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NOSSA HISTÓRIA
2
Sumário
SUPERVISÃO DE CASOS CLÍNICOS .......................................................................... 1
NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 2
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 4
SUPERVISÃO CLÍNICA ................................................................................................ 7
Vantagens das Modalidades de Supervisão .................................................................... 10
Desvantagens das Modalidades de Supervisão .............................................................. 13
Sugestões para Melhorar as Supervisões ........................................................................ 16
ESTILOS DE APRENDIZAGEM ................................................................................. 19
O Educador Clinico ....................................................................................................... 23
O Modelo continuum de Supervisão .............................................................................. 24
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 31
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INTRODUÇÃO
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confiança e por fim a monitorização e avaliação do aluno. Para além do desen-
volvimento das capacidades dos alunos, tem como objetivo desenvolver as ca-
pacidades pedagógicas do educador clínico. A American Speech-Language He-
aring Association (ASHA), em 2008, refere à importância de formação dos edu-
cadores clínicos sobre os processos de supervisão, pois conduz à aprendizagem
de estratégias, comportamentos e à utilização de diferentes estilos de supervi-
são.
Na área de terapia da fala não existem muitos estudos relativos à meto-
dologia de estágios de supervisão, daí recorrer-se a outras áreas como a psico-
logia, a educação, a enfermagem entre outros profissionais de saúde que utili-
zam o estágio no seu plano de estudos. Os modelos de supervisão clínica que
têm em conta o desenvolvimento cognitivo e progressivo das capacidades dos
alunos melhoram e desenvolvem a aprendizagem e o desempenho. Estes mo-
delos preconizam o desenvolvimento dos alunos através das experiências que
vão adquirindo ao longo da educação clínica e que aumentam o nível de enten-
dimento sobre as situações clínicas observadas.
A aquisição de saberes teórico e a sua transferência para o contexto real
de trabalho, com os saberes práticos, devem favorecer a aquisição do saber,
saber fazer, saber ser e estar ao futuro aluno (Carvalhal & Gomes, 2003). É no
ensino clínico que o aluno começa a compreender a causa de certos saberes
teóricos pela experiência que vai adquirindo. Segundo McLeod, Romanini, Cohn
e Higgs (1997) existem várias categorias para classificar os modelos. Estes po-
dem ser descritivos, integrativos, de desenvolvimento, interativos e colaborati-
vos.
O conhecimento dos educadores clínicos sobre os modelos melhora a
adequação das suas necessidades, das necessidades dos alunos e dos utentes
e serve como orientação para o decorrer do estágio. No entanto, os modelos de
supervisão não devem ser aplicados de forma rígida ou delimitados (Queiroga,
2007). Quem supervisiona, deve selecionar um modelo que tenha por base a
experiência e necessidade do aluno, que sirva de base teórica para o desenvol-
vimento da planificação do estágio que deve ser realizada entre o educador clí-
nico e o aluno.
Os modelos de desenvolvimento preconizam o contínuo crescimento do
aluno com diferentes necessidades e diferentes estilos de aprendizagem. Assim,
5
Russel-Chapin e Chapin (2011) referem que um dos maiores objetivos é desco-
brir as necessidades pessoais de cada aluno, para potencializar ao máximo as
suas capacidades e minimizar os seus pontos mais fracos. Estes modelos des-
crevem quais os estilos de supervisão a usar nas diferentes fases, como forma
de facilitar e desenvolver competências profissionais (McLeod et al., 1997).
O educador clínico deve escolher o modelo de supervisão tendo em
conta a sua filosofia de ensino e as políticas das organizações onde se desen-
volve o estágio, pois como referem McCrea e Brasseur (2003) estas podem in-
fluenciar o estilo de supervisão.
Mesmo Anderson (1988) assume que o modelo Continuum de supervi-
são não é a única forma de supervisão, reconhecendo o mérito de outras abor-
dagens.
6
SUPERVISÃO CLÍNICA
7
os aspectos éticos e interpessoais do papel do profissional (Bitondi & Sétem,
2007; Honorato & Barletta, 2016; Prasko, Vyskocilova, Slepecky, & Novotny,
2012). Além de formativa, a supervisão deve apoiar os alunos, valorizando suas
respostas cognitivas e emocionais, e suas opções técnicas e críticas às questões
profissionais.
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Por sua importância na formação profissional, este tema tem chamado a
atenção de diversos pesquisadores que elaboraram estudos sobre as compe-
tências a serem desenvolvidas até as estratégias de ensino para desenvolver
tais competências durante a supervisão clínica em TCC, incluindo o formato da
supervisão e aspectos sobre o papel do aluno e do supervisor (Barletta,
Fonsêca, & Delabrida, 2012; Bennett-Levy et al., 2009; Padesky, 2004; Prasko,
2012).
Porém, observa-se que as publicações sobre o assunto têm sido reali-
zadas com supervisões na modalidade presencial e pouco foi encontrado sobre
a supervisão de estágio clínico online. Um exemplo é o estudo de Velasquez,
Thomé e Oliveira (2015) que buscou compreender a oferta da prática clínica su-
pervisionada nos cursos de especialização em TCC no Brasil e encontraram 15
cursos, todos com supervisão na modalidade presencial.
Apesar disso, sabe-se que a prática de supervisão online tem sido utili-
zada por cursos de TCC, em especial fora do Brasil, e por psicólogos especiali-
zados que oferecem esse serviço virtual para profissionais que buscam o aper-
feiçoamento (Rousmanieri, 2014).
Por exemplo, instituições como o Beck Institute (http://www.beckinsti-
tute.org/) e a National Association of Cognitive-Behavioral Therapists (http://na-
cbt.org/cbt_ supervision.htm) oferecem supervisão online ou via telefone. O Con-
selho Federal de Psicologia (CFP, 2012), por meio da Resolução nº 011/2012,
regulamenta os serviços psicológicos realizados por TIC à distância.
O sigilo profissional deve ser preservado e que o psicólogo deve atuar
com responsabilidade. São reconhecidos os seguintes serviços psicológicos re-
alizados a distância: orientações psicológicas em até 20 encontros virtuais, pro-
cessos de seleção de pessoal, aplicação de testes, supervisão profissional e, de
maneira eventual, atendimento terapêutico.
A supervisão profissional pode ocorrer desde que seja eventual ou
quando é um complemento ao processo de formação profissional presencial. O
CFP sugere o uso do Skype e do Messenger para a prestação de serviços psi-
cológicos online, porém deixa em aberto o uso de outras ferramentas eletrônicas
desde que não firam a ética e a resolução supracitada.
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Vantagens das Modalidades de Supervisão
10
contato pessoal permite maior acesso ao supervisor, ao material do supervisor,
controle de sigilo e aprendizado.
11
Figura 2
estabelecido e com uso de várias ferramentas que permitem manter a comuni-
cação.
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Entende-se que o uso de vários recursos e estratégias permite alcançar
as necessidades para o desenvolvimento clínico, aproximando supervisor, su-
pervisionando e o grupo em si (Barreto & Barletta, 2010), mantendo o relato ver-
bal (Bitondi & Sétem, 2007), auxiliando a reflexão das habilidades e limites de
cada um, a leitura e a construção do conhecimento e da competência (Bennett-
Levy et al., 2009).
Dessa forma, poderiam ser mantidos os encontros síncronos via Skype,
bem como os demais recursos eletrônicos já utilizados, e ser adicionadas outras
ferramentas que permitam momentos assíncronos como fóruns de discussão
para o estudo de técnicas, de intervenções, de protocolos e os diários de pro-
cessos (Mill et al., 2008; Rousmanieri, 2014). Acredita-se que o uso de uma pla-
taforma específica, com atividades programadas, possa aumentar a sensação
de responsabilidade e a participação do aluno no seu próprio desenvolvimento.
13
Entende-se que a internet, o computador, o som e a versão atualizada
do Skype são aspectos fundamentais para que a supervisão no formato online
proposto aconteça com qualidade. Uma das respostas exemplifica essa preocu-
pação: “O que atrapalha um pouco a supervisão é a conexão da internet. Os
serviços de banda larga no nosso país são precários, então muitas vezes a co-
nexão falha e dificulta manter um bom contato”. É interessante notar que os par-
ticipantes da pesquisa indicaram as questões técnicas tanto como vantagem da
supervisão presencial (não ter risco de ficar sem supervisão por conta de proble-
mas técnicos) quanto como desvantagem da supervisão online (depender da
Porém, Van der Linden e Assis (2008) ressaltam que o aluno de EaD de-
veria estar preparado para lidar com as dificuldades tecnológicas e não se sentir
prejudicado ou desmotivado com problemas de TIC. A adaptação à tecnologia
também é um fator que foi citado pelos participantes desta pesquisa. Isso implica
repensar, não apenas as habilidades para manusear a tecnologia, mas também
Figura 4
o perfil do aluno de EaD. Ainda que o ensino a distância se utilize de uma série
de ferramentas que potencializam a troca, a dinâmica virtual requer maior envol-
vimento de todos os que participam do processo de ensino-aprendizagem.
Ter autodisciplina, motivação e determinação permite que o aluno esta-
beleça um ambiente propício ao aprendizado, esteja disponível nos horários dos
encontros preestabelecidos, tenha providenciado equipamento e condições viá-
veis para a atividade, bem como ter garantido uma conexão de internet de qua-
lidade. Segundo Azevedo (2007) e Van der Linden e Assis (2008), o aluno de
EaD deve ter um comportamento autônomo e assumir para si a responsabilidade
14
da sua formação. Pode-se dizer que essa nova exigência de um repertório es-
pecífico do aluno é um desafio de superação das limitações pessoais. Isso por-
que se trata de uma modalidade na qual o aluno pode facilmente se autos sabo-
tar, fazendo uso de desculpas e desses pré-requisitos para se esquivar das res-
ponsabilidades, o que acaba comprometendo o aprendizado.
Esses autos sabotagem foram percebidos por alguns alunos, os quais
relataram: “Percebi falta de sinceridade de alguns participantes, que usavam a
desculpa da internet para não participar da supervisão” e “a supervisão via Skype
não tem o mesmo nível de cobrança de uma supervisão presencial. Talvez essa
comodidade deixe os participantes mais relaxados quanto ao cumprimento dos
prazos. Mas isso pode ser algo particular”.
Logo, o uso inadequado da tecnologia como forma de disfarçar as difi-
culdades, como desculpa para não participar da supervisão ou mesmo para jus-
tificar a falta de implicação na própria aprendizagem, sugerindo que a cobrança
deve vir do outro e não de si mesmo, pode ser um complicador para o desenvol-
vimento de habilidades clínicas.
Tais posturas apontam para a falta de comprometimento pessoal com o
próprio desenvolvimento profissional, talvez por que tais participantes da pes-
quisa não têm o perfil para um treinamento a distância (Azevedo, 2007; Van der
Linden & Assis, 2008) ou talvez por imaturidade do aluno (Barletta et al., 2012;
Barreto & Barletta, 2010), o que gera prejuízo para o processo de aprendizagem.
No entanto, ressalta-se que a supervisão, independentemente da moda-
lidade, deveria ser capaz de incentivar e motivar o aluno a ser sujeito do próprio
desenvolvimento (Prasko et al., 2012) e que, neste caso, houve falha nesse pro-
cesso. Esses autores reforçam que a relação estabelecida na supervisão é simi-
lar à que ocorre no processo terapêutico.
Dessa forma, outro fator que pode ter tido influência negativa foi que tal-
vez a relação supervisor aluno não tenha sido adequada para formar a aliança
necessária para mudança e desenvolvimento, favorecendo a desmotivação e até
o abandono do processo (Martins et al., 2013). Em relação à supervisão presen-
cial, as desvantagens percebidas pelos alunos que participaram dessa modali-
dade foram: pouco tempo, necessidade de um ambiente adequado para super-
visão, deslocamento e impossibilidade de estender o horário preestabelecido por
questões de segurança.
15
A indicação de que o ambiente adequado é um requisito e uma neces-
sidade para a supervisão presencial, a fim de não se tornar uma desvantagem
desse tipo de supervisão, foi uma resposta considerada inesperada. No entanto,
como já foi descrito anteriormente, o ambiente foi considerado um motivo para
não escolher esse tipo de supervisão na modalidade online, sendo identificado
como um aspecto que pode facilitar a interrupção e, por conseguinte, ter alguma
falha no sigilo.
Na prática das autoras, a interrupção é um fator presente, bem como a
falta de critérios para escolher ambiente privativo por parte do supervisionando.
A partir desses achados e reflexões, entende-se que, independentemente da
modalidade de supervisão, a adequação do local em que a supervisão ocorre
merece maior atenção, tanto do supervisor (no caso da supervisão presencial)
quanto do aluno (no caso da modalidade online).
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Algumas sugestões para melhorar a supervisão foram relacionadas a
ambos os tipos (via Skype e presencial), quais sejam: menor número de alunos,
maior número de encontros ou de horas de supervisão.
Figura 5
17
aplicação de técnicas e o desenvolvimento de conceptualização de casos de
qualidade.
Por sua vez, a literatura aponta a falta de sistematização do processo
supervisionado, o que leva a uma falta de modelo específico para essa atividade
(Barletta et al., 2012; Barreto & Barletta, 2010; Padesky, 2004). Acredita-se ser
utópico que as supervisões com diferentes professores, cada um com suas ex-
periências e características peculiares, construam um conhecimento homogê-
neo entre os alunos que, por sua vez, também têm uma história de aprendiza-
gem individual, além de outros aspectos idiossincráticos.
Entretanto, a sugestão de promover outros espaços de encontro para o
grupo de supervisão presencial pode contribuir para a integração do grupo e fa-
vorecer um melhor rendimento do processo de supervisão.
Entre as sugestões, foi indicado o uso dos espaços virtuais para essa
finalidade, fortalecendo a ideia de que as TIC podem intensificar a proximidade
entre supervisor e aluno (Alves, 2011; Mill, 2011). Para a supervisão via Skype,
especificamente, foram recomendadas: internet de qualidade, melhor escolha do
aluno sobre o ambiente para supervisão, maior cobrança do supervisor e pro-
porcionar um trabalho para aumentar a interação grupal antes da supervisão.
Entre as sugestões, foram vistos alguns aspectos já discutidos ao longo
do texto e que estão ligados a fatores de responsabilidade do próprio aluno, do
supervisor ou mesmo da instituição de ensino. O aspecto gerencial do processo
supervisionado, que apareceu nas sugestões, pode ser fortalecido, com o intuito
de aumentar a qualidade da supervisão nessa modalidade (Vec et al., 2014).
A sugestão de uma atividade inicial a fim de aumentar a interação grupal
na modalidade online pode ser interessante, mesmo que não seja possível em
todos os contextos de EaD. Esse tipo de atividade pode facilitar a segurança do
aluno no início do processo supervisionado: “Fazer algum trabalho com o grupo
antes de começar a supervisão, presencial ou não, para ficarmos mais relaxadas
em falar sobre nossas dificuldades [...]. Eu senti dificuldade no início em me sen-
tir à vontade no grupo”.
Essa proposta sugere que possa haver uma mescla de ferramentas e
atividades virtuais e presenciais. Uma proposta de uso dos diversos recursos
também foi feita por participantes da supervisão presencial: “Para aprimorar a
18
supervisão presencial, acho que é sempre bom ter mais contatos com o super-
visor, o que pode ser feito por e-mail, mas também por Skype”.
Essas falas sugerem que usos da tecnologia e de atividades presenciais
são bem-vindos, benéficos e podem fazer parte tanto da supervisão na modali-
dade presencial quanto na online.
ESTILOS DE APRENDIZAGEM
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A definição de estilo de aprendizagem é citada na literatura pedagógica
por alguns autores (De Vita, 2001; Dreyer, 1998; Eliason, 1995; Ellis, 1994; Nel-
son, 1995, citados por Young, 2010) como “as características do comportamento
cognitivo, afetivo e psicológico, indicativos de como os alunos aprendem, intera-
gem e respondem ao meio envolvente”.
A partir dos anos 80, com o desenvolvimento das teorias pedagógicas da
aprendizagem, foi dada ênfase ao aluno: como é, o que quer o que pensa e quais
os seus necessidades. Isto implica uma mudança de atitude por parte do educa-
dor, que necessita de observar o aluno e reconhecer as características individu-
ais de aprendizagem e as estratégias eficazes de aprendizagem. Segundo o
mesmo autor, o aluno é o produto das suas experiências e conhecimentos pas-
sados e futuras potencialidades.
Figura 6
20
Assim, a aprendizagem não pode ser realizada só pelos conteúdos, mas
pelos diferentes ritmos e interesses dos alunos. Existem diversas investigações
sobre os estilos de aprendizagem, selecionamos os estilos de aprendizagem
apresentados por Honey e Mumford (1992, citado por Miranda & Morais, 2008)
que consideram que os indivíduos podem ser integrados em quatro estilos de
aprendizagem: ativo, reflexivo, teórico e pragmático.
Cada indivíduo pode apresentar caraterísticas dos vários estilos de
aprendizagem, embora possuam um estilo dominante. Segundo estes autores,
as principais caraterísticas dos estilos de aprendizagem são: no estilo ativo, “têm
uma mente aberta, entusiasmam-se com qualquer coisa nova, são sociáveis e
envolvem-se constantemente com os outros, procuram ser o centro de todas as
atividades, interessam-se por desafios e situações problemáticas, manifestam
forte implicação na ação”. No estilo reflexivo “dão prioridade à observação antes
da ação, gostam de observar as experiências de diversas perspectivas, centram-
se na reflexão e na construção de significados, recolhem informações tanto da
sua própria experiência como da experiência dos outros, preferem pensar antes
de chegarem a qualquer conclusão, gostam de observar os outros em ação e de
perceber o sentido geral da discussão antes de dizerem o que está na sua pró-
pria mente”.
No estilo teórico, “tendem a estabelecer relações, deduzir, integrar os
factos em teorias coerentes, tendem a ser perfeccionistas, gostam de analisar e
de sintetizar. A sua abordagem aos problemas é consistente e lógica. Procuram
a racionalidade e a objetividade, sentem-se desconfortáveis com conclusões
subjetivas, pensamentos laterais ou qualquer aspeto superficial”. Por fim no es-
tilo pragmático “gostam muito de experimentar ideias, teorias e técnicas para ver
se funcionam na prática”.
O seu ponto forte é a aplicação das ideias. Gostam de atuar de uma
forma confiante e rápida sobre as ideias e os projetos que os atraem, tendem a
evitar a reflexão e ficam impacientes com discussões sem fim. “Essencialmente,
são pessoas práticas, terra a terra, que gostam de chegar a conclusões práticas
e de resolver problemas”. O questionário de Honey e Mumford (1992, citado por
Miranda & Morais, 2008) tem como objetivo ajudar os alunos a identificar os seus
pontos fortes e fracos dos estilos de aprendizagem. Pfister e Tennent-Ponterio
21
(2000) referem que todos os intervenientes no processo de supervisão têm ex-
petativas conscientes ou inconscientes e necessidades quando integrados no
local de estágio.
Quando essas necessidades não são tidas em consideração, pode re-
sultar em desmotivação e fraca eficiência. Cada indivíduo tem uma forma inata
de reagir ou demonstrar comportamentos característicos numa determinada si-
tuação, a que se pode chamar estilo comportamental. Determinados comporta-
mentos característicos podem favorecer ou entravar o processo de supervisão:
a forma como cada um reage a situações novas, e o grau de intensidade com
que o faz, o grau de adaptação às mudanças, a persistência na execução das
tarefas e o grau de reações positivas ou negativas, têm implicações diretas nas
situações clínicas.
Quando existe um conhecimento do próprio estilo de comportamento,
permite modificar a forma como esses traços são expressos e levar a que não
interfiram de forma ativa no processo de supervisão. Os sentimentos e formas
de comportamento mantêm-se, mas pode-se aprender a controlar a expressão
dos mesmos dados uma determinada situação clínica. Para haver adaptação e
aceitação de ambos os intervenientes no processo de supervisão dos estilos
comportamentais é necessário existir flexibilidade, postura, confiança, respeito,
suporte e gestão de conflito (Pfister & Tennent-Ponterio, 2000).
A interação entre o aluno e o contexto de estágio, interiorizando os ele-
mentos socioculturais do meio, integrando-os na estrutura da sua personalidade
por influência das experiências realizadas, facilitam a adaptação ao meio e assim
ultrapassam as dificuldades (Carvalhal & Gomes, 2003).
22
O Educador Clinico
Figura 7
23
Na opinião do autor, a observação por parte do educador clínico da prá-
tica clínica do aluno, pode desencadear uma atitude de controlo face ao aluno e
dificultar o estabelecimento de confiança e de ajuda entre educador e aluno, po-
dendo levar o aluno a certa dependência do educador, e por outro lado, que o
medo de errar seja um constrangimento.
Ser educador clínico implica várias tarefas, entre as quais, assegurar
profissionalismo por parte dos alunos em relação aos utentes, tendo em consi-
deração as normas da instituição e a confidencialidade dos documentos e infor-
mações do utente. O aluno deve seguir todos os procedimentos terapêuticos
dentro de uma prática clínica baseada na evidência e atualizada, orientado pelo
educador clínico que serve como modelo (ASHA, 2010).
Deve igualmente escolher o modelo de supervisão que melhor se adapte
às caraterísticas do aluno e promover auto avaliações e reflexões de forma a
desenvolver o potencial dos mesmos. A avaliação de todo o processo é um fator
fundamental no processo de supervisão (McLeod et al., 1997).
24
Continuum, avançando e recuando, mediante novas práticas clínicas, novos
utentes ou procedimentos.
O modelo de Anderson (1988) preconiza a partilha de entendimento do
processo de supervisão entre os intervenientes, o planeamento de todas as ati-
vidades realizadas ao longo do estágio, a recolha de dados objetiva através da
observação, a análise dos dados recolhidos e a integração das aprendizagens
que poderá ser facilitada através de reuniões.
O sucesso do processo de supervisão deve iniciar-se pela partilha de
informação entre o educador clínico e o aluno para a elaboração dos objetivos
(ASHA, 2005). A articulação, o envolvimento e a participação ativa tanto do edu-
cador clínico como do aluno é o aspeto principal deste modelo. Segundo Ander-
son (1988, citado por McLeod et al., 1997) o tempo e a experiência são fatores
determinantes na progressão ao longo do Continuum dependendo do seu nível
de conhecimento e da capacidade relativa às tarefas de aprendizagem solicita-
das.
Figura 8
25
Na fase inicial os alunos são predominantemente passivos e necessitam
de observação e feedback do educador clínico para modelar procedimentos e
técnicas específicas.
O educador clínico é dominante e diretivo na supervisão do aluno. Iniciar
o estágio nesta fase é mais confortável para o aluno dado o apoio que tem do
educador clínico, mas, no entanto, pretende-se que o aluno passe para a fase
seguinte rapidamente. Na fase de transição, o aluno necessita de refletir sobre
os seus conhecimentos na área do estágio e também no feedback dado pelo seu
educador e ir progredindo na forma de intervenção com a população do estágio,
necessitando cada vez menos de diretrizes por parte do supervisor. O edu-
cador clínico colabora no planeamento das avaliações, na melhoria dos planos
de intervenção e procedimentos.
Fornece os dados relativos ao utente e dá feedback, mas a relação de
supervisão nesta fase já é um projeto mais conjunto entre os dois (Newman,
O’Connor & Victor, 2006), enfatizando as necessidades específicas de cada
aluno tanto individuais como profissionais, fomentando a independência do aluno
nas competências clínicas e profissionais (Russel-Chapin & Chapin, 2011). Este
participa ativamente em todas as atividades com o utente (avaliação, intervenção
e análise de resultados) e inicia o seu processo de autoanálise do seu desem-
penho profissional.
A responsabilidade partilhada está dependente de uma relação equili-
brada entre aluno e educador. Lincoln et al., (1997) refere que o feedback dado
ao aluno, tem como objetivo que este compreenda a visão do educador clínico
sobre a sua intervenção com os utentes no contexto clínico, o tipo de interação
entre utente e aluno, o ensino de estratégias e melhoria das competências co-
municativas, os progressos conseguidos pelos alunos e ainda fornecer informa-
ções sobre técnicas específicas e dados científicos para a prática clínica.
O feedback ajuda o aluno a entender a especificidade de cada utente e
promover a responsabilidade pelo seguimento terapêutico de excelência do
utente. É importante para o aluno dar feedback sobre o educador clínico, para
26
compreender melhor a reciprocidade da relação de supervisão. Se os alunos
simplesmente recebem feedback dos educadores sem terem oportunidade de
emitir a sua opinião relativa às aprendizagens efetuadas, vão sentir o feedback
mais como uma forma de julgamento em vez de uma forma de partilha da apren-
dizagem assim como também pode ser interpretado como uma forma de poder
por parte do educador clínico relativo ao aluno.
Na passagem para a fase de auto avaliação deve existir maior autonomia
por parte do aluno para que este consiga funcionar como par do educador clí-
nico. Poderá colaborar na resolução de problemas ou procedimentos mais com-
plexos. O aluno nesta fase consegue planear e programar a intervenção só com
alguma orientação. É o responsável pelos casos, atribuídos no processo de re-
abilitação. O educador clínico tem um papel mais colaborativo, ouvindo o aluno
e orientando-o na resolução de problemas. Existe aprendizagem por parte de
ambos os intervenientes.
Este modelo não tem prazos definidos para os alunos adquirirem as com-
petências e transitarem de fase. Em certas competências podem estar na última
fase e noutras estarem na fase inicial. É importante reconhecer os pontos fortes
e os pontos fracos de cada aluno pelo educador clínico e pelo aluno. Alguns
autores referem que à medida que vão avançando as competências do aluno,
deve ser fomentada a auto avaliação do mesmo (Mandy, 1989; Anderson, 1988;
citados por Joffe, 2005). Sendo o Continuum de supervisão um modelo de de-
senvolvimento aproveita aspetos de outros modelos de desenvolvimento para
facilitar a aprendizagem como o modelo de aprendizagem reflexiva. Segundo
este modelo, McCrea e Brasseur (2003) afirmam que quando existe imaturidade
em relação a determinada tarefa, o educador deve dar orientação. A partir do
momento em que o aluno evidência maior maturidade em relação às tarefas, o
27
Figura 9
educador vai diminuindo a sua participação e o aluno vai realizando a tarefa de
forma mais independente.
28
A corresponsabilidade do educador e do aluno na aprendizagem implica
a participação no processo de avaliação, transformando o educador no coavali-
ador em parceria com o aluno. Também, em estudos realizados por Aziz, Teck
e Yen (2011) referem que o trabalho em equipas multidisciplinar, constituído por
profissionais de saúde e disponíveis em alguns contextos de estágio, promove a
aprendizagem dos papéis e responsabilidades das diferentes profissões, favore-
cendo uma prática colaborativa para a melhoria dos cuidados de saúde.
Segundo Insalaco, Ozkurt e Santiago (2007) se os estudantes conhece-
rem o trabalho de equipa nos locais onde fazem estágio fica com competências
para uma melhor integração, nos futuros locais de trabalho. A relação entre o
educador clínico e o aluno é o centro de qualquer modelo de supervisão clínica
usado, como tal é necessário existir diretrizes claras, de preferência um contrato
informal que regule a forma de condução do processo (Bishop, 2007). O estabe-
lecimento do contrato de aprendizagem é uma forma de orientar o processo de
aprendizagem, no sentido de atingir os objetivos de aprendizagem.
Figura 10
29
da profissão e da instituição, regras gerais de funcionamento, formas de avalia-
ção e de feedback e os deveres do aluno e do educador (Ford & Jones, 1987;
Bishop, 2007).
30
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