Você está na página 1de 19

METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO APRENDIZAGEM NA

FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA SAÚDE


Carlos Dornels Freire de SOUZA1
Bruna Ângela ANTONELLI2
Denilson José de OLIVEIRA3

1
Fisioterapeuta e sanitarista. Mestre em Planejamento Territorial e Doutorando em Saúde Pública (Fiocruz). Professor do
colegiado de Fisioterapia da Faculdade São Francisco de Juazeiro.cdornells@hotmail.com
2
Fisioterapeuta e Professora do Colegiado de Fisioterapia Faculdade São Francisco de Juazeiro. Mestre em Engenharia
Ergonômica pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Coordenadora do grupo de pesquisa em Pilates na dor
lombar crônica inespecífica da Faculdade São Francisco de Juazeiro.
3
Fisioterapeuta e Professor do Curso de Fisioterapia da Faculdade São Francisco de Juazeiro. Mestrando do Programa de
Pós-Graduação Formação de Professores e Práticas Interdisciplinares – Mestrado profissional. Membro do Grupo de
Pesquisa em Saúde Coletiva (GPESC). denilsonoliveira88@hotmail.com

Recebido em: 06/07/2016- Aprovado em: 08/09/2016 - Disponibilizado em: 18/12/2016

RESUMO
O mundo e as sociedades têm passado por transformações intensas. Nelas, incluímos também as transformações nos
campos dos saberes e práticas humanas. Nesse cenário, temos nos perguntado como tornar significativos os conteúdos
acadêmicos dos currículos dos cursos de graduação. É com essa consigna que este trabalho foi desenvolvido, sendo seu
objetivo discutir as diferentes ferramentas de ensino-aprendizagem disponíveis atualmente, bem como refletir sobre a
importância das metodologias ativas para a formação dos profissionais da saúde. Assim, nos debruçamos sobre a literatura
disponível e analisamos à luz da atualidade e da cientificidade os principais temas relacionados a essas novas formas de
ensinar e de aprender. Ainda em tempo, será discutido, breve e sinteticamente, nesse intercurso, os aspectos mais
relevantes para a formação de facilitador de grupos de metodologias ativas.
Palavras-chave: Educação. Metodologias ativas. Ensino-aprendizagem. Aprendizado. Facilitação.

ABSTRACT
The world and societies have under gone profound transformations. These transformations also include the changes in
the fields of human knowledge and practices. In this scenario, we have asked ourselves how to become significant
academic contents of the curriculum of undergraduate courses. It is with this objective that this work was developed,
being your objective to discuss the different teaching and learning tools available today, as well as reflect on the
importance of active methods for the training of health professionals. Thus, we look back on the literature and analyzed
in the light of current scientific and key issues related to these new forms of teaching and learning. Just in time, it will be
discussed soon and synthetically, in passing, the most relevant aspects for the training facilitator of active methodologies
groups.
Keywords: Education. Active methodologies. Teaching and learning. Learning. Facilitation.

INTRODUÇÃO processo educacional de formação dos


As novas demandas do Sistema profissionais da saúde.
Único de Saúde, conjuntamente com as O grande desafio deste início de
mudanças recentes nos cenários político, século é a crescente busca por metodologias
social e econômico do país têm colocado em inovadoras que possibilitem uma práxis
destaque a necessidade de mudanças no pedagógica capaz de ultrapassar os limites
659
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
do treinamento puramente técnico e na reflexão sobre a experiência de Kolb,
tradicional, para efetivamente alcançar a Ciclos de Aperfeiçoamento da Prática
formação do sujeito como um ser ético, Profissional (CAPP) (Peer Review),
crítico, reflexivo, transformador e Intervenções multifacetadas,
humanizado (GEMIGNANI, 2012). Aprendizagem Baseada em Times,
Os novos debates acerca da Aprendizagem Baseada em Projetos, Peer
educação em saúde no nível superior e a Instruction, Just-in-time teaching, Métodos
necessidade de formar profissionais que de Casos e Simulações.
atendam aos princípios doutrinários e Embora não sejam estratégias tão
organizativos do Sistema Único de Saúde recentes, é necessário formar facilitadores-
(SUS) se fazem presentes nas instituições educadores com competências e habilidades
de ensino e na esfera governamental de para conduzir o processo de ensino-
saúde (XAVIER & KOIFMAN, 2011). aprendizagem em grupos de facilitação. Na
Ganha destaque nesse cenário o visão de Mendonça (2008), o facilitador é
emprego das metodologias ativas de ensino, um agente que tem o papel de acompanhar
onde o sujeito é estimulado a processos e oportunizar a reflexão crítica e também
construtivos de ação-reflexão-ação, em que auxiliar na definição dos “nós críticos”,
o estudante tem uma postura ativa em instigando o raciocínio. No conjunto de
relação ao seu aprendizado, que se dá numa habilidades necessárias, destacam-se
situação prática de experiências, por meio aquelas relacionadas à organização do
de problemas que lhe sejam desafiantes e trabalho (área de gestão) e as relacionadas à
permitam pesquisar e descobrir soluções facilitação de processos educacionais (área
aplicáveis à realidade (FREIRE, 2006). O de educação) (LIMA et al., 2015).
estudante assume um papel de construtor do É importante que o professor exerça
seu conhecimento, transpondo da condição um papel de facilitador, com postura
de recebedor de informações (BERBEL, flexível, i.e, capaz de modificar seus
1998). procedimentos, compreendendo as novas
Muitas são as estratégias adotadas formas de metodologias de ensino e o que
na busca por uma aprendizagem cada uma delas propõe. A partir desse
significativa, dentre as quais podemos conhecimento, o docente poderá sentir-se
destacar a Aprendizagem Baseada em confiante em experimentar novos modelos
Problemas (ABP), Metodologia Espiral de ensino e poderá criar e adaptar métodos
Construtivista, Metodologia da a sua pratica profissional, tornando o
Problematização, Aprendizagem Baseada aprendizado significativo para a formação
660
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
de profissionais da saúde. Mas, como METODOLOGIAS ATIVAS DE
transpor o atual paradigma de ENSINO-APRENDIZAGEM
aprendizagem para um novo movimento de
significação e ressignificação dos saberes e Aspectos Conceituais
práticas?
Esse novo paradigma busca formar A Lei de Diretrizes e Bases da
profissionais que estejam em consonâncias Educação Nacional (LDB) propõe uma
com as novas práticas da saúde coletiva, modificação no método de ensino
pautadas na humanização e valorização do brasileiro, o que impacta diretamente na
ser, cujo foco não é mais a doença e sim as forma como os cursos de saúde têm
múltiplas dimensões do humano (sujeito desenvolvido suas atividades. A perspectiva
real, concreto e dotado de projetos de vida e é de uma saúde que visualiza o sujeito
felicidade). juntamente com o contexto no qual está
Ao considerar essas transformações inserido, promovendo a problematização de
contemporâneas, percebemos que os velhos sua condição. Parte dessa mudança leva em
paradigmas não mais atendem as consideração que o período acadêmico dura
necessidades impostas pela sociedade e alguns anos, em detrimento de uma prática
pelos serviços de saúde. O olhar afetivo profissional de algumas décadas (MITRE et
para um saber significativo começa, então, al., 2008).
a ganhar destaque. Trata-se de uma necessidade de
Com o propósito de aprofundar os abandonar as práticas da educação bancária,
conteúdos sobre as reflexões e mudanças no onde, segundo Paulo Freire (1987), o
que concerne a formação acadêmica em educador deposita conhecimentos no
saúde, este trabalho tem como objetivo educando. Essa necessidade de superação
principal revisar aspectos conceituais do passado é reforçada por uma busca no
relacionados às metodologias ativas e sentido de desenvolver a autonomia do
refletir sobre a sua importância na formação futuro profissional, a fim de que ele seja
de profissionais da saúde. empoderado pelo conhecimento (ROCHA
& LEMOS, 2014).
Para tanto, velhos hábitos
necessitam ser abandonados para dar lugar
a um conjunto de novas práticas. Um
exemplo diz respeito a forma como o
educando deve encarar o processo,
661
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
percebendo-se como um parceiro de os olhares e propostas diferentes. É uma
conhecimento e não como um mero prática que privilegia a interação e debate
aprendiz (BORGES & ALENCAR, 2014). entre os profissionais.
Nesse cenário, a principal característica das David Ausubel, em 1980, apresenta
metodologias ativas é tratar-se de uma a Teoria da Aprendizagem Significativa.
proposta problematizadora. A Para ele, o aprendiz consegue aprender
problematização estimula a apreciação, o significativamente quando incorpora e
exame e a tentativa de modificação. agrega novas informações aos
Outra perspectiva das metodologias conhecimentos prévios. Para o sucesso da
ativas é a de aprender fazendo. Através aprendizagem, dois requisitos são
desse método, o educando fica mais necessários: o primeiro é a disposição para
próximo da prática profissional, desde o aprender, ou seja, interesse pelo objeto de
primeiro momento do curso. O estudo. Já o segundo diz respeito ao
conhecimento prático acompanha e conteúdo a ser aprendido. É preciso que
desenvolve-se com o conhecimento teórico, tenha significado, ou seja, possa ter
de forma que os dois se completam. aplicabilidade (GOMES et al., 2008).
Ao mesmo tempo, há um contato Todas essas propostas exigem do
precoce com a comunidade, a qual serve educador e do educando uma mudança de
como campo prático de ação. É possível postura, o que implica a aceitação do
criar o vínculo com a comunidade e iniciar método e a fidelidade às suas práticas
a prática. Nela, o educando está sob a (SOBRAL & CAMPOS, 2012). Nem
supervisão do profissional, mas com a sempre é possível adotar todos os aspectos
responsabilidade de tomar a decisão e agir de forma completa, mas a mudança para
para transformar a realidade (BERBEL, ações inovadoras de aprendizado enriquece
2011). o conteúdo e estimula o educando a
No processo de metodologias ativas entender de forma diferente sua atuação
há uma necessidade de aprender a trabalhar enquanto profissional (MARIN et al.,
em grupo. Essa proposta é baseada na 2010).
prática profissional que envolve geralmente Nem todas essas mudanças e
grupos de trabalho entre profissionais com perspectivas são amplamente aceitas. No
competências diferentes (BORGES & papel de educador, por exemplo, há críticas
ALENCAR, 2014). Dessa forma, há de que sua função é colocada de forma
possibilidade de preparar o futuro secundária, apenas como mediador, sem se
profissional para acolher, avaliar e respeitar
662
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
posicionar diante dos problemas (MARIN conceito sobre o Arco de Charles
et al., 2010). Maguerez, inspirado em Paulo Freire. A
Metodologia com o Arco de Maguerez tem
como ponto de partida a realidade que,
Estratégias educacionais nas observada sobre diversos ângulos, permite
metodologias ativas ao estudante ou pesquisador extrair e
identificar os problemas ali existentes. O
Muitos são os métodos/estratégias facilitador deverá conduzir os estudantes a
para desenvolver facilitação de grupos de observar a realidade e, em seguida, discutir
metodologias ativas, dentre os quais se em pequenos grupos os conhecimentos
destacam: prévios sobre a situação, propor uma
Aprendizagem Baseada em reflexão e uma análise que conduzam à
Problemas (ABP) – foi inspirada em identificação dos pontos-chaves do
exemplos de experiências de mais de 30 anos, problema, teorizar, gerar hipóteses sobre as
realizadas no Canadá e na Holanda. É um causas para a resolução do problema e
método pelo qual o estudante utiliza a situação aplicá-las à realidade. (COLOMBO &
problema, seja de uma questão da assistência à
BERBEL, 2007).
saúde ou de um tópico de pesquisa, como
Metodologia da Aprendizagem
estímulos para aprender. Após análise inicial, os
baseada na reflexão sobre a experiência –
estudantes definem seus objetivos de
foi desenvolvido por David Kolb e
aprendizagem e buscam as informações
publicada em 1984 no livro “Aprendizagem
necessárias para abordá-lo. Após essa etapa,
discutem o que encontraram e compartilham o Experiencial: Experiência como a fonte de
que aprenderam. Vale ressaltar que o ABP aprendizagem e desenvolvimento”, no qual
direciona toda organização curricular de um reconhece o trabalho desenvolvido nos anos
curso, na qual existe um processo de elaboração de 1900 por Rogers, Jung e Piaget. A teoria
da proposta que abrange desde comissões de de aprendizagem de Kolb tem como
gerenciamento, como coordenação princípio um círculo de aprendizagem
administrativa, estrutural, a capacitação dos
composto por quatros estágios 1)
docentes envolvidos no processo e o
Experiência Concreta; 2) Observação
entendimento do estudante nesse novo contexto
Reflexiva; 3) Conceituação Abstrata e 4)
(BERBEL, 1999).
Experimentação Ativa.
Metodologia da Problematização
Conforme descrito por Kolb este
– foi publicada na década de 70 por
processo representa um círculo de
Bordenave e Pereira (1989) a partir do
aprendizagem ou espiral onde o aprendiz
663
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
“toca todas as bases”, i.e, um círculo de Metodologia de Intervenções
experiências, reflexões, pensamentos e Multifacetadas – envolve múltiplas
atividades. Experiências concretas ou intervenções educativas utilizadas
imediatas conduzem a observações e a simultaneamente em diversos contextos, no
reflexões. Essas reflexões são então intuito de estimular o processo de ensino-
assimiladas (absorvidas e traduzidas) em aprendizagem. Dentre estas intervenções
conceitos abstratos com implicações para a podemos citar: Programas de Educação
ação, que a pessoa pode ativamente testar, o Permanente, abordagens de influência
que, por sua vez, habilita a criação de novas sociais e culturais (grupos de consensos,
experiências (CHAPMAN,2008). opiniões de líderes, marketing), sessões
Metodologia dos Ciclos de didáticas com material impresso, material
Aperfeiçoamento da Prática Profissional para educação do paciente, feedback sobre
(CAPP) ou Revisão em Pares (Peer a performance e revisão de prontuários.
Review) – é uma a atividade educacional (BERWANGER, 2012; TOMAZ, 2011)
para aprendizagem em pequenos grupos. É Alguns exemplos desta metodologia
definido como um processo permanente e podem ser observados no estudo de
sistemático de reflexão crítica e avaliação Porciuncula et al., (2013). Intitulado
da prática profissional, conduzido por um “Intervenção multifacetada e cobertura de
grupo de profissionais que se organizam citopatológico e mamografia”, os autores
com o intuito de obterem contínuo utilizaram-se da ampliação do horário de
aprimoramento na qualidade do serviço consultas e da criação de material educativo
(ALMEIDA, 2012; SILVERIO, 2008). distribuído nas consultas e convite por carta
O CAPP segue os seguintes passos: para consulta.
1) Escolha do tópico (o que queremos No estudo de Berwanger (2012),
rever?); 2) Seleção dos critérios (o que cujo objetivo foi avaliar a intervenção da
queremos alcançar?); 3) Observando a metodologia multifacetada no uso de
prática (o que estamos fazendo?); 4) terapias para reduzir a incidência de eventos
Avaliação da prática (Como estamos em cardiovasculares em pacientes com
relação aos critérios?); 5) Planejamento da Síndromes Coronarianas Agudas – SCA,
mudança (o que devemos mudar?); 6) concluiu que uma intervenção educativa
avaliação das mudanças (obtivemos sucesso multifacetada resulta em melhora
em melhorar o cuidado dos nossos significativa no uso de medicamentos e que
pacientes?). esta intervenção é relativamente simples e

664
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
exequível especialmente em contextos de discussão em sala e uma avaliação através
recursos limitados. de atividades e fóruns na Internet. Como a
Aprendizagem Baseada em avaliação é muito rápida, o educador pode
Projetos – Geralmente é uma abordagem modificar o conteúdo das próximas aulas de
utilizada de forma multidisciplinar. acordo com as necessidades dos alunos,
Valoriza muito mais a discussão do criando um sistema de aulas “sob medida”
problema-base do que a sua solução, uma para a turma (ARAUJO & MAZUR, 2013).
vez que a proposta é lançada ao grupo Aprendizagem Baseada em Times
(FERNANDES, FLORES e LIMA, 2010). – Cada conteúdo é estudado previamente
O problema é real e colocado de forma que pelo educando, em equipe. Os
os discentes tenham que perceber todas as conhecimentos são avaliados em grupo e
implicações de suas ações. Ao final do cada grupo é responsável por apresentar à
projeto ele é apresentado com seus sala o que aprendeu. A proposta é que os
resultados esperados. grupos discutam na mesma sala
Peer Instruction – Também simultaneamente, valorizando a
conhecido como Instrução pelos Colegas, aprendizagem baseada no diálogo e na
utiliza perguntas de múltipla escolha para interação entre os alunos (BOLLELA et al.,
debater temas e verificar as dificuldades. 2014). A avaliação é tanto individual como
Em outros casos, o educador lança uma em grupo. Por fim, os conteúdos são
situação hipotética e averigua, através de trabalhados de forma prática.
votação entre os educandos, quais os Método de Casos – Consiste num
possíveis resultados. O educador então estudo de caso que contém um dilema a ser
levanta discussões acerca do ponto estudado pelos alunos. O caso é apresentado
estudado a fim de que os educandos e discutido pela sala, oportunidade em que
cheguem à resposta (ARAUJO & MAZUR, o educador faz uma série de
2013). O método de votação permite que o questionamentos direcionadores. O caso
educador perceba a dimensão das dúvidas também pode conter seu desfecho, situação
dentro da sala de aula. na qual ele é utilizado para julgar se o
Just-in-time teaching – através posicionamento adotado é, na visão dos
desse método, as ferramentas tecnológicas educandos, o mais adequado. O estudo dos
dão uma resposta quase instantânea sobre a casos pode ser utilizado individualmente ou
assimilação do educando. O conteúdo da em grupo, e pode-se também disponibilizar
aula é disponibilizado previamente nos casos diferentes para os grupos, de maneira
meios eletrônicos. Em seguida, há
665
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
a abordar diferentes temas (SILVA & aprendizagem. São processadas em dois
BENEGAS, 2010). momentos, sendo o primeiro denominado
Simulações – A realidade é síntese provisória (exploração de uma
apresentada de forma lúdica para a situação com identificação de
compreensão dos educandos. Os temas são conhecimentos prévios e das fronteiras de
colocados de forma prática em que o aprendizagem expressas nas questões de
educando deve se comportar como se aprendizagem) e o segundo, nova síntese
estivesse frente a uma situação real. Em (socialização das buscas e novas
algumas situações pode-se dispor de atores informações para a construção de novos
que interpretem as situações. O aprendizado saberes e partir das questões de
é mais facilmente fixado, pois ocorre o aprendizagem e da análise crítica das
processo de sinestesia. A simulação informações) (BRASIL, 2012; LIMA et al.,
favorece um significado lógico para o 2015).
conhecimento passado, de forma que o Metodologia Espiral
educando entende a importância do Construtivista – é fundamentada na
conteúdo para a sua formação (VARGA et abordagem construtivista, na metodologia
al., 2009). científica e na aprendizagem baseada em
O problema é visto como uma situações problemas (SP’s). É representada
situação desconhecida, que gera uma em uma espiral, pois traduz a relevância das
necessidade e que motiva os indivíduos a diferentes etapas educacionais no processo
buscarem uma solução. As soluções podem ensino-aprendizagem, como movimentos
ser convergentes (únicas) ou divergentes articulados e que se retroalimentam. Os
(quando diferentes caminhos são possíveis). movimentos são desencadeados conforme
Existem distintas classificações para as necessidades de aprendizagem, frente a
problema: bem ou mal definido; simples ou um disparador ou estímulo para o
complexo; longos ou curtos; familiares ou desenvolvimento de capacidades (BRASIL,
desconhecidos. Essas variedades podem ser 2012; LIMA et al., 2015).
sintetizadas em três tipos de problema: os Para o processamento de uma SP
enigmas ou quebra-cabeças; problemas com base na espiral construtivista é
estruturados; e problemas desestruturados necessário, inicialmente, que os
(JONASSEN, 1997). participantes do grupo identifiquem os
As situações-problema (SP) são problemas a serem abordados (ideias força).
elaboradas pelos autores e cumprem o papel A sistematização desse levantamento é
de disparadoras do processo de ensino- fundamental para o sucesso das etapas
666
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
seguintes do processo. Assim, o relacionar três momentos ou movimentos: a
processamento de uma Situação Problema identificação de um problema, a busca de
(SP) se dá pela articulação entre a fatores explicativos e a proposição de
abordagem construtivista, a metodologia solução ou soluções.
científica e a aprendizagem baseada em Todo esse processo é acompanhado
problemas a partir da exploração de um por uma avaliação formativa da
disparador, que é a SP (LIMA et al., 2015). aprendizagem do estudante, que objetiva
A partir do processamento da identificar: a exploração do conhecimento
situação problema e da narrativa da prática, prévio dos mesmos, o desenvolvimento do
o processo ensino-aprendizagem vai se raciocínio clínico e epidemiológico, a
constituindo no movimento em espiral, o formulação de hipóteses, a busca e análise
qual compreende seis passos: O primeiro é crítica do conhecimento necessário para
a identificação do(s) problema(s); o melhor explicar o problema, e a formulação
segundo é a formulação de explicação; o de planos de cuidado para situações
terceiro é a elaboração de questões de individuais e coletivas. Assim, a avaliação
aprendizagem; o quarto é a busca de novas não se dá ao final do processamento, mas
informações; o quinto é a construção de também durante todo o processo de
novos significados; e o sexto e último passo desenvolvimento.
é a avaliação do processo Aprendizagem baseada em equipe
(ALBUQUERQUE et al., 2010). ou Team Based Learning (TBL) – é uma
Segundo Zanotto e De Rose (2003), metodologia educacional que inicialmente
a habilidade de problematizar, como a foi desenvolvida como alternativa às
habilidade de relacionar de forma coerente exposições para grandes grupos, mas
e sequencial, possui três momentos: a durante o desenvolvimento pode envolver
identificação de um problema, a busca de estratégias de aprendizagem também em
explicação e a proposição de soluções, pequenos grupos. A estratégia utilizada
sendo essa habilidade alvo da ação favorece a aprendizagem ativa e a
educativa. Segundo as autoras, o ensino ampliação de saberes entre os participantes.
dessa habilidade pode ser planejado por A aprendizagem no método TBL
meio de qualquer metodologia que se refere necessita de planejamento e preparo prévio
ao estudo de problemas, mas o que é comum e, para sua realização, é preciso que ocorra
a todas elas é que estão pautadas no uma divisão em três momentos: o primeiro
trinômio PROBLEMA– EXPLICAÇÃO – momento é o estudo/análise individual do
SOLUÇÃO. Dessa forma, o aprendiz deve material (contexto/cenário); o segundo
667
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
momento é a verificação do conhecimento observados, simulados e/ou vivenciados. A
prévio (teste individual/em equipe), partir dessa reflexão, os estudantes
levantamento de dúvidas e feedback; e o assumem uma postura ativa na construção
terceiro momento refere-se à aplicação de dos seus conhecimentos, uma vez que esses
conceitos. problemas são identificados por eles
Para que ocorra uma efetiva mesmos e passam a servir como
aprendizagem, o TBL enfatiza três “trampolins” que permitem integrar teoria e
elementos de efetiva vinculação que são: prática e estudar as necessidades concretas
responsabilização individual e coletiva nas que irão se deparar quando profissionais.
atividades propostas; interação do grupo
para o desenvolvimento do trabalho A formação do facilitador de grupos de
individual e grupal; motivação e abertura metodologias ativas
para troca de conhecimento e construção
coletiva (BRASIL, 2012). A primeira pergunta que nos
Os desafios que a estratégia de TBL fazemos é “Qual o significado de
impõe são: a promoção do engajamento das competência? ”
equipes e a manutenção de sua motivação, O termo competência surgiu
uma vez que, sua maior fortaleza reside na primeiramente na educação profissional,
construção coletiva de conhecimento quando em alguns países industrializados
(inteligência coletiva), na força do trabalho havia necessidade de integrar o sistema
em equipe e na sua potencialidade de educativo com o produtivo. Assim, o
construção de projetos, resolução de modelo de competências passou a ser uma
problemas e formulação de questões. A proposta viável em decorrência das
força da aprendizagem em equipe é mudanças no mundo do trabalho, que
resultado da qualidade da participação de apontavam para a necessidade de um novo
todos (BRASIL, 2012). perfil do trabalhador. A formação mais
Pode-se perceber que as ampla do trabalhador já havia sido
metodologias ativas descritas possuem uma defendida por educadores e passou a ser
homogeneidade entre elas. Isso porque a também um foco dos empresários com
concepção educativa adota a pedagogia objetivo de formar um profissional com
crítico-reflexiva na construção do maior autonomia, iniciativa e com
conhecimento. Nesse sentido, o estudante é capacidade de resolver problemas
estimulado a refletir sobre os problemas (DEPRESBITERIS, 2005; RON & SOLER,
encontrados na realidade, que podem ser 2010).
668
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
No contexto educacional, O saber-fazer desvela as técnicas, os
competência é um saber-mobilizar, ou seja, procedimentos, as estratégias que
não se trata somente de uma técnica ou mais constituem as atividades do trabalho. Os
um saber, e sim, de uma capacidade de saberes destacam a dimensão dos
mobilizar um conjunto de recursos, conhecimentos técnicos e tecnológicos que
conhecimentos práticos, esquemas de devem embasar um saber-fazer mais
avaliação, ação, ferramentas, atitudes a fim consciente e fundamentado. O saber-ser diz
de enfrentar com eficácia situações respeito não só a atitudes, mas a valores, e é
problemáticas, complexas e inéditas por meio deles que os outros saberes
(PERRENOUD, 1997). adquirem uma organização social. A
A discussão sobre as competências importância do saber-ser pode ser
no contexto educacional desvelou e considerada na perspectiva de uma
continua a desvelar aspectos educacionais dimensão social, pois vem expressar o que
de fundamental importância. Alguns desses parece ter sido sempre uma preocupação: a
aspectos são os da necessidade de ética de uma profissão. De que adianta um
mobilização integrada de vários saberes, de profissional extremamente bem preparado
reformulação dos currículos das instituições tecnicamente se suas atitudes são
de educação profissional, da inovação nos antiéticas?
conteúdos e formas de capacitação de Dessa forma, o reconhecimento de
professores e, principalmente, de uma uma competência não é apenas identificar
avaliação de caráter mais dinâmico e situações a serem controladas ou resolvidas,
formativo. mas sim orientar questões éticas
Em função desse novo cenário, a pertinentes. Isso porque competência é
importância e exigência de uma formação entendida como uma habilidade para
mais ampla ficaram evidentes no Brasil com enfrentar uma família de situações
a Lei de Diretrizes e Bases da Educação análogas, que envolve mobilizar de forma
Nacional – LDB de 1996. Nos documentos rápida, pertinente e criativa múltiplos
que definem as diretrizes para a educação recursos cognitivos que se relacionam com
profissional, a competência é vislumbrada valores, saberes, atitudes, avaliação e
como a capacidade pessoal de articular raciocínio (MESETTO, 2003).
autonomamente os saberes (saber, saber Sobre o fato de desenvolver
fazer, saber-ser e saber-conviver) inerentes competências, Belloni (2002) esclarece que
a situações concretas de trabalho. a redefinição do papel do professor é crucial
para o sucesso dos processos educacionais
669
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
presenciais ou a distância. Sua atuação Inconformismo Radical (grifo nosso).
tenderá a passar do monólogo sábio da sala “Inconformismo” porque recusa as
de aula para o diálogo dinâmico dos tendências conservadoras, assumindo o
laboratórios, e-mail, fórum, telefone e caráter emancipatório do indivíduo.
outros meios de interação mediatizadas e da “Radical” porque os valores que persegue
construção coletiva do conhecimento tem se estendido a um largo espectro de
através da pesquisa em equipe questões. É pensando nesse paradigma da
interdisciplinar. saúde coletiva que as metodologias ativas
A compreensão das competências de ensino-aprendizagem, em especial na
pelo facilitador poderá ajudá-lo a exercer área da saúde, ganham consistência e
melhor o processo de ensino-aprendizagem materialidade.
na medida em que proporcionará a Não se contentando com velhos
identificação das condições ou requisitos paradigmas de ensino, baseados na
necessários para exercer a função, das passividade do aprendiz no processo, as
competências que possui e das lacunas de metodologias ativas buscam colocar o
aprendizagem existente. Tal competência estudante no centro do processo, tornando-
está relacionada na habilidade de se corresponsável pelo aprendizado, sempre
"competência prática" no âmbito do ensino, buscando com que se desenvolva um olhar
ou seja, o facilitador deverá ser capaz de amplo acerca do ser humano,
definir e ajustar projetos com base nos compreendendo suas múltiplas dimensões.
objetivos e nos princípios de ética Desse modo, uma primeira competência
propostos, de analisar suas práticas e, consiste em entender que o conhecimento é
através desta análise, se autoqualificar ao uma construção coletiva, dinâmica e
longo de toda sua carreira (LEME, 2005). autônoma.
Mas então, quais são as Segundo Costa (2000), outra
competências que um facilitador de grupos competência que os facilitadores devem
de metodologias ativas deve possuir? Como desenvolver reside na capacidade de
desenvolvê-las e aplicá-las na facilitação reconhecer que podem contribuir para a
de grupos no processo de ensino- transformação da realidade na qual ele
aprendizagem em saúde? próprio está inserido e onde os aprendizes
Segundo o professor José Ayres se colocam, transpondo saberes para além
(2002), na obra “Sobre o risco- para da sala de aula. Mas, como o facilitador
compreender a epidemiologia”, a Saúde pode desenvolver tal competência?
Coletiva brasileira nasceu do
670
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
Hager e Gonczi (2006) nos Segundo Coll (2000), o
fornecem um caminho. Para eles, estabelecimento de relações pressupõe a
a prática é o eixo estruturante a partir do capacidade de articulação entre distintas
qual se estabelece o confronto experiencial
com a realidade e se propicia a reflexão e a áreas do saber, num processo flexível e
construção de saberes para o
desenvolvimento profissional. Assim, é na multiprofissional. Assim, o facilitador deve
ação, no desempenho frente a novas
situações, que o profissional pode utilizar ter a capacidade de integrar diferentes
conhecimentos e habilidades conhecimentos, de modo a atender as
ressignificados por meio do conjunto de
seus valores pessoais. (p.17) necessidades de cada integrante do grupo de
facilitação.
A partir da prática e do contato com
O facilitador ainda deve ser capaz de
a dinâmica social é que as competências são
identificar as necessidades de aprendizagem
desenvolvidas. Dentre elas, cita-se a
individuais e coletivas, de estimular o
capacidade de reflexão sobre os múltiplos
pensamento científico e crítico e apoiar a
saberes, de receber e de emanar críticas e de
produção de novos conhecimentos,
compreender que as verdades são múltiplas
apresentando uma postura aberta à
e vão se solidificando na medida em que são
transformação do contexto.
objetos de reflexão.
Muitas outras competências ainda
Desse modo, acentua Cyrino e
são necessárias: capacidade de tomada de
Torales-Pereira (2004), trata-se de uma
decisão, de trabalho em equipe, de
aprendizagem baseada em descobertas e
construção participativa, de autonomia e de
redescobertas, valorizando o aprender a
aprimoramento da capacidade colaborativa.
aprender, significando que a construção de
conceitos acontece por meio da experiência,
Importância das metodologias ativas na
a qual direciona para os conteúdos que
formação de profissionais na área da
devem ser aprendidos, numa perspectiva
saúde
construtivista.
Além dessas, o facilitador deve ter
Para Braccialli e Oliveira (2011) a
capacidade de liderança, caracterizada pela
formação com o uso das metodologias
horizontalidade das relações interpessoais
ativas diferencia-se do ensino tradicional,
que envolvam compromisso,
que envolve a exposição do conteúdo por
comprometimento, responsabilidade,
meio da oratória, elemento fundamental da
autonomia, empatia e habilidades para
técnica em que o docente diz o que deve ser
tomar decisões.
feito e cabe ao estudante memorizar o
conteúdo sem refletir sobre o conhecimento
671
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
para incorporá-lo à prática. As entre os indivíduos envolvidos no processo
metodologias ativas proporcionam a ensino-aprendizagem. Nesse ponto, o
reflexão sobre os pensamentos e as facilitador deve encorajar a
experiências práticas, oferecendo construção/formação de um ambiente
oportunidade para mudar o que pensamos e protegido para que o processo ensino-
fazemos por meio da análise crítica leva ao aprendizagem se enraíze, como ferramenta
entendimento integral da saúde. transformadora.
A formação dos profissionais de Uma segunda questão que precisa
saúde precisa evoluir com o propósito de ser trabalhada nesse processo é como o
construir um profissional capaz de conduzir resultado do aprendizado coletivo
de forma autônoma seu processo de representa a aprendizagem de cada
aprendizagem ao longo da vida, sendo indivíduo do grupo. Para isso, o
capaz de se adaptar às mudanças, planejamento das atividades é um
raciocinando criticamente e tomando elemento-chave no processo.
decisões fundamentadas em sua própria Nessa perspectiva o planejamento
avaliação (HENRIQUE et al., 2006). educacional, segundo Coaracy (1972) é um
A primeira importância é que a “processo contínuo que se preocupa com o
“para onde ir” e “quais as maneiras
aprendizagem se dá no e para o grupo. adequadas para chegar lá”, tendo em vista a
situação presente e possibilidades futuras,
Nesse sentido, é mister o que Chiessa et al., para que o desenvolvimento da educação
atenda tanto as necessidades do
(2007) nos apresenta quanto a importância desenvolvimento da sociedade, quanto às
do grupo: do indivíduo” (p.79).

as intervenções grupais possuem um caráter


potencializador, cooperativo e oportuno A partir do bom planejamento,
quanto à possibilidade de produzir e gerir
conhecimentos direcionados à introdução afirmam Paranhos e Mendes (2010), os
de mudanças concretas nos micro-espaços
de trabalho das instituições de saúde. Isso
estudantes valorizam as disciplinas, de
pode se dar a partir do exercício do modo que se tornam integradoras da teoria
pensamento e da ação crítica, aderentes a
um projeto ético-político que avance na e da prática. Essa valorização ganha
direção de uma sociedade que qualifique ao
máximo a vida, permitindo o uso fruto de materialidade quando o grupo reconhece
bens pela maioria dos cidadãos. (p.238).
que o resultado do todo foi maior do que a

Struchiner e Giannela (2005) soma das partes, sendo cada uma dessas

reforçam a importância do grupo no partes representada na produção do todo.

desenvolvimento intelectual já que tal Planejar o ensino para o

desenvolvimento é altamente dependente de desenvolvimento de competências

interações sociais e reflete a colaboração pressupõe a utilização de boas situações de

672
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
aprendizagem. Segundo (WEIZ, 2002) as o respeito mútuo, a identificação de lacunas
situações de aprendizagem devem reunir de aprendizagem e a avaliação formativa.
algumas condições em que os educandos:
-Precisem por em jogo tudo o que CONSIDERAÇÕES FINAIS
sabem e pensam sobre o que se quer ensinar.
-Tenham problemas a resolver e A partir das questões abordadas nesta
decisões a tomar em função do que se revisão narrativa, podemos concluir que:
propõem a produzir.
-A organização da tarefa pelo 1- As metodologias ativas representam uma
facilitador garanta a máxima circulação de mudança de paradigma de ensino-
informação possível. aprendizagem no Brasil, tendo como base o
-Aconteça o diálogo entre o ensino e aprendizado significativo e democrático;
a aprendizagem. 2- O sucesso das metodologias ativas está
Zanolli (2004) coloca que as novas na possibilidade de conjugação de
práticas incluem uma nova concepção no estratégias diversas, conforme a
planejamento e construção de conteúdos e necessidade de aprendizagem do grupo,
objetivos educacionais. Esse processo de considerando também os saberes prévios de
transição através do planejamento inclui a cada aprendiz;
mudança do ensinar-aprender com 3- O facilitador deve relacionar um
observação passiva dos estudantes, para ao conjunto de competências nas áreas de
aprender a aprender, com participação ativa gestão e de educação e;
dos aprendizes, ou seja, do centrado no 4- As metodologias ativas configuram-se
professor para centrado no estudante. Esse como uma nova possibilidade de formação
processo centrado no aprendiz permitirá a na área da saúde.
construção do conhecimento crítico e
reflexivo individual conectado com o REFERÊNCIAS
coletivo.
ALBUQUERQUE, V.S.et al. Spaces of
Além disso, o mesmo autor sinaliza
knowledge construction and evaluation in
que o planejamento das atividades the integrated curriculum of unifeso’s
nursing graduation course Revista de
educativas deve considerar também a
pesquisa: cuidado é fundamental- online
aquisição de competências, a construção de 2010. jul/set. 2(3):997-1008;
conhecimentos e de habilidades para
ALMEIDA, E.R. et al. Aplicação dos
resolver problemas, o aprender a aprender, Ciclos de Aperfeiçoamento da Prática
Profissional na Educação Permanente
673
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
de Enfermeiros da Atenção Primária à BORDENAVE, J. D.; PEREIRA, A. M.
Saúde – Relato de experiência. Prêmio Estratégias de ensino aprendizagem. 4.
mineiro de práticas exitosas na atenção ed. Petrópolis: Vozes, 1989.
primária à saúde, 2012. Disponível em:
http://atencaobasica.org.br/relato/1016. BORGES, T.S; ALENCAR, G.
Metodologias ativas na promoção da
ARAUJO, I.S; MAZUR, E. Instrução pelos formação crítica do estudante: o uso das
colegas e ensino sob medida: Uma metodologias ativas como recurso didático
proposta para o engajamento dos alunos no na formação crítica do estudante do ensino
processo de ensino-aprendizagem de física. superior. Cairu Revista. Jul/ago 2014, ano
Caderno Brasileiro de Ensino de Física, 03, nº 04, p. 119-143;
n. 2: p. 362-384, ago. 2013;
BRACCIALLI, L.A.D; OLIVEIRA,
AYRES, J.R.C.M. Sobre o risco- para M.A.C. Concepções de avaliação de
compreender a epidemiologia. São Paulo: desempenho em um currículo orientado
Editora Hucitec, 2002; por competência. Revistada Escola de
Enfermagem-USP.2011; 45(5): 1221-
BELLONI, M.L. Ensaio sobre a educação 1228;
a distância no Brasil. Educação &
Sociedade, ano XXIII, no 78, Abril/2002; CHAPMAN, A. Kolb learning styles.
Traduzido por BATISTA, Gustavo Araújo
BERBEL, N.A.N. A problematização e a & SILVA, Márcia Rodrigues Luiz. 2008.
aprendizagem baseada em problemas: Disponível em
diferentes termos ou diferentes caminhos? http://www.businessballs.com/kolblearning
Interface – Comunicação, Saúde, styles.htm;
Educação, v.2, n.2, 1998;
COARACY, J. O planejamento como
BERBEL, N.A.N. As metodologias ativas processo. Revista Educação, Ano I, no. 4,
e a promoção da autonomia de estudantes. Brasília, 1972. p.79;
Seminário: Ciências Sociais e Humanas,
Londrina; jan/jun 2011. V. 32, n.1, p. 25- COLL, C. Psicologia e currículo: uma
40; aproximação psicopedagógica à
elaboração do currículo escolar. São
BERBEL, N.A.N.(org.) Metodologia da Paulo: Áttica, 2000;
Problematização. Fundamentos e
Aplicações. Londrina: UEL, 1999. COLOMBO, A. A.; BERBEL, N. A. N. A
Metodologia da Problematização com o
BERWANGER, O. et al. Effect of a Arco de Maguerez e sua relação com os
Multifaceted Intervention on Use of saberes de professores. Seminário:
Evidence-Based Therapies in Patients With Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v.
Acute Coronary Syndromes in Brazil. 28, n. 2, p. 121-146, jul/dez. 2007;
American Medical Association. All rights
reserved. JAMA, May 16,vol 307, n. 19, COSTA, H.O.G. O processo de construção
2012. e de trabalho da Rede Unida. Divulgue
Saúde Debate. 2000; 22:9-17;
BOLLELA, V.R et al. Aprendizagem
baseada em equipes: da teoria à prática. CYRINO, E; TORALLES-PEREIRA,
Medicina (Ribeirão Preto), 47(3):293- M.L. Trabalhando com Estratégias de
300. 2014; ensino-aprendizado por descoberta na área
da saúde: a problematização e a
674
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
aprendizagem baseada em problema. ResearchandDevelopment.1997;
Caderno Saúde Pública. 2004; v.20, n.3; 45(1):65-94;

DEPRESBITERIS, L. Competências na LEME, R. Aplicação prática da gestão de


educação profissional - é possível avaliá- pessoas: mapeamento, treinamento,
las? Boletim Técnico do SENAC, 2005. seleção, avaliação e mensuração de
Acesso em 14.02.2014 – Disponível em: resultados de treinamento. Rio de Janeiro:
http://www.senac.br/BTS/312/ Quality mark, 2005;
boltec312a.htm;
LIMA, V.V. et al. Processos educacionais
FERNANDES, S.R; FLORES, M.A; na saúde: aperfeiçoamento com ênfase na
LIMA, R.M. A aprendizagem baseada em aprendizagem significativa. São Paulo:
projetos interdisciplinares: Avaliação do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e
impacto de uma experiência no ensino de Pesquisas, 2015;
engenharia. Avaliação, Campinas;
Sorocaba, SP, v. 15, n. 3, p. 59-86; MARIN, M.J.S. et al. Aspectos das
fortalezas e fragilidades no uso das
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17ª Metodologias Ativas de Aprendizagem.
ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987; Revista Brasileira de Educação Médica.
34(1): 13-20: 2010;
GEMIGNANI, E. Formação de
Professores e Metodologias Ativas de MENDONÇA, F.F. Formação de
Ensino-Aprendizagem: Ensinar Para a Facilitadores de educação permanente
Compreensão. Revista Fronteira da em saúde: percepções de tutores e
Educação[online], Recife, v. 1, n. 2, 2012; facilitadores. Dissertação de Mestrado do
Programa de Mestrado em Saúde Coletiva
GOMES, A.P. et al. A educação médica da Universidade Estadual de Londrina.
entre mapas e âncoras: a aprendizagem Londrina, 2008;
significativa de David Ausubel, em busca
da arca perdida. Revista Brasileira de BRASIL. Ministério da Saúde. Conselho
Educação Médica. 2008; 32(1)105-11; Nacional de Secretários de Saúde.
Conselho Nacional de Secretarias
HAGER, P; GONCZI, A. What is Municipais de Saúde. Fundação Dom
competence? Medical Teacher. 2006; Cabral. Caderno do Curso de
18(1):15-18; capacitação em processos educacionais
na saúde: com ênfase em facilitação de
HENRIQUES, R.L.M. et al. Cenários de metodologias ativas de ensino-
aprendizagem: interseção entre os aprendizagem / Instituto Sírio-Libanês de
mundos do trabalho e da formação. In: Ensino e Pesquisa:- São Paulo, 2012;
Pinheiro, R, Ceccim RB, Mattos RA,
organizadores. Ensinar saúde: a CHIESA, A.M. et al. A formação de
integralidade e o SUS nos cursos de profissionais de saúde: aprendizagem
graduação na área da saúde. Rio de significativa à luz da promoção da saúde.
Janeiro: IMS/ UERJ, CEPESC, Abrasco; Cogitare Enfermagem, v. 12, n. 2, p. 236-
2006. p. 229-250; 40, abr.-jun. 2007.

JONASSEN, D.H. Instructional design MITRE, S.M. et al. Metodologias ativas de


models for well-structured and III- ensino-aprendizagem na formação
structured problem-solving learning profissional em saúde: debates atuais.
outcomes. Educational Technology
675
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
Ciência e Saúde coletiva. Rio de Janeiro, produção nacional: revisão integrativa.
2008. Vol.13 suppl. 2; Revista da Escola de Enfermagem- USP.
2012; 46(1): 208-18;
PARANHOS, V.D; MENDES, M.M.R.
Currículo por competência e metodologia STRUCHINER, M.; GIANNELLA, T.R.
ativa: percepção de estudantes de Aprendizagem e Prática Docente na
Enfermagem. Revista latinoamericana de Área da Saúde: conceitos, paradigmas e
enfermagem. 2010;18(1):1-7; inovações. Washington, D.C.: OPAS,
2005, p.111.
PERRENOUD, P. Formação Contínua e
Obrigatoriedade de Competências na TOMAZ C.J.B. Metodologias Ativas de
Profissão de professor. Tradução de Aprendizagem para a Educação Médica
Luciano Lopreto in Ideias - Fundação para Permanente. I Seminário Estadual de
o Desenvolvimento da Educação, São Educação Médica Permanente. Escola de
Paulo, n° 30, p. 205-248, 1997; Saúde Pública do Ceará, 2011;

PORCIUNCULA, R.L. Saúde da mulher: VARGA, C.R.R. et al. Relato de


intervenção multifacetada e cobertura de experiência: o uso de simulações no
citopatológico e mamografia. Anais processo de Ensino-aprendizagem em
Congresso Brasileiro Medicina de Medicina. Revista Brasileira de
Família e Comunidade. Maio; 12:957, Educação Medica. 33 (2): 291-297. 2009;
Belém, 2013.
WEISZ, T. O diálogo entre o ensino e a
ROCHA, H.M; LEMOS, W.M. aprendizagem. 2. ed. São Paulo: Ática,
Metodologias Ativas: Do que estamos 2002. (Série Palavra de Professor).
falando? Base conceitual e relato de
pesquisa em andamento. IX SIMPED – XAVIER, A.S; KOIFMAN, L. Educação
Simpósio Pedagógico e Pesquisas em superior no Brasil e a formação dos
Educação. 2014; profissionais de saúde com ênfase no
envelhecimento. Interface
RON, R.R.D; SOLER, E.M. Planejamento (Botucatu) [online]. 2011, vol.15, n.39,
de ensino e avaliação da aprendizagem pp.973-984. Epub Aug 19, 2011. ISSN
para cursos estruturados com base em 1414-3283;
competências. Revista Eletrônica de
Educação e Tecnologia do SENAI-SP. ZANOLLI M. Metodologias ativas de
ISSN: 1981-8270. v.4, n.8, mar. 2010; ensino-aprendizagem na área clínica. In:
Marins JJN, Rego S, Lampert JB, Araújo
SILVA, R.R; BENEGAS, A.A. O uso do JGC, organizadores. Educação médica em
caso como método de ensino na graduação. transformação: instrumentos para a
Economia & Pesquisa, v 12 n. 12 p. 9-31. construção e novas realidades. São Paulo:
Nov 2010; Hucitec; 2004;

SILVERIO, J.B. Programa de educação ZANOTTO, M.A.C.; DE ROSE, T.M.S.


permanente para médicos de família. Problematizar a própria realidade: análise
Revista Médica, Minas Gerais, v.18, Supl de uma experiência de formação contínua.
4, 2008; Educação e Pesquisa, v.29, n.1, p.45-54,
2003.
SOBRAL, F.R; CAMPOS, C.J.G.
Utilização de metodologias ativas no
ensino e assistência de enfermagem na
676
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016
677
Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 14, n. 2, p. 659-677, ago./dez. 2016

Você também pode gostar