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TOMO 10
DIREITO CIVIL
COORDENAÇÃO DO TOMO 10
Rogério Donnini
Adriano Ferriani
Erik Gramstrup
Editora PUCSP
São Paulo
2022
ENCICLOPÉDIA JURÍDICA DA PUCSP
DIREITO CIVIL
DIRETOR
Vidal Serrano Nunes Júnior
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
DIRETORA ADJUNTA
FACULDADE DE DIREITO
Julcira Maria de Mello
Vianna Lisboa
CONSELHO EDITORIAL
1.Direito - Enciclopédia. I. Campilongo, Celso Fernandes. II. Gonzaga, Alvaro. III. Freire,
André Luiz. IV. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
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INTRODUÇÃO
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O autor agradece enfaticamente a assistência de Natália Cristina Vadenal de Lima, cuja pesquisa e
sugestões foram essenciais para a composição do presente texto.
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Introdução ......................................................................................................................... 2
3. A propriedade .......................................................................................................... 7
5. O constituto ........................................................................................................... 11
Referências ..................................................................................................................... 15
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3. A PROPRIEDADE
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HERNANDEZ GIL, Antonio. La posesión.
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Observamos pelo art. 185 da Carta Magna, por sua vez, que a propriedade rural
improdutiva, que não venha a cumprir sua função social, será passível de desapropriação
para fins de reforma agrária. Já o artigo 186 enumera, de forma ampla, os elementos
considerados basilares para ser considerado produtivo um imóvel rural:
“I – aproveitamento racional e adequado;
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do
meio ambiente;
III – observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV – exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos
trabalhadores.”
Em outras palavras, o texto constitucional não contempla, tão somente, uma
propriedade produtiva economicamente ou que simplesmente possa gerar lucros. É
necessário, para isso, que não se utilize de mão de obra escrava ou sob exploração, e que
também se preserve, acima de tudo, o meio ambiente.
Por seu turno, a Lei Federal 8.629/93, em seu art. 6º, define a propriedade
produtiva, como sendo aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge,
simultaneamente, graus de utilização da terra (GUT) e de eficiência na exploração (GEE),
segundo índices fixados em seus §§ 1º e 2º.
Tal legislação ordinária, como sabido, veio a regulamentar os dispositivos
previstos na Constituição Federal relativos à reforma agrária em nosso país,
estabelecendo índices de produtividade que são verificados pelo órgão competente
(INCRA) por ocasião da vistoria prévia em procedimento de desapropriação.
Dito isso, retornemos ao constituto possessório, instituto ora estudado, o qual
cuida do exercício pleno da posse por parte daquele que não é mais, agora, o titular do
domínio.
Soa pertinente, nesta fase, a indagação: qual a natureza jurídica da posse exercida
por meio da cláusula constituti?
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5. O CONSTITUTO
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil.
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Sigamos. Uma vez traçada a similitude verificada entre a posse exercida por
meio da cláusula constituti e a do fâmulo, resta-nos outra conclusão a tirar, qual seja, a de
que ambas as posses são derivadas e – exatamente por isso – ineficazes, juridicamente,
para a contagem de lapso de tempo visando a aquisição do domínio por usucapião, por
ausência do animus domini, dentre outros requisitos legais.
Vale aqui uma anotação sobre a aquisição derivada da posse.
Estatui o art. 1.204 do Código que: “adquire-se a posse desde o momento em
que se torna possível o exercício, em nome próprio, de qualquer dos poderes inerentes à
propriedade”.
Neste contexto, a posse tem início quando são praticados os atos, em face do
bem, similares ao do proprietário, como uma visibilidade do domínio, agindo o possuidor,
assim, como se fosse seu dono, desde que em nome próprio, ou seja, sem qualquer liame
negocial ou convencional com quem quer que seja.
A contrario sensu, a posse derivada é exatamente a que não é exercida em nome
próprio, efetivando-se por meio da transferência de uma pessoa a outra, que passa a ser o
verdadeiro titular do exercício fático, através de determinadas solenidades, ou levadas a
registro imobiliário pertinente, a fim de comprovar a cadeia de transmissão do exercício
da posse, podendo, ou não, ser gratuita.
Tal consideração é importante, pois nosso sistema não recepciona como atos
tipicamente possessórios aqueles realizados por quem mantém uma relação de
dependência ou subordinação para com outra pessoa, tal como ocorre na hipótese de mera
detenção, como veremos adiante.
De qualquer sorte, vale registrar que se adquire o direito de propriedade imóvel,
em nosso sistema pátrio, tão somente a partir do registro do título translativo no
competente cartório imobiliário, e não por outra forma, tal é a dicção do art. 1.245 do
Código Civil: “A propriedade de imóvel somente é comprovada por meio de registro do
título translativo no Registro de Imóveis; enquanto não houver o registro, o alienante
permanece como titular do domínio”.
Mas, em relação à posse, como se viu, a situação é outra, pois, embora o sistema
jurídico proporcione ampla proteção ao instituto, não há uma previsão legislativa concreta
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quanto ao momento de sua aquisição, ou ao início do direito, exatamente por ser tratar de
um fato, ainda que com o esperado amparo civil-constitucional. Mas seria mesmo, a
posse, um mero fato?
Com razão, a propriedade na qual é exercida a posse, adquirida de forma
derivada, ou convencional – como se dá aquela por meio do constituto possessório – é
insuscetível, a princípio, de prescrição aquisitiva.
É também correta a ilação de que este possuidor se assemelha à figura do
detentor, tratando-se daquele que exerce a posse imediata sobre o bem, em coexistência
com um possuidor indireto, ou mediato, e uma relação de dependência para com este,
exatamente como define o art. 1.198 do Código, verbis: “Considera-se detentor aquele
que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em nome
deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas”.
Podemos mencionar, aqui, outros exemplos de detenção na posse, abraçados
pela experiência jurídica, como a do manobrista de estacionamento urbano, de onde a
empresa é tida como depositária (possuidora) do veículo e aquele profissional que realiza
as manobras, sob ordens do empregador, é tido como detentor, no contexto jurídico, em
função do ato de entrega das chaves, que lhe foram confiadas pelo proprietário.
A parte de tal explicitação, na ocorrência de evento danoso ao veículo
estacionado – ou mesmo furto e roubo – e como são utilizados espaços fechados e
privados para a guarda, em geral próximos dos estabelecimentos comerciais – como se
dá nos serviços de vallet oferecidos por restaurantes, hotéis, supermercado e congêneres
– o estabelecimento fornecedor do serviço responderá civilmente pelo ocorrido, nos
termos do art. 14, § 1º, da competente legislação consumerista (STJ, REsp. 1.182.072/PR,
j. em 3.10.2012).
Mas assinalamos, acima, a princípio, pois que o novel art. 1.198 do Código Civil
possui um parágrafo único, assim disposto: “Aquele que começou a comportar-se do
modo como prescreve este artigo, em relação ao bem e à outra pessoa, presume-se
detentor, até que prove o contrário”.
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REFERÊNCIAS
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