................................................32
3.6. Alíquota.................................................................................................................38
3.7. Base de Cálculo......................................................................................................42
3.8. Fato Gerador. .........................................................................................................42
Resumo........................................................................................................................ 60
Exercícios...................................................................................................................... 61
Gabarito........................................................................................................................65
Gabarito Comentado. .................................................................................................... 66

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IMPOSTOS MUNICIPAIS
1. Impostos sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

Base legal: art. 156 I e § 1º, CF, artigos 32 a 34 do CTN.


Competência: o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana é um tributo de
competência privativa dos municípios e dos Distrito Federal em decorrência de sua compe-
tência cumulativa (art. 147 do CF) conforme disposto no artigo 156 I da Constituição.

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


I – propriedade predial e territorial urbana;

1.1. Princípio da Legalidade

O imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana deve obediência ao princípio da


legalidade e para ser instituído, extinto, alterada a sua base de cálculo, alíquota ou concedido
incentivos fiscais deve ser editada uma Lei Ordinária municipal ou distrital conforme o caso.

Questão 1 (VUNESP/2019/PREFEITURA DE FRANCISCO MORATO-SP/AUDITOR-FISCAL) A


respeito dos impostos municipais, assinale a alternativa correta.
a) Cabe à Administração comprovar a ausência de notificação do lançamento tributário pelo
não recebimento do carnê de cobrança do IPTU.
b) É defeso ao município atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice
oficial de correção monetária.
c) Não é possível a utilização da metragem do imóvel como base de cálculo da cobrança da
taxa de coleta de lixo.
d) A listagem de serviços que constituem fatos geradores do Imposto Sobre Serviços de Qual-
quer Natureza – ISSQN comporta interpretação restritiva.

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e) Incide ICMS e não ISSQN nas hipóteses em que são desenvolvidas operações mistas de
fornecimento de mercadorias e prestação de serviço, ainda que este esteja expressamente
previsto na listagem anexa ao DL n. 406/1968 e à LC n. 116/2003.

Letra b.
a) Errada. Segundo a Súmula 397 do STJ: O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento
pelo envio do carnê ao seu endereço. Assim, a remessa, ao endereço do contribuinte, do car-
nê de pagamento do IPTU é ato suficiente para a notificação do lançamento tributário (REsp.
1.111.124/PR, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASKI, DJe 18.06.2009), sendo ônus do contribuinte
a prova de que não recebeu” (AgRg no AREsp 123.086/MG, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA
FILHO, Primeira Turma, DJe 17/4/13).
b) Certa. Súmula 160 do STJ.
Atualização da base de cálculo: a mera atualização da base de cálculos dos tributos, leia-
-se a correção da perda do valor aquisitivo da moeda não constitui majoração. Desta forma,
a atualização pode ser realizada por um mero decreto. No entanto, se essa “atualização” for
realizada acima dos índices oficiais de correção monetária deverá ser feita por lei ordinária
por corresponder a uma majoração conforme se depreende da leitura do artigo 97 § 2º CTN e
Súmula 160 STJ.
c) Errada. Súmula Vinculante 29, STF: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa,
de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não
haja integral identidade entre uma base e outra.
d) Errada. A  jurisprudência do STJ se firmou no sentido de que é taxativa a lista anexa ao
Decreto-Lei n. 406/1968, comportando interpretação extensiva, a fim de abarcar serviços cor-
relatos àqueles previstos expressamente, uma vez que, se assim não fosse, ter-se-ia, pela
simples mudança de nomenclatura de um serviço, a incidência ou não do ISS.
e) Errada. Art. 1º § 2º, ressalvadas as exceções expressas na lista anexa, os serviços nela
mencionados não ficam sujeitos ao Imposto Sobre Operações Relativas à Circulação de Mer-
cadorias e Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comuni-
cação – ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias.

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Função

O imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana tem função predominantemente


extrafiscal visando desestimular a manutenção de propriedades que descumpram a função
social. Deste modo, possuem alíquotas progressivas conforme o cumprimento ou não da
função social e pelo valor do imóvel.

1.2. Princípios da Anterioridade Anual e Nonagesimal

O princípio da Anterioridade Anual ou de Exercício determinar que o Estado só poderá co-


brar tributos que tenham sido instituídos ou majorados no primeiro dia do exercício seguinte
– Art. 150 III b da CF.
O princípio da Anterioridade Nonagesimal ou também chamado de Noventena determinar
que o Estado só poderá cobrar tributos que tenham sido instituídos ou majorados após 90
dias da data da publicação da lei – Art. 150 III c da CF.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Es-
tados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III – cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o disposto na alínea b;

Ocorre que a majoração da base de cálculo do IPTU é exceção ao princípio da anteriorida-


de nonagesimal devendo observar tão somente o princípio da anterioridade anual conforme
disposto no artigo 150 § 1º da CF.

Art. 150 § 1º A vedação do inciso III, b, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I, II,
IV e V; e 154, II; e a vedação do inciso III, c, não se aplica aos tributos previstos nos arts. 148, I, 153, I,
II, III e V; e 154, II, nem à fixação da base de cálculo dos impostos previstos nos arts. 155, III, e 156, I.

Exemplo 1: suponha que a Base de Cálculo do IPTU seja majorada na data de 15/12/2030.
Neste caso, por ser exceção ao princípio da anterioridade nonagesimal devendo obediên-
cia apenas ao princípio da anterioridade anual a lei somente poderá produzir efeitos em
01/01/2031.

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Exemplo 2: suponha que a Alíquota do IPTU seja majorada na data de 15/12/2030. Neste
caso, por ser uma situação de regra a ambos os princípios, pela anterioridade anual teremos
a data de 01/01/2031 e pela anterioridade nonagesimal teremos 16/03/2031. Deste modo,
a lei irá produzir efeitos na data de 16/03/2031, mas só poderá ser aplicada ao fato gerador
de 2022 tendo em vista que o fato gerador do IPVA, do IPTU e do ITR é anual e acontece no dia
primeiro de janeiro de cada ano.

Questão 2 (FCM/2020/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/AUDITOR-FISCAL/FISCALIZA-


ÇÃO) Considere as legislações hipotéticas descritas a seguir. A  Lei Municipal n.  1.234, de
25/06/2019, determinou a majoração da alíquota do Imposto Sobre Serviço de Qualquer Na-
tureza (ISSQN) de 2,5% para 3%. A Lei Municipal n. 5.678, de 02/08/2019, aumentou a base de
cálculo do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), em virtude de reavaliações imobiliárias,
e reduziu a alíquota do imposto predial de 4% para 2%. Considerando-se essa situação, é cor-
reto afirmar que a alteração promovida no ISSQN
a) e no IPTU somente poderá ser cobrada a partir de 1º/01/2020.
b) poderá ser cobrada após 90 dias, enquanto as novas alíquota e base de cálculo do IPTU
poderão ser cobradas em 1º/01/2020.
c) poderá ser cobrada em 90 dias, enquanto as novas alíquota e base de cálculo do IPTU po-
derão ser cobradas imediatamente.
d) e na base de cálculo do IPTU somente poderá ser cobrada a partir de 1º/01/2020, enquanto
a nova alíquota do IPTU poderá ser cobrada imediatamente.
e) e na alíquota do IPTU somente poderá ser cobrada a partir de 1º/01/2020, enquanto a nova
base de cálculo do IPTU apenas poderá ser cobrada após 90 dias.

Letra d.

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Como a Lei Municipal n. 1.234 foi publicada em 25/06/2019 determinando a majoração da


alíquota do ISS e, o tributo é regra aos princípios da anterioridade anual e nonagesimal, a co-
brança somente poderá ser efetivada em 01/01/2020 por ser a data mais distante e benéfica
ao contribuinte.
No tocante ao aumento da base de cálculo do IPTU está deve obediência tão somente ao prin-
cípio da anterioridade anual conforme artigo 150 § 1º, da Constituição.
Por fim, a Lei Municipal n. 5.678 publicada em 02/08/2019 REDUZIU a alíquota do imposto
predial de 4% para 2% podendo ser cobrada de imediata tendo em vista que os princípios da
anterioridade anual e nonagesimal devem ser aplicados quando os tributos forem instituídos
ou majorados para evitar a surpresa do contribuinte não se aplicando em caso de redução
que poderá ser cobrada de imediato.

Função

O imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana tem função predominantemente


extrafiscal visando desestimular a manutenção de propriedades que não cumpram a função
social podendo, por este motivo, ser estipulado alíquotas progressivas de IPTU.

1.3. Contribuinte

O contribuinte é o proprietário, o titular do domínio útil e o possuidor desde que possua


expectativa em se tornar proprietário, ou seja, uma posse com animus domini.

CTN, Art. 34. Contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o
seu possuidor a qualquer título.

Por tal razão, o locatário não pode ser considerado legítimo contribuinte de IPTU já que
não possui uma posse com expectativa de virar proprietário. Assim, caso haja pagamento in-
devido do IPTU pelo locatário este não poderá ser autor da ação de repetição de indébito por
não possuir legitimidade para tanto conforme disposto na Súmula 614 do STJ.

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Súmula n. 614, STJ
O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-tributária de
IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tributos.

1.4. Fato Gerador

Propriedade/domínio útil/posse de imóvel por natureza.


O fato gerador do IPTU é a propriedade, o domínio útil ou a posse (inclusive por usufruto)
de imóvel por natureza e acessão física, localizado na zona urbana do município, em 1º de
janeiro de cada ano.

CTN, Art. 32. O imposto, de competência dos Municípios, sobre a propriedade predial e territorial
urbana tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza
ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município.

Propriedade segundo o artigo 1.228 do Código Civil concede poderes ao proprietário para
usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a
possua ou detenha. O domínio útil é caracterizado por ser um dos elementos de gozo jurídico
da propriedade plena e a posse domínio fático que a pessoa exerce sobre a coisa.
Para a incidência do imposto é necessário que a pessoa possua o direito real sobre a coi-
sa e, por tal motivo, o fato gerador é a propriedade.

(STJ – RECURSO ESPECIAL REsp 1801830 PR 2019/0063640-0 (STJ) – 21/05/2019.


EMENTA: LIMITAÇÃO ADMINISTRATIVA QUE NÃO ALTERA O DIREITO DE PROPRIEDADE.
PEDIDO ADMINISTRATIVO QUE NÃO AFASTA O FATO GERADOR DO IMPOSTO E OS EFEI-
TOS DE TRIBUTAÇÃO. MANUTENÇÃO DA COBRANÇA. ART. 1.228 DO CC. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. 1. A  controvérsia diz respeito à suposta
necessidade de ser reconhecida a isenção tributária sobre o imóvel em questão por tra-
tar-se de área de preservação ambiental. 2. O  acórdão recorrido consignou: “II. 3. Da
isenção tributária (...) No tocante ao tema da isenção, neste caso em análise, não cabe
tratar sobre a exigibilidade do pedido administrativo em si, mas sim sobre a propriedade
do imóvel à época do fato gerador tributário. Isto porque, a isenção tributária é admitida

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quando se vislumbram todas as circunstâncias que autorizam a diferenciação entre o


sujeito passivo e os demais contribuintes. Outrossim, dispõe o art. 324 do Código Tri-
butário Municipal, acerca do pleito de isenção: (...) Sendo assim, resta claro que a limi-
tação administrativa não interfere no direito de propriedade, mas, tão-somente, impõe
obrigações ao proprietário. Como bem destacado no decisum, ‘os créditos executados
nos autos são decorrentes de dívida de IPTU. Nos termos do artigo 32 do Código Tribu-
tário Nacional, o fato gerador do IPTU é a propriedade, o domínio útil ou a posse do bem
imóvel, razão pela qual o contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular
do seu domínio útil ou possuidor a qualquer título. No caso dos autos, o embargante,
por ser proprietário do imóvel na data do fato gerador do IPTU, situação concreta não
questionada, é o contribuinte do imposto, situação que em nada se modifica pelo fato
de existir a restrição administrativa. Como bem destacado pelo Município embargado,
não se pode confundir propriedade com restrição administrativa, pois esta não afasta o
fato gerador do imposto e a titularidade para efeitos de tributação, pois, ausente exce-
ção expressa em lei....
RE 1.171.699, rel. min. Carmen Lúcia, j. 29-11-2019, P, DJE de 13-3-2020, Tema 400.
Declaração de inconstitucionalidade da alteração dos limites intermunicipais por ausên-
cia de observância do § 4º do art. 18 da Constituição da República. A exigência da reali-
zação de plebiscito, como se determina no § 4º do art. 18 da Constituição da República,
não foi afastada pelo art. 96 do ato das disposições constitucionais transitórias, intro-
duzido pela emenda constitucional 57/2008, sendo ilegítimo o município ocupante para
cobrar o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana – IPTU nos territórios
indevidamente incorporados.

A posse para ser fato gerador do IPTU deve ser uma posse mansa, legítima e pacífica e
com expectativa em virar proprietário, ou seja, com animus domini.
O artigo 32, § 1º, do CTN, nos traz, em sua redação, o conceito de zona urbana elencando
para tanto a existência de no mínimo dois dos requisitos ali previstos de forma taxativa para
que possa incidir o IPTU, senão, vejamos:
• meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
• abastecimento de água;

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• sistema de esgotos sanitários;


• rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
• escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de três quilômetros do
imóvel considerado.

CTN, Art. 32, § 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a definida em lei
municipal; observado o requisito mínimo da existência de melhoramentos indicados em pelo me-
nos 2 (dois) dos incisos seguintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I – meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II – abastecimento de água;
III – sistema de esgotos sanitários;
IV – rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar;
V – escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel
considerado.

Caso a área possua dois desses requisitos ela pode ser incluída dentro da zona urbana
municipal desde que seja editado lei ordinária municipal na Câmara de Vereadores e, caso
seja aprovada, necessariamente incidirá IPTU.
Ocorre que o artigo 32 § 2º, do CTN, nos traz uma exceção a regra prevista no parágrafo
1º dispondo sobre os imóveis localizados em áreas de expansão urbana também chamados
de urbanizáveis onde poderá incidir IPTU ou ITR a depender da destinação dada ao imóvel.

Art. 32 § 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis, ou de expansão urbana,
constantes de loteamentos aprovados pelos órgãos competentes, destinados à habitação, à in-
dústria ou ao comércio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do parágrafo
anterior.

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Se a área localizada em expansão urbana for destinada a agricultura, pecuária, por exem-
plo, será devido o pagamento do ITR tendo em vista a destinação do imóvel conforme artigo
15 do DL 57/66.

Art.  15. O  disposto no art.  32 da Lei n.  5.172, de 25 de outubro de 1966, não abrange o imóvel
de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou
agroindustrial, incidindo assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados.

Mas se a área urbanizável for destinada a moradia, comércio ou indústria será devido o
pagamento de IPTU mesmo que não exista nem dos melhoramentos previstos no parágrafo 1
do artigo 32 do CTN conforme disposto na Súmula 626 do STJ.

Súmula n. 626, STJ
A incidência do IPTU sobre imóvel situado em área considerada pela lei local como urba-
nizável ou de expansão urbana não está condicionada à existência dos melhoramentos
elencados no art. 32, § 1º, do CTN.

1.5. Alíquota

O imposto progressivo é aquele em que a alíquota aumenta à proporção que o descum-


primento da função social da área urbana se tornar mais acentuado e diminui conforme sua
destinação é cumprida ou ainda no caso do IPTU pelo valor do imóvel.
O IPTU é tão progressivo quanto o IR, ITCMD e ITR e terá alíquotas progressivas com
o objetivo de desestimular a manutenção de propriedades que não cumpram, por exemplo,
a função social – art. 182, § 4º, da CF. Mas também poderá ter alíquotas progressivas em
decorrência do valor do imóvel – art. 156, § 1º, da CF.

Art. 156, § 1º Sem prejuízo da progressividade no tempo a que se refere o art. 182, § 4º, inciso II,
o imposto previsto no inciso I poderá:
I – ser progressivo em razão do valor do imóvel; e
II – ter alíquotas diferentes de acordo com a localização e o uso do imóvel.

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No caso do IPTU progressivo em razão do descumprimento da função social da proprie-


dade urbana deve ser analisado o artigo 182 § 4º da CF em conjunto com o artigo 7º da Lei
10257 de 2001 (estatuto da cidade).
De forma conjunta os dois dispositivos legais nos trazem requisitos para coagir o proprie-
tário do imóvel urbano não utilizado ou subtilizado de dar cumprimento à função social.
O primeiro passo é promover a notificação do proprietário do imóvel para construção
compulsória e, consequentemente, o cumprimento da função social; posteriormente, a pos-
sibilidade de instituição de IPTU progressivo por no máximo 5 anos podendo atingir uma alí-
quota máxima de até 15% e, por fim, poderá culminar na desapropriação da área urbana por
interesse social.

CF, Art. 182, § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área inclu-
ída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado,
subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessiva-
mente, de:
I – parcelamento ou edificação compulsórios;
II – imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III – desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e
sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Seção III
Do IPTU progressivo no tempo
Lei n. 10257/2001, Art. 7º Em caso de descumprimento das condições e dos prazos previstos na
forma do caput do art. 5º desta Lei, ou não sendo cumpridas as etapas previstas no § 5º do art. 5º
desta Lei, o Município procederá à aplicação do imposto sobre a propriedade predial e territorial
urbana (IPTU) progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos
consecutivos.
§ 1º O valor da alíquota a ser aplicado a cada ano será fixado na lei específica a que se refere o
caput do art. 5º desta Lei e não excederá a duas vezes o valor referente ao ano anterior, respeitada
a alíquota máxima de quinze por cento.
§ 2º Caso a obrigação de parcelar, edificar ou utilizar não esteja atendida em cinco anos, o Muni-
cípio manterá a cobrança pela alíquota máxima, até que se cumpra a referida obrigação, garantida
a prerrogativa prevista no art. 8º.
§ 3º É vedada a concessão de isenções ou de anistia relativas à tributação progressiva de que trata
este artigo.

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Súmula n. 668, STF
É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucio-
nal 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cum-
primento da função social da propriedade urbana.

Vale destacar que é terminantemente proibido a estipulação de alíquotas progressivas de


IPTU pela quantidade de imóveis que o proprietário venha a possuir conforme súmula 589 do STF.

Súmula n. 589, STF
É inconstitucional a fixação de adicional progressivo do imposto predial e territorial
urbano em função do número de imóveis do contribuinte.
Constitucionalidade da progressão de alíquotas de IPTU após EC 29/2000: Imposto
Predial e Territorial Urbano – Progressividade – Função social da propriedade –
Emenda Constitucional 29/2000 – Lei posterior. Surge legítima, sob o ângulo
constitucional, lei a prever alíquotas diversas presentes imóveis residen-
ciais e comerciais, uma vez editada após a Emenda Constitucional 29/2000.
RE 423.768, rel. min. Marco Aurélio, P, j. 1-12-2010, DJE 86 de 10-5-2011.
ADC 8 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 13-10-1999, P, DJ de 4-4-2003. Tratando-se de
matéria sujeita a estrita previsão constitucional – CF, art.  153, §  2º, I; art.  153, §  4º;
art. 156, § 1º; art. 182, § 4º, II; art. 195, § 9º (contribuição social devida pelo empregador)
–, inexiste espaço de liberdade decisória para o Congresso Nacional, em tema de pro-
gressividade tributária, instituir alíquotas progressivas em situações não autorizadas
pelo texto da Constituição.
RE 602.347, rel. min. Edson Fachin, j. 4-11-2015, P, DJE de 12-4-2016, Tema 226. O IPTU
é exigível com base na alíquota mínima prevista na lei municipal, de modo que o critério
quantitativo da regra matriz de incidência tributária seja proporcional e o menos gravoso
possível ao contribuinte.
RE 586.693, rel. min. Marco Aurélio, j. 25-5-2011, P, DJE de 22-6-2011, Tema 94. IPTU.
Progressividade. Função social da propriedade. EC 29/2000. Lei posterior. Surge legí-
tima, sob o ângulo constitucional, lei a prever alíquotas diversas, presentes imóveis resi-
denciais e comerciais, uma vez editada após a EC 29/2000.

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RE 355.046, rel. min. Ellen Gracie, j. 1º-8-2011, P, DJE de 31-8-2011. RE 543.023 AgR, rel.
min. Ayres Britto, j. 16-8-2011, 2ª T, DJE de 19-10-2011. IPTU. Progressividade antes
da EC 29/2000. Impossibilidade, ainda que pela via de alíquotas de isenções graduais.
A utilização do instituto da isenção como instrumento de graduação de alíquotas, com
aplicação à generalidade dos contribuintes, não corresponde à sua natureza jurídica.
Nesse caso, a isenção deixa de atuar como benefício fiscal. De norma de exceção que
é, passa a compor o aspecto quantitativo da norma tributária impositiva, modelando
toda a tabela de alíquotas e tendo como efeito a vedada progressividade. Aplicação da
Súmula 668 do STF.
AI 573.560 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 27-3-2007, 2ª T, DJ de 4-5-2007. RE 550.637 AgR,
rel. min. Dias Toffoli, j. 31-5-2011, 1ª T, DJE de 23-8-2011. Vide RE 349.917 AgR-ED, rel.
min. Dias Toffoli, j. 16-5-2011, 1ª T, DJE de 17-5-2011. Vide AI 651.389 AgR, rel. min.
Menezes Direito, j. 10-6-2008, 1ª T, DJE de 8-8-2008. É inconstitucional a progressivi-
dade do IPTU do Município do Rio de Janeiro anterior à EC 29/2000. Súmula 668 do STF.
Não se configura, no caso, excepcionalidade suficiente a autorizar a aplicação de efeitos
ex nunc à declaração de inconstitucionalidade.
AI 468.801 AgR, rel. min. Eros Grau, j. 21-9-2004, 1ª T, DJ de 15-10-2004. IPTU. Não se
admite a progressividade fiscal decorrente da capacidade econômica do contribuinte,
dada a natureza real do imposto. A progressividade da alíquota do IPTU, com base no
valor venal do imóvel, só é admissível para o fim extrafiscal de assegurar o cumprimento
da função social da propriedade urbana (art. 156, I, § 1º, e art. 182, § 4º, II, CF).

Por fim, o IPTU poderá ter alíquotas diferenciadas pelo uso e pela localização do imóvel,
art. 156 § 1º CF.

Questão 3 (FUNDEP/GESTÃO DE CONCURSOS/2020/PREFEITURA DE BARÃO DE COCAIS-


-MG/FISCAL DE RENDAS E TRIBUTOS) Analise as afirmativas a seguir, relativas ao Imposto
sobre a Propriedade Predial Territorial Urbana (IPTU):

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I – O IPTU poderá ser progressivo, apenas para fins de cumprimento da função social da
propriedade urbana.
II – O IPTU poderá ter alíquotas diferentes, de acordo com a localização e o uso do imóvel.
III – O IPTU poderá ser progressivo, em razão do valor do imóvel.

Estão corretas as afirmativas


a) I e II, apenas.
b) I e III, apenas.
c) II e III, apenas.
d) I, II e III.

Letra c.
I – Incorreto. O IPTU poderá ser progressivo pelo descumprimento da função social (art. 182,
§ 4º, da CF) e pelo valor do imóvel (art. 156, § 1º, da CF).
II – Correto. Art. 156, § 1º, da CF.
III – Correto. Art. 156, § 1º, da CF.

AI 582.467 AgR, rel. min. Ellen Gracie, j. 22-6-2010, 2ª T, DJE de 6-8-2010. AI 716.543
AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 14-6-2011, 1ª T, DJE de 8-9-2011. Vide RE 437.107 AgR, rel.
min. Joaquim Barbosa, j. 6-4-2010, 2ª T, DJE de 23-4-2010. O STF firmou entendimento
no sentido de que não há inconstitucionalidade na diversidade de alíquotas do IPTU
no caso de imóvel edificado, não edificado, residencial ou comercial. Essa orientação é
anterior ao advento da EC 29/2000. Precedentes.
RE 457.482 AgR, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. 20-11-2007, 1ª T, DJE de 9-5-2008. RE
595.080 AgR, rel. min. Joaquim Barbosa, j. 31-8-2010, 2ª T, DJE de 1º-10-2010. (...) a juris-
prudência deste STF firmou-se no sentido de que a cobrança do IPTU em alíquotas dife-
renciadas em razão da destinação dos imóveis não afronta a Constituição da República.

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1.6. Base de Cálculo


A base de cálculo do IPTU é o valor venal do imóvel levando em consideração os imóveis
por natureza e acessão física não sendo incluído o valor dos bens móveis mantidos em cará-
ter permanente ou temporário.

Exemplo: O valor do terreno custa R$ 200.000,00. O terreno com as construções (benfeitorias)


custa R$ 1.000.000,00. Se formos levar em consideração a incidência de ITR, caso se trate
de uma área rural, o valor da base de cálculo será R$ 200.000,00 por ser o valor da terra nua
tributável. Mas caso se trate de uma área localizada em zona urbana assim definida em lei
municipal o valor da base de cálculo será R$ 1.000.000,00 pois deverá levar em consideração
os bens imóveis por natureza e acessão física.
Exemplo: no entanto, o valor do ar condicionado (bem móvel em caráter permanente destina-
do a comodidade) não entrará no computo do valor da base de cálculo do IPTU.

CTN, Art. 33. A base do cálculo do imposto é o valor venal do imóvel.


Parágrafo único. Na determinação da base de cálculo, não se considera o valor dos bens móveis
mantidos, em caráter permanente ou temporário, no imóvel, para efeito de sua utilização, explora-
ção, aformoseamento ou comodidade.

1.7. Lançamento

O lançamento de ofício ocorre quando o Fisco possui elementos suficientes para efetuar
o lançamento independente de existir qualquer tipo de autuação ou participação do sujeito
passivo.
O envio de carnê de IPTU e IPVA e considerado lançamento de ofício com base no artigo
149 I do CTN e na Súmula 397 do STJ.

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes
casos:
I – quando a lei assim o determine;

Súmula n. 397, STJ
Contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu endereço.

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Questão 4 (FCM/2020/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/AUDITOR-FISCAL/FISCALIZA-


ÇÃO) Suponha que em determinado município o IPTU siga a sistemática de lançamento por
ofício. Considerando-se que o fato gerador do referido imposto ocorre em 1º de janeiro de
cada ano e que o prazo para pagamento é de 30 (trinta) dias, é correto afirmar que o prazo
a) decadencial se iniciará imediatamente após a prática do fato gerador.
b) prescricional se iniciará imediatamente após a prática do fato gerador.
c) decadencial se iniciará no primeiro dia do exercício financeiro seguinte em que poderia ser
efetuado o lançamento.
d) prescricional se iniciará no primeiro dia do exercício financeiro seguinte em que poderia ser
efetuado o lançamento.
e) decadencial se iniciará somente após o transcurso do prazo de 30 (trinta) dias, quando
ocorre a constituição definitiva do crédito tributário.

Letra c.
A decadência nos tributos lançados de ofício será contado do primeiro dia do exercício se-
guinte aquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, art. 173, I, do CTN.

2. Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis Inter Vivos (ITBI)


Base legal: art. 156 II e § 2º CF e a partir do artigo 35 do CTN.
Competência: o imposto de transmissão de bens imóveis inter vivos é um tributo de com-
petência privativa dos municípios e dos Distrito Federal em decorrência de sua competência
cumulativa (art. 147 do CF) conforme disposto no artigo 156 II da Constituição.

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Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


II – transmissão “inter vivos”, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou
acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direi-
tos a sua aquisição;

2.1. Princípio da Legalidade


O imposto de transmissão de bens imóveis inter vivos deve obediência ao princípio da
legalidade e para ser instituído, extinto, alterada a sua base de cálculo, alíquota ou concedido
incentivos fiscais deve ser editada uma Lei Ordinária estadual ou distrital conforme o caso.

2.2. Função
O imposto de transmissão de bens imóveis inter vivos tem função nitidamente fiscal com
o objetivo puro e simples em arrecadar valores para financiar as atividades do Estado, sejam
elas específicas ou gerais.

2.3. Princípios da Anterioridade Anual e Nonagesimal

O princípio da Anterioridade Anual ou de Exercício determinar que o Estado só poderá co-


brar tributos que tenham sido instituídos ou majorados no primeiro dia do exercício seguinte
– art. 150 III b da CF.
O princípio da Anterioridade Nonagesimal ou também chamado de Noventena determinar
que o Estado só poderá cobrar tributos que tenham sido instituídos ou majorados após 90
dias da data da publicação da lei – art. 150 III c da CF.
No entanto, o imposto de transmissão de bens imóveis inter vivos deve obediência a am-
bos os princípios, ou seja, deve aguardar o primeiro dia do exercício seguinte e 90 dias da data
da publicação da lei para que possa ser cobrado.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Es-
tados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III – cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o disposto na alínea b;

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2.4. Fato Gerador

O ITBI tem como fato gerador a transmissão de bens imóveis em caráter oneroso incidin-
do inclusive sobre os direitos reais sobre os imóveis e sobre a cessão de direitos devendo ser
pago para o município onde se localize o bem conforma artigo 156, § 2º, II, da Constituição.

Art. 156, 2º O imposto previsto no inciso II:


II – compete ao Município da situação do bem.

O fato gerador do ITBI é a transmissão da propriedade ou do domínio útil, como definidos


na lei civil em seu artigo 1227, 1245 e 1246 do CC. Desta forma, o fato gerador somente ocor-
rerá quando for verificado o registro da escritura de compra e venda no Cartório de Registro
de Imóveis.

CC, Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos,
só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos ( arts. 1.245
a 1.247 ), salvo os casos expressos neste Código.
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Re-
gistro de Imóveis.
§ 1º Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do
imóvel.
§ 2º Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro,
e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro,
e este o prenotar no protocolo.

Outro ponto de análise importante para definição do fato gerador do ITBI é a redação do
artigo 109 e 110 do CTN. O primeiro dispõe que os princípios gerais de direito privado são
utilizados para a pesquisa da definição, do conteúdo e dos alcance dos institutos mas não

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poderão alterar os efeitos tributários e o segundo dispositivo do Código Tributário Nacional


que a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos em direito
privado não podem assim, alterar os conceitos de transferência da propriedade previstos nos
artigos do Código Civil acima mencionados.

CTN, Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do
conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respec-
tivos efeitos tributários.
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos
e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas
Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para
definir ou limitar competências tributárias.

Exemplo: o conceito de transferência de propriedade está disposto na lei civil e não poderá ser
modificado pelo direito tributário assim como, a lei civil não modificará os efeitos tributários
da incidência do ITBI quando houver o registro do imóvel no cartório.

Nessa mesma linha de raciocínio o conceito de direito real sobre imóvel e cessão de direi-
to também é encontrado no Código Civil no artigo 1.225 do CC.

Art. 1.225. São direitos reais:


I – a propriedade;
II – a superfície;
III – as servidões;
IV – o usufruto;
V – o uso;
VI – a habitação;
VII – o direito do promitente comprador do imóvel;
VIII – o penhor;
IX – a hipoteca;
X – a anticrese.
XI – a concessão de uso especial para fins de moradia;
XIII – a laje.

Assim, a transmissão de propriedade de bens imóveis, de direitos reais sobre imóveis e de


cessão de direitos somente serão transmitidas quando houver o registro imobiliário ocorren-
do neste momento a incidência do fato gerador do ITBI.

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Antes da inscrição do título NÃO HÁ QUE SE FALAR em transmissão da propriedade e,


portanto, não há que se falar em incidência de ITBI.

RO em MS 10.650-DF, AgReg no REsp 982.625/RJ: A jurisprudência do STJ é pacífica no


sentido de que, apenas a transcrição do título de transferência no registro de imóveis dá
ensejo à incidência do ITBI, não podendo ser tributada a promessa de compra e venda
ou de cessão de direitos.
ARE 759.964 AgR, rel. min. Edson Fachin, j. 15-9-2015, 1ª T, DJE de 29-9-2015. A cobrança
de ITBI – Imposto de Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis – é devida no momento
do registro da compra e venda na matrícula do imóvel.
RE 666.096 AgR, voto da rel. min. Cármen Lúcia, j. 30-10-2012, 2ª T, DJE de 21-11-2012.
AI 782.703 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 8-10-2013, 1ª T, DJE de 25-11-2013. (...) o STF
assentou que os contratos de promessa não constituem fato gerador para a incidência
do Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis.

Por fim, é de suma importância ressaltar que não incidirá ITBI sobre os direitos reais de

garantia (hipoteca, penhor, anticrese) pois estes se diferenciam dos de gozo e fruição da pro-

priedade já que o devedor não poderá usar e dispor do bem e, desta forma, não poderá haver

a transferência do bem para fins de incidência de ITBI.

2.5. Contribuinte

O contribuinte do Imposto segundo disposto no artigo 42 do Código Tributário Nacional


poderá ser qualquer das partes envolvidas na operação que tenha por objeto a transmissão
onerosa do bem imóvel, mas, na prática, vemos que as leis municipais acabam elegendo o
adquirente do bem como contribuinte da operação.

CTN, Art. 42. Contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como dispuser
a lei.

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2.6. Alíquotas

A progressividade do ITBI foi julgada inconstitucional pelo STF, em 2003, com a edição da
súmula 656 do STF com a fundamentação de que o princípio da capacidade contributiva não
poderia ser aplicada aos impostos reais.

Súmula n. 656, STF
É inconstitucional a lei que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de trans-
missão inter vivos de bens imóveis – ITBI, com base no valor venal do imóvel.

Impostos reais são aqueles que incidem e levam em consideração tão somente a coisa
(ITBI e ITCMD) sem levar em conta as características particulares do contribuinte diferente-
mente do que ocorrer com os impostos pessoais que levam em conta as condições pessoais
do contribuinte, como no caso do imposto de renda, para se determinar a possibilidade de alí-
quotas progressivas tendo por base o princípio da capacidade econômica previsto no artigo
145, § 1º, da Constituição.
Ocorre que no julgamento do RE de n. 562045/RS o STF julgou a constitucionalidade da
estipulação de alíquotas progressivas de ITCMD mesmo sendo ele um imposto real tomando
por base o próprio artigo 145, § º1, da Constituição.
No entanto, a Súmula 656 do STF encontra-se em plena vigência mantendo o posiciona-
mento da inconstitucionalidade de estipulação de alíquotas progressivas de ITBI posiciona-
mento este adotado recentemente pela FGV na questão de n. 3 da prova da 2ª fase do XXX
exame de ordem, senão vejamos...

Questão 5 (2 FASE XXX EXAME DE ORDEM) José da Silva, desejando integralizar sua parte
no capital social da sociedade empresária da qual é sócio, buscou transmitir imóvel de sua
propriedade, de alto valor, para a sociedade empresária, cuja atividade preponderante é a de

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locação de imóveis. Ele ficou surpreso ao verificar que havia cobrança do Imposto de Trans-
missão de Bens Imóveis (ITBI) e, mais admirado ainda, com a aplicação de alíquota superior
àquela aplicada a outros imóveis de menor valor, em razão da existência de lei municipal
ordinária estabelecendo alíquotas progressivas do ITBI em função do valor do imóvel. Diante
desse cenário, responda aos itens a seguir.
b) José da Silva tem razão ao insurgir-se contra a diferença na alíquota de ITBI cobrada?
(Valor: 0,60).

Sim, José da Silva tem razão. O ITBI é um tributo real que não admite alíquotas progressivas
em razão do valor do imóvel, como sedimentado na Súmula 656 do STF: É inconstitucional a
lei que estabelece alíquotas progressivas para o Imposto de Transmissão Inter Vivos de Bens
Imóveis (ITBI) com base no valor venal do imóvel.
Ressalte-se que o STF, ao admitir a aplicação de alíquotas progressivas ao ITCMD, em sede
de repercussão geral (STF. RE 562.045, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Rel. p/ Acórdão: Min.
Cármen Lúcia, Pleno, julg. 06/02/2013), também previu que esta decisão não se estendia ao
ITBI, por ser tributo com sistemática distinta, permanecendo aplicável ao ITBI a Súmula 656
do STF.
Entendeu o STF que existia uma peculiaridade que os diferencia: o ITCMD tem como fato ge-
rador um acréscimo patrimonial a título gratuito, revelador de evidente capacidade contribu-
tiva, aproximando-o dos impostos pessoais como o IR.
Isso autorizaria que seguisse sistemática similar quanto à progressividade, o que não ocorre
no ITBI, em que não haveria um aumento de patrimônio, mas uma mera sub-rogação ou subs-
tituição do dinheiro usado para adquirir o imóvel pela propriedade do imóvel.
Veja-se trecho do voto da Ministra Ellen Gracie no RE 562.045 que expressamente delimita a
diferença entre ambos os tributos e ressalva a continuidade de aplicação da Súmula 656 ao
ITBI (grifos nossos): “6. O ITCMD permite mais do que uma simples presunção indireta da ca-
pacidade contributiva do contribuinte. Isso porque não se trata de um tributo que incida sobre
a propriedade de um bem, por exemplo, de característica estática e dissociada da situação do
contribuinte ou que tome qualquer outra realidade econômica de modo isolado.

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O imposto sobre a transmissão causa “mortis” é devido pelo “beneficiário ou recebedor do


bem ou direito transmitido” por ocasião do direto e necessário acréscimo patrimonial que a
transmissão implica. Aliás, trata-se de um acréscimo patrimonial a título gratuito, que revela,
por si mesmo, evidente e clara capacidade contributiva.
De modo algum, terá o contribuinte que dispor senão de parte do acréscimo percebido. 7. Dife-
rencia-se o ITCMD, assim, do próprio ITBI, que é objeto da Súmula 656 (“É inconstitucional a lei
que estabelece alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imó-
veis – ITBI com base no valor venal do imóvel”), porquanto o ITBI diz respeito à transmissão
onerosa, em que há a aquisição da propriedade numa operação sinalagmática na qual o adqui-
rente assume o ônus da contrapartida. No ITBI, a simples operação de transferência não per-
mite que se saiba qual a real disponibilidade do adquirente para pagamento do imposto. Pode
o adquirente ter efetuado o pagamento do preço à vista ou à prazo, com recursos próprios ou
mediante financiamento, pode ter adquirido o imóvel para moradia ou para investimento, den-
tre outras circunstâncias, todas alheias ao fato gerador. Aliás, é comum que, na aquisição de
imóveis, o adquirente faça grandes esforços para realizar a operação, de modo que a efetiva
capacidade contributiva é meramente presumida, mas não necessariamente real, podendo a
operação, inclusive, estar associada à assunção de vultosas dívidas. Já na aquisição a título
gratuito, há sempre efetivo acréscimo patrimonial, mediante transferência sem contraparti-
da. O ITCMD, portanto, distingue-se do ITBI. Não se trata sequer de um típico imposto real,
porquanto o próprio fato gerador revela inequívoca capacidade contributiva dele decorrente.
Nessa medida e considerando a subjetivação que admite, pode-se mesmo considerar que, na
classificação entre impostos reais e pessoais, o ITCMD penderia mais para esta categoria.”

2.7. Base de Cálculo

A base de cálculo do ITBI será o valor venal do imóvel, ou seja, aquele pelo qual o imóvel
será transacionado em uma situação de compra e venda no mercado. Deste modo, a base de
cálculo do ITBI pode inclusive ser maior do que a base de cálculo prevista para o IPTU.

CTN, Art. 38. A base de cálculo do imposto é o valor venal dos bens ou direitos transmitidos.

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O STJ em julgamento sobre o tema reformou acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo
que acolheu o pedido de um contribuinte para determinar que a base de cálculo do ITBI fosse
exatamente a mesma do IPTU, geralmente defasada em relação à realidade do mercado.
Ocorre que o artigo 38 do Código Tributário Nacional é expresso em dizer que a base de
cálculo leva em consideração o valor VENAL no mercado, ou seja, o real valor de venda no
mercado imobiliário da mesma forma que em hasta pública o valor da base de cálculo será o
valor da arrematação e não o da avaliação por refletir o real valor de venda – art. 130, § único,
do CTN.

2.8. Imunidade

O artigo 156, § 2º, I, da Constituição, dispõe acerca da imunidade de ITBI nos casos de
integralização e aumento do capital social de empresas, fusão, incorporação, cisão, extinção
ou desincorporação salvo se a atividade preponderante da empresa for relacionada a compra,
venda e locação de tais bens.

CF, Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


§ 2º O imposto previsto no inciso II:
I – não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa ju-
rídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão,
incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a  atividade prepon-
derante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou
arrendamento mercantil;
CTN, Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo seguinte, o imposto não incide sobre a transmissão
dos bens ou direitos referidos no artigo anterior:
I – quando efetuada para sua incorporação ao patrimônio de pessoa jurídica em pagamento de
capital nela subscrito;
II – quando decorrente da incorporação ou da fusão de uma pessoa jurídica por outra ou com outra.
Parágrafo único. O imposto não incide sobre a transmissão aos mesmos alienantes, dos bens e
direitos adquiridos na forma do inciso I deste artigo, em decorrência da sua desincorporação do
patrimônio da pessoa jurídica a que foram conferidos.

O final do artigo 156, § 2º, I, da CF, bem como, o disposto no artigo 37 do CTN acaba por
afastar a imunidade de ITBI quando a atividade preponderante da empresa referir a compra,
venda e locação de bens.

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A atividade preponderante resta configura quando mais de 50% da receita da pessoa jurí-
dica em uma análise dos dois anos anteriores e posterior ocorrer de tais transações.
Diante disso, pode ocorrer que empresas que tentem forçar a aplicação da imunidade
possam vir a ser autuada futuramente pelo fisco diante da análise de tais rendimentos refe-
rentes as atividades da empresa.
Quando a empresa tiver sido criada recentemente o critério de atividade preponderante
será analisado levando em consideração o período dos três anos seguintes à transferência
do imóvel destinado à integralização do seu capital conforme disposto na redação do artigo
37, § 2º, do CTN.
Por fim, vale deixar claro que o Ente Municipal não poderá exigir o ITBI antes de restar con-
figurada a existência de atividade preponderante de compra, venda, locação ou arrendamento
mercantil de imóveis.

CTN, Art. 37. O disposto no artigo anterior não se aplica quando a pessoa jurídica adquirente tenha
como atividade preponderante a venda ou locação de propriedade imobiliária ou a cessão de direi-
tos relativos à sua aquisição.
§ 1º Considera-se caracterizada a atividade preponderante referida neste artigo quando mais de
50% (cinquenta por cento) da receita operacional da pessoa jurídica adquirente, nos 2 (dois) anos
anteriores e nos 2 (dois) anos subsequentes à aquisição, decorrer de transações mencionadas
neste artigo.
§ 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar suas atividades após a aquisição, ou menos de 2 (dois)
anos antes dela, apurar-se-á a preponderância referida no parágrafo anterior levando em conta os
3 (três) primeiros anos seguintes à data da aquisição.
§ 3º Verificada a preponderância referida neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, nos termos da
lei vigente à data da aquisição, sobre o valor do bem ou direito nessa data.
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica à transmissão de bens ou direitos, quando realizada em
conjunto com a da totalidade do patrimônio da pessoa jurídica alienante.

Questão 6 (2 FASE XXX EXAME DE ORDEM) José da Silva, desejando integralizar sua parte
no capital social da sociedade empresária da qual é sócio, buscou transmitir imóvel de sua
propriedade, de alto valor, para a sociedade empresária, cuja atividade preponderante é a de

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locação de imóveis. Ele ficou surpreso ao verificar que havia cobrança do Imposto de Trans-
missão de Bens Imóveis (ITBI) e, mais admirado ainda, com a aplicação de alíquota superior
àquela aplicada a outros imóveis de menor valor, em razão da existência de lei municipal
ordinária estabelecendo alíquotas progressivas do ITBI em função do valor do imóvel. Diante
desse cenário, responda aos itens a seguir.
a) José da Silva tem razão ao ser contrário à cobrança de ITBI? (Valor: 0,65)

Não, José da Silva não tem razão. Embora a regra geral prevista no Art. 156. § 2º, inciso I, da
CRFB/88 seja a de que o ITBI não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados
ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, o próprio texto constitucional ex-
cepciona tal não incidência se a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda
desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil. Portanto, deve,
sim, haver cobrança de ITBI.

2.9. Lançamento por Declaração (Art. 147, CTN)

O lançamento é o procedimento administrativo pelo qual a autoridade administrativa


constitui o crédito tributário apurando quem é o sujeito passivo, a origem e o valor do crédito
tendo como objetivo tornar o valor líquido e certo para o Estado.
Existem três formas de lançamento: por declaração ou misto (art. 147 do CTN), por homo-
logação (art. 150 CTN) e de ofício (art. 149 do CTN). O ITCMD, por sua vez, deverá ser lançado
inicialmente por declaração e ocorre quando a legislação tributária impõe ao sujeito passivo
da obrigação correspondente a declaração fornecendo as informações necessárias ao lan-
çamento do crédito tributário.
O STJ no julgamento do Recurso Especial de n. 577.613/RS de relatoria do Ministro Luiz
Fux, publicado no Diário de Justiça na data de 08/11/2004 considerou que a doutrina ca-
racteriza o lançamento do imposto em questão – ITBI – como lançamento por declaração,
podendo ser de ofício quando ocorre o fato gerador sem que o correspondente pagamento
tenha sido efetivado.

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3. Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN)


Base legal: art. 156 III e § 3º CF e LC 116/03.
Competência: o imposto serviços de qualquer natureza é um tributo de competência pri-
vativa dos municípios e dos Distrito Federal em decorrência de sua competência cumulativa
(art. 147 do CF) conforme disposto no artigo 156 III da Constituição.

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


III – serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos em lei complementar.

3.1. Legalidade
O imposto serviços de qualquer natureza deve obediência ao princípio da legalidade e
para ser instituído, extinto, alterada a sua base de cálculo, alíquota ou concedido incentivos
fiscais deve ser editada, como regra, uma Lei Ordinária municipal ou distrital conforme o caso.
No entanto, como em todos os demais tributários podem ser editadas normas gerais para
pacificar determinados conceito acerca do ISS e, tais normas deverão ser regulamentadas por
meio de Lei Complementar, no caso, a LC 116/03 que deverá fixar os patamares das alíquotas
máximas e mínimas do impostos, excluir da sua incidência exportações de serviços para o
exterior e regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão
concedidos e revogados.

CF, Art. 156, § 3º Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei com-
plementar:
I – fixar as suas alíquotas máximas e mínimas;
II – excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior.
III – regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedi-
dos e revogados.

Questão 7 (IDIB/2020/PREFEITURA DE COLINAS DO TOCANTINS-TO/AUDITOR-FISCAL)


Acerca do imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISSQN), assinale a alternativa cor-
reta:

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a) Lei ordinária excluirá da sua incidência as exportações de serviços para o exterior.


b) Cabe à lei complementar fixar a base de cálculo e a alíquota média do ISSQN.
c) Lei delegada fixará, para efeito de cobrança do ISSQN e definição do estabelecimento res-
ponsável, o local das operações relativas às prestações de serviços.
d) Cabe à lei complementar regular a forma e as condições como isenções, incentivos e bene-
fícios fiscais serão concedidos e revogados.

Letra d.
a) Errada. Por lei complementar.
b) Errada. A LC 116 de 2003 fixará a alíquota máxima (5%) e a alíquota mínima (2%) com re-
lação ao ISS.
d) Errada. Por lei complementar.
d) Certa. Art. 156 § 3º da CF.

Questão 8 (FCM/2020/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/AUDITOR-FISCAL/FISCALIZA-


ÇÃO) Considere a seguinte situação hipotética.
Lei complementar municipal instituiu o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS-
QN). Anos depois, a lei ordinária daquela municipalidade alterou dispositivos da referida lei
complementar.
Com base nessa situação, é correto afirmar que a alteração realizada é
a) inconstitucional, vez que lei ordinária não pode disciplinar matéria tributária sem expressa
previsão constitucional.
b) inconstitucional, vez que a instituição de ISS ocorre por lei complementar federal em razão
da exigência de maior quórum para sua aprovação.
c) inconstitucional, vez que o campo material destinado às leis ordinárias é apenas residual.
d) constitucional, vez que a instituição do ISS ocorre por lei ordinária e o Supremo Tribunal
Federal (STF) se posicionou acerca da inexistência de hierarquia entre leis ordinária e com-
plementar.

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e) constitucional, vez que a utilização de lei ordinária ou complementar para a instituição de


ISS é questão controvertida na doutrina, razão pela qual se admitem ambas para tal finalidade.

Letra d.
A instituição de ISS é matéria de lei ordinária e a estipulação de normas gerais por meio de
Lei Complementar. No entanto, caso um município crie o ISS por meio de LC esta espécie
normativa será válida tendo em vista o seu quórum de aprovação ser de maioria absoluta. No
entanto, será uma lei complementar meramente formal. Terá sido aprovada com procedimen-
to legislativo de LC, mas terá matéria de LO podendo ser revogada por outro LO.

3.2. Função
O imposto sobre serviços de qualquer natureza tem função nitidamente fiscal com o ob-
jetivo puro e simples em arrecadar valores para financiar as atividades do Estado, sejam elas
específicas ou gerais.

3.3. Princípios da Anterioridade Anual e Nonagesimal


O princípio da Anterioridade Anual ou de Exercício determinar que o Estado só poderá co-
brar tributos que tenham sido instituídos ou majorados no primeiro dia do exercício seguinte
– art. 150 III b da CF.
O princípio da Anterioridade Nonagesimal ou também chamado de Noventena determinar
que o Estado só poderá cobrar tributos que tenham sido instituídos ou majorados após 90
dias da data da publicação da lei – art. 150 III c da CF.
No entanto, o imposto serviços de qualquer natureza deve obediência a ambos os princí-
pios, ou seja, deve aguardar o primeiro dia do exercício seguinte e 90 dias da data da publica-
ção da lei para que possa ser cobrado.

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Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Es-
tados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III – cobrar tributos:
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou
aumentou, observado o disposto na alínea b;

Exemplo: caso o ISS seja majorado por meio de lei ordinária municipal na data de 01 de julho
de 2025, por ser regra aos princípios da anterioridade anual (no caso 01/01/26) e nonage-
simal (outubro de 2025), somente poderá ser cobrado nada data de 01/01/26 por ser a data
mais distante e mais benéfica ao contribuinte.

3.4. Contribuinte
O contribuinte do imposto sobre serviço, conforme disposto no artigo 5 da LC 116/03, é o
prestador do serviço. Todas as empresas e profissionais autônomos que se enquadrem no
fato gerador do referido tributo precisam efetuar o seu recolhimento.
O ISS é cobrado sobre o valor do serviço discriminado na nota fiscal emitida pelo pres-
tador (quem fez o serviço – contribuinte) para o tomador (quem contratou aquele serviço –
responsável).

Art. 5º Contribuinte é o prestador do serviço.

3.5. Local de Pagamento

O local do pagamento do ISS conforme a regra descrita no caput do artigo 3º da LC 116


de 2003 será o local do estabelecimento do prestador do serviço sendo este o local onde o
contribuinte desenvolve a atividade de prestar serviço, de forma permanente ou temporária.

Art. 3º O serviço considera-se prestado, e o imposto, devido, no local do estabelecimento prestador
ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, exceto nas hipóteses previstas
nos incisos I a XXV, quando o imposto será devido no local:
Art. 4º Considera-se estabelecimento prestador o local onde o contribuinte desenvolva a atividade
de prestar serviços, de modo permanente ou temporário, e que configure unidade econômica ou
profissional, sendo irrelevantes para caracterizá-lo as denominações de sede, filial, agência, posto
de atendimento, sucursal, escritório de representação ou contato ou quaisquer outras que venham
a ser utilizadas.

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Ocorre que nas hipóteses dos incisos I ao XXV do artigo 3º da LC 116/03 o local do paga-
mento será aonde esteja sendo prestado o serviço. Assim, é recomendado que você primeiro
tenha ciência das hipóteses previstas nos incisos (local da prestação) e caso não encontre o
serviço no rol determine como pagamento o local do estabelecimento do prestador.

Salvo as hipóteses dos incisos I ao XXV do Art. 3 da LC 116/03 que será NO


REGRA: LOCAL...
LOCAL DO ESTABELECI- estabelecimento do tomador ou intermediário – serviços provenientes do exte-
MENTO DO PRESTADOR rior – Art. 3 I LC 116/03
instalação de andaimes, palcos, coberturas e outras estruturas.
Execução de obras dos itens 7.02 e 7.19.
Demolição (item 7.04)
Edificações em geral (estradas, pontes, portos)
Execução de coleta, remoção... de lixo.
Execução de limpeza, manutenção e conservação de logradouros públicos, imó-
veis, chaminés, piscinas...
Execução da Decoração e jardinagem
Controle e tratamento do efluente, agentes físicos, químicos e biológicos.
Florestamento, adubação, colheita...
Serviços de escoramento, encostas.
Limpeza e drenagem.
Onde estiver guardado o bem ou estacionado.
Dos bens, semoventes ou do domicílio das pessoas vigiadas, seguradas ou
monitoradas.
Armazenamento, depósito, carga...
Da execução dos serviços de diversão, lazer...
Município onde está sendo executado o transporte.
Estabelecimento do tomador da mão de obra ou na falta o domicílio (17.5)
Feira, exposição, congresso...
Porto, aeroporto, ferroporto...
Domicílio do tomador (4.22, 4.23 e 5.09)
Domicílio do tomador nos serviços prestados pelos administradores de cartões
Domicílio do tomador nos serviços 10.04 e 15.09

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LC n. 116/2003, Art. 3º, § 1º Dispõe que considera-se ocorrido o fato gerador e devido o imposto
em cada Município em cujo território haja extensão de ferrovia, rodovia, postes, cabos, dutos e con-
dutos de qualquer natureza, objetos de locação, sublocação, arrendamento, direito de passagem
ou permissão de uso, compartilhado ou não.
§ 2º No caso dos serviços a que se refere o subitem 22.01 da lista anexa, considera-se ocorrido
o fato gerador e devido o imposto em cada Município em cujo território haja extensão de rodovia
explorada.
§ 3º Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no local do estabelecimento prestador nos
serviços executados em águas marítimas, excetuados os serviços descritos no subitem 20.01.
§ 4º Na hipótese de descumprimento do disposto no caput ou no § 1º, ambos do art. 8º-A desta
Lei Complementar, o imposto será devido no local do estabelecimento do tomador ou intermediário
do serviço ou, na falta de estabelecimento, onde ele estiver domiciliado. (Incluído pela Lei Comple-
mentar n. 157, de 2016)

Questão 9 (2 FASE XIV EXAME) A pessoa jurídica Bom Porto S.A., domiciliada no Município
A, prestou serviços portuários no Município B, onde se localiza o Porto de Ferro. A pessoa ju-
rídica não realizou o pagamento do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS, e os
dois Municípios lavraram auto de infração visando à cobrança do ISS.
a) Qual o Município competente para a cobrança do ISS? Justifique. (Valor: 0,60)

Segundo o art. 3º, inciso XXII, da Lei Complementar n. 116/2003, o serviço considera-se pres-
tado no local do porto, no caso dos serviços descritos pelo item 20 da lista anexa (Serviços
portuários, aeroportuários, ferroportuários, de terminais rodoviários, ferroviários e metrovi-
ários). Sendo assim, o Município B, onde se localiza o Porto de Ferro, é o competente para
cobrança do ISS na hipótese.

b) Qual a medida judicial mais adequada para dirimir, na hipótese, o conflito de competência
tributária relativo ao ISS? (Valor: 0,65)

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A medida judicial mais adequada é a ação de consignação em pagamento, nos termos do


Art. 164, inciso III, do CTN.

Questão 10 (2/XX EXAME) Em janeiro de 2014, a  pessoa jurídica XYZ Ltda., com sede no
Município “A”, prestou serviço de decoração e jardinagem no Município “C” e não recolheu
o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). No entanto, em julho do mesmo ano,
a empresa foi surpreendida com a cobrança administrativa do imposto pelos dois entes tri-
butantes – pelo município “A” e pelo município “C”. Sobre a hipótese, responda aos itens a
seguir.
a) A qual município o ISS é devido? (Valor 0,65)

O art. 3º da Lei Complementar n. 116/2003 prevê que, em regra, o “serviço considera-se pres-
tado e o imposto devido no local do estabelecimento prestador ou, na falta do estabelecimen-
to, no local do domicílio do prestador”. No entanto, o referido artigo também prevê algumas
exceções, quando o imposto será devido no local da execução do serviço. Esse é o caso da
prestação dos serviços de decoração e jardinagem, do corte e poda de árvores (subitem 7.11
da lista anexa – inciso VIII). Sendo assim, na hipótese descrita o imposto será devido no mu-
nicípio “C”, local da execução do serviço.

b) Caso o contribuinte ajuíze ação consignatória com o depósito do montante integral, visan-
do solucionar o conflito de competência entre os municípios “A” e “C”, os municípios poderão
ajuizar execução fiscal visando à cobrança de ISS? (Valor 0,60)

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A ação consignatória é a ação cabível para solucionar o conflito de competência e titulari-


dade, uma vez que os municípios “C” e “A” estão exigindo ISS sobre o mesmo fato gerador,
conforme Art.  164, inciso III, do Código Tributário Nacional. Sendo assim, considerando
que o contribuinte XYZ Ltda. realizou o depósito do montante integral, o crédito tributário
está suspenso, na forma do Art. 151, inciso II, do CTN. Dessa forma, considerando que o
crédito está com a exigibilidade suspensa, os municípios não podem ajuizar a execução
fiscal.

Questão 11 (2/XXVII) Uma sociedade empresária ABC Ltda. explora a atividade empresarial
de montagem de estruturas de metal para shows e eventos, exercendo suas atividades princi-
palmente no Município X, onde está sediada. Excepcionalmente, tal sociedade foi contratada
para montar o palco de um único show no Município Y, executando ali o serviço. Quanto ao
serviço prestado em caráter excepcional no Município Y, esse ente federado pretende cobrar
o ISS. Diante desse quadro, responda aos itens a seguir.
a) Está correta a exigência do Município Y? Justifique. (Valor: 0,80)

Sim, a exigência está correta. Embora o ISS, como regra geral, seja devido no local do estabe-
lecimento prestador, o imposto será devido no local da instalação dos andaimes, palcos, co-
berturas e outras estruturas, conforme exceção prevista no Art. 3º, inciso II, da LC 116/2003.

b) Caso ambos os Municípios resolvam cobrar ISS pelo serviço prestado, qual seria a medida
judicial típica e mais adequada, nos termos da legislação, para evitar que o contribuinte pague
o imposto em duplicidade? (Valor: 0,45)

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Ação de consignação em pagamento, conforme Art. 164, inciso III, do CTN: “A importância de


crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: III – de
exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um
mesmo fato gerador.”

Questão 12 (RBO/2010/PREFEITURA DE ITANHANDU-MG/FISCAL DE TRIBUTOS) Considere


a seguinte situação hipotética:
“Vida Nova Construções e Empreendimentos”, construtora com sede no Município de Passa
Quatro e filial em São Lourenço, realizará uma obra de construção de um posto de saúde, sob
regime de empreitada, na cidade de Itanhandu. A cobrança do ISSQN será de competência:
a) Da Prefeitura de Passa Quatro, porque é o Município onde a “Vida Nova Construções e Em-
preendimentos” tem sua sede social.
b) Das Prefeituras de Passa Quatro ou São Lourenço, porque a “Vida Nova Construções e Em-
preendimentos” possui sede e filial somente nesses municípios.
c) Da Prefeitura de Itanhandu, porque é o local onde será construído o posto de saúde.
d) Em lugar algum, porque construção civil sob regime de empreitada não está sujeito a inci-
dência de ISSQN.

Letra c.
a) Errada. Artigo 3 da LC 116 de 2003.
b) Errada. Artigo 3 da LC 116 de 2003.
c) Certa. Artigo 3 da LC 116 de 2003.
d) Errada. Artigo 3 da LC 116 de 2003.

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3.6. Alíquota

Fixação: OS artigos 8 e 8 A da LC 116 de 2003 estipulam os patamares máximos e míni-


mos que podem ser cobrados de ISS em cada um dos municípios do Brasil. Máximo de 5% e
Mínimo de 2%.
Nenhum município poderá conceder benefícios fiscais em carga tributária menor do que
a alíquota mínima de 2% previsto na lei complementar nacional SALVO no caso dos serviços
mencionados nos subitens 7.02, 7.05 e 16.01.
Nula será a lei ou qualquer ato municipal que não respeite a alíquota mínima de 2% no
caso de serviço prestado a tomador ou intermediário localizado em município diverso daque-
le em que está localizado o prestador.
Em caso de nulidade o prestador do serviço poderá ingressar com ação de repetição de
indébito requerendo a restituição do imposto correspondente ao valor efetivamente pago
de ISS.

Art. 8º As alíquotas máximas do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza são as seguintes:
I – (VETADO)
II – demais serviços, 5% (cinco por cento).
Art. 8º-A A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza é de 2% (dois por
cento).
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou
financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob
qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decor-
rente da aplicação da alíquota mínima estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se
referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a esta Lei Complementar.
§ 2º É nula a lei ou o ato do Município ou do Distrito Federal que não respeite as disposições relati-
vas à alíquota mínima previstas neste artigo no caso de serviço prestado a tomador ou intermedi-
ário localizado em Município diverso daquele onde está localizado o prestador do serviço.
§ 3º A nulidade a que se refere o § 2º deste artigo gera, para o prestador do serviço, perante o Mu-
nicípio ou o Distrito Federal que não respeitar as disposições deste artigo, o direito à restituição do
valor efetivamente pago do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza calculado sob a égide
da lei nula.

Tributação fixa ou proporcional: o ISS será tributa de forma fixa quando se referir a “um
único valor pago periodicamente pelos profissionais liberais que executam serviços pessoais

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e a tributação proporcional está adstrita à aplicação de uma alíquota sobre o movimento eco-
nômico das empresas que prestam serviços”1.
Os serviços prestados em caráter empresarial serão tributados de forma proporcional, ou seja,
com incidência de alíquota sobre o valor de cada serviço prestado conforme artigo 7º LC 116/03.

Art. 7º A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.

TJ-AL – Apelação APL 00057345920048020001 AL 0005734-59.2004.8.02.0001 (TJ-


AL). Jurisprudência• Data de publicação: 22/11/2010. EMENTA: ALÍQUOTAS FIXAS. ART.
9º, §§ 1º E 3º, DO DECRETO-LEI N.º 406 /68. INOCORRÊNCIA DE REVOGAÇÃO PELA LEI
COMPLEMENTAR N. 116 /03. SÚMULA 663 DO STF. NATUREZA EMPRESARIAL. INAPLI-
CABILIDADE DO REGIME DIFERENCIADO DE COBRANÇA DO IMPOSTO. Sociedade de
profissionais liberais, formada exclusivamente por médicos, todavia, constituída sob a
forma limitada, com distribuição de lucros, revela caráter empresarial, incompatível com
o tratamento previsto no art. 9º, § 3º, do Decreto-Lei n. 406 /68, que não foi revogado
pela Lei Complementar n.  116 /03. Inteligência da Súmula n.  663 do STF. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO. DECISÃO UNÂNIME.

Os serviços prestados em caráter meramente profissional serão tributados em valor fixo


previsto na legislação municipal conforme disposto artigo 9º §1º DL 406/68 e na Súmula
663 STF.

Art. 9º, § 1º Quando se tratar de prestação de serviços sob a forma de trabalho pessoal do próprio
contribuinte, o imposto será calculado, por meio de alíquotas fixas ou variáveis, em função da na-
tureza do serviço ou de outros fatores pertinentes, nestes não compreendida a importância paga a
título de remuneração do próprio trabalho.

Súmula n. 663, STF
Os §§ 1º e 3º do art. 9º do Decreto-Lei n. 406/1968 foram recebidos pela Constituição.

1
SABAG, Eduardo. P. 1333

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Questão 13 (2 FASE/2010.2) Lei Municipal n. XYZ, publicada em 20/09/2010, alterou a co-


brança do ISS para os advogados. A lei definiu que, a partir de 2011, a base de cálculo dos
serviços prestados por advogados será o preço do serviço, qual seja, o valor dos honorários
profissionais recebidos. Com base na situação hipotética, emita parecer acerca da legalidade
do diploma legal em questão. Caso entenda pela ilegalidade da cobrança, que medida(s) judi-
cial(ais) um advogado pode propor para suspender a cobrança do tributo?

O Decreto-Lei n. 406/68, em seu art. 9º, parágrafo primeiro, estabelece que o imposto sobre
serviço prestado sob a forma de trabalho pessoal não pode ser calculado sobre a importância
recebida a título de remuneração do próprio trabalho. Com a entrada em vigor da LC 116/2003,
o seu art. 10 não revogou expressamente o art. 9º. Do Decreto-lei no. 406/68, o que resulta
ainda na sua aplicação quanto a essa forma específica de tributação. Desse modo, os advo-
gados não se submeteriam a tributação imposta pela lei prevista no enunciado, em razão de
ilegalidade, com base no art. 10 da LC 116/2003 e art. 9º, parágrafos primeiro e terceiro do
Decreto-Lei no. 406/68 que não foram expressamente revogados, e constituem normas ge-
rais a serem observadas pelos municípios. O advogado poderá propor ação declaratória de
inexistência de relação jurídica tributária ou mandado de segurança preventivo.

Questão 14 (2 FASE IV EXAME) O Laboratório de Análises Clínicas Almeida Silva Ltda., cuja
sociedade é constituída por 3 (três) sócios, um médico, um farmacêutico e uma empresária,
explora, no ramo da medicina, serviços de análises clínicas, em caráter empresarial, manten-
do, para tanto, várias filiais em funcionamento em diversas municipalidades de determinada
região do país. Ocorre que, a partir de março/2011, a referida empresa, na qualidade de con-

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tribuinte do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN, deixou de recolher o res-
pectivo tributo, dando origem a diversas autuações fiscais, que geraram defesas administra-
tivas no sentido de que o ISS deveria ser calculado e recolhido como tributo fixo, ou seja, com
base em um valor fixo previsto na legislação municipal pertinente a ser calculado em relação
a cada sócio, não devendo ser considerado, para fins de apuração do imposto, o valor do ser-
viço praticado pela empresa com incidência da alíquota correspondente à sua atividade.
Esclareça se o laboratório tem ou não direito a realizar o recolhimento na forma pretendida.
Justifique, com base na legislação tributária pertinente. (Valor: 1,25)

Dispõe o art. 7º da LC 116/2003 que a base de cálculo do imposto corresponde ao preço do


serviço. Caso excepcional, contudo, é a regra do art. 9º do Decreto-lei 406/1968, de vigência
mantida pela LC 116/2003, que trata dos serviços prestados autonomamente pelo contribuinte
ou sob a forma de agrupamento profissional, consoante §§ 1º e 3º do dispositivo citado, sendo
exemplo as sociedades uniprofissionais formadas por médicos, contadores, advogados, den-
tistas, etc. Nesses casos excepcionais, o tributo é fixo, exigido e calculado em relação a cada
profissional habilitado, sócio, empregado ou não, que preste serviços em nome da sociedade.
Ademais, a plena vigência dos §§ 1º e 3º do art. 9º Do Decreto-Lei 406/68 foi declarada pelo
STF na súmula 663. Todavia, é  pacífico o entendimento do Superior Tribunal de Justiça no
sentido de que para que o ISS seja calculado e recolhido como tributo fixo deverá a sociedade
caracterizar-se como sociedade uniprofissional, sem caráter empresarial, o que por certo não
se compatibiliza com a sociedade limitada. Ademais, se a sociedade dispõe de caráter empre-
sarial não haveria incidência do art. 9º, §§ 1º e 3º do Decreto-Lei 406/68. Dessa forma, não há
direito da empresa em recolher o ISS na forma pretendida. O imposto deverá ter como base de
cálculo o preço do serviço cobrado, de acordo com o art. 7º. da LC 116/2003, com incidência
da alíquota prevista na legislação municipal local relativa ao serviço em questão.

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3.7. Base de Cálculo

A base de cálculo do ISS é o preço do serviço nele considerado o seu valor bruto excluin-
do-se o valor dos juros, seguros, multas ou indenizações conforme orientação jurisprudencial
do próprio STJ no julgamento do Resp de n. 12.468-0. Senão, vejamos:

Art. 7º A base de cálculo do imposto é o preço do serviço.

(RESP 12.468-0/SP – 08/08/1994) Ementa: TRIBUTÁRIO. ISS. BASE DE CÁLCULO. DESCONTOS. DL

406/68, ART. 9. LEI MUNICIPAL 1.802/69, ART. 133, PAR. 1. – A BASE DE CALCULO DO ISS E O PREÇO
DO SERVIÇO (ART. 9., DL 406/68) – O PREÇO DO SERVIÇO CONSISTE NA RENDA BRUTA AUFERIDA
PELO CONTRIBUINTE, ENTENDENDO-SE ESTA SEM OS DESCONTOS EFETIVAMENTE CONCEDIDOS NO

MOMENTO DA CONTRATAÇÃO DO SERVIÇO. – RECURSO PROVIDO.

3.8. Fato Gerador

O fato gerador do ISS é a prestação dos serviços constantes na lista anexa a LC 116 de
2003 (40 itens) sejam eles prestados por empresa ou profissional autônomo com ou sem es-
tabelecimento físico de forma onerosa e independe da denominação do serviço.

Art. 1º O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza, de competência dos Municípios e do Dis-
trito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços constantes da lista anexa, ainda que
esses não se constituam como atividade preponderante do prestador.
§ 4º) A incidência do imposto não depende da denominação dada ao serviço prestado.

Os serviços anexos a Lei Complementar 116/03 definiu como campo de incidência do ISS
um rol taxativo de 40 itens e exemplificativo com relação aos 193 subitens, ou seja, a lista
seria taxativa na vertical e exemplificativa na horizontal conforme julgamento do STF e STJ.
Os 40 itens devem ser compreendidos de forma taxativa sem qualquer possibilidade de
acréscimo entre as atividades enumeradas e exemplificativa com relação aos subitens, ou
seja, os serviços não correlacionados nos subitens, mas que de alguma forma possam ser
inseridas em alguma das 40 categorias elencadas serão tributadas pelo ISS.

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RE 361.829, 2ª Turma, de 13.12.2005: “CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ISS. LEI COM-


PLEMENTAR: LISTA DE SERVIÇOS: CARÁTER TAXATIVO. LEI COMPLEMENTAR 56, DE
1987: SERVIÇOS EXECUTADOS POR INSTITUIÇÕES AUTORIZADAS A FUNCIONAR PELO
BANCO CENTRAL: EXCLUSÃO. I. – É taxativa, ou limitativa, e não simplesmente exempli-
ficativa, a lista de serviços anexa à lei complementar, embora comportem interpretação
ampla os seus tópicos. Cuida-se, no caso, da lista anexa à Lei Complementar 56/87.
II. – Precedentes do Supremo Tribunal Federal. III. – Ilegitimidade da exigência do ISS
sobre serviços expressamente excluídos da lista anexa à Lei Complementar 56/87. IV. –
RE conhecido e provido.”
RESP 121428/RJ, 2ª Turma, 16.08.2004: Embora taxativa, em sua enumeração, a lista
de serviços admite interpretação extensiva, dentro de cada item, para permitir a incidên-
cia do ISS sobre serviços correlatos àqueles previstos expressamente.

Não incidirá o ISS sobre...


Prestação de serviço a si próprio.
Serviço decorrente de vínculo empregatício.
Não haverá incidência de ISS sobre os serviços prestados de forma gratuita e nem sobre
aqueles prestados ao próprio prestador ou em vínculo empregatício uma vez que não haverá
como estipular um valor econômico a sua base de cálculo.

LC 116/03, Art. 2º O imposto não incide sobre:


II – a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e
membros de conselho consultivo ou de conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos
sócios-gerentes e dos gerentes-delegados;

Serviços prestados por prestadores de trabalho avulso ou por sócios da própria empresa.
Serviços prestados para o exterior – art. 156 § 3º II da CF e art. 2 I da LC 116/03.

Art. 2º O imposto não incide sobre:


I – as exportações de serviços para o exterior do País;

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Serviços prestados pelos entes federativos, autarquias, fundações e empresas pública e


sociedades de economia mista prestadores de serviços públicos em face de imunidade recí-
proca – Art. 150 VI a e § 2º da CF.
Serviços específicos e divisíveis, por uma utilização efetiva ou potencial por ser tributado
por taxas – art. 145 II CF.
Serviço de transporte interestadual e intermunicipal de comunicação por serem tributa-
dos por ICMS – Art. 155 II da CF.
O valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos
bancários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realiza-
das por instituições financeiras.

LC 116/03, Art. 2º O imposto não incide sobre:


III – o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos ban-
cários, o principal, juros e acréscimos moratórios relativos a operações de crédito realizadas por
instituições financeiras.
Parágrafo único. Não se enquadram no disposto no inciso I os serviços desenvolvidos no Brasil,
cujo resultado aqui se verifique, ainda que o pagamento seja feito por residente no exterior.

Locação de bens móveis. Não incide ISS sobre a locação de bem móvel já que o STF ao
editar a Súmula Vinculante n. 31 entendeu que tal situação não configura prestação de servi-
ço em si mas uma mera entrega de coisa certa para posterior devolução.

Súmula Vinculante n. 31
É inconstitucional a incidência do imposto sobre serviços de qualquer natureza – ISS
sobre operações de locação de bens móveis.
RE 446.003 AgR, rel. min. Celso de Mello, 2ª T, j. 30-5-2006, DJ de 4-8-2006. IMPOSTO
SOBRE SERVIÇOS (ISS). LOCAÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. INADMISSIBILIDADE, EM
TAL HIPÓTESE, DA INCIDÊNCIA DESSE TRIBUTO MUNICIPAL. DISTINÇÃO NECESSÁRIA
ENTRE LOCAÇÃO DE BENS MÓVEIS (OBRIGAÇÃO DE DAR OU DE ENTREGAR) E PRESTA-
ÇÃO DE SERVIÇOS (OBRIGAÇÃO DE FAZER). IMPOSSIBILIDADE DE A LEGISLAÇÃO TRI-
BUTÁRIA MUNICIPAL ALTERAR A DEFINIÇÃO E O ALCANCE DE CONCEITOS DE DIREITO
PRIVADO (CTN/1966, ART. 110). INCONSTITUCIONALIDADE DO ITEM 79 DA ANTIGA
LISTA DE SERVIÇOS ANEXA AO DL 406/1968. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL

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FEDERAL. RECURSO IMPROVIDO. Não se revela tributável, mediante ISS, a locação de


veículos automotores (que consubstancia obrigação de dar ou de entregar), eis que esse
tributo municipal somente pode incidir sobre obrigações de fazer, a cuja matriz concei-
tual não se ajusta a figura contratual da locação de bens móveis.
RE 116.121, rel. min. Octavio Gallotti, red. p/ o ac. min. Marco Aurélio, P, j. 11-10-2000,
DJ de 25-5-2001. TRIBUTO. FIGURINO CONSTITUCIONAL. A supremacia da Carta Fede-
ral é conducente a glosar-se a cobrança de tributo discrepante daqueles nela previstos.
Imposto Sobre Serviços. Contrato de locação. A terminologia constitucional do Imposto
Sobre Serviços revela o objeto da tributação. Conflita com a Lei Maior dispositivo que
imponha o tributo considerado contrato de locação de bem móvel. Em Direito, os institu-
tos, as expressões e os vocábulos têm sentido próprio, descabendo confundir a locação
de serviços com a de móveis, práticas diversas regidas pelo Código Civil/1916, cujas
definições são de observância inafastável — art. 110 do CTN/1966.

Contrato de leasing operacional também foi excluído do conceito de serviço.


Incidirá o ISS sobre...
Serviços provenientes do exterior:

LC 116/03, Art. 1º, § 1º O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do País
ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do País.

Serviços prestados mediante utilização de bens e serviços públicos explorados mediante


autorização, permissão ou concessão:

LC 116/03, Art. 1º, § 3º O imposto de que trata esta Lei Complementar incide ainda sobre os ser-
viços prestados mediante a utilização de bens e serviços públicos explorados economicamente
mediante autorização, permissão ou concessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo
usuário final do serviço.

ISS sobre serviço de agenciamento:

Súmula n. 524, STJ
No tocante à base de cálculo, o  ISSQN incide apenas sobre a taxa de agenciamento
quando o serviço prestado por sociedade empresária de trabalho temporário for de

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intermediação, devendo, entretanto, englobar também os valores dos salários e encar-


gos sociais dos trabalhadores por ela contratados nas hipóteses de fornecimento de
mão de obra.

Dentre as empresas agenciadoras de serviços temos duas espécies:


• Intermediária (mera agenciadora): empresas que fazem a intermediação entre o con-
tratante da mão de obra e o trabalhador analisando o perfil que o tomador do serviço
deseja. Desta forma, ao ceder as pessoas cadastradas o vínculo de emprego será for-
malizado com a empresa tomadora do serviço cabendo a ela o pagamento dos salários
e dos encargos sociais;
• Agenciadora com fornecimento de mão de obra: empresas que possuem funcionários
contratados e que são cedidos para trabalhar para os tomadores do serviço. Neste
caso, o vínculo de emprego é com a própria intermediadora que terá a responsabilidade
pelo pagamento dos salários e encargos sociais.

Ambas as empresas possuem previsão de tributação de seus serviços na lista anexa a


LC 116/03 especificamente nos itens 17.04 e 17.05. Mas o que deve ser observado conforma
a súmula 524 do STJ é o que deverá compor a base de cálculo em cada uma das situações.
Senão, vejamos:
Se a empresa for mera agenciadora sem qualquer tipo de vínculo empregatício a base de
cálculo do ISS será apenas o valor de agenciamento. Mas se a empresa além de agenciar for
fornecedora de mão de obra com vínculo de emprego com o funcionário cedidos tempora-
riamente aos tomadores de serviço a base de cálculo do ISS deverá levar em consideração o
valor do agenciamento somado a todos os encargos sociais e trabalhistas.

Exemplo 1: a Empresa JJJ, mera agenciadora de serviços temporários, foi contratada por uma
Empresa que estava necessitando de 50 funcionários durante os meses de outubro, novem-
bro e dezembro em decorrência do aumento de venda pelas festas de fim de ano. Deste modo,
foi estipulado o valor de R$ 10.000,00 a título de taxa de agenciamento sendo que o valor dos
salários e encargos sociais dos funcionários ficou estimado em R$ 150.000,00. Pergunta-se:

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Qual será o valor da base de cálculo do ISS? Como a Empresa JJJ é mera agenciadora do ser-
viço sem qualquer tipo de vínculo empregatício com os trabalhadores a base de cálculo do
ISS será apenas o valor do agenciamento, qual seja, R$ 10.000,00.
Exemplo 2: a Empresa MMM, prestadora de serviços com fornecimento de mão de obra, foi
contratada por uma grande Faculdade da região para realização dos serviços de limpeza.
Deste modo, foi estipulado o valor de R$ 10.000,00 a título de taxa de agenciamento sendo que
o valor dos salários e encargos sociais dos funcionários ficou estimado em R$ 150.000,00.
Pergunta-se: Qual será o valor da base de cálculo do ISS? Neste caso, como a Empresa MMM
não é mera agenciadora do serviço mas sim prestadora com fornecimento de mão de obra
com vínculo empregatício com a própria prestadora a base de cálculo do ISS será o valor do
agenciamento somado a todos os encargos sociais e trabalhista, qual seja, R$ 160.000,00
(10.000,00 + 150.000,00).

Mera agenciadora Agenciamento com fornecimento de mão de obra


Mera intermediadora dos serviços de profissionais Possui funcionários contratados além de ser interme-
para os tomadores diadora.
Não possui vínculo de emprego com os trabalhadores O vínculo empregatício será com a própria empresa
cedidos intermediadora.
Os salários e encargos sociais serão pago por ela pró-
Os salários e encargos sociais não serão pagos por ela.
pria.
Previsão no item 17.05 – Fornecimento de mão de obra,
Previsão no item 17.04 – Recrutamento, agencia- mesmo em caráter temporário, inclusive de emprega-
mento, seleção e colocação de mão de obra. dos ou trabalhadores, avulsos ou temporários, contra-
tados pelo prestador de serviço
Base de cálculo do ISS o valor do agenciamento +
Base de cálculo do ISS apenas o valor agenciado. todos os valores dos salários e encargos sociais e tra-
balhistas.

Contrato de licenciamento de softwares personalizados: o software, programa de compu-


tador são considerados bens incorpóreos e, desta forma, não se encaixam dentro do conceito
de mercadoria para fins de incidência do ICMS.
A Lei Complementar 116/2003 dispôs de forma expressa no subitem 1.05 acerca da inci-
dência do ISS sobre o licenciamento ou cessão de direito de uso de programas de computação.

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No entanto, caso o programa seja produzido em série e comercializados na “prateleira”


teremos o fato gerador do ICMS.

RE 199464 / SP: Julgamento: 02/03/1999 Órgão Julgador: Primeira Turma. EMENTA: TRI-
BUTÁRIO. ESTADO DE SÃO PAULO. ICMS. PROGRAMAS DE COMPUTADOR (SOFTWARE).
COMERCIALIZAÇÃO. No julgamento do RE 176.626, Min. Sepúlveda Pertence, assentou
a Primeira Turma do STF a distinção, para efeitos tributários, entre um exemplar stan-
dard de programa de computador, também chamado “de prateleira”, e o licenciamento
ou cessão do direito de uso de software. A produção em massa para comercialização e a
revenda de exemplares do corpus mechanicum da obra intelectual que nele se materia-
liza não caracterizam licenciamento ou cessão de direitos de uso da obra, mas genuínas
operações de circulação de mercadorias, sujeitas ao ICMS. Recurso conhecido e provido.

Leasing operacional e leasing financeiro: o leasing é um negócio jurídico (um contrato)


celebrado entre o Arrendatário (pessoa jurídica ou pessoa física) com a Arrendadora (Pessoa
Jurídica) para utilizar determinado equipamento comercial ou industrial por prazo determina-
do e ao final dar a opção entre a devolução do bem arrendado.
No leasing operacional o valor das mensalidades pagas a título de locação é a garantia do
investimento produzido pelo arrendador e após o término do contrato, o valor faltante para a
opção de compra corresponde a 80% do valor do bem restando inviabilizado a possibilidade
de o arrendatário adquirir o bem.
O leasing Financeiro permite que as parcelas que vão sendo pagas correspondam a uma
forma de antecipação para a aquisição do bem ao final do contrato e caso o arrendatário não
deseja adquirir o bem o arrendador fica obrigado a restituir os valores pagos.
O lease back é utilizado por empresas para captar recursos financeiros, vendendo por
exemplo o imóvel de sua sede para posteriormente readquirir o bem objeto do contrato de
leasing.
Para fins de tributação o STF decidiu pela não incidência de ISS sobre o leasing operacio-
nal baseada na incidência de ISS sobre a locação de bem móvel tomando por base o enuncia-
do da Súmula Vinculante 31 e aplicabilidade do Recurso Extraordinário de n. 116.121.

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No entanto, afastou a aplicabilidade da Súmula Vinculante 31 determinando a incidência


do imposto sobre o leasing financeiro e o lease back.

Súmula n. 138 do STJ


O ISS incide na operação de arrendamento mercantil de coisas móveis.

Atividade bancárias:

Súmula n. 424 do STJ


É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários congêneres da lista anexa ao
DL n. 406/1968 e à LC n. 56/1987.
Súmula n. 588 do STF
O imposto sobre serviços não incide sobre os depósitos, as comissões e taxas de des-
conto, cobrados pelos estabelecimentos bancários.

Serviços de composição gráfica:

Súmula n. 662 do STF


É legítima a incidência do ICMS na comercialização de exemplares de obras cinemato-
gráficas, gravados em fitas de videocassete.
Súmula n. 156 do STJ: A prestação de serviço de composição gráfica, personalizada e
sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita, apenas,
ao ISS.
RE 492.800 AgR, rel. min. Marco Aurélio, 1ª T, j. 21-5-2003, DJE 108 de 10-6-2013. Gra-
vação e distribuição de filmes e videoteipes – ICMS X ISS. Havendo a comercialização e
distribuição de filmes, legítima é a incidência do Imposto sobre Circulação de Mercado-
rias e Serviços – ICMS.

Serviços de saúde: o ISS decidiu revisar sua tese mantendo a incidência de ISS sobre os
planos de saúde, mas excluindo sua incidência sobre os seguros-saúde.

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O STF firmou entendimento no julgamento do Recurso Extraordinário do n. 651703 de que


as operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeito ao ISS uma vez que
o paciente paga mês a mês a sua mensalidade e terá direito as consultas, exames, procedi-
mentos. Mas no seguro-saúde o paciente pedirá tão somente o reembolso dos valores após
os atendimentos e desta forma não haveria uma prestação de serviço capaz de fazer com que
incida o ISS.

Súmula n. 274 do STJ


O ISS incide sobre o valor dos serviços de assistência médica, incluindo-se neles as
refeições, os medicamentos e as diárias hospitalares.

Questão 15 (2/2010.2) A empresa Videolocadora, estabelecida no Município Y, tem como


atividade principal a locação de fi tas de vídeo, dvd´s e congêneres, estando tal atividade pre-
vista em item específico da Lista de Serviços anexa à Lei Complementar do Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza, desta Municipalidade. Todavia a empresa, por meio de seu
representante legal, entende que a sua atividade estaria fora do campo de incidência do ISS,
razão pela qual pretende suspender o seu pagamento. A  empresa ainda não foi notificada
pelo Fisco e também nunca pagou o tributo. O entendimento da empresa está correto?

A empresa está correta. O item 79 da Lei complementar 56/87, anexa ao Decreto-Lei 406/68
foi objeto de julgamento, pelo STF, no Recurso Extraordinário no. 116.121-3/SP. Em sessão
plenária foi reconhecida a inconstitucionalidade da expressão”locação de bens móveis”. Em
síntese, entendeu o STF que o legislador complementar confundiu o arrendamento de coisa
com prestação de serviço, sendo tal diferença consagrada no direito privado, de modo que só
poderiam ser tributadas as “obrigações de fazer”, e não as “obrigações de dar”. Entendimento

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diverso configura ofensa ao conceito de serviço, bem como à regra prevista no art. 110 do
CTN. Esse julgado foi utilizado no veto presidencial ao item 3.01 da atual lista de serviços
anexa à Lei Complementar no. 116/2003, cuja redação se identificava com a do item que fora
declarado inconstitucional. Ademais, o STF entendeu que a Lista de Serviços deverá ser inter-
pretada taxativamente em relação aos seus itens, não podendo a Municipalidade estabelecer
em sua Lista de Serviços, outros que não estejam previstos na referida Lista de Serviços ane-
xa à Lei Complementar do imposto em questão. Na hipótese da locação de fitas, bens móveis,
estaria afastada a incidência do ISS, pois esta atividade se constitui em obrigação de dar.

Questão 16 (1/VI EXAME) Instituição financeira Bling Bling S.A insurge-se por meio de ação
anulatória de débito fiscal em face de auto de infração lavrado por agente do fisco municipal,
que fora expedido em decorrência da ausência do recolhimento do Imposto Sobre Serviço
sobre as tarifas cobradas pelo banco pela atividade de análise, cadastro, controle e proces-
samento, prestada na elaboração de contrato de adiantamento de crédito para clientes que
se encontram sem fundos em suas contas bancárias. A empresa alega, em síntese, que não
procede a cobrança, tendo em vista que o aludido serviço não configura hipótese de incidên-
cia de nenhuma forma de tributo, em especial o ISS, por não constar expressamente previsto
na lista de serviços anexa à Lei Complementar 116/03. Responda se o pleito da demandante
deve ser acolhido, empregando os fundamentos legais cabíveis. (Valor: 1,25)

Não. Vide Súmula 424 do STJ “É legítima a incidência de ISS sobre os serviços bancários
congêneres da lista anexa ao DL 406/68 e à LC 56/87.” A lista da LC 116/03 é taxativa, mas
admite interpretação extensiva, de acordo com o sentido do termo “congênere” contido na LC
116/03, devendo prevalecer não a literalidade da denominação utilizada pelo banco, mas a
efetiva natureza do serviço prestado por ele.

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Questão 17 (4/IX EXAME) Uma associação de indústrias de informática, sediada no municí-


pio Alfa e que não goza de imunidade tributária, decide realizar um congresso de especialistas
no município Beta, para que seus associados possam se atualizar sobre as novas tendências
do mercado. Para organizar e administrar o evento, a associação contrata a empresa Pérola
S.A., sediada no município Gama e sem estabelecimentos em outros locais. O  valor desse
contrato será pago, 30 dias após o evento, pela associação. Por outro lado, os interessados
em assistir ao congresso têm de comprar ingressos. A receita de ingressos pertence à asso-
ciação, cabendo à Pérola S. A. apenas arrecadá-la nos guichês no dia do evento e repassá-la
imediatamente à associação, sem qualquer desconto ou comissão.
Em face desses dados, responda, com base no ordenamento jurídico vigente, aos itens a seguir.
a) Para qual(is) município(s) deve haver recolhimento do Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza (ISS) por conta dos negócios jurídicos mencionados?

O ISS incidente sobre serviços de administração de congressos é devido no local do con-


gresso, conforme Art. 3º, XXI, da Lei Complementar Federal n. 116/2003. Logo, é devido pelo
contribuinte Pérola, prestadora desses serviços, ao município Beta. O ISS incidente sobre os
ingressos vendidos para o congresso (isto é, sobre a receita de serviços de congresso, pre-
vistos no subitem 12.08 na lista da referida Lei Complementar), é  devido no local onde se
realiza o evento, conforme inciso XVIII, do Art. 3º, da citada Lei Complementar. Logo, também
é devido no município Beta, embora por outro contribuinte (o prestador desses serviços é a
associação).

b) Que receita(s) específica(s) compõe(m) a base de cálculo do ISS a ser recolhido pela em-
presa Pérola S.A.?

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O único serviço prestado pela Pérola S.A. é o de organização e administração do congresso.
Logo, apenas o valor desse serviço compõe a base de cálculo do ISS a ser por ela recolhido,
prevista no Art. 7º, da Lei Complementar n. 116/2003. A receita de ingressos não remunera a
atividade da Pérola e por isso não integra o preço de seu serviço.

Questão 18 (1/XXVII) O Município X instituiu, por uma mesma lei ordinária municipal datada
de junho de 2017, ISS sobre a locação de automóveis realizada em seu território, bem como
ISS sobre serviços de execução de tatuagens, piercings e congêneres. Em razão dessa lei,
em junho de 2018, uma locadora de veículos foi autuada pelo fisco municipal por não estar
declarando nem efetuando o recolhimento do referido tributo. Por sua vez, também em junho
de 2018, uma loja que faz tatuagens foi autuada pelo não recolhimento do tributo, mas judi-
cializou a questão e alegou que somente por lei complementar municipal poderia o ISS incidir
sobre esse serviço. Diante desse quadro, responda aos itens a seguir.
a) A autuação feita pelo fisco municipal contra a locadora de automóveis está correta? (Va-
lor: 0,50)

A autuação não é correta, pois é inconstitucional a incidência de ISS sobre a locação de bens
móveis, já que a locação não configura prestação de serviço (Súmula Vinculante n. 31 – É
inconstitucional a incidência do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS sobre
operações de locação de bens móveis).

b) O Município X poderia valer-se dessa lei ordinária municipal para instituir fato gerador de
ISS sobre prestação de serviços de tatuagem? (Valor: 0,75)

Sim. O Município pode utilizar a espécie normativa de uma lei ordinária municipal para insti-
tuir fatos geradores de ISS em seu território, desde que tais fatos geradores estejam devida-

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mente previstos na LC 116/03 (Lei Complementar de caráter nacional exigida pelo Art. 156,
inciso III, da CRFB/88). Os  serviços de aplicação de tatuagens, piercings e congêneres fo-
ram inseridos na Lista de Serviços Anexa à LC 116/2003 (item 6.06) por força da LC 157, de
29/12/2016. Portanto, é legal a cobrança referida no enunciado. Não se confunda a exigência
de lei complementar de caráter nacional para veicular a previsão abstrata da lista de serviços
anexa à LC 116/2003, com a efetiva instituição dos fatos geradores de ISS em cada município,
que se faz por lei ordinária municipal, que escolherá as hipóteses de incidência dentre aquelas
previstas na lista de serviços anexa à LC 116/2003.

Questão 19 (1/XXIX) O Município X, por meio de atuação conjunta do Fisco Municipal e da


Secretaria Municipal responsável pela fiscalização sobre os estabelecimentos comerciais
nele situados, autuou um restaurante, sob o fundamento de que não estava recolhendo ISS
sobre a prestação de serviços de preparação de alimentos e atendimento dos clientes nas
mesas. Ademais, também se verificou que o restaurante não recolhera, no último ano, a taxa
anual de licença para localização e funcionamento de estabelecimentos comerciais, sendo,
portanto, autuado também por esse fato. Diante desse cenário, responda aos itens a seguir.
a) A autuação do Município X referente ao não pagamento de ISS está correta? (Valor: 0,65)

A autuação não está correta, pois, nos termos da Súmula 163 do STJ, “o fornecimento de mer-
cadorias com a simultânea prestação de serviços em bares, restaurantes e estabelecimentos
similares constitui fato gerador do ICMS a incidir sobre o valor total da operação”. Prepondera
na atividade dos restaurantes a atividade de fornecimento de mercadorias, fato gerador típico
do ICMS, e não a prestação de serviços de preparação de alimentos e atendimento dos clien-
tes nas mesas.

b) Para a exigência da referida taxa anual de licença, é  necessário que o Município exerça
efetivamente a atividade de fiscalização sobre estabelecimentos comerciais ou basta que o
faça potencialmente? (Valor: 0,60) Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas.

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A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. B) Para a exigência da referida
taxa anual de licença, é necessário que o Município exerça, de modo efetivo, o poder de polícia
– e não meramente de forma potencial -, nos termos do Art. 145, inciso II, da CRFB/88, OU do
Art. 77, caput, do CTN OU Art. 78, parágrafo único, do CTN, OU do entendimento expresso do
STF, no RE 588.322 (repercussão geral).

Questão 20 (VUNESP/2019/PREFEITURA DE CERQUILHO-SP/FISCAL DE RENDAS) Constitui


hipótese de incidência do ISSQN o serviço de
a) comunicação audiovisual de acesso condicionado.
b) composição gráfica para manuais técnicos e de instrução incorporados à mercadoria des-
tinada a posterior circulação.
c) elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos, independente-
mente da arquitetura construtiva da máquina em que o programa será executado, incluindo
tablets, smartphones e congêneres.
d) transporte coletivo intermunicipal rodoviário e aquaviário de passageiros.
e) inserção de materiais de propaganda e publicidade em periódicos, jornais e nas modalida-
des de serviço de radiodifusão sonora de recepção livre e gratuita.

Letra c.
a) Errada. Sobre serviço de comunicação incide ICMS
b) Errada. Composição gráfica, fotocomposição, clicheria, zincografia, litografia, fotolitografia
(exceto se destinados a posterior operação de comercialização ou industrialização, ainda que
incorporados, de qualquer forma, a outra mercadoria que deva ser objeto de posterior circula-
ção, tais como bulas, rótulos, etiquetas, caixas, cartuchos, embalagens e manuais técnicos e
de instrução, quando ficarão sujeitos ao ICMS). (alterado pela LC 157/2016)

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c) Certa. 1.04 – Elaboração de programas de computadores, inclusive de jogos eletrônicos,


independentemente da arquitetura construtiva da máquina em que o programa será executa-
do, incluindo tablets, smartphones e congêneres.
d) Errada. Transporte intermunicipal e interestadual incide ICMS.
e) Errada. 17.25 – Inserção de textos, desenhos e outros materiais de propaganda e publici-
dade, em qualquer meio (exceto em livros, jornais, periódicos e nas modalidades de serviços
de radiodifusão sonora e de sons e imagens de recepção livre e gratuita).

Repartição de receitas tributárias federais...


1. IR retido na fonte dos Servidores E/DF/M: repasse de 100% – Súmula 447 STJ.
Conforme disposto no artigo 157 I e 158 I da Constituição 100% da receita auferida com
o imposto de renda retido dos servidores públicos estaduais, distritais e municipais serão
repassados para os próprios estados, DF e município.

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:


I – o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza,
incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
fundações que instituírem e mantiverem;
Art. 158. Pertencem aos Municípios:
I – o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e proventos de qualquer natureza,
incidente na fonte, sobre rendimentos pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas
fundações que instituírem e mantiverem;

Como o imposto de renda é um tributo de competência da União as ações interpostas


serão endereçadas, como regra, para a justiça federal haja vista o interesse da União e o dis-
posto no artigo 109 I da CF.

Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar:


I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas
na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de
trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho;

Ocorre que no caso específico do imposto de renda retido na fonte dos servidores estadu-
ais, distritais e municipais as ações de repetição de indébito visando a restituição do imposto

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de renda serão endereçadas para a justiça estadual e o réu das ações serão o próprio estado,
DF ou município tendo em vista a repartição das receitas tributárias.

Exemplo: caso um servidor do estado da Bahia suporte um desconto indevido de imposto de


renda em remuneração o valor a ser restituído sairá do próprio estado da Bahia já que acabou
por receber 100% do valor arrecado. Assim, a ação de repetição de indébito deverá ser pro-
posta contra o próprio estado e tramitará na justiça estadual e não na justiça federal confor-
me redação da Súmula 447 do STJ.

Súmula n. 447 do STJ


Os Estados e o Distrito Federal são partes legítimas na ação de restituição de imposto
retido na fonte proposta por seus servidores.

2. Competência Residual: 20% para Estados e DF.

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:


II – vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União instituir no exercício da
competência que lhe é atribuída pelo art. 154, I.

3. ITR: mínimo de 50% para os municípios. Se o município fiscalizar e arrecadar  100%.

Exemplo: a Constituição atribui competência a União para legislar, fiscalizar e arrecadar o


Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR (art. 153 VI da CF). No entanto, o artigo
158 II da CF dispõe sobre a repartição de receitas tributárias no que diz respeito ao ITR da
seguinte forma: a) da arrecadação de ITR feita pela União em solo nacional no mínimo 50%
será repassados aos municípios e caso este opte por fiscalizar e arrecadar o imposto ficará
com a totalidade da arrecadação.

Pergunta-se: o Município para ficar com a totalidade da arrecadação do ITR deverá ter: a)
competência; b) capacidade; c) cometimento? Capacidade Tributária. A Constituição atribui
ao Município, pessoa jurídica de direito público, as funções exclusivas de fiscalização e arre-
cadação, mas sem delegar a competência e consequentemente a função de legislar.

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Art. 158. Pertencem aos Municípios:


II – cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto da União sobre a propriedade ter-
ritorial rural, relativamente aos imóveis neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção
a que se refere o art. 153, § 4º, III;

IOF  ouro como ativo financeiro  70% para os Municípios  30% para E/DF.

Art. 153, § 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumento cambial, sujei-
ta-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do caput deste artigo, devido
na operação de origem; a alíquota mínima será de um por cento, assegurada a transferência do
montante da arrecadação nos seguintes termos:
I – trinta por cento para o Estado, o Distrito Federal ou o Território, conforme a origem;
II – setenta por cento para o Município de origem.

Outros FG de IR e IPI:
• Fundo de participação dos Municípios  22,5% + 1% + 1%;
• Fundo de Participação dos Estados 21,5%;
• Fundo de Participação das Regiões (3%) Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

Art. 159. A União entregará:


I – do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre
produtos industrializados, 49% (quarenta e nove por cento), na seguinte forma:
a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Estados e do Distrito
Federal;
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participação dos Municípios;
c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao setor produtivo das Regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através de suas instituições financeiras de caráter regional, de
acordo com os planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semiárido do Nordes-
te a metade dos recursos destinados à Região, na forma que a lei estabelecer;
d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro decêndio
do mês de dezembro de cada ano;
e) 1% (um por cento) ao Fundo de Participação dos Municípios, que será entregue no primeiro de-
cêndio do mês de julho de cada ano;
II – do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializados, dez por cento aos Es-
tados e ao Distrito Federal, proporcionalmente ao valor das respectivas exportações de produtos
industrializados.

CIDE Combustível: 29% para os Estados e, destes 29%, 25% para os Municípios.

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Art. 159. A União entregará:


III  – do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no domínio econômico prevista
no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove por cento) para os Estados e o Distrito Federal, distribuídos na
forma da lei, observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido parágrafo.
§ 1º Para efeito de cálculo da entrega a ser efetuada de acordo com o previsto no inciso I, excluir-
-se-á a parcela da arrecadação do imposto de renda e proventos de qualquer natureza pertencente
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, nos termos do disposto nos arts. 157, I, e 158, I.
§ 2º A nenhuma unidade federada poderá ser destinada parcela superior a vinte por cento do mon-
tante a que se refere o inciso II, devendo o eventual excedente ser distribuído entre os demais par-
ticipantes, mantido, em relação a esses, o critério de partilha nele estabelecido.
§ 3º Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco por cento dos recursos que
receberem nos termos do inciso II, observados os critérios estabelecidos no art.  158, parágrafo
único, I e II.
§ 4º Do montante de recursos de que trata o inciso III que cabe a cada Estado, vinte e cinco por
cento serão destinados aos seus Municípios, na forma da lei a que se refere o mencionado inciso.

Repartição de receitas tributárias estaduais...


1. IPVA  Repasse de 50% aos municípios.

CF, Art. 158. Pertencem aos Municípios:


III – cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de
veículos automotores licenciados em seus territórios;

2. ICMS  Repasse de 25% aos municípios.

CF, Art. 158. Pertencem aos Municípios:


III – cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre a propriedade de
veículos automotores licenciados em seus territórios;
IV – vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações
relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e
intermunicipal e de comunicação.
Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso IV,
serão creditadas conforme os seguintes critérios:
I – três quartos, no mínimo, na proporção do valor adicionado nas operações relativas à circulação
de mercadorias e nas prestações de serviços, realizadas em seus territórios;
II – até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual ou, no caso dos Territórios, lei federal.

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RESUMO

REPARTIÇÃO DE RECEITAS TRIBUTÁRIAS


FEDERAIS ESTADUAIS
– IR retido na fonte dos servidores E/DF/M  100% IPVA  Repasse de 50% aos municípios.
– Competência residual  20% E/DF
– ITR ICMS  Repasse de 25% aos municípios.
 Mín. 50%%
 Município (fiscalizou e arrecadou) = 100%
IOF  70% para os Municípios
 30% para os estados e DF.
* Outros FG de IR e IPI
a) Fundo de participação dos Municípios  22,5% +
1% + 1%
b) Fundo de Participação dos Estados  21,5%
c) Fundo de Participação das Regiões (3%) Norte, Nor-
deste e Centro-Oeste.
CIDE Combustível  29% para os Estados e, destes
29%, 25% para os Municípios.

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EXERCÍCIOS
Questão 1 Fulano de Araújo, proprietário de um único imóvel em que reside com sua espo-
sa, no Município do Rio de Janeiro, é réu em ação de execução fiscal promovida pela Fazenda
Pública Municipal por falta de pagamento do IPTU. Tendo em vista as disposições gerais con-
tidas no Código Tributário Nacional acerca do crédito tributário, assinale a alternativa correta.
a) O imóvel residencial próprio do casal é impenhorável, não devendo responder por qualquer
tipo de dívida.
b) Os bens e rendas do sujeito passivo respondem pelo pagamento de todo crédito de natu-
reza tributária, sem comportar exceções.
c) Bens gravados por ônus real ou por cláusulas de inalienabilidade não podem ser alcança-
dos para saldar dívidas tributárias.
d) A impenhorabilidade do bem de família não é oponível em face da cobrança do Imposto
Predial Territorial Urbano.

Questão 2 (VIII EXAME DE ORDEM) A respeito dos impostos, assinale a afirmativa correta.
a) O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) de quaisquer bens e direitos
terá suas alíquotas máximas fixadas pelos Estados competentes para a sua instituição.
b) As alíquotas máximas e mínimas do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)
deverão ser fixados por lei complementar nacional.
c) O Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços
de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) incidirá sobre as ope-
rações que destinem mercadorias e serviços ao exterior.
d) A União Federal deverá instituir, mediante lei complementar, na iminência ou no caso de
guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tribu-
tária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Questão 3 (XI EXAME DE ORDEM) A remuneração que os Municípios pagam a seus servi-
dores está sujeita à incidência do Imposto sobre a Renda retido na fonte (IR-Fonte). Assinale
a alternativa que indica o ente público ao qual pertence o produto da arrecadação do IR– Fon-
te nesse caso específico.

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a) Ao Município que efetua o pagamento da remuneração.


b) À União.
c) Ao Estado em que está situado o Município que efetua o pagamento da remuneração.
d) Metade à União e metade ao Município que efetua o pagamento da remuneração.

Questão 4 (XI EXAME DE ORDEM) Com relação ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA), assinale a afirmativa correta.
a) É instituído pela União e repartido com o Estado em que tenha sido licenciado o veículo.
b) É instituído pelo Estado e repartido com o Município em que tenha sido licenciado o veículo.
c) É instituído pelo Estado em que tenha sido licenciado o veículo, que ficará com a integrali-
dade do produto da arrecadação.
d) É instituído pelo Município em que tenha sido licenciado o veículo, que ficará com a inte-
gralidade do produto da arrecadação.

Questão 5 (XXV EXAME DE ORDEM) Em 2015, o Município X estabeleceu, por meio da Lei
n.  123, alíquotas progressivas do Imposto sobre propriedade Predial e Territorial Urbana
(IPTU), tendo em conta o valor do imóvel. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
a) A lei é inconstitucional, pois a Constituição da República admite alíquotas progressivas
do IPTU apenas se destinadas a assegurar o cumprimento da função social da propriedade
urbana, o que não é a hipótese.
b) A lei é inconstitucional, pois viola o Princípio da Isonomia.
c) A lei está de acordo com a Constituição da República, e a fixação de alíquotas progressivas
poderia até mesmo ser estabelecida por Decreto.
d) A lei está de acordo com a Constituição da República, que estabelece a possibilidade de o
IPTU ser progressivo em razão do valor do imóvel.

Questão 6 (XXV EXAME DE ORDEM) O Município M, ao  realizar a opção constitucional-


mente prevista, fiscalizou e cobrou Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR), inciden-
te sobre as propriedades rurais localizadas fora da sua área urbana. Em função desse fato,
o Município M recebeu 50% (cinquenta por cento) do produto do imposto da União sobre a

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propriedade rural, relativo aos imóveis nele situados. Diante dessa situação, sobre a fiscaliza-
ção e a cobrança do ITR pelo Município M, assinale a afirmativa correta.
a) Não são possíveis, por se tratar de imposto de competência da União.
b) São possíveis, sendo igualmente correta a atribuição de 50% (cinquenta por cento) do pro-
duto da arrecadação do imposto a ele.
c) São possíveis, porém, nesse caso, a totalidade do produto da arrecadação do imposto per-
tence ao Município.
d) São possíveis, porém, nesse caso, 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação
do imposto pertence ao Município.

Questão 7 (XXVII EXAME DE ORDEM) O Município M resolve ele mesmo fiscalizar e cobrar
o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) dos imóveis rurais localizados em seu
território. Acerca desse cenário, assinale a afirmativa correta.
a) O ITR não pode ser fiscalizado e cobrado pelo Município M, por se tratar de tributo de com-
petência da União.
b) O Município M poderá optar, na forma da lei, por fiscalizar e cobrar diretamente o ITR.
c) A fiscalização e a cobrança do ITR pelo Município M autorizam-no a reter 50% do produto
da arrecadação do imposto, como contraprestação pela fiscalização e cobrança no lugar da
União.
d) A partir da opção por fiscalizar e cobrar o ITR, o Município M passa a ter competência para
alterar as alíquotas do imposto, inclusive para sua redução.

Questão 8 (XXVII EXAME DE ORDEM) Em dezembro de 2017, João adquiriu o domínio útil
de um terreno de marinha. No ano de 2018, foi surpreendido com a chegada de duas notifi-
cações: uma da Secretaria de Patrimônio da União (SPU), para pagamento do foro anual à
União; outra do Município, contendo a cobrança do IPTU do imóvel. Acerca desse cenário,
assinale a afirmativa correta.
a) A cobrança do IPTU é devida, pois o titular do domínio útil também é contribuinte do IPTU.
b) A dupla cobrança é indevida, pois, tratando-se do mesmo imóvel, a base de cálculo e o fato
gerador do foro anual e do IPTU seriam idênticos, configurando um bis in idem vedado em
matéria tributária.

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c) A cobrança do IPTU é indevida, pois, sendo o imóvel de propriedade da União, goza da imu-
nidade recíproca.
d) Como ambos os tributos (foro anual e IPTU) destinam-se a entes federados distintos, é ad-
missível a dupla cobrança.

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GABARITO
1. d
2. b
3. a
4. b
5. d
6. c
7. b
8. a

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GABARITO COMENTADO
Questão 1 Fulano de Araújo, proprietário de um único imóvel em que reside com sua espo-
sa, no Município do Rio de Janeiro, é réu em ação de execução fiscal promovida pela Fazenda
Pública Municipal por falta de pagamento do IPTU. Tendo em vista as disposições gerais con-
tidas no Código Tributário Nacional acerca do crédito tributário, assinale a alternativa correta.
a) O imóvel residencial próprio do casal é impenhorável, não devendo responder por qualquer
tipo de dívida.
b) Os bens e rendas do sujeito passivo respondem pelo pagamento de todo crédito de natu-
reza tributária, sem comportar exceções.
c) Bens gravados por ônus real ou por cláusulas de inalienabilidade não podem ser alcança-
dos para saldar dívidas tributárias.
d) A impenhorabilidade do bem de família não é oponível em face da cobrança do Imposto
Predial Territorial Urbano.

Letra d.
a) Errada. O imóvel residencial do casal é impenhorável. No entanto, as dívidas de IPTU são
exceções a essa regra permitindo a penhora do bem de família conforme disposto no art. 3 IV
da Lei 8009/90.
b) Errada. Exceções previstas no art. 3 IV da Lei 8009/90.
c) Errada. Exceções previstas no art. 3 IV da Lei 8009/90.
d) Certa. Art. 3 IV da Lei 8009/90.

Questão 2 (VIII EXAME DE ORDEM) A respeito dos impostos, assinale a afirmativa correta.
a) O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) de quaisquer bens e direitos
terá suas alíquotas máximas fixadas pelos Estados competentes para a sua instituição.
b) As alíquotas máximas e mínimas do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS)
deverão ser fixados por lei complementar nacional.

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c) O Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços


de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) incidirá sobre as ope-
rações que destinem mercadorias e serviços ao exterior.
d) A União Federal deverá instituir, mediante lei complementar, na iminência ou no caso de
guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tribu-
tária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

Letra b.
a) Errada. Conforme o artigo 155 § 1º IV da CF o ITCMD terá suas alíquotas máximas fixadas
por resolução do Senado Federal em valor máximo de 8%.
b) Certa. O artigo 8 e 8 A da LC 116/03 estipula os valores máximo de ISS em 5% e o valor
mínimo de ISS em 2%.
c) Errada. O ICMS é um imposto estadual, previsto no artigo 155 II da Constituição, que inci-
dirá sobre a circulação de mercadorias e prestação de Serviços de Transporte Interestadual
e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) e incidirá sobre os serviços e mercadorias vinda
do exterior (importação – Súmula Vinculante 48) mas NÃO incidirá sobre as operações que
destinem mercadorias e serviços ao exterior (EXPORTAÇÃO) por ser detentora de imunidade
prevista no artigo 155 § 2º X a da CF.
d) Errada. A União Federal poderá instituir, mediante LEI ORDINÁRIA, na iminência ou no caso
de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tri-
butária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação con-
forme disposto no artigo 154 II da Constituição e artigo 76 do Código Tributário Nacional.

Questão 3 (XI EXAME DE ORDEM) A remuneração que os Municípios pagam a seus servi-
dores está sujeita à incidência do Imposto sobre a Renda retido na fonte (IR-Fonte). Assinale
a alternativa que indica o ente público ao qual pertence o produto da arrecadação do IR– Fon-
te nesse caso específico.
a) Ao Município que efetua o pagamento da remuneração.
b) À União.

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c) Ao Estado em que está situado o Município que efetua o pagamento da remuneração.


d) Metade à União e metade ao Município que efetua o pagamento da remuneração.

Letra a.
No caso de imposto de renda retido na fonte sobre a remuneração dos servidores públicos es-
taduais, distritais e municipais o valor arrecado deverá ser repassado em 100% ao respectivo
estado, DF e município – Art. 157 I e art. 158 I da Constituição.

Questão 4 (XI EXAME DE ORDEM) Com relação ao Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA), assinale a afirmativa correta.
a) É instituído pela União e repartido com o Estado em que tenha sido licenciado o veículo.
b) É instituído pelo Estado e repartido com o Município em que tenha sido licenciado o veículo.
c) É instituído pelo Estado em que tenha sido licenciado o veículo, que ficará com a integrali-
dade do produto da arrecadação.
d) É instituído pelo Município em que tenha sido licenciado o veículo, que ficará com a inte-
gralidade do produto da arrecadação.

Letra b.
O IPVA é um imposto estadual previsto no artigo 155 III da Constituição. Acerca do tópico
repartição de receitas tributárias o valor arrecado do IPVA deverá ser repassado em 50% ao
município conforme licenciamento do veículo.

Questão 5 (XXV EXAME DE ORDEM) Em 2015, o Município X estabeleceu, por meio da Lei
n.  123, alíquotas progressivas do Imposto sobre propriedade Predial e Territorial Urbana
(IPTU), tendo em conta o valor do imóvel. Sobre a hipótese, assinale a afirmativa correta.
a) A lei é inconstitucional, pois a Constituição da República admite alíquotas progressivas
do IPTU apenas se destinadas a assegurar o cumprimento da função social da propriedade
urbana, o que não é a hipótese.
b) A lei é inconstitucional, pois viola o Princípio da Isonomia.

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c) A lei está de acordo com a Constituição da República, e a fixação de alíquotas progressivas
poderia até mesmo ser estabelecida por Decreto.
d) A lei está de acordo com a Constituição da República, que estabelece a possibilidade de o
IPTU ser progressivo em razão do valor do imóvel.

Letra d.
O IPTU poderá ter alíquotas progressivas pelo descumprimento da função social da área ur-
bana (Art. 182 § 4º da CF) e pelo valor do imóvel (Art. 156 § 1º da CF), podendo ainda ter alí-
quotas diferenciadas pelo uso e pela localização do imóvel.

Questão 6 (XXV EXAME DE ORDEM) O Município M, ao  realizar a opção constitucional-


mente prevista, fiscalizou e cobrou Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR), inciden-
te sobre as propriedades rurais localizadas fora da sua área urbana. Em função desse fato,
o Município M recebeu 50% (cinquenta por cento) do produto do imposto da União sobre a
propriedade rural, relativo aos imóveis nele situados. Diante dessa situação, sobre a fiscaliza-
ção e a cobrança do ITR pelo Município M, assinale a afirmativa correta.
a) Não são possíveis, por se tratar de imposto de competência da União.
b) São possíveis, sendo igualmente correta a atribuição de 50% (cinquenta por cento) do pro-
duto da arrecadação do imposto a ele.
c) São possíveis, porém, nesse caso, a totalidade do produto da arrecadação do imposto per-
tence ao Município.
d) São possíveis, porém, nesse caso, 25% (vinte e cinco por cento) do produto da arrecadação
do imposto pertence ao Município.

Letra c.
Caso o Município opte por fiscalizar e arrecadar o ITR da União, tendo neste caso capacidade
tributária, a ele será devido o repasse de 100% dos valores arrecadados.

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a) O ITR não pode ser fiscalizado e cobrado pelo Município M, por se tratar de tributo de com-
petência da União.
b) O Município M poderá optar, na forma da lei, por fiscalizar e cobrar diretamente o ITR.
c) A fiscalização e a cobrança do ITR pelo Município M autorizam-no a reter 50% do produto
da arrecadação do imposto, como contraprestação pela fiscalização e cobrança no lugar da
União.
d) A partir da opção por fiscalizar e cobrar o ITR, o Município M passa a ter competência para
alterar as alíquotas do imposto, inclusive para sua redução.

Letra b.
Caso o Município opte por fiscalizar e arrecadar o ITR da União, tendo neste caso capacidade
tributária, a ele será devido o repasse de 100% dos valores arrecadados.

Questão 8 (XXVII EXAME DE ORDEM) Em dezembro de 2017, João adquiriu o domínio útil
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União; outra do Município, contendo a cobrança do IPTU do imóvel. Acerca desse cenário,
assinale a afirmativa correta.
a) A cobrança do IPTU é devida, pois o titular do domínio útil também é contribuinte do IPTU.
b) A dupla cobrança é indevida, pois, tratando-se do mesmo imóvel, a base de cálculo e o fato
gerador do foro anual e do IPTU seriam idênticos, configurando um bis in idem vedado em
matéria tributária.
c) A cobrança do IPTU é indevida, pois, sendo o imóvel de propriedade da União, goza da imu-
nidade recíproca.
d) Como ambos os tributos (foro anual e IPTU) destinam-se a entes federados distintos, é ad-
missível a dupla cobrança.

Letra a.
Artigo 34 do CTN.

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