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Tema: Usufruto
Turma: Única
Grupo nº 3
Os Docentes
_____________________________________
Tema: Usufruto
Integrantes do grupo:
Adriano Kanica
Esperança Ndakolo
Jeruza Graciete
Júlia Malombo
Lizito Simeão
Pedro Girão
Índice
INTRODUÇÃO .........................................................................................................................1
1. Noção .....................................................................................................................................2
6. O objecto do usufruto.............................................................................................................7
10.6. Obrigação de pagar impostos e outros encargos anuais que incidam sobre o rendimento
dos bens usufruídos. .................................................................................................................15
10.7. Dever de avisar o proprietário de qualquer facto de terceiro de que tenha notícia, sempre
que lhe possa lesar os direitos do proprietário. ........................................................................16
CONCLUSÃO .........................................................................................................................18
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................20
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como finalidade o desenvolvimento da figura do usufruto, que se
encontra dentro do conteúdo dos Direitos Reais, prpriamente nos direitos reais de gozo.
Neste trabalho, faremos referencia a noção, a evolução histórica no Direito romano, até aos
dias de hoje, abordaremos rambém suas caracteristicas, constituição, suas modalidades, a sua
extinção, bem como outros aspectos relevantes.
Tendo como base de apoio, referencias bibiográfica, o Código Civil angolano e alguns
artigos cientifico.
1
1. Noção
O código civil no seu artigo 1439 dispõe que o usufruto “é o direito de gozar temporária e
plenamente uma coisa ou direito alheio, sem alterar a sua forma ou substância”
2. Evolução histórica
Usufruto tem antecedentes no antigo direito grego, mas os seus traços fundamentais foram-lhe
conferidos pelo direito romano.
O Usufruto surge em Roma entre os séculos II e III a.C com o fim de atribuir à viúva um
rendimento adequado à sua subsistência, sem afetar a cota dos descendentes e dos outros
herdeiros. Desta forma os romanos afastavam a concepção familiar do “matrimónio cum manu”
e difundiam o novo “matrimónio sine manu”.2
No entanto esta figura suscitou entre os romanos uma controvérsia pois não era claro se
usufruto é um direito real sobre a coisa alheia, ou antes, como uma propriedade sobre os frutos
da coisa. Só no princípio do século I é que o usufruto adquire a natureza de ius in re aliena,
distinguindo-se da propriedade.3
O usufrutuário não podia exceder os limites do conceito de fructus, ou seja, o direito de usar e
fruir a coisa, mantendo a sua substância.
Esta era responsável por reparações ordinárias da coisa, pela alimentação dos escravos, e pelas
despesas de doença. Podia, no entanto, abandonar a coisa para se eximir das responsabilidades.
O proprietário detinha o gozo dos elementos não considerados frutos, podia exigir ao
usufrutuário a realização de atos necessários à boa administração e restauração da coisa, podia
também exigir a prestação de uma caução (cautio usufructuario), em que o usufrutuário
1
D,7,1,1 “Usufructus est ius alienis rebus utendi fruendisalva rerum substantia”.
2
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais, cit. pág. 354.
3
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais, cit. pág. 336.
2
prometia que usaria a coisa segundo os critérios determinados e restitui-la-ia, no termo do
usufruto.
3. Características do usufruto
Pela definição dada pelo código civil no seu artigo 1439.º, retiram-se algumas características
do usufruto nomeadamente, que é um direito de gozo, não exclusivo, limitado, temporário e
ser objeto alheio.
Para Santos justo esta característica prende-se pelo facto de o usufrutuário poder usar, fruir e
administrar a coisa ou direito, embora deva respeitar o seu destino económico (art. 1444.º),
podendo também, transferir para os outros o exercício do seu direito e onerá-lo, salvo
restrições, só podendo ser efetuado por negócio intervivos, assim, o usufrutuário responde
também pelos danos que as coisas sofrerem por culpa da pessoa que o substituir.
Menezes Leitão, vai mais além dizendo que o usufruto atribui o gozo pleno de uma coisa sendo
que usufrutuário beneficia da generalidade dos poderes de gozo que a coisa seja susceptível de
proporcionar, não sendo o seu gozo circunscrito a determinadas faculdades, ao contrário do
que acontece noutros direitos reais menores.
Oliveira de Ascensão traz a questão de que se o usufruto tiver por objeto coisas consumíveis,
o usufrutuário pode servir-se delas ou aliená-las, mas é obrigado a restituir, findo o usufruto, o
seu valor, ou outra coisa do mesmo género, qualidade, quantidade ou valor considerando que
se encontra aqui uma situação semelhante ao usufruto, economicamente, no entanto
juridicamente a situação é muito diversa.5
4
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais, cit. pág. 336.
5
OLIVEIRA ASCENSÃO,Direito civil-reais. pág.471
3
Oliveira de Ascensão diz ainda que quando se impossibilita o gozo de coisa alheia a figura do
usufruto dissipa- se, portanto consumida coisa, o usufrutuário torna-se um mero devedor numa
obrigação a prazo6
3.3. Temporário
Usufruto não pode exceder a vida do usufrutuário quando se trate de pessoa física, e a sua
duração máxima de 30 anos no caso de pessoa colectiva. Se houver prazo estipulado, extingue-
se no seu termo excepto se usufrutuário morrer antes (art. 1443º.).
6
A situação até o consumo assemelha-se ao usufruto, tem-se, no entanto, o que Oliveira de Ascensão considera ser um anómalo usufruto.
7
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais, cit. pág. 337.
8
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais, cit. pág.357.
9
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais, cit. pág. 337.
4
3.4. Limitado
Usufruto é limitado pois o usufrutuário não pode alterar a forma ou substância da coisa
usufruída e deve também respeito ao seu destino económico (art. 1439.º).
Menezes Leitão refere que esta disposição tem, no entanto que ser articulada com o disposto
no 1446.º do código civil, porque não faz referência à forma e substância, mas antes ao destino
económico da coisa. Surgiu então por isso uma discussão na doutrina sobre qual a disposição
prevalente.
Para Oliveira de Ascensão, a exigência mais genérica é do artigo 1439.º do código civil, que
faz parte do próprio tipo de usufruto. Já a disposição do artigo 1446.º está integrada entre as
disposições supletivas pelo que poderia por isso ser afastada.10
Em sentido contrário, Menezes Cordeiro, defende que, sendo uma definição legal, o artigo
1439.º não tem natureza imperativa, pelo que usufrutuário não está vinculado a respeitar a uma
forma e substância, mas apenas o destino económico da coisa.11
Nesta senda Menezes Leitão defende a posição de Oliveira de ascensão pelo que uma vez que
a proibição de alteração da forma e substância da coisa é que faz parte do tipo legal do usufruto,
sendo o respeito pelo seu destino económico uma disposição supletiva, cuja observância diz se
afigurar não essencial.12
10
OLIVEIRA ASCENSÃO, Direito Civil-Reais. pág.476.
11
MENEZES CORDEIRO, Direitos Reais. pág. 652.
12
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. pág. 338.
5
objectos, ou seja, a prestação. Consideram então que não se trata de um direito real, mas sim
de um direito de crédito sobre a designação iuris de usufruto.13
5. Subtipos de usufruto
A lei angolana permite autonomizar alguns tipos de usufruto, diferenciando-se entre si em
função da coisa sobre a qual incidam. Encontramos os seguintes exemplos na lei.
13
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais, cit. pág. 359.
14
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais, cit. pág. 360.
15
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais, cit. pág. 360.
6
Indo a par de Alberto Viera deixamos de fora os subtipos de usufruto que versam sobre
direitos, por não se constituírem usufrutos, por não terem uma coisa corpórea por objecto.16
6. O objecto do usufruto
Segundo o artigo 1439.º o objeto do usufruto pode ser uma coisa ou um direito alheio. A coisa
objeto do usufruto pode ser móvel ou imóvel e é sempre uma coisa corpórea.
No entanto, o direito do usufrutuário apenas tem natureza real se incidir sobre coisas
corpóreas, uma vez que só neste caso pode ser exercido diretamente sobre a coisa e é oponível
a qualquer terceiro, incluindo o proprietário de raiz.17
Usufruto pode igualmente ser constituído sobre uma quota em compropriedade, caso em que
o usufrutuário participa das vantagens e encargos da coisa paralelamente com outros
18
comproprietários durante o prazo de duração do usufruto (art.1405º.) . Nestes casos o
comproprietário não pode, porém, sem o consentimento dos outros, constituir usufruto sobre a
totalidade ou parte especifica da coisa comum, sob pena, de ser vista como oneração de coisa
alheia e consequentemente nula (art.1408.º e art.892º.).
Do artigo 1439º. parece ainda decorrer que o usufruto pode ter por objeto os direitos. Trata-
se de uma decorrência da doutrina que aceita poderem existir direitos cujo objeto seja outro
direito. Como exemplos, temos o usufruto de créditos “(artigos. 1463º. a 1466º.), usufruto de
direitos de participação social “(artigo 1467.º), o penhor de direitos (art. 679º. e seguintes)19
Alberto Vieira rejeita o usufruto de direitos sobre direitos, dizendo que o usufruto só poderá
referir-se a coisa corpórea que seja objeto do direito (usufruído), não ao próprio direito.
6.1. Quase-usufruto
Esta é uma figura trazida por Alberto Vieira, que surge em Roma. Nessa altura era
inconcebível o usufruto sobre coisas consumíveis sendo que os juristas, na altura designaram
de quase-usufruto, sendo o seu regime mais próximo do mútuo do que do usufruto
16
JOSÉ ALBERTO VIEIRA, Direitos Reais de Angola.
17
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. pág. 339.
18
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. pág. 338.
19
JOSÉ ALBERTO VIEIRA, Direitos Reais de Angola. pág. 630.
7
propriamente dito. O direito vigente manteve a ligação tradicional do quase-usufruto ao regime
do usufruto, tratando-o inclusivamente como tal. A matéria vem regulada no artigo 1452º. No
entanto Alberto Vieira, afirma que, o regime de quase-usufruto não constitui um verdadeiro
usufruto, apresentando traços muito mais próximos do regime jurídico do mútuo do que
daquele direito real.20
7.Constituição do usufruto
Sendo o usufruto um direito real os seus modos de constituição vêm tipificados no código
civil no seu artigo 1440.º. Assim sendo, o usufruto pode ser constituído por contrato,
testamento, usucapião, ou disposição da lei.
20
JOSÉ ALBERTO VIEIRA, Direitos Reais de Angola. pág. 630 e 631.
21
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais. Pág.362.
22
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit.pág. 340.
8
7.3. Constituição por usucapião
Outra forma de constituição de usufruto é pela usucapião, o artigo 1287ºestabelece que, é a
posse de direito de propriedade ou de outros direitos reais de gozo mantida por um certo
lapso de tempo. Na doutrina houve quem entendesse que não se podia adquirir o usufruto
pela usucapião, pois, considerando que a posse é equívoca, ou seja, a posse do usufrutuário é
idêntica a posse do proprietário, (traduzindo-se ambas na da coisa e na da recolha dos seus
frutos), sendo assim impossível distingui-las.23
No entanto Santos Justo, defende que, esta posição não é correta pois o elemento subjetivo
permite distinguir as duas situações possessórias, sendo por isso que o legislador admitiu a
constituição de usufruto por usucapião. Admitindo ainda a possibilidade de a nova propriedade
ser adquirida por usucapião, podendo a posse ser exercida por intermédio de outrem.24
Tradicionalmente, destacava-se o usufruto dos pais sobre os bens do filho menor legítimo e
usufruto do cônjuge sobrevivo quando a sucessão legítima fosse diferida aos irmãos ou
sobrinhos do de cuius.25 Estas duas situações foram abolidas, dado que os pais passaram a ser
meros administradores dos bens dos filhos, e o conjugue viu a sua posição na classe de
sucessíveis passar para o primeiro ou segundo lugar, juntamente com ascendentes e
descendentes.26
8.Regime jurídico
É conferido ao título constituvo do usufruto uma notória flexibilidade, embora se deva respeitar
o principio da tipicidade dos direitos reais, sendo assim possivel estabelecer uma variedade de
poderes, e de caso para caso, excluir uma ou outra utilidade. No entanto Santos Justo, diz haver
um limite, o usufruto não pode incidir sobre a fruição de uma só utilidade.
23
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais, cit. pág. 363..
24
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais
25
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais, cit. pág. 364.
26
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit.pág. 341.
9
8.2. Regime especial
Regime especial compreende frutos alienados antes da colheita (art.1448), as acessões
9.Poderes do usufrutuário.
Nos termos do artigo. 1446º, o usufrutuário pode usar, fruir e administrar a coisa ou direito
como faria um bom pai de famila, respeitando sempre o seu destino económico. Assim o
usufrutuário tem a faculdade de usar a coisa, administrá-la, fazê-la produzir frutos, colher os
frutos naturais e exigir os frutos civis.28 O usufrutuário tem ainda a possibilidade de proceder
à alienação ou oneração do seu direito.
27
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais, cit. pág. 367.
28
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit.pág. 341.
10
9.1. Poder de uso da coisa.
Poder de uso da coisa tem grande amplitude e é indeterminado, sendo praticamente
equiparável ao poder do uso do proprietário do qual se distingue apenas pela limitação relativa
ao respeito pela forma e substância da coisa e supletivamente pelo seu destino económico.
Essas limitações não correspondem, porém, a obrigações específicas do usufrutuário, mas antes
limites ao seu poder de uso, pelo que se o usufrutuário os infringir viola o direito do
proprietário, sendo responsável nos termos da responsabilidade delitual, de acordo com o
critério da diligência de um bom pai de família.29
O limite quanto a forma e substância30 limita qualquer actividade do usufrutuário que altere a
forma ou substância da coisa, uma vez que pode prejudicar a futura restituição da desta. A lei
exclui o limite no caso das coisas consumíveis e atenua no caso das coisas deterioraveis , o
limite ao respeito pelo destino económico da coisa a doutrina diz que tanto pode ser
interpretado como destino económico a que objetivamente a coisa seja idónea ou o destino
atribuído pelo proprietário.
Menezes Leitão, considera que a melhor interpretação é segunda, uma vez que, aquando da
constituição do usufruto a expectativa do proprietário, é que a função económica venha a ser
alterada, justificando que é este o critério legal utilizado em vários tipos de usufruto exemplo:
arts1455º. número 1, 1456º, 1457º. número 1, 1458º.31
O proprietário pode mudar o destino económico da coisa, passando a ser esse o que o
usufrutuário deverá respeitar. O usufrutuário tem ainda outros limites ao seu uso da coisa
impostos pelo artigo 1445º. São abrangidos pelo poder do uso da coisa, as coisas acrescidas
29
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit. pág. 342.
30
Menezes Leitao diz que este limite resulta do cariz temporario do usufruto, sendo assim uma justificação a imposição desse limite ao
usufrutuário
31
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit. pág. 342.
32
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit. pág. 343.
11
Quanto à fruição natural, enquanto os frutos permanecerem ligados à coisa- mãe, pertencem
ao proprietário, tendo usufrutuário apenas o seu usufruto. No poder de fruição que compete ao
usufrutuário compreendem-se dois elementos, a faculdade de perceber os frutos e a aquisição
automática da sua propriedade com a separação da coisa, seja por ação do frutuário ou por
causa natural.33 Normalmente a aquisição da propriedade dos frutos apenas deve ocorrer no
momento da colheita (art.1448.º), “Se o usufrutuário tiver alienado os frutos antes da colheita,
e o usufruto se extinguir antes de serem colhidos, alienação subsiste, mas os respetivos
produtos pertencem ao proprietário, eventualmente deduzida a indemnização por despesas da
colheita”.
Uma vez que a transmissão da propriedade só se dá no momento da colheita, a extinção do
usufruto antes da mesma leva a que o usufrutuário não adquira a propriedade dos frutos, tendo
apenas feito uma disposição eficaz de um bem, que no final é atribuído a outrem.34 Alienação
é conservada, nos termos gerais do enriquecimento sem causa, sendo que o valor da colheita
deve ser atribuído ao proprietário
O segundo poder de disposição ocorre quando o usufrutuário onera o seu direito (art.1444.º)
pela constituição de outros direitos reais menores (de gozo, garantia ou aquisição), como as
33
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit. pág. 342.
34
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit. pág. 342.
35
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais.
36
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit. pág. 344
12
servidões prediais, sendo que todos os encargos ficam limitados pela duração do usufruto
extinguindo-se se se extinguir o usufruto.
− Dever de avisar o proprietário de qualquer facto de terceiro de que tenha notícia virgula
sempre que ele possa lesar os direitos do proprietário.
− No entanto, José Alberto dos reis acrescenta, que as duas obrigações principais do
usufruto não estão reguladas neste regime38, nomeadamente:
37
OLIVEIRA ASCENSÃO, Direito Civil-Reais. Pág.475.
38
Estas já foram abordadas, por esta razão passaremos apenas a focar-nos nas restantes.
13
− Obrigação de respeitar a substância da coisa (art. 1439.º e 1450.º nº1) — Obrigação
de respeitar a forma do destino económico determinado pelo proprietário (arts 1439.º,
1446-º 1450.º).
Menezes Leitão diz ser esta obrigação instrumental em relação à definição do âmbito do direito
do usufruto, bem como do objeto a restituir após a sua extinção, sendo que o seu cumprimento
deve ser feito com a assistência do proprietário de raiz, ou pelo menos, com a sua citação para
estar presente, em ordem a evitar divergências entre as partes39
A lei não refere quais as consequências da omissão deste dever por parte do usufrutuário, no
entanto a posição adoptada pela doutrina é a de que se o usufrutuário não cumprir não poderá
legalmente exercer as faculdades correspondentes ao usufruto40.
Esta é outra obrigação do usufrutuário presente no artigo 1468.º b). Desta obrigação resulta a
chamada cautio usufuctuaria 41, que pode ser prestada nos termos gerais do artigo 623.º.
A reserva de usufruto ou usufruto per deductionem, constitui uma exceção pois a caução não
pode ser exigida ao alienante com reserva de usufruto, pudendo, nos outros casos, ser
dispensada no título constitutivo do usufruto segundo o disposto no artigo 1469.º. A falta de
prestação da caução exigida pelo proprietário pode vir a impedir o usufrutuário de exercer o
seu direito como lhe aprouver, ficando limitado à percepção dos rendimentos da coisa.
39
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit. pág. 34
40
A. SANTOS JUSTO, Direitos Reais, pág. 370
41
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. cit. pág. 347
14
10.3. Obrigação de consentir a realização pelo proprietário de obras e melhoramentos
da coisa.
O usufrutuário tem obrigação de consentir ao proprietário quaisquer obras ou melhoramentos
que seja susceptível a coisa, esses melhoramentos estão presentes no artigo 1471.º No entanto
se as obras e melhoramentos aumentarem o rendimento líquido da coisa usufruída, o disposto
no artigo 1471.º estabelece que pertencem ao proprietário.
O artigo 1472º. número 3 estabelece ainda que usufrutuário pode eximir-se das reparações ou
despesas a que esteja obrigado, renunciando ao usufruto.
Assim o usufrutuario apenas têm o dever de avisar em tempo o proprietário para que ele às
possa mandar fazer.
10.6. Obrigação de pagar impostos e outros encargos anuais que incidam sobre o
rendimento dos bens usufruídos.
O usufrutuário tem obrigação de pagar impostos ou quaisquer outros encargos anuais que
incidam sobre o rendimento dos bens usufruídos, dado que usufrutuário aufere durante o
42
Estas estão sujeitas a um limite maximo legal.
15
período de duração do usufruto o rendimento daquele bem, o legislador achou que seria justo
que este assumisse os encargos correspondentes, como taxas, encargos de condomínio
impostos, etc.43 Se os encargos forem exigidos ao proprietário, o usufrutuário tem a obrigação
de entregar ou reembolsar os valores exigidos.
10.7. Dever de avisar o proprietário de qualquer facto de terceiro de que tenha notícia,
sempre que lhe possa lesar os direitos do proprietário.
Sempre que o usufrutuário tenha conhecimento de facto de terceiro que possa lesar os direitos
do proprietário, por ter um dever específico de custódia da propriedade deve sempre avisa-lo.
No entanto o usufrutuário só está obrigado a comunicar os factos que cheguem ao seu
conhecimento, não tendo que procurar ativamente esse conhecimento na opinião de Menezes
Leitão.
Se não avisar o proprietário, o artigo 1475.º impõe que o usufrutuário esteja sujeito à
responsabilidade civil.
No entanto o proprietário pode reagir contra o mau uso da coisa por parte do usufrutuário
extinguindo ou aplicando o disposto no artigo 1482.º, proprietário pode ainda dispor do seu
próprio direito transmitindo a terceiros ou onerando-o nos termos gerais45
43
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. pág. 349.
44
JOSÉ ALBERTO VIEIRA, Direitos Reais de Angola. pág. 640.
45
MENEZES LEITÃO, Direitos Reais. pág. 351.
16
12. Extinção do Usufruto
O art.1476 do Código Civil dispõe sobre os modos de extinção do usufruto. A norma,
entretanto, não é taxativa. O modos de extinção são estabelicidos quanto ao sujeito, ao
objecto ou a relação jurídica.
Assim sendo, quanto a relação jurídica pode se dar:
a) Pela morte do usufrutuário(art. 1476, al. a ): o usufruto extingui-se com a morte do
usufrutuário, caso seja, pessoa singular.
No caso de ser usufruto simualtaneo, extinguir-se-á o usufruto em relação a cada um dos que
falecerem, consolidando-se o dominio com proprietário, salvo se estipulado o direito de
acrescer, hipotese em que o quinhão dos falecidos cabe aos sobreviventes ate que faleça o
último usufrutuário.
b)Pela renuncia: o ato de renuncia do usufruto, ato unilateral do usufrutuário, faz com que a
propriedade se consolide nas maos do proprietário46
Na doutrina se debate se a culpa do mal uso por parte do usufrutuário daria lugar a extinção do
usufruto, como por exemplo, no caso de usufrutuário alienar o bem, visto que é um direito
inalienavél. Ademais, se o usufrutuário não presta os devidos cuidados de conservação da
coisa, de modo que esta se deteriora, ocasiona a extinção do usufruto.
Quanto ao objecto, somente ocorre pela destruição da coisa. A destruição total motiva a
extinção do usufruto. Se a perda for parcial, o usufruto subsiste em relação a parte remaneste.
Enquanto que a propria relação jurídica, poderá ocorrer das seguintes maneira:
---Pela cessação do motivo de que origina:se o usufruto convencional foi institudo devido uma
causa qualquer, cessado seu motivo, aquele se extingue.
---Pode também ocorrer na hipotese do usufruto legal, em que o pai possui o usufruto dos bens
do filho menor sob poder familiar. Se o filho atingir a maioridade, ou o seu pai for destituido
do pátrio poder, o usufruto se extingue.
O efeito da extinção do usufruto, é a restituição da coisa ao proprietário.
A doutrina refere que, terminado o usufruto, o proprietário pode demandar o usufrutuário ou
sucessores com acção de reivindicação, que a propriedade recupera imediamente, ipso iure, a
sua plenitude, e que o usufrutuário tem a obrigação positiva de entregar a coisa ao proprietário.
46
Maria Helena Diniz, Direito das Coisas, pág.391
17
Há no entanto, que ressalvar as coisas consumiveis: o usufrtutário é obrigado a restituir o seu
valor se tiverem sido estimadas ou a entregar outras do mesmo género, qualidade e quantidade
ou o seu valor na conjuntura em que findar o usufruto.
CONCLUSÃO
Depois de tudo que foi exposto sobre a figura ou o instituto do usufruto, conclui-se que , a
mesma figura é de suma importancia, visto que atribui um direito de aproveitamento da coisa
alheia, bem como a regulamentação deste mesmo aproveitamento, a conservação da coisa, as
disposições legais que o usufrutuário deve respeitar.
18
E nota-se uma preocupação por parte do ordenamento juridico angolano em proteger o
possuidor do direito de propriedade, restringindo o usufrutuário, inpodo-lhe um conteúdo
injuntivo, a titulo de exemplo, a parte final do art. 1439º do CC.
No usufruto a propriedade é desmembrada e os direitos do nu-proprietário e do ususfrutuário
coexistem. É um direito de uso e gozo em coisa alheia temporário, podendo ser concedido de
forma vitalícia.
19
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• JUSTO, Antonio Santos. Direitos Reais. 7. ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2020.
• ASCENSÃO, José De Oliveira. Direitos Civil: Reais. 5. ed. Coimbra: Coimbra editora,
1993.
• VIEIRA, José Alberto. Direitos Reais de Angola. Coimbra: Coimbra editora, 2013.
• https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4154778/mod_resource/content/0/Usufruto%
20-%20Uso%20-%20Habita%C3%A7%C3%A3o.pdf
• http://www.portalcatalao.com/painel_clientes/cesuc/painel/arquivos/upload/temp/5ac6
88572792e7ec7701aaff2e345e2c.pdf
• https://jus.com.br/amp/artigos/62012/classificacao-e-extincao-do-usufruto-direitos-e-
deveres-do-usufrutuario
• https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-civil/o-usufruto-no-direito-frances-e-
alemao/normaslegais.com.brhttps://www.normaslegais.com.br › ...USUFRUTO
cgd.pthttps://www.cgd.pt › Site › PagesSabe o que é o direito de usufruto?
economias.pthttps://www.economias.pt › usufrutoUsufruto: o que é, como funciona e
quais os direitos e deveres luismmartins.pthttps://luismmartins.pt › 2021/02/15Direito
de Usufruto VS Direito de Uso e Habitação
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