Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Formar para a competência, pressupõe uma ruptura com alguns conceitos e práticas
educacionais. É neste contexto que a abordagem por competência é entendida, trazendo
particularidades em seu processo de construção, percebe-se, entretanto, que, mesmo o
currículo do curso Técnico em Radiologia (TR) da Escola de Saúde Pública (ESP-CE), seja
baseado em competências, os instrumentos de avaliação aplicados, não nos permitem
identificar o grau de desenvolvimento das competências a serem adquiridas, pelo educando ao
longo dessa formação. Para tanto, temos como objetivo geral identificar se os alunos do Curso
TR da ESP-CE adquiriram a competência: Promover Saúde e Segurança no Trabalho e como
esta vem sendo aplicada no exercício de sua função (TR). E como objetivos específicos:
verificar se o educando é capaz de estabelecer relação entre fatores de risco e vulnerabilidades
e doenças relacionadas ao trabalho em saúde; reconhecer se o mesmo é capaz de empregar
medidas de promoção, proteção e prevenção no trabalho em saúde, bem como, apontar se o
aluno é capaz de utilizar a legislação de saúde e segurança no trabalho. Com vistas a alcançar
os objetivos propostos, realizou-se, uma pesquisa de abordagem qualitativa e quantitativa do
tipo descritiva exploratória, bibliográfica e de campo, desenvolvida junto aos 17 alunos
trabalhadores do SUS da primeira turma (2011/2014) do Curso Técnico em Radiologia da
Escola de Saúde Pública do Ceará.
1 INTRODUÇÃO
1
Para esse propósito, alguns autores são importantes, dentre eles o sociólogo Zygmunt Bauman. Ele
aponta conceitos pertinentes referentes ao contexto atual, salientando os processos de transformação sofridos ao
longo do tempo e que atualmente se refletem na sociedade. BAUMAN, Zygmunt. Globalização: as
consequências humanas. Tradução: Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
1
Acredita-se que uma das maneiras que a educação encontrou para suprir as
necessidades do mundo do trabalho foi idealizar um ensino com base em competências,
organizando currículos de acordo com as demandas do mercado e em conformidade com este
o modelo de formação (RON, 2010).
Formar para a competência, pressupõe uma ruptura com alguns conceitos e
práticas educacionais. Essa ruptura não significa anulação, mas evolução dos valores
construídos conforme modelos educacionais exitosos que se consolidaram em diversas
instituições de ensino técnico e superior do nosso país, ao longo do tempo. Trabalhar nessa
perspectiva de formação nos remete a uma prática pedagógica que privilegia metodologias
ativas centradas no sujeito que aprende, com base em ações desencadeadas por desafios,
problemas e projetos (RON, 2010).
Nesse sentido, vários autores (LE BOTERF, 2005; LEGENDE, 2004; TARDIF,
2003; PERRENOUD, 1999, 2002; COSTA, SOARES e RÊGO, 2010) reportam-se e
convergem em seus escritos sobre competências e seus recursos, o que envolve capacidades
de ordem técnica, política e de relações interpessoais, ou seja, os aportes utilizados no
momento da ação, que subsidiam e orientam uma tomada de decisão.
Partindo desses pressupostos, a Escola de Saúde Pública do Ceará (ESP-CE), por
meio da sua Diretoria de Educação Profissional em Saúde (DIEPS), em conjunto com a
Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (SMSF), no período de 2005 a 2008 realizou um
Projeto de Intercâmbio de Conhecimentos Brasil-Canadá para a Formação de Recursos
Humanos por Competências2, e desde então vem propondo em seus processos formativos a
utilização da Abordagem por Competências (APC). E para continuidade desse projeto, várias
parcerias foram firmadas.
O projeto de intercâmbio na ESP-CE tinha como desígnio desenvolver seis
programas de formação profissional técnica na área da saúde, incluindo o curso de Técnico
em Radiologia (TR), onde deveriam exibir um alinhamento conceitual e organizativo com
relação aos documentos que normatizam a Educação Profissional Técnica (EPT) na
contextura nacional e estadual, no que diz respeito ao processo de construção curricular, sua
organização, estruturação e desenvolvimento é permeado por competências (CANUTO,
2012).
2
Competência: Entendida como um processo pelo qual se compilam evidências de desempenho e
conhecimentos de um indivíduo em relação a competências profissionais requeridas.
2
3
Em conformidade com o perfil de saída do curso, explicitado na matriz curricular.
4
A temática da avaliação é bastante ampla, daí a necessidade de delimitação dos principais critérios que se
deseja estudar diante dos infindáveis questionamentos que podem ser elaborados na etapa de avaliação. SANO;
MONTENEGRO FILHO, (2013).
5
Os 3Es (eficiência, eficácia e efetividade), autores como CARVALHO (2001); HARMON e MAYER (1999)
versam sobre a eficiência e eficácia na administração pública, como sendo a maximização do custo, tempo,
esforços e recursos. Sua relevância também pode ser observada quando SULBRANDT (1993) agrupa as
experiências avaliativas de programas em três metodologias básicas: Avaliação de metas (eficácia); Avaliação de
impacto (efetividade); e Avaliação do processo (eficiência). Em seus escritos, JANNUZZI e PATARRA (2006)
destacam a importância do monitoramento avaliativo segundo o raciocínio insumo-processo-resultado-impacto,
que pode ser realizado com os 3Es. SOUZA (2011) relata que a efetividade é percebida mediante a avaliação das
transformações ocorridas a partir da ação; a eficácia resulta da relação entre metas alcançadas versus metas
pretendidas e a eficiência significa fazer mais com menos recursos.
3
6
De modo sintético e para os fins que aqui se fazem necessários, podemos dizer que a Sociologia do Trabalho e
da Produção é um ramo da Sociologia Geral que procura estudar os fenômenos sociais relacionados ao mundo do
trabalho, isto é, os sujeitos (os trabalhadores) nos ambientes de trabalho (fábricas, sindicatos estruturados, etc) e
as relações macro-estruturais (sistemas produtivos, relações sociais de trabalho, desemprego estrutural, polí-
ticas de governo, etc) que estejam relacionados direta ou indiretamente ao mundo do trabalho e da produção.
SANTOS, L.; Sociologia do Trabalho. Inhumas: IFG; Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 2012,
p. 15. Disponível em:< file:///C:/Users/User/Downloads/sociologia_do_trabalho.pdf >. Acesso em: 02 fev. 2017.
4
Esse novo olhar sobre a EP, segundo Cordão (2002), é um avanço em prol da
superação dos enfoques assistencialistas e preconceituosos que até então eram dados a
educação profissional.
Diante do exposto, entendendo, a importância da EP na sociedade contemporânea, e
compreendendo-a como, importante aspecto da vida social e educacional, mas, sobretudo por
concordar com Ramos (2005, p.125), quando defende que esta ―[...] deve ser compreendida,
por um lado, como uma necessidade social, e, por outro lado, como meio pelo qual a categoria
trabalho encontre espaço na formação como princípio educativo‖, as informações a seguir não
objetivam tratar da vasta diversidade das ações e produções que envolvem a educação dos
trabalhadores, mas, sim, em ideias gerais, de forma sucinta, discorrer sobre a EP e a educação
profissional em saúde (EPS).
8
As escolas do Sistema S são financiadas e geridas pelos empresários por via de recolhimento de 1% sobre a
folha de salários e fiscalizadas pelo Poder Público. Representantes dos governos federais e estaduais fazem parte
de todos os conselhos deliberativos, e o Tribunal de Contas da União examina a aplicação dos recursos de todo o
Sistema S. O modelo do Sistema S espalhou-se rapidamente por toda a América Latina (SALES, 2016).
6
1971: A Lei Federal nº 5.692/71, que reformula Lei Federal nº 4.024/61, generaliza
a profissionalização no ensino médio, na época, denominado segundo grau e institui a
profissionalização universal e compulsória para o ensino secundário, estabelecendo,
formalmente, a equiparação entre o curso secundário e os cursos técnicos;
1978: A Lei nº 6.545 transforma a Escola Técnica Federal de Minas Gerais, Paraná
e do Rio de Janeiro nos três primeiros Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET);
1990: Criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), do Serviço
Nacional do Transporte (SENAT), do Serviço Nacional de Apoio ao Cooperativismo
(SESCOOP) e do Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (SEBRAE);
1994: A Lei Federal nº 9394/96, atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), configura a identidade do ensino médio como uma etapa de consolidação da
educação básica, preparando o educando para o trabalho e a cidadania e é instituída a lei
Federal nº 8.948/94 que cria o Sistema Nacional de Educação Tecnológica;
1997: Decreto nº 2.208/97 regulamenta a educação profissional e a separa do
ensino médio. Criação do Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP);
2003: A antiga Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da
Educação (SEMTEC/MEC), hoje intitulada SETEC, propõe um processo de debates com a
sociedade visando ao aperfeiçoamento da legislação da Educação Profissional e tecnológica:
certificação profissional, fontes de financiamento, a institucionalização de um subsistema
nacional da Educação Profissional e Tecnológica e implementação do ensino técnico
articulado ao ensino médio;
2004: O Decreto Federal nº 5.154 de 23 de julho, revogando o Decreto nº 2.208/97,
regulamenta que a Educação Profissional, será desenvolvida por meio de cursos e programas
de formação inicial, e continuada de trabalhadores; educação profissional técnica de nível
médio (integrado, concomitante ou subsequente) e educação profissional tecnológica de
graduação e de pós-graduação;
2008: A Lei Federal nº 11.892 de 29 de dezembro institui a Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica e cria os Institutos Federais de Educação,
Ciência e Tecnologia.
No entanto, foi a partir da LDB, que a EP no Brasil, foi considerada complementar a
Educação Básica podendo ser desenvolvida em escolas, em instituições especializadas ou no
próprio ambiente de trabalho.
A EP, prevista no art. 39 da Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional), observadas as diretrizes curriculares nacionais
7
definidas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), será desenvolvida por meio de cursos
e programas de: formação inicial e continuada de trabalhadores; educação profissional técnica
de nível médio; e educação profissional tecnológica de graduação e de pós-graduação
(BRASIL, 2014).
Sales (2016) não tem dúvidas da importância da LDB para normalizar as ações
necessárias ao desenvolvimento da EP no país, pois, a partir desta, o sistema educacional
passa, então, a ter um conjunto de documentos regulamentadores da formação de
trabalhadores no que diz respeito tanto aos níveis de escolaridade quanto à educação
profissional, cujos recursos adivinham do PROEP.
Tal programa, iniciativa do MEC em parceria com o Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE) e com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), tinha como
finalidade.
Todavia, o primeiro objetivo da EP, foi a oferta de cursos voltados aos estudantes e
profissionais que buscam preparar-se ou ampliar suas qualificações para atuar no mundo do
trabalho e busca ainda descobrir com mais clareza sua função e ressignificar constantemente
sua tarefa num mundo em permanente processo de mudança. (BRASIL, 2007)
Diante do exposto, corroborando do pensamento de Sales (2013), pode-se aferir que
nos dias atuais, a Educação Profissional com a nova LDB passou a significar: o domínio
operacional de determinado fazer, acompanhado da compreensão global do processo
produtivo, com apreensão do saber tecnológico, valorização da cultura do trabalho e
mobilização dos valores necessários à tomada de decisões, e considerada complementar a
Educação Básica, podendo ser desenvolvida em escolas, em instituições especializadas ou no
próprio ambiente de trabalho, com vistas a conduzir o educando ao permanente
desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Em outras palavras:
9
Sales (2016) referencia que a temática da formação profissional desde o início da década de 90, fazia parte da
agenda de discussões das inúmeras instâncias da sociedade que pleiteavam ser necessário repensar a formação
profissional desses trabalhadores, com vistas a atender ao novo perfil, exigido pelo modelo capitalista, e pela
política neoliberal vigente, e que vem exigindo profissionais cada vez mais preparados e capazes de exercer com
eficiência e eficácia sua função, continua sendo uma das questões mais polêmicas da atual sociologia do
trabalho. Corroborando com essa afirmação os estudos de Trein e Ciavatta (2009), que relacionam as muitas
comissões, estudos e debates, organizados por empresários e trabalhadores em torno da automação, da nova
organização do trabalho e das novas exigências de qualificação.
9
Os RCN EPT área saúde, baseados na análise da situação de trabalho dos profissionais
de nível técnico presentes nos serviços de saúde intitulada ―Panorama da Oferta da Educação
Profissional‖, constata que:
pessoal de nível médio da área da Saúde‖ (BRASIL, 2000a, p.17), como também, indicavam a
necessidade de redefinição do perfil dos trabalhadores atuando nos serviços de saúde.
Com efeito, os RCN EPT área profissional saúde, apontam para a elaboração de perfis
mais amplos, de forma que os profissionais de saúde sejam capazes de:
[...] articular as suas atividades profissionais com as ações dos demais agentes da
equipe, assim como os conhecimentos oriundos de várias disciplinas ou ciências,
destacando o caráter multiprofissional da prática; [...] deter uma melhor qualificação
profissional, tanto na dimensão técnica especializada quanto na dimensão ético-
política, comunicacional e de relações interpessoais [...]. BRASIL (2000a, p.14).
Conforme Sales (2016), nesse mesmo documento a mudança no perfil requerido aos
trabalhadores impulsionou a adoção de um novo eixo para a Educação Profissional, o da
competência, ao invés da tradicional ênfase nos conteúdos, e ocasionou a adoção de um novo
paradigma para a elaboração de currículos, pautado no desenvolvimento de competências11
(BRASIL, 2000a). Estas compreendem o conjunto dos conhecimentos (saberes), habilidades
(saber-fazer) e valores (saber-ser).
Essas competências devem ser desenvolvidas através das ações-projetos, ou seja,
situações problemáticas encontradas no mercado de trabalho que o aluno deve resolver
simultaneamente ao desenvolvimento de suas habilidades de leitura, comunicação oral e
escrita; leitura e interpretação de dados que são fundamentais ao seu desempenho profissional
e pesquisa e análise de princípios e bases tecnológicos. A adoção do modelo de competências
na Educação Profissional requer mudanças no planejamento educacional que, segundo MEC
(BRASIL, 2000a) deve ser menos rígido.
11
As competências são consideradas operações mentais que articulam: conhecimentos, habilidades, os valores e
atitudes de maneira articulada (SALES, 2016).
12
que identifica a Instituição de Ensino Superior – IES, destacando sua filosofia, missão,
estratégias, metas e ações, estrutura organizacional, Projeto Pedagógico Institucional, perfil
docente, oferta de cursos, infraestrutura e o demonstrativo de sua capacidade e
sustentabilidade financeira. Tem uma vigência de quatro anos, podendo sofrer atualizações
conforme sua necessidade. (CEARÁ, 2017)
Este documento, enfim, não tem a pretensão de encerrar as discussões sobre os
problemas e dificuldades que envolvem a educação profissional e tecnológica, mas de ampliar
o diálogo com a sociedade, que, por seus vários segmentos, irá reconstruir com o poder
público as bases e os caminhos a serem percorridos.
Temos também o Projeto Político Pedagógico – PPP 2008 (atualizado em 2010),
Instrumento balizador para a atuação da instituição de ensino e, por consequência, expressa a
prática pedagógica da escola/universidade e de seus cursos, dando direção à gestão e às
atividades educacionais. (CEARÁ, 2012)
O esforço aqui encetado pela ESP-CE, almeja destacar os compromissos da
instituição como autarquia do governo no compromisso da redução das desigualdades sociais,
o respeito e o fortalecimento da cidadania, reconhecendo em todos os momentos que à
educação profissional e tecnológica cabe uma posição estratégica importante como elemento
criativo de alavancagem, junto com outras políticas e ações públicas, para o desenvolvimento
socioeconômico do município de Fortaleza, do Estado do Ceará e do Brasil.
[...] face aos múltiplos desafios do futuro, a educação surge como um trunfo
indispensável à humanidade na construção dos ideais da paz, da liberdade e da
justiça social. [...] conduzirá ―a um desenvolvimento humano mais harmonioso,
mais autêntico, de modo a fazer recuar a pobreza, a exclusão social, as
incompreensões, as opressões, as guerras [...]
Outro aspecto levantado pelo autor na Comissão Internacional sobre a Educação para
o século XXI, na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura -
(UNESCO)12, estabelece os quatro pilares de um novo tipo de educação com enfoque em
aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser. A despeito
disso, as ETSUS, trazem em seu arcabouço, as mesmas premissas com enfoque na abordagem
por competência (Ser, saber ser e saber conviver) e a problematização numa perspectiva
transformadora local e regional.
A integração do trabalho com a educação passou a ser para o SUS uma forma de
superar a dívida do sistema educacional com seus profissionais, como também de melhorar a
qualidade da assistência prestada à população. (BRASIL, 2009).
Na década de 70 no Brasil, os programas de expansão de cobertura (PEC) para as
populações rurais e as campanhas de saúde pública proporcionaram a organização dos centros
formadores de recursos humanos em saúde nas estruturas de suas respectivas secretarias
estaduais de forma a qualificar pessoal com baixa escolarização no próprio serviço, quando
ainda não havia a preocupação da habilitação profissional prévia para o trabalho na saúde
(PAIM et al., 2011; SÓRIO, 2002; SANTOS, 2002; PEREIRA; RAMOS, 2006).
Isto vem ao encontro do ideário proposto pelas ETSUS em suas criações a partir da
década seguinte, cujo objetivo primordial era promover a profissionalização dos trabalhadores
12
UNESCO - Educação: Um Tesouro a descobrir – Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre
Educação para o Século XXI (destaques). Paris: UNESCO, 1996. Disponível
em:<http://unesdoc.unesco.org/images/0010/001095/109590por.pdf.>. Acesso em: 20 jan. 2017.
17
de nível médio para o desenvolvimento das ações de saúde (GALVAO, 2009; PEREIRA;
RAMOS, 2006; SÓRIO, 2002).
Convergindo com este movimento têm-se a luta dos trabalhadores da saúde por
reconhecimento profissional e o movimento da reforma sanitária influenciando a organização
das ETSUS no país (FIOCRUZ, 2011). Além disso, o complexo setor saúde e um contingente
de técnicos já empregados no setor sem formação adequada justificariam a criação de escolas
específicas para a formação de seus recursos humanos (SÓRIO, 2002; SANTOS, 2002).
Durante a década de 90, o papel das ETSUS se inscreveu no centro de três grandes
processos em curso no estado brasileiro: a reforma do aparelho do estado, a reforma
educacional e a reforma sanitária brasileira (SÓRIO, 2002).
O fortalecimento institucional das ETSUS no Brasil vai ao encontro do que Frenk et
al. (2010) chamam de estabelecimento de um subsistema de educação nos sistemas de saúde,
ou seja, sua auto-organização por meio de políticas públicas de formação de recursos
humanos pelo próprio setor.
Tal fato, diminui a dependência da macroestrutura liberal de produção de saúde, das
práticas médico-centradas e também da estrutura educacional utilitarista, fortalecendo o
trabalho visando o cuidado nos serviços públicos de saúde. (KILPATRICK et al., 2007;
FRENK et al., 2010; COHEN, 2011; RIESELBACH, CROUSE; FROHNA, 2010)
Reconhecemos os esforços no processo de consolidação destas instituições marcado
por avanços e retrocessos (SANTOS, 2002), e principalmente por se distanciar do modelo
formal de formação profissional no Brasil, que se mostrou ineficiente no contexto do SUS,
uma vez que, hoje, recebe profissionais formados com qualidade.
Para fazer frente ao desafio de formar profissionais para a saúde pública em todo
território do Estado do Ceará, a ESP-CE nasceu sob a forma de autarquia vinculada à
Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (SESA/CE), para operacionalizar a política de
Desenvolvimento de Pessoas para o SUS e compor uma rede de formação, em parceria com
universidades, escolas, cursos profissionalizantes, favorecendo uma unidade na diversidade de
pensamento sobre o profissional necessário para responder às necessidades da população e,
portanto, do sistema de saúde. (CEARÁ, 2017)
18
A despeito disso, Costa, Soares e Rêgo (2010, p.46), afirmam que a ―educação
permanente é realizada a partir dos problemas enfrentados na realidade e leva em
consideração os conhecimentos e as experiências que as pessoas compartilham‖. Os processos
de educação permanente em saúde têm como objetivos a transformação das práticas
profissionais e da própria organização do trabalho. Os autores consideram que
Vale salientar que em 2013, a escola executou, no âmbito desses programas, dez
cursos técnicos e dois de aperfeiçoamento, com destaque para as formações técnicas em
Agente Comunitário de Saúde (primeira etapa), Enfermagem (presencial e semipresencial),
Saúde Bucal (presencial e semipresencial), Análises Clínicas, Citopatologia, Hemoterapia,
Radiologia - foco do nosso estudo - e Vigilância em Saúde. (CEARÁ, 2017)
Ao longo de sua trajetória, a ESP-CE promoveu não somente ações de capacitação e
formação de recursos humanos do e para SUS, como também construiu mecanismos e
aberturas para um novo espaço na educação, na gestão, na atenção à saúde e na cultura
cearense.
Segundo Ceará (2012, p.36), a ESP-CE tem como premissas:
Ainda nesta mesma linha de considerações, a DIEPS, reforça sua identidade com
foco de área que ―fortalece a formação técnica dos trabalhadores do SUS, garantindo um
ensino de qualidade, para que estes, possam contribuir na melhoria da saúde no Estado do
Ceará‖. CEARÁ (2012, p.39)
Atualmente, os programas de educação para os profissionais de nível médio,
oferecidos por esta Diretoria têm como base a Política Nacional e Estadual de Educação
Permanente em Saúde, a partir de demandas originadas dos serviços de saúde (CEARÁ,
2017).
Portanto, atua na formação e capacitação de recursos humanos, produção científica e
tecnológica e na prestação de serviços de referência no campo da saúde pública, mantendo
cooperações técnicas com todos os municípios cearenses e com instituições estaduais atuantes
em vários campos da saúde. Em seus cursos, primam pelo ―[...] fortalecimento da relação
ensino-serviço para o desenvolvimento de competências, e realizando pesquisas, estimulando
o desenvolvimento de soluções tecnológicas e de avaliação das ações de Educação
Profissional na Área da Saúde‖. CEARÁ (2012, p. 19)
Para tanto, ainda em seu projeto político pedagógico tem como base a pedagogia
libertadora do educador, pedagogista e filósofo Paulo Freire (1921-1997). O currículo, nesse
contexto, busca manter o foco no mundo do trabalho e não no ideário de mercado, formando
para libertar o sujeito, sob a perspectiva da sua autonomia.
22
Trazendo uma reflexão sobre a educação no século XXI com enfoque especial a
educação continuada e permanente, preconizados pelo SUS, a um novo conceito, com mais de
100 mil alunos formados, promovendo a formação e a educação permanente do estado.
(CEARÁ, 2017)
O trabalho desenvolvido pela escola é um divisor de águas, pois, promove não
somente experiência profissional, mas também permite mais conhecimento na área da
Educação em Saúde. Permitindo seus educandos a desenvolverem-se como profissionais da
área, bem como, trazendo-lhes a noção de seus papeis enquanto cidadãos, usuários e
trabalhadores do SUS.
Escolhido como Patrono da Escola de Saúde Pública, o Dr. Paulo Marcelo Martins
Rodrigues, Graduado em 1960 em Medicina, no Rio de Janeiro iniciou sua carreira
universitária em 1962, como instrutor de ensino da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará, tendo sido também professor colaborador da Universidade de Brasília
(UnB). (CEARÁ, 2017)
Sendo membro das Sociedades Brasileiras de Gastroenterologia, de Nefrologia e de
Cardiologia, com destaque para trabalhos publicados nas áreas do ensino e do pensamento
médico. Foi presidente do Centro Médico Cearense, em um momento de grandes
transformações e sua gestão representou um marco na história dessa entidade médica
(CEARÁ, 2017).
Considerado por expoentes da sociedade médica como ―divisor de águas da medicina
cearense‖, foi exemplo de mestre e profissional de nobres qualidades. Lançou as bases
científicas do exercício clínico, introduzindo uma nova maneira de fazer medicina no Ceará,
sendo a saúde um processo de maximização possível do bem estar em todas as suas vertentes,
na biológica, na psicológica, na social e na ecológica (SILVA; OLIVEIRA, 1994).
A este respeito, cabe lembrar segundo Silva e Oliveira (1994, p. 18), que [...] ele
entendia saúde como algo "dinâmico, homeostático", como "um momento e um movimento
simultâneos de partes interdependentes e indissociáveis", sendo "cada uma delas um
organismo que se integra dentro de um sistema uno e total [...]". Incluída aí, está, com certeza,
a educação em saúde. Palavras estas, dão mostras da importância que o homenageado dava a
todas as acepções do termo.
23
Ainda nesta mesma linha de considerações, cabe citar o trabalho de Saupe et al.
(2007) e Silva e Felix (2007), ao analisarem as competências que se almejam dos
profissionais de saúde e seus domínios cognitivos como: o conhecimento (saber); as
habilidades (saber fazer); e as atitudes (saber ser e conviver/querer fazer). O profissional
desenvolve suas atividades de maneira autônoma; planejando, implementando e avaliando, as
situações e seus contextos laborais.
Como faz notar, Silva e Tanaka (1999, p.215) identificam também os ―domínios
clínicos e não clínicos das competências adquiridas‖, este aspecto também é comentado por
Ferreira (2009, p.353), ao aludir ―[...] qualidade de quem é capaz de apreciar e resolver certo
assunto, fazer determinada coisa; capacidade, habilidade, aptidão, idoneidade [...]‖.
Portanto, a competência existe quando é aplicada, a multiplicidade da aplicação
intervém no processo dialético entre ensino, serviço e saúde e sua produção está ligada ―uma
capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em
conhecimentos, mas sem limitar-se a eles‖ Perrenoud, (1999, p.7), o referido autor continua
afirmando que,
[...] para enfrentar uma situação da melhor maneira possível, deve-se, via de regra,
pôr em ação e em sinergia vários recursos cognitivos complementares, entre os quais
estão os conhecimentos.
[...] há algumas décadas, as competências não haviam sido reconhecidas nos meios e
relações de trabalho como fatores que viriam a transformar as bases específicas dos
mesmos. Os funcionários eram selecionados por suas habilidades/conhecimentos no
trabalho, desconsiderando-se a presença de outros modelos de gestão que poderiam
ser adotados para contratação dessas pessoas [...].
25
[...] irá apresentar a nova tradução da teoria do capital humano sob o capitalismo
global – a aquisição de novos saberes e competências, apenas, habilitam o indivíduo
para a competição num mercado de trabalho cada vez mais restrito, todavia não lhe
garante a integração sistêmica à vida moderna [...].
Segundo Rios (2001), a significação que tem se dado com mais frequência ao termo
competências no espaço da administração empresarial está relacionada com o que se costuma
chamar de desenvolvimento de recursos humanos, expressão que tem sido entendida,
comumente, como sinônimo de seres humanos, os trabalhadores, os profissionais. Um rápido
olhar para o conceito de competência constante no Parecer do Conselho Nacional de
Educação (CNE) / Câmara de Educação Básica (CEB) nº16/99, mostra que este resgata os
termos eficiência e eficácia, que aparecem na ordem do Programa Qualidade Total.
Esse programa emergiu no Japão, na década de 1950, no novo paradigma da
administração empresarial. Esse programa se estabeleceu no Brasil, na década de 80, em
várias organizações e instituições de ensino, importado do mundo empresarial, cuja ênfase
recai na produtividade e competitividade, em detrimento de um ensino de qualidade, como
direito subjetivo de todos os cidadãos. No caso da educação, esta preocupação com o trabalho
e com a sua realização, primando pela eficiência e eficácia, atende mais ao interesse do capital
do que ao dos indivíduos. Rios, (2001), Segundo Queiroga (2006, p.44)
mobilização de capacidades cognitivas, mas não se restringe a elas, uma vez que essa
mobilização depende dos saberes.
Nesse sentido, o ensino baseado nas competências pressupõe a transferência de
recursos entre professores e estudantes, no sentido de desafiar o sujeito a mobilizar recursos
para tomar decisões e resolver situações-problemas. Uma das críticas ao ensino ―tradicional,
conteudista‖ é que os estudantes acumulam saberes, são aprovados em exames, mas não
conseguem mobilizar os conhecimentos que aprenderam na escola em situações reais, seja no
trabalho, seja na família ou no contexto em que vivem.
Outro aspecto criticado no modelo de ensino centrado na transferência e
memorização de conhecimentos é que os estudantes, após cinco anos, não lembram mais o
que estudaram no currículo, em função de os estudantes não saberem para que estão
estudando determinados conteúdos. Será que realmente o problema está na transmissão dos
conteúdos ou na forma como são repassados, isto é, sem que o estudante saiba o seu real
significado? Sob a ótica das competências, as instituições de ensino devem organizar os seus
currículos, incluir novos conteúdos, novas formas de organização do trabalho, incorporação
dos conhecimentos tácitos que são adquiridos na prática, metodologias que propiciem o
desenvolvimento de capacidades como resolver problemas novos, comunicar ideias, tomar
decisões, ter iniciativa, ser criativo e ter autonomia intelectual.
Analisando essas críticas feitas à pedagogia ―tradicional‖, não se pode perder de vista
que a competência não é um princípio, a escola pode trabalhar com competências, porém na
perspectiva de que devemos formar nossos estudantes como pessoas competentes para
compreender o conhecimento produzido até então, mobilizar, do ponto de vista cognitivo e
intelectual, para que os estudantes se apropriem desses conhecimentos e se tornem pessoas
capazes de utilizar esses conteúdos.
Ao se definir o modelo das competências na formação do Técnico em Radiologia
cria-se a possibilidade desses trabalhadores entenderem de forma mais clara o porquê do seu
fazer. O TR desenvolve suas atividades fundamentando num referencial que busca
problematizar, valorizar e interagir o conhecimento em todas as suas dimensões. O modelo de
competências, portanto, traz um novo enfoque ao valorizar o saber tácito e a subjetividade do
trabalhador.
Dentro dessa perspectiva de flexibilização, a qualificação do trabalhador não é mais
dirigida para a realização de tarefas definidas relacionadas a um posto de trabalho. Ela
acontece a partir da qualificação real do trabalhador, entendida como um conjunto de
habilidades e competências, saberes e conhecimentos que se originam de diferentes
30
Ramos (2010, p.3) mostra como se dá tal processo, relacionando competência à área
educacional: ―a completa estrutura dinâmica das competências, na perspectiva da superação
do condutivismo, incorpora a ideia da construtividade do conhecimento‖, [...] pela qual se
compreende ocorrer um desequilíbrio quando o sujeito se defronta com situações
desconhecidas ou desafiadoras. (BRUNNER, ZELTNER, 2000)
Diante de um desequilíbrio estruturalmente perturbador, o estudante reorganiza seu
pensamento num nível mais elevado do que o previamente atingido, num processo recursivo
que conduz a um crescimento indefinido dos conhecimentos, quer no plano quantitativo, quer
no plano qualitativo. As competências seriam, portanto, as estruturas ou os esquemas mentais
responsáveis pela interação dinâmica entre os saberes prévios do indivíduo – construídos
mediante as experiências – e os saberes formalizados.
[...] com efeito, as tecnologias da saúde assumem um papel cada vez mais
importante e a Radiologia, em particular, caracteriza-se por um desenvolvimento
contínuo, registrando uma evolução tecnológica bastante expressiva, visível no
constante aperfeiçoamento dos equipamentos e na diversidade e melhoria da
qualidade das imagens de diagnóstico obtidas.
Costa, Soares e Rêgo (2010, p.29) citam que há uma ―desarticulação das instituições
formadoras e os serviços de saúde do SUS, o que reflete no desempenho dos profissionais e
na qualidade da atenção prestada à população assistida, bem como nos resultados
39
esperados.[...] além do mais, as escolas de formação em saúde ofertam estes cursos com
programas fixos, não considerando as competências já adquiridas pelos estudantes no mundo
do trabalho, o que enseja desestímulo e desperdício de recursos financeiros‖.
A procura por técnicos em Radiologia distribui-se por todo o Território Nacional, na
medida em que os equipamentos de Radiologia são hoje comuns na maioria dos serviços
públicos e privados de saúde que se encontram dispersos pelo país. A maioria dos técnicos, no
entanto, trabalha nos centros urbanos, nomeadamente nos de grande dimensão, enquanto os
pequenos municípios encontram dificuldades em ter este profissional qualificado.
Há, portanto, uma evolução previsível para o Técnico em Radiologia, seja em virtude
da maior oferta de emprego na área, em decorrência da incorporação de novas tecnologias e,
consequentemente, requerimento de novas competências para este profissional, pela
necessidade crescente de formação e aperfeiçoamento profissional exigido no mercado.
(COSTA; SOARES; RÊGO, 2010)
Atentos a este processo crescente é que gestores estaduais e municipais do Ceará
demandaram como formação prioritária numa cooperação internacional com o governo
canadense a construção de um Programa de Formação Técnica em Radiologia com base no
referencial da Engenharia de Formação por Competência, compreendendo que o processo
formativo se pautará no desenvolvimento de competências requeridas pelo mundo do
trabalho. Cujo ideário segundo Costa, Soares e Rêgo (2010, p.29), ―[...] é formar profissionais
técnicos de nível médio, para atuação na área de Radiologia, observando o compromisso
social e a ética profissional no desempenho de suas funções, a fim de contribuir com a
excelência da atenção à saúde e melhoria da qualidade de vida da população cearense [...]‖. A
formação deverá:
HABILIDADES
VALORES E ATITUDES
Demonstra capacidade de
Manifesta respeito aos valores
organização, flexibilidade,
humanos, considerando a
criatividade, adaptação às
diversidade socioeconômica, étnico-
mudanças tecnológicas, raciocínio
cultural e de gênero, promovendo
lógico e resolubilidade de
equidade na execução de suas
problemas.
atividades, com compromisso,
responsabilidade e ética.
MEIO DE TRABALHO
1988 Conselho
Federal de Não consta
Parecer nº Autoriza o funcionamento do curso Técnico de
Educação/ revogação
307 Radiologia, habilitação em Medicina Nuclear.
Ministério da expressa
Educação
Regulamenta a atuação do técnico em radiologia,
estabelece a necessidade de ―ser portador de
Alterado pela
certificado de conclusão de primeiro e segundo graus
1985 Brasil Lei 7.394/85 Lei
ou equivalente e possuir formação profissional por
10.508/2002
intermédio de Escola Técnica de Radiologia, com o
mínimo de três anos de duração‖
1975 Deputado
Projeto de lei Projeto de lei para a Regulamentação da Profissão de
Gomes do Ativo
nº 317. Técnico em Radiologia.
Amaral
1973 Conselho
Federal de Não consta
Parecer nº Este parecer trata da habilitação de técnico em
Educação/ revogação
1.263 radiologia médica.
Ministério da expressa
Educação
Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus, e
1971 Brasil Lei nº 5.692 Revogado
dá outras providências.
Altera o Decreto nº 29.155 de 17 de janeiro de 1951,
Decreto nº
1958 Brasil modificado pelo Decreto nº 40.630, de 27 de dezembro Ativo
43.185
de 1956 e dá outras providências.
Regulamenta o Serviço Nacional de Fiscalização da
Medicina e Farmácia, onde os Operadores de Raio X,
Decreto nª
1957 Brasil deveriam associar-se. A formação era pelo método Ativo
41.904
mestre-aprendiz (o aprendiz aprende a função
exercendo-o junto ao mestre de ofício)
Decreto nº Altera o Decreto nº 29.155, de 17 de janeiro de 1951, e
1956 Brasil Ativo
40.630 dá outras providências
45
1ª Ativo
Associação dos Técnicos em Radiologia do Estado de
1951 São Paulo Associação
São Paulo
(Atresp)
Confere direitos e vantagens a servidores que operam Ativo
1950 Brasil Lei nº 1.234
com Raios X e substâncias radioativas
Fonte: Adaptado de Observatório dos Técnicos em Saúde (2013). Escola Politécnica de
Saúde Joaquim Venâncio - Fundação Oswaldo Cruz
emergência
Subtotal 1 340 110 450
Assegurar a proteção radiológica
1 Proteção Radiológica na execução dos procedimentos 40 - 40
diagnósticos e terapêuticos
Analisar uma imagem radiológica
2 Anatomofisiologia
do ponto de vista 60 - 60
Radiológica
anatomofisiológico
Estabelecer relação entre os
3 Patologia Radiológica principais processos patológicos 40 - 40
e as imagens radiológicas
MEI 4 Aplicações Básicas de Aplicar informática na realização
30 - 30
Informática de suas atividades profissionais
5 Processamento de
Processar imagens radiológicas 60 50 110
Imagens Radiológicas
Traduzir informações de manuais
6 Inglês Instrumental em
e equipamentos de Radiologia 30 - 30
Radiologia
de língua inglesa
Realizar exames radiológicos
7 Radiologia
convencionais I - membros 60 80 140
Convencional I
superiores e inferiores
Subtotal 2 320 130 450
Realizar exames radiológicos
1 Radiologia Convencional
convencionais II - tórax, abdome 80 40 120
II
e colunas
2 Densitometria Óssea Realizar densitometria óssea 40 30 70
3 Mamografia Realizar exame de mamografia 60 30 90
MEII
4 Exames Contrastados Realizar exames contrastados 40 40 80
Realizar exames de
5 Hemodinâmica 40 30 70
hemodinâmica
Realizar procedimentos de
6 Medicina Nuclear 40 30 70
Medicina Nuclear
Subtotal 3 300 200 500
Realizar exames radiológicos
1Radiologia
convencionais III - crânio, face e 40 20 60
Convencional III
seios paranasais
2Tomografia Realizar tomografia
40 20 60
Computadorizada computadorizada
3 Radiologia Realizar exame radiológico
40 20 60
Odontológica odontológico
Realizar exame radiológico
4 Radiologia Veterinária 40 20 60
MEIII veterinário
5Ressonância Magnética Realizar ressonância magnética 40 20 60
6 Procedimento de Realizar procedimentos de
40 20 60
Radioterapia radioterapia
Realizar procedimentos de
7 Radiologia Industrial 40 20 60
Radiologia Industrial
Realizar procedimentos em
8Estágio
Radiologia diagnóstica e - 80 80
Supervisionado
terapêutica
Subtotal 4 280 220 500
TOTAL 1240 h 660 h 1900 h
47
Nota: MCB – Módulo Contextual Básico; MEI – Módulo Específico I; MEII – Módulo
Específico II; e MEIII – Módulo Específico III. Fonte: (CEARÁ, 2010).
Para cada intenção, foram determinadas as unidades que serão mais suscetíveis para
o seu desenvolvimento (Quadro 06).
6 PERCURSO METODOLOGICO
13
Refere-se aos estudos de: DENZIN; LINCOLN – sociólogos (1994). "Os pesquisadores qualitativistas
estudam as coisas em seu setting natural, tentando dar sentido ou interpretar fenômenos nos termos das
significações que as pessoas trazem para estes".
BOGDAN; BIKLEN – educadores (1998) pontuam: "[os pesquisadores qualitativistas] procuram entender o
processo pelo qual as pessoas constroem significados e descrevem o que são estes". Esses autores também
tomam significado como ideia-chave.
MINAYO (2004), aponta as metodologias qualitativas como: "[...] aquelas capazes de incorporar a questão do
significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações, e às estruturas sociais, sendo essas últimas
tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação, como construções humanas significativas".
TURATO (2000) "Aquele que busca interpretar os significados – de natureza psicológica e complementarmente
sociocultural – trazidos por indivíduos (pacientes ou outras pessoas preocupadas ou que se ocupam com
problemas da saúde, tais como familiares, profissionais de saúde e sujeitos da comunidade), acerca dos múltiplos
fenômenos pertinentes ao campo dos problemas da saúde-doença".
CAMPOS; TURATO (2003); DE FIGUEIREDO; TURATO, (2001); FONTANELLA; TURATO (2002).
―Ancorado por três pilares, funcionam como características demarcadoras e consistem das seguintes atitudes:
existencialista, clínica e psicanalítica. Essas propiciam, respectivamente: uma postura de acolhida das angústias e
ansiedades inerentes do ser humano; uma aproximação própria de quem habitualmente já trabalha na ajuda
terapêutica; e a escuta e a valorização dos aspectos psicodinâmicos mobilizados sobretudo na relação afetiva e
direta com os sujeitos sob estudo. Esse método tem-se provado adequado em pesquisas qualitativas já realizadas
no campo da saúde.
50
que cada um apresenta potencialidades, ou seja, enquanto pesquisador ficar-se-á atento para
que um método não seja priorizado em detrimento do outro. (AUGUSTO, 2014)
Por fim, há de se clarear o que são as conclusões, de fato, de um e de outro método,
com o consequente trabalho de desfazer os nós quanto à generalização realmente possível e
pretendida pelo método quantitativo e pelo qualitativo.
Para tanto, elencamos no Bloco 1 de questões, a articulação das abordagens
quantitativa e qualitativa, com o intuito de identificar os dados atinentes ao perfil como: sexo,
estado civil, escolaridade, dentre outros. Para tanto, utilizou-se a técnica de análise de
conteúdo, que segundo Bardin (2009), consiste em descobrir os ―núcleos de sentido‖
identificados nos questionários estudados, permitindo ―desvelar além das aparências do que
está sendo analisado‖ (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2010, p.74).
Isto vem ao encontro de Caregnato e Mutti (2006), ao manifestarem a ideia de que na
interpretação o analista é um intérprete, que faz uma leitura discursiva influenciada pelo seu
afeto, posição, crenças, experiências e vivências; deste modo, a interpretação nunca será
absoluta e única, pois também produzirá seu sentido.
Compreendemos desse modo, que a pesquisa qualitativa não possui menor ou maior
valor, comparada à pesquisa quantitativa; também não as tem como incompatíveis quanto à
aplicação conjunta dos dois enfoques; sua escolha, entretanto, vai depender da natureza da
busca a ser desenvolvida. (MINAYO, 2004)
Constatamos que ao realizar a pesquisa ―nenhuma é neutra, seja ela qualitativa ou
quantitativa, pois envolve crenças e valores dos sujeitos envolvidos na ação de pesquisar; [...]
nenhuma das linhas de pensamento sobre o social tem o monopólio de compreensão total e
completa sobre a realidade‖, Minayo (2004, p.37) e portanto, não existe verdade acabada e
permanente sobre determinada realidade social analisada.
dados obtidos, faz-se necessário uma decomposição estrutural dos dados para confrontar
numa inter-relação das partes decompostas e finalmente interpretar os sentidos das
falas/escrita e das ações para se chegar a uma compreensão ou explicação do material
pesquisado.
O questionário, segundo Gil (2008, p.128), pode ser definido como:
A análise empírica dos dados coletados foi realizada através de técnicas de estatística
descritiva, 14 sendo esta sobre a ótica da análise de conteúdo tendo como funções: verificação
de hipóteses e/ou questões e descoberta do que está por trás dos conteúdos manifestos [...].
Tais funções podem ser complementares, com aplicação tanto em pesquisas qualitativas como
quantitativas e serão apresentadas em forma de tabelas e gráficos acompanhados de resumos
numéricos que os sintetizam. (MINAYO; DESLANDES; GOMES, 2010, p. 74)
As respostas abertas serão padronizadas por categoria de análise do discurso, e
tabuladas de acordo com as respostas idênticas.
Ainda nesta mesma linha de considerações, é interessante destacar dois autores
estudiosos do assunto. O primeiro deles é Berelson (1984), um dos primeiros a sintetizar a
análise de conteúdo como técnica de estudo, apresentando uma definição fortemente baseada
no modelo cartesiano de pesquisa na década de 40:
[...] análise de conteúdo é uma técnica de pesquisa que visa uma descrição do
conteúdo manifesto de comunicação de maneira objetiva, sistemática e quantitativa.
BERELSON (1984, p.2).
O segundo é Bardin (2009), que configura a análise de conteúdo como sendo ―um
conjunto de técnicas de análise das comunicações, que utiliza procedimentos sistemáticos e
objetivos de descrição do conteúdo das mensagens‖. Porém, a própria autora afirma que este
conceito não é suficiente para definir a especificidade da técnica, acrescentando que a
intenção é a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou,
eventualmente de recepção), inferência esta que ocorre a indicadores quantitativos ou não.
14
A estatística descritiva é a etapa inicial da análise utilizada para descrever e resumir os dados (BUNCHAFT;
KELLNER, 2001). BUNCHAFT, G.; KELLNER, S. R. O.; Estatística sem mistérios. Petrópolis: Vozes, 2001.
4v
53
O ato de inferir significa a realização de uma operação lógica, pela qual se admite
uma proposição em virtude de sua ligação com outras proposições já aceitas como
verdadeiras.
capacidade do pesquisador qualitativo em lidar com situações que, muitas vezes, não podem
ser alcançadas de outra forma.
24%
12%
35%
29%
29%
71%
Feminino Masculino
6%
33%
17%
44%
Solteiro(a) 3
6%
18%
17%
59%
Médio 10
Técnico 3
0%
0%
100%
Concurso Público
Seleção Pública
Outra realidade, observada foi que: A2, A3, A4, A5, A7, A8, A9, A10, A11, A13,
A14, A16, conseguiram trabalhar no próprio setor/hospital como terceirizados na função de
Técnicos em Radiologia, após a conclusão do curso.
47%
53%
Sim Não
0%
100%
Sim
0%
41% 0%
59%
0%
0%
100%
A10: “[...] ganho mais, gasto mais ainda, mas posso ter os mimos que sempre quis,
sem descuidar da minha família”.
[...] os novos tempos do SUS necessitam de uma maior e mais profunda participação
de todos [...] os canais de participação institucional constituem-se em espaços onde,
a partir da apropriação das informações e do conhecimento, a população e
trabalhadores, possam efetivamente participarem das decisões, definindo seus
caminhos, desenvolvendo o exercício da cidadania. SÃO PAULO (1991, p.43)
62
Gráfico 11: Importância dos temas abordados para a melhoria da sua prática
profissional
0%
0%
71%
29%
fluxos e as demandas do Hospital devido as liberações dos funcionários para os eventos que
eles realizam, enfim, [...] tudo que se possa esperar de verdadeiros profissionais.”
A5: “[...] antes eu só chegava e fazia o meu trabalho no Hospital (suprimido) e não
me importava muito com as coisas erradas [...] achava que isso não me afetava e „seu
fizesse‟ algo para melhorar estaria fazendo o serviço do outro [...]quando comecei a fazer o
curso de Radiologia da Escola (ESP-CE, grifo nosso), comecei a ver o círculo das coisas
(alusão aos erros que afetam a todos, grifo nosso), comecei a melhorar o meu desempenho
profissional”.
A12: “Eu deixei de estudar fazia uns 20 anos porque era muito chato e difícil
(risos), tinha que ajudar na renda da família, quando vim para a Escola (ESP-CE, grifo
nosso), fui quase obrigada (risos), no começo vinha por causa das folgas, não tinha que ir
trabalhar no dia do meu plantão que caia no dia da aula, e também porque ia aumentar meu
salário (risos), só pensava nisso [...]e o „Dotor (suprimido)‟chefe do setor dizia se eu não
„foce‟ ia descontar do meu salário (risos), no começo achei tudo diferente, os meninos
(demais colegas de aula, grifo nosso) „fazia hora‟ comigo, porque no trabalho eu cochilava
muito devido a minha idade, tô perto de me aposentar, e na Escola não acontecia, era muita
brincadeira (Ativadores - metodologias ativa, grifo nosso), que depois o professor fazia „nois‟
pensar [...], passei a fazer isso com as minhas netas quando „tavam‟ fazendo a tarefa do
Colégio delas, lá em casa „mi‟ sentia viva novamente, e podia „insinar‟ elas, isso mudou
minha vida, o curso de radiologia foi „chou‟, tudo que aprendi lá uso „em tudo que é lugar‟,
tô até falando e escrevendo muito (risos) [...].”
A16: “Eu achava que minhas aulas eram boas, porque sou professora na Escola
(suprimido), e dava aula do modo que via alguns dos meus professores fazendo (achava que
sala de aula era daquele jeito), quando comecei na ESP, as atividades, os ativadores, os
estudos de caso, as pesquisas e intervenções que eram solicitadas ou feitas em sala de aula,
me proporcionaram um novo olhar de mundo, e hoje, graças as competências adquiridas
durante minha formação no curso Técnico em Radiologia, aplico com meus alunos na Escola
que trabalho [...] vejo a mesma evolução deles, como foi a minha, quando estava na ESP.”
meio de uma nova ação, subsidiada pela reflexão metódica e informada cientificamente‖.
BERBEL (1998, p.32).
Outro aspecto levantado por Ribeiro (2017, p.14) diz que:
―[...] as mudanças no sentido de ter, manter e reivindicar por saúde ocorrem quando
o indivíduo, os grupos populares e a equipe de saúde participam. A discussão, a
reflexão crítica, a partir de um dado conhecimento sobre saúde/doença, suas causas e
consequências, permitem que se chegue a uma concepção mais elaborada acerca do
que determina a existência de uma doença e como resolver os problemas para
modificar aquela realidade‖. SÃO PAULO (1991, p.19).
0%
0%
12%
88%
Em relação a carga horário, a maioria dos entrevistados disseram ser ótima (59%), e
7 relataram ser bom, (41%).
G1: “O curso é muito bom, mas nossa maior dificuldade é manter o aluno
trabalhador em sala de aula [...], não temos contingente suficiente de colaboradores para
suprir suas ausências no trabalho [...] a carga horária é muito extensa, mas vale muito a
pena”.
G3: “[...] um dos acordos é o ensino em serviço – contrapartida entre a gestão,
SESA e Escola, [...] um dia cedido pela instituição (serviço) e o outro do aluno (ensino), e
aqui no (suprimido), foi o setor inteiro, no começo a comunidade quase surta [...] por
conhecer a formação da ESP, como gestor não pensei duas vezes em relação as liberações
[...], hoje a comunidade e nós colhemos os frutos desta formação”.
G5: “A maior dificuldade está nos processos de liberação, o CEO tem poucos
funcionários, a demanda é intensa, um dia até é fácil substituir, mas os estágios curriculares
obrigatórios foram muito difíceis [...]”.
A1: “É muito intenso o curso, agente começou primeiro e terminou por último,
achava que nunca mais ia acabar o curso [...] aliás qualquer formação da Escola [...] agente
reclama, mais isso, é bom porque traz qualidade”.
A4: “Por várias vezes a Escola teve que intervir, junto a Gestão por causa das
liberações, eu já recitava a carta acordo (documento formal com as cláusulas do acordo
tripartite das condições e funcionamento do curso, grifo nosso) de tanto ler e mostra para ele
66
(Gestor G2, grifo nosso), com a assinatura dele o acordo de liberação [...] eu fui uma das
alunas que sempre que podia estava na SESA fazendo cumprirem o acordado”.
A6: “Achava que estava fazendo uma faculdade [...], o curso é muito puxado e a
carga horaria tanto teórica como pratica é enorme”.
A7: “No começo é terrível, você acha que nunca mais vai terminar o curso e agora
que terminou queria voltar, fiz muitas amizades e aprendi a ser uma pessoa melhor, a gerir o
meu tempo e meus compromissos, não aprendi só para a radiologia”.
A9: “Se a carga horaria fosse menor, acho que facilitaria tudo [...] mas depois que
você começa a estudar o conteúdo, você vê que deveria era dobrar”
O curso possui carga horária total de 1.920 horas, distribuídas em 1.240 horas de
aulas teórico-práticas e 660 horas de estágio supervisionado, a maior entre os cursos Técnicos
da ESP-CE. (COSTA; SOARES; RÊGO, 2010)
Como preceito constitucional, BRASIL (2012), cita que:
0%
0%
59%
41%
Conforme cita Brasil (2011, p.12), ―nessa conjuntura, novas competências 15 são
requeridas dos trabalhadores e gestores, redefinindo as formas de recrutar, treinar e manter os
profissionais em suas respectivas atividades, requerendo cada vez mais trabalhadores
especializados‖.
Entre as novas competências requeridas desse trabalhador, destacam-se o aumento de
escolaridade exigida, exigência de conhecimentos gerais, capacidade de planejar, capacidade
de comunicação, trabalho em equipe, flexibilidade, acesso a mais informações, capacidade de
decisão frente a problemas complexos, valorização de traços de personalidade (como
responsabilidade, criatividade, iniciativa e espírito crítico) (GARAY e SHEFFER, 2006).
Vale ressaltar também que as tendências do trabalho em saúde apontam para uma
formação mais polivalente, no sentido da multiqualificação 16, gerando a necessidade de
revisão das atuais habilitações de nível médio, o que provoca resistências do ponto de vista
corporativo e ameaça a construção de uma identidade profissional.
Outro aspecto, relaciona-se ao fato de que essa é a primeira oportunidade de
formação dos trabalhadores da saúde pela ótica da educação permanente para Técnicos em
Radiologia que se tornou uma política pública, associada à satisfação e contentamento
sentidos - expectativa positiva - ―pela possibilidade de receberem informações que
respondessem às necessidades vivenciadas na prática‖. (BERTANI; SARRATA;
LOURENÇO, 2008, p.12)
Pois, enfrentar novas demandas de produtividade, competitividade decorrentes dos
avanços tecnológicos e os processos de saúde/doença, permeiam a redescoberta da educação
como capacidade de processar e selecionar informações, criatividade e iniciativa.
Dentre os assuntos que mais se destacaram formam entre as Unidades didáticas
comuns a todos as profissões foram:
15
No processo de mudanças organizacionais para enfrentar um novo modelo de organização, mudam também as
qualificações necessárias para esse novo trabalho. O perfil do novo trabalhador deve, então, adequar-se às novas
funções que cada trabalhador deverá desempenhar, atentando-se ainda à possibilidade de transferibilidade entre
setores ou até mesmo a construção de formas alternativas de sobrevivência fora do mercado formal de trabalho.
GARAY, A.; SCHEFFER, B.; Reestruturação Produtiva e Desafios de Qualificação: Algumas
considerações críticas. Disponível em:<http://read.adm.ufrgs.br/read05/ artigo/garay.htm>. Acesso em: 07 jun.
2017.
16
O trabalhador opera diferentes atividades com níveis de complexidade equivalentes ou uma atividade principal
e outras correlatas. DELUIZ, N. A.; globalização econômica e os desafios à formação profissional. Boletim
Técnico do Senac. Rio de Janeiro, v. 22, n. 2, maio/agosto, 1996.
69
A3: “[...] aprofundar por se tratar das relações de trabalho, nas quais a
participação do trabalhador é fundamental para a eficiência, eficácia e efetividade SUS”.
A5: “Diante da necessidade de aprofundar as reflexões das experiências e das
práticas em Gestão do Trabalho para assim, fortalecer ou construir novas estratégias para a
gestão do trabalho, e fortalecer a gestão do trabalho no SUS”.
A7: “A cadeira faz a gente se colocar no lugar do gestor, e desse modo os
facilitadores fazem agente ser um no nosso trabalho, aí vemos como as vezes é difícil
dimensionar o processo, porque quem não está lá, não entende, a gente acaba fazendo um
processo de troca, co-responsabilização, e comprometimento mútuos”.
A10: “[...] incentivo, acompanhamento e elaboração das demandas do CEO
(suprimido), junto com as políticas de gestão e do planejamento do trabalho em saúde, coisas
que „nois‟ não sabia, como funcionava realmente”.
A14: “a unidade de gestão, reforça o nosso compromisso, com o nosso trabalho, e
ao mesmo tempo contribui para nossa qualificação e nossa atuação na saúde melhorando
nosso atendimento no SUS”.
A16: “graças a disciplina de Gestão do Trabalho em Saúde, hoje eu sei que o meu
curso de Radiologia foi pensado pela Coordenação de Gestão do Trabalho em Saúde, ela que
trata das questões de estruturação e qualificação da gestão do trabalho no SUS, com as
políticas e as ações para a desprecarização do trabalho”.
A17: “a unidade didática serve para a promoção da política de saúde do
trabalhador da saúde, te mostra as ações para a melhorar as condições de trabalho no SUS,
e te ajuda a tomar decisão para a gestão do trabalho em saúde”.
G1: “[...] os técnicos passam a gerir seus setores de modo permanente e trazem uma
visão holísticas das coisas [...] o que não se via antes da formação”.
G2: “[...] tudo é compartilhado e resolvido de forma equânime, hoje posso dizer que
são gestores da radiologia como eu sou do CEO (suprimido)”.
G3: “Essa disciplina, foi muito boa, porque os Técnicos perceberam o processo
administrativo (gestão). Agora eles compreendem que algumas mudanças são bem mais
complexas e não dependem só de nós gestores, mas das políticas da CGETS [...]”.
G4: “A burocracia da gestão tende a tratá-los como trabalhadores de fábrica,
quando fizeram a disciplina de gestão [...] quando fizeram uma atividade prática refere às
condições de trabalho e à ordenação das funções e papéis, foi o ápice para que eles
percebessem as complexidades dos trabalhos de cada um na equipe do CEO, ”.
70
Módulo Contextual Básico – Unidade Didática 03: Introdução aos Aspectos Étnicos e
Culturais no Trabalho em Saúde.
A5: “Depois da disciplina, das oficinas e das rodas de conversa, sobre gênero,
diversidade e pluralidade, percebi que as pessoas manifestam-se biologicamente,
psicologicamente e sexualmente, sendo esta, “tão normal” como as outras, nós é que
acabamos suprimindo-a das demais [...]”.
A3: “Achei uma perda de tempo a unidade (referindo-se à Introdução aos Aspectos
Étnicos e Culturais no Trabalho em Saúde – grifo nosso), pois no CEO (suprimido) nada
mudou, apenas está mascarado o preconceito[...]”.
A8: “a unidade didática foi de fundamental relevância para nossa educação, porque
traz a reflexão da sexualidade e do gênero vivenciada atualmente e como isto está sendo
apreendido em todos os âmbitos sociais”.
A9: “Antes eu tinha muito preconceito, e ainda tenho [...] minha visão mudou, hoje
consigo conviver e conversar, deixando as vezes de olhar o estereótipo [...] fiz muitas
amizades no diversificado mundo LGBTTS, são pessoas maravilhosas [...]mas, tenho ainda
aversão por aqueles que são „viado demais‟ ou são „muito sapatão‟, (referindo ao
homossexual gay caricato afeminado, e as lésbicas caricatas que trejeitam-se como homens -
71
grifo nosso) mas tento me policiar [...] sou de um família extremamente tradicional [...] que
este seja um assunto necessário para ser incluído nos cursos de formação de professores e
também de todos as formações, como forma de prepará-los para a realidade do contexto do
trabalho hoje”.
A14: “Podemos dizer que a sexualidade ainda se constitui como tabu na sociedade
atual, e ainda há dificuldade em abordar o assunto, mais a unidade didática, mostra isso de
forma suave [...]”.
A17: “Muitos falam da escravidão do negro trazido da África foi causada pelo
branco, mas eu sempre discordei porque a escravidão começou entre os próprios negros
quando venderam seus primeiros parentes para tal fim [...] a disciplina me ajudou a perceber
as muitas faces que a descriminação, o preconceito e a escravidão têm”.
G5: “A disciplina foi muito importante, pois o CEO (suprimido) tem muito usuário
LGBT, assim como funcionários assumidos, isso melhorou ainda mais a convivência e o
atendimento, sem causar transtornos nem rotulagens”.
G5: “[...]recebemos muitos imigrantes, principalmente de Cabo Verde, antes do
curso e principalmente depois da disciplina, a convivência e o atendimento tornou-se mais
humanizado e sem preconceitos [...]deveria ser estendido a formação para todos do serviço
público”.
G1: “Os Técnicos formados pela Escola [...]. Elaboram e implantam a política de
segurança e saúde do trabalho dentro da instituição [...] acompanham as inspeções de
segurança na radiologia, [...] estão voltados à promoção da segurança e saúde do trabalho,
e são mais ativos que a própria CIPA”.
G2: “houve uma redução significativa de afastamentos, os técnicos da radiologia
são tão atuantes, que as vezes acho que eles são da segurança do trabalho, por eles fazerem
constantemente prevenções e auxiliam no controle de doenças e dos acidentes de trabalho,
por meio de ações educativas, na área de radiologia, segurança e saúde do trabalho.
G3: “[...] por causa dos técnicos e do curso de Radiologia que descobrimos algumas
irregularidades no setor, foi uma atividade prática que descobrimos que o material utilizado
para baritá a sala de RX era insuficiente, eles elaboraram documentos destinados à área de
segurança e saúde do trabalho e encaminhamos a SESA, que mandou um físico
posteriormente e detectou as irregularidades”
G4: “[...] Todo o CEO (suprimido) está mais que sinalizado, está seguro! [...] as
atividades práticas desenvolvidas no curso pelos técnicos da radiologia, [...] formularam um
Planejamento de todos os ambientes de trabalho, avaliaram, os sistemas de segurança,
normas, os regulamentos internos; fizeram programações de integração preventivas,
palestras, cursos destinados à diminuição de acidentes, controle de sinistros, relações
interpessoais [...]e ativaram a CIPA”.
G5: “Uma ressalva, a disciplina de segurança do trabalho, foi uma que os técnicos
mais aplicaram, hoje eles compõem a CIPA do CEO (suprimido)”.
G6: “As atividades eram levadas a sério, insumos que demandávamos para a SESA
a anos para a melhoria do ambiente de trabalho, foram conseguidos com as atividades do
curso de Radiologia [...] eles confeccionaram documentos bem fundamentados de ação que
interagiam com vários setores, para o controle de eventuais acidentais; usando estratégias de
prevenção para conscientizar os trabalhadores; preceituar valores de segurança, integrando-
os à qualidade do trabalho, ao meio ambiente, à produção e ao controle de despesas, [...]
revitalizaram a CIPA, e hoje utilizamos os POP‟S, que até então eram engavetados [...]
ainda temos muito a melhorar”.
A1: “Antes do curso, não tínhamos vez e nem voz, aqui no CEO (suprimido) quando
começamos a fazer as atividades do curso de Radiologia, essa realidade mudou [...], tudo
73
que pedíamos era justificado e embasado nas normas de segurança, não tinha como ser
negado [...]”
A3: “No nosso setor, analisamos os procedimentos em acidentes de trabalho, para
evitarmos as lesões e/ou danos materiais, praticamente não temos mais afastamento por
longos períodos [...] como integrante ativo da CIPA, sempre promovemos a prevenção de
acidentes e/ou doenças profissionais”.
A4: “Aqui no CEO (suprimido) tudo que estava errado ou em desacordo com as
normas de segurança foi mudado, a doutora (suprimido) entendeu a nossa proposta e com as
atividades da Escola tudo ficou mais fácil [...] passaram a confiar e a ouvir na gente [...]
A7: “[...] avaliar a rotina de trabalho e os processos, sugerindo medidas de
proteção coletiva e individual, que antes eram negligenciadas”.
A9: “Hoje somos acreditados, temos qualidade no serviço [...] isso não é fácil de
construir no serviço público[...] hoje, os técnicos do CEO (suprimido) Têm uma educação
profissional qualificada”.
A12: “[...] ainda existem conflitos nas relações profissionais, por causa dos
interesses diferentes, dos conflitos pessoais e na definição de responsabilidades de cada um,
com a disciplina de Gestão adquirimos novas competências”.
A15: “[...] as vezes dá vontade de ser como antes, mais vejo que tudo mudou, agente
mudou, o serviço mudou, a disciplina ajudou muito, mas a responsabilidade da gente
aumentou [...]”.
Pires (2008, p.183) se faz notar ao apresentar os critérios que influenciam na escolha
do estudo, seu significado, o que justifica a escolha da ESP-CE como locus:
Com relação a essa afirmativa, importa dizer da ciência como afirma Ribeiro (2017,
p.12) ―[...] essa profissionalização, por sofrer influência direta de fatores sociais, econômico e
políticos, a depender da época em que surgiu, é o resultado de uma formação conservadora, e
na maioria dos casos, dicotômica da ciência e da tecnologia [...]‖.
A autora, considera que o profissional: ―[..] desempenhe sua prática de forma efetiva,
e condizente com esse novo tipo de educação, é preciso dar-lhe informações para aliar os
conhecimentos adquiridos e vivência, independente da sua área de formação[...]‖. (p.12-13)
O que reforça o conceito de competência profissional, elencada na Resolução
CNE/CEB n.º 4, de 08.12.1999 - Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional de Nível Técnico – DCNEPNT, como sendo: ―[...] a capacidade de articular,
mobilizar e colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades necessários para o
desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho‖. BRASIL
(1999, p.2).
A despeito disso, Le Boterf (2005, p.56):
Market (2001, p.2), afirma que: ―No contexto de nossas explanações, pretendemos
impedir que somente a racionalidade técnica da produção se torne constitutiva para uma
determinação unilateral do novo conceito de competência‖.
Importa destacar que, ensinar e aprender nessa nova realidade, cada vez mais
complexa, traz maior visibilidade aos processos formativos, e consequentemente, torna
indispensável à revisão permanente dos referidos processos, além de justificar a necessidade
da formação continuada e por competência.
Da mesma forma é imprescindível priorizar um trabalho, capaz de articular o
científico e o tecnológico; entender a prática como práxis, ou seja, compreender a relação
entre teoria e prática e fazer desta uma ação transformadora da realidade.
Em outras palavras, articular teoria e prática no fazer discente e este por
competência, como percebemos nos relatos dos gestores, ao confirmarem as práticas
transformativas desse método.
Segundo Ceccon (2011) a gestão de competências é uma forma avançada de
administrar pessoas, sendo que sua sustentação está nos conhecimentos requeridos para que
seus objetivos sejam alcançados e na maneira como esses conhecimentos são disseminados
entre os profissionais.
Entre os principais objetivos da adoção de uma gestão por competências para Boog
(2002), destaca-se: Entender, organizar e disseminar os conhecimentos ligados aos negócios e
as estratégias da empresa; Ser o instrumento de comunicação de mensagens de atitude,
conhecimentos e habilidades esperadas de cada empregado; Formar uma base de dados
sustentável e confiável para as avaliações de desempenho; Servir como valiosa fonte de
informação para as necessidades de treinamento, planos de sucessão, carreira, seleção e
remuneração; Comprometimento de líder na gestão efetiva e no desenvolvimento da sua
equipe; Transparência nas relações internas.
Como destaque, o discurso ainda está marcado por práticas tradicionais, mas com
evidências das novas experiências educacionais que integram e aproximam alunos
trabalhadores do ensino-serviço. Desta maneira, entendemos que não há neutralidade nas
ações por isso, requer-se que os envolvidos nos processos assumam um posicionamento sobre
os objetivos que esperam alcançar, fato este percebido nas falas e sobre os modos de
promoção e desenvolvimento de suas aprendizagens, articulado a conhecimentos teóricos e
76
A2: “No começo, é muito difícil, não estamos acostumados a participar diretamente
com as aulas interagindo, somos passivos e acomodados, isso é mais seguro „pro‟ aluno, mas
na ESP, somos construtores e peças importantes do processo”.
A4: “As atividades fazem agente pensar fora da zona de conforto, os ativadores são
motivadores e trazem uma energia muito boa, as aulas passam rápido [...] no início é muita
coisa ao mesmo tempo [...], temos preguiça de pensar[...]”.
A5: “tudo reflete em nossa prática do trabalho, as vezes eu achava que eles olhavam
o que agente fazia no trabalho [...], tanto é que, as vezes agente se olhava entre „nois‟ e dizia
„isso parece com fulano‟[...]”.
A6: “Hoje eu brinco dizendo que aprendi a ler, escrever e fazer, tudo que era usado
pelos orientadores, mexia com agente, e essa mudança todo mundo via [...]”.
A9: “É bom, mais é muita atividade, saia morta das aulas, nunca pensei que pensar
doesse [...]”.
A12: “[...] no começo achei tudo diferente, os meninos (demais colegas de aula,
grifo nosso) „fazia hora‟ comigo, porque no trabalho eu cochilava muito devido a minha
idade, tô perto de me aposentar, e na Escola não acontecia, era muita brincadeira
77
(Ativadores - metodologias ativa, grifo nosso), que depois o professor fazia „nois‟ pensar
[...], passei a fazer isso com as minhas netas quando „tavam‟ fazendo a tarefa do Colégio
delas, lá em casa „mi‟ sentia viva novamente, e podia „insinar‟ elas, isso mudou minha vida, o
curso de radiologia foi „chou‟, tudo que aprendi lá uso „em tudo que é lugar‟, tô até falando e
escrevendo muito (risos, grifo nosso).”
A14: “Era muita coisa pra aprender, as vezes cansava [...] mas se não fosse assim,
tenho certeza que dormiria a aula inteira”
A16: “[...] quando comecei na ESP, as atividades, os ativadores, os estudos de caso,
as pesquisas e intervenções que eram solicitadas ou feitas em sala de aula, me
proporcionaram um novo olhar de mundo, e hoje, graças as competências adquiridas durante
minha formação no curso Técnico em Radiologia, aplico com meus alunos na Escola que
trabalho [...] vejo a mesma evolução deles, como foi a minha, quando estava na ESP.”
Uma vez que, num mundo de mudanças rápidas e profundas, o importante não são
os conhecimentos ou ideias, nem os comportamentos corretos e fiéis ao esperado, senão o
aumento da capacidade das pessoas/grupos para detectar os problemas reais e buscar-lhes
solução original e criativa. (FREIRE, 2016)
78
0%
0%
12%
88%
A2: “Quando o Dr. (suprimido) avisou que haveria a seleção para Escola de Saúde,
pensei logo em uma oportunidade de qualificação”.
A5: “No meu caso ter uma terceira profissão, sou ASB, Técnica em Enfermagem e
agora Técnica em Radiologia, sendo que todas interagem entre si [...]”.
A6: “Me aposentar do CEO (suprimido), e começar a trabalhar como Técnica em
Radiologia para melhorar meu salário”.
A16: “Eu já faço exames periapicais e auxilio a dentista [...] por trabalhar na área
me identifico com o curso”.
A escolha da profissão é uma decisão que temos que tomar cada vez mais cedo. ―O
termo responde a um contexto em que sujeitos adultos tomam inúmeras decisões de carreiras
– voluntárias e forçadas‖. MAGALHÃES (2011, p.196)
Escolher uma profissão não se resume ao momento de escolha de uma carreira, ou
como um projeto de vida. São diversos os fatores que podem influenciar nessa escolha: os
pais, a tecnologia, desemprego, salários, dentre outros.
79
41%
29%
12%
18%
Melhorar o salario
Ter 2ª Profissão
carreira, etc.) que lutam para atingir e, muitas vezes, servem-se da organização para consegui-
los.
Trabalhar sob a égipe dos conhecimentos adquiridos (fatos, princípios, mecanismos,
etc.) e aplica-los de forma coerente com o desenvolvimento das competências já adquiridas, é
sem dúvida um grande desafio, principalmente se considerarmos não só a dinâmica do
trabalho, mas, também a realidade das profissões, A fim de contribuir, para que o profissional
desempenhe sua prática de forma efetiva, e condizente com esse novo tipo de educação, é
preciso dar-lhe informações para aliar os conhecimentos adquiridos durante o curso e suas
vivências, independente da sua área de formação. É o que objetivamos identificar na
percepção dos sujeitos entrevistados.
Nesse sentido, diz-se, que alguém tem competência profissional quando ―constitui,
articula e mobiliza valores, conhecimentos e habilidades para a resolução de problemas não só
rotineiros, mas também inusitados em seu campo de atuação [...]. BRASIL (1999a, p.25)
A adoção do modelo de competência como marco orientador da formação dos
trabalhadores na saúde, está, portanto, referida tanto à vinculação da educação e do trabalho
em saúde quanto à formação e desenvolvimento institucional, à aprendizagem e à
resolutividade dos Serviços.
Uma vez que, é preciso que nossa prática educativa seja coerente com nossas
convicções. Temos que converter o saber e o pensar, em ações de diálogo, de ―estar com‖. De
rever nossa prática pessoal e a coletiva institucional, com autocrítica. Somente assim, a
caminhada será no sentido de ajudar a construir uma melhor qualidade de vida. CVE (2001,
p.63).
Conforme cita Peletti (2010, p.62), uma ação educativa, como a que acima se tentou
conceituar, "referindo-se a ambos os sujeitos da prática pedagógica, exige uma reeducação do
técnico, compreendendo-se que ele é funcionário e também cidadão, membro, portanto, da
sociedade e das classes que a constituem".
Abordagem por competência, as habilidades (cognitivas, psicomotoras, perceptuais,
afetivas, etc.), estão imbricados no processo dinâmico dos serviços e de seus espaços de
saúde, são considerados como locus privilegiado de aprendizagem; e a integração ensino-
serviço tem destaque na formação, no campo da saúde, e se mostram, em alguns momentos no
discurso escrito e falado, dos entrevistados, como veremos a seguir.
Nesta perspectiva, a Resolução n° 04/99 do CNE (Art. 6°), traz a ideia de
competência profissional como ―a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação
82
A4: “[...] faço as coisas com mais rapidez e eficiência [...] aprendi os processos”.
A6: “sempre que posso procuro saber as coisas que estão acontecendo aqui no CEO
[...] participo dos processos de educação permanente em saúde, e consigo falar para
comunidade sem medo, o curso de Radiologia me capacitou pra isso [...] Preparo e utilizo os
materiais de apoio à realização de ações educativas no âmbito da radiologia, mas sempre
peço para o Dr. (suprimido) dá uma olhada, sempre capricho muito para não errar”.
A2, A5, A7, A8, A9, A10: “Aprendi a manipular os pacientes, a registrar os
procedimentos e ocorrências [...]zelar pelos equipamentos e Equipamentos de Proteção
Individual (EPI) utilizados no processo de trabalho”.
A11, A12, A13, A14, A15, A16 e A17: ―Muitas [...] fazer os exames da radiologia”.
Outra dimensão desta competência trazidas por Bordenave (2001) e, IPEA (2017)
―Apela ao mesmo tempo para seu repertório de ideias, conhecimentos, experiências e
emoções que deseja tornar ―em comum‖. Identifica os sinais e/ou códigos, para com eles
representar o que deseja compartilhar.
Desse modo, o desenvolvimento de atitudes e habilidades, tanto no campo cognitivo
- incluindo o raciocínio científico - como nos âmbitos afetivo ou perceptual-motor, será
84
Questão 20: Descreva as atividades que você realiza no desempenho da sua função.
A1: “o mais importante não é o que faço como técnico em radiologia, porque isso é
minha obrigação, mais importante é o que faço, para além dessas atividades na minha
prática diária[...]”.
A2: “Participar na organização do serviço e executo as atividades (exames) da
radiologia, posiciono o paciente”
A3: “faço exames periapicais no CEO (suprimido) e de RX e de Mama no Hospital
(suprimido), posiciono o paciente”
A4: “Posiciono o paciente, faço os exames de RX convencional, RX Odontológico,
Mamografia”
86
Questão 21: Você encontra alguma dificuldade para desempenhar sua função? (aluno)
0%
100%
Sim Não
―[...] nessa atividade, há uma estreita ligação entre o trabalho e o trabalhador, com a
vivência direta e ininterrupta do processo de dor, morte, sofrimento, desespero,
incompreensão, irritabilidade e tantos outros sentimentos e reações desencadeadas
pelo processo doença‖.
89
Segundo Santos et al. (2010, p.182): Profissionais da área de saúde, ―tem diminuído
a capacidade de produção, realizando atividades com menor precisão, aumentando o
absenteísmo, adoecido com maior frequência trabalhando tensos e cansados‖.
Grazziano (2008, p.18) comenta que o stress relacionado ao trabalho pode levar ao
desenvolvimento de várias doenças como: ―a hipertensão arterial, doença coronariana, além
de distúrbios emocionais e psicológicos, como a ansiedade, depressão, baixa autoestima entre
outras, repercutindo diretamente no desempenho da organização ou empresa‖.
Camelo e Angerami (2007, p.503), citam que:
―[...] são delegadas aos profissionais múltiplas tarefas com alto grau de exigência e
responsabilidade, as quais, dependendo do ambiente, da organização do trabalho e
do preparo para exercer seu papel, podem criar tensão para si, equipe e a
comunidade assistida‖.
Gráfico 17: Você conhece quais são os fatores de risco e vulnerabilidade para a saúde
0%
100%
Sim
O ato de trabalhar é um dos fatores que tem maior relação com as condições de vida,
de saúde e qualidade de vida do homem. No que se refere à saúde pode-se dizer que esta é
indissociável do trabalho. Dessa forma, saúde, segurança e qualidade de vida são requisitos
essenciais à manutenção da atividade laboral. (CARVALHO, 2014)
De acordo com o Artigo 14º da Lei n.º 7.394/85 e com o Artigo 30º do Decreto n.º
92.790/86, os profissionais das Técnicas Radiológicas só podem laborar 24 horas por semana,
devido a altíssima insalubridade inerente ao exercício profissional, o que encontra-se em
ressonância na Portaria ANVISA n.º 453/98, na NR 32 do Ministério do Trabalho e Emprego
90
Nota-se nas falas dos gestores que as decorrências dos afastamentos relativos as
doenças ocupacionais, foram sanadas após a formação, subentendendo-se que a metodologia
abordada no processo educativo e a conscientização dos egressos, tenham papel de
fundamental importância na ação construtiva do trabalho, pois entende-se o trabalho como
sendo uma atividade humana que envolve tudo e concorda-se com Arendt (2011, p.159) ao
relaciona-lo como:
matéria que trabalha. Uma vez que [...] "os homens vivem e consomem para
ter forças para trabalhar ou se trabalham para ter os meios de consumo‖.
Para Araújo (2006), as empresas devem estar livres de riscos17 inaceitáveis de danos
nos ambientes de trabalho, garantindo o bem-estar físico, mental, e social dos trabalhadores e
partes interessadas.
Nesse sentido, os controles implementados na empresa devem ser capazes de
identificar e avaliar as causas associadas aos acidentes e incidentes, uma vez que, a avaliação e
o exame dos incidentes, fornecem dados que, se devidamente tratados através de uma visão
sistêmica, podem fornecer subsídios importantes para a prevenção de possíveis acidentes, o
que minimiza ou eliminar tais prejuízos, muitas organizações desenvolvem e implementam
sistemas de gestão voltados para a segurança e saúde ocupacional
Questão 25: Após o Curso Técnico você identificou melhorias na prática do profissional
em Radiologia? (Somente gestor)
17
Segundo Trivelato (1998), o conceito de risco é bidimensional, representando a possibilidade de um
efeito adverso ou dano e a incerteza da ocorrência, distribuição no tempo ou magnitude do resultado adverso. A
situação ou fator de risco é ―uma condição ou conjunto de circunstâncias que tem o potencial de causar um efeito
adverso, que pode ser: morte, lesões, doenças ou danos à saúde, à propriedade ou ao meio ambiente‖.
TRIVELATO, G. C. (1998). Metodologias de reconhecimento e avaliação qualitativa de riscos
ocupacionais. São Paulo: Fundacentro. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=000201;pid=S1414-9893201200030001300041;lng=en>.
Acesso em: 2 nov. 2017.
93
G1: “Sim, hoje eles planejam e executam uma intervenção para o diagnóstico de uma
situação/problema de saúde, eles percebem as necessidades, os interesses e recursos
disponíveis [...] Não é suficiente fazer o seu melhor. Eles devem saber o que fazer e, depois,
fazer o seu melhor, sempre!”
G2: “Sim, os Técnicos em Radiologia aqui no CEO, fazem trabalho educativo, com
trocas de experiências entre os setores, valorizam o conhecimento científico/popular [...]”
G3: “Sim, melhorou em vários aspectos, um desses, a convivência, o respeito e a
solidariedade, o trabalho em equipe [...] cada colaborador conta, e todos realizam o trabalho
conjunto, contribuem para mudanças nas situações, visando à saúde coletiva”
G4: “Sim, muita coisa mudou para melhor, as técnicas utilizadas, os
questionamentos fundamentados, a participação real dos profissionais[...]”.
G5: “Sim, é perceptível, a escola de saúde pública realmente desenvolve ou
aprimora as competências profissionais, posso afirmar que os Técnicos em Radiologia hoje
têm conhecimento, habilidades e Atitudes ressignificadas para o setor saúde, tanto no
diagnóstico participativo, como no processo de sensibilização e estimulo do trabalho em
equipe[...]”.
G6: “Sim, temos sempre que evoluir, e isso está acontecendo com os Técnicos da
radiologia, a escola plantou uma semente que aos poucos está dando os frutos, mais como
toda boa arvore precisas de podas para continuar produzindo os melhores frutos [...] eles
identificam sua parcela de responsabilidade, analisam o contexto, e sempre que podem
propõem ações para modificá-lo”.
Percebe-se que nas falas dos gestores e no gráfico 18 que a formação continuada em
Saúde para os TR, vem dando resultado, o que demonstra a importância da conscientização
dos atores envolvidos (gestão, técnicos, comunidade, etc), na construção e na disseminação
de uma cultura de autoconhecimento e fortalecimento do SUS, o que é confirmado nos escritos
de Machado (2009, p.30) ao afirmar que ―[...] a formação continuada é um dos aspectos
importantes para reunir a teoria e a prática no contexto profissional‖. Onde os atores
envolvidos, nos mais variados momentos, consigam perceber e abstrair as melhorias partindo
da prática e aliando-a à teoria, tornando dos momentos de ensino-aprendizagem mais claros e
interessantes.
Com isso o TR, torna-se reflexivo, passa a ser um produtor de conhecimentos que
permite uma melhoria em sua prática, fazendo assim uma análise mais profunda da
organização das atividades, reformulando e realizando as alterações pertinentes, buscando um
melhor desenvolvimento integral do indivíduo.
Torna-se importante ressaltar que a formação continuada não está apenas na busca
pelo conhecimento científico, mas também na auto-realização pessoal, pois o profissional que
trabalha com uma maior disposição e dedicação diante daquilo que desenvolve, terá sempre
um maior incentivo para procurar novas técnicas e desenvolver o seu trabalho sempre de
maneira inovadora.
A despeito disso, Behrens (1996, p.135) cita que: ―A essência da formação
continuada é a construção coletiva do saber e a discussão crítica reflexiva do saber fazer [...]‖.
Assim, a maneira ideal para que seja realizada a formação continuada ocorre através de um
trabalho coletivo, onde o profissional aprenda através da experiência dos seus colegas,
tornando-se assim um profissional reflexivo, preocupado com os resultados apresentados
durante a sua atuação, para então procurar novas estratégias que levem a melhoria da situação.
0%
100%
Sim
Questão 27: Existe relação entre os fatores de risco e as doenças vinculadas ao trabalho
em saúde? (Gestor e aluno)
aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular
entre teoria e dados.
Portanto, saúde e doença estão condicionados e determinados pelas condições de
vida das pessoas e são expressos entre os trabalhadores também pelo modo como vivenciam
tais condições, processos e ambientes em que trabalham.
0%
100%
Sim
Questão 28: Você conhece as medidas e técnicas de biossegurança utilizadas nas ações
em saúde? Quais você utiliza no seu trabalho? (gestor e aluno)
G1, G2, G3, G4, G5, G6: “Sim, conhecer os riscos biológicos, químicos, radioativos,
tóxicos e ergonômicos com os quais se tem contato no setor e/ou na função exercida; [...] Ser
99
[...] não são sujeitos às limitações do texto escrito: não há nenhuma necessidade de
saber a língua para compreender o sentido do símbolo; [...] necessitam menos
espaço do que o texto para ser legível a uma mesma distância; [...] atraem
geralmente a atenção mais facilmente do que o texto impresso, por causa de sua
forma, tamanho ou cor; [...]símbolos com projeto de imagem expressivo podem ter
um impacto muito mais elevado do que o texto impresso, isto é, a informação é mais
rapidamente e melhor processada.
A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8, A9, A10, A11, A12, A13, A14, A15, A16, A17:
“[...]Radiação, Proibido gestante, Alerta a radiação (Luz de segurança), Lixo Hospitalar –
Grupo A Resíduos Potencialmente Infectantes, Lixo Hospitalar – Grupo B Lixo Hospitalar –
Grupo C Resíduos Radioativos, Lixo Hospitalar – Grupo D Resíduos Comuns, Lixo
Hospitalar – Grupo E Resíduos Perfurocortantes, gás tóxico, saída de emergência, risco
101
G1, G2, G3, G4, G5, G6: “contamos com uma Consolidação da Leis do Trabalho
(CLT), Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH), Comissões de Controle de
18
O objetivo do sistema de vigilância com instrumentos de notificação padronizados é o de permitir a
obtenção de dados selecionados que proporcionem o conhecimento das características mais comuns desses
acidentes, as medidas de profilaxia pós-exposição e as ações e estratégias necessárias para prevenção deste
importante problema de saúde pública. (RAPPARINI et al., 2001)
19
Criado em 1992, por pesquisadores da Universidade de Virgínia Exposure Prevention Information
Network (EPINet), uma rede de informações de colaboração baseado nas notificações das exposições ocorridas
doa acidentes, amplamente utilizado nos EUA e adaptado para vários países, inclusive o Brasil. (SPAGNUOLO,
BALDO e GUERRINI, 2008)
103
Questão 32: Em sua opinião de maneira geral, qual a visão em relação aos
CONHECIMENTOS, HABILIDADES E ATITUDES, desenvolvidas ou aprimoradas
pelos egressos durante e/ou após a conclusão do curso Técnico em Radiologia ofertado
pela Escola de Saúde Pública do Ceará – ESP-CE. Somente gestor
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ARENDT, H.; A condição humana. Rio de Janeiro, RJ: Forense Universitária (2011).
Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=000104;pid=S0102-
7182200700040001400003;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017.
BARRETOS, A. C.; SANTOS, R.; Estresse: conheça este inimigo. [Site Saúde.com.br].
Disponível em:<http://www.saude.com.br/site/materia.asp?cod_materia=48>. Acesso em: 20
jan. 2017.
BATISTA, K. M. Stress e Hardiness entre enfermeiros hospitalares. São Paulo, 2011. 239
p. Disponível em:<http://pandora.cisc.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-31052011-
120626/publico/Tese_Karla_Melo.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2017.
BERELSON, B.; Content analysis in communication research. New York: Hafner; 1984.
Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=000080;pid=S0104-
1169200900020001900006;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017.
109
BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K.; Qualitative research for education: an introduction for
theory and methods. 3th ed. Boston: Allyn and Bacon; 1998. Disponível em:<
http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=3020467;pid=S0034-
8910200500030002500001;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017.
BOOG, G. M.; Manual de gestão de pessoas e equipes. 1ª edição – Editora: Gente, São
Paulo, 2002.
__________. Casa Civil. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de
Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. 1991 (b). Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8213cons.htm>. Acesso em: 20 jan. 2017.
__________. Casa Civil. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional
de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras
providências. 1999b. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9782.htm>.
Acesso em: 20 jan. 2017.
__________. Casa Civil. Decreto n. 92.790, de 17 de junho de 1986. (1986). Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/Ccivil/decreto/D92790.htm. Acesso em: 21 out. 2010.
BRASIL. Consolidação das leis do trabalho. Oliveira, J. De (org.). São Paulo, Saraiva,
1992.
BRASIL. LDB: Lei de diretrizes e bases da educação nacional [recurso eletrônico]: Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
9. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2014. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 07 jun. 2017.
CAMPOS, C. J. G.; TURATO, E. R.; [The health professionals' team, the patient with renal
disease in hemodialysis, and interpersonal relations]. Revista Brasileira de Enfermagem
2003; 56:508-12. Disponível em:<
http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=3020469;pid=S0034-
8910200500030002500003;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017.
112
__________. Escola de Saúde Pública. Projeto Político Pedagógico. Fortaleza: ESP, 2012.
CHIAVENATO, I.; Carreira e competência: gerenciando o seu maior capital. São Paulo:
Saraiva, 2002.
COHEN, J. J.; Medical Education in an Era of Health-Care Reform. Perspect Biol Med
2011;54(1):61-67. Disponível em:<
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=000103;pid=S1413-
8123201200040002000015;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017.
CORDÃO, F. A.; A LDB e a nova educação profissional. Boletim Técnico do SENAC. Rio
de Janeiro. v. 28. n.1. Abril de 2002.
DE FIGUEIREDO, R. M.; TURATO, E. R.; Needs for assistance and emotional aspects of
caregiving reported by AIDS patient caregivers in a day-care unit in Brazil. Issues Ment
Health Nurs 2001;22(6):633-43. Disponível em:<
http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=3020471;pid=S0034-
8910200500030002500005;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017.
DELORS, J. I. A. M.; AMAGI, I.; CARNEIRO, R.; CHUNG, F.; GEREMEK, B.;
GORHAM, W.; KORNHAUSER, A.; MANLEY, M.; QUERO, M. P.; SAVANÉ, M. A.;
SINGH, K.; STAVENHAGEN, R.; SUHR, M. W.; NANZHAO, Z.; Educação: um tesouro a
descobrir. São Paulo: Cortez/UNESCO, 2000.
114
DUTRA, J. S.; HIPÓLITO, J. A. M.; SILVA, C. M. Gestão por competência: o caso de uma
empresa do setor de telecomunicações. In: Encontro Nacional da Associação Nacional dos
Programas de Pós-graduação e Pesquisa em Administração, 22, 1998, Foz do Iguaçu. Anais.
Foz do Iguaçu: ANPAD, 1998. Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=000130;pid=S0034-
7590200600050000200010;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017.
FERREIRA, A. B. H.; Novo dicionário eletrônico Aurélio – versão 6.1. Curitiba: Positivo
Informática, 2009.
FIOCRUZ, Fundação Oswaldo Cruz. Antes da Rede. Revista RET-SUS 2011; 5 (41): 5-6.
Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=000134;pid=S1413-
8123201200040002000031;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017.
FREIRE, P. R. N.; Ação Cultural para Liberdade e Outros Escritos. Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 1982.
FRENK, J.; CHEN, L.; BHUTTA, Z. A.; COHEN, J.; CRISP, N.; EVANS, T.; FINEBERG,
H.; GARCIA, P.; KE, Y.; KELLEY, P.; KISTNASAMY, B.; MELEIS, A.; NAYLOR, D.;
PABLOS-MENDEZ, A.; REDDY, S.; SCRIMSHAW, S.; SEPULVEDA, J.; SERWADDA,
D.; ZURAYK, H.; Health professionals for a new century: transforming education to
strengthen health systems in an interdependent world. Lancet 2010; 376(9756):1923-1958.
FRIGOTTO, G.; A dupla face do trabalho: criação e destruição da vida. In: CIAVATTA,
M. (orgs.). A experiência do trabalho e a educação básica. 2. ed. Rio de Janeiro: DP;A, 2005.
GALVAO, E.; Cenário nacional das escolas técnicas do SUS: a criação dos CEFOR no
Brasil. Revista Saúde sociedade. 2009;18(Supl.2):60-63. Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=000121;pid=S1413-
8123201200040002000024;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017
GIL, A. C.; Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
KILPATRICK, S. I.; JOHNS, S. S.; MILLAR, P.; LE, Q.; ROUTLEY, G.; Skill shortages in
health: innovative solutions using vocational education and training. Rural Remote Health
2007;7(1):623-636.
MAGALHÃES, M. O.; Quinta demanda chave para orientação Profissional: Como ajudar
o indivíduo a entender e enfrentar as múltiplas transições em sua carreira? Enfoque
Transicional. In: RIBEIRO, M. A. ; SILVA-MELO, L. L. (Orgs.), Compênio de Orientação
Profissional e de Carreira. Vol. 1: Perspectivas Históricas e Enfoques teóricos Clássicos e
Modernos, (p. 195-224). 2011. São Paulo: Vetor.
MINAYO, M. C.; DESLANDES, S. F.; GOMES, R.; Pesquisa social. 27 ed. Petrópolis, RJ:
Vozes, 2010. 108 p.
PAIM, J.; TRAVASSOS, C.; ALMEIDA, C.; BAHIA, L.; MACINKO, J.; The Brazilian
health system: history, advances, and challenges. Lancet 2011;377(9779):1778-1797.
Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=000081;pid=S1413-
8123201200040002000004;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017.
119
PELETTI, C.; Didática geral, 11ª ed. São Paulo: Ática, 2010.
PEREIRA, I. B.; RAMOS, M. N.; Breve histórico das instituições. Educação profissional em
saúde [monografia]. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2006.
__________.; Construir as competências desde a escola. Trad. Bruno Charles Magne. Porto
Alegre: Artmed, 1999.
PINTO, J. B.; Ação educativa através de um método participativo no setor saúde. In:
Encontro de Experiências de Educação e Saúde da região Nordeste, Natal, 1982. Ação
Participativa: metodologia. Anais... Brasília: Centro de Documentação do Ministério da
Saúde, 1987. p. 15 - 19. [Série F: Educação e Saúde,4].
QUEIROGA, A. L. F.; A Pedagogia das Competências nos Cursos Técnicos do CEFET – PB:
Limites e condições. Dissertação Mestrado Educação. João Pessoa; UFPB, 2006.
Disponível
em:<http://www.ce.ufpb.br/ppge/Dissertacoes/dissert06/Ana%20Lucia%20Ferreira/A%20PE
120
DAGOGIA%20DAS%20COMPET%CANCIAS%20NOS%20CURSOS%20T%C9C.pdf>.
Acesso em: 16 out. 2016.
RAPPARINI, C.; CARDO, D.; SARACENI, V.; MACHADO, A.; CÔRTES, G.; PSBio:
sistema de vigilância de acidentes ocupacionais com material biológico ocorridos em serviços
de saúde, 2001. Disponível em: <http://www.riscobiologico.org>. Acesso em: 16 out. 2017.
RIBEIRO, M. A.; Breve Histórico dos Primórdios da Orientação profissional. In: Ribeiro,
M. A. ; Silva-Melo, L. L. (Orgs.), Compênio de Orientação Profissional e de Carreira. Vol. 1:
Perspectivas Históricas e Enfoques teóricos Clássicos e Modernos, (p. 15-22). 2011. São
Paulo: Vetor.
ROPÉ, F.; TANGUY, L. (Orgs). Saberes e Competências: O uso de tais noções na empresa
e na escola. Campinas: Papirus, 2002
RUANO, A. M.; Gestão por competências – Uma perspectiva para a consolidação da gestão
estratégica de recursos humanos. Ed. Qualitymark, São Paulo, 2003.
SANTOS, I.; Escolas Técnicas de Saúde do Sistema Único de Saúde (ETSUS). Formação
2002; 2 (5): 87-95. Disponível
em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks;ref=000119;pid=S1413-
8123201200040002000023;lng=en>. Acesso em: 20 jan. 2017.
SANTOS, F. D.; RODRIGUES, C. L. P.; SILVA, L. B.; BAKKE, H. A.; LEITE, A. S. M.;
LEAL, M. M. A.; O estresse do enfermeiro nas unidades de terapia intensiva adulto: uma
revisão da literatura. Revista Eletrônica saúde mental álcool e drogas, v.6, n.1. São Paulo,
122
SAWAIA, B. M.; Violência, Saúde e Trabalho (uma jornada de humilhações). São Paulo,
Educ – Editora da PUC-SP, 2003.
SILVA, L. L.; FELIX, S. B. C. M.; Gerência e trabalho em equipe na atenção primária. In:
ARCHANJO, D. R.; ARCHANJO, L. R.; SILVA, L. L. (Orgs.). Saúde da família na
atenção primária. Curitiba: IBPEX, 2007. p.75-98.
SILVA, M. G. C.; (Ed.) ; Oliveira (ed.), ESG: Paulo Marcelo Martins Rodrigues - o divisor
de águas na medicina do Ceará. Fortaleza, UNIMED de Fortaleza, 1994 – Gráfica Minerva.
SÓRIO, R.; LAMARCA, I.; Novos desafios das escolas técnicas de saúde do SUS. Physis
1998; 8(2):147-164.
123
SPENCER, L.; SPENCER, S. Competence at Work. New York: John Wiley ; Sons, 1993.
SULBRANDT, J.; La evaluación de los programas sociales: una perspectiva crítica de los
modelos usuales. In: KLIKSBERG, B. Pobreza: un tema impostergable. México: Fondo de
Cultura Económica, 1993.
em:<http://www.ensp.fiocruz.br/observarh/arquivos/0211-
Revista%20Divulgacao%20Gestao%20No%201.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2017.
ZARIFIAN, P. Objetivo competência: por uma nova lógica. São Paulo: Atlas, 2001.
125
16. Houve ascensão profissional após a 23. Quais as doenças estão relacionadas
conclusão do curso técnico em com desenvolvimento do seu trabalho?
Radiologia? ___________________________________
[ ] 1.Sim [ ] 2.Não ___________________________________
Porque?____________________________
___________________________________ 24. Existe relação entre os fatores de
risco e as doenças vinculadas ao trabalho
17. Que conhecimentos foram adquiridos em saúde?
após o termino do curso Técnico em [ ] 1.Sim [ ] 2.Não
Radiologia?_________________________ Porque?___________________________
___________________________________ ___________________________________
18. Que habilidades foram desenvolvidas 25. Você conhece as medidas e técnicas
após o curso de técnico em Radiologia? de biosseguraça utilizadas nas ações em
___________________________________ saúde?
___________________________________ [ ] 1.Sim [ ] 2.Não
Quais você utiliza no seu trabalho?
19. Houve mudanças em relação as ___________________________________
atitudes perante a resolução de ___________________________________
problema? Explique
[ ] 1.Sim [ ] 2.Não Dentre os códigos e símbolos específicos
___________________________________ utilizados em saúde e segurança no
___________________________________ trabalho.
26. Quais você consegue identificar de
20. Descreva as atividades que você forma precisa?
realiza no desempenho da sua função. Cite-os?___________________
27. Quais medidas de prevenção e 29. Você conhece quais são os
controle de acidentes no trabalho você procedimentos legais utilizados nos
conhece? acidentes de trabalho
Cite-as?____________________________ [ ] 1.Sim [ ] 2.Não
___________________________________ Se sim, cite-os: ___________
UD-TR2-18: Hemodinâmica
Carga horária: 40TP – 30E
ENUNCIADO DA COMPETÊNCIA CONTEXTO DE REALIZAÇÃO
A partir de
- Solicitação de exames radiológicos e
informações da condição clínica do paciente
em situações reais de trabalho.
Realizar exames de hemodinâmica. Com ajuda de
- Equipamentos e materiais de radioproteção e
de execução dos exames, respeitando às
normas de saúde e segurança.
- Aparelho de hemodinâmica.
ELEMENTOS DE COMPETÊNCIA CRITÉRIOS DE DESEMPENHO
1.1 Verificação correta da pertinência da
requisição médica
1 Analisar a requisição médica.
1.2 Investigação adequada dos dados clínicos
do paciente
2.1 Organização adequada da sala de exames.
2.2 Seleção correta do material necessário à
2 Preparar a sala de exames. realização do exame e à radioproteção.
2.3 Verificação do funcionamento adequado
dos equipamentos.
3.1 Informação adequada ao paciente acerca
do exame.
3 Orientar o paciente. 3.2 Informação adequada ao paciente quanto
ao vestuário e à retirada de materiais
radiopacos.
3.3 Identificação correta dos artefatos que
prejudicam a qualidade do exame.
4.1 Seleção correta dos parâmetros técnicos.
4.2 Posicionamento correto do paciente.
4.3 Localização correta do feixe de luz do raio
central de acordo com a região.
4.4 Aplicação correta de técnicas de
4 Proceder à realização do exame.
radioproteção e assepsia.
4.5 Seleção adequada das técnicas a serem
aplicadas referente a região anatômica.
4.6 Utilização correta dos protocolos de
operação dos aparelhos.
5.1 Localização correta do sistema anatômico
e seus constituintes na imagem.
5.2 Identificação adequada dos elementos da
imagem não relacionados ao sistema em
5 Analisar a qualidade do exame. estudo.
5.3 Verificação adequada de possíveis
alterações no exame.
5.4 Avaliação correta da imagem segundo os
critérios de qualidade.
6.1 Orientação adequada ao paciente quanto ao
término do exame.
6 Finalizar o exame. 6.2 Preenchimento correto dos dados do
exame no mapa diário de produção.
6.3 Reorganização adequada da sala de exame.
UD-TR2-19: Medicina Nuclear
Carga horária: 40TP – 30E
ENUNCIADO DA COMPETÊNCIA CONTEXTO DE REALIZAÇÃO
A partir de
- Solicitação de procedimentos de Medicina
Nuclear e informações da condição clínica do
paciente em situações reais de trabalho.
Realizar procedimentos de Medicina
Com ajuda de
Nuclear.
- Equipamentos e materiais de radioproteção e
de execução dos exames, respeitando as
normas de saúde e segurança.
- Equipamento de Medicina nuclear.
ELEMENTOS DE COMPETÊNCIA CRITÉRIOS DE DESEMPENHO
1.1 Verificação correta da pertinência da
requisição médica.
1 Analisar a requisição médica.
1.2 Investigação adequada dos dados clínicos
do paciente.
2.1 Organização adequada da sala de exames.
2.2 Seleção correta do material necessário à
2 Preparar a sala de exames. realização do exame e à radioproteção.
2.3 Verificação do funcionamento adequado
dos equipamentos.
3.1 Informação adequada ao paciente acerca
3 Orientar o paciente.
do exame.
3.2 Informação adequada ao paciente quanto
ao vestuário e à retirada de materiais
radiopacos.
3.3 Identificação correta dos artefatos que
prejudicam a qualidade do exame.
4.1 Seleção correta dos parâmetros técnicos.
4.2 Posicionamento correto do paciente.
4.3 Localização correta do feixe de luz do raio
central de acordo com a região.
4.4 Aplicação correta de técnicas de
4 Proceder à realização do exame.
radioproteção e segurança.
4.5 Seleção adequada das técnicas a serem
aplicadas referente a região anatômica.
4.6 Utilização correta dos protocolos de
operação dos aparelhos.
5.1 Localização correta do sistema anatômico
e seus constituintes na imagem.
5.2 Identificação adequada dos elementos da
imagem não relacionados ao sistema em
5 Analisar a qualidade do exame. estudo.
5.3 Verificação adequada de possíveis
alterações no exame.
5.4 Avaliação correta da imagem segundo os
critérios de qualidade.
6.1 Orientação adequada ao paciente quanto ao
término do exame.
6 Finalizar o exame. 6.2 Preenchimento correto dos dados do
exame no mapa diário de produção.
6.3 Reorganização adequada da sala de exame.