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Equipe EADCON
Coordenador Editorial William Marlos da Costa
Apresentação
Estudaremos também coesão e coerência textuais, consideradas elementos
basilares da textualidade. A coesão se revela por meio de marcas lingüís-
ticas, manifestadas por aspectos lexicais, sintáticos e semânticos, mas, outras
vezes, vem subentendida, não marcada lingüisticamente. Já a coerência é o
resultado do encadeamento lógico das idéias, refere-se ao sentido que atribu-
ímos ao texto e é construída pelo leitor durante a leitura.
Além disso, conheceremos a estrutura de um parágrafo padrão e suas
várias formas de tópico, de desenvolvimento e de conclusão. Depois de iden-
tificar a estrutura dos parágrafos, passaremos para a produção textual de
gêneros diversos utilizando vários tipos textuais: argumentação, exposição,
narração, descrição e injunção.
Analisaremos o livro A arte de argumentar, de Antônio Suárez Abreu.
Você verá como a leitura é fundamental no seu dia-a-dia, conhecerá técnicas
argumentativas e aprenderá a utilizá-las com ética.
Como último conteúdo desta disciplina, temos dúvidas gramaticais que
surgem no cotidiano de quem pratica a escrita. Aqui esperamos que você
possa resolvê-las.
Para que você possa entender melhor os conteúdos, apresentamos ativi-
dades com comentários e sugestões de leitura. Esperamos que aproveite
para conhecer mais sobre a linguagem e o ensino da língua portuguesa.
Bons estudos.
Prof.ª Sibele Letícia Rodrigues de Oliveira Biazotto
Prof.ª Silvéria Aparecida Basniak Schier
EMENTA
Estudo da conceituação de língua, linguagem e fala, articulado ao
estudo de textos orais e escritos, considerando a variação lingüística.
Coerência e coesão relacionadas aos articuladores textuais. Estudo do pará-
grafo e formas de desenvolvimento. Diferenciação das tipologias textuais.
Estratégias de leitura.
Plano de Ensino
OBJETIVOS
• Analisar conceitos de língua, linguagem, fala e variação lingüística.
• Produzir textos criativos, claros, concisos, coesos, coerentes e com
correção gramatical.
• Produzir textos nos diversos gêneros utilizando a linguagem e a
tipologia textual adequada, conforme a situação comunicacional,
e com correção gramatical.
• Desenvolver leitura proficiente e capacidade argumentativa.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
• Língua, linguagem, fala e variação dialetal
• Língua padrão
• Qualidades de um bom texto: criatividade, clareza, concisão,
coesão, coerência, correção gramatical, unidade temática e
argumentação
• Redação do parágrafo: tópico frasal, desenvolvimento e conclusão
• Gênero textual
• Tipologia textual: argumentação, exposição, narração, descrição
e injunção
• Estratégias de leitura e argumentação
• Questões gramaticais: os porquês; este/esse/aquele; onde/aonde;
verbos no particípio; mal/mau; a/há/ah; senão/se não; mas/más/
mais; acerca de/a cerca de/cerca de/há cerca de; todo/todo o;
sobre/sob; trás/traz; eu/mim
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ABREU, A. S. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 9. ed. São
Paulo: Ateliê Editorial, 2006.
______. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2004.
KOCH, I. V. Inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 2001.
MARTINS, M. H. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 1983.
PLATÃO, F.; FIORIN, J. L. Lições de texto: leitura e redação. 5. ed. São Paulo:
Ática, 2006.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
FÁVERO, L. L. Coesão e coerência textuais. São Paulo: Ática, 2002.
FAULSTICH, E. L. J. Como ler, entender e redigir um texto. Petrópolis: Vozes,
2001.
FIORIN, J. L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto. 6. ed. São Paulo: Ática,
1998.
FULGÊNCIO, L.; LIBERATO, Y. G. Como facilitar a leitura. 3. ed. São Paulo:
Contexto, 1998.
OLIVEIRA, J. L. de. Texto técnico: guia de pesquisa e de redação. Brasília: abc
BSB, 2004.
Aula 1
Língua, linguagem, fala e variação
dialetal no Brasil
1.1.1 Língua
José Luiz Fiorin (2003, p. 72) assevera que não se satisfaz com definições
da língua que a vêem
[...] como instrumento de comunicação, ou como um sistema orde-
nado com vistas à expressão do pensamento, nada disso. [...] a
linguagem humana é a condensação de todas as experiências
históricas de uma dada comunidade, é nesse sentido que nós
temos que ver a língua. [...] o aspecto mais relevante a verificar
é que a língua é, de certa forma, a condensação de um homem
historicamente situado (grifo nosso).
Você deve ter observado que a maioria dos pesquisadores citados acredita
que a língua é um fenômeno social e histórico. Isso significa que não podemos
ver a língua simplesmente como uma forma de comunicação ou de expressão
do pensamento. A língua é uma atividade sociointerativa, pois por meio dela os
sujeitos agem uns sobre os outros e realizam suas práticas sociais.
1.1.2 Linguagem
Para Matos (2003), a linguagem é um sistema cognitivo e por meio dele
podemos adquirir línguas, ou seja, a língua seria uma manifestação particular
da linguagem. Marcuschi (2003, p. 133) acrescenta que a linguagem é uma
faculdade da espécie humana, e a língua é “uma das formas de se organizar,
efetivar, concretizar essa faculdade humana, assumindo histórica, social e cultu-
ralmente uma determinada maneira de ser”.
Fiorin (2003, p. 72) contribui para a definição de linguagem ensinando que “a
língua é uma maneira particular pela qual a linguagem se apresenta. A linguagem
humana é essa faculdade de poder construir mundos. [...] E a língua é uma forma
particular dessa faculdade de criar mundos”. Ataliba de Castilho (2003, p. 53)
concorda com os autores citados afirmando que a “linguagem encerra um entendi-
mento mais amplo do que língua. A língua é só de natureza verbal e a linguagem
não, é o conjunto de todos os sinais que o ser humano foi criando”.
Então a língua é uma das manifestações possíveis da linguagem e ambas se
realizam nas práticas sociais pelos sujeitos.
Mas ainda há um termo que precisa ser definido antes da continuidade dos nossos
estudos: a fala.
1.1.3 Fala
Recorremos à teoria de Saussure para definir o que é fala. O autor
assevera que
[...] o estudo da linguagem comporta duas partes: uma essen-
cial, tem por objeto o estudo da língua, que é social em sua
essência e independe do indivíduo; a outra, secundária, tem
por objeto a parte individual da língua, isto é, a fala, e compre-
ende a fonética: ela é psicofisiológica (SAUSSURE citado por
DUBOIS e outros, 2004, p. 261).
Como você já tinha visto antes, a língua é produto social. Já a fala é individual,
particularizada, meio pelo qual a língua se realiza por determinado sujeito.
Chegamos, nesse ponto dos estudos, à seguinte conclusão: língua é o
que permite a comunicação em determinada comunidade lingüística, em deter-
minado grupo social. Diferencia-se da fala porque, enquanto a língua é um
conjunto de potencialidades da fala, a fala é um ato de concretização da
língua. Então o que diferencia fala de língua é que a língua é sistemática, tem
certa regularidade e é falada por uma determinada comunidade; já a fala é
parcialmente sistemática, pois é variável e realizada individualmente.
Borges Neto (2003) assevera que a língua seria formada por vários idio-
letos, que teriam entre si maior ou menor grau de semelhança, fazendo surgir
os dialetos de uma língua. Isso quer dizer que a língua não é homogênea, não
é realizada da mesma forma por todos falantes.
Saiba mais
Dessa maneira, não pretendemos ensinar a você o que já sabe, mas sim
propiciar situações para que possa exercitar a variedade com a qual pode não
ter muita intimidade: a variedade padrão.
Vamos ver algumas diferenças nas condições de produção de um texto oral e
de um texto escrito. De acordo com Fávero, Andrade e Aquino (2000), podemos
distinguir a modalidade oral e a escrita por meio do quadro a seguir.
Fala Escrita
Ocorre a distância (espaço-
Interação Ocorre face a face.
temporal).
É simultâneo ou quase simul-
Planejamento É anterior à produção.
tâneo à produção.
É coletiva: administrada passo a
Criação É individual.
passo.
Não há possibilidade de
Revisão Há possibilidade de revisão.
apagamento.
Não há condições de consulta a
Consultas A consulta é livre.
outros textos.
Pode ser promovida tanto pelo
Reformulação É promovida apenas pelo escritor.
falante como pelo interlocutor.
Reações do Não há possibilidade de acesso
O acesso é imediato.
interlocutor imediato.
Pode-se processar o texto a
Processamento Pode-se redigir o texto, a partir
partir das possíveis reações do
do texto das reações do interlocutor.
leitor.
Tende a esconder processo de
Processo de
Mostra todo processo. criação, mostrando apenas o
criação resultado.
Essas diferenças são meramente ilustrativas, já que tanto o texto oral como o
texto escrito têm níveis de formalidade e de informalidade que variam de acordo
com o contexto em que foram produzidos (interlocutor, intenção, objetivo, etc.).
Além disso, devemos lembrar que chamamos aqui de texto oral aquele realmente
falado e não o texto lido.
Como podemos notar, existe uma gramática do texto falado diferente da
gramática do texto escrito. Segundo Ilari e Basso (2006), essa não foi a única
descoberta importante dos estudos realizados pela variação diamésia. Outra
diz respeito aos gêneros discursivos.
Qualquer falante sabe que, conforme o gênero que utilizamos (determinado
pelo contexto, interlocutor, finalidade, etc.), elegemos uma variedade lingüística
que seja adequada a ele. Assim também fazemos com os meios pelos quais os
textos são distribuídos.
Por exemplo, se publicarmos uma descoberta científica em um jornal, utili-
zaremos uma linguagem diversa daquela que utilizaríamos se publicássemos
a mesma descoberta em uma revista científica. E em uma conversa em chat ou
msn? Você escreveria seus textos de que forma? Utilizaria a mesma estrutura e
vocabulário que utiliza quando faz um requerimento na universidade? Ilari e
Basso (2006, p. 187) acrescentam que
Fique atento!
O nível de prestígio social é a língua culta e, se não quisermos ser discriminados por
grupos que a praticam, devemos conhecê-la.
Saiba mais
Convém lembrar que todas as variações aqui citadas estão presentes, juntas,
nos textos e podem ser aplicadas a qualquer produção da fala ou da escrita. O
que é preciso entender é que, para cada situação da prática social, existe uma
forma de falar considerada mais adequada.
( ) Conjunto de todos os sinais que o ser humano foi criando para interagir
com o outro.
( ) Ato de concretização da língua.
Assinale a seqüência correta.
a) 1, 1, 2, 3, 3, 2, 3 c) 2, 3, 2, 3, 1, 2, 2
b) 3, 1, 2, 1, 1, 2, 3 d) 3, 3, 2, 3, 1, 2, 1
Aula 2
Qualidades textuais I:
coesão textual
Percebe-se, nas duas definições, que o texto é usado para interação comu-
nicativa oral ou escrita, independentemente de sua extensão. Isso evidencia
que texto não é apenas o que está escrito com certa quantidade de palavras,
sentenças e parágrafos. Um simples gesto, uma única palavra, se transmitirem
uma mensagem, são textos.
Outro ponto que destacamos, exposto por Antônio Suárez de Abreu (2004),
é a importância de entendermos o que ouvimos/lemos. Conseguimos isso por
meio de nosso conhecimento de mundo, a que o autor chama de repertório.
Pois, com ele, compreendemos o conteúdo semântico e percebemos a intenção
de quem produz o texto.
Mas que características um bom texto deve ter?
(1) A Suécia é um primor no que diz respeito à igualdade entre os sexos no trabalho
e na vida pública. No Parlamento, 45% das cadeiras são ocupadas por mulheres, o
maior índice internacional de participação feminina e quase o triplo da média européia.
Por consenso entre os partidos políticos, elas também estão no comando de metade dos
ministérios. Um terço dos cargos de confiança no governo é reservado para as mulheres.
Em nenhum outro lugar da Europa é maior a presença feminina no mercado de trabalho
e tão alta a média salarial, comparada com a masculina, como na Suécia (José Eduardo
Barella, Veja, n. 1902, p. 70, 27 abr. 2005).
Percebemos que o texto contém os fatores que analisamos. O autor foi cria-
tivo, apresenta as informações de forma clara, concisa (sem rodeios de palavras)
e coerente (as informações expostas têm sentido). Utiliza elementos coesivos,
como, por exemplo, “elas” e “feminina”, que são usados para referir-se a
mulheres. O autor respeita as regras da norma culta da língua. Propõe-se a
falar sobre a igualdade de sexos no trabalho e na vida pública (idéia central)
e depois apresenta dados sobre isso (idéias secundárias), portanto mantém a
unidade temática. Em seus argumentos, expõe dados para ser consistente e, com
isso, convencer seu leitor de que o raciocínio apresentado é o correto.
Nos próximos itens, daremos continuidade aos fatores de qualidade na
construção de um texto, analisando com mais detalhes a coesão textual.
(4) Essas crianças não são bandidas. Existem crimes piores (Ludovico Ramalho Bruno, dispo-
nível em: < . Acesso em: 30 nov. 2007).
(5) Eles já recomendaram bochechos com xixi e foram especialistas em cortar cabelos
– mas salvaram nossa pele ao inventar a anestesia. Conheça a milenar (e assustadora)
saga dos dentistas (Mariana Sgarioni, Aventuras na História, n. 51, p. 40, nov. 2007).
Saiba mais
l
(6) Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar seus olhos que são doces...
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres exausto...
No entanto a tua presença é qualquer coisa, como a luz e a vida...
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto...
E em minha voz, a tua voz...
(MORAES, Vinícius de. Antologia poética)
(7) A escrava Chica da Silva conquistou o homem mais poderoso das Minas Gerais.
Ele comprou sua liberdade e a tornou rica. Mais que isso: a ex-cativa ganhou respeito
(Flávia Ribeiro, Aventuras na História, n. 51, p. 32, nov. 2007).
No exemplo (8), ocorre a elipse do sujeito dos verbos “ia” (“eu”), “é”
(“Pasárgada”) e “queria” (“eu”). Esse recurso é utilizado para não repe-
tirmos expressões desnecessariamente.
c) Substituição vocabular: colocação de um elemento no lugar de outro. Ela
pode ocorrer por meio de sinônimo, hiperônimo/hipônimo, antonomásia,
repetição do mesmo termo ou repetição do nome próprio (ou parte dele).
• Sinônimo
(9) Califórnia, o mais rico estado americano, registra a cada ano uma média de 8.000
focos de incêndio em áreas de matas. Em geral, as chamas logo são controladas pelos
bombeiros. Desta vez, o fogo fugiu do controle (Veja, n. 2032, p. 66, 31 out. 2007).
necessários 92 salários mínimos para adquirir um Fusca. Agora, para comprar um Uno
Mille, são necessários 55 mínimos (Julia Dualibi e Cíntia Borsato, Veja, n. 2032, p. 78,
31 out. 2007).
(11) Chica da Silva não se transformou em uma pessoa rica – também ganhou respeito.
A ex-escrava costumava promover bailes e peças de teatro (Flávia Ribeiro, Aventuras na
História, n. 51, p. 34, nov. 2007).
(12) O celular pode ser uma facilidade na comunicação dos pais com seus filhos? É
bom pensar melhor nesse assunto já que não são mais apenas os filhos adolescentes
que pedem e/ou ganham um celular: crianças cada vez menores já vão para a escola
ou para os passeios com a turma levando seu celular. Como toda e qualquer atitude que
os pais tomam com relação aos filhos, oferecer um celular também terá conseqüências
educativas (Rosely Sayão. Disponível em: .
Acesso em: 30 nov. 2007).
(14) Nos anos 80 e 90, e-mails se tornaram muito informais. Mas a idade média do
usuário de internet vem subindo, e com isso a comunicação está ficando mais formal
novamente (Jerônimo Teixeira, Veja, n. 2025, p. 93, 12 set. 2007).
No exemplo (14), o autor usou o termo síntese “isso”, que sintetiza as infor-
mações expostas na sentença anterior (“a idade média do usuário de internet
vem subindo”).
Nesta primeira etapa dos estudos sobre a qualidade de bons textos, vimos
que, para produzirmos um texto de qualidade, devemos ser criativos, claros,
coerentes na exposição de nossas idéias, usar a língua padrão, utilizar os
elementos de coesão, argumentar bem e manter a unidade temática.
“Sinto falta da galinha da minha mãe, do peixe do meu pai e da energia do povo brasi-
leiro” (Gisele Bündchen, Veja, n. 2025, p. 53, 12 set. 2007).
Wasaburo Otake nem imaginava que se tornaria carioca da gema quando foi designado
intérprete de oito oficiais da Marinha brasileira em visita ao Japão. Ele nem sequer falava
nosso idioma – o inglês era a língua usada nas conversas com os militares. Mas o aris-
tocrata japonês, então com 17 anos, ganhou a simpatia de Augusto Leopoldo, neto do
imperador dom Pedro II, que o convidou para acompanhá-Io em sua viagem de volta para
conhecer o Brasil. O navio nem deixou a Ásia e a aventura já começou a esquentar. No
Ceilão (atual Sri Lanka), o príncipe teve de descer: era 1889, e a República, proclamada,
obrigava a família real a se afastar das instituições brasileiras. Chegando ao Rio, Otake
não tinha mais a proteção real. Precisou se virar. Aprendeu português, ingressou na Escola
Naval e entrou para a história. É o primeiro japonês de que se têm registros concretos de
ter morado no Brasil (Paula Moura, Superinteressante, n. 245, p. 56, nov. 2007).
Chegando ao Rio, Otake não tinha mais a proteção real. Precisou se virar. Aprendeu
português, ingressou na Escola Naval e entrou para a história. É o primeiro japonês de
que se têm registros concretos de ter morado no Brasil.
Identifique onde estão as elipses e diga qual é o termo que foi omitido.
Na atividade um, item (a), há ambigüidade porque Gisele quis dizer que
sente saudade da galinha que sua mãe faz, do peixe que seu pai faz e da
energia do povo brasileiro. Mas a forma como ela construiu o texto acabou
deixando-o ambíguo, dando a entender que ela estava chamando sua mãe de
galinha e seu pai de peixe. No item (b), o fator de qualidade prejudicado foi
a clareza, visto que a ambigüidade pode levar o leitor interpretar o texto de
outra(s) forma(s). No item (c), uma possibilidade de reescrita do texto de Gisele
poderia ser: “Sinto falta da galinha que minha mãe faz, do peixe que meu pai
faz e da energia do povo brasileiro”.
Na atividade dois, a reposta é a alternativa (a), pois todas as afirmativas
estão corretas. O texto em análise contém os fatores que contribuem para a
qualidade de um texto.
Na atividade três, a alternativa incorreta é a (c). Todos os termos de refe-
rência grifados são anafóricos, uma vez que se referem a palavras já mencio-
nadas. Os termos catafóricos fazem referência a palavras que são mencionados
depois dos referentes.
Na atividade quatro, há omissão dos sujeitos dos verbos “precisou”,
“aprendeu”, “ingressou”, “entrou” e “é”, como você pode observar no trecho:
“chegando ao Rio, Otake não tinha mais a proteção real. [Otake] precisou se
virar. [Otake] aprendeu português, [Otake] ingressou na Escola Naval e [Otake]
entrou para a história. [Otake] é o primeiro japonês de que se têm registros
concretos de ter morado no Brasil.” Você pôde perceber que a elipse é um
recurso utilizado para não repetirmos expressões desnecessariamente.
Se você acertou as atividades, atingiu os objetivos desta aula: reconhecer
os fatores que contribuem para a qualidade do texto (atividades um e dois) e
identificar os elementos coesivos em textos (atividades três e quatro). Caso tenha
se equivocado, retome o que estudamos.
Anotações
Aula 3
Qualidades textuais Ii: coesão
e coerência textuais
Vimos, na aula anterior, que a coesão e a coerência são fatores que contribuem
para a qualidade de um texto. Já analisamos a coesão remissiva, que são os termos
que usamos para ligar as informações. Nesta aula, analisaremos a coesão seqüen-
cial, realizada pelos operadores argumentativos. Além disso, falaremos também
sobre a coerência e veremos que fatores são essenciais para um texto ser coerente.
(1) Diana Spencer deixou de ser princesa, mas continuou sendo uma das pessoas mais
admiradas dos ingleses (Aventuras na História, n. 48, p. 16, ago. 2007).
(3) A Justiça trabalha para resolver os casos que chegam até ela, mas não consegue
ser eficiente.
Desvio
(4) Embora (ainda que, mesmo que) a justiça não consiga ser eficiente, trabalha para
resolver os casos que chegam até ela.
(7) Gêneros textuais como a carta circular ou o requerimento estão em extinção, pois o
e-mail absorveu essas funções (Gilda Palma, Veja, n. 2025, p. 90, 12 set. 2007).
(8) De acordo com o governo federal, há vagas suficientes nas universidades brasileiras.
(9) Precisamos ter o hábito de leitura para que entendamos melhor o mundo.
(10) Quando não existiam as lâmpadas, que podiam ser alimentadas por óleo de baleia ou
gás, as velas eram a principal fonte de luz (Aventuras na História, n. 51, p. 19, nov. 2007).
(12) Um ano após a revelação de sua tradução, o evangelho ainda causa polêmica.
Uma corrente de historiadores – tão competentes quanto os que traduziram o documento
– discorda da versão publicada (Aventuras na História, n. 51, p. 12, nov. 2007).
(13) O réu não só foi condenado a 20 anos de reclusão, mas também teve todos os seus
bens confiscados.
(14) Não teremos problema de água no planeta no futuro, se hoje nos educarmos para o
consumo consciente.
j) Operadores de disjunção: ou
(15) Ou a Justiça Eleitoral ouve os que têm discernimento para propor mudanças, ou a
verdadeira expressão da vontade nas urnas continuará oprimida.
(16) Há candidatos que escondem a origem dos recursos de campanha por eles serem um
financiamento adicional ou caixa dois.
Saiba mais
A: Obrigado!
(18) A primeira vacina de que se tem registro é a antivariólica, desenvolvida pelo inglês
Edward Jenner em 1798. Ela foi descoberta depois de análises que o cientista fez ao
observar que mulheres da ordenha, expostas a um tipo de varíola mais fraca que ataca
vacas, desenvolviam imunidade à varíola humana (Galileu, n. 196, p. 37, nov. 2007).
(19) Esse funcionário não faz nada. Fica apenas reclamando de suas tarefas, ou seja,
chega, liga seu computador e reclama de seus afazeres no escritório. Acha que trabalha
muito e reclama do que tem de ser feito. Não faz nada!
(20) O quarto espelha as características de seu dono: um esportista, que adorava a vida
ao ar livre e não tinha o menor gosto pelas atividades intelectuais. Por toda a parte, havia
sinais disso: raquetes de tênis, prancha de surf, equipamento de alpinismo, um tabuleiro
de xadrez com as peças arrumadas sobre mesinha, as obras completas de Shakespeare
(PLATÃO; FIORIN, 1998, p. 268).
(21) Em nosso pequeno vilarejo, aconteceu, certa vez, um caso bastante curioso. Havia
ali um coronel muito matuto que vivia assombrando os moradores da cidade com suas
bravatas. Numa manhã de domingo, no dia da festa da padroeira, ele acordou morto e
todo pronto para conduzir o turíbulo que, de véspera, havia dormido em sua casa. Depois
do café matinal, fez-se uma grande aglomeração de pessoas diante da casa do coronel:
foi a primeira vez que tivemos um engarrafamento de 15 km: carros, motocicletas, triciclos,
bicicletas e mesmo pedestres aguardavam atentos pelas palavras do coronel nas primeiras
horas do dia de seu enterro.
Saiba mais
A coesão seqüencial pode ser feita por conexão (uso de operadores argumen-
tativos) ou justaposição (não há uso de operadores argumentativos). Os princi-
pais operadores argumentativos são de: oposição (mas, porém, contudo, todavia,
no entanto, entretanto, embora, apesar de que, etc.); causa (já que, visto que,
uma vez que, como, pois, porque, etc.); conformidade (conforme, de acordo,
como, segundo, etc.); finalidade (para, para que, a fim de, etc.); temporalidade
(quando, enquanto, sempre que, logo que, antes que, assim que, cada vez que,
depois que, até que, etc.); conclusão (portanto, logo, por isso, por conseguinte,
etc.); comparação ((tanto, tal, tão)... como (quanto), mais... do que, menos... do
que, etc.); adição (e, também, não só... mas também, tanto... como, além de,
além disso, ainda, nem, etc.); condição (se... então, caso etc.); e disjunção (ou).
A coerência é responsável pelo sentido do texto. Ela se dá a partir do conhe-
cimento da língua e de mundo e do grau de compartilhamento desse conheci-
mento entre autor/falante e o leitor/ouvinte. Depende também das inferências,
dos fatores pragmáticos e interacionais.
Há quatro princípios fundamentais responsáveis pela coerência textual: meta-
regra da repetição (texto coeso); meta-regra de progressão (renovação do conteúdo,
informações novas); meta-regra da não-contradição (as informações novas não se
podem contradizer com o que se disse antes); meta-regra de relação (conteúdo
adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis).
Para Einstein, a religião organizada, com sua ênfase em hierarquias e poder, com seu auto-
ritarismo e repressão, violava a essência da espiritualidade humana, que deveria ser livre
para dedicar-se ao que existe de mais importante em nossas vidas, o mundo onde vivemos
e as pessoas com quem dividimos nossa existência. Nós somos matéria antes, durante e
após as nossas vidas, matéria em diferentes níveis de organização. Enquanto vivos, nada
mais nobre do que nos entregarmos à natureza, a seu estudo e à contemplação. Era essa a
essência da religiosidade humana, associar o sagrado à natureza, e não a uma divindade
antropomórfica, vaidosa e caprichosa (Galileu, n. 196, p. 39, nov. 2007).
4. Leia com bastante atenção e assinale a alternativa que não identifica adequa-
damente a meta-regra infringida.
a) É realmente apropriado que nos reunamos aqui hoje, para homenagear
Abraham Lincoln, o homem que nasceu numa cabana de troncos que ele
construiu com suas próprias mãos (político, em um discurso, homenage-
ando Lincoln). A meta-regra infringida é de relação.
b) Eu não estava mentindo. Disse, sim, coisas que mais tarde se viu que eram
inverídicas (presidente Nixon, em depoimento durante as investigações
do caso Watergate). A meta-regra infringida é de não-contradição.
c) Cuidado! Tocar nesses fios provoca morte instantânea. Quem for flagrado
fazendo isso será processado (tabuleta em uma estação ferroviária de
Portugal). A meta-regra infringida é de não-contradição.
d) Substituição de bateria: substitua a bateria velha por uma bateria nova
(instrução em manual). A meta-regra infringida é de progressão.
5. Leia os trechos a seguir, examine-os e explique por que eles são incoe-
rentes. Esses trechos são frases publicadas em alguns jornais do Brasil e
foram retirados do sítio http://www.bombanet.com.br/?page=secoes/
frasesdejornais&local=Bombanet%3EFrases%20De%20Jornais.
a) “A vítima foi estrangulada a golpes de facão.” O Dia
b) “Ela contraiu a doença na época que ainda estava viva.” Jornal do Brasil
Anotações
Aula 4
O parágrafo e a produção textual
(1) Uma nova tecnologia que lê o DNA como um código de barras vai ajudar a identificar
espécies de flora e fauna. A técnica, desenvolvida no Canadá, dis
tingue a porção de um
gene que é única em cada espécie. Além de funcionar como tira-teima para espécies difíceis
de diferenciar por critérios morfológicos, o sistema também vai facilitar a apreensão de novas
plantas, animais e materiais pelo controle ambiental (Galileu, n. 196, p. 33, nov. 2007).
(2) “Céu de brigadeiro” é uma gíria carioca que foi popularizada pelos locutores de
rádio. Ela é dita quando alguém pretende descrever um dia em que tudo parece cons
pirar a favor ou mesmo para dizer que o dia está bonito. Surgiu entre as décadas de
1940 e 1950. Na época, o Rio de Janeiro era a capital do Brasil, responsável por boa
parte do tráfego aéreo. Brigadeiro é o posto máximo da Aeronáutica. E é um oficial que
só comanda um avião quando o céu está limpo, sem nuvens. Por isso, ao dizer que o
céu estava “de brigadeiro”, a intenção era reforçar que não havia problemas à vista
(Aventuras na História, n. 48, p. 19, ago. 2007).
(3) Quanto aos requisitos legais dos prazos relativos ao divórcio, existem duas situa-
ções. A primeira é ter decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que homo-
logou a separação judicial, ou um ano da separação formalizada por meio de escri-
tura pública. A segunda é o casal estar comprovadamente separado de fato por mais
de dois anos (Juliana Marcucci Pontes, Prática Judiciária, n. 66, p. 66, set. 2007).
(4) Enquanto pesquisas espaciais descobriram um sem número de novos corpos celestes em
nosso e outros sistemas do Universo nos últimos anos, ainda não chegamos muito longe nos
recônditos mais profundos do nosso próprio planeta. O conhecimento humano sobre o que
há sob nossos pés pode melhorar muito o Programa Integrado de Perfuração do Oceano,
que começou em setembro seu projeto ambicioso de chegar a um lugar da terra nunca
antes explorado [...] (Galileu, n. 196, p. 34, nov. 2007).
(6) O que faz o espelho refletir? O brilho vem de uma fina camada de prata ou outro metal
que é aplicada no dorso do vidro. Essa é uma das razões por que bons espelhos custam
caro. A prata, aliás, era usada para refletir imagens desde a Roma antiga: a diferença é
que, naquela época, o espelho nada mais era que um disco convexo – estanho e bronze
eram outros materiais usados. A qualidade da imagem refletida era sofrível e os espelhos
eram grandes o bastante apenas para refletir um rosto, mas isso era o melhor que se tinha
até a Idade Média (Rafael Hakime, Superinteressante, n. 245, p. 54, nov. 2007).
(7) “O português brasileiro é que usa a forma dita clássica no idioma. O que está em
jogo é a antiga crença de que a língua portuguesa pertence a Portugal e que, portanto,
eles a usam melhor do que nós”, diz Mothé. Como todo idioma vivo, o português, em
terras brasileiras, portuguesas ou africanas, está em permanente mudança [...]. A influ-
ência do escravo africano no português do Brasil é notória. Em Casa-Grande & Senzala,
Gilberto Freyre, numa das passagens mais belas do seu clássico, diz que a negra que
habitava a casa-grande como cozinheira ou babá fez “com as palavras o mesmo que
com a comida: machucou-as, tirou-lhes as espinhas, os ossos, as durezas, só deixando
para a boca do menino branco as sílabas moles. Daí esse português de menino que no
norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais doces deste mundo” (André Petry,
Veja, n. 2032, p. 106, 31 out. 2007).
(8) O governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral disse duas besteiras. A primeira é
uma imprecisão grosseira: afirmou que a taxa de fertilidade nas favelas cariocas é igual
às de Gabão e Zâmbia. Não é: nas favelas cariocas, ela é de 2,6 filhos por mulher,
contra 5,4 e 6,1 nos países citados. A segunda é uma conclusão descabida: disse que o
aborto é capaz de reduzir a taxa de criminalidade na medida em que impede o nasci
mento de crianças indesejadas e criadas por famílias desestruturadas (André Petry, Veja,
n. 2032, p. 62, 31 out. 2007).
(9) O caos deu novo sinal de vida nos aeroportos brasileiros na semana passada. Os passa-
geiros que embarcaram em São Paulo e no Rio de Janeiro enfrentaram filas, cancelamentos
de vôos e atrasos de até 24 horas. Tudo indica que, ao contrário das vezes anteriores, a
principal causa da confusão foram as fortes chuvas que atingiram a Região Sudeste do
país (Diego Escosteguy, Veja, n. 2032, p. 60, 31 out. 2007).
O autor expõe que a causa do caos nos aeroportos de São Paulo e Rio
de Janeiro foram as fortes chuvas. Em conseqüência disso, os passageiros
enfrentaram filas, cancelamentos de vôos e atrasos de até 24 horas.
c) Ordenação por comparação ou confronto - semelhança ou contraste: consiste
em estabelecer um confronto de idéias, seres, coisas, fatos ou fenômenos,
mostrando seus pontos comuns (semelhanças) ou seus contrastes (diferenças).
Evidenciam-se expressões articulatórias como: assim como... também, tanto
como... tanto quanto, além de... também, não só... (como) também, de igual
modo, em ambos os casos, de um lado... de outro lado, por um lado... por
outro lado, se por um lado... por outro lado, (para) uns... (para) outros,
este... aquele, ao contrário..., em oposição..., enquanto..., já..., ao passo
que..., mas..., porém, etc. Observe a comparação no texto a seguir.
(10) Se há opinião unânime sobre Sigmund Freud, é a de que mudou nossa maneira
de compreender a cultura, o outro e a nós mesmos. Mas as divergências em torno de
sua pessoa e de sua obra são imensas. Para alguns, Freud foi um gênio, um herói que
desbravou as profundezas do inconsciente e expôs à posteridade sua vida pessoal em um
grau desconhecido até então, por amor à ciência [...] Para outros, não foi mais do que
uno charlatão, um covarde que abandona a verdade por medo da opinião pública, um
homem que enxergava o sexual em todas as coisas, alguém que perseguia os discípulos
dissidentes, que não media os meios para impor suas idéias (Freud: a exploração do
inconsciente. História do Pensamento, Fasc. 54, p. 641).
(11) Devido ao valor histórico de Enola Gay, o avião da bomba atômica, o governo norte-
americano decidiu preservá-lo. O avião passou por bases aéreas na Califórnia, Arizona,
Texas e Mayland, onde ficou 24 anos. Em 1984, o Museu Nacional Aeroespacial, em
Washington, iniciou um projeto de restauração da aeronave que durou 10 anos. Em 1995,
ela foi o centro da controvérsia em uma mostra no museu que lembrava os 50 anos da
bomba. Desde 2003, o bomberdeiro está exposto em um prédio anexo ao aeroporto de
Dulees, em Washington (Aventuras na História, n. 51, p. 20, nov. 2007).
(12) A expressão “não ter papas na língua” é uma mistura de espanhol com português.
Ela tem origem no termo estrangeiro “no tiene pepiras en Ia lengua” - em português, “não
tem pevides na língua”. Pevides são pequenos tumores que revestem a língua de algumas
aves, obstruindo-lhes o cacarejo. A doença dificulta a ingestão de água e de alimentos,
podendo até matar. No singular, pevide é ainda um distúrbio da fala - o paciente apresenta
dificuldade e até mesmo incapacidade de pronunciar alguns fonemas. Portanto quando
fulano não tem as tais pepitas - que, no aumentativo em espanhol, viram as papas da
expressão - na língua, significa que ele fala muito, à vontade e sem obstáculos (Aventuras
na História, n. 48, p. 19, ago. 2007).
(13) Para os otimistas, a Copa costuma ser uma oportunidade para realizar investimentos
em infra-estrutura de que há muito os países necessitam. Por exemplo, os sul-africanos vão
aproveitar 2010 para construir um trem de alta velocidade entre Johanesburgo e Pretória.
Os alemães reformaram estradas. O Brasil poderia aproveitar para dar uma solução defi-
nitiva aos problemas de seus aeroportos. Apenas o Aeroporto Internacional do Galeão,
no Rio de Janeiro, pode ser considerado pronto para um evento do porte de uma Copa do
Mundo, já que opera com metade de seu potencial. Portanto o Brasil terá sete anos para
preparar uma Copa inesquecível - e que espante do Maracanã os fantasmas de 1950
(Daniel Salles e Marcio Orsolini, Veja, n. 2032, p. 117, 31 out. 2007).
(14) O que permite à China desafiar a lógica do Ocidente, aliando a repressão das liber-
dades individuais a uma economia de mercado agressiva? É provável que ao menos parte
da resposta esteja no passado imperial do país. “Os chineses sempre tiveram a consci-
ência de que foram o centro do mundo e de que apenas um poder unificado seria capaz
de impedir a desintegração de seu gigantesco território”, diz o pesquisador Severino
Cabral, fundador do Instituto Brasileiro de estudos da China, Ásia e Pacífico (Ibecap) e
membro permanente da Escola Superior de Guerra. Hoje os historiadores sabem a que
unidade desse império já estava consolidada desde o século III a.C., quando a China se
tornou uma potência sem concorrentes (Aventuras na História, n. 51, p. 23, nov. 2007).
(15) Durante mais de 100 anos, as favelas cresceram assustadoramente. O primeiro levan-
tamento sobre favelas do Brasil foi realizado pela prefeitura do Rio de Janeiro, em 1948.
Esse levantamento apontou a existência de 109 favelas na cidade. Em 2000, o Censo feito
pelo Instituto Brasileiro de Geografia, apontou que esse número passou para 513 comuni-
dades. Em 2005, já havia 750 favelas cariocas cadastradas no Sistema de Assentamentos
de Baixa Renda (Sabrem). A maior parte dessas comunidades mantém-se excluída dos
benefícios urbanos, à margem dos bairros e à mercê das balas (nem sempre perdidas) de
traficantes e policiais (Aventuras na História, n. 48, p. 51, ago. 2007).
(16) Todo ato de comunicação humana implica uma fonte, o emissor, de onde se origina
a mensagem que passa por meio de um canal para atingir um destinatário. Quando um
rapaz murmura “eu te amo” para a namorada, todos esses elementos estão presentes. De
igual modo, quando o Presidente da República se dirige ao povo pela televisão, também
podemos identificar os quatro elementos de comunicação. Em ambos os casos, a estrutura
da comunicação é a mesma, embora o contexto comunicativo seja bem diferente.
(17) Em 1992, o poder público removeu grande parte das pessoas que viviam nos morros
da Providência, Santo Antônio e Gávea-Leblon. No fim dos anos 20, o francês Alfred
Agache propôs um projeto urbanístico para o Rio. Nele não havia espaço para as favelas,
consideradas um problema “sob o ponto de vista da ordem social, da segurança, da
higiene, sem falar de estética”. A impressão se manteve na década seguinte. Em 1937,
o Código de Obras da cidade citou as favelas como “aberração urbana” e propôs sua
eliminação, proibindo a construção de novos barracos. Mais que isso, o Código proibia
melhorias nos morros já ocupados. Portanto, em vez de encarar a questão das favelas,
mais uma vez os governantes resolviam apenas tentar fazer com que elas desaparecessem
(Aventuras na História, n. 48, p. 49, ago. 2007).
(18) A fiscalização do governo é falha. Nem todos os tipos de eletrodomésticos passam por
certificação do Inmetro, que tem uma lista limitada de produtos que precisam passar por esse
processo. Os produtos que ficam de fora da lista não são certificados nem fiscalizados. E
mesmo nos aparelhos certificados, muitas das fiscalizações só são feitas após denúncias de
irregularidades. Sem esquecer que, quando o Inmetro decide testar se os aparelhos estão
seguindo as normas técnicas, ele pede aos fabricantes que mandem amostras de seus produtos
para análise. Tal prática permite que os fabricantes escolham os produtos que serão testados,
o que pode ocultar ou maquiar resultados. O ideal seria que os testes do governo fossem
anônimos e aleatórios, como os realizados pela Pro Teste (Pro Teste, n. 63, p. 14, out. 2007).
Os parágrafos dos exemplos (16), (17) e (18) têm as três partes essenciais à
sua redação, ou seja, tópico frasal, desenvolvimento e conclusão, portanto
O Alcorão não é mais violento ou cheio de leis do que outros textos sagrados, como a
própria Bíblia. O livro bíblico do Levítico, que trata de leis e foi herdado da Torá dos judeus,
é um caso exemplar. Afinal, ele está repleto de normas que, se fossem seguidas ao pé da
letra hoje em dia, fariam com que nossa sociedade fosse pouco diferente de um regime
opressor como o do Talibã. Além disso, é bom lembrar que a separação entre Igreja e
Estado é uma conquista recente no Ocidente, que ainda vem se aprofundando (devido à
pressão da Igreja Católica, o divórcio, por exemplo, só foi legalizado no Brasil na década
de 1970). Portanto a violência sempre associada aos países muçulmanos contidas no
Alcorão não são tão diferentes assim de outros textos religiosos (Rodrigo Cavalcante,
Aventuras na História, n. 48, p. 30, ago. 2007).
a) F, V, V, V c) F, F, V, V
b) V, V, V, V d) V, V, F, F
Anotações
Aula 5
Gênero e tipologia textual
O autor define gênero textual como unidade triádica por ser formado de três
elementos: unidade composicional, unidade temática e estilo, ou seja, por poder
ser dividido em três unidades para ser analisado e classificado.
Quanto à classificação dos gêneros textuais, podemos dizer que seja impos-
sível fazer um inventário fechado e fixo, pois os gêneros surgem conforme a
necessidade das práticas sociais.
Como exemplo, temos os e-mails. Há quanto tempo esse gênero surgiu?
Qual era o gênero que o substituía em muitas situações? Surgiu há pouco tempo
e derivou de cartas comuns.
Mas preste atenção! Muitas vezes, quando surge um novo gênero textual, isso não quer
dizer que outro tenha de desaparecer!
No caso das cartas, elas ainda resistem, mas foram substituídas em muitas
situações da prática social pelos e-mails. Assim vemos que, como já dissemos, a
Vamos ver a diferença entre gênero e tipo textual. Afinal, gênero e tipo não são a
mesma coisa?
5.2.1 Descrição
Utilizamos essa tipologia para caracterizar algo ou alguém. Isso é possível
por meio do uso dos cinco sentidos (olfato, tato, audição, paladar e visão) e de
sensações psicológicas.
Primeiramente, quando descrevemos, devemos fazer um levantamento senso-
rial (Barbosa, 2002). Os sentidos são explorados em sua totalidade, pois
assim conseguimos transmitir para o interlocutor o máximo de informações para
que ele possa “criar” o objeto em questão.
(1) A lontra é um mamífero carnívoro e selvagem, cujo habitat é no litoral ou próximo aos
rios e lagos, onde busca alimentos como peixes, crustáceos, répteis e, com menos fre
qüência, aves e pequenos mamíferos. É comum o ataque desse animal a cultivo de peixes,
rãs e camarões (Jorge Meneses, Globo Rural, n. 263, p. 32, set. 2007).
5.2.2 Narração
Podemos considerar a narração como relato de fatos ocorridos. Abreu (2004)
considera que a base da tipologia narrativa dramática está nos plots (unidade
dramática que se compõe de uma situação, uma complicação e uma solução).
Além da formulação dos plots, devemos atentar para a fórmula de Oswald de
Andrade citado por Barbosa (2002), em relação a notícias. Veja qual é a seguir.
não interfere nos fatos narrados, pois só expõe o que vê. Já o narrador-onis-
ciente, apesar de não ser um personagem, é um “sabedor de tudo” (BARBOSA,
2002, p. 71), ou seja, sabe até mesmo o que os personagens pensam.
Se você se interessar por essa tipologia textual, há vários outros aspectos
que devem ser levados em consideração, como organização do enredo, apre-
sentação de personagens e tipos de discursos. Recorra à bibliografia indicada.
Vamos analisar um texto.
(2) Cheguei a Phuket, na Tailândia, por volta de 9h, a trabalho. Peguei um táxi e notei que as
pessoas estavam em pé na praia. Elas olhavam o mar, que havia recuado. De repente, vimos
que a enseada começou a se encher de novo. Logo depois, veio uma onda mais alta que
as árvores da orla. Tudo no caminho foi destruído e ficamos ali, perplexos, até que novas
ondas vieram. O hotel, que ficava no alto, virou um refúgio, onde banhistas sangrando, com
membros quebrados, foram buscar ajuda. O som de choro e gritos ficaria em meus ouvidos
por longo tempo (Rick Von Feldt, Aventuras na História, n. 52, p. 17, dez. 2007).
5.2.3 Exposição
O tipo expositivo caracteriza-se por identificar fenômenos ou a ligação
entre eles. É utilizado quando o autor quer expor um fato, mas não interfere
com opiniões particulares. Apesar dessa característica, é quase impossível não
deixar transparecer pontos de vista em textos que produzimos, pois a linguagem
é argumentativa. Dizemos, então, que nesse tipo há uma incidência reduzida da
individualidade. Veja o exemplo.
Esse texto expõe um fato sem opinar (explicitamente) sobre o tema abor-
dado, ou seja, mostra a situação do Brasil nas Olimpíadas da Grécia e o que
ocorreu com um dos atletas.
O texto expositivo pode ser utilizado como introdução de um texto argumen-
tativo, como base para futuras discussões.
5.2.4 Argumentação
Em textos argumentativos, estão presentes tema, problema, hipótese, tese
e argumentação. Quanto ao tema e à delimitação (problema), você já estudou
na aula quatro, em que viu o parágrafo e a produção textual. Lá, observou
que, para temas abrangentes, deve haver uma delimitação, ou seja, eleger um
problema para se discorrer.
Após essa etapa, levantam-se as hipóteses, as possíveis respostas ao
problema inicial. Quando a melhor é eleita, tem-se a tese a ser defendida, na
base da qual se constrói a argumentação.
Abreu (2004, p. 49) nos ensina que “a construção prévia de um esquema,
levando em conta as partes da macroestrutura da argumentação e a execução
desse esquema, levará a um grau de coerência textual bastante grande”. Veja
um exemplo de texto argumentativo.
(4) Para voltar a ser uma potência mundial, a China necessita respeitar a propriedade indus-
trial e intelectual e, acima de tudo, respeitar o meio ambiente. A China é o país que mais
executa seres humanos, sob tutela do estado. É a maior fonte de pirataria de produtos
de péssima qualidade exportados para o Ocidente. E, se não bastasse isso, é um dos
maiores poluidores do meio ambiente mundial. Apesar de sua história milenar, esse país de
contrastes aberrantes precisa aprender a conviver com a democracia e com a liberdade,
para que possa ocupar um lugar de liderança mundial (Carlos Seixas de Oliveira, Aventuras
na História, n. 52, p. 6, dez. 2007).
5.2.5 Injunção
A característica que distingue o tipo injunção dos outros é seu “caráter
normativo, impositivo de mandar ou pedir” (ABREU, 2004, p. 54). Há muitos
gêneros textuais que trazem em si essa tipologia, como oração, normas, leis e
manuais. Veja o exemplo.
(5) Se você desistiu de esperar a situação nos aeroportos melhorar e decidiu colocar o pé
na estrada nestas férias, siga algumas dicas para não estressar. Além da revisão de rotina
no carro, verifique:
Saiba mais
Atente para o fato de que, para identificar o gênero, temos de ter em mente,
principalmente, seu propósito, pois assim temos menos chance de cometer equí-
vocos na classificação. Para identificarmos o tipo textual, devemos ver se nas
seqüências predomina a narração, a descrição, a informação, a exposição de
idéias ou a injunção.
GOSTOSA
O apresentador do programa “Altas Horas” (Rede Globo) Sérgio Groismann não diz
em qual sentido o termo ‘gostosa’ ganhou sua preferência, mas faz o elogio regrado da
‘plasticidade’ da palavra.
– Aprecio a sonoridade da palavra e a variedade de aplicações que podemos ter
dela – afirma o apresentador.
‘Gostosa’ é uma palavra que, no português escrito, é contemporânea do descobri-
mento (ou invasão, se você preferir) do Brasil. É derivado do latim gustus (paladar, sabor).
Tem o sentido de saboroso, mas do sabor que se sente pela degustação do paladar derivou
o sentido figurado de degustar toda uma forma. Cícero já usava ‘gosto’ no sentido de
modus, estilo, forma.
Formas saborosas ou apetitosas seria uma idéia aplicada pelo brasileiro como evidente
‘canibalismo’ lingüístico – a pessoa de contornos palatáveis aos olhos é, por extensão
semântica, ‘gostosa’. E gosto, como se sabe, nem sempre se discute (Língua Portuguesa,
ano I, n. 2, 2005, p. 47).
1. Estudamos, nesta aula, que o gênero pode ser classificado conforme a fina-
lidade a que se destina na interação social. Analise o texto Gostosa, identi-
fique sua finalidade e indique a que gênero pode pertencer.
Anotações
Aula 6
Compreender e argumentar
Saiba mais
O novo emprego de Maria exige que ela viaje muito. Ela está pensando em trocar de carro.
Como isso pode ocorrer? Se nossa leitura for muito lenta, podemos ter mais dificuldade
em compreendermos um texto? A resposta é sim!
Conhecimento lingüístico é o conhecimento que faz com que o indivíduo fale uma língua
como falante nativo, o conhecimento sobre o uso da língua.
Vimos como funciona o sistema visual e que não lemos todas as letras das
palavras para compreendermos os textos. Veja que interessante o texto que
segue. Você consegue compreender o que foi escrito?
Qaudno leoms noã exneragmos tdoas as lteras, pios nsoso sitsema viusal lê mias raidpa-
emnte do qeu nsoso céerbro pdoe procsesar. Asism, se tievrmos a priemira e ulitma ltera
da pavlara, as ourtas poedm etsar troacdas que a enntedeermos. Icnríevl, noã?
Objetivos:
• por prazer
• para obter informações
• para estudar
• para seguir instruções
• para comunicar
• para revisar um texto
Tipos de leitura:
• com atenção
• sublinhando
• corrigindo
• sem comprometimento, etc.
c) Gerenciando relação
Nessa seção, o autor afirma que, em um futuro próximo, estaremos na
área de serviços, conseqüentemente, teremos de ter um bom gerencia-
mento de relação. Abreu (2006) acredita que temos medo de nos rela-
cionarmos em nível pessoal e acredita que “nunca estamos diante de
pessoas prontas e também não somos pessoas prontas” (ABREU, 2006,
p. 20). O autor acrescenta que “conseguimos diminuir a distância que
nos separa das partes mais longínquas do mundo, por meio da aviação
a jato, da tevê a cabo, da Internet, mas não conseguimos diminuir a
distância que nos separa do nosso próximo” (ABREU, 2006, p. 19).
Hoje, ao se levantar, você disse “bom dia” para as pessoas que moram
com você? Ou saiu “batendo portas”? Pense nisso!
d) Argumentar, convencer, persuadir
O autor critica algumas definições de argumentar, como a que considera
que essa ação seja “vencer o outro”. Para ele, “argumentar é a arte
de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é
falar à razão do outro, demonstrando, provando. [...]. Persuadir é saber
gerenciar relação, é falar à emoção do outro” (ABREU, 2006, p. 25).
e) Condições da argumentação
Aqui, Abreu define as quatro condições essenciais da argumentação.
Em suas palavras,
a primeira condição da argumentação é ter definida uma tese
e saber para que tipo de problema essa tese é a resposta. [...]
A segunda condição da argumentação é ter uma “linguagem
comum” com o auditório. [...] A terceira condição da argumen-
tação é ter um contato positivo com o auditório, com o outro. [...]
Finalmente, a quarta condição e a mais importante delas: agir de
forma ética (ABREU, 2006, p. 37-40).
Dessa forma, vemos que não basta vencer o outro, é necessário que, com
ética, se vença “com o outro”, respeitando seus valores e cientes de que o outro
também ganhe com aquilo que ganhamos.
Quanta informação interessante! Você viu que argumentar não é tão simples
assim... Há questões que devemos levar em conta para não ser antiético e
aprender a “vencer com o outro”. Ponha em prática o que aprendeu!
A ordem correta é:
a) 1, 3, 4, 2, 5 c) 3, 4, 1, 5, 2
b) 2, 1, 3, 5, 4 d) 4, 3, 5, 2, 1
Quando devo utilizar “por quê”? Quando não posso usar “eu”? Qual é a
diferença entre “se não” e “senão”? Na última aula, você terá a oportunidade
de tirar muitas dúvidas em relação ao uso da língua padrão no seu cotidiano.
Anotações
Aula 7
Dificuldades mais freqüentes
no uso da língua padrão
Para facilitar nossos estudos, já que nesta aula trabalharemos com regras, as atividades
relacionadas a cada item virão imediatamente após a teoria dada.
Não sei a razão por que (pela qual) precisamos ler tanto.
• Quando puder colocar depois dele uma destas palavras: razão, causa
ou motivo.
b) Por quê: você pode usá-lo em finais de frases, ou seja, quando ele for a
última palavra da frase.
Precisamos ler tanto, porque, por meio da leitura, adquirimos bagagem para fazer
bons textos.
A leitura é importante, porque nos oferece uma visão mais ampla da realidade do mundo.
A leitura é importante, pois nos oferece uma visão mais ampla da realidade do mundo.
d) Porquê: você usará essa forma quando for substantivo. Como saber se ele
é ou não é substantivo? Ele será substantivo se estiver antecedido de artigo,
numeral ou pronome.
c) ........ muitas vezes reagimos de maneira que não sabemos explicar? ........
somos assim? ........ seguimos nossos instintos, uma herança primitiva que
carregamos desde os tempos dos homens das cavernas (Disponível em:
<http://www.submarino.com.br>. Acesso em: 30 nov. 2007).
d) O homicida viola os direitos humanos ......... é bandido, criminoso [...]
(Veja, n. 1958, 31 maio 2006).
Enumeração
Pronomes Espaço Tempo Discurso de dois
elementos
O objeto está
Substituição
perto da pessoa Referência
Este Presente do último
que fala (eu, posterior
nós). elemento
O objeto está
perto da pessoa
Passado ou Retomada de um
Esse com quem se -
futuro recente elemento
fala (tu, você,
vós, vocês).
O objeto está
Substituição
longe da pessoa
Aquele Passado remoto - do primeiro
que fala e com
quem se fala. elemento
Ex. 3: Estas foram as palavras de Jesus Cristo: “amai-vos uns aos outros”.
“Amai-vos uns aos outros”, essas foram as palavras de Jesus Cristo.
Ex. 4: Machado de Assis e Graciliano Ramos são dois grandes romancistas da literatura
brasileira. Este escreveu Vidas Secas; aquele, D. Casmurro.
Saiba mais
7.3 Onde
Onde, pronome relativo, é usado como um coringa, por isso é muito comum
tanto na fala quanto na escrita. Quando se precisa ligar uma oração a outra,
usa-se onde sem restrição. Examine a sentença a seguir.
Marcos fez várias declarações de amor à ex-esposa, onde fica evidente o desejo de
reatar o casamento.
Nos três exemplos, onde faz referência a lugar. No primeiro exemplo, refe-
re-se à rua, no segundo, a cidades, e, no terceiro, à universidade.
Quando você não tiver certeza se se trata de lugar, substitua onde por
em que.
Nos três exemplos, devemos usar onde porque o verbo assistir não é de
movimento, e o verbo estar, nesse exemplo, é verbo de ligação, portanto também
não indica movimento.
Saiba mais
Assinale a única alternativa que apresenta uso inadequado de mal e mau, para
a norma culta.
a) “Os soldados em serviço militar, mal treinados e mal armados [...] sofreram
fragorosas derrotas para a guerrilha que parecia, nos dois primeiros meses
de conflito, invencível”, afirma o jornalista americano Jon Lee Anderson em
Che Guevara - Uma Biografia” (Aventuras na História, n. 50, out. 2007).
b) Há cinco anos, o lago do meu sítio em Vinhedo, SP, tornou-se o dormitório
de um pequeno bando de garças. O local é cercado por um bambuzal
onde elas pousam no final da tarde. Mas, desde que se instalaram, a
7.6 A, há ou ah
Você sabe quando se usa a, há ou ah? Verifique o uso desses três termos no
quadro quatro.
Quadro 7 Uso de “a cerca de”, “acerca de”, “cerca de” ou “há cerca de”.
Explique o uso de todo em “Todo pai tem direito de ver no filho um Ronaldinho e
na filha uma Gisele Bündchen” (Veja, n. 1979, 25 out. 2006).
É preposição e significa depois de, após; Por trás das entrelinhas sempre há
Trás
corresponde a atrás. muitas mensagens (atrás).
É a terceira pessoa do singular do Um bom livro sempre traz mensa-
Traz
presente do indicativo. gens boas (verbo “trazer”).
7.13 Eu ou mim
Você emprega adequadamente eu e mim? Veja o uso correto desses pronomes
no quadro 11.
Saiba mais
http://veja.abril.
com.br>
A partir do que examinamos nesta aula, podemos concluir que, para utilizarmos
a língua padrão, precisamos saber as regras de determinadas expressões.
“causa” ou “motivo”, portanto a forma adequada é “por que”. Na letra (b), os dois
porquês estão inadequados, uma vez que o primeiro é usado em uma pergunta,
portanto a forma adequada seria “por que”; e, no segundo, deveria ser usado
“por que”, visto que podemos colocar depois dele “razão”, “causa” ou “motivo”.
Na atividade 7.2, você deve ter preenchido os espaços com os seguintes
pronomes demonstrativos: (a) este (presente, ano em que o trecho foi escrito),
essa preenche outros dois espaços (retomada da informação); (b) nesta (aula
que estamos estudando, presente); (c) deste (reino no qual a autora está), este
(país no qual a autora está, Brasil), neste (presente), nisso (retomada da infor-
mação); (d) naquela, aqueles (passado remoto).
Na atividade do item 7.3, as alternativas em que “onde” está empregado
de forma inadequada são (b), (c) e (e), pois não se referem a lugar. Podemos
substituir “onde” por “nas quais”, “no qual” e “em que”, respectivamente. Os
dois primeiros também podem ser substituídos por “em que”.
Na atividade 7.4, você deve ter preenchido as lacunas com: (a) eleito (parti-
cípio irregular devido ao verbo ser), elegido (particípio regular devido ao verbo
haver); (b) aceita (particípio irregular devido ao verbo ser), aceitado (particípio
regular devido ao verbo ter); (c) pagas, gasto, ganha (particípio irregular devido
ao verbo ser e estar); (d) entreaberto, visto, dito e escrito (esses verbos só são
usados no particípio irregular).
Na atividade 7.5, a única alternativa que apresenta uso inadequado de
“mal” e “mau”, para a norma culta, é (d), pois “mau”, no contexto da alterna-
tiva, é um adjetivo que se opõe a “bom”, portanto a forma adequada é “mau”.
Na atividade 7.6, a alternativa correta é a (d), pois em todos os trechos
“há”, “a” e “ah” estão empregados adequadamente. Na afirmativa (I), “há”
indica passado e “ah” é interjeição. Na afirmativa (II), os três “há” são o verbo
haver. E, na afirmativa (III), o “a” indica futuro.
Na atividade 7.7, no item (I), o emprego está adequado, uma vez que se
trata de uma conjunção condicional (se) e advérbio de negação (não). Já no (II),
o emprego está inadequado, visto que se trata de uma conjunção adversativa
(= caso contrário), portanto a forma correta é “senão”.
Na atividade 7.8, as lacunas devem ser preenchidas com: (a) mais (soma),
mas (oposição); (b) mais (intensidade), mas (oposição); (c) mas (oposição).
Na atividade 7.9, você deve ter preenchido as lacunas com: (a) cerca de
(= aproximadamente); (b) acerca da (= sobre); (c) há cerca de (= faz aproxima-
damente); (d) a cerca de (= aproximadamente); (e) a cerca de (= aproximada-
mente); (f) há cerca de (= faz aproximadamente).
Na atividade 7.10, usou-se “todo” porque está generalizando, ou seja,
é qualquer pai que tem direito de ver no filho um Ronaldinho e na filha uma
Gisele Bündchen.
Anotações