A formação em contexto autárquico em Angola ainda se encontra numa fase
bastante inicial, no entanto, esta,de acordo com os entrevistados, pode adquirir o
carácter interno (formação on job e formações transversais) e o externo. As formações internas dizer respeito a um conjunto de acções de formação que têm como principal objectivo responder a necessidades de formação que são expressas no pano de formação (Meignant, 1999), sendo que esse pano de formação, anual, é também referido pelos entrevistados. A elaboração deste pano é da responsabilidade do departamento de Gestão de Recursos Humanos, funcionando de acordo com as necessidades de formação identificadas. Já as formações externas são conduzidas por formadores externos à organização, no entanto, os seus objectivos prendem-se com a resposta às necessidades que se encontram expressas no plano de formação da instituição (Meignant, 1999). Quando questionados qual a importância da formação dos recursos humanos para as futuras autarquias, a capacitação dos recursos humanos e o desenvolvimento das suas competências aparecem no lugar cimeiro, contribuindo, assim, para a melhoria do desempenho individual e também da organização. No contexto autárquico tal vai ter duas importantes implicações positivas: em primeiro lugar contribui para o desenvolvimento ocal e em segundo lugar para o bem-estar social. De facto, e como afirma Almida e Biajone(2007) o objectivo da formação é promover a modificação de comportamentos num sentido que permita cumprir os objectivos organizacionais de desenvolvimento. O Desenvolvimento Loca é um processo que engloba a combinação das questões sociais, económicas e ambientais relativas a um território, procedendo à identificação de soluções integradas para a criação de emprego e de trabalho digno. As formações no âmbito autárquico contribui para uma capacitação dos seus trabalhadores, melhorando o desempenho destes, pressupondo a participação dos autores locais, económicos, púbicos e privados, capazes de catalisar tais potencialidades socais e apostando numa melhoria integral da qualidade de vida das populações dos territórios (Himuhanga, 2015). As necessidades de formação são analisadas através de avaliação contínua e identificação de lacunas, sendo preenchido um documento por parte das chefias de cada departamento, sendo estas necessidades de formação comunicadas através do departamento de formação e avaliação de desempenho, onde, consoante análise, vão ser estabelecidas as prioridades de formação. Uma boa análise de necessidades fornece informações úteis para a decisão de conteúdos e actividades de formação, assim tem vindo a ser considerada pelas organizações como imprescindível no planeamento e tomadas de decisão no contexto da formação (Rodrigues & Esteves, 1993). Há que dizer que, n o domínio da formação é essencial um ajustamento das necessidades individuais e sociais juntamente com o diagnóstico realizado pelos responsáveis, isto porque, a tota compreensão das necessidades da população em causa, minimiza possibilidade de indecisão quando ao que deve ser desenvolvido (Falho, Silva & Saragoça, 2013). Quando questionados sobre os pontos fortes das formações relativamente aos trabalhadores de futuras autarquias, os principais foram os seguintes: resposta às necessidades de modernização dos serviços; conhecimento das competências a desenvolver; aquisição e partilha de conhecimentos, ampliação da visão dos formandos e estrutura para a resposta aos desafios. Estes pontos fortes vão de encontro ao que foi avançado por Cunha etc a. (2012), como sendo as principias vantagens associadas à formação para as organizações, nomeadamente, as autárquicas : 1) melhora no desempenho dos colaboradores; 2) incremento da motivação; 3) mudança de atitudes; 4) resolução de problemas operacionais; 5) preenchimento das necessidades de planeamento de recursos humanos; 6) reforço de outras políticas de recursos humanos; 7) catalisador de mudança; 8) fomento de um clima de aprendizagem e 9) promoção de vantagens competitivas. No que concerne à adequação da formação aos objectivos previamente traçados, os entrevistados referem que além de, muitas vezes, as formações não irem de encontro às necessidades reais, existe uma grande discrepância entre a teoria e a prática. Exige se, portanto, uma maior diversificação e flexibilização dos modelos de organização de formação, permitindo que estes sejam reequacionadas e reajustadas, numa óticas de adequação contexto e às necessidades dos públicos alvo que nelas participam (Cardoso, 2003). A avaliação de a formação no contexto autárquico é feito num momento pós formação, através de questionários e inquéritos e também de fichas de eficácia e de formação. No entanto, alguns dos entrevistados indicam que a avaliação é realizada de uma forma paternalista, sem critérios mensuráveis, revelando o caminho que Angola ainda tem que fazer neste sentido. A avaliação da formação pode ser definida como o processo que possibilita a monitorização sistemática de determinada intervenção formativa, recorrendo para o efeito a padrões de qualidade de referência explícitos ou implícitos, com vista à produção de juízos de valor que suportem a eventual tomada de decisões (Cardoso,2003). Outra questão muito importante relativamente às formações prende-se com as expectativas dos formandos. Devido a desadequação do conteúdo ao contexto e necessidades reais, nomeadamente, a dificuldade que existe na aplicação direita dos conteúdos à prática, faz com que as formações estejam desajustadas com as expectativas dos formandos. Quando as expectativas não são cumpridas, a motivação pode ser altamente afectada.