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RIG EM TRÊS
DIMENSÕES
Trabalho parlamentar
Celso Napolitano
Professor aposentado da FGV-EAESP, foi presidente do DIAP e é
presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo.
Antônio Augusto de Queiroz
Brasília
2022
RIG em três dimensões: trabalho parlamentar, defesa de interesses
perante os poderes públicos e análise política e de conjuntura
Bibliografia.
ISBN 978-65-993033-1-9
22-124370 CDD-320
É vedada a reprodução de qualquer parte deste livro sem expressa autorização do autor.
Todos os direitos reservados.
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SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS............................................................................. 3
SUMÁRIO........................................................................................... 5
PREFÁCIO.......................................................................................... 9
INTRODUÇÃO................................................................................... 11
CAPÍTULO I ...................................................................................... 17
TRABALHO PARLAMENTAR............................................................... 17
SEÇÃO 1........................................................................................... 21
As formas de atuação no campo institucional........................................ 21
SEÇÃO 2 .......................................................................................... 55
Desenho institucional, requisitos e regras de atuação no âmbito do Poder
Legislativo......................................................................................... 5 5
5
1. O papel do Poder Legislativo e dos parlamentares.............................. 55
2. Transparência orçamentária e emendas parlamentares....................... 59
3. Organização dos trabalhos legislativos.............................................. 61
4. Desenho institucional e o processo decisório no Poder Legislativo........ 64
5. Atuação e monitoramento dos trabalhos no Congresso Nacional.......... 65
6. Escala de influência no processo decisório no Congresso Nacional....... 68
1ª) Consultoria legislativa (interna).................................................... 68
2ª) Assessorias parlamentares das bancadas (interna)......................... 69
3ª) Assessorias parlamentares de órgãos públicos (externa).................. 70
4ª) Servidores das Casas do Congresso Nacional e suas representações
de classe – sindicatos e associações (interna)................................ 70
5ª) Entidades, organizações não-governamentais e grupos de pressão, que
incluem empresas, corporações, enfim, da sociedade civil (externa)...... 71
6ª) Especialistas temáticos ou celebridades que defendem pontos de vista
ou causas específicas (externa)......................................................... 71
7. Os atores-chave do processo decisório no Poder Legislativo................. 72
8. Regras para o corpo a corpo no trabalho parlamentar......................... 77
9. Perguntas-chave para o acompanhamento de políticas públicas.......... 80
10. Dinâmica das Casas Legislativas.................................................... 81
11. Tramitação legislativa no Congresso Nacional – como se fazem as leis ...83
12. Jogo parlamentar – artifícios regimentais........................................ 87
13. Como se relacionar com os poderes Legislativo e Executivo............... 92
14. Conclusão do Capítulo ................................................................. 95
CAPÍTULO II ..................................................................................... 97
DEFESA DE INTERESSES PERANTE OS PODERES PÚBLICOS............... 97
6
4. Complexidade do processo decisório............................................... 120
4.1 Desafios para a tomada de decisão........................................... 121
4.1.2. O que observar para entender o processo decisório............. 127
4.2. Fatores facilitadores e dificultadores do processo decisório.......... 130
4.2.1. Fatores dificultadores...................................................... 131
4.2.2. Fatores facilitadores........................................................ 134
5. Hierarquia do processo decisório no Poder Executivo........................ 136
5.1. A estrutura padrão de cada ministério....................................... 136
5.2. Nível de influência no conteúdo das políticas públicas pela área
técnica......................................................................................... 1 4 3
5.3. O checklist dos atos governamentais....................................... 146
5.3.1. Quanto ao diagnóstico .................................................... 147
5.3.2. Em relação às alternativas, identificar................................ 147
5.3.3. Relativamente às competências........................................ 147
5.3.4. Quanto ao ato ou instrumento recomendado....................... 148
5.3.5. Sobre a oportunidade da iniciativa..................................... 148
5.3.6. Em relação à exequibilidade............................................. 148
5.3.7. Sobre os aspectos orçamentários ou custos envolvidos......... 148
5.3.8. Quanto ao prazo.............................................................. 148
6. Tipologia ou arenas das políticas públicas....................................... 149
7. Como e por que se relacionar com o governo?................................. 152
7.1. Por que se relacionar com os poderes e órgãos governamentais?.......153
7.2. Para que se relacionar com os poderes e órgãos governamentais? .....154
7.3. Com quem se relacionar, do ponto de vista institucional?........... 155
7.4. A quem procurar – o técnico ou o político?................................ 156
8. Como se dá a tomada de decisão no governo? ................................ 158
8.1. Em que dimensões ocorrem as disputas no interior do governo a
respeito das políticas públicas? ...................................................... 160
8.2. Em geral, que critérios são utilizados para efeito de alocação de
recursos aos ministérios e órgãos?................................................... 162
9. Conclusões do Capítulo................................................................. 162
7
CAPÍTULO III .................................................................................. 165
ANÁLISE DE CONJUNTURA POLÍTICA............................................... 165
8
PREFÁCIO
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INTRODUÇÃO
1
O conceito de capital social foi desenvolvido a partir dos trabalhos de Robert Putnam, para o qual
“capital social refere-se a aspectos da organização social, tais como redes, normas e confiança que facilita
coordenação e cooperação para benefícios mútuos. Capital social aumenta os benefícios de investimento
em capital físico e capital humano” (PUTNAM, Robert. Comunidade e Democracia. A Experiência da Itália
Moderna. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1996, p. 1).
2
Ver tópico 7.1. do Capítulo II deste livro (p. 153).
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Conhecimento de normas, métodos e procedimentos em atividades profissionais, especialmente as que
exigem formação técnica ou científica.
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CAPÍTULO I
TRABALHO
PARLAMENTAR
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A tomada de decisão é o processo por meio do qual se realiza a escolha entre alternativas ou formas de
resolver diferentes situações.
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SEÇÃO 1
AS FORMAS DE ATUAÇÃO
NO CAMPO INSTITUCIONAL
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1. Conceitos fundamentais
Inicialmente apresentamos os três principais conceitos das
ferramentas de atuação na representação de interesses: o lobby,
a atividade de RIG e a advocacy.
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6
Lobby e Representação de Interesses: lobistas e seu impacto na representação de interesse no Brasil. Tese
de Doutorado. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – IFCH, Universidade de Campinas, 2004.
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7
Exemplo: mulheres, meio ambiente, indígenas, saúde, etc.
8
O Lobbying institucional no Brasil: canal de comunicação entre Estado e sociedade civil? Cenários de
Comunicação, São Paulo, Vl. 6, nº 1, p. 57-64, 2007.
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Em “Oficina de Advocacy”, roteiro indicado no documento “Abrindo caminho para a infância: influência
política, um fator chave”, da Save the Children, fevereiro, 2011.
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2. A importância da representação
de interesses
Em todas as democracias, as pessoas físicas e/ou jurídicas
se organizam sob diversas formas para, legitimamente, represen-
tar e defender seus interesses perante os poderes constituídos.
As instituições do Estado, nas democracias, são responsáveis
pela formulação de políticas públicas, pela mediação e resolução
de conflitos econômicos, políticos e sociais, além de articular
interesses.
A representação de interesses tem como escopo promover
o diálogo entre associações, empresas e instituições da so-
ciedade civil com autoridades do Poder Público (governantes,
parlamentares e altos burocratas) e oferecer dados, análises e
informações para que os agentes públicos decisores estejam bem
informados sobre os impactos – positivos ou negativos – que as
políticas públicas em debate ou em formulação possam ter sobre
determinados setores, segmentos e grupos sociais específicos.
Objetiva-se, assim, que o processo decisório seja o mais bem
estruturado e que sejam tomadas as melhores decisões possíveis
em prol da sociedade.
Segundo Santos (2015), os grupos de interesse atuam,
precipuamente, na articulação e agregação de interesses. Os
grupos de interesse complementam e suplementam a atuação
dos partidos políticos, podendo, porém, exercer influência sobre o
processo decisório – momento em que passam a ser considerados
como grupos de pressão14. De acordo com Farhat (2007, p. 195),
14
Ver SANTOS, L. A. dos. Regulamentação das atividades de lobby e seu impacto sobre as relações entre
políticos, burocratas e grupos de interesse no ciclo de políticas públicas – análise comparativa dos Estados
Unidos e Brasil. Tese de Doutorado apresentada ao CEPPAC/UNB em 2008. Brasília: Senado Federal, 2015.
909 p. (Coleção de teses, dissertações e monografias de servidores do Senado Federal).
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Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), do ponto de vista
econômico, externalidades referem-se a “situações em que o efeito da produção ou consumo de bens e
serviços impõe custos ou benefícios a terceiros que não se refletem nos preços cobrados pelos bens e serviços
que estão sendo fornecidos”, ou são “mudanças na condição ou circunstâncias das unidades institucionais
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causadas pelas ações econômicas de outras unidades sem o consentimento das primeiras”. Ou seja: as
externalidades, que podem ser positivas ou negativas, surgem quando a ação de um agente, no mercado,
afeta a situação de outros agentes, sem o seu consentimento ou concordância.
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3. Legitimidade e a legalidade
dos grupos de pressão
A legitimidade da atuação dos grupos de interesses e de pres-
são está associada ao conceito de democracia, na medida em que
não existiria esse sistema político sem a atuação de grupos organi-
zados da sociedade com a finalidade de acompanhar, fiscalizar ou
colaborar com as decisões governamentais e parlamentares, visto
que “os justos poderes dos governos derivam do consentimento dos
governados”, conforme as palavras aqui incorporadas da Declaração
de Independência dos EUA, de 177618.
A legalidade e constitucionalidade, por sua vez, estão as-
sentadas em nível constitucional, especialmente no art. 5º da
Constituição Federal, que assegura, dentro do Estado Democrá-
tico de Direito, o pluralismo político, a liberdade de expressão e
o direito de petição, princípios que dão base legal e legitimam
a interlocução entre a sociedade e o governo.
18
http://www.uel.br/pessoal/jneto/gradua/historia/recdida/declaraindepeEUAHISJNeto.pdf.
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BENTLEY, Arthur F. The Process of Government: A Study of Social Pressures. New Brunswick: Transaction
Publisher, 1994, 501 p.
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5. Frentes parlamentares
ou bancadas informais
As frentes parlamentares ou bancadas informais são tam-
bém uma forma de organização da defesa de interesse, que se
articulam de modo suprapartidário no âmbito ou no interior do
Parlamento, com o objetivo de influenciar decisões em favor de
segmentos representados pelos parlamentares.
As bancadas regionais ou temáticas, inclusive as informais,
assim como as frentes parlamentares, são muito influentes porque
congregam parlamentares de diferentes partidos e tendências ide-
ológicas para: 1) promover valores cívicos, éticos ou morais, como
hipoteticamente a bancada evangélica; 2) viabilizar a defesa de
interesses regionais, como as bancadas estaduais ou federativas,
que recebem forte influência dos governadores e prefeitos; e 3)
promover a defesa de interesses econômicos, como exemplo a
bancada ruralista ou do agronegócio no Congresso Nacional.
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SANTOS, L. A. dos. As Frentes Parlamentares no Congresso Nacional: Identidade, Composição, Densidade
e Efetividade. Mimeo, 2019, 28 p.
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Admin. Pública
e Governo
32 18,6% 17 18,6% 18,6%
Economia e
Des. Econômico
69 40,1% 42 40,1% 40,1%
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SEÇÃO 2
DESENHO INSTITUCIONAL,
REQUISITOS E REGRAS DE ATUAÇÃO
NO ÂMBITO DO PODER LEGISLATIVO
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Estados e do DF, passou a fornecer aos tribunais regionais eleitorais e aos partidos políticos o número de
vagas a serem disputadas em cada eleição. Nenhum dos estados membros da Federação terá menos de oito
deputados federais, e o estado mais populoso será representado por 70 deputados federais.
22
No sistema de lista aberta é o eleitor, na hora de votar, quem define a ordem na lista partidária, enquanto no
sistema de lista fechada é o partido quem determina previamente essa ordem, para efeito de distribuição das
vagas a que os partidos têm direito pelo número de votos obtidos. A distribuição de vagas nas Casas Legislativas,
pelo sistema de lista aberta, é calculada com base no quociente eleitoral, que define os partidos que têm direito
a ocupar vagas na eleição proporcional (divisão total de votos válidos pelo total de votos obtido pela legenda) e no
quociente partidário (divisão do total de votos obtido pela legenda pelo quociente eleitoral), que define o número
inicial de vagas a que cada partido terá direito.
23
Essa comissão, porém, não exerce a plenitude das competências do Congresso Nacional, mas pode
deliberar sobre sustação de atos normativos do Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites
de delegação legislativa, desde que se caracterize a necessidade da medida cautelar em caráter urgente;
sobre projeto de lei relativo a créditos adicionais, desde que a Comissão Mista de Planos, Orçamentos
Públicos e Fiscalização (CMO) tenha emitido parecer sobre eles; sobre projetos que visem a prorrogar prazo
de lei ou tratem de atos internacionais, quando o prazo da lei ou a data limite para o Brasil se manifestar
sobre o acordo ocorra durante o período de recesso ou nos dez dias subsequentes a seu término; sobre
autorização para que o presidente ou o vice-presidente da República se afaste do país por mais de 15 dias;
sobre convocação de ministros de Estado; e sobre o encaminhamento de requerimentos de informações a
autoridades.
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2. Transparência orçamentária
e emendas parlamentares
O orçamento público é o instrumento que os governos usam
para planejar e estabelecer as prioridades de gastos do Estado.
Um pressuposto da legitimidade do orçamento público, além
de sua destinação, está na clareza e na transparência, que são
duas condições indispensáveis para que haja controle social e a
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O Regulamento Orgânico é a Parte II do Regulamento Administrativo do Senado, aprovado pela Resolução
nº 13, de 2018.
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RISF, art. 77, § 1º: Os membros da Comissão Diretora, exceto o Presidente da Casa, poderão integrar
outras comissões permanentes.
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2º - Assessorias parlamentares
das bancadas (interna)
Enquanto as consultorias legislativas são órgãos da estru-
tura institucional das Casas legislativas, que atuam de modo
apartidário, os assessores dos partidos políticos e blocos parla-
mentares são técnicos e políticos. Trata-se de uma espécie de
filtro partidário da atuação das bancadas. Nesse sentido, cada
liderança partidária, desde que o partido tenha pelo menos
seis deputados ou um senador, possui seu corpo de assesso-
res, que atende às demandas dos deputados e senadores da
bancada, em geral, e do líder e vice-líderes, em particular.
Compete a eles dar parecer e orientar o posicionamento polí-
tico da representação sobre todas as proposições submetidas
a votos, tanto nas comissões quanto no plenário. Para ampliar
o debate, recebem o público externo sem qualquer restrição.
Em geral, são muito influentes perante os parlamentares da
bancada. Embora muitos deles tenham vinculação com os
respectivos partidos e sejam, mesmo, militantes, é comum que
sejam recrutados servidores de carreira, com alta qualificação
técnica, para atuar nas assessorias partidárias.
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3º - Assessorias parlamentares
de órgãos públicos (externa)
Os ministérios e as entidades da Administração Indireta
(autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de eco-
nomia mista), sob a coordenação da Secretaria de Governo da
Presidência (o trabalho parlamentar do Poder Executivo já esteve
sob a coordenação da Casa Civil e da Secretaria de Relações
Institucionais da Presidência da República), mantêm assessoria
parlamentar para o acompanhamento das proposições de seu
interesse junto ao Congresso Nacional. Os assessores realizam
um trabalho de mão dupla: fornecem aos parlamentares os argu-
mentos técnicos e políticos para a defesa dos pleitos dos órgãos
e levam aos titulares desses órgãos os pleitos dos parlamentares
(deputados e senadores), que vão desde pedido de audiência,
passando pela liberação de emenda até a solução de demandas
específicas da base eleitoral do parlamentar. Essa assessoria goza
de razoável prestígio junto aos deputados e senadores.
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7. Os atores-chave do processo
decisório no Poder Legislativo
A influência dos parlamentares no processo decisório, salvo
raríssimas situações, está diretamente associada à ocupação
de cargo, posto ou ao desempenho de missão. As exceções
ficam por conta da notória especialização ou credibilidade do
parlamentar, em geral decorrente de experiência acadêmica,
atuação no serviço público ou em atividade empresarial ou de
representação de classe.
Os cargos ou postos que asseguram poder capaz de
influenciar a tomada de decisão vão desde a presidência e vice-
presidência das Casas, assim como os demais cargos da Mesa
Diretora, passam pelos líderes e vice-líderes de partidos ou de
blocos parlamentares ou do governo, assim como a relatoria de
matérias relevantes. Os parlamentares orgânicos, que pertencem
à direção de seus partidos ou são chamados a cumprir missão
partidária, também exercem influência sobre a bancada.
Os parlamentares especialistas, aqueles que, independente-
mente de ocuparem algum posto, são chamados a opinar sobre
temas específicos, como infraestrutura, economia, finanças
públicas, legislação eleitoral e partidária, matérias orçamentá-
rias, questões trabalhistas e previdenciárias, sempre exercem
algum grau de influência nos temas de sua especialização. Em
geral são oriundos da academia, da liderança de movimentos
sociais ou empresariais e já ocuparam cargos relevantes na
Administração Pública.
É bom ter presente que o grau de influência é sempre
relativo e depende de uma série de fatores, como a conjuntura
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9. Perguntas-chave para o
acompanhamento de políticas públicas
O profissional de relações institucionais e governamentais
ou o representante de interesses, para projetar um bom diag-
nóstico e fazer um bom prognóstico, precisa se questionar sobre
algumas perguntas-chave acerca da política pública sob monito-
ramento. Segundo Eduardo Ricardo, da Patri26, com adaptações
do autor, são as seguintes as indagações mais comuns a serem
levantadas para bem conhecer os impactos do tema sobre o
qual pretende atuar.
1) O que o tema implica?
2) Quanto à normatização, quais são os princípios consti-
tucionais e legais aplicáveis?
3) Quais as alternativas disponíveis?
4) Como o tema nos afeta?
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Apresentação em PowerPoint com o título “Lobby; por quê?, com data de 15/05/2008.
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Não serão objeto de delegação os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência
privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a
legislação sobre: I - organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus
membros; II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; III - planos plurianuais,
diretrizes orçamentárias e orçamentos.
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Projeto de
Veto Presidencial Resolução sobre
Medida Provisória (MPV) -
(VET) alíquotas de ICMS
(PRS)*
Matéria
Projeto de Decreto
Legislativo
para aprovação
Projeto de Decreto de tratados e
- -
Legislativo (PDL) convenções
internacionais
sobre direitos
humanos
Projeto de Resolução
- - -
(PRC/PRS)
CD SF CD SF CD SF CD SF
Votos
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CAPÍTULO II
DEFESA DE
INTERESSES
PERANTE OS
PODERES PÚBLICOS
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O
primeiro Capítulo teve como foco o trabalho parlamentar.
Neste segundo, trataremos da defesa de interesses perante
os poderes públicos, apresentando uma visão abrangente do
funcionamento do governo federal e de suas instituições, além
de dicas, análises e informações sobre o processo decisório, suas
regras e atores centrais.
Além de explicar porque se relacionar, como se relacionar
e com quem se relacionar no governo, apresentamos uma visão
ampla sobre o que é necessário ao trabalho de representação de
interesses e de relações institucionais e governamentais junto ao
Poder Executivo, com noções sobre:
1) as estruturas, as competências, os cargos em comissão
e as funções de confiança e os regulamentos internos de cada
órgão ou entidade, isto é, apresenta a estrutura organizacional,
as regras, os atores e a operacionalização ou o funcionamento
dos órgãos de decisão;
2) a complexidade do processo decisório, incluindo os
fatores facilitadores e dificultadores da tomada de decisão;
3) os tipos de políticas públicas e suas arenas;
4) as disputas no interior do governo (ideológica, política
ou orçamentária);
5) a hierarquia do processo decisório no governo;
6) a influência dos cargos técnicos e políticos no processo
decisório;
7) o nível de participação no processo decisório;
8) a estrutura padrão de cada ministério; e
9) os critérios para liberação de recursos pela junta orça-
mentária.
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Tradução livre.
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https://www.gov.br/economia/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/guias-e-manuais/manual-de-
estruturas-organizacionais-do-poder-executivo-federal/arquivos/manual-de-estruturas-organizacionais-do-
poder-executivo-federal-2013-1a-edicao.pdf. Acessado em 8 de março de 2022.
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O Decreto 9.203/2017 classifica como alta administração os cargos de Ministros de Estado, ocupantes de
cargos de natureza especial, ocupantes de cargo de nível 6 do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores
(DAS) e presidentes e diretores de autarquias, inclusive as especiais, e de fundações públicas ou autoridades
de hierarquia equivalente.
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Ver Batista (2013). https://scholar.google.com.br/scholar?hl=pt-BR&as_
sdt=0%2C5&q=o+poder+no+executivo%3A+uma+an%C3%A1lise+do+papel+da+presid%C3%
AAncia+e+dos+minist%C3%A9rio+na+presidencialis+de+caqliz%C3%A7aao&btnG=.
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4. Complexidade do processo
decisório
O processo decisório no governo é muito complexo e seu
desfecho é muito mais produto da negociação e das disputas
internas do que da ação puramente racional, como sugere o
modelo de escolhas públicas, que parte do pressuposto de que
basta corrigir a assimetria de informações para que as pessoas
ajam racionalmente.
O processo decisório é essencialmente político e envolve
disputa de poder em variadas dimensões, tanto intragovernamen-
tal como intergovernamental. Os governantes, por mais que exis-
tam regras rígidas de tomada de decisão, têm que fazer entregas
e muitas delas para que cheguem ao consumidor ou usuário final
precisam superar uma verdadeira corrida de obstáculos, durante
a qual são forçados a fazer concessões, sob pena de paralisia.
O acesso à informação e a transparência são fundamentais
para que exista algum tipo de controle social, mas não bastam
para influenciar a construção de instrumentos de políticas públi-
cas. Saber que existe um determinado convênio ou parceria entre
um ente público e uma instituição privada, sem que o cidadão ou
uma instituição representativa seja chamada a opinar previamente
sobre seus critérios e objeto, por exemplo, atende ao princípio da
transparência e do acesso à informação, mas não assegura nem
possibilita o controle social ou poder decisório sobre o tema.
Os mecanismos racionais de escolha, por meio dos quais
supostamente qualquer pessoa na execução ou no comando
chegaria ao mesmo resultado, dentro da lógica de valorização do
mercado e despolitização das decisões, objetivam retirar espaço
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Ver tópico 3 do Capítulo III deste livro (p. 174-175).
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Conferir o artigo de Francisco Gaetani, “Avaliação, monitoramento e o exercício da Presidência”,
apresentado no XI Congresso Internacional del Clad sobre a la Reforma del Estado y da la Administracion
Publica, Guatemala, 7-10 novembro, 2006, p. 35.
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Ver box no tópico I, da Seção 2, do Capítulo 1 deste livro.
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O modelo majoritário segue a lógica da concentração de poderes nas mãos de maiorias governativas,
enquanto o modelo consensual se pauta pela dispersão de poderes e pela garantia da expressão político-
institucional das minorias.
44
Ver Queiroz (2021, p. 37 a 41).
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Composição
Formação dos órgãos Regras da tomada Funcionamento das
dos órgãos
de decisão de decisão instituições políticas
decisórios
os padrões de
a organização relações entre os poderes composição interação entre
político- (predomínio do Executivo x do Poder governo x oposições:
administrativa dispersão de poderes Legislativo cooperação x
competição
o sistema partidário:
aprovação de proposições composição e bipartidarismo x
o sistema eleitoral e propostas de emendas natureza das pluralismo moderado
constitucionais coalizões x pluralismo
polarizado
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45
Se dividirmos o eleitorado nacional que está habilitado a votar em deputado federal em 2022 (155.756.933
eleitores), portanto excluindo eleitores do exterior, pelo número de deputados (513), precisaríamos de
303.620 votos para eleger um deputado. Assim, para que Roraima, que têm 366.240 eleitores, tivesse um
deputado, São Paulo, que possui 34.667.793 eleitores, teria que ter 114 deputados.
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CATEGORIA
CATEGORIA
CATEGORIA CATEGORIA ASSESSORAMENTO
DIREÇÃO DE
DIREÇÃO ASSESSORAMENTO TÉCNICO
PROJETOS
ESPECIALIZADO
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CATEGORIA
CATEGORIA
CATEGORIA CATEGORIA ASSESSORAMENTO
DIREÇÃO DE
DIREÇÃO ASSESSORAMENTO TÉCNICO
PROJETOS
ESPECIALIZADO
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Burocrata típico é um profissional comprometido com suas responsabilidades e persegue, principalmente,
o que ele percebe como o interesse público.
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8. Como se dá a tomada de
decisão no governo?
A tomada de decisão no governo, como regra, segue um rito
cujo desfecho pode resultar: 1) de “concertação” intragovernamen-
48
Conferir artigo na seção de opinião, Revista Exame, edição de 05/12/2002.
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9. Conclusões do Capítulo
Neste Capítulo tivemos a oportunidade de apresentar as
principais ferramentas para o acompanhamento do trabalho
junto ao governo federal, com dicas e informações sobre a de-
fesa de interesse perante o Poder Executivo. Buscamos trazer
uma visão ampla do sistema decisório na Administração Direta
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CAPÍTULO III
ANÁLISE
POLÍTICA E DE
CONJUNTURA
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2. Conceitos fundamentais
Pelo menos três conceitos são indispensáveis: 1) o de
conjuntura; 2) o de estrutura; e 3) o de superestrutura. Embora
esses conceitos, isoladamente, não deem mais conta de capturar
toda a dimensão da realidade, por força da revolução tecnológica,
continuam fundamentais no processo de leitura e percepção dos
movimentos políticos, econômicos e sociais.
O primeiro conceito, o de conjuntura, está relacionado a
um ciclo de curta duração. A conjuntura transmite a ideia de
combinação de fatos e acontecimentos, demarcados no tempo
e no espaço, que explicam uma realidade política, econômica
ou social.
Nessa perspectiva, a conjuntura consiste em encontro, com-
binação ou concorrência de acontecimentos, numa dada situação
ou circunstância e num determinado período ou espaço de tempo,
que pode ser favorável ou desfavorável à realização de algo. Por
exemplo: uma greve, uma manifestação, uma guerra, etc.
O segundo conceito, de estrutura, por sua vez, tem a ver
com fundamentos e características básicas, mais estáveis ou
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Medidas de enfrentamento
Acontecimento
da pandemia da Covid-19
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Medidas de enfrentamento
Acontecimento
da pandemia da Covid-19
Votação dos
Ação Penal
projetos sobre Impeachment
Acontecimento 470
preço dos de Dilma
Mensalão
combustíveis
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Votação dos
Ação Penal
projetos sobre Impeachment
Acontecimento 470
preço dos de Dilma
Mensalão
combustíveis
Oportunidades:
espaço para
aprovação de leis
de transparência e
combate à corrupção
Fortalecimento
dos órgãos de
fiscalização e
controle, etc
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Quadro 10 – Modelos ou categorias de análise
Relacionar fatos e
Análise desse material Descrever ou pesquisar acontecimentos
Analisar, definindo os
Explicação da correlação Identificar os palcos dos
principais cenários da
de forças acontecimentos
conjuntura
Identificar os “fatos
Comprovação empírica - portadores de futuro”
Análise diacrônica - -
Tendências futuras - -
Alternativas de ação - -
Fonte: Sistematização do autor.
51
http://ism.edu.br/periodicos/index.php/estudos_teologicos/article/view/1171/1134.
52
http://ftmrs.org.br/arquivos/file_512ff95260e4c.pdf.
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53
Análise de conjuntura: teoria e método. Disponível em http://ftmrs.org.br/arquivos/file_512ff95260e4c.
pdf.
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CAPÍTULO IV
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
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203
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Referências Bibliográficas
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______.Decreto nº 9.203, de 22 de novembro de 2017, Dispõe sobre a política de
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______. Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre a elaboração,
a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme determina o parágrafo
único do art. 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a consolidação
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Foto: Anny Campello