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Uma profissão exaustiva como a enfermagem prevê uma formação que permita ao
profissional desenvolver um conjunto de competências científicas e técnicas, tornando-se
essencial o reconhecimento da importância das dimensões existenciais, relacionais e
efetivas (Fabião et al., 2005). Desta forma, “formar pressupõe mudar, acrescentar valor no
que respeita a competências, atitudes, para que essa mais-valia se faça sentir na melhoria
contínua da qualidade dos cuidados, visando a obtenção de ganhos em saúde” (Fabião et
al., 2005:236).
Nóvoa (1991:30) refere que “a formação não se adquire por acumulação de cursos
e diplomas”, mas sim nos locais de trabalho onde “deve ser implementada a maior parte
das acções de formação, pela interacção entre os saberes e as práticas do dia-a-dia”, pois,
os contextos da prática são muito importantes enquanto fontes de enriquecimento do
conhecimento e desenvolvimento de competências que não deixam de considerar a
experiência como saber, ao qual os adultos se reportam.
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1.1. ORGANIZAÇÃO DA FORMAÇÃO EM SERVIÇO
A evolução que se opera no seio de qualquer profissão obriga a um
aperfeiçoamento e actualização sistemática dos conhecimentos, com vista à valorização
dos profissionais, à optimização dos recursos e à evolução qualitativa dos resultados. A
tudo isto, não é alheia a profissão de enfermagem, que se preocupa cada vez mais com a
necessidade de formar profissionais cujos valores, atitudes e práticas levem a uma tomada
de consciência, tornando-os autónomos, responsáveis e competentes, enquanto
profissionais e cidadãos (Dias, 2004).
Segundo Veiga, Duarte e Gândara (1995, p.35), “o acto educativo tem como
propósito modificar o ser humano, de modo a que este adquira e/ou melhore as suas
capacidades e aptidões.” Ainda segundo os mesmos autores, “esta concepção implica uma
harmonização e adequação entre os momentos de acção educativa, as necessidades sociais
e as necessidades constantes e universais que os seres humanos têm de se auto-realizarem”
(Ibidem).
Assim, para Dias (2004, p.17), “a enfermagem como profissão exige a mobilização
dos conhecimentos adquiridos durante a formação base e/ou especializada, que devem ser
continuamente renovados através da formação permanente.” Segundo o mesmo autor, a
formação em serviço surge como uma estratégia de actualização em contexto de trabalho
de forma dinâmica, envolvendo todos os intervenientes. O sucesso parece estar
dependente das estratégias de motivação e planeamento do formador e seu desempenho.
Desta forma, a formação em serviço é aquela que se desenrola em simultâneo com a
prática profissional, apelando ao conhecimento na acção e à reflexão sobre a acção.
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1.2. PLANOS DE FORMAÇÃO
Le Boterf (1991, p.9), define planos de formação como “um conjunto coerente e
ordenado de acções de formação finalizadas sobre objectivos pertinentes”. Desta forma, o
desenvolvimento de um plano de formação deve incluir algumas etapas que são
indispensáveis:
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necessidades identificadas, detendo a qualidade desejada. Esta qualidade, ainda segundo
as mesmas autoras, implica:
Evitar depositar na formação uma “crença cega”, pois esta não constitui um remédio
para todos os males;
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1.2.2. Um novo Modelo para a Formação em Enfermafem
Tem-se verificado que a formação profissional nem sempre é conduzida pelo seu
verdadeiro significado, dado que as actividades de formação, muitas das vezes, são escolhidas
sem critérios de utilidade institucional. Por outro lado, se pensarmos nas circunstâncias em
que as aprendizagens ocorrem (desde o número de participantes, à metodologia utilizada ou
até aos prelectores), facilmente reconhecemos que nem sempre reúnem as condições
necessárias para a formação de adultos.
“Mesmo que estas circunstâncias sejam alteradas ou contornadas, não é esperado nem
exigido aos formandos, por parte das instituições uma partilha da informação de forma a ter
repercussões na prática” (Veiga, Duarte e Gândara, 1995, p.37).
Por tudo isto, os efeitos da formação profissional na prática profissional nem sempre
são visíveis, uma vez que grande parte da informação ou é esquecida, ou rapidamente perde a
sua actualidade, sem sequer ter sido posta em prática. Por outro lado, os conteúdos dos
programas da maioria das acções de formação permanente ainda se regem pela vertente do
modelo biomédico, em detrimento do valor social da profissão. Logo, há que pensar numa
nova metodologia de formação profissional para que ela seja, realmente, um instrumento
fulcral no desenvolvimento dos enfermeiros.
De acordo com Veiga, Duarte e Gândara (1995), a teoria de Donald Schön (filósofo
actual), fornece orientações capazes de reestruturar a estratégia da formação permanente, uma
vez que propõe uma epistemologia da prática, que tem como ponto de referência os skills
(conhecimentos, atitudes e habilidades) subjacentes à prática dos bons profissionais. Donald
Schön “parte de três premissas actuais, que são: a competência profissional, a relação
intrínseca entre teoria e prática, a reflexão e a necessidade de educar para a reflexão” (Veiga,
Duarte e Gândara 1995, p.38).
Donald Schön, verificou que as situações que surgem no dia-a-dia são únicas,
complexas e problemáticas, e exigem uma compreensão que implica a sua decomposição, ou
seja, a sua desconstrução, no sentido de identificar, relacionar, (re)olhar e vê-los por vários
prismas considerados irrelevantes até aí. Este processo leva a intuições subjectivas do
problema real, numa nova perspectiva. Só nesta base, poderão ser encontradas respostas nas
teorias aprendidas, com vista à resolução do “novo problema”.
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construir a sua forma pessoal de agir e a compreender os problemas com que se deparará no
futuro.”
Este modelo de formação, de acordo com Veiga, Duarte e Gândara (1995), permite
ao formando a construção activa do conhecimento-na-acção, segundo a metodologia de
aprender e fazer fazendo.
Nóvoa & Finger (1988: 112) acrescentam ainda que “o sucesso educativo passa
pela capacidade de formar indivíduos capazes de se reciclarem permanentemente, aptos a
adquirirem novas atitudes e capacidades, capazes de responder eficazmente aos apelos
constantes de mudança.”
Deste modo, pode-se concluir que a “enfermagem não pode parar no tempo,
cultivando e preservando valores do passado; deve ser uma profissão que sabe
perspectivar o futuro, aberta a novas ideias, a novas filosofias e a novas finalidades”
(Pereira, 1994:7).
Costa (1998: 65) menciona que a American Nurse Association compreende por
formação permanente em enfermagem o conjunto das experiências planeadas, tendo como
apoio um programa educacional em enfermagem e designadas a promover o
desenvolvimento de competências e de atitudes significativas para as práticas de
enfermagem, bem como para a prestação de cuidados.
Segundo Costa & Costa (2000:1) a formação permanente consiste num processo
contínuo de aprendizagem, com início após a formação profissional básica, através do qual
se aprofundam conhecimentos e capacidades, “que visam o desenvolvimento pessoal e
profissional que se repercute na melhoria do desempenho e da qualidade dos serviços
prestados.” Estando composta pela formação contínua e pela formação em serviço.
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formação pós-básica e permanente, para assegurar as necessidades de saúde da população
das sociedades atuais, refere Mendes (2004).
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profissionais, constituindo uma forma de atualização, prevenindo para a necessidade de
manter um pensamento aberto à inovação e recorrendo à criatividade e responsabilidade
individual.
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3. Elaboração e estruturação do plano de formação – constitui a identificação e
ordenação das ações de formação que serão desenvolvidas, tendo em conta as prioridades
de cada elemento da equipa, do serviço e instituição. Envolve a descrição da contribuição
esperada de cada ação de formação, bem como as características da população a formar e a
formulação dos objetivos de formação a alcançar, formas de controlo e de avaliação a
utilizar e previsão de custos e recursos. Ao longo desta etapa selecionar-se a modalidade
de formação apropriada, como por exemplo: formação-ação, formação em contexto de
trabalho, seminários, estágios, entre outros.
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a) Eixos de evolução de necessidades de formação inicial
A importância crescente que é atribuida à formação inicial enquadra-se numa
estrategia mais global de valorização dos recursos humanos, no sentido de facilitar a
inserção profissional, de preparar os individuos para a instabilidade do mercado de
trabalho e para o ritmo acelerado das mudanças. Os principais eixos de evoluçaõ de
necessidades em termos de formação inicial remetem fundamentalmente para:
- Necessidades ligadas à exigência de qualificações mais elevadas e de base mais
alargada para garantir a flexibilidade e a polivalência.
- Necessidades ligadas à emergência de uma sociedade de informação;
- Necessidades ligadas a uma procura de recursos humanos com um nível elevado
de competências gerais e técnicas;
- Necessidades ligadas ao desenvolvimento de competências fundamentais e
competências transversais.
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As mudanças tecnológias induzem a necessidade de:
- Novos conhecimentos tecnológicos, enquanto competências a serem adquiridas
por todos;
- Aplicação e compreensão destes comnhecimentos;
- Competências híbridas ou duais relativas a uma família de profissões, englobando
várias profissões que contêm aspectos comuns e por vezes transsectoriais;
- Competências transferíveis a diferentes situações de trabalho.
As mudanças organizacionais pressupõem trab alhadores com:
- Competências múltiplas e multidisciplinares;
- Com qualificações-chave relativas a competências sociais, nomeadamente a
capacidade de cooperação e trabalho de equjipa, de comunicação, criatividade,
flexibilidade, autonomia, capacidade de resoluçãol de problemas, capacidade de elaborar
sínteses e processar informação para adaptação ao problema a resolver, atitude
profissional e desejo pela qualidade, entre outros;
- Capacidade de gestão de equipas e gestão de projecto.
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CONCLUSÃO
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