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Analise dos Direitos de propriedade

Hilário Armindo Relvas Sairesse1

1. Resumo

O direito de propriedade é exercido em bens exteriores à pessoa do proprietário mas não


o próprio corpo ou partes dele. Abrange tantas coisas móveis e imóveis, propriedades
intelectuais (científica, literária, artística) e outros direitos de valor patrimonial
(créditos, por ex.).

No direito da propriedade, so as coisas corpóreas, moveis e não moveis, podem ser


objecto de direito propriedade de acordo as que estão reguladas no código.2

 O direito de propriedade implica um conjunto amplo de poderes. Os seus titulares


podem adquirir bens; podem usar, fruir e dispor dos bens que lhes pertencem; podem
transmiti-los em vida ou por morte; e não serão deles arbitrariamente privados. No que
diz respeito à propriedade, os poderes de usar e fruir são plenos, no sentido de que,
permitem ao seu titular, retirar do objecto de que é proprietário, tudo aquilo que ele é
susceptível de dar. Além dos poderes de usar e fruir, o titular do direito de propriedade
tem o poder de disposição. O direito de propriedade, permite todos os poderes
susceptíveis de se referirem a uma coisa, incluindo o poder de destruí-la, desde que, não
colidam com os limites impostos pela lei, limitações essas que podem ser de direito
público ou de direito privado.

1
Estudante de curso de Direito, 3º ano, na UCM-extensão de Gurué
Disciplina: direitos reais e de propriedade intelectual
Email: relvashilario11@gmail.com

2
Art.1302º do cod. Civil; 6ª edicao 2020

1
Entre as restrições de direito público refira-se desde logo, a possibilidade de
expropriação para utilidade pública (a. 1308º) mas, existem também limitações ao
direito de construir por motivos ambientais, de higiene, estéticos.

Summary

The right of ownership is exercised in property outside the owner's person but not the
body itself or parts of it. It covers so many movable and immovable things, intellectual
properties (scientific, literary, artistic) and other rights of patrimonial value (credits, for
example).

In property law, only corporeal things, movable and non-movable, can be object of
property right in accordance with those regulated in the code.

Property rights imply a broad set of powers. Its holders can acquire goods; they can
use, enjoy and dispose of the goods that belong to them; they can transmit them in life
or by death; and shall not be arbitrarily deprived of them. With regard to property, the
powers to use and enjoy are full, in the sense that they allow the owner to withdraw
from the object he owns everything that he is capable of giving. In addition to the
powers of use and enjoyment, the owner of the property right has the power of disposal.
The property right allows all the powers that may refer to a thing, including the power
to destroy it, as long as they do not conflict with the limits imposed by law, limitations
which may be of public or private law.

Among the restrictions of public law, the possibility of expropriation for public utility
(a. 1308º) should be mentioned, but there are also limitations to the right to build for
environmental, hygienic and aesthetic reasons.

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2. Introdução

O presente trabalho tem como principal tema, analise dos direitos de propriedade. O
direito definido como o conjunto de normas jurídicas que regem dentro de uma
sociedade, praticamente, essas normas regem os indivíduos que lá existem, cujo eles
não estão inseridos dentro da comunidade sem algo que as lhes pertence.

O ser humano a cada dia que passa, luta para ter um bem, cujo esse bem que seja uma
coisa, objecto corpóreo. Nessa ordem de ideia Os direitos reais definidos como o
conjunto de normas jurídicas que regem sobre a atribuição de coisas com eficácia real,
conforme o Luís carvalho Fernandes, na concepção clássica, o direito real é entendido
como um poder directo e imediato sobre uma coisa. Pois esse poder as vezes é
entendido como poder material, e outras como poder jurídico. Como poder directo,
traduz-se, no domínio ou senhorio sobre certa coisa, e, poder imediato significa a
faculdade atribuída ao titular do direito de aproveitamento das utilidades das coisas sem
necessidade da colaborarão com outrem.

De acordo com essas concepções doutrinais e conjugados todos os elementos são mais
adequado defini-lo o direito real como o poder jurídico absoluto atribuído a uma pessoa
determinada para a realização de interesses jurídicos privados mediante o
aproveitamento imediato de utilidades de uma coisa corpórea. Todavia, essa coisa
corpórea, é o que de facto nos diz respeito como o objecto de direito de propriedade.
Para o desenvolvimento do presente trabalho, ira-se basear nos seguintes subtemas:

 O conteúdo de propriedade;
 O conceito de propriedade, e;
 As características de propriedade.
2.1. Objectivos Gerais

Estudar a propriedade como um direito que a pessoa tem sobre uma coisa

2.2. Objectivos específicos


 Analisar o conteúdo de propriedade;
 Conceituar a propriedade com vista no ponto legal e teórico, e;
 Identificar as várias características da propriedade.

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2.3. Metodologias

Para o desenvolvimento do presente trabalho, terá que se usar o método bibliográfico, e


o uso da internet.

3. Problematização

Apesar do código civil não apresentar definição sobre o direito de propriedade, entende-
se que o direito de propriedade é o qual em que a pessoa física ou jurídica tem, dentro
dos limite normativos, de usar, gozar, dispor de um bem corpóreo, bem como de
reivindicá-lo de quem injustamente o detenha. No facto de haver a reivindicação,
importa dizer que, o sujeito tem essa perrogativa de seequela, ou então opor-se sobre um
determinado direito de coisa alguma.

3.1. Problema

Sabendo que a propriedade é um direito que a pessoa jurídica tem dentro dos limites
normativos de usar, gozar e dispor de um bem corpóreo ou incorpóreo, questão que nos
levanta sobre o presente trabalho é seguinte: ate que ponto a lei limita a pessoa como
proprietário de um bem?

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4. CONCEITOS
4.1. Conceitos legais

Noção legal da propriedade

O nosso Código Civil não fornece uma definição de direito de propriedade, porém o a.
1305.º Enumera alguns poderes que integram o conteúdo do direito de propriedade.
Refira-se que o direito de propriedade não se esgota nos poderes Enumerados no a.
1305.º do C. C., pelo que, se conclui, que tal enumeração é meramente exemplificativa.

O direito de propriedade, permite todos os poderes susceptíveis de se referirem a uma


coisa, incluindo o poder de destruí-la, desde que, não colidam com os limites impostos
pela lei, limitações essas que podem ser de direito público ou de direito privado.

Entre as restrições de direito público refira-se desde logo, a possibilidade de


expropriação para utilidade pública (a. 1308º) 3mas, existem também limitações ao
direito de construir por motivos ambientais, de higiene, estéticos, etc. As restrições de
direito privado são as que resultam das relações de vizinhança. A generalidade destas
restrições, encontram-se previstas e reguladas, no capítulo relativo à propriedade de
imóveis.

4.2. Discussão Teórica


4.2.1. Propriedade

A propriedade é o direito de usar, gozar e dispor da coisa, e reivindicá-la de quem


injustamente a detenha.

Para Maria Helena Diniz define a propriedade como sendo “o direito que a pessoa física
ou jurídica tem, dentro dos limite normativos, de usar, gozar, dispor de um bem
corpóreo ou incorpóreo, bem como de reivindicá-lo de quem injustamente o detenha4

Para Orlando Gomes, a propriedade é um direito complexo, podendo ser conceituada a


partir de três critérios: o sintético, o analítico e o descritivo. Sinteticamente, para o
jurista baiano, a propriedade é a submissão de uma coisa, em todas as suas relações
jurídicas, a uma pessoa. No sentido analítico, ensina o doutrinador que a propriedade
3
Ninguém pode ser privado, no todo ou em parte, do seu direito de propriedade senão nos casos
previstos na lei.
4
DINIZ, Maria Helena (2009). Curso de Direito Civil brasileiro. Teoria das obrigações contratuais e
extracontratuais. 25. ed. São Paulo: Saraiva.

5
está relacionada com os direitos de usar, fruir, dispor e alienar a coisa. Por fim,
descritivamente, a propriedade é um direito complexo, absoluto, perpétuo e exclusivo,
pelo qual uma coisa está submetida à vontade de uma pessoa, sob os limites da lei usar

Com base as definições e as compreensões de vários autores sobre a propriedade , pode-


se definir a propriedade como o direito que alguém possui em relação a um bem
determinado.

5. DIREITO DE PROPRIEDADE

Sabendo se que a propriedade é o direito que alguém possui em relação a um bem


determinado, e o direito conceituado como um sistema de normas de conduta social,
assistido de protecção coactiva5 o direito de propriedade é perrogativa que a pessoa tem
sobre uma coisa em cujo a ele responde como dono daquela coisa.

5.1. Objecto do direito de propriedade

O objecto do direito de propriedade encontra-se regulado nos aa. 1302º e 1303º do C.C.,
ou seja, serão as coisas corpóreas e incorpóreas. Quanto à noção de coisa, cfr. a. 202.º e
ss. do C.C.

5.2. CONTEÚDO DO DIREITO DE PROPRIEDADE


De acordo com o art. 1305.º6, o proprietário tem poderes de usar, fruir e dispor, de modo
pleno e exclusivo. Isto não significa que, o direito de propriedade seja o único direito
real, em cujo conteúdo se incluam tais poderes, de modo geral, todos os direitos reais de
gozo permitem «usar e fruir» dentro dos limites fixados na lei para cada um deles, ou
seja, qualquer direito real de gozo implica os poderes de usar e fruir, porém a amplitude
destes poderes é definido por cada um deles de acordo com o especificado pela lei.
No que diz respeito à propriedade, os poderes de usar e fruir são plenos, no sentido de
que, permitem ao seu titular, retirar do objecto de que é proprietário, tudo aquilo que ele
é susceptível de dar. Além dos poderes de usar e fruir, o titular do direito de propriedade
tem o poder de disposição, que compreende quer o poder de praticar actos jurídicos de
alienação ou oneração da coisa, quer o de realizar actos materiais de transformação,
incluindo o de poder destruir o objecto do seu direito.
• Uso – todas as modalidades de aplicação directa da coisa, determinando o

5
Mendes, João Castro (2012); manual das nocoes gerais de direito,Almeidina editora Coimbra
6
Código civil Moçambicano. Escolar editores.

6
aproveitamento da coisa para os fins que entender, sem prejudicar essa mesma coisa;
• Fruição – percepção de todos os frutos e produtos de uma coisa, sem prejuízo da sua
substância, permitindo ao proprietário obter determinado rendimento da coisa,
melhorando a sua condição económica;
• Disposição – compreende a transformação da coisa (alteração de forma ou substância),
a alienação (transmissão da coisa para terceiros) ou oneração (constituição de direitos
reais limitados sobre a coisa) e a extinção do direito sobre ela (através do abandono ou
destruição).

5.3. CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PROPRIEDADE

De acordo com o professor Pedro Caetano Nunes, as características de direito de


propriedade são: Plenitude, Elasticidade, Perpetuidade, Transmissibilidade.

Pois, segundo ele na plenitude o direito de propriedade tende a abranger todos os


poderes que podem existir sobre uma coisa, todos os poderes com carácter real. Por
serem todos, torna-se difícil de elencar.

Elasticidade a característica da elasticidade a que já fizemos referência anteriormente, é


mais visível no direito de propriedade, sendo este o direito real mais elástico de todos:
tende a expandir-se até ao máximo das faculdades e poderes que pode conter.

Perpetuidade o direito de propriedade é eterno, perpétuo, não tem prazo, não cessa pelo
decurso do tempo.

Transmissibilidade o direito de propriedade não se extingue, é antes transmitido a


outra pessoa. É de notar que a transmissibilidade não é uma característica de todos os
direitos reais, diz respeito à maioria, mas não a todos.

Além destas, o a. 1305.º, refere duas outras características essenciais do direito de


propriedade: plenitude ou absolutidade e exclusividade.
A plenitude é a possibilidade de aproveitamento, que o direito de propriedade
permite, tendo apenas como limite as previsões normativas de restrição e limitações.
Este poder de aproveitamento, tanto significa aproveitamento material como
jurídico.
Quanto às restrições e limitações do direito de propriedade, refira-se que, muitas
delas, constam de legislação avulsa e, não apenas do Código Civil. Além das restrições

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e limitações impostas pela lei, que são as mais comuns, o direito de propriedade também
sofre restrições e limitações resultantes de cláusulas gerais.
A exclusividade - os direitos reais pressupõem a existência do direito de propriedade,
ocupando esta uma posição sempre oposta à do titular de outro direito, que sofre a
concorrência do direito de propriedade. Ora o direito de propriedade, por existir, não
tem de concorrer com nenhum outro e neste sentido o direito de propriedade é
exclusivo.

Alem desssas características, os outros vários autores, mostram nos as outras várias
características que a propriedade em si nos apresenta.

Direito absoluto, em regra, mas que deve ser relativizado em algumas situações –
ficou claro que a propriedade é o mais completo dos direitos reais. Diante do seu caráter
erga omnes, ou seja, contra todos, é comum afirmar que a propriedade é um direito
absoluto. Também no sentido de certo absolutismo, o proprietário pode desfrutar da
coisa como bem entender. Porém, existem claras limitações dispostas no interesse do
coletivo, caso da função social e socioambiental da propriedade. Além disso, não se
pode esquecer a comum coexistência de um direito de propriedade frente aos outros
direitos da mesma espécie, pelo qual se admite a prova em contrário da propriedade de
determinada pessoa. A propriedade deve ser relativizada se encontrar pela frente um
outro direito fundamental protegido pelo Texto Maior. Por isso é que se pode dizer que
a propriedade é um direito absoluto, regra geral, mas que pode e deve ser relativizado
em muitas situações.

Direito exclusivo – determinada coisa não pode pertencer a mais de uma pessoa, salvo
os casos de condomínio ou copropriedade, hipótese que também não retira o seu
carácter de exclusividade. Isso justifica a presente característica, pelo qual a propriedade
presume-se plena e exclusiva, salvo prova ou previsão em contrário (presunção relativa
ou iuris tantum). É correcto afirmar que, apesar de ser um direito exclusivo, a
propriedade envolve interesses indirectos de outras pessoas, e até de toda a sociedade,
que almejam o atendimento à sua função social.

Direito perpétuo – o direito de propriedade permanece independentemente do seu


exercício, enquanto não houver causa modificativa ou extintiva, sejam elas de origem
legal ou convencional. A propriedade, por tal característica, pode ser comparada a um

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motor em constante funcionamento, que não para, em regra (moto contínuo), a não ser
que surja um fato novo que interrompa o seu funcionamento.

Direito elástica – característica que é atribuída, na doutrina, para Orlando Gomes,


a propriedade pode ser distendida ou contraída quanto ao seu exercício, conforme
sejam adicionados ou retirados os atributos que são destacáveis. Na propriedade plena, o
direito se encontra no grau máximo de elasticidade, havendo uma redução nos direitos
reais de gozo ou fruição e nos direitos reais de garantia.

Direito fundamental – não se pode esquecer que a propriedade é um direito


fundamental, pelo que consta do art. 82º, da Constituição da Republica de Moçambique.
Esse carácter faz que a protecção do direito de propriedade e a correspondente função
social sejam aplicados de forma imediata nas relações entre particulares. Em reforço, o
direito de propriedade pode ser ponderado frente a outros direitos tidos como
fundamentais, caso da dignidade humana.

5.4. Modalidades de propriedade

O Código Civil contempla o regime da propriedade (a. 1302.º e ss.); da propriedade de


imóveis rústicos e urbanos (a. 1344.º e ss.); da propriedade das águas (a. 1385.º ess.); da
compropriedade (1403.º e ss.) e da propriedade horizontal (a. 1414.º e ss.).

Outras modalidades de propriedade, como a propriedade agrária, a propriedade de


navios e, outras, encontram-se reguladas noutros ramos do direito.

5.5. Modos de aquisição do direito de propriedade

O a. 1316.º Enuncia os modos de aquisição do direito de propriedade e, onde se


distinguem, os modos de aquisição genéricos, ou seja, os modos de aquisição comuns a
todos os direitos reais, como p. ex., o contrato translativo, a sucessão por morte e a
usucapião, dos modos de aquisição específicos, ou seja, os modos de aquisição próprios
do direito de propriedade, como seja a ocupação e a acessão.

Conforme art. 1345.º e 1370.º do C. C., onde se encontram outros modos de aquisição
da propriedade.

5.6. Extinção do direito de propriedade

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Parece resultar do regime do direito de propriedade a não regulamentação da extinção
deste direito. Para alguns autores, fica-se a dever ao facto do direito de propriedade não
se poder extinguir. Porém, não nos podemos esquecer que o direito de propriedade não é
perpétuo, mas tendencialmente perpétuo e, como tal, extingue se por todas as formas de
extinção dos direitos reais, em geral e em especial pela perda e pela destruição da coisa.

Conforme foi dito, o direito de propriedade não se extingue pelo não uso (cfr. a. 298.º)
O não uso é uma causa de extinção de direitos reais como consequência do seu não
exercício prolongado e, só opera nos casos especialmente regulados na lei.

Assim, ao contrário do que acontece com o direito de superfície (a. 1536.º, n.º 1, al. b) e
e); nas servidões (a. 1569.º, n.º 1, al. b) e, no usufruto (a. 1476.º, n.º 1) não existe
nenhuma disposição que, em geral, submeta o direito de propriedade à extinção pelo
não uso.

Resulta assim, que o direito de propriedade é insensível às omissões de exercício da


parte do seu titular, por mais prolongadas que sejam. Porém, a referência que o a. 298.º
faz à propriedade não é totalmente irrelevante, uma vez que, tal preceito existe no
domínio do direito de propriedade das águas (cfr. a. 1397.º).

Relativamente à ideia da extinção do direito de propriedade, por vontade do seu titular,


a mesma, não é isenta de dúvidas. Existem, autores que entendem que, face à renúncia
não se extingue o direito de propriedade sobre imóveis, uma vez que, tal direito, passa a
pertencer à esfera jurídica do Estado (cfr. a. 1345.º).

Esta aquisição do estado, não é uma aquisição originária, nem uma aquisição que
dependa da vontade das partes, é uma aquisição por força da lei e, como tal, opera
automaticamente.

5.7. Meios de defesa do direito de propriedade

O regime estabelecido nos aa. 1311.º a 1314.º para além de admitir o recurso à acção
directa, limita-se a referir alguns aspectos da chamada acção de reivindicação

5.7.1. Acção de reivindicação

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Na acção de reivindicação, o titular do direito real pode exigir do possuidor ou, detentor
da coisa sobre a qual, o seu direito incide, o reconhecimento desse direito e a restituição
da coisa (cfr. a. 1311.º). No contexto processual de defesa da propriedade, a acção de
reivindicação é a mais importante. A expressão reivindicação nasce de dois vocábulos
latinos: vindicatio e rei (genitivo de res), que no seu conjunto significam «trazer de
volta a coisa». O pressuposto de facto da acção de reivindicação é o esbulho, isto é, o
proprietário só pode intentar esta acção de reivindicação, quando seja esbulhado (acto
pelo qual alguém priva outrem, total ou parcialmente, da posse de uma coisa, não sendo
bastante a perturbação ou ameaça de esbulho.

5.7.2. Legitimidade activa/ legitima defesa

É ao proprietário esbulhado que cabe intentar a acção contra qualquer possuidor ou


detentor da coisa (legitimidade passiva), independentemente da sua boa-fé ou má-fé.
Esta acção é uma acção de duplo pedido o proprietário esbulhado, pede ao juiz que,
reconheça o direito de propriedade a seu favor, mediante prova desse mesmo direito (1.ª
parte do a. 1311.º).

Uma vez reconhecido o direito de propriedade a favor do requerente, pede-se a


condenação do réu, na entrega da coisa, na sua restituição (2.ª parte do a. 1311.º).
Quando o primeiro pedido (reconhecimento do direito de propriedade) requerido
judicialmente é procedente, não significa forçosamente, que o segundo (restituição da
coisa esbulhada), o seja. A recusa da restituição da coisa, demonstrada a titularidade do
direito de propriedade, só pode justificar-se se, o possuidor ou detentor, for titular de
algum direito real ou pessoal sobra a coisa, oponível ao reivindicante (cfr. a. 1311, n.º 2
do C.C. Casos especiais: aa 754.º; 1323.º, n.º 4 do C.C.

É também de referir a dificuldade de prova do direito de propriedade, quando o seu


proprietário não tem uma escritura pública, nem registo, já os romanos chamavam à
dificuldade de prova do direito de propriedade diabólico probatio. Probatoriamente
facilitada é a acção de restituição. É certo que, a acção de restituição serve,
exclusivamente, para defesa da posse. Aqui, o proprietário esbulhado, alega posse
casual da coisa e, não o direito sobre a mesma, sendo mais fácil ao titular do direito real,
a prova da posse do que a prova da titularidade do direito real.

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A acção de reivindicação é imprescritível, ou seja, a acção pode ser intentada a todo o
tempo, independentemente do decurso do tempo (a. 1313.º). A imprescritibilidade da
acção de reivindicação é uma consequência lógica da imprescritibilidade do direito de
propriedade, 7Este regime vale para o direito de propriedade e, tem que ser aplicado em
termos hábeis para os restantes direitos reais, que em alguns casos são temporários.

7
Pires de Lima e Antunes Varela, Código Civil anotado, vol. III, Coimbra, 21987.

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6. Conclusão

Chegando ao final do presente trabalho conclui-se que a propriedade é um direito que


uma pessoa tem sobre uma determinada coisa, o que quer dizer que a propriedade é a
tomada de autonomia sobre uma determinada coisa, cujo, essa coisa deve ser corpórea,
móvel ou imóvel, deve ser objecto de direito de propriedade regulado

O objecto do direito de propriedade é as coisas corpóreas, Moveis ou imóveis, desde


que sejam regulados no código civil conforme o art. 202º e ss do código civil.

Em relacao ao conteúdo, o conteúdo do direito de propriedade é o uso, a fruicao e o


dispor de modo pleno e exclusivodas coisas.

Quanto as características do direito de propriedade, conclui-se que as principais


característica de direito de propriedade são: a exclusividade e a plenitude.

Os direitos de propriedade também podem ser adquiridos por contrato, sucessão por
morte usucapião, ocupação, e acessão art.1316º CC. Enquanto existe a aquisição da
propriedade, os direitos de propriedade também extinguem-se de forma como ao
contrário do que acontece com o direito de superfície (a. 1536.º, n.º 1, al. b) e e); nas
servidões (a. 1569.º, n.º 1, al. b) e, no usufruto (a. 1476.º, n.º 1) não existe nenhuma
disposição que, em geral, submeta o direito de propriedade à extinção pelo não uso.

Pois, os direitos de propriedade também são defendidas por acção de


reivindicação conforme art. 1311º cc, por acção directa, de acordo com o artigo
1314º conjugado pelo art. 336º ambos do código civil.

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7. Referências bibliográficas

PINTO, Carlos Alberto Mota (1975) – DIREITOS REAIS, (Lições recolhidas por
Álvaro Moreira e Carlos Fraga) ed.Almedina -Coimbra,
ASCENSÃO, José Oliveira (1993); DIREITOS REAIS, 5ª edição, Coimbra Editora,;
CORDEIRO, António Menezes (1993); DIREITOS REAIS, Lisboa.
GONÇALVES, Penha – DIREITOS REAIS, 2ª edição, Lisboa, 1993;
FERNANDES, Luís A. Carvalho (2000); LIÇÕES DE DIREITOS REAIS, 3ª edição,
Lisboa.

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