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MÉTODOS DE ENSINO INOVADORAS NO CONTEXTO

ESCOLAR

Sufo Auasse Atua, sufoauasse83@gmail.com1

Resumo

As transformações sociais acabam por influenciar também o meio académico, gerando uma demanda no
que se refere ao desenvolvimento de metodologias que abarquem a nova conjuntura proporcionada pela
globalização e pelas exigências do sistema capitalista vigente, visando a capacitação de profissionais que
lidem coerentemente com as questões educacionais. Tais metodologias são citadas por vários estudiosos
do meio, e apresentam-se nesta pesquisa como facilitadoras do processo de ensino-aprendizagem, sejam
estas as redes sociais, a aprendizagem móvel, a sala de aula invertida e o design thinking. Além desses
elementos pode-se citar abordagens simples que contribuem para uma metodologia eficaz no contexto
escolar, tais como a modificação do formato da sala de aula, a estruturação de um plano de aula que
rompa com os paradigmas educacionais, como por exemplo, uma abordagem em que se utiliza os espaços
não-formais de educação. Esta pesquisa de carácter bibliográfico busca mostrar algumas das variadas
possibilidades de se abordar metodologias activas em seus diferentes níveis escolares, e para isto foram
pesquisados dados de artigos científicos do Google Académico e do Portal de Periódicos CAPES/MEC.
A análise desses artigos denota a importância de se levar em consideração o papel do professor enquanto
mediador na construção do conhecimento, que deve se dá de forma bilateral, onde tanto aluno como
professor possam contribuir na actuação e elaboração do saber.
Palavras-chave: metodologias inovadoras, ensino-aprendizagem, contexto escolar.

Abstract
Social transformations also end up influencing the academic environment, generating a demand for the
development of methodologies that encompass the new situation brought about by globalization and the
demands of the current capitalist system, aiming at training professionals who deal coherently with
educational issues. . Such methodologies are cited by several experts in the field, and are presented in this
research as facilitators of the teaching-learning process, whether these are social networks, mobile
learning, the flipped classroom and design thinking. In addition to these elements, simple approaches can
be mentioned that contribute to an effective methodology in the school context, such as modifying the
classroom format, structuring a lesson plan that breaks with educational paradigms, such as, for example,
an approach in which non-formal education spaces are used. This bibliographic research seeks to show
some of the varied possibilities of approaching active methodologies in their different school levels, and

1
Licenciado em Ensino de Geografia pela Universidade Católica de Moçambique, Delegação de Pemba
(2020), mestrando em Psicopedagogia, na Academia Militar Marechel Samora Moisés Machel.

1
for this, data from scientific articles from Google Scholar and the Portal de Periódicos CAPES/MEC were
researched. The analysis of these articles denotes the importance of taking into account the role of the
teacher as a mediator in the construction of knowledge, which must take place bilaterally, where both
student and teacher can contribute to the performance and elaboration of knowledge.
Keywords: innovative methodologies, teaching-learning, school context.

Introdução
A constante busca pelo conhecimento em um mundo de inovações e a necessidade de se
formar um cidadão ético, crítico, com autonomia na resolução de problemas, que esteja
preparado para se engajar em um mercado de trabalho em constante actualização. Para
isto o profissional deve ter qualificação adequada e suficiente, sendo capaz de lidar com
os problemas que possam surgir no desenvolvimento de tais abordagens, assim como
também saber direccionar as aulas quando se fizer necessária uma abordagem inclusiva.
Além disso, pode-se constatar que estes métodos de ensino tornam-se eficazes no
sentido de poder desenvolver uma consciência crítica nos estudantes, nos mais variados
níveis de ensino, inclusive na graduação; permitindo que o aluno sujeito, se estabeleça
como agente transformador da realidade, aproximando-o da sua comunidade e da sua
família. Isto indica um aprimoramento nas relações sociais que permeiam a escola, o
que envolve os alunos, a escola, a comunidade e o poder público.
Os agentes sociais representam um papel de tamanha relevância para que haja uma
mudança de paradigma capaz de favorecer o acesso ao conhecimento pelos diferentes
sujeitos envolvidos. Dessa forma, vê-se o professor como o elo principal na transformação
da realidade educacional; sendo o mesmo responsável pela sua própria qualificação que se
torna um factor primordial para acompanhar as novas directrizes que surgem com o mundo
contemporâneo. A partir da figura do professor é que se pode pensar numa mudança
significativa na formação dos alunos, pois este deve actuar como facilitador do aprendizado,
e para isto deve dispor de um aparato técnico-científico embasado em teorias constatadoras
de uma educação eficiente e plena, com destaque para seu papel de mediador do processo,
tendo em vista que o professor enquanto mediador do processo educacional deveria
favorecer todas as possibilidades que estivessem dentro do quotidiano dos seus alunos; isto
serve tanto para a educação básica como para o ensino superior (SENA, 2016).

1.Fundamentação Teórica

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1.1.Métodos Inovadores de Ensino
Novos desafios se impõem nos cenários actuais da educação e currículos universitários
altamente complexos. O acúmulo exponencial de conhecimentos e a incorporação
crescente de tecnologias de aplicação nas várias áreas da saúde impulsionaram para uma
formação médica fragmentada em campos altamente especializados e a busca da
eficiência técnica. No entanto, as transformações da sociedade contemporânea têm
colocado em questão os aspectos relativos à formação profissional. Nas áreas de
educação, esse debate ganhou contornos próprios, na medida em que a
indissociabilidade entre teoria e prática, a visão integral do homem e a ampliação da
concepção de cuidado se tornaram essenciais para o adequado desempenho laboral.
Função e papel do professor
O desenvolvimento profissional do professor exige uma atitude positiva para com a
procura de práticas de ensino que vão servindo cada vez melhor o progresso dos alunos
e a evolução pelo seu interesse pelas matérias que estão a ser ensinadas. Também existe
um compromisso ético com disposições profissionais relacionadas com questões
fundamentais tais como: “saber o quê?”, “como ensinar melhor?”, “como fazer
aprender?”.
É no espaço-tempo da aula que o professor pode e deve ter um papel interventivo, cuja
qualidade tem de ser apreciada em função da sua capacidade de desenvolver
competências de base nos seus alunos (Perrenoud 1999), mantendo para consigo mesmo
um sentido crítico e autónomo, a fim de estar aberto à inovação pedagógica e à
utilização de novos e/ou melhores métodos de ensino.
Assim sendo, é função do professor procurar novos métodos de ensino, que possibilitem
a participação prática dos alunos, a presença de uma aprendizagem activa. No caso do
ensino das ciências é assim possível que os alunos adquiram conhecimentos conceituais
e, simultaneamente, passem a compreender e até consigam explicar fenómenos naturais,
as suas relações com a vida quotidiana, a organização social, a existência de tecnologias
e com o ambiente (Hodson, 1996).
1.2.Inovação nos Métodos de Ensino
A sociedade contemporânea é marcada por rápidas e frequentes mudanças, o que se
reflecte na maneira como a escola procura responder a novas necessidades dos alunos,
modificando os seus métodos e procurando melhores níveis de motivação e
participação.

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Em alguns casos, ou noutras situações, as mudanças não são bem recebidas por
implicarem a adopção de novas maneiras de pensar e de agir (Ainscow, 1998), o que
envolve valores e atitudes ligadas a modelos mentais e rotinas organizacionais
instaladas e pode, portanto, trazer algumas inseguranças e medos.
Porém, numa escola pode também ser muito diferente. Sendo o professor um dos
principais atores do processo educativo e das melhorias da escola (Warwick, 2001), as
mudanças educacionais e os novos métodos de ensino dependem da sua capacidade
pedagógica de ir-se adaptando a novas possibilidades de aumentar os níveis de
participação e também sem que ele mesmo se sinta implicado na inovação (Vilar, 1993),
tendo muito valor a sua relação com os alunos e a cultura da organização (Sebarroja,
2001).
1.3.Alunos e Aceitação de novos Métodos
As crianças são constantemente confrontadas com novos desafios, estando expostas a
um ambiente em constante mudança, onde as tecnologias e as actividades práticas têm
um papel cada vez mais activo. A execução de tarefas contribui para um ganho de
experiencias, ou seja, incluindo a experiência, a aprendizagem pode corresponder a uma
“análise intelectual” (Sprinthall & Sprinthall, 1993).
Existem várias estratégias para tentar motivar os alunos no processo de ensino-
aprendizagem, a fim de serem alcançados melhores níveis de aceitação e para serem
obtidos níveis elevados de execução de tarefas escolares (Abreu, 1996; Carrasco &
Baignol, 1993; Lens & Decruyenaere, 1991), sendo possível apresentar as seguintes:
 Mostrar alguma satisfação frente às actividades realizadas pelos alunos, o que
pode aumentar os seus níveis de motivação;
 Possibilidade de, desde o início do ano lectivo, clarificar qual é a lógica
sequência dos conteúdos programáticos dos temas de estudo, contribuindo para
que os alunos compreendam que há uma coerência interna entre os temas;
 Explicar a finalidade e os benefícios da aprendizagem das matérias da
disciplina, procurando ligar o que se aprende na escola à realidade do ambiente
fora da escola e da sua importância na vida futura dos alunos;
 Procurar que os alunos valorizem certas matérias, no sentido de entenderem
melhor a realidade e compreender adequadamente as diferenças entre os
diversos contextos em que se inserem;
 Tentar salientar os benefícios que poderão obter nos seus futuros como
estudantes se estudarem os temas das aulas;

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 Ter como objectivo de ensino a criação de situações em que os alunos possam
desempenhar papéis activos na forma como a aula decorrer e na edificação dos
seus próprios conhecimentos.
1.4.Processo de Ensino-Aprendizagem
O processo de ensino e de aprendizagem representa o pano de fundo da relação entre
professor e aluno. Pedrosa et al. (2011) entende que, o processo de ensino-
aprendizagem promove a troca de conhecimento, vivências e sentimentos entre os
envolvidos, o que explicita a importância da articulação deste processo, de modo a
construí-lo sob o bojo dos diferentes indivíduos presentes em dada disciplina.
Barba et tal. (2012) entende que, no processo de ensino-aprendizagem todos os atores
envolvidos, problematizam seus saberes e práticas e diante disso, devem ser activos e
trabalhar no sentido da construção do conhecimento colectivo.
Para Wall et al. (2008), o processo de ensino-aprendizagem acontece quando o aluno
passa a ser protagonista de seu processo de aprendizagem e os professores assumem o
papel de mediadores/facilitadores. Silva et al. (2016), refere que a educação não deve
ser resumida à simples transferência de conhecimentos, mas deve ser instrumento de
conscientização para a sua construção.
Considerados por Aragão e Soares (2014) como expressões educacionais, os métodos
de ensino-aprendizagem são, na visão dos autores, as ferramentas necessárias para se
traçar caminho para à inovação dentro do sistema educacional já estagnado. Makabe e
Maia (2014) entendem que o processo de ensino-aprendizagem deve construir seu
conhecimento a partir da aproximação de problemas reais e sobretudo pela
diversificação na integração do conhecimento básico-teórico com as experiências
externas à sala de aula. As contribuições de Makabe e Maia (2014) complementam as
percepções de Hoffmann e Koifman (2013), que acreditam que a aprendizagem carece
de significado, ela precisa trabalhar de forma a integrar todo o ecossistema de ensino,
aproximando-se de problemas reais, unindo teoria e prática.
1.5.Avaliação
Para um ensino de qualidade, é essencial que as aprendizagens sejam avaliadas. A
avaliação, em geral, deve ser um processo contínuo, no qual a interacção entre os
agentes da avaliação (professor e alunos) é de carácter permanente. Deste modo, a
avaliação deve ser vista como uma abordagem que promove um conjunto de técnicas e
instrumentos, que dá a conhecer as capacidades dos alunos, para se definirem estratégias
que visam atingir objectivos.

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É necessário que haja uma recolha de informações essenciais, que não podem ser
directamente avaliadas através de testes escritos. A melhor forma de avaliar certos
aspectos da aprendizagem é através da observação direta. (Grounlund & Linn 1990).
2.Metodologia
O outro aspecto fundamental, porém sem menos importância, é o papel das políticas
públicas enquanto elemento gerenciador das demandas educacionais, tendo plena
actuação nos programas educacionais escolares, visando o desenvolvimento dos alunos
a partir da colaboração social, onde se tem a participação da sociedade nos afazeres
académicos, totalizando, assim, a construção de um saber dialógico, entre sociedade e
escola, um entrando na esfera do outro sempre que seja necessário. Isto se dá pela
crescente mudança no cenário mundial, onde se pode observar alterações significativas
no processo produtivo, o que exige-se uma nova ordem social que contemple as
diretrizes da globalização como aponta Dourado (2002).
Diante do sobreposto, espera-se que o profissional da educação que esteja apto e
determinado a realizar uma quebra nos modelos tradicionais de ensino, possa se
familiarizar de forma aberta e receptiva aos variados métodos educacionais,
entendendo-se que inovação pedagógica trata-se tão-somente de aplicar novos modelos
na escola. Isto implica em um repensar nos recursos disponíveis, tanto material como
humano, pois não é necessário se dispor de tecnologias modernas ou avançadas para que
se desenvolva uma abordagem inovadora no contexto escolar.
3.Resultados e Discussão
3.1.Recursos Tecnológicos
Com os recursos tecnológicos disponíveis, sobretudo a internet, a escola passa a se
adaptar a uma nova realidade, sendo necessário um repensar nas formas de ensinar, pois
sabe-se que as redes sociais se constituem num fenómeno capaz de atrair,
principalmente, os jovens e as crianças. Sendo assim, já que uma das intenções que
lideram os novos modelos pedagógicos é a inserção do aluno num processo educacional
que apresente elementos da sua realidade, deve-se encarar as redes sociais, como por
exemplo o facebook, uma ferramenta capaz de manter o aluno no âmbito escolar. Esta
ênfase é relevante na medida em que se pensa no quotidiano dos alunos, pois sabe-se
que o facebook é utilizado para concretizar as relações humanas, aprimorar as
experiências através de trocas de mensagens e vídeos. Podendo ser adaptada para o
contexto educacional com resultados positivos, cabendo ao professor a elaboração de
abordagens que visem a um processo de ensino-aprendizagem (SENA, 2016).

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3.2.Os Jogos
Os jogos são outra forma de inovação eficaz, fazendo com que os alunos desenvolvam
capacidade participativa e colaborativa. A aplicação desse recurso enquanto ferramenta
de ensino requer o desenvolvimento de várias habilidades como citado por Haguenauer
et al: “O jogo activa e desenvolve as estruturas cognitivas do cérebro, facilitando o
desenvolvimento de novas habilidades como observar e identificar, comparar e
classificar, conceituar, relacionar e inferir, além de desenvolver a criatividade,
perseverança e sociabilidade” (HAGUENAUER, 2007, p.3). Vê-se, assim, que várias
são as possibilidades de se trabalhar com jogos no contexto escolar, inclusive quando se
lida com adultos. Os vários tipos de jogos que se conhece podem ser adaptados para se
ensinar as variadas disciplinas escolares; o que deve estar sempre pronta é a criatividade
do professor mediador, atentando para as experiências que os próprios alunos trazem do
seu modo de vida.
3.3.Designe Thinking
O designe thinking se constitui num método eficiente de se aplicar na escola. Trata-se
de uma ferramenta capaz de trabalhar sob um aspecto humanista, centrando na inovação
e criatividade, onde se tem o trabalho em equipa para a construção do saber, com bases
nas descobertas do mundo quotidiano. Pode-se utilizar gráficos e figuras que se
interconectam através de uma rede lógica de ideias, facilitando o aprendizado de
qualquer disciplina, pois apresenta uma estrutura atractiva para os alunos,
principalmente quando se usa cores e diagramas para representar uma ideia em
construção. Podendo ser considerado nos diferentes níveis de ensino, até mesmo na
graduação (CAVALCANTI, 2014).
Vivemos numa época de grandes transformações, uma era digital e de conectivismo,
onde através dessas os alunos passam a ser o centro do processo de ensino-
aprendizagem, estabelecendo uma nova configuração nas relações de poder, sendo o
professor sujeito mediador da acção pedagógica, apresentando alternativas para que
seus alunos possam construir conhecimento a partir de suas próprias experiências
(SENA, 2016). Neste contexto tem-se a proposta da aprendizagem móvel (mobile
learning), na qual o aluno é incitado a experimentar a aprendizagem com a utilização de
dispositivos móveis que está habituado ou que tem maior interesse, como por exemplo o
celular, tablete e similares. Rompendo, dessa forma, definitivamente com as abordagens
engessadas que coíbem tais recursos como ferramenta de aprendizagem. No entanto, é
de se esperar, como em todas as abordagens ora citadas, a actuação do professor

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enquanto orientador das acções. Espera-se portanto que o mesmo tenha perspicácia de
aplicar a melhor metodologia no tempo e no lugar apropriado para cada situação.
3.4.Flipped Classroom
Outra possibilidade encontrada nas falas dos actuais pesquisadores do ensino é a
aplicação da sala de aula invertida (flipped clasroom), uma abordagem muito dinâmica,
onde os alunos devem estudar o conteúdo previamente estabelecido pelo professor-
mediador. A ideia desse modelo surgiu no ensino médio americano para atender alunos
que precisavam se ausentar das aulas por longo período de tempo (SCHNEIDER et al,
2013). Os alunos preparam seus comentários e explicações e de acordo com o progresso
da metodologia o professor vai introduzindo seus conhecimentos, formando uma
construção bilateral do conhecimento. Dessa forma, há estimulação para o debate e
actividades em grupo. O que torna a aula mais interessante para o aluno é que tudo pode
ser combinado através de uma rede social ou outra plataforma online, inclusive a
disponibilização de materiais pelo professor, tais como textos e vídeos. Uma boa
alternativa é a utilização do facebook, já que é um espaço virtual tão apreciado pela
maioria dos estudantes.
Muitas são as ferramentas que se dispõem para o ensino, cada uma com sua
peculiaridade, porém com a mesma finalidade, de transmitir o conhecimento
adequadamente. Entretanto deve-se atentar para o fato de que para uma educação de
qualidade, que resulte nos anseios pedagógicos pretendidos, não basta se ter à
disposição tais recursos. Ao se tratar de inovação pedagógica infere-se também
modificações nos padrões estruturais e humanos do processo em questão. Isto significa
que o formato da sala de aula deve ser apropriadamente modificado, pondo fim à
disposição das carteiras enfileiradas, aos espaços confinados, à lousa estática pregada
numa das paredes de um quadrado. Indica que se deve desvencilhar do pedestal onde o
professor é colocado, sendo este ajudante do aluno e ajudado pelo mesmo, num
processo contínuo de construção bilateral do saber.
Ao se falar em sala de aula pode-se expandir a visão para a estrutura e funcionamento
geral da escola. Analisando-se o conjunto da obra, tem-se um lugar fechado, geralmente
protegido com muros; sem que exista uma relação com os pais e com a comunidade.
Sim, este aspecto também remete a um carácter inovador, pois os educadores ao
delinearem seus projectos educacionais devem se pautar na estrutura, funcionamento e
organização dos espaços escolares. Todos esses elementos em harmonia desencadeiam
um pleno desenvolvimento do sujeito, que passa a ter o sentimento de pertença da

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escola, aproximando-os das questões sociais e formando cidadãos conscientes da sua
realidade. “Cada pessoa experimenta vários sentidos de pertença, que se definem na
dimensão individual e social de sua identidade. Na arquitectura, a identidade está ligada
às questões estéticas, que dependem da vida prática quotidiana, integrando-se à
paisagem e ao seu entorno” (ALMEIDA, 2009, p.11).
Uma das mais bem aceitas metodologias utilizadas na escola é a que desenvolve aulas
em espaços não formais de educação, o que quebra com a rigidez do ensino confinado,
levando os alunos a reflectirem sobre a realidade do entorno da escola ou de prédios
específicos da comunidade, assim como também praças, jardins, museus, parques etc.
Esta abordagem metodológica implica na promoção da cultura científica:
Promover a divulgação científica sem cair no reducionismo e banalização
dos conteúdos científicos e tecnológicos, propiciando uma cultura
científica que capacite os cidadãos a discursarem livremente sobre
ciências, com o mínimo de noção sobre os processos e implicações da
ciência no quotidiano das pessoas, certamente é um desafio e uma atitude
de responsabilidade social...há de se pensar e se investir na formação dos
professores frequentadores desses espaços educativos, para que esses
possam articular e entrecruzar a cultura científica, o saber popular e o
próprio saber com vistas à criação de novos conhecimentos e a sua
divulgação de forma consciente e cidadã (JACOBUCCI, 2008, p.64).

Desse modo, tem-se o factor humano como um dos pilares que regem uma educação
voltada para metodologias inovadoras, na medida em que se faz necessário que os
profissionais envolvidos no processo de ensino-aprendizagem estejam actualizados com
as discussões emergentes nos meios científicos, principalmente o professor, que deve
actuar enquanto sujeito qualificado para o ensino; promovendo a construção do
conhecimento de forma interdisciplinar e criando possibilidades para o desenvolvimento
dos alunos, inclusive aqueles com necessidades especiais. Ou seja, é imprescindível que
o professor-mediador tenha a competência para lidar com os diferentes tipos de
estudantes e de solucionar, ou ao menos lançar alternativas, para a solução de problemas
pertinentes do ambiente escolar. Este novo profissional que aflora das graduações deve
ter em mente que seu aprendizado nunca cessa, porque as transformações ocorrem no
mundo todo acompanhando o progresso científico e tecnológico, influenciando todos os
modos de vida, gerando uma demanda em todas as dimensões sociais. Isto atinge, sem
dúvida, o contexto escolar, e sem uma abordagem inovadora as disciplinas escolares se
perdem no caos da inutilidade.

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Desse modo, é imprescindível que o professor seja capaz de reflectir sobre sua prática
pedagógica, no sentido de aprimorar a construção do conhecimento, focando sempre na
aprendizagem dos alunos.
Nas metodologias activas busca-se, primeiramente, a prática; diferentemente da
abordagem tradicional de ensino, onde se apresenta as teorias das quais partem as
experiências práticas; prevalecendo uma manobra na qual o centro do processo ensino-
aprendizagem passa a ser o aluno que passa a assumir uma postura crítico-reflexiva. Isto
denota um reconhecimento do aluno pelo professor, fazendo-se entender que cada
aprende no seu tempo, no seu ritmo; valorizando a subjectividade e o carácter
individual.
Conclusão
Quando se fala em inovação pedagógica surgem algumas dúvidas sobre do que se trata
exactamente tal inovação. No entanto, vale ressaltar que o debate vai além de algo
palpável. Não se pensa, desse modo, em inovação como utilização de altas tecnologias
ou materiais de extrema complexidade, mas sim em modelos que surgem de ideias
simples, capazes de fazer mudanças na organização da sala de aula, nas práticas que o
professor desenvolve.
Neste sentido, as metodologias inovadoras se constituem em métodos apropriados que
podem ser aplicados em todos os níveis de ensino. Uma modificação no formato das
carteiras, por exemplo, já expressa outra cena capaz de dinamizar as aulas através de
outros olhares quando se dispõe os alunos, um de frente para o outro, formando um
grande círculo, ou se divide a turma em grupos menores, facilitando a troca de
experiências e as discussões entre eles. Ou pode-se experimentar aulas de campo,
realizadas em espaços não-formais de educação, trazendo uma maior possibilidade de
interacções com a realidade social e a transversalidade entre as disciplinas cursadas.
As metodologias apresentadas nesta pesquisa bibliográfica são apenas uma pequena
parte de como se pode desenvolver os assuntos inerentes de cada série de ensino sob
uma perspectiva inovadora. Todas são sugestões simples que, de acordo com os
estudiosos da área, deram e continuam dando certo quando aplicadas sistematicamente
no contexto escolar, considerando-se o aspecto interdisciplinar, a aproximação entre
alunos e comunidade, o entrosamento dos pais nos eventos pedagógicos e o carácter
afectivo, pois o professor passa a conhecer os alunos para que possa desenvolver com
estes conteúdos próximos do seu quotidiano, o que facilita o processo de aprendizagem,
como já constatado por vários pesquisadores da área pedagógica.

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É importante salientar que tais abordagens metodológicas sejam traçadas com o intuito
de possibilitar ao aluno conhecimento suficiente para que este possa actuar criticamente
nos debates contemporâneos, ou seja, tenha a capacidade de desenvolver o raciocínio
crítico diante das questões polémicas da actualidade, por meio de uma visão holística.
Dessa forma, o direcionamento de tais métodos deve ser cauteloso, proporcionando o
conhecimento investigativo, observando-se as transformações da actividade humana.
Este pressuposto requer um profissional comprometido com a causa social enquanto fim
educacional, indicando que o professor envolvido deve estar sempre absorvendo saberes
necessários para que possa acompanhar as mudanças que ocorrem em todos os níveis
sociais e que interfiram na elaboração do fazer pedagógico, ou seja, a qualificação
profissional deve ser reestruturada continuamente.

Referências

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