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Extensão de Nacala

Curso: Licenciatura em Direito


4º Ano -1° Semestre 2023
APONTAMENTOS DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL DECLARATIVO

Parte I: Introdução ao Direito Processual Civil

1. Noção do direito processual civil


Num Estado de Direito como é a República de Moçambique, a
ninguém é lícito o uso da força com o objectivo de fazer valer o seu
direito. A lei determina os estritos limites em que tal exercício de
direito deve seguir. Assim, em caso de comprovada violação de um
direito deve ser desencadeada uma acção, destinada a assegurar a
realização ou a cautela do direito que assiste ao cidadão. Esta ideia
esta subjacente no art. 1º do CPC.

Vedado assim aos particulares o recurso à própria força1 o Estado


obriga-se através dos tribunais a conceder a todo o titular do direito
violado a providência necessária à reintegração efectiva desse direito.
A todo o direito, execepto quanto a lei determine o contrário
corresponde a uma acção, destinada a fazê-lo reconhecer em juízo ou
a realizá-lo coercivamente (art. 2 CPC). O tribunal não pode resolver
o conflito de interesses que a acção pressupõe sem que a resolução
lhe seja pedida por uma das partes2 (art. 3º do CPC)

Tanto na proprositura da acção, como a actividade subsequente que


as partes, o tribunal e os auxiliares processuais devem desenvolver
em juízo, obedecem a regras normativas, cujo o agregado constitui o
Direito processual civil.
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As excepões ao princípio da auto-tutela plasmado no art. 1º do CPC são: a acção directa, o estado de
necessidade, a não exigibilidade.
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A pessoa que requer do tribunal a providência dá se o nome de autor, demandante ou requerente(tem
direito a acção), à pessoa contra quem a providência é pedida chama-se réu, demandado ou requerido ()
tem direito a defesa).

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Por. Lieda Msanga
Assim, como Ramo de direito, o direito processual civil é um
conjunto de normas reguladora dos tipos, formas e requisitos da acção
civil, bem como das formalidades que devem ser observadas em juízo
na propositura e desenvolvimento da dela (VARELA, p. 7).

Ao estudo sitematizado destas normas e sua interpretação


constituem o objecto do direito processual civil.
O processo civil indica os requisitos a que deve obedecer a
propositura da acção (pressupostos processuais) e o formalismo a
observar no seu desenvolvimento em juízo, ou sejam, os respectivos
actos e a forma, a ordem e tempo segundo o qual devem ser
praticados.

Assim diríamos que processo, é o conjunto de procedimentos que têm


por finalidade a efectivação ou realização de um direito.

O termo processo pode ser utilizado para duas finalidades:


i) Para designar acção inentada ou proposta em tribunal
ii) Para designar conjunto de documentos que versam sobre uma
determinada questão “dossier”.

O objecto do processo é um litígio ou lide que se pode analisar em


dois elementos: (i) um elemento material, um conflito de interesses, (ii)
um elemento formal constituído por uma pretensão mais uma
resistência. Pretensão é a afirmação do ineresse como direito e a
resistência será a oposição do titular do interesse contraposto a
prossecução desse como juridicamente tutelado.
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL (Andrade
p. 11 e ss, VARELA., p. 7 e Ss)

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Por. Lieda Msanga
a) É um direito instrumental ou adjectivo: porque é ele que confere a
funcionalidade dos direitos substantivos civil e comercial. O direito
procesual civil regula apenas os meios necess’arios para apartir do
direito privado, se alcançar a solução concreta do conflito levantado
pelas partes ou para se dar realização efectiva ao direito violado. É
um instrumento ao serviço das soluções que decorrem do direito
civil, sem tocar no plano em que abstracta ou genericamente se
definem tais soluções.
b) É um direito público: segundo o critério geralmemte aceite, o direito
público abrange as normas reguladoras das relações em que um dos
sujeitos ou ambos eles, exerce uma função de soberania e em que,
por conseguinte se estabelece entre os respectivos sujeitos uma
relação de subordinação. Ora não há dúvida de que na relação
processual civil existe entre as partes e o juiz um nexo de verdadeira
subordinação, que explica a força vinculativa especial de que gozam
as decisões judiciais. O juiz exerce nesta relação uma função típica
de soberania, que é a função jurisdicional.
Fontes do Direito processual Civil

a) A Constituição da República de Moçamique


A CRM considera os tribunais como órgãos de soberania, institui
o Tribunal Supremo, Superiores de recurso e outros tribunais,
órgãos responsáveis pela decisão dos pleitos de acordo com o
estabelecido na lei (arts. 133 e 211 ss ambos da CRM).
b) Código de Processo civil
O Código de processo civil de 1939, profundamente alterado pelas
reformas de 1961, 1967 e de 2005 é uma fundamental fonte do direito
processual civil.
c) Código das custas judiciais
As despesas processuais que o Código de processo civil prevê nos
artigos 456 e seguintes têm a sua regulamentação no Código das

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custas judiciais. Os artigos 46, 139 e 166 do Código das custas
judicais foram alterados pela lei 82/2009 de 29 de Dezembro.
d) Tratados e convecções internacionais
As relações jurídicas desenvolvem-se muitas vezes entre súbditos
de diferentes Estados, ou as ordens internas estabelecem a
regulamentação necessária, como é o caso do previsto no artigo
25 e SS do CC, que constituem o direito internacional privado.
Mas por vezes há acordos inter estatais que determinam as
normas que compõem o chamado direito processual internacional.
e) Legislação sobre organização judiciária
Lei 24/2014 de 23 de Setembro Lei de revisão pontual da Lei
24/2007 de 20 de Agosto, Lei de Organização Judiciaria

2. Interpretação e integração das leis processuais (Varela p. 41 e


SS)

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Por. Lieda Msanga
a) Interpretação3 das leis processuais
As normas processuais necessitam de ser interpretadas nos mesmos
termos em que precisa de ser fixado o sentido decisivo de quaisquer
outras disposições legais do direito privado ou dos restantes sectores do
direito público.
Não há na lei processual civil nenhuma disposição que estabeleça
critérios especiais para a interpretação do direito adjectivo. Assim, os
princípios a que deve obedecer a interpretação das normas processuais
são os que resultam do disposto no art. 9º e 8/2 ambos do CC.
Na interpretação da lei processual civil há diferentes métodos que
podem ser utilizados:
- O método de concepção subjectiva, que consiste na captação do
sentido da lei através da descoberta do pensamento do legislador em
confronto com o texto legal (v. O recurso aos trabalhos preparatórios da
lei).
- O método de concepção objectiva, que consiste na descoberta do
sentido da norma através do próprio espírito da lei.

b) Integaração das lacunas da lei processual


O caminho certo é o traçado no artigo 10º do CC, cujo campo de
aplicação se estende a todos os ramos de direito, incluindo o Direito
Processual Civil.
O problema da integração surge só quando se verifica o vazio, a omissão
da lei, a que o responde o artigo 10 CC. Nos termos deste preceito, são
duas as vias de integração das lacunas da lei: (i) a analogia e (ii) o
critério do intérprete.
(i) A analogia: consiste na descoberta de uma disposição que regule
situações ou casos idênticos, que se aplicará ao caso vertente, no
suposto de que se o legislador tivesse pensado na solução da
hipótese, a teria resolvido do mesmo modo, porque casos

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As modalidades da interpretação são: interpretação autêntica e doutrinal. Os resultados da
interpretação são: interpretação declarativa, extensiva, restritiva, enunciativa e revogatória.

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idênticos devem ter a mesma solução- (vide. Art. 11 CC, que
proibe aplicação analógica em caso de normas excepcionais, que
entretanto admitem interpretação extensiva.),
(ii) O critério do interprete: o critério do interprete se aplica
quando esgotados todos os métodos de interpretação, se entenda
que não existe disposição legal susceptível de aplicação analógica
e, não podendo o julgador deixar de decidir, fará ele de o
legislador criando uma norma que resolva a situação em crise.
Mas tal não significa o arbítrio, mas que o fará conduzindo tanto
quanto possível e de forma objectiva, seja guiado pelos princípios
gerais de Direito, seja pelos princípios discutíveis de direito
natural.
Assim, no artigo 138 do CPC se fixa que: “quando não seja
expressamente regulada na lei, os actos processuais terão a forma
que em termos mais simples melhor se ajustar ao fim que visam
atingir”.

3. Aplicação da lei processual civil no tempo e no espaço


a) Aplicação das leis procesuais no tempo:
1. Princípio geral
Se no domínio da interpretação e da integração das lacunas da lei,
nenhuma razão existe para substituir a lei processual aos cânones
gerais aceites no âmbito do direito privado, já o mesmo não ocorre no
que se refere ao problema da aplicação das lei processuais no tempo.
Assim, O princípio básico que norteia a aplicação da lei processual civil
no tempo é o princípio da aplicação imediata da nova lei
processual, segundo o qual, a nova lei processual deve aplicar-se
imediatamente, não apenas as acções que venham a instaurar-se
após a sua entrada em vigor, mas a todos os actos que se
integrem em acções pendentes.

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Por. Lieda Msanga
O princípio da aplicação imediada da nova lei não se encontra formulado
no CPC. Há , por conseguinte, que estender ao domínio do processo
civil, com as necessárias adaptações , a doutrina estabelecida em
termos genéricos no artigo 12 do CC.
A ideia proclamada no artigo 12º do CC de que alei dispôe para o
futuro, significará na área do direito processual que, a nova lei se
aplica às acções futuras e também aos actos futuramente
praticados nas acções pendentes.
A ideia complementar desta, de que a nova lei não regula actos
pretéritos (para não atingir efeitos produzidos por este), traduzir-se-á, no
âmbito do direito processual, em que a validade e regularidade dos
actos processuais anteriores continuarão a aferir-se pela lei
antiga, na vigência da qual foram praticados.
O respeito da validade e eficácia dos actos anteriores pode
inclusivamente obrigar a aplicação da lei antiga mesmo a actos
posteriores a entrada em vigor da nova lei, se tal for necessário, para
que os actos anteriormente realizados nãp percam a utilidade que
tinham. Assim, se a nova lei alterar a forma do processo aplicável as
acções de determinado valor ou de certa natureza, as acções
pendendentes continuarão a seguir até a final a forma prescrita na lei
vigente a data da sua proposição, se a aplicação imediata da nova lei
aos actos posteriores à sua entrada em vigor afectar a utilidade dos
actos anteriormente realizados.

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Por. Lieda Msanga
2. Aplicações especiais do princípio geral
a) Leis sobre competência dos tribunais
Leis sobre a competência dos ôrgãos judiciários são normas definidoras
dos critérios que servem de base à repartição do poder de julgar entre
os diferentes tribunais.
De acordo com a doutrina prescrita no artigo 36 da lei 24/2007 de 20
de Agosto (Lei orgânica dos Tribunais judiciais e 63 CPC) a competência
do tribunal fixa-se no momento em que a acão se propõe, sendo
irrelevantes as modificações de direito posterior, salvo se for suprimido o
órgão a que a causa estava afecto ou lhe for atribuída a compência de
que inicialmente carecia para o conhecimento da causa.
A regra estabelecida neste preceito é a da aplicação imediata da nova
lei, apenas qunato as acções futuras. Relativamente as acções pendentes
a regra é a da aplicação da lei vigente à data da proposição da acção.
Se a acção foi proposta em tribunal competente segundo a lei então em
vigor , esse tribunal continuará a ser competente para julgar a acção até
ao fim, ainda que a nova lei venha a alterar a competência dos tribunais
e de acordo com a nova doutrina legal, esse tribunal deixasse de ser
competente para intervir em tal acção.
Sendo o tribunal competente no momento em que a acção é proposta,
competente se manterá até ao julhgamento final da acção.
A esta regra , abrem todavia, duas excepções:
1ª. O caso de a nova lei ter suprido o órgão judiciário a que a causa
estava afecta: neste caso a competência do tribunal cessa no momento
em que a lei extintiva do órgão jurisdicional entra em vigor, não se
prolonganso a existência e funcionamento dele para levar até ao fim as
acções que lhe estivessem afectas. Estas acções mesmo que já tenha
extinguido o prazo, dentro do qual a incompetência do tribunal pode
normalmente ser arguida ou suscitada ex officio devem ser

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oficiosamente remetidas para o órgão jurisdicional que passa a
ser competente segundo a nova lei.
2ª. O caso da nova lei atribuir ao tribunal onde pende a acção a
competência de que ele carecia no momento em que a acção foi
proposta: quando assim seja, a nova lei (por força do disposto em
termos genéricos no art. 36/2 da Lei 24/2007) tem aplicação imediata,
não s’o as acções futuras, mas também as acções pendentes.

b) Leis sobre o formalismo procesual


As normas que mais avultam no direito processual civil são as
reguladoras dos actos a praticar na proposição e desenvolvimento da
acção, bem como as formalidades e termos próprios de cada um deles.
Vale quanto aos actos processuais o o princípio da aplicação imediata
da nova lei na sua plenitude, ou seja abrangendo não só as acções
futura, mas também os a actos a praticar de futuro nas acções
pendentes na data da entrada em vigor da nova lei. Quanto aos actos
praticados na lei pretérita é esta que continua a regular a sua validade,
mesmo que a acção destinada a impugná-los seja proposta já no
domínio da nova lei.
Colhem em cheio, a justificação da solução, as duas razôes ( a natureza
publicistica e carácter instrumental do direito procesual civil), que
legitimam a regra da aplicação imediata das leis processuais.
Esta é a linha de orientação confirmada no art. 142º do CPC ao prever
que “a forma dos diversos actos processuais é regulada pela lei
que vigore no momento em que são praticados”.
O princípio da aplicação imediata da nova lei às acções pendentes
não se aplica em relação a forma do processo (comum, especial,
ordinário ou sumário), porque a aplicação imediata da nova lei à acções
pendentes que tivesse seguido até então uma forma diferente poderia
acarretar consigo a inutilização prática de alguns actos anteriores
contra legítima expectativa das partes até contra o espírito da nova lei.

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Ressalva análoga a da forma de processo se há-de admitir em relação
a normas reguladoras dos actos duradouros como a inquirição das
testemunhas ou da audiência e discussão de julgamento. A lei
reguladoras destes actos não deve aplicar-se às acções pendentes, na
medida em que da sua aplicação possa resultar a inutilização de actos
anteriormente praticados.
Leis sobre os recursos

Recursos são os meios de impugnação das decisões judiciais,


destinados a provocar reexame e novo julgamento da matéria, por um
tribunal superior.
Entre as normas reguladoras dos recursos importa distinguir:
- Normas que fixam as condições de admissibilidade do recurso
- Normas que se limitam a regular as formalidades da preparação,
instrução e julgamento do recurso.
Relativamente as normas que fixam as condições de admissibilidade do
recurso (v.g, aquelas que alteram a alada dos tribunias- art. 678/1 CPC)
considerando que a sua aplicação pode ter influência decisiva na
relação substantiva pleiteada a doutrina tem distinguido diversos tipos
de situações que podem verificar-se:
i) A nova lei que admita recurso de decisões que anteriormente o
não comportavam, é ponto assente que não deve aplicar-se as
decisões j’a proferidas à data da sua entrada em vigor.
ii) A nova lei afasta a possibilidade de recurso em casos onde era
anteriormente admitido, não deve aplicar-se aos recursos já
interpostos á data da sua entrada em vigor. Se o recurso ainda
não está interposto na data em que a nova lei entra em vigor, a
solução é mais duvidosa. Porém, nadúvida a solução mais
criteriosa é a da não aplicabilidade da nova lei às decisões que
admitem recurso, de acordo com o direito em vigor a data em
que foram proferidas.

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iii) Em relação as decisões que venham a ser proferidas no futuro
em acções pendentes, a nova lei é imediatamente aplicável,
quer admita recurso onde anteriormente o não havia, quer
negue o recurso em relação as decisões anteriormente
recorríveis.
c) Leis sobre as alçadas
Sabe-se que a alçada do tribunal é o limite do valor das causas dentro
do qual o tribunal julga sem admissibilidade de recurso ordinário.

A alada influi ainda, de modo indirecto, através dos critérios


estabelecidos nos artigos 462 e 465 ambos do CPC, na forma de
processo comum aplicável a acção.

No que respeita a forma de processo deve entender-se que o


processo iniciado sob determinada forma segue essa forma até a
decisão final (art. 12 CC).

A forma de processo deve consequentemente regular-se pela lei vigente


a data da propositura da acção.

Em relação a admissibilidade do recurso, a nova lei reguladora das


alçadas se aplica a todas as decisões proferidas após a sua entrada em
vigor, mesmo que se refiram as acções pendentes na data em que ela
principia a vigorar.

d) Leis sobre as provas


Dizem-se provas os meios que otribunal se serve para apurar a
realidade dos factos controvertidos, que de acordo com o direito
aplicável,interessam ao exame e a decisão da causa.
Relativamente ao direito probatório formal, destinado a regular o
modo como os diferentes meios probatórios são produzidos em juízo,
vale a regra da aplicação imediata das leis processuais. A nova lei
vale não só para as acções futuras, mas também para acções

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pendentes, quanto a todas diligências probatórias que importem
realizar após a sua entrada em vigor.
Relativamente ao direito probatório material, que regula o problema
dos ónus da prova, admissibilidade e força dos meios de prova, uma
distinção cumpre estabelecer para a boa aplicação dos princípios:

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- 1º - Se a nova lei se refere a admissibilidade dos meios de prova para
factos em geral (v.g morte, acidente...), nenhuma razão se vislumbra
para negar a sua aplicação imediata, mesmo a acções pendentes. Os
meios de prova das relações sexuais no caso de investigação da
paternidade, por exemplo, serão admitidos pela lei vigente ao tempo da
instrução da causa e não os reconhecidos pela lei em vigor ao tempo da
concepção.

- 2º - Tratando-se da lei reguladora da admissibilidade dos meios de


prova relativos a dterminados actos (v.g, os negócios jurídicos), a
situação é substancialmente diferente. Assim, se a nova lei se refere não
a prova dos factos em geral, mas a certa categoria especial de actos (v.g
arrendamento para fins comerciais) a lei aplicável para esse tipo especial
de prova, quanto a sua admissibilidade deve ser a do tempo em que o
facto se verificou (tempus regit actum).
e) Leis sobre os prazos judiciais
Chama-se prazo ao período de tempo dentro do qual um acto pode ser
realizado (prazo peremptório, conclusivo ou preclusivo ou
resolutivo- v.g, art. 486/1 CPC) ou a partir do qual um outro prazo
começou a correr (prazo dilatório ou suspensivo, v.g., art. 250/2 do
CPC).
Quanto às leis que alterem prazos anteriormente estabelecidos, a boa
doutrina tem distinguido as diferentes situações que podem ocorrer, em
obediência a orientação geral sobre alteração dos prazos estabelecida no
art. 297 CC:
1º - Se a nova lei alonga um prazo peremptório ou cominatório, aplicar-
se-á imediatamente, não só aos prazos relativos aos actos futuros
incluídos em acções pendentes, mas aos próprios prazos que já estejam

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a correr, contando-se o período de tempo já decorrido na vigência da lei
antiga (art. 297/2 CC)
2º- Se a nova lei alonga um prazo dilatório, idêntica solução deve ser
adoptada, por força da mesma disposição legal.
3º- A nova lei que encurte um prazo peremptório ou cominatório
também deve aplicar-se imediatamente aos prazos em curso, mas
contando para o efeito somente o período de tempo decorrido na
vigência da nova lei. V.g, veio reduzir-se um desses prazos de trinta para
15 dias, numa lei que entrou em vigor no dia 2 dum certo mês. O prazo
que tivesse começado a correr, por ex., no penúltimo ou último dia do mês
anterior e já atingido pela nova lei; porém, no prazo de q15 dias por esta
fixado só se conta operíodo de tempo decorrido na vigência dela. O prazo
considerar-se-á findo no dia 17 e não no dia 29 ou 30 e não também no
dia 14 ou 15.

b) Aplicação das leis procesuais quanto ao espaço


(DOMINGUES p. 50 ss).
1. O problema de conflito de leis processuais no espaço
O problema de conflito de leis no espaço é que constitui o principal
objecto do direito internacional privado. O problema de conflitos de leis
no espaço interessa não só a disciplina material da relação jurídica,
mas também interessa ainda para saber quais as normas processuais
aplicáveis, uma vez que a relação seja deduzida em juízo para se
obeter para ela uma providência judiciária...
Quanto a questão de saber quais são as normas processuais aplicáveis
a uma determinada relação jurídica privada de carácter internacional
serão de ter em conta, entre elas havendo que decidir a lei processual do
país onde foi instaurado o processoou pleito, a do país onde pretenda
realizar-se qualquer acto processual isolado e as leis dos diversos países
com as quais a relação material esteja em contacto através dos seus
múltiplos elementos de natureza substancial.

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Por. Lieda Msanga
2. O princípio da aplicabilidade da lex fori
a) Enunciado: é pacífico que quanto as leis procesuais, aaplicabilidade
da lex fori: os tribunais devem aplicar a todos os actos
praticados perante eles a leis procesuais do respectivo Estado,
ainda mesmo que a causa na qual se integram, penda em país
estrangeiro, ou os litigantes sejam cidadãos doutro país, ou a
relação material sub judice esteja em conexão com outra ou
outras lei (s). As normas direito precessual civil moçambicano
extraem-se dos artigos 65 e 99 ambos do CPC. O artigo 65 nos
remete para os artigos 73-89 todoas do CPC.
b) Restrições ao princípio da lex fori
A questão da admissibilidade das provas de determinados factos
especiais (maxime, negócios jurídicos) deve ser disciplinada pela lei
reguladora de cada um dos factos, a lei do lugar onde ocorreu ou foi
praticado (locus regit actum). É o caso da doutrina do artigo 187/2 do
CPC.

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Por. Lieda Msanga
4.PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL
(Castro Mendes, V. I, pág. 181 e SS)
a) Princípio dispositivo ou da disponibilidade das partes
O princípio dispositivo é aquele segundo o qual a vontade relevante e
decisiva no processo é a das partes (a iniciativa processual cabe as
partes, podendo elas, se queiserem e puderem transigir). O princípio
inquisitório é aquele segundo o qual a vontade relevante e decisiva no
processo é a do juiz.
O nosso processo civil é dominado pelo princípio dispositivo com as
seguintes limitações:
1º - Quanto a matéria a decidir, vigora o princípio dispositivo,
portanto, as partes determinam a matéria a decidir.
As partes é que fixam que processo haverá a decidir ( subprincípio da
disponibilidade do início do processo ). O tribunal não pode decidir
iniciar um processo, é sempre a parte que tem de o fazer (art. 3 e 664/1
CPC).
As partes é que fixam o que haverá a decidir em cada processo
(Subprincípio da disponibilidade do objecto do processo). Neste
ponto há que distinguir a disponibilidade do pedido e a disponibilidade
das questões e factos necessários á decisão deste.
Quanto ao pedido, são as partes (autor) que o delimitam e fixam
livremente. «A sentença não pode condenar em quantidade superior ou
em objecto diverso do que se pedir- art. 661/1 CPC, sob pena de ser nula
– art. 668/1-e) CPC.
Exemplo: António pede a anulação por dolo da venda de Y a Beto e
ganha. Se não pediu a condenação de Beto a restituir X, o tribunal não
profirirá essa condenação. Se Beto não restituir Y voluntariamente,
António terá de mover outra acção pedindo a condenação de Beto.
Também são em regra as partes que livremente suscitam e articulam os
factos em que o juiz baseará para dar sentença – art. 660/2 CPC. Mas o

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Por. Lieda Msanga
juiz não está sujeito às alegações das partes no tocante a indagação,
interpretação e aplicação das regras do Direito, mas só pode servir-se
dos factos articulados pelas partes, salvo tratando-se de que não
carecem de alegação ou prova (notórios) ou simulação de processo (arts.
664 conj art. 514 e 665).
Em regra, as partes podem por o termo ao processo por diversos meios:
compromisso arbitral, desistância, confissão ou transacção (art. 287-b)
e d) e outros meios art. 290 e seguintes do CPC)
2º - Quanto à forma geral, marcha ou estrutura do processo, vigora o
princípio da legalidade. A lei fixa a marcha do processo: quanto a
marcha do processo, não é determinada pelas partes nem pelo juiz, mas
pela lei.
3º - Como reflexo no nosso processo de uma ideia de inquisitoriedade
devem salientar-se os poderes conferidos ao juiz pelos artigos 266 e
264/3 do CPC.

b) Princípio do contraditório (art. 3/1 «in fine» e nº 2, )


Consiste este princípio na regra segundo a qual, sendo formulado um
pedido ou posto um argumento a certa pessoa, deve-se dar a essa
oportunidade de se pronunciar sobre o pedido ou argumento, não se
decidindo antes de dar tal oportunidade. Ninguém deve ser condenado
sem ser ouvido. O princ’ipio da contrariedade deriva de outro princípio
processual: o da igualdade das partes, uma vez que perante o tribunal
tanto vale uma parte como a outra (imparcialidade), ambas devem ter
igual tratamento e ambas devem ter por conseguinte iguais
oportunidades de expor as suas razões, procurando convencer o
tribunal a compor o litígio a seu favor.
Iniciando uma das partes certo processo, a outra parte do litígio deve
ser dado conhecimento do que perante o tribunal foi dito e deve ser
dada oportunidade que usará ou não de expor as suas razões (art. 3/1
«in fine» e nº 2,). Daqui decorre também o princípio da audiência

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Por. Lieda Msanga
contraditória das provas (art. 517 CPC), e os cuidados que a lei cerca
a citação do réu (art. 194 e ss e 228 e ss CPC).
Em regra, levantada por uma parte uma questão, o juiz deve ouvir a
parte contrária antes de decidir.
Este princípio não é absoluto, antes comporta excepções:
Assim em caso de esbulho violento o possuidor esbulhado pode pedir a
restituição provisória da posse (art.393 e SS CPC). «se o juiz reconhecer
pelo exame das provas que o requerente tinha a posse e foi esbulhado
dela violentamente, ordenará a restituição, sem citação nem audiência do
esbulhador (art. 394 CPC, cfr. Art. 1279 CC). O contraditório só pode ser
afastado pela lei (art.3/2 CPC).
c) Princípio da legalidade
Este princípio aparece- nos sob dois aspectos:
1º- O princípio da legalidade das formas processuais:
a) Quanto a estrutura e marcha geral do processo: este pode ser
rígido (ter a sua marcha fixada na lei) ou flexível (ser a sua
marcha estabelecida pelo juiz ou pelas próprias partes). O nosso
processo é em regra um processo rígido- a marcha do processo ‘e
fixada na lei.
b) Quanto a forma de cada acto processual em particular: não se
aplica como princípio o da legalidade, a regra é a do art. 138 CPC
«quando não esteja expresamente regulada na lei, os actos
processuais terão a forma, que em termos mais simples, melhor se
ajuste ao fim que visam atingir»
2º - O princípio da legalidade do conteúdo da decisão
O tribunal deve em regra julgar segundo a lei, aplicará a lei aos
factos – art. 659/2. O juiz julga segundo a lei e a sua consciência.
O princípio da legalidade do conteúdo das decisões apresenta
alguma excepções:

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Por. Lieda Msanga
- As resultante do princípio dispositivo. Em regra, as partes podem
determinar o conteúdo da decisão por desistência, confissão do
pedido, transacção (art. 293 e Ss)

- O chamado juizo de equidade. Os tribunais só podem resolver


segundo a equidade (art. 4 CC):
1. quando haja disposição legal que o permita
2. Qundo as partes o requeiram de comum acordo e a relação
jurídica não seja indisponível.
3. Quando as partes tenham previamente convencionado o recurso a
equidade, nos termos aplicáveis a cláusula compromissória.
O princípo da legalidade relaciona-se com o da independência dos
juizes (art. ____217_CRM)

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Por. Lieda Msanga
d) Princípio da tutela provisória da aparência
Em processo civil a aparência vale como realidade para o efeito de
detrminar se o é ou não.
Assim, a mera invocação de um direito permite à parte mover um
processo, o que em rigor só deveria ser permitido àquele que é
efectivamente o titular dum direito e para tutela deste direito.
e) Princípio da submissão aos limites substantivos
(cfr. Art. 4, 333, 345/1, 354-b) todos do CC e arts. 299/1, 483-a),
510 etc CPC)
«se a vontade das partes não pode conseguir certo efeito jurídico fora do
processo, não pode ser l’icito a pura vontade das partes conseguir tal
efeito através de actuações procesuais.»
Efeitos jurídicos que não estão na disponibilidade das partes são
efeitos jurídicos indisponíveis. A lei fala de relações jurídicas
indisponíveis (arts. 299/1, 483-a), 510 etc CPC). Por exemplo, o art.
412 da lei 10/2004 (Lei da família), dispõe que o «o direito de alimentos
não pode ser objecto de renúncia nem cedência». Trata-se portanto,
duma relação jurídica indisponível. Uma vez intentada a acção de
alimentos, não é permitido a parte que intentou a acção desistir
do pedido, por se tratar de um direito irrenunciável (art. 299/1
CPC).

3. Princípios relativos aos tribunais e aos juizes.


(Estatuto dos magistrados dos judiciais (Lei 7/2009 de 11 de
Março)
Os estudantes deverão ter compreendido bem os seguintes princípios
gerais:
a) Princípo da soberania dos tribunais ( art. 133 e 212 da
Constituição)

20
Por. Lieda Msanga
Os tribunais são órgãos de soberania que teêm como objectivo garantor
e reforçar a legalidade como factor de estabilidade jurídica, penalizando
as violações e decidindo pleitos de acordo com o estabelecido na lei.
b) Princípio da independência dos juizes ( art. 4 do Estatuto da
Magistratura)
Os magistrados judiciais julgam apenas segundo a constituição, a lei e
a sua consciência, não estando sujeitos a órdens ou instruções, salvo o
dever de acatamento pelos tribunais inferiores das decisões proferidas,
em via de recurso, pelos tribunais superiores.

c) Princípio da imparcialidade (art. 7 do Est. da Magist.)


É vedado aos magistrados judiciais intervir em processos nos quais
participe, como magistrado como funcionário de justiça, pessoa a que
se encontrem ligados por casamento, comunhão de vida, parentesco ou
afinidade em qualquer grau da linha recta ou até segundo grau da linha
colateral.

d) Princípio da irresponsabilidade política ( art. 5 do Est. da Magist.


e art. 217/2 Const.) : Os magistrados judiciais não podem ser
responsabilizados pelos seus julgamentos e decisões, excepto nos casos
especialmente previstos na lei.
e) Princípio da inamovibilidade dos juizes (art. 6 do Est. da Magist.
e art. 217/3 da Const.): Os magistrados judiciais não podem ser
transferidos, suspensos, promovidos, demitidos ou por qualquer outra
forma mudados de situação, senão nos casos previstos nos respectivo
estatuto.
f) Princípio da acção (art. 70 da Const.): o cidadão tem o direito de
recorrer aos tribunais contra os actos que violem os seus direitos,
interesses reconhecidos pela onstituiçãoe pela lei.
g) Princípo da pluralidade de jurisdição (art. 223 e seguintes da
Const.): Veja a categoria dos tribunais.

21
Por. Lieda Msanga
Parte II: Classificação do processo Civil4

1. Classificação pelo fim: noção e classificão das acções


a) Noção de acção
Acção – é o direito e simultaneamente o processo de fazer reconhecer
um direito em juízo ou de o realizar coercivamente.
Dispõe o art. 2 do CPC, a todo direito, execepto quando a lei determine o
contrário, corresponde a uma acção, destinada a fazé-lo reconhecer em
juízo ou realizá-lo coercivamente, bem como as providências necessárias
para acautelar o efeito útil da acção.
Infere-se daqui que as acões e as providências cautelares são os
meios que o Estado põe a disponibilidade das pessoas (pessoas
singulares ou colectivas) para através dos seus órgãos jurisdicionais
obterem o reconhecimento e a garantia dos seus direitos, bem como a
solução dos conflitos que sobre os mesmos se suscitem.

b) Classificação das acções (classificação pelo fim)


Genericamente, os processos têm todos o mesmo fim: justa composição
de um litígio. Esta composição pode se fazer de várias formas , que dão
correspondentemente a origem a diversos tipos de processo. Assim, no
art. 4 a nossa lei processual faz uma classificação dos tipos de processo
beaseando-se em espécies de acções consoante o seu fim. O termo
acção tem no art. 4 CPC o sentido de pedido. O artigo 4 começa por
dizer que as “as acções são declarativas ou executivas”.
1- Acção declarativa (litígio de ordem intelectual ou pretensão
contestada)
Verifica-se litígio de ordem intelectual, quando uma pretensão se opõe
uma impugnação ou contestação (resistencia actual) ou a possibilidade
dela (resistência eventual). A composição de um litígio de pretensão
contestada travado no plano intelectual, faz-se mediante uma
4
MENDES, João de Castro, Direito Processual civil, 1º Volume, Resvisto e actualizado, ediçãoAAFDL., pg. 230 e
ss

22
Por. Lieda Msanga
declaração dotada de autoridade e que torna a solução juridicanente
indiscutível daí em diante – mediante uma declaração que faz caso
julgado material, do tribunal, órgão provido de autoridade superpartes.
Direito de acção declarativa – é o direito de recorrer aos tribunais
pedindo uma medida declarativa que faz caso julgado material.
Pedido declarativo ou acção declarativa – é o pedido que no exerc’icio
do direito a acção declarativa se formula.
Processo declarativo- é o processo destinado a examinar o pedido
declarativo. ‘e uma sequência de operações de conhecimento destinadas
a resolução dum problema.

23
Por. Lieda Msanga
2. Acção executiva (litígios de pretensão insatisfeita)
Verifica-se um litígio de pretensão insatisfeita, quando a uma pretensão
se opõe uma lesão ou violação material do direito (por uma omissão,
v.g., não pagamento ou por uma acção, v.g., a perturbação da posse).
A composição de um litígio de pretensão insatisfeita faz-se “mediante as
providências adequadas a reparação efectiva do direito violado”-
art. 4/3 CPC.
O artigo 4/3 define a acção executiva, como aquela em que o autor
requer as providências adequadas a reparação efectiva do direito
violado. O processo correspondente é o processo executivo.

3. Espécies de acções declarativas (art. 4/2 CPC)


As acções declarativas podem ser:
3.1. Acções de simples apreciação (art. 4/2-a) CPC)

As acções de simples apreciação – são aquelas que têm por fim obter
unicamentea declaração da existência ou inexistência dum direito ou dum
facto. A acção de simples apreciação pode ser:
- Acção de simples apreciação negativa, quanto tem por fim obter a
declaração da existência dum direito ou dum facto (v.g., ... nada devo ao
réu, porque o contrato é nulo...)
- Acção de simples apreciação positiva – quando tem por fim obter a
declaração da existência de um direito ou de um facto. Nas acções de
simples apreciação ou declaração negativas, compete ao réu a prova dos
factos constitutivos do direito que se arroga (v.g., não pago porque o
contrato é nulo e o autor afirma que o contrato é válido, então o ré deve
provar a sua nulidade e o autor a sua validade).
3.2. Acção declarativa de condenação (art. 4/2-b) CPC)

24
Por. Lieda Msanga
Acção de condenação – é a que tem por fim exigir a prestação duma
coisa ou de um facto pressupondo ou prevendo a violação dum direito.
Corresponde ao que o Código civil cha de acção de cumprimento
(art. 817 do CC).
Pede-se a declaração do direito a uma prestação, mas pede-se mais
que isso, pede-se que o tribunal faça seguir essa declaração de uma
ordem para que cumpra (condenação).

3.3. Acção declarativa constutiva (art. 4/2-c) CPC)


A acçâo declarativa constitutiva – tem por fim autorizar uma
mudança na ordem jurídica existente. A relação material nestas
acções é uma relação potestativa, o autor exerce um direito
potestativo, estando os efeitos de tal exercício sujeitos a conditio iuris
de uma sentença favorável que reconheça e declare o direito,
implicitamente autorizando e desencadeando tais efeitos.
Exemplo: a acção de divórcio ou separação de pessoas e bens.

4. Classificação quanto a forma: processos comuns e processos


especiais
4.1. Noção de processo comum e especial
Proceso comum – é a forma de processo cujo âmbito de aplicação se
alarga a todos os casos para que não esteja previsto processo especial.
Processo especial – é a forma de processo cujo âmbito de aplicação
está definido na lei.
Para determinar em certo caso se se deve usar processo especial ou
processo comum, deve utilizar-se o seguinte critério: vê-se nos artigo
944 e seguintes do CPC e as leis avulsas se alguns dos tipos de
processos especiais aí contemplados abrange no seu ãmbito de
aplicação a hipótese em causa. Em caso negativo recorre-se ao
processo comum.

25
Por. Lieda Msanga
Nos termos do artigo 463/1 CPC os processos especiais se regulam
pelas disposições que lhe são próprias e pelas disposições gerais e
comuns, em tudo quanto não estiver prevenido umas e noutras,
observar-se-á o que se acha estabelecido para o processo ordinário.

26
Por. Lieda Msanga
4.2. Tipos de processos especiais5

a) Processo de interdições e inabilitações (art. 944-963 CPC)


O processo de interdição ou inabilitação funda-se na anomalia
psíquica e nele deve-se especificar os factos que revelam a anomalia
e o grau da incapacidade do arguido e indicar as pessoas que
segundo a lei devem compor o conselho de família e exercer a tutela
ou curatela. (leia os arts. 944-963 CPC) . Em relação ao facto de
saber quem está suhjeito a interdição, inabilitação veja o art. 138 e
152 ambos do CC e os modos de suprimento da incapacidade e
respectivo regime veja os art. 153 e 156 ambos do CPC.

b) Processo de despejo (art. 964-997 CPC)


Despejo – é o desalojamento forçado dos prédios que ocupam os
arrendatários, e a acção tendente a tal fim. O senhorio tem de
recorrer a acção de despejo para efectivar a resolução do contrato de
arrendamento, quando tenha por fundamento uma das causas
enunciadas no artigo 1093 CC (art. 1047 e 971 CPC). Também em
caso de caducidade do arrendamento, é através da acção de despejo
que o senhorio pode obter a restituição forçada do prédio locado, só
podendo então exigí-lio passado três meses sobre a verificação do
facto determinante da caducidade, salvo se este for o fim do prazo do
contrato – art. 1053 CC e 970 CPC.
Finalmente a denúncia do contrato de arrendamento pelo senhorio
deve ser feita em acção judicial, com antecedência mínima de 6
meses relativamente ao fim do prazo do contrato, mas não obriga ao
despejo enquanto não decorrerem três meses sobre a decisão
definitiva (art. 1097 CC e 969, 970 ambos CPC).

5
Nb: os processos especiais são tantos e estão previstos na lei, por isso, nos limitaremos a estudar alguns
processos especiais previstos na legislação processual civil

27
Por. Lieda Msanga
A acção de despejo segue os termos do processo sumário com
algumas especialidades enunciadas no artigo 972 do CPC.
O valor da acção é o valor da renda anual, acrescido das rendas em
dívida e da indemnização requerida – art. 307/1 CPC.

28
Por. Lieda Msanga
c) Processo de Expurgação de hipotecas e extinção de
privilégios (art. 998-1013 CPC)
A espurgação de hipotecas - é a faculdade que tem aquele que
adquiriu um bem hipotecado, registou o título de aquisição e nãoé
pessoalmente responsável pelo cumprimento das obrigações
garantidas, de fazer extinguir as hipotecas que sobre o bem incidem,
mediante o pagamento integral aos credores hipotecários das dívidas
que as hipotecas garantem ou entregando aos credores, para
pagamento dos seus créditos, até à quantia pelo qual obteve o bem (ou
aquela em que o bem é avaliado, se a aquisição foi a título gratuito ou
caso não tenha havido fixação de preço)- art. 721 e SS CC. O
processo a seguir para expurgação de hipotecas encontra-se
regulado nos artigos 998 e SS do CPC. O tribunal competente para a
expurgação de hipotecas é o tribunal da situação dos bens
hipotecados, se estes forem imóveis, se se tratar de navio ou
aeronave, o tribunal competente é o da matrícula do bem, havendo
vários móveis matriculados em circunscrições diversas pode o autor
optar pelo tribunal de uma delas, constituíndo os bens hipotecados
uma univarsalidade de facto ou se forem simultaneamente móveis e
imóveis ou vários imóveis situados em circunscrições diferentes, a
acção deve ser proposta no tribunal correspondente a situação dos
imóveis de maior valor, devendo-se atender para esse efeito aos
valores da matriz predial.- art. 73 CPC.
d) Processo de prestação de contas (art. 1014-1032 CPC)
Há pessoas que relativamente a uma dada actividade têm a
obrigação legal de prestar contas a outra ou outras: é o que acontece
por exemplo, como curador provisório dos bens do ausente (art. 95
CC), o mandatário (art. 1161-d) CC), o tutor sempre que o tribunal o
exija (art. 355 da Lei 10/2004- Lei da família), o cabeça-de-casal (art.
2093 CC), o testamenteiro (art. 2332 CC) e os comerciantes art. 16-d)

29
Por. Lieda Msanga
do Código comercial. Quando o obrigado a prestar contas o não faça
voluntariamente, pode ser judicialmente coagido a fazê-lo, pelo
processo regulado nos artigos 1014-1032 do CPC.
A lei prevê processos especiais para a prestação de contas por tutor e
curador (art. 1020-1022 CPC). Na acções de prestação de contas, o
valor da causa é o da receita bruta ou da despesa apresentada, se
lhe for superior – art. 307/3 CPC
e) O processo de venda e adjudicação do Penhor (art. 1008-
1013 CPC)

Penhor – é uma garantia real de uma dívida, que se constitui pela


entrega, pelo devedor ou por um terceiro, ao credor de uma coisa móvel
que fica a garantir o cumprimento da obrigação. O penhor implica em
princípio a transmissão da posse da coisa (art. 669 CC), embora a
entrega da coisa possa ser dispensada por não convir as partes.
O credor pignoratício não pode usara coisa empenha, mas pode fazer
seus os frutos dela. O credor adquire o direito de se fazer pagar, com
preferência sobre os outros credores, pelo valor da coisa móvel ou pelo
valor dos créditos ou outros direitos não susceptíveis de hipoteca,
pertencentes ao devedor ou a terceiro (art. 666/1 CC).

Vencida a obrigação, o credor pode requerer judicialmente o


pagamento pelo produto da venda da coisa empenhada: processo
de venda do penhor – art. 1008-1010 CPC. É citado o devedor para
dentro de 15 dias pagar a dívida ou contestar o pedido. Se o réu não
pagar e não houver contestação ordena-se a venda do penhor. Pelo
produto da venda é pago o credor, depois de satisfeitas as custas, sendo
remanescente entregue a quem tenha constituído penhor (arts. 1008/1
conj. 1009/1 e 2 CPC).

30
Por. Lieda Msanga
Se as partes assim tiverem convencionado, o credor pode também fazer-
se pagar pela adjudicação da coisa pelo valor que o tribunal fixar
(Processo para adjudicação6 do penhor – art. 1011 e SS.
Sobre o resgate do penhor e sua venda antecipada vide os arts. 1012 e
1013 ambos do CPC.

f) Processo da consiginação em depósito (arts. 841 e SS CC


1024-1032 CPC)
Nos casos em que o devdor sem culpa sua, não seja possível efectuar
a prestação ou não seja possível efectuá-la com segurança, e ainda
quando credor se encontre em mora, ao devedor é facultada a
possibilidade de se liberatar da obrigação depositando a coisa
devida . O depósito é feito numa instituição bancária a ordem do
tribunal, salvo se a coisa não poder ser aí depositada, pois neste caso
é nomeado o depositário a quem se faz a entrega....( e 1024/2 CPC,
em atenção a nova readção dada pelo Decreto 1/2009 de 24 de
Abril). Também ao terceiro, a quem seja lícito efectuar a prestação é
a facultada a consignação em depósito.
Uma vez operada a consignação, fica o consginatário com o dever de
entregar a coisa ao credor, tendo este o direito de a exigir. Leia os
arts. 1024-1032 CPC.

g) Acções possessórias (arts. 1276 do CC e SS e 1033-1034 CPC)


Ao possuidor são atribuídos meios judiciais de defesa da sua posse
contra actos que a ameacem ou lese, podendo dirigir-se ao tribunal e
requerer determinadas providências, através das chamadas acções
possessórias.
6
Adjudicação – é o acto processual pelo qual o tribunal transmite em favor de um ou vários interessados
a totalidade ou parte de uma coisa, por ter sido reconhecido o direito dessa ou dessas pessoas à coisa,
por terem licitado mais alto no acto de arrematação e/ou cuja proposta em carta fechada tenha
prevalecido. É també adjudicação a transmissão judicial de bens ou rendimentos, operada no processo
executivo como forma de pagamento.

31
Por. Lieda Msanga
Tais acções são a acção de prevenção, a acção de manutenção e a
acção de restituição da posse.
As acções de manutenção e de restituição caducam no prazo de um
ano contado do facto da perturbação ou do esbulho, ou do
conhecimento dele, quando tenha sido praticado ocultamente (art.
12 82 CC). Nos casos de de ter havido esbulho 7 violento, o possuir ,
não obstante ter de recorrer à acção de restituição, pode, desde logo,
socorrer-se da providência cautelar de restituição provisória da
posse, que será decretada nos termos dos arts. 393 e 394 CPC.,
sem citação e audiência do esbulhador.
O recurso as acções possessórias é ainda facultado pela lei ao
locatário (art. 1037/2 CC), ao comodatário mesmo contra o
comodante (art. 1133/2 CC) ao parceiro pensador mesmo contra o
proprietário – art. 1125/2 CC, ao depositário – art. 1188/2 CC, ao
credor pignoratício art. 670-a) CC etc.. As acções de prevenção,
manutenção e restituição da posse seguem, em princípio, os termos
do processo sumário e ncontram-se reguladas nos arts. 1033 e 1036
CPC.
h) O processo de posse judicial (art. 1044-1051 CPC)
Posse judicial – é u processo executivo especial em que alguém que
têm a seu favor título transmissivo de propriedade de uma coisa,
requer que lhe seja conferida judicialmente a posse da mesma.
A acção que é proposta contra o dentor da coisa, visa portanto
conferir a posse efectiva a quem nunca a teve..
Leia os artigos 1044-1051 CPC.

i) Acções de arbitramento (art. 1052-1068)

Arbitramento – é a realização de uma diligência (exame, vistoria ou


avaliação), por peritos nomeados, que prestam ao tribunal informação
de facto.
7
Esbulho – é o acto pelo qual alguém priva outrem , total ou parcialmente da posse de uma coisa.

32
Por. Lieda Msanga
Os artigos 1052 a 1068 CPC ocupam-se da regulação dos termos de
processo de um conjunto de acções, cujo objectivo é a realização de
um arbitramento entre as partes, por meio de peritos: é o caso de
expropriação por utilidade particular, cessação ou mudança de
servidão, demarcação, divisão de coisa comum, prevenção contra o
dano, divisão de águas etc..
1. Prevenção contra o dano- 1346 e 1347 CC:
É uma acção de arbitramento que tem lugar nos casos previstos
nos artigos 1346 (emissão de fumos, fuligem, vapores, cheiro, calor
ou ruidos) e art. 1347 (obras, instalações ou depósito de
substâncias corrosivas ou perigosas).

2. Divisão de águas (art. 1399 CC)-


Quando os co-utentes de águas pretendam pôr termo a situação de
condomínio devem fazé-lo nos termos do art. 1399 e Ss CC, e
propor-se-á para o efeito uma acção de divisão de águas nos termos
dos arts. 1052 e SS CPC.

33
Por. Lieda Msanga
3. Acção de demarcação (art. 1353 e SS CC, 1052-1054 e 1058
CPC)
Demarcação – é a delimitação das extremas de dois prédios
contíguos através da colocação de marcos ou outros sinais visíveis.
O direito a exigir a demarcação faz parte do direito de propriedade,
podendo ser exercído judicial ou extrajudicialmente e sendo
imprescriptível.
O artigo 1354 CC, enuncia o modo de proceder a demarcação,
estipulando que ela é feita conforme aos títulos de cada um dos
proprietários confinantes, atendendo-se, na falta de títulos
suficientes, a posse em que aqueles se encontrem ou a outros meios
de prova; na ausência de qualquer desses meios, o terreno em litígio
deve ser dividido em partes iguais. O processo de demarcação vem
regulado nos arts. 1052-1054 e 1058 CPC.

4. Acção de divisão de coisa comum (art. 1412, 1413 CC e arts.


1052 CPC)
Aqui a expressão coisa comum, é usada no sentido de
compropriedade.
Compropriedade – é a modalidade do direito de propriedade de
titulares (contitularidade), do direito sobre a mesma coisa. Nenhum
dos comproprietários é obrigado permanecer na indivisão. A lei
faculta ao comproprietário o direito de exigir a divisão de coisa
comum, salvo se se tiver convencionado que a coisa se conserve
indivisa, em qualquer caso não pode convencionar-se a indivisão
por prazo superior a cinco anos, muito embora, findo tal prazo, ela
possa ser sucessivamente renovado por novas convenções 8art.
1412 CC).
A divisão da coisa comum nem sempre se traduz (até porque há
casos em que, material ou juridicamente, tal não é possível) na

34
Por. Lieda Msanga
divisão material da coisa, podendo consubstanciar-se na
adjudicação da coisa a um dos compropietários ou na sua
venda, distribuindo-se num e noutro caso, o valor
correspondente as quotas em dinheiro.
A divisão da coisa pode ser feita amigavelmente, casos em que está
sujeita a forma exigida para alienação onerosa da coisa (art. 1413
CC) ou judicialmente, seguindo o processo da divisão de coisa
comum previsto e regulado nos arts. 1052e segs e 1059 e segs.,
todos do CPC.

j) Reforma de títulos, autos e livros e outros documentos.


- Reforma de títulos de obrigação destruídos: os títulos de crédito
que tenham sido destruídos poderm ser judicialmente reformados,
através do processo previsto nos arts. 1069-1072 CPC. Assim, aquele
que proceder a reforma de títulos de obrigação destruídos
descreverá os títulos e justificará sumariamente tanto o interesse que
tenha na sua recuperação, como os termos em que se deu a
destruíção... art. 1069/1 CPC. No dia da conferência dos interessados
são citadas as pessoas que tenham emitido o título ou nele se
tenham obrigado... se todos os interessados acordarem na reforma, é
esta ordenada oralmente, consignando-se no auto os requisitos
essenciais e a decisão proferida. Transitada em julgado a decisão,
pode o autor requerer que o emitente ou os obrigados sejam
notificados, para dentro do prazo que for fixado, lhe entregar novo
título, sob pena de ficar servindo como título a certidão do auto. (arts
1069/2, 1070/1 e 2 ).
Tratando- se de reforma de títulos perdidos ou desaparecidos
observa-se o disposto no art. 1072 CPC.
Reforma dos autos – é o processo para a reconstituição de
qualquer processo judicial que foi destruído ou desapareceu. Inicia-
se a requerimento de qualquer das partes no processo que pereceu

35
Por. Lieda Msanga
ou desapareceu e corre no mesmo tribunal. ( leia os arts. 1074-1082
CPC.)
k) Acção de indeminização contra Magistrados (arts. 1083-1093)
Tanto os magistrados judiciais como os do Ministério público são
obrigados a indemnizar os lesados pelos prejuízos causados, quando
tenham sido condenados pelo crime de peita, suborno, concussão
ou prevaricação (art. 284 CP) ou ainda quando tenham agido com
dolo, tenham denegado justiça e finalmente quando a lei lhes
impuser expressamente tal responsabilidade. O tribunal competente
para a propositura da acção é o da circunscrição a que pertença o
tribunal em que o magistrado exercia funções ao tempo da
ocorrência do facto que fundamenta o pedido.8
l) Procedimentos cautelares (art. 2/2in fine, arts. 381 e SS
CPC)9
1. Noção e finalidade dos procedimentos cautelares
Distinta das acções classificadas no art. 4 do CPC são os procedimentos
cautelares, que são os meios de que o titular dum direito pode lançar mão
com o fim de acautelar o efeito útil da acção (art. 2/2 in fine, CPC).
os procedimentos cautelares visam impedir que durante a pendência
de qualquer acção, declarativa ou executiva a situação de facto se altere
de modo que a sentença nela proferida, sendo favorável, perca toda a
sua eficácia ou parte dela.
Pretende-se deste modo combater o periculum in mora (o prejuído da
demora inevitável do processo), a fim de que a sentença não se torne
numa decisão puramente platónica.
Exactamente porque visam prevenir a lesão irreparável ou dificilmente
reparável do eventual direito, os procedimentos cautelares não têm
cabimento contra lesões já consumadas de direitos por faltar neste caso
o fundado receio de que a lei se refere.

8
Crimes contra a realização da justiça encontram-se previstos nos arts. 284, 314, 318 todos do CP.
9
VARELA pág. 22 e ss, Castro MENDES, V. 1, pág. 251-263

36
Por. Lieda Msanga
Chama-se lhes procedimentos e não acções por eles carecerem de
autonomia. Dependem de uma acção já pendente ou que deve ser
seguidamente proposta pelo requerente.
Se a acção ainda não está proposta o procedimento cautelar constitui,
mero preliminar dela, e caducará se a acção não for proposta dentro
dos trinta dias subsequentes à notificação da concessão do
prodecimento (art. 382/1-a).
Estando a acção já pendente, o procedimento cautelar constituirá um
mero incidente da acção e será processado por apenso a acção
principal, (art384/3CPC). Como depende da acção cujo efeito útil visa
acautelar o procedimento cautelar caducará se a acção vier a ser
definitivamente improcedente (art. 382/1-b).
O indiferimento liminar do procedimento cautelar não impede a
proposição da acção.

2. Pressupostos dos procedimentos cautelares


A concessão de um procedimento cautelar é medida de absoluta
excepcionalidade tornando-se nítida a sua vinculação a efectiva
presença de todos os pressupostos indispensáveis, quais sejam: o
periculum in mora, o fumus boni iuris, a relevância dos motivos alegados.
a) Periculum in mora: constitui o primeiro e mais importante dos
requisitos indispensáveis para a concessão de medidas cautelares.
Fundamenta-se no receio de um dano jurídico, referindo-se ao interesse
processual presente na busca da obtenção de uma garantia quanto a
própria efectividade da solução final a ser dada pelo poder judiciário.
Deve-se, pois, ser aferido através do juízo de probabilidade, com
provada plausibilidade da existência de dano, justificado receio de lesão
de direito e/ou a existência de existência de direito ameaçado e nunca

37
Por. Lieda Msanga
no genérico juízo de possibilidade. Em suma, o periculum in mora vem a
ser o receio, objectivamente fundado, quando a existência de efectivo
dano jurídico, de dif’icil ou impossível reparação, durante o curso da
acção que instrumentaliza o pedido meritório.
b) Fumus boni iuris
o fumus boni iuris consite num juízo específico de exame de
probabilidade de deferimento futuro da pretensão meritória que associa
o mérito de conteúdo cognitivo ao mérito cautelar.
A grande maioria de doutrinários entende que a relevância do
fundamento do pedido se encontra adstrita ao requisito fumus boni
iuris.
Ao apreciar os pressupostos do procedimento cautelar, em lugar da
prova do direito, o juiz deverá contentar-se com uma probabilidade
séria da existência do direito, e bastará que o requerente mostre o
fundado (compreensível/justificado) receio da sua lesão.
Nb: a providência cautelar deve ser recusada se o preju’izo por ela
causado ao requerido for superior ao dano que o requerente pretende
evitar (art. 401/1 in fin CPC).

38
Por. Lieda Msanga
3. Tipos de providências cautelares
As providências cautelares podem ser: a) especificadas e b) não
especificadas
3.1. Providências cautelares especificadas ou nominadas.
As providências cautelares especifivadas obdedecem a um figurimo
previamente enunciado na lei adjectiva e estão sujeitos a um quadro de
requisitos, pressupostos e conteúdo decisório específicos.
São as seguintes providências cautelares especificadas previstas no
nosso ordenamento jurídico civil. a) a restituição provis’oria da posse,

5. Formas de processo comum: declaratório e sumário

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Por. Lieda Msanga

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